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0 TIAGO HENRIQUE RODRIGUES ANÁLISE DE AFASTAMENTOS NO SETOR DE HOTELARIA NA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DE SETE LAGOAS SETE LAGOAS - MG 2017 1 2 RESUMO Processos de trabalho tiveram evoluções durante o tempo, em virtude da própria inovação tecnológica resultante da globalização. Em conjunto com as inovações de produtos e processos de trabalho, novas idéias, normas e metodologias foram colocadas em prática, com o intuito de aperfeiçoar ainda mais as corporações para que as mesmas alcancem seus objetivos de mercado, que se encontra cada vez mais competitivo. No âmbito ergonômico-ocupacional a redução dos esforços físicos por meio da maior acessibilidade e facilidade de manuseio de máquinas e equipamentos viabilizou o trabalho de forma segura, embora algumas instituições ainda necessitem acompanhar tal evolução, apresentando aspectos que possam contribuir com o estresse no trabalho e com o surgimento de doenças ocupacionais. O número de afastamentos ao trabalho influencia o resultado das operações, comprometendo a produtividade e sobrecarregando os trabalhadores presentes. É de fundamental importância que as empresas se comprometam a reduzir índices de afastamentos no trabalho, através de analises e estudos das causas das abstenções. Portanto, o presente trabalho teve como principal objetivo a realização de uma análise da taxa e causas do absenteísmo no hospital Irmandade de Nossa Senhora das Graças de Sete Lagoas, onde foi realizada coleta de dados no setor de hotelaria, através de levantamentos em prontuários de colaboradores, seguido de observação do ambiente e dos funcionários realizando suas atividades. Em seguida foram apresentado sugestões de melhoria de acordo com a NR-17, diante analise dos resultados obtidos, que evidenciaram acentuada incidência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. A empresa concordou com a necessidade de mudanças e comprometeu-se em realizar as adequações necessárias ao ambiente de trabalho de acordo com as sugestões apresentadas. Palavras-chave: Absenteísmo, Ergonomia, Produtividade. 3 ABSTRACT Work processes have evolved over time, due to the very technological innovation resulting from globalization. Together with innovations in products and work processes, new ideas, standards and methodologies have been put into practice, with the aim of further perfecting the corporations so that they reach their increasingly competitive market objectives. In the ergonomic-occupational scope, the reduction of physical efforts through the greater accessibility and ease of handling of machines and equipment enabled the work to be carried out safely, although some institutions still need to follow this evolution, presenting aspects that may contribute to stress at work and with the emergence of occupational diseases. The number of leave to work influences the results of operations, compromising productivity and burdening the present workers. It is of fundamental importance that companies undertake to reduce rates of leave at work, through analyzes and studies of the causes of abstention. Therefore, the main objective of this study was to analyze the rate and causes of absenteeism in the Hospital of Irmandade Nossa Senhora das Graças in Sete Lagoas, where data collection was performed in the hospitality sector, through surveys in employee files , followed by observation of the environment and the employees performing their activities. Afterwards, suggestions for improvement were presented according to NR-17, in view of the results obtained, which evidenced a marked incidence of Work-related Musculoskeletal Disorders - DORT. The company agreed to the need for changes and was committed to make the necessary adaptations to the work environment in accordance with the suggestions presented. Keywords: Absenteeism, Ergonomics, Productivity. 4 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia AET Análise Ergonômica do Trabalho CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho INSS Instituto Nacional de Seguridade Social LER Lesão por Esforço Repetitivo MTE Ministério do Trabalho e Emprego LER Lesão por Esforço Repetitivo NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health NR Norma Regulamentadora SESMT Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho TURNOVER Rotatividade 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01 Interdisciplinaridade da Ergonomia................................................... 21 Figura 02 Itinerário da ação ergonômica completa: da petição à solução......... 25 Figura 03 Coleta de lixo hospitalar em ponto de coleta..................................... 43 Figura 04 Transporte dos resíduos.................................................................... 44 Figura 05 Retirada de lixo do carrinho transportador........................................ 45 Figura 06 Acondicionamento em abrigo de lixo................................................. 46 Figura 07 Deslocamento para os setores.......................................................... 47 Figura 08 Carrinho de limpeza........................................................................... 48 Figura 09 Esfregão tipo Mop.............................................................................. 48 Figura 10 Disposição de baldes no carrinho...................................................... 49 6 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 Distribuição de cargos no setor de hotelaria..................................... 35 Gráfico 02 População dividido por sexo.............................................................. 36 Gráfico 03 Distribuição percentual de tempo de trabalho na empresa............... 37 Gráfico 04 Distribuição da predominância de trabalho....................................... 37 Gráfico 05 Faixa etária dos colaboradores da hotelaria...................................... 38 Gráfico 06 Distribuição de atestados por sexo e turno de trabalho.................... 39 Gráfico 07 Dias de afastamento entregues em 2016.......................................... 40 Gráfico 08 Número de atestados entregues por função..................................... 48 Gráfico 09 Principais causas dos afastamentos................................................. 48 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ........................................................... 11 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13 3.1 A hotelaria no Setor Hospitalar ........................................................................ 13 3.2 Segurança do Trabalho ..................................................................................... 14 3.3 Normas Regulamentadoras .............................................................................. 15 3.3.1 A Norma regulamentadora 17........................................................................ 16 3.4 Ergonomia ..........................................................................................................17 3.4.1 Objetivos da ergonomia ................................................................................. 18 3.4.2 Áreas de atuação da ergonomia ................................................................... 