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PROCESSO PENAL DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 01- LEI PROCESSUAL NO ESPACO locus regit actum - aplica-se em todo o território nacional. Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: . O CPP Brasileiro encerra a fase pluralista, antes dele, cada estado tinha um Código Processual Penal próprio. Extraterritorialidade do CPP: trata-se da aplicação do CPP Brasileiro fora do Brasil. Nao confundir com a Extraterritorialidade do Artigo 7 do CP. Temos duas posições, a primeira defendida por Aury Lopes Junior que diz nao existir extraterritorialidade, nao sendo possivel a aplicacao do CPP Brasileiro fora do Brasil. a segunda corrente defendida por Ernst Belling e no Brasil por Hélio Tornaghi dizem ser possível a aplicação do CPP Brasileiro em três hipóteses, sendo a primeira em território ocupado, segundo em se tratando de território sem dono (território nullius) e a terceira hipótese ocorre em se havendo o consentimento do Estado Estrangeiro. Ressalvas do Artigo primeiro. I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; aplica-se principalmente os tratados e subsidiariamente o CPP. II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); Ex: impeachment Lei 1079/50, aplica-se primeiro a Lei e posteriormente o CPP III - os processos da competência da Justiça Militar; Aplica-se primeiro o CPPM e subsidiariamente o CPP IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no17); Tribunal Especial, e o tribunal criado pela LEi 244 de 1936, julgava dois tipos de crimes, Tais como os crimes políticos e contra a economia popular, este Tribunal especial foi extinto pela lei Constitucional 14 de 17 de novembro de 1945. Monteiro Lobato foi condenado por crime político através deste Tribunal V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130) O STF na ADPF 130/DF entendeu que a Lei de Imprensa não foi recepcionada pela CF Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso 02- LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO Conflito de Leis no tempo Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Sistemas: 01- Sistema da Unidade Processual: a lei que iniciou o processo irá rege-lo até o final. Não se aplica ao Direito Brasileiro. 02- Teoria da Fases Processuais: A Lei que iniciou a fase do processo irá rege-lo até o final desta fase. Três fases quais são a postulatória, instrutória e decisória, Também não e adotado no Brasil. 03- Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, Também chamada Teoria do Efeito Imediato ou Tempus regit actum: Sistema adotado no Brasil. A nova lei processual tem efeito imediato. Ela não retroage, os atos anteriores são válidos. Exceções: a) Norma Mista: e a norma que possui ao mesmo tempo elementos de direito material e de direito processual. A parte do direito Penal diz que se for mais benéfico que retroage e o Processual diz que não, neste caso o conflito será resolvido pelo direito material, ou seja, sendo mais benéfica, a norma retroagira. Exemplo: artigo 366 e artigo 387, inciso IV. Artigo 366: Citado por edital, não comparece e não constitui advogado. Antes de 1996 o processo seguirá à revelia, pois 1996 o processo e suspenso e também a prescrição. Suspensão do processo, Direito processual, e suspensão da prescrição trata-se de direito penal material. A norma mista seguirá a regra do direito material. E para saber se ela e mais ou menos benéfica deve ser analisado o direito material (Direito Penal). Artigo 387 IV: Antes de 2008 nao se tratava de nada, ja apos 2008 o juiz fixa o valor mínimo da indenização. Este inciso IV surgiu em 2008, estabelece que na sentença penal o juiz além de condenar quanto ao crime deverá também estipular a possível indenização. Elementos da sentença = Direito Processual. Indenizacao = Direito processual, portanto trata-se de norma mista. Exemplo: o sujeito comete um crime em 2007 e e julgado em 2009, por se tratar de norma mista, como antes de 2008 não se tratava ao assunto, então o julgamento deverá se dar pela norma antiga pois mais benéfica ao autor. b) Quando a própria lei regulamenta de forma distinta: Exemplo: artigos 3, 6, 11 da Lei de Introdução ao CPP. LICPP Art. 3º O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal. Art. 6º As ações penais, em que já se tenha iniciado a produção de prova testemunhal, prosseguirão, até a sentença de primeira instância, com o rito estabelecido na lei anterior. § 1º Nos processos cujo julgamento, segundo a lei anterior, competia ao júri e, pelo Código de Processo Penal, cabe a juiz singular: a) concluída a inquirição das testemunhas de acusação, proceder-se-á a interrogatório do réu, observado o disposto nos arts. 395 e 396, parágrafo único, do mesmo Código, prosseguindo-se, depois de produzida a prova de defesa, de acordo com o que dispõem os artigos 499 e seguintes; b) se, embora concluída a inquirição das testemunhas de acusação, ainda não houver sentença de pronúncia ou impronúncia, prosseguir-se-á na forma da letra anterior ; c) se a sentença de pronúncia houver passado em julgado, ou dela não tiver ainda sido interposto recurso, prosseguir-se-á na forma da letra a; d) se, havendo sentença de impronúncia, esta passar em julgado, só poderá ser instaurado o processo no caso do art. 409, parágrafo único, do Código de Processo Penal; e) se tiver sido interposto recurso da sentença de pronúncia, aguardar-se-á o julgamento do mesmo, observando-se, afinal, o disposto na letra b ou na letra d. § 2º Aplicar-se-á o disposto no § 1º aos processos da competência do juiz singular, nos quais exista a pronúncia, segundo a lei anterior. § 3º Subsistem os efeitos da pronúncia, inclusive a prisão. § 4º O julgamento caberá ao júri se, na sentença de pronúncia, houver sido ou for o crime classificado no § 1º ou § 2º do art. 295 da Consolidação das Leis Penais. Art. 11. Já tendo sido interposto recurso de despacho ou de sentença, as condições de admissibilidade, a forma e o julgamento serão regulados pela lei anterior. 