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Aula 04 Princípios Constitucionais Intranscendência

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Princípios Constitucionais – Intranscendência
DIREITO PENAL
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS – INTRANSCENDÊNCIA
E o que dizer da segunda parte do inciso XLV, que diz ser possível estender 
aos sucessores (até o limite do patrimônio transferido) a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens?
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
REPARAR O DANO e a decretação do PERDIMENTO DE BENS ser, nos termos 
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido;
Reparação do Dano
Podemos perceber facilmente que a obrigação de reparação do dano não se 
constitui em pena, sendo tão somente um efeito extrapenal da sentença conde-
natória:
Art. 91 – São efeitos da condenação:
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
A reparação do dano será buscada pela vítima perante um juízo cível. Lembrando 
que é possível ao magistrado determinar o valor mínimo de reparação do dano pelo 
crime cometido dentro do processo penal (art. 387, IV do CPP).
REPARAÇÃO DO DANO MULTA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
NÃO É PENA. É uma indenização 
que será cobrada na esfera cível, 
mero efeito extrapenal genérico da 
condenação.
É UMA PENA SECUNDÁRIA 
destinada ao fundo penitenciário 
(art. 49 do CP).
É UMA ESPÉCIA DE PENA 
RESTRITIVA DE DIREITOS 
destinada, em regra, à vítima 
(art. 43, I, do CP).
Passará da pessoa do condenado até 
o limite do patrimônio transferido.
Não pode passar da pessoa do 
condenado.
Não pode passar da pessoa 
do condenado
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Perdimento de Bens (CONFISCO):
Inicialmente, precisamos compreender que existem duas referências ao con-
fisco em nosso código penal: art. 91, II, e art. 43, II.
O confisco previsto no art. 91 do CP é conhecido como confisco efeito, ou 
seja, não se trata de pena, mas sim de um efeito extrapenal genérico da sen-
tença condenatória penal:
Art. 91 – São efeitos da condenação:
II – a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de 
boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, aliena-
ção, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido 
pelo agente com a prática do fato criminoso.
Todos os bens derivados do crime praticado podem ser perdidos em favor da 
União, mesmo que o agente que praticou o crime tenha morrido. 
Por outro lado, o confisco estatuído no art. 43, II, do CP é uma espécie de 
pena restritiva de direitos, conhecido como confisco pena:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
(...)
II – perda de bens e valores;
CONFISCO-EFEITO (ART. 91) CONFISCO-PENA (ART. 43)
Efeito extrapenal da sentença condenatória. Espécie de pena restritiva de direitos.
Só será decretada a perda em favor da União, 
dos bens que consistam em instrumento, pro-
veito ou produto do crime.
Será decretada a perda em favor do fundo peni-
tenciário de quaisquer bens do condenado até o 
limite do prejuízo causado ou do proveito obtido 
pelo agente (o que for maior).
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A qual perdimento de bens (confisco) o inciso XLV faz referência? Qual é o 
perdimento de bens que pode ser estendido aos sucessores?
Conforme entendimento da doutrina majoritária, o inciso XLV faz clara refe-
rência ao perdimento de bens enquanto efeito extrapenal genérico, garantindo 
assim o caráter absoluto da intranscendência da pena.
Argumento que reforça esse entendimento reside no fato de esse princípio se 
encontrar expresso, e sem nenhuma exceção, na CADH, em seu art. 5, ponto 3:
Art. 5. (...)
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
Princípio da Individualização da Pena (XLVI):
Derivado do princípio da justiça, o inciso XLVI garante que cada indivíduo 
deve receber aquilo que lhe é devido em razão do crime cometido. Esse princípio 
deve ser observado sob três aspectos diferentes:
• Aspecto legislativo:
 A individualização da pena deve ocorrer no momento da definição dos 
crimes e da cominação das respectivas sanções;
• Aspecto judicial:
 A individualização da pena deve ocorrer no momento de sua aplicação por 
parte do magistrado;
• Aspecto administrativo:
 Por fim, no momento da execução deve, também, ser garantida a individu-
alização da pena;
PENAS PERMITIDAS (XLVI)
Privação ou Restrição de liberdade
Perda de bens
Multa
Prestação Social Alternativa
Interdição ou Suspensão de Direitos
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Atenção!
O rol descrito é meramente exemplificativo, tendo em vista que o inciso XLVI 
anuncia que: 
“a lei regulará a individualização da pena e adotará, ENTRE OUTRAS, ...”
Inclusive, temos na legislação penal atual um exemplo de pena que não 
consta do rol acima. É o art. 28 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas):
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, 
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determina-
ção legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I – advertência sobre os efeitos das drogas;
II – prestação de serviços à comunidade;
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (HUMANIZAÇÃO Das Penas 
– XLVII):
Estabelece o referido princípio que a ninguém pode ser imposta uma pena 
ofensiva à dignidade humana. Tal princípio, a exemplo do anterior, também deve 
guiar o Estado na criação, aplicação e execução das penas.
Ademais, nesse inciso temos um rol das penas proibidas no Estado brasileiro: 
PENAS PROIBIDAS (XLVI)
Morte, salvo nos casos de guerra declarada
Caráter perpétuo
Banimento
Cruéis
Trabalhos Forçados
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Atenção!
Não confunda trabalho forçado com trabalho obrigatório. 
O trabalho para o preso, por exemplo, é obrigatório. Caso não queira trabalhar, 
o agente não pode fazer nada, pois não pode forçá-lo a tal.
��������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.

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