19 3.4.2.1 Ergonomia física.......................................................................................... 20 3.4.2.2 Ergonomia cognitiva ................................................................................... 20 3.4.2.3 Ergonomia organizacional .......................................................................... 20 3.4.4 Análise Ergonômica do Trabalho (AET) ....................................................... 21 3.5 Absenteísmo ...................................................................................................... 23 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 26 4.1 Delineamento da Pesquisa ............................................................................... 26 4.2 Plano de Coleta e Interpretação de Dados ...................................................... 27 5 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................ 28 5.1 Identificação e Características dos Colaboradores ....................................... 28 5.2 Identificação e Características dos Afastamentos ......................................... 31 5.3 Organização do Trabalho ................................................................................. 35 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 APÊNDICE A – NR 17 .............................................................................................. 47 8 1 INTRODUÇÃO A qualidade de vida no trabalho é uma preocupação das empresas que vem aumentando gradativamente desde o início da era da industrialização, dada competitividade entre as organizações e a preocupação com a interferência de órgãos públicos por meio de fiscalizações. Sendo tema de fundamental importância, ela vem tomando um espaço cada vez maior nas empresas, visto que, a partir do momento que o profissional possui qualidade de vida e bem estar no seu ambiente de trabalho, sua produtividade será mais elevada, alcançando objetivos e metas propostos. Muito tem sido feito, por meio de estudos e uso da tecnologia, no sentido de melhorar as condições de trabalho, tanto no sentido de conforto como da segurança e higiene ocupacional. Para que isso aconteça, a empresa tem um papel fundamental de proporcionar meios de incentivo ao trabalhador, tais como, condições salubres de trabalho, salário e benefícios compatíveis com o mercado, atividades laborais, promoção e prevenção de agravos à saúde. A falta de qualidade no trabalho quando presente no ambiente corporativo acarreta elevação de afastamentos. Sendo assim, estudos ergonômicos são importantes no processo de promoção e prevenção das doenças ocupacionais que causam transtornos aos trabalhadores e perdas financeiras para as empresas. A ergonomia trata do estudo e a relação do homem com o trabalho, e as demais complexidades que envolvam os processos do meio operacional, tendo como principal enfoque adaptar o trabalho ao homem. O conceito de saúde não se caracteriza somente como a ausência da doença, e, sim, em todo o contexto de qualidade de vida, seja na vida social ou no trabalho. A importância do ofício na vida das pessoas conduz à necessidade permanente de promover saúde e a qualidade de vida no seu meio uma vez que a maior parte do tempo das pessoas é passado no trabalho, com o compromisso de fortalecer a autoestima, o sentimento de segurança, pertencimento e realização, dignidade e condições físicas saudáveis em um ambiente que atenda a suas necessidades. Pode-se dizer que a preocupação com a ergonomia passou a existir no momento quando o homem primitivo construiu seus primeiros objetos básicos para garantir a sua sobrevivência, fazendo o uso apenas de sua intuição criativa e senso de necessidade. Com isso, ao longo dos anos, uma série de objetos foi criada 9 objetivando o atendimento das principais necessidades humanas (GOMES FILHO, 2003). Para obter conhecimento sobre as condições de trabalho, é necessario um estudo muito mais complexo, que foi se desenvolvendo em conjunto com a implantação de novos saberes e tecnologias. As ausências ao trabalho trazem transtornos às organizações e é evidente que, ocasionalmente, possam existir problemas pessoais, doenças e desconfortos, e é normal que alguém se ausente por algum período de suas atividades por tempo indeterminado. De fato, quando o número de afastamentos se torna habitual, é de fundamental importância que seja realizado um estudo sobre as causas de estarem ocorrendo, buscando a raiz do problema em questão para que as incidências de tais faltas não continuem a prejudicar o andamento e a produtividade do trabalho. O absenteísmo é um grande problema nas instituições e pode se destacar negativamente. Assim é importante mensurar as causas para que se possa agir de forma assertiva. O estudo do absenteísmo proporciona informações a respeito da saúde dos trabalhadores e indica o grau de satisfação com a organização e com o próprio trabalho. Uma vez que as escalas ficam comprometidas pelas ausências, sobrecarregando aqueles trabalhadores que tem que assumir além das suas atividades também as atividades dos colaboradores faltosos, há a importância do estudo de absenteísmo, que se dá devido ao constante agravo da situação, com ocorrência cada vez mais incisiva e constante no setor. Por meio de análise documental, pode-se atingir tal diagnóstico, por meio de levantamento e registro de dados, tornando possível que seja verificado aquele agente que seria o maior causador de afastamentos e buscar tratativas para eliminar ou minimizar a fonte expositora. Essa ação tornaria o ambiente de trabalho mais salubre para todos os envolvidos e viabilizaria a qualidade do trabalho prestado aos usuários. Os atestados são apresentados na empresa e ficam arquivados nas fichas de atendimento do médico do trabalho, porém não passam por nenhuma espécie de análise. De posse dos dados registrais dos colaboradores e após a contagem manual dos atestados entregues no setor de medicina do trabalho, o pesquisador poderá registrar as causas, os períodos e os tipos de doenças incidentes no setor estudado. Se for contabilizado, o índice pode ser mensurado de tal forma que 10 viabilize um plano de ação contundente, visando a eliminação ou redução dos fatores determinantes para a incidência das ausências. Devido ao aumento significativo de atestados médicos apresentados no Hospital Nossa Senhora das Graças, há necessidade de elaborar e implantar ações com vistas na promoção da saúde e prevenção de agravos à saúde destes colaboradores, e evitar que as faltas interfiram no andamento do setor. Porém, para implantar ações de promoção de saúde é de suma importância reconhecer as taxas e causas do absenteísmo. O interesse por esse estudo surgiu mediante ao crescente número de colaboradores da empresa que vieram a se abster do trabalho, que, por muitas vezes são associadas a causas aleatórias ou a doenças ocupacionais, não podendo de fato ser identificado, devido ao fato da empresa não registrar e quantificar os tipos de atestados apresentados. O presente projeto tem à intenção de auxiliar a gestão de pessoas a quantificar a incidência e as causas dasausências ao trabalho com foco na melhoria de processos da empresa como um todo. Diante do exposto, espera-se que o trabalho possa ser útil para que os interessados possam colocar em prática medidas que minimizem o absenteísmo por meio da análise