3) INTERPRETAÇÃO CPP - Artigo 3 Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. No CPP e possivel a interpretacao analogica que restrinja direitos fundamentais. E diferente do Direito material que não admite a interpretação in malan partem Artigo 260 CPP: Da condução coercitiva. Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado,a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável. Pela aplicação extensiva, entende-se que a Autoridade contida no artigo não seria tão somente o juiz, mas também o Delegado de Polícia. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS: Sistemas penais acusatório, inquisitivo e misto: ACUSATÓRIO INQUISITIVO MISTO -Há separações de funções. Um acusa, um defende e outro julga. -público -acusado é sujeito de direitos -oral OBS: Para o STF, o nosso sistema e o acusatório. -não há separação de funções, Quem acusa, e o mesmo que defende e que depois julga. - Sigiloso - Acusado é sujeito da prova - Escrito E um sistema pela qual a elementos do sistema acusatório e elementos do sistema inquisitivo.Guilherme Nucci e Gustavo Badaró sustentam a ocorrência deste sistema no Brasil. Para estes autores nosso sistema é misto pois o CPP possui traços inquisitivos e acusatórios. ADn 5104 MC-DF, j. 21.05.14, Roberto Barroso. INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR: 01- Nocao: e todo o procedimento destinado a averiguar a ocorrência de algum fato antes do processo. 02- Formas: a) CPI: b) Sindicância, c) Investigação pelo MP CONTRA PRO - Viola o sistema acusatório. - o MP tem o controle externo da atividade policial artigo 129, VIII, CF - Nao ha previsao legal - Teoria dos Poderes implícitos: quando a CF dota um órgão de uma função implicitamente dá os meios para que seja exercida esta missão. - o MP e o titular da Ação Penal, artigo 129, I, CF - A polícia tem exclusividade - Resolução 13/06 CNMP: esta e a resolução que cuida da investigação pelo MP. - O STF entende ser possível a investigação pelo MP RExt. 593727/MG, Gilmar Mendes. j. 18.05.15 d) Investigação pelo COAF, e) investigação defensiva: Atenção: a investigação defensiva não é regulamentada no Brasil ainda. E aquela feita pela defesa do autor. f) Inquerito Policial. DO INQUÉRITO POLICIAL 1- CONCEITO DO IP: e uma das formas de investigação preliminar voltada para a apuração do fato criminoso e de sua autoria e destinado a auxiliar o titular da ação penal a formar a opinio delicti. entende-se que se trata de procedimento administrativo. 2- CARACTERÍSTICAS DO IP: “ODISEI” - Obrigatório: Atenção, dizer que é obrigatório e dizer que a autoridade policial deve instaurar o IP quando se tratar de fato típico e antijurídico. - Dispensável: no entanto o IP é dispensável para a propositura da acao penal. Podendo ter ação penal sem inquérito. - Inquisitivo: O IP e inquisitivo o que significa dizer que não há contraditório. Além disso outra característica da inquisitividade é que não se pode opor excecao de suspeicao perante o delegado de polícia. O Delegado deve se dar por suspeito, todavia a parte não pode opor (pedir) a suspeição. Há atenuações da inquisitividade: - Súmula vinculante 14: Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Precedente Representativo - Artigo 7*, XXI do EOAB: assistir a seus clientes investigados durante a apurações das investigações sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente de todos os elementos investigativos e probatórios dele decorrentes. Embora não haja jurisprudência, entende-se que os vícios do IP não contaminam a ação penal. Atenção: Caráter oficial do IP: o IP e conduzido pela autoridade policial que e aquela que prestou concurso. Caráter Oficioso: a Autoridade Policial atua de Ofício nos crimes de ação penal pública incondicionada. Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; Caráter discricionário: a Autoridade Policial atua de maneira discricionária, ou seja, atua de forma a que realize as diligências da maneira que entender mais adequada. - Sigiloso: artigo 5*, XXXIII, LX, artigo 93, IX CF, 792 CPP, 20 CPP, 7, XIII, XIV, XV, XVI e parágrafo 1* EOAB e Súmula Vinculante 14. - Modalidades de Sigilo: Externo: para os membros da sociedade e Sigilo interno que e para os atuantes no IP. Como regra nao ha sigilo interno e ha sigilo externo. A jurisprudência entende que pode a autoridade policial determinar que o advogado indique quais as peças do inquérito ele pretende ver copiadas (Rel 13215, 23.04.2013) Min. Marco Aurélio. Pode ser limitado o acesso a informações de terceiros. Ed no HC 94387/RS, j. 06.04.10 (Rel. Ricardo Lewandowski). artigo 5* XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; artigo 5* LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; artigo 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação Art. 20. CPP: A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Precedente Representativo Artigo 7* inciso XIV EOAB: O advogado pode examinar o IP mesmo sem procuração ainda que conclusos. - Escrito: não há inquérito oral - Indisponível: significa dizer que o Delegado não arquiva o IP (artigo 17 CPP) Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 3- PRESIDÊNCIA DO IP: a) Regra: a presidência do IP compete ao Delegado b) Exceção: nas hipóteses de competência originária a presidência do IP e do Desembargador Relator sorteado, Lei 8038, artigos 1 a 12. 4- VALOR PROBATÓRIO DO IP: Não pode haver decisão baseada exclusivamente no IP, salvo as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Para a Banca Cespe, pode o juiz absolver exclusivamente baseado no IP. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisãoexclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. - A provas cautelares são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova por decurso do tempo. Se não forem produzidas logo perdem sua razão de produção, depende de autorização judicial, mas tem seu contraditório postergado/diferido - ex: interceptações telefônicas. busca e apreensão e produção antecipada de provas. - A provas não repetíveis são aquelas que quando produzidas não tem como serem produzidas novamente, o exemplo mais citado é o exame de corpo de delito, não dependem de autorização judicial e seu contraditório também é diferido. - As provas antecipadas possuem contraditório real, exemplo clássico da testemunha que está hospital em fase terminal, nesse caso, depende de autorização judicial. Sua colheita é feita em momento processual distinto daquele legalmente previsto, por isso a classificação. Artigo 156 CPP: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:I – ordenar, DE OFÍCIO, mesmo ANTES de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes. II – determinar DE OFÍCIO diligências no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, para sanar dúvida sobre ponto relevante. Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 5- INÍCIO DO IP: Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 5.1- Quando se tratar de Ação Penal Pública Incondicionada pode ser de Ofício/portaria, por meio de requisição do Juiz ou do MP, por requerimento do ofendido, pelo APFD ou por Delatio Criminis. Em regra o Delegado deve atender a requisição do Juiz ou do Promotor de Justiça. Há todavia uma exceção quando se tratar de ordem manifestamente ilegal, então deve o Delegado não instaurar o IP. Requerimento do ofendido, pode indeferir, cabendo recurso ao Chefe de Polícia. 5,2 - Ação penal privada ou ação penal condicionada a representação, nestes casos depende de manifestação do ofendido ou de seu representante legal. 5.3 - Notitia Criminis: E a forma pela qual o Delegado de Polícia recebe a informação acerca de um crime. a) Notitia Criminis de Cognição imediata ou espontânea: ocorre quando a Autoridade Policial toma conhecimento dos fatos por meio de suas atividades rotineiras. A autoridade não e provocada. b) Notitia Criminis de Cognição mediata ou provocada: ocorre quando a Autoridade toma conhecimento dos fatos por meio de um expediente escrito (requisição, representação e etc) c) Notitia Criminis de Cognição Coercitiva: tratasse do APFD. d) Delatio Criminis: e o conhecimento do fato criminoso feito por outra pessoa que não a vítima ou seu representante legal. e) Delatio Criminis inqualificada: tratasse da denúncia anônima. Não se pode instaurar IP com base em denúncias anônimas, o correto e ao receber as denúncias realizar diligências para somente a partir daí instaurar o IP. HC 297144/RJ, Relatora Maria Tereza, j 10.02.15 6- DESENVOLVIMENTO DO IP: Premissa 1: ha uma serie de condutas previstas no artigo 6* do CPP e estas condutas estão previstas em rol não taxativos bem como em ordem não sequencial. Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) (aula 05) Premissa 02: Avocação e Redistribuição do IP: (artigo 2*, parágrafo 4* da Lei 12830/13). Avocação: e o ato pelo qual o superior hierárquico chama para si a condução do IP Redistribuição: e o ato pelo qual o superior hierárquico determina que o IP seja conduzido por outro Delegado. É possível nas hipóteses de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Lei 12890/13 Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. § 4o O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá seravocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. - Interesse Público: não há definição, e muito amplo - inobservância: tem de gerar um prejuízo, se não gerar, nao ha que se falar em Avocação ou Redistribuição. Premissa 03: A remoção do Delegado de Polícia somente se dá por ato fundamentado. (Lei 12830/13, artigo 2*, parag. 5* § 5o A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. 6.1: REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS (reconstituição) Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. É possível, salvo se violar a moralidade ou a ordem pública. - Moralidade: não se faz a reprodução de um estupro - Ordem Pública: não se faz se existe risco de o investigado correr risco. O investigado não pode ser compelido a participar da reconstituição. Pode ser determinada a sua condução coercitiva até o local. OBS: Para o STF não haverá nulidade se for feita a reprodução pelo Delegado após o encerramento do IP e de ofício (HC 98660/SP, j. 29.11.11 (Rel. Gilmar Mendes). OBS: Pode o Delegado determinar a colaboração passiva mas nao ativa do investigado na Reprodução Simulada. O STF ja entendeu que nem mesmo a colaboração passiva pode ser determinada. (HC 96219/SP, j. 23.06.09. Rel. Celso de Mello). 6.2: PRAZOS: Natureza Preso Solto Regra geral artigo 10 CPP 10 dias 30 dias Justiça Federal, art. 66 da lei 5010/66 15 dias 30 dias Tráfico artigo 51 lei 11343/06 30 dias 90 dias Obs: as cautelares mais intensas (artigo 319, IV, VI e VII) devem ter seu prazo contado como se estivesse preso. As demais contar-se-ao como se solto estivessem. Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Se o indiciado estiver solto os prazos poderão ser prorrogados. Se estiver preso, como regra geral não pode ser prorrogado, Salvo quando a) Justiça Federal: por mais 15 dias b) Tráfico de Drogas: o prazo total pode ser duplicado. c) Prisão temporária em crime hediondo ou assemelhado poderá durar 30 dias prorrogáveis por mais 30. Obs: em segunda fase, na peça prática, em se tratando de crime hediondo ou assemelhado, dar preferência pelo pedido de Temporária, pois caso contrário na preventiva seguirá a regra geral de 10 dias. 6.3 - INCOMUNICABILIDADE Só o juiz pode determinar, sendo o prazo máximo de 03 dias. Não se aplica ao Advogado e além disso o cabimento dela se dá em duas hipóteses (interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir) Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil Há duas posições quanto a recepção pelo CF: a) Mirabete: não foi recepcionada pela CF pois é proibida até mesmo no Estado de Defesa. b) Vicente Greco Filho: so e proibida no Estado de Defesa nas demais hipóteses não. vez que no Estado de Defesa ja ha grande restrição dos direitos fundamentais, não sendo assim possível restringir mais este direito. (aula 06) Para a Corte Interamericana dos Estados Americanos a incomunicabilidade por si so nao e inconvencional (Caso Suarez Rosero vs. Equador) 6.4 - INDICIAMENTO: 6.4.a) Noção: e o ato pelo qual a polícia judiciária reconhece que na visão dela aquela pessoa cometeu o delito. Graus de Culpa no processo penal: suspeito, indiciado, réu/culpado e culpado. Observação: Indiciamento: trata-se de ato privativo da Autoridade Policial. Artigo 2*, parag. 