dos índices levantados e reconhecimento de riscos do setor de hotelaria. Portanto, o objetivo desse trabalho é analisar o índice e causas do absenteísmo que afetam a produtividade no Hospital Nossa Senhora das Graças 11 2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO A Irmandade de Nossa Senhora das Graças é uma associação de assistência à saúde e filantrópica, devidamente reconhecida através do Decreto Federal 70.998 de 17/08/1972, localizada na Rua Teófilo Otoni, n° 224 no centro da cidade de Sete Lagoas. É mantenedora do Hospital Nossa Senhora das Graças, contando com aproximadamente 827 funcionários distribuídos em diversos setores. O Hospital Nossa Senhora das Graças nasceu em uma antiga casa adaptada para receber enfermos de Sete Lagoas e região, no dia 7 de março de 1880. Na década de 30, começou a ser erguida a edificação atual do Hospital, já no endereço em que se encontra atualmente. Nos dias de hoje, a instituição é a sétima maior prestadora SUS – Serviço Único de Saúde do estado de Minas Gerais, mantendo uma importante gama de serviços à população, atendendo pelo menos a 35 municípios circunvizinhos, totalizando uma gama de aproximadamente 650 mil pessoas. Os serviços prestados pelo Hospital Nossa Senhora das Graças são o atendimento ambulatorial e hospitalar, como maternidade, diálise, oncologia, cateterismo, tomografia computadorizada, cirurgias cardiovasculares, intervencionistas, neurológicas e oncológicas e tratamento intensivo adulto, pediátrica e neonatal. Como parte do processo de atendimento e acolhimento de pacientes, a empresa conta com o setor de hotelaria com aproximadamente 60 funcionários, que zelam pela manutenção e higienização de salas administrativas, sanitários, quartos e leitos de pacientes, divididos em dois turnos de trabalho (dia e noite), em regime de revezamento 12/36 horas. O trabalho é dividido homogeneamente entre os funcionários em seus plantões de acordo com a escala organizada pelo supervisor do turno, e cada funcionário fica responsável por determinada área durante a sua jornada de trabalho. Diante de tal divisão de atividades, a eventual falta de algum colaborador pode acarretar inúmeros transtornos uma vez que cada um tem suas responsabilidades e compromissos específicos, podendo ocorrer atrasos na higienização e entrega dos quartos para recebimento de novos pacientes, impossibilitando conseqüentes utilizações dos leitos, resultando em insatisfação de 12 usuários, gerando horas extras e principalmente sobrecarga de trabalho aos funcionários presentes, que ficam responsáveis em cobrir o relapso durante a falta não programada, comprometendo a produtividade do setor. Diante dos fatores identificados e do elevado número de faltas e atestados médicos apresentados no setor atualmente, tornou-se indispensável que seja realizada uma análise quantitativa das causas sobre os seqüentes afastamentos e faltas ao trabalho, uma vez que a empresa não conta com nenhum levantamento mensurável envolvendo os dados em estudo, impossibilitando determinar os motivos reais de tais afastamentos. 13 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A hotelaria no Setor Hospitalar A hospitalidade como um conceito é tão antigo quanto às formas mais primordiais de atividade social. E apesar de ser vista assim, só veio a ser parte do contexto dos serviços hospitalares do Brasil há poucas décadas. Segundo Boeger (2003), diante dos questionamentos dos pacientes que se tornavam cada vez mais crescentes em função da qualidade do atendimento prestado em hospitais, tornou- se necessária a concepção de que hoje o paciente deve ser chamado de cliente. Essa condição foi imposta devido à instrução sucessiva e obtenção de novos conhecimentos destes clientes, transformando as pessoas com poder e capacidade de questionar a oferta e a qualidade dos serviços ofertados para pacientes e familiares. Tendo em vista as considerações supracitadas, é acertado afirmar que a partir do conceito de melhoria de condições da infraestrutura do hospital para atender bem o cliente externo, a hotelaria hospitalar também contribui para dar melhores condições aos profissionais que laboram nos setores e presta serviços ao hospital. A qualidade e a preocupação com a hotelaria vêm crescendo cada vez mais nos hospitais devido o reconhecimento da sua importância e os colaboradores do setor por sua vez tem se preocupado em interagir com essa proposta. Entretanto muitos hospitais ainda não dão a devida importância ao assunto, tratando a qualidade do serviço de hotelaria de forma secundaria. (BOEGER, 2003). De acordo com Boeger (2003) a hotelaria hospitalar é a reunião de todos os serviços de apoio a fim de oferecer aos envolvidos segurança e bem-estar durante seu período de internação, tentando tornar o hospital com aspecto mais acolhedor e confortável aos usuários o possível, sendo voltada a demonstrar preocupação com o bem estar dos envolvidos em todas as etapas do processo de assistência. Uma vez que a idéia de que os pacientes internados no hospital devem ser tratados como clientes é aceita na instituição, a preocupação com a satisfação dos mesmos durante a utilização dos serviços de atendimento deve ser tão evidente quanto a qualquer outra empresa de prestação de serviços, devendo o hospital não se dar enfoque ao luxo das acomodações, uma vez que o objetivo principal é o 14 atendimento humanizado, e sim na qualidade do trabalho oferecido por meio de boa conciliação dos objetivos do hospital de atender e hospedar. Como síntese da idéia, Godói (2004) relata que a “hotelaria hospitalar é a introdução de técnicas, procedimentos e serviços de hotelaria em hospitais com o consequente benefício social, psicológico e emocional para pacientes, familiares e funcionários”. O constante deslocamento, esforços posturais e exposição a riscos diversos comuns a área hospitalar, faz que se torne necessária a preocupação com a gestão eficaz de saúde e segurança do trabalho nas empresas deste seguimento, a fim de prevenir doenças relacionadas ao trabalho. Os funcionários devem trabalhar em condições de segurança e bem estar. Para que isso ocorra, é necessário estudos da área de análise e causas do absenteísmo, análise dos risco de acidentes e doenças ocupacionais. 3.2 Segurança do Trabalho A segurança no trabalho é um assunto de grande valia e importância que não interessa apenas aos trabalhadores, mas também a empregadores. É o conjunto de medidas capazes de prevenir acidentes, minimizando condições inseguras do ambiente e implantando melhorias nas práticas preventivas. Várias organizações tratam a segurança no trabalho como um papel fundamental. Conforme Iida (2005) um trabalhador acidentado, além dos sofrimentos pessoais, provoca despesas ao sistema de saúde e passa a receber seus direitos previdenciários, que são pagos por todos os trabalhadores e empresas. Além de gerar um furo no processo interno da empresa, que por vezes tem que sobrecarregar outros funcionários ou até mesmo abrir novas contratações. Como definição, a Segurança no Trabalho é o conjunto de medidas capazes de prevenir acidentes, minimizando condições inseguras ou abaixo do padrão do ambiente laborado pelos funcionários e implantando melhorias nas práticas preventivas, através de praticas que permitam eliminara exposição a riscos diretamente na fonte, percurso e individuo nesta ordem. Várias organizações tratam a segurança no trabalho como um papel fundamental na sua política de gestão, 15 enxergando que o correto gerenciamento de riscos pode se tornar peça chave na construção de um ambiente empresarial saudável e motivador para as pessoas. É importante que tenhamos a idéia de que as pessoas passam a maior parte das suas vidas dedicando seu tempo ao trabalho. Portanto, é de suma importância que as empresas se preocupem cadê vez mais em oferecer condições laborais adequadas aos trabalhadores, uma vez que uma das peças chave para o sucesso das organizações se passa pelo comprometimento dos funcionários com o seu trabalho. O monitoramento das condições de trabalho deve ser realizado, sendo levadas em conta as condições físicas e materiais e as condições psicológicas e sociais. A higiene do trabalho ou higiene ocupacional está relacionada com as condições ambientais de trabalho que assegurem o bem estar dos colaboradores. (CHIAVENATO, 2004) O ambiente de trabalho pode possuir riscos à saúde dos trabalhadores. Esses riscos podem ser classificados em físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos. Os riscos físicos, químicos e biológicos se enquadram nas condições insalubres, conforme norma regulamentadora do ministério do trabalho de número 15 (NR - 15). Os riscos ergonômicos estão relacionados a posturas inadequadas na execução da atividade ocupacional, esforço repetitivo, monotonia no trabalho e alta demanda de força muscular. Os riscos ergonômicos se não controlados podem desencadear as doenças ocupacionais aos trabalhadores. 3.3 Normas Regulamentadoras Para proteção do trabalhador à exposição que possa acontecer no desenvolver de suas atividades de trabalho, e a fim de prevenir ou minimizar as doenças ocupacionais, foi criada a Lei n.° 6514 de 22/12/1977 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que tange à Segurança e Medicina do Trabalho, estabelecendo a criação das Normas Regulamentadoras (NR), aprovadas pela portaria n. 3214 de 08/06/1978, que são determinações trabalhistas sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança do trabalho. A legislação está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo de uso de profissionais de todas as áreas, e de suma importância para as organizações. As normas podem ser alteradas ou elaboradas por representantes de empregadores e empregados, e oficialmente publicadas por meio de portarias do 16 Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que também monitora o seu cumprimento por meio de fiscalizações nas empresas. Em 1978 foram aprovadas vinte e oito normas, mas atualmente temos trinta e seis. O objetivo das Normas Regulamentadoras é estabelecer critérios de parametrização relacionados à segurança do trabalhador, através de determinações especificadas em cada uma das NR, onde todas as empresas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho são obrigadas a seguir suas determinações. (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI; 2008). A NR-17 trata dos princípios mínimos que as empresas devem seguir com relação à ergonomia. 3.3.1 A Norma regulamentadora 17 A Norma regulamentadora 17 (NR-17) estabelece os parâmetros mínimos que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e produtividade. Observando a norma citada, as condições de trabalho, os aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho, ressaltam-se a postura do trabalhador e a preocupação com a ergonomia no local de trabalho. (NR-17, 1978). No Brasil, em 1986, diante dos numerosos casos de tenossinovite ocupacional entre digitadores, os diretores da área de saúde do Sindicato dos Empregados em Empresa de Processamento de Dados no Estado de São Paulo – SINDPD/SP fizeram contato com a Delegacia Regional do Trabalho, em São Paulo – DRT/SP, buscando recursos para prevenir as referidas lesões. (MANUAL DE APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 17, 2002). Com o objetivo de se realizar uma análise das condições de trabalho, e conciliá-las às caracteristicas psicofisiológicas dos empregados, cabe ao empregador realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET), devendo esta abordar no minimo às condições de trabalho. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores a partir da analise ergonômica devem levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores,devendo ser incluídas pausas para 17 descanso e medidas mitigadoras (NR-17, 1978). Para tal aplicação, é notório que o conhecimento do conceito de ergonomia e sua aplicação nos ambientes corporativos se tornaram necessários para manutenção de um ambiente de trabalho saudável e satisfatório para os empregados. 3.4 Ergonomia A ergonomia é comumente definida como a adaptação do trabalho ao homem, visando adotar medidas que façam com que, através da aplicação de conhecimentos científicos relacionados ao estudo da antropologia se torne possível conceber ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia para o bem do homem. (FALZON, 2007). O estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e ambientes de trabalho é chamado de ergonomia. Seu objetivo é elaborar, com a colaboração das diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicação, deve ter como finalidade uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos de produção e dos ambientes de trabalho e de vida (FALZON, 2007, p.4). A ergonomia tornou-se objeto de estudo a partir do momento em que o homem sentiu a incomoda necessidade de se adaptar aos novos esquemas de trabalho, gerados pelas crescentes mudanças nos processos produtivos. O papel do ergonomista se tornou necessário, através do enfoque na contribuição para o reconhecimento e avaliação das tarefas, produtos, organizações, sistemas e meio ambiente laboral como um todo, visa torná-los compatíveis com as necessidades, capacidades e limites das pessoas. (FALZON, 2007). Segundo Silva e Paschoarelli (2010), podemos estabelecer como ponto de partida oficial da ergonomia quando ocorreu a fundação da primeira sociedade de ergonomia no mundo, pelo engenheiro inglês Kenneth Frank Hywel Murrell, no ano de 1949. Entretanto, segundo Másculo e Vidal, (2011), podemos dizer que sua primeira definição é de 1857, com o ápice do movimento industrial europeu. Tal definição foi feita por um cientista polonês, Wojeiech Jastrzebowski, com a intenção de se entender a ergonomia como uma ciência natural. 18 Os hospitais estão submetidos a missões e obrigações para com a sociedade, que espera que os mesmos sejam simultaneamente humanos, técnicos, eficazes e rentáveis (embora assumidamente pormenorizados como pouco rentáveis e com caráter caritativo), criando a expectativa por parte dos usuários da prestação de serviços eficaz e acolhedora. As condições de trabalho por vezes consistem para o ergonomista um particular campo de problemas para atuar, uma vez que fatores intrínsecos dos pacientes afetam diretamente o desenvolver do trabalho dos prestadores de serviços da área de saúde. (FALZON, 2007) 3.4.1 Objetivos da ergonomia A ergonomia tem como objetivo principala análise dos padrões de comportamento por meio de duas vertentes distintas. A primeira tem objetivo centrado nas organizações dando enfoque a produtividade, eficiencia e qualidade. A segunda tem objetivo centrado em pessoas, analisando a segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, satisfação, prazer e interesse no trabalho, sendo papel do ergonomista não ignorar nenhum desses objetivos.