6*, lei 12.830/13 § 6o O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. Atenção: so e cabivel no inquérito policial. Deve ser fundamentado. 6.4.b: Condutas a serem tomadas pela autoridade do indiciamento. - identificação do suspeito - pregressamento - interrogatório do indiciado - comunicação aos órgãos de identificação e estatística. Atenção: a prerrogativa do artigo 221 do CPP não se aplica quando a autoridade e investigada (HC 250970/SP, j. 23.09.2014 STJ. Rel. Jorge Muni) aplica-se apenas quando for testemunha. 6.4.c: Modalidades de indiciamento: a) indiciamento direto: e o feito na presença do investigado. b) indiciamento indireto: e o feito quando ausente o investigado 6.5 - Identificação Criminal: Artigo 5*, LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal salvo nas hipóteses previstas em lei (Lei 12037/09) Regra: Identificação Datiloscópica e fotográfica Exceção: excepcionalmente do material genético lei 12037/09, Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: I – carteira de identidade; II – carteira de trabalho; III – carteira profissional; IV – passaporte; V – carteira de identificação funcional; VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado. Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os documentos de identificação militares. Atenção: Mesmo nas hipóteses de apresentar documento válido, pode ser determinada a identificação criminal nas hipóteses do artigo 3* da Lei 12.370/09. Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. Nas hipóteses de identificação constantes nos incisos I, II, III, V e VI e o próprio Delegado. Já no inciso IV, somente o Juiz poderá decidir de ofício ou a pedido da autoridade policial, do Ministério Público ou da Defesa. E a única hipótese que se admite a identificação genética. Nos termos do artigo 7*, “a”, a exclusão do perfil genético do Banco de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a prescrição do delito. Art. 7o-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a prescrição do delito. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo 6.6 - Irregularidades do IP e suas repercussões. Vícios do IP não contaminam a ação penal. Há de se ter cuidado com a mitigação do artigo 7*, inciso XXI do EOAB. **Teoria dos frutos da árvore envenenada - "fruits of the poisonous tree" Trata-se de tema inserto na teoria das provas. Vejamos. No nosso ordenamento jurídico, a prova ilícita é repudiada, tanto a prova ilícita originária com a auferida por derivação. Caso sejam juntadas aos autos serão excluídas, sob pena de violar o "due process of law", na contra-mão da via do Estado Democrático do Direito. Especificamente, a teoria dos frutos envenenados repreende a obtenção de provas ilícitas por derivação. Esta prova contamina as provas subseqüentes, por efeito de repercussão causal, o efeito é a nulidade do processo penal, eis que jamais se admite condenar o agente da infração penal sem observar as garantias constitucionais. Provas ilícitas são as provas obtidas de forma ilegal, contrariando e desrespeitando os preceitos processuais e os princípios constitucionais, ou seja, a obtenção das provas se configuram com a violação de natureza material ou processual infringindo o ordenamento jurídico. As provas Ilícitas são inadmissíveis no Processo Penal, por disposição do artigo 157 do Código de Processo Penal, que prevê: Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº. 11.690, de 2008). Entendem-se como provas ilícitas por derivação aquelas provas adquiridas em conformidade com o ordenamento jurídico e de forma lícita, porém a sua origem derivou de uma informação obtida de prova ilicitamente colhida; com isso, a prova lícita acaba se tornando imprópria e inadequada para ser utilizada no processo. Este entendimento é o da teoria dos frutos da árvore envenenada, criada pela Suprema Corte Americana, segundo a qual o vício da planta se transmite a todos os seus frutos. (aula 07) 6.7 - Requisição Administrativa: (artigo 5*, XXV e artigo 22, III da CF) Artigo 5*, inciso XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: II - desapropriação; A Requisição Administrativa depende de Lei. Os Artigos 61 e 62 da Lei 11343/06 preveem a possibilidade de uso de bens apreendidos no Inquérito Policial. Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da prova dos fatos e comprovado o interesse público ou social, ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante autorização do juízo competente, ouvido o Ministério Público e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão ser utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e na repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades. Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da instituição à qual tenha deferido o uso, ficando esta livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da União. Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma de legislação específica. § 1o Comprovado o interesse público na utilização de qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante autorização judicial, ouvido o Ministério Público. § 2o Feita a apreensão a que se refere o caput deste artigo, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como ordem de pagamento, a autoridade de polícia judiciária que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer ao juízo competente a intimação do Ministério Público. § 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido em moeda nacional, se for o caso, a compensação dos cheques emitidos após a instrução do inquérito, com cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes quantias em conta judicial, juntando-se aos autos o recibo. § 4o Após a instauração da competente ação penal, o Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio da Senad, indicar para serem colocados sob uso e custódia da autoridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou militares, envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido de drogas e operações de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades. § 5o Excluídos os bens que se houver indicado para os fins previstos no § 4o deste artigo, o requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os demais bens apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um deles, e informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde se encontram. § 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será autuada em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em relação aos da ação penal principal. § 7o Autuado orequerimento de alienação, os autos serão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo decurso do tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados, cientificará a Senad e intimará a União, o Ministério Público e o interessado, este, se for o caso, por edital com prazo de 5 (cinco) dias. § 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão. § 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta judicial a quantia apurada, até o final da ação penal respectiva, quando será transferida ao Funad, juntamente com os valores de que trata o § 3o deste artigo. § 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas no curso do procedimento previsto neste artigo. § 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais tenha deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da União Para o STJ podem ser utilizados estes artigos mesmo fora das hipóteses da Lei de Drogas (Resp. 1420960/MG, Sebastião Reis Júnior, j. 24.02.15) 6.8 - Teoria do Juízo aparente e meios de obtenção de provas. A jurisprudência estabelece que pode ser utilizada tal tipo de prova desde que no momento do deferimento não houvesse clareza da situação que conduziu a incompetência (HC81260-1/ES, Rel. Sepúlvera Pertence, j. 14.11.01) Exemplo: juiz estadual, autoriza escuta telefônica sem saber que o investigado possui prerrogativas. O STF entende que se no curso da investigação se identificar pessoa com prerrogativa de função todos os atos devem ser enviados ao foro por prerrogativa de função não cabendo ao juiz de primeiro grau decidir pela separação ou nao, (AP 87100/PR, Rel. Teori Zavaski, j. 10.06.2014) Caso lula e dilma. 7- FINAL DO IP: Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. A ausência de fundamentação do relatório pela autoridade policial não contamina a Ação Penal(Ag Reg no Resp 1172258/RS, Min Jorge Mussi, j. 16.10.12) Pode haver denúncia sem o Relatório da Autoridade Policial. Enviado o IP para a justiça o Juiz abrirá vistas ao MP o qual poderá: - Oferecer a Denúncia - Requerer o Arquivamento: - Requisitar novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia: O Juiz não pode indeferir, se o Juiz indeferir a requisição caberá Correição Parcial ou em alguns estados onde não preveja a correição caberá Mandado de Seguranca. 8- ARQUIVAMENTO: O Ministério Público propõe o arquivamento. O pedido vai para o Juiz, concordando, sera arquivado, todavia se discordar deve ele aplicar o artigo 28 do CPP enviando os autos ao procurador Geral do Estado, o qual poderá ele próprio oferecer a denúncia, insistir no arquivamento ou designar outro promotor para denunciar. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Da decisão do Juiz que determinar o arquivamento não caberá recurso nos moldes traçados pelo CPP. Exceções: a) Crimes contra a economia popular e saúde pública cabe reexame necessário, e o vulgo Recurso de Ofício, Artigo 7* da Lei 1521/51. Se o tribunal der cabimento dará ao juiz a possibilidade de aplicação do artigo 28 do CPP b) Contravenção do Jogo do Bicho é Contravenção de aposta em corrida de cavalos fora do Hipódromo, cabe RESE (Reexame necessário), artigo 6*, parágrafo único da lei 1508/51. Obs: Não cabe MS ou qualquer outra forma de manifestação da vítima contra a decisão que determina o arquivamento (MS 21081/DF, Rel. RAul Araújo, j. 17.06.15) Obs: Não se aplica o artigo 28 em sede de competência originária (Inq 967/DF, Rel. Humberto Martins, j. 18.03.15) 8.1 - Modalidades de Arquivamento: a) Arquivamento implícito: (não é aceito no Brasil). Arquivamento Implícito Objetivo: se forem investigados dois ou mais crimes e o Promotor de Justiça oferecer denuncia e em relação a um deles e nada disser em relação aos outros então haverá arquivamento em relação aos demais. Arquivamento Implícito Subjetivo: ocorre quando duas ou mais pessoas estão sendo investigadas e uma for denunciada e nada for dito em relação às outras haverá arquivamento em relação a elas. b) Arquivamento Indireto: (admitido no Brasil): Se o MP entender que outro e o crime e isso gerar mudança da competência e o juiz discordar haverá arquivamento indireto de forma que pode ser aplicado o artigo 28 do CPP. Ex: crime de competência do Tribunal do juri, entendendo o promotor não se tratar de crime contra doloso contra a vida e disse que foi culposo, modificando a competência, poderá neste caso entendendo o juiz ser sim Crime Doloso de competência do Júri, poderá ele aplicar o disposto no artigo 28 do CPP. (Aula 08) 09- DESARQUIVAMENTO DO IP: Regra: o arquivamento não faz coisa julgada material e pode o Inquérito Policial ser desarquivado se houver novas provas. Além das provas novas não pode estar extinta a punibilidade (artigo 107 do CP) Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casosem que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Provas novas são aquelas que trazem um dado novo. A prova para desarquivar o IP deve ser substancialmente nova, ou seja, deve trazer um dado novo. A hipótese que faz coisa julgada material, qual seja, a atipicidade da conduta, ou seja, se o MP alega que a ação e atípica, assim faz coisa julgada, não sendo possível o desarquivamento. Para o STF as causas excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de um direito, estrito cumprimento de um dever legal) não faz coisa julgada material. (HC 125101/SP, Rel. Dias Toffoli, j. 25.08.15 10 - TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO: Estão previstas no artigo 20 da Convenção de Palermo e consistem na utilização de meios de obtenção de prova, voltados para uma finalidade específica. Artigo 20 - Técnicas especiais de investigação 1. Se os princípios fundamentais do seu ordenamento jurídico nacional o permitirem, cada Estado Parte, tendo em conta as suas possibilidades e em conformidade com as condições prescritas no seu direito interno, adotará as medidas necessárias para permitir o recurso apropriado a entregas vigiadas e, quando o considere adequado, o recurso a outras técnicas especiais de investigação, como a vigilância eletrônica ou outras formas de vigilância e as operações de infiltração, por parte das autoridades competentes no seu território, a fim de combater eficazmente a criminalidade organizada. 