(FALZON, 2007). A ergonomia busca trabalhar de forma interdisciplinar, interagindo com várias disciplinas no campo das ciências da vida, técnicas, humanas e sociais, como ilustrado na FIG. 1 de acordo com Másculo e Vidal, (2011): Figura 1: Interdisciplinaridade da Ergonomia 19 Fonte: Másculo e Vidal, 2011 O objetivo da ação ergonômica é tratar alguns problemas tidos como a prevenção de acidentes e doenças do trabalho ,problemas cruciais de qualidade ou de produção e adequações a novos parâmetros legais e/ou corporativos. Com essas ações, as empresas e organismos diversos tem tido a possibilidade de empregar, com muitas vantagens, os serviços de uma equipe de Ergonomia para intervir sobre estes diversos tipos de problemas com que a produção se defronta. Esses problemas podem ser referentes ao histórico da empresa (retrospectivos), a disposição para mudanças (prospectivos) ou mesmo urgentes e/ou desconhecidos até então (casos de emergência). (MÁSCULO e VIDAL, 2011). 3.4.2 Áreas de atuação da ergonomia A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), que estuda a prática e a divulgação das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando as suas necessidades, habilidades e limitações e regulamenta o Sistema de Certificação do Ergonomista Brasileiro, que é um conjunto 20 de normas e procedimentos que tem como objetivo certificar pessoas, equipes e empresas prestadoras de serviços de Ergonomia com a garantia de assegurar a competência técnica para o fornecimento de tais serviços aos seus clientes, define que existem distintas áreas de atuação na ergonomia contemporânea, podendo ser destacadas três áreas específicas de atuação do ergonomista: a ergonomia física, ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. 3.4.2.1 Ergonomia física A ergonomia física tem características relacionadas à anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física. Nestes se enquadram como os estudos da postura no trabalho e formas de movimentação, distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho, analises e implantações de projetos de postos de trabalho, atuações preventivas em segurança e saúde do trabalho. (FALZON, 2007) 3.4.2.2 Ergonomia cognitiva Ergonomia cognitiva tem relação com processos mentais, caracterizados pela, memória, raciocínio, percepção e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo do esforço intelectual no trabalho, uso de computador ou relação homem-máquina, stress e demais fatores que se relacionem a projetos ou processos envolvendo sistemas e pessoas. (FALZON, 2007) 3.4.2.3 Ergonomia organizacional Ergonomia organizacional trata de sistemas com relação à organização e melhoria contínua dos sistemas sóciotécnicos, Destaca-se os processos de comunicação, socialização entre pessoas, organização e cumprimento temporal do trabalho, foco em trabalho em equipe, novos paradigmas do trabalho, disciplina organizacional e gestão da qualidade. (FALZON, 2007) 21 3.4.4 Análise Ergonômica do Trabalho (AET) Como definição de Análise Ergonômica do Trabalho (AET), pode-se afirmar que trata-se do conjunto estruturado e intercomplementar de análises realizadas pelas demandas de que se originam as ações ergonômicas necessárias situadas, de natureza global e sistemática, sobre os determinantes das atividades das pessoas nas organizações objetivando já na fase inicial, definir a natureza do problema a partir dessa demanda (MÁSCULO e VIDAL, 2011). Segundo Pasquali (2010, p.38), por meio da Análise Ergonômica do Trabalho: Busca-se compreender os efeitos de uma determinada tarefa sobre o homem, explicando as solicitações de natureza cognitiva, afetiva e física. Para tal, ela comporta além da flexibilidade procedimental um nível maior de análise de dados, articulando dados qualitativos e quantitativos com o intuito de se elaborar um diagnostico. Sendo tratadas de forma distinta dos métodos científicos tradicionais, em que as hipóteses são construídas e demonstradas previamente, na AET elas vão sendo edificadas, validadas e no decorrer do processo. Da mesma forma, essa abordagem permite revelar a complexidade do trabalho, se mostrando como um princípio fundamental, pois é durante o processo de construção do conhecimento, que ocorre a transformação das representações sobre a atividade dos colaboradores, do observador e dos outros atores sociais envolvidos. Dessa forma, é possível construir um espaço na instituição para transformações efetivas no conteúdo das tarefas e na organização do trabalho. (ABRAHÃO, et al.,2009) As ferramentas que são frequentemente adotadas ao longo da analise de trabalho são a observação de pessoas, levando em conta as variabilidades do trabalho, as entrevistas e os questionários através de estudo centrado na atividade real de trabalho, considerando que a ação das pessoas influencia e deve ser levado em conta nos resultados da analise, sendo fator determinante, não podendo se restringir apenas a um procedimento de verificação de hipóteses, mas mantendo-se aberta à observação e à investigação dos fatos e na compreensão da atividade em si. A presença do ergonomista no ambiente de trabalho, como um observador da real situação do trabalhador no desenvolver de suas atividades faz com que exista maior veracidade nas informações, assegurando maior qualidade dos resultados. A ação ergonômica deve atentar para a análise da demanda, coleta de informações 22 sobre a empresa, levantamento das características da população, escolha das situações de análise, análise do processo técnico e da tarefa, observações globais e abertas da atividade, elaboração de um pré-diagnóstico, análise dos dados, validação, diagnóstico e recomendações e transformação. (ABRAHÃO, et al., 2009) A analise ergonômica do trabalho é definida por um itinerário metódico, conforme detalhe da FIG. 2. Figura 2 - Itinerário da ação ergonômica completa: da petição à solução Fonte: Másculo e Vidal, 2011 Em suma a análise ergonômica do trabalho tem como objetivo avaliar e analisar fluxos laborais através de um processo construtivo e participativo, que acontece mediante uma demanda para a resolução de determinado problema relacionado a ergonomia, que exige o conhecimento das tarefas, da atividade 23 desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingirem a produtividade exigida. (FALZON, 2007) 3.5 Absenteísmo Para iniciar o entendimento do absenteísmo, é importante considerar o conceito de ergonomia, que é definida como a adaptação do trabalho ao homem ou mais precisamente, como a aplicação de conhecimentos científicos relativos ao ser humano, necessários para conceber ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia. (FALZON, 2007) Com a adaptação do trabalho ao homem, a possibilidade de insatisfação,incidência de lesões ou doenças e demais intercorrências relativas ao trabalho são menos frequentes. O estudo do absenteísmo deve se começar pela analise de tais fatores, observando os riscos ocupacionais e a intensidade de cada um deles. A definição de absenteísmo pode ser expressa como o ato de se ausentar de alguma função ou atividade relacionada ao