2. Para efeitos de investigações sobre as infrações previstas na presente Convenção, os Estados Partes são instados a celebrar, se necessário, acordos ou protocolos bilaterais ou multilaterais apropriados para recorrer às técnicas especiais de investigação, no âmbito da cooperação internacional. Estes acordos ou protocolos serão celebrados e aplicados sem prejuízo do princípio da igualdade soberana dos Estados e serão executados em estrita conformidade com as disposições neles contidas. 3. Na ausência dos acordos ou protocolos referidos no parágrafo 2 do presente Artigo, as decisões de recorrer a técnicas especiais de investigação a nível internacional serão tomadas casuisticamente e poderão, se necessário, ter em conta acordos ou protocolos financeiros relativos ao exercício de jurisdição pelos Estados Partes interessados. 4. As entregas vigiadas a que se tenha decidido recorrer a nível internacional poderão incluir, com o consentimento dos Estados Partes envolvidos, métodos como a intercepção de mercadorias e a autorização de prosseguir o seu encaminhamento, sem alteração ou após subtração ou substituição da totalidade ou de parte dessas mercadorias. Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva. Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e noart. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: I - o nome da autoridade requisitante; II - o número do inquérito policial; e III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. § 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. § 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período; III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. § 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. § 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autose somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. PROVA 01- TERMINOLOGIA a) Objeto da prova: são os fatos sobre os quais recaem a atividade probatória das partes. O direito excepcionalmente poderá ser objeto das provas: Municipal, Estadual, Estrangeiro e consuetudinário. b) Fonte de Prova: são as pessoas ou coisas das quais provêm os dados probatórios (documentos, testemunhas, etc) c) Prova Típica: e a prova que possui previsão em nosso ordenamento ou aquela cujo procedimento probatório encontra-se previsto em lei. d) Prova anômala: e a prova típica utilizada para fins diversos daqueles que lhe sao proprios. Ex: substituição do depoimento da testemunha por declaração escrita. e) Prova de fora da terra: e a prova produzida em outra comarca (precatório). 02- SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DA PROVA. a) Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional: o juiz é livre para decidir devendo motivar as suas decisões (artigo 93, IX da CF e 155 do CPP) Exceções: b) Sistema da íntima convicção: o juiz decide sem motivar (aplica-se ao jurado no tribunal do Júri) c) Prova Legal ou Tarifada: as provas possuem valor pré-determinado ou ainda cada fato se prova por especifico meio de prova c1- artigo 155, parágrafo quinto, somente quanto ao estado civil das pessoas serão observadas as restrições da lei civil. Para o STJ não precisa da certidão de nascimento para comprovar a vulnerabilidade da idade. c2- artigo 158: o exame de corpo de delito é obrigatório nas infrações que deixam vestígio não podendo supri-lo a confissão do acusado. 03- PROVA EMPRESTADA: E a prova que é produzida em um processo e levada para outro. Para ser admitida não precisa mais ser produzidas entre as mesmas partes. Basta que no processo para onde foi levada seja permitido o contraditório. Exemplo: Operação lava-jato, está ocorrendo basicamente em duas comarcas distintas. 04 - ÔNUS DA PROVA O ônus da prova incumbe a quem alega, a acusação deve provar a autoria, a materialidade e o elemento subjetivo alegado, ja a defesa cabe comprovar o álibi e o elemento subjetivo alegado. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: OBS: elemento subjetivo = dolo ou culpa 05 - PODERES INSTRUTÓRIOS DO JUIZ (artigo 156, incisos I e II) E a possibilidade de o juiz produzir prova de ofício sem que ninguém requeira. No CPP e possível em duas hipóteses a) antes de iniciada a ação penal produzir provas urgentes e relevantes observada a adequação, a necessidade e a proporcionalidade da medida. b) durante a instrução ou antes da sentença se houver dúvida sobre ponto relevante. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. O STF admite a validade dos poderes instrutórios (HC 121689/DF, j. 13.05.14, Rel Luiz Fux. (Aula 09) 06- PROVA ILÍCITA: Premissa: a prova ilícita e uma reação male captum bene retentum (mal colhida, bem conservada). 01- Sistema pré 2008 (como era) a) CF artigo 5*, LVI: a prova ilícita e inadmissível. contudo nao explicava o que seria a prova ilícita. b) CPP - não prevê. c) Doutrina - com base nas lições de Pietro Novolone. Existe a prova ilegítima que e aquela que viola direito processual geradora de nulidade (inverter a ordem da oitiva da testemunha), e prova ilícita que e a que viola direito material sendo inadmissível devendo ser desentranhada e inutilizada. 02- Sistema pós 2008 (como e) a) CF artigo 5* LVI: continua igual. b) CPP: artigo 157 Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. Prova ilícita e a obtida com violação a normas constitucionais ou legais. É inadmissível, devendo ser desentranhada e inutilizada. Não especifica o tipo de normas, se processual ou material, diferentemente do conceito de Novolone. A doutrina tem duas posições: 1- Gustavo Badaró afirma que não há mais distinção entre prova ilícita e prova ilegítima. 2- Guilherme Madeira entende que o artigo 157 do CPP deve ser lido a luz de Nuvolone. Constituição Federal CPP inadmissível inadmissível ----------- desentranhada ----------- inutilizada ----------- obtida com violação a normas constitucionais ou legais. No Processo Penal de que o juiz que toma contato com a prova ilícita nao e afastado processo por que o artigo 157, parágrafo 4* do CPP foi vetado. 03- Hipóteses de admissibilidade da prova ilícita. 3.1: Exceção de Boa-fé: surgiu no caso EUA vs Leon em 1984. A proibição da prova ilícita e voltada para a polícia e não para o juiz. Se a polícia está munida de um mandado e entra na residência de alguém não haverá prova ilícita. Teoria ainda não utilizada no Brasil. 3.2: Exceção de erro inócuo: essa teoria surge no caso Chapman vs Califórnia de 1967. A prova ilícita pode ser utilizada desde que não seja a única fonte de prova (HC 187044/SP, j. 15.19.13, Rel. Maria Thereza. 3.3: Proporcionalidade: (Teoria da Restrição das Restrições)- Adequacao: uma medida é adequada se é capaz de estimular a obtenção do resultado pretendido - Necessidade: uma medida é necessária se não há outra que produza resultado de igual intensidade e viole menos os direitos fundamentais. - Proporcionalidade em sentido estrito: e a ponderação de valores. Preencheu a adequação, passasse a necessidade e somente depois de preenchida e que se passa para o terceiro degrau. Para fins práticos não há que se falar em prova ilícita sendo legitimada pelo proporcionalidade ATENÇÃO: Para prova oral = cenário da bomba relógio. (aula 10) É possível sustentar a possibilidade de tortura com base no pensamento utilitarista de Jeremy Benthan E Stuart Mill, ou seja, o maior bem para a maior quantidade de pessoas. Quem critica este experimento o faz baseado na alegação de que se trata de experimento feito unicamente para legitimar o uso da prova ilícita. 3.4: Prova Ilícita Pro Reo: Pode ser utilizada a prova ilícita para provar a inocência do acusado. Para Eugenio Patiele a pessoa que comete crime para provar a sua inocência condenada por ele pois está abarcada por causa excludente da ilicitude. Para Guilherme Madeira não pode o acusado cometer crime mais grave do que aquele que lhe é imputado. Deve-se observar um critério de razoabilidade. Não pode todavia a pratica de crimes contra vida, tortura etc. 3.5: Plain View Doctrine (Teoria da Visão Ampla) Surge no caso Coolidge vs NewHampshire de 1971. e os parâmetros foram estabelecidos no caso Horton vs Califórnia de 1990. Em uma busca e Apreensão poderá ser apreendido objeto que não constava do mandado se forem observados os seguintes parâmetros. a) o objeto deve estar a plena vista do policial b) o policial deve estar legalmente no local c) a natureza incriminadora deve ser evidente RHC 39412/SP, j. 03.03.15, Des. Felix Fischer (caso do advogado maconheiro e do estagiário pistoleiro) 3.6: Teoria das Private searches ou Buscas particulares: Caso Katz vs EUA de 1967. Teste bipartido (two part test) a) expectativa subjetiva de privacidade: o indivíduo acredita estar acobertado pela privacidade b) expectativa objetiva de privacidade: a sociedade considera legítima a expectativa do indivíduo. A prova foi considerada como ilícita tendo sido Katz Absolvido No Brasil foi aplicada no HC 103425/AM, j. 26.06.12, Rel. Min. Rosa Weber. Greve dos Bombeiros, bombeiro que enviou o email deflagrando a greve. Policia vai até a lan house e consegue descobrir de onde e através de quem partiu o email. Prova mantida, mesmo tendo sido considerada ilícita. 4: PROVA ILÍCITA DERIVADA: Surgiu no caso Silverthorne Lumber & Co vs EUA de 1920, mas o nome da teoria surge somente em 1937, caso Nardone vs EUA No Brasil a CF não prevê expressamente. O CPP prevê no artigo 157, parágrafo primeiro. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. A prova ilícita contamina toda a prova que dela derive dentro de um nexo de causalidade e os seus efeitos são os mesmos efeitos da prova ilícita originária, ou seja, inadmissibilidade, desentranhamento e inutilização. Exemplo: busca e apreensão sem mandado, apreende um pc e nele é feito a perícia, e da perícia são feitos outros trabalhos. Da perícia em diante tudo é feito de forma correta, todavia o ato ilícito de apreender o computador sem mandado contamina todos as demais provas obtidas após ela. 4.1- Hipóteses de admissibilidade da prova ilícita derivada: São três teorias a) Teoria do Nexo Causal Atenuado: também chamada como Teoria da contaminação expurgada ou Conexão Atenuada ou Vício Diluído. Surgiu no caso Wong Sun vs EUA 1963 Foi também utilizada no caso CEDH (Corte Europeia de Direitos Humanos) no caso Gafgen vs Alemanha de 2010. Quando o nexo de causalidade entre a prova originária e a prova derivada for tênue ou inexistente pode ser usada a prova derivada. Fato: Gafgen confessa em inquérito sob tortura e depois em juízo confessa novamente. Gafgen vai a CEDH e alega ter confessado sob tortura. A Corte desfaz a confissão sob tortura, ordena o pagamento de 5 mil euros, todavia não desfaz a confissão feito em juízo, sob a alegação de ter sido a mesma espontânea, mantendo a condenação de prisão perpétua. O policial que fez com que Gafgen confessa-se tem a medalha cassada. . A teoria do nexo causal atenuado foi adotada no art. 157, §1º do CPP. (aula 11) b) Teoria da descoberta inevitável / da fonte hipotética independente Surge no caso Nix vs Willians (1984) – Uma criança desapareceu e o chefe dos policiais isola todo o condado e vai procurar a criança, casa por casa. Um segundo grupo de policiais encontra uma pessoa estranha na rua, leva essa pessoa para interrogatório, e por meio de tortura, obtém uma confissão desse indivíduo e descobrem onde o corpo da criança está. Mas a prova é lícita, pois seria inevitável que o corpo da criança fosse encontrado pelo primeiro grupo de policiais. – Quando se analisam os elementos (métodos) típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal e se percebe que a prova seria descoberta de qualquer forma, pode ser usada prova derivada No Brasil.: O STF aplicou esta teoria no caso de Busca e Apreensao olhar o celular nao e prova ilícita mas ainda que fosse incidiria a descoberta inevitável. O STF entendeu que é possível olhar o histórico de ligações no celular quando da busca e apreensão sem mandado, pois ainda que não fosse, seria inevitável a descoberta dessa prova ( HC 91.867, Gilmar Mendes, julgado em 24.04.2012). Atenção: Ver aula de Busca e apreensão. c) Teoria da fonte independente Bynum vs EUA -1960 - Corte de Apelação do Distrito de Columbia. Surge no caso Murray vs EUA (1988) – Quando há duas fontes concretas de prova uma ilícita e a o utra lícita, afasta-se a ilícita e usa-se a lícita. O STF ja aplicou esta teoria Ex.: Inq 2245/MG. j. 28.08.07. Rel. Joaquim Barbosa. Policias fazem MBA sem mandado, os policiais entram na casa sem motivo algum, e ai o chefe deles chega e pergunta porque eles entraram. Os policiais não apresentam razão alegando que na casa tinha drogas e que seria crime permanente. O chefe ordena que os policiais vão até o juiz e peçam o mandado o que foi feito. Ex.: Ação Penal 470/MG – O PGR mandou quebrar o sigilo bancário dos investigados e a CPI também mandou quebrar o sigilo bancário dos mesmos investigados. Apesar da prova ser ilícita, pois o PGR não tem legitimidade para quebrar o sigilo bancário, a CPI tem essa competência. ATENÇÃO: . A teoria do nexo causal atenuado foi adotada no art. 157, §1º do CPP. . No §1º está o nome da teoria da fonte independente e no §2ºestá o conteúdo da teoria da descoberta inevitável. Obs: . Em 1ª Fase marcar Teoria da fonte independente, já na 2ª Fase discutir sobre ambas as teorias Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. PROVAS EM ESPÉCIE Exame de Corpo de Delito: Premissa: Terminologia: a) Perícia: e o meio de prova que exige conhecimentos técnicos específicos. b) ECD: e a perícia que recai sobre o corpo de delito, ou seja, os elementos sensíveis da infração. 1- Obrigatoriedade do Corpo de Delito a) - artigo 184: o exame de corpo de delito e a única perícia que não pode ser indeferida. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. b) - artigo 158: o exame de corpo de delito é obrigatório que deixam vestígio não podendo supri-lo a confissão do acusado Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. c) Artigo 167: se os vestígios desapareceram a prova testemunhal suprira a sua falta. art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 1.1: Modalidades de ECD: a) ECD Direto: é aquele em que os peritos atuam diretamente sobre os vestígios. Ex: necropsia b) ECD Indireto: há duas posições, sendo: b.1- Posição Restritiva: que é a atuação dos peritos sobre outros elementos que não os vestígios da infração.Defendida por Guilherme Nucci e Guilherme Madeira b.2- Posição Ampliativa: tratasse tanto da atuação dos peritos quanto da oitiva de testemunhas nos termos do artigo 167 do CPP. Posicionamento seguido pelo STJ, REsp 1519675/RS, j. 23.06.15, Relator Luiz Fux 2. Peritos: - 01 (um) perito oficial ou 02 (dois) nao oficiais. - Policial pode ser Perito não oficial desde que tenha capacidade Técnica. AgRg no AResp 180146/RS, j. 28.04.15, Rel. Leopoldo de Arruda Raposo. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (aula 12) 2.1_ Trabalho dos peritos: Eles elaboram um laudo (10 dias) e também podem depor em juízo (devem intimados com 10 dias antecedência em relação a audiência e com cópia dos quesitos, podendo apresentar laudo complementar escrito. Cabe ao Juiz decidir se havera laudo ou depoimento. Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. § 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. O prazo para elaboração do laudo poderá ser prorrogado a pedido do perito, parágrafo único do artigo 160 CPP. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Exceções ao prazo a) Crimes contra a propriedade imaterial em acao Acao Penal Privada: o laudo deverá ser feito em 03 dias, artigo 527 Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos nomeados pelo juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 (três) dias após o encerramento da diligência. b) Exame de insanidade mental: o laudo deverá ser feito em 45 dias O CPC não alterou a contagem de prazo do CPP. 3- Assistentes artigo 159, paragrafo 5*, inc. II Artigo 159 parágrafo 5* inciso II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. Atuam apos a elaboracao do laudo oficial e sua admissão em juízo. Diferente do Processo Civil onde o assistente atua junto ao perito na elaboração do laudo. O Assistente Técnico irá elaborar parecer em prazo fixado pelo juiz, ou depor em juízo. 4- Aspectos finais a) ECD e denúncia: em regra a denúncia pode ser oferecida sem o ECD Exceções: - artigo 525. Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito - artigo 50, p 1*, Lei 11343/06 Art. 50. . § 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. b) nomeacao do Perito/determinação da perícia: Como Regra o Delegado determina a realizacao da pericia. Artigo Excessao: Nos casos envolvendo exame de insanidade mental, só o juiz pode determinar esta perícia (ver aula de processos incidentes). c) Exame de corpo de delito na lesão corporal por incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. Sao necessarios 02 exames. d) Cadeia de Custódia. Tratasse dos procedimentos e das técnicas utilizadas para garantir a integridade da fonte de prova Consequências da violação da cadeia de custódia dependerão do tipo de violação. O STJ julgou o HC 160662/RJ, j. 18.02.14, Rel. Assusete Magalhaes. A 6ª turma do STJ anulou provas produzidas em interceptações telefônicas e em e-mails realizadas na operação Negócio da China. A PF perdeu todas as interceptações de e-mail e parte das gravações telefônicas feitas contra os antigos controladores da Casa & Vídeo, empresa de varejo do Rio. Seguindo da ministra Assusete Magalhães, relatora, os ministros consideraram que a conservação das provas é obrigação do estado e sua perda
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