trabalho por qualquer situação que seja incomum ao cotidiano do empregado e que resulte na necessidade que o mesmo tem de se abster durante determinado período, seja por falta, atraso ou a algum motivo interveniente. (CHIAVENATO, 2004). Entre os fatores que podem contribuir com o aumento do absenteísmo estão as características pessoais, os hábitos de vida como o alcoolismo e uso de drogas, as características organizacionais, o ambiente de trabalho em si e estado de saúde do colaborador . Estes fatores são divididos em fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos concernem características pessoais, hábitos de vida e saúde. Já os extrínsecos concernem ao ambiente de trabalho, características da organização e ocupação, além da própria satisfação profissional. Também pode ser considerado como abster ao trabalho a ausência psíquica, ou seja, caracterizada por embora fisicamente presente no ambiente, o colaborador pode não ter condições mentais de trabalhar fazendo com que não exista rendimento do trabalho, com dispersões que para Chiavenato (2004), são chamadas de ausência mental, podendo acarretar inclusive na baixa produtividade, prejudicando o trabalho tanto quanto na ausência física. Esse fenômeno é 24 denominado por presenteísmo. Nem sempre podemos analisar o presenteísmo como falta de interesse do colaborador, uma vez que vários fatores determinantes devem ser analisados para o estudo como depressão e condições insatisfatórias. O absenteísmo é atribuído a ocorrências conhecidas e ignoradas. As conhecidas são justificadas ao empregador através da solicitação formal de ausência, como no caso de férias, casamentos, nascimentos, óbitos e mudanças de domicilio. As ignoradas são geralmente justificadas por problemas de saúde do trabalhador ou de seus dependentes e demais fatores aleatórios diversos. Dentre as principais causas da incidência do absenteísmo nas empresas estão os afastamentos por doenças, problemas familiares, dificuldade financeira, baixa motivação e supervisão inadequada da liderança. Também é importante, ao enunciar um estudo de absenteísmo, separar aqueles que são menos freqüentes daqueles que são mais freqüentes, para garantia de um melhor resultado no estudo. (SOUTO, 1980) Para Chiavenatto (2004), “as causas do absenteísmo nem sempre são decorrentes de organização, supervisão deficiente, empobrecimento de tarefas, falta de motivação e estilo de gerenciamento na empresa”. A não assiduidade ao trabalho pode ser resposta a trabalhos ou condições de trabalho insatisfatórias aos empregados, uma vez que a motivação é afetada por estes fatores de forma direta, e podem acarretar em outro fenômeno relacionado à elevada taxa de substituição de trabalhadores antigos por novos de uma organização, denominada de Turnover , termo da língua inglesa que significa "virada"; "renovação"; "reversão". Conforme solidificado em resultados de alguns estudos, a indicação mais evidente é que o perfil de adoecimento de determinados grupos de trabalhadores aponta uma ocorrência elevada das Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT), seguido pelas doenças do aparelho respiratório e dos transtornos mentais como a depressão e ansiedade. (SOUTO, 1980) O estudo do absenteísmo demonstra a incidência das faltas de colaboradores da empresa, que conforme Chiavenato (2004) elevam os custos para os empregadores com o respectivo aumento no tempo de produção e sobrecarga dos demais funcionários. O Índice de Absenteísmo é capaz de mensurar o quanto as horas de trabalho estão sendo desperdiçadas devido a atrasos, faltas ou saídas de qualquer natureza, sejam elas justificadas ao empregador ou não. Portanto, a 25 análise da taxa de absenteísmo e o estudo das possíveis causas dos afastamentos do trabalhado no Hospital Irmandade de Nossa Senhora das Graças são de suma importância para o desempenho social e financeiro dessa empresa. 26 4 METODOLOGIA 4.1 Delineamento da Pesquisa A pesquisa apresentada obedeceu à classificação de Andrade (2002), Gil (2002), Vergara (2004) e Beuren (2004), que esboça a pesquisa quanto à natureza, objetivos, procedimentos técnicos para coleta de dados e abordagem do problema. No que se refere à natureza da pesquisa, ela foi classificada como aplicada, visto que objetivou fazer o levantamento quantitativo de afastamentos e indicar o impacto que as ausências ao trabalho causam na empresa Irmandade Nossa Senhora das Graças. Após o término dessa pesquisa, os dados coletados pelo pesquisador estão disponíveis para consulta e analise, visando auxiliar para que se possa maximizar a produtividade do setor e dos profissionais envolvidos na redução dos afastamentos. Foi uma pesquisa explicativa por relatar características do setor, registrando, classificando e descrevendo as causas referentes aos afastamentos por atestados médicos. Quanto aos procedimentos de coleta de dados, foram utilizadas os tipos de pesquisa bibliográfica, de campo e documental. A coleta de dados foi dividida em três etapas. A primeira através de estudos mais aprofundados em livros e sites. A segunda pelo levantamento analítico em arquivos disponíveis na empresa e posterior catalogação dos dados coletados e a terceira através de observações no ambiente de trabalho e registros fotográficos das atividades executadas pelos funcionários da empresa. Quanto à abordagem do problema a pesquisa teve caráter quantitativo e qualitativo, pois foram contabilizados os atestados médicos e os dias de afastamento com o intuito de evidenciar o índice de absenteísmo, e assim poder nortear quais os indicadores são mais incidentes no trabalho para que se possa agir nas causas do problema. 27 4.2 Plano de Coleta e Interpretação de Dados A pesquisa aconteceu no segundo semestre de 2017, na Irmandade de Nossa Senhora das Graças, e contou com apoio do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e com o setor de Gestão Estratégica de Pessoas. Os dados escolhidos para analise se referem ao ano de 2016, a fim de analisar os períodos de janeiro a dezembro, podendo assim demonstrar as possíveis interferências que poderiam influenciar no resultado real da análise, como feriados prolongados, festas de fim de ano, mudanças climáticas bruscas, surtos ou quaisquer sazonalidades que poderiam ser justificativas de ausências ao trabalho. Os dados coletados das taxas de absenteísmo foram computados e contabilizados em planilha, para que posteriormente pudessem ser devidamente organizados para análise. A abordagem metodológica adotada se constituiu em fase teórica, análise e interpretação dos dados e por último a exposição dos resultados. O trabalho teve inicio na fase teórica, composta de pesquisa bibliográfica, onde foram utilizados livros, revistas, publicações em internet, tais como dissertações, artigos com dados pertinentes ao tema em questão. Na segunda fase foi utilizada como instrumento para coletas de dados os prontuários dos colaboradores da empresa, analisados de forma individualizada, buscando informações para subsidiar a proposta de estudo. Posteriormente, foi realizada a analise e interpretação dos dados e das possíveis causas do absenteísmoa fim de oferecer propostas de melhoria para a empresa 28 5 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS Na seção a seguir apresentaremos os dados coletados na pesquisa realizada na Irmandade de Nossa Senhora das Graças. Para descrever as condições de trabalho e correlação aos itens aplicáveis da NR-17 à atividade em estudo, foi imprescindível uma caracterização detalhada da natureza dos afastamentos e observação das atividades realizadas pelos colaboradores diariamente. 5.1 Identificação e Características dos Colaboradores O setor de hotelaria do Hospital Nossa Senhora das Graças conta atualmente com 96 funcionários, nas funções de agente acolhedor, camareira, coordenador de hotelaria, porteiro, recepcionista, segurança, servente de lavanderia, servente de limpeza, serviços gerais, supervisor administrativo de hotelaria, supervisor de hotelaria e telefonista, conforme demonstrado no GRAF. 1. A maioria predominante do setor é composta por serventes de limpeza, com total de 52% (n=57) de colaboradores nesta função. Gráfico 1 – Distribuição de cargos no setor de hotelaria Fonte: Dados da pesquisa 29 Destes 96 funcionários do setor de hotelaria do Hospital Nossa Senhora das Graças 79% (n = 76) de sua população é composta por membros do sexo feminino e 21% (n = 20) do sexo masculino conforme o GRAF. 2. Gráfico 2 – População dividida por sexo Fonte: Dados da pesquisa Quanto ao tempo de trabalho na empresa, a maioria tem de dois a cinco anos de trabalho, conforme demonstrado no GRAF. 3. A rotatividade (turn-over) pode ser considerada aceitável para uma empresa desse porte. 30 Gráfico 3 – Distribuição percentual de tempo de trabalho na empresa Fonte: Dados da pesquisa A maioria dos empregados desenvolve atividades operacionais, com total ou algum trabalho manual, levando em conta que supervisores, porteiros, seguranças e telefonistas foram considerados atividades não operacionais por desenvolverem trabalho parcialmente ou totalmente administrativo, conforme GRAF. 4. Gráfico 4 – Distribuição da predominância de trabalho Fonte: Dados da pesquisa 31 Observando o GRAF.5 vimos que a maioria das pessoas que laboram no setor está entre a faixa etária de 36 a 40 anos, correspondendo a 24% (n=23) da totalidade. Pessoas entre 31 a 45 anos abrangem cerca de 60% (n=54) da população total. Gráfico 5 – Faixa etária dos colaboradores da hotelaria Fonte: Dados da pesquisa 5.2 Identificação e Características dos Afastamentos Foi computado no levantamento da pesquisa que no decorrer do ano de 2016 foram apresentados cento e noventa (190) atestados médicos à empresa somente do setor de hotelaria, por causas diversas que serão apresentadas adiante. Os dados seguintes são do levantamento quantitativo, extraídos dos prontuários dos funcionários e posteriormente divididos em formas distintas para servirem de analise. No que se refere aos turnos de trabalho, os mesmos são divididos em revezamento de 12/36 horas durante o dia e a noite, além de funcionários que trabalham somente durante o dia, cumprindo carga horária diária de 8 horas 32 trabalhadas. Portanto, a maioria dos colaboradores trabalha durante o diurno, sendo divididos na proporção de 75% durante o dia e 25% durante a noite. Em outra analise, agora se referindo ao número de atestados entregues, vemos que o numero de afastamentos é predominante das mulheres que trabalham durante o dia conforme demonstrado no GRAF. 6, o que é visto como normal uma vez que a proporção de pessoas que trabalham a noite é bem menor das que trabalham durante o dia. O número de cento e noventa atestados entregues para um setor que conta com noventa e seis pessoas é consideravelmente elevado, atribuindo uma media de dois atestados médicos ao ano para cada colaborador da empresa. Gráfico 6 – Distribuição de afastamentos por sexo e turno de trabalho Fonte: Dados da pesquisa Analisando o GRAF. 7 podemos observar que a maioria dos afastamentos no setor é de um dia, representando uma parcela de 52% (n=100) da totalidade de atestados analisada. Se considerarmos os atestados com duração de até três dias, a 33 quantidade de atestados analisados passa para 78% (n=148) da totalidade, levando à conclusão de que as maiorias dos atestados entregues são de curta duração. Gráfico 7 – Dias de afastamento dos atestados entregues em 2016 Fonte: Dados da pesquisa A discrepância maior ocorre na distribuição de atestados médicos por função (GRAF .8). Serventes de limpeza são responsáveis por 84% (n=160) dos atestados médicos entregues na instituição durante o ano de 2016. Mesmo que seja maioria no seu setor conforme apresentado no GRAF.1, representando cerca da metade do total de funcionários da hotelaria, fica claro com por meio da análise dos dados que serventes de limpeza se afastam do trabalho com maior frequência. Portanto, torna-se necessária uma analise quantitativa das causas de tais afastamentos, a fim de identificar o problema. 34 Gráfico 8 – Número de atestados entregues por função Fonte: Dados da pesquisa O GRAF. 9 mostra a quantidade e a variedade de causas dos afastamentos no setor de hotelaria. O número de afastamentos é elevado se observarmos a quantidade de funcionários, mostrando que em média pelo menos cada empregado se afastou do trabalho em duas ocasiões. Esse número poderia ser ainda maior se o estudo contemplasse ausências por outras razões, como falecimento de parentes, casamentos, doação voluntaria de sangue, alistamentos, nascimento de filhos e licença maternidade, que não fizeram parte do levantamento. Somados, os afastamentos acima chegam ao número de 518 dias de ausência no ano de 2016. Se levarmos em conta que o dia de trabalho dos colaboradores equivale ao valor de R$ 43,75, a perda se aproxima do valor de R$ 22.662,25 no intervalo de um ano, ou seja, mais de vinte e dois mil reais aplicados sem nenhum retorno para a instituição. Esse valor apenas em um único setor pode ser considerado muito elevado, uma vez que o mesmo se corresponde a menos de 12% da totalidade da empresa. 35 Entre as principais causas relatadas, o destaque negativo se refere às doenças osteomusculares dos membros inferiores e superiores, podendo ser classificadas como doenças por possíveis causas ergonômicas Gráfico 9 – Principais causas dos afastamentos Fonte: Dados da pesquisa Para haver a correlação entre as doenças osteomusculares e o trabalho, é preciso que se faça um estudo mais aprofundado da organização do trabalho efetivado, investigando, observando e listando a existência de possíveis agentes causadores de algum agravamento de doenças ocupacionais. 5.3 Organização do Trabalho Nesta etapa foi acompanhado o processo de trabalho dos colaboradores, em todas as suas etapas. Os colaboradores da hotelaria da Irmandade de Nossa Senhora das Graças desenvolvem as atividades de recolher lixo infectante e não infectante de todas as áreas do hospital, desde salas administrativas, sanitários, lixo hospitalar, transportar os resíduos coletados para abrigo de lixo para destinação da coleta especializada por terceiros utilizando carrinho coletor, higienizar o abrigo de 36 lixo diariamente, varrer os pátios internos e externos, recolher galões vazios de soluções e caixasde papelão dos setores e colocar em depósito separado para reciclagem. A coleta de resíduos é realizada por meio da utilização de um carrinho transportador, que tem um metro de altura por um metro de cumprimento e sua caçamba tem 65 centímetros de profundidade. Do chão até a sua base, tem altura de 35 centímetros. Trata-se de uma caçamba adaptada sobre uma estrutura de metal, com quatro rodinhas com cerca de 30 centímetros de diâmetro, adaptadas para tração humana. Na FIG. 03 podemos observar o primeiro instante da coleta de resíduos, onde o colaborador retira o saco de lixo dos postos de coleta e deposita em seu carrinho transportador. O lixo é predisposto pela equipe de enfermagem em salas destinadas para esse fim, para que os coletores façam a retirada dos mesmos diariamente. Figura 3 – Coleta de lixo em ponto de coleta Fonte: Dados da pesquisa 37 Em seguida deve ser realizado o transporte dos resíduos coletados, uma vez que os mesmos devem ser depositados no abrigo de lixo presente no subsolo do hospital, para que sejam devidamente recolhidos pelo caminhão coletor de lixo municipal e encaminhados para destinação final. A tração do carrinho transportador durante o percurso é realizada manualmente pelos funcionários. Todos os colaboradores da higienização têm treinamento para exercer as atividades, conforme listado na Norma Regulamentadora 17 (NR-17), em seu item 17.2.3 que determina que todo trabalhador deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. O carrinho transportador quando carregado, tem peso médio de quarenta e cinco quilogramas. No retorno do carrinho cheio, o acesso principal até o abrigo de lixo é por meio de rampa, conforme visualizado na FIG. 4. Figura 4 – Transporte dos resíduos Fonte: Dados da pesquisa 38 Ao chegar ao abrigo de lixo, os colaboradores têm que depositar os resíduos recolhidos no abrigo, conforme FIG.05, e condicioná-los em caçambas fixas, conforme demonstrado na FIG. 06. Percebe-se que ao realizar retirada de lixo do carrinho transportador, o funcionário deve flexionar a coluna excessivamente, tendo que desdobrar um esforço bem maior que o necessário para efetuar a retirada dos resíduos. Esse esforço se repete durante todo o dia de forma habitual e intermitente, podendo ser uma causa do agravo das doenças osteomusculares incidentes no setor. Diante do exposto, recomenda-se a substituição do carrinho ou a adequação do mesmo para um modelo com a superfície mais rasa, para evitar a flexão lombar excessiva dos colaboradores. Somado a isso, seria interessante adaptar uma alça de pega para que o trabalhador transportasse o carrinho numa postura mais ereta. Figura 5 – Retirada de lixo do carrinho transportador Fonte: Dados da pesquisa 39 Figura 6 – Acondicionamento em abrigo de lixo Fonte: Dados da pesquisa Com a melhoria mencionada sendo implantada no carrinho transportador, espera-se reduzir o número de afastamentos decorrentes a distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Também é recomendada a orientação aos colaboradores da função para que ao realizarem o trabalho, procurarem flexionar os joelhos e quadris, pegar a carga simetricamente, aproximar a carga o máximo o possível do corpo, certificar das condições do piso e acessibilidade a carga, de forma a evitar torções na coluna. Já a atividade de limpeza e higienização também é realizada em todos os setores, e as colaboradoras são direcionados para os respectivos locais de trabalho, conforme visualizado na FIG. 07, tracionando carrinho de limpeza (FIG. 08), segundo escala de trabalho. Os carrinhos de higienização contêm um rodo, um esfregão, dois baldes, um rolo de papel toalha, um rolo de papel higiênico e um recipiente coletor de lixo comum. O carrinho da limpeza tem dimensões de um metro 40 e altura, um metro e quinze centímetros de comprimento e setenta e cinco centímetros de largura, com peso aproximado de trinta e cinco quilogramas. A seção 14 do artigo 198 cita que o limite para o levantamento de peso para homens é de 60 quilos. Para as mulheres, é vedado o serviço com emprego de força muscular superior a 20 quilos em trabalho continuo ou 25 quilos em regime de trabalho ocasional, de acordo com o artigo 390 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. A norma regulamentadora 17 não menciona limites de peso para tração, ressaltando somente que o colaborador não pode ser obrigado a tracionar peso além da sua capacidade, embora a National Institute for Occupational Safety and Health - NIOSH, agência federal dos EUA responsável pela realização de pesquisas e produção de recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas com o trabalho, determina que o limite para levantamento manual de cargas é de 23 quilogramas em condições ideais. Levando em consideração as normas supracitadas, é necessária a redução de peso do carrinho, atualmente com peso de 35 quilos. Figura 7 – Deslocamento para os setores Fonte: Dados da pesquisa 41 Figura 8 – Carrinho de limpeza Fonte: Dados da pesquisa No desenvolver de suas atividades de higienização, os serventes de limpeza têm que realizar a faxina utilizando um rodo e uma malha. Ao torcer o pano varias vezes por dia, algumas pessoas queixaram de dores no pulso e nas mãos. Recomenda-se a substituição por kits Mop, conforme a FIG.09, que eliminam a necessidade de torcer as malhas para limpeza do chão, bem como reduzir a necessidade de agachamento e flexão lombar do funcionário no exercer de suas atividades de enxaguar e torcer pano, conforme visto na FIG. 10. Figura 9 – Esfregão tipo Mop Fonte: Dados da pesquisa 42 Figura 10 – Disposição dos baldes no carrinho Fonte: Dados da pesquisa O aumento da demanda muscular realizada pelos trabalhadores pode acarretar em dor decorrente a fadiga, aumento do estresse articular e maior gasto energético para executar a tarefa. A redução da demanda muscular causada pela excessiva flexão lombar, aliada a melhores condições ergonômicas do carrinho de limpeza resultarão em maior satisfação dos colaboradores, possíveis reduções de faltas decorrentes a problemas osteomusculares e aumento da produtividade do setor. Além disso, teria uma repercussão econômica positiva para empresa, já que a maioria dos atestados é menor do que 15 dias e nesses casos a empresa que paga o valor do dia trabalhado mesmo sem a produção daquele empregado. 43 6 CONCLUSÃO As empresas de hoje em dia tem se preocupado cada vez mais no que se diz respeito à ergonomia, uma vez que a inovação tecnológica trouxe mudanças nos meios industriais. Por meio da aplicação de conceitos que visam à manutenção da saúde e do bem estar do trabalhador como parte dos negócios da corporação e principalmente pela intensificação da fiscalização de órgãos do Ministério do Trabalho, por meio de sanções e multas, a gestão em de segurança do trabalho se tornou indispensável em todas as empresas. O Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho das empresas vem tendo um papel importante na estruturação de documentações e laudos técnicos, programas diversos de prevenção de riscos ambientais, promoção da saúde e melhorias em postos de trabalho, que são viabilizados por meio de manutençãodestes profissionais especialistas em saúde do trabalho. Mas às vezes, empresas pecam por não desenvolver atividades voltadas à questão da ergonomia nos postos de trabalho. Baseado nos dados compilados na pesquisa foi constatado que algumas atividades executadas são consideradas de risco ergonômico. O risco ergonômico presente pode ser uma das principais causadoras das doenças ocupacionais do setor. Foi sugerido que a empresa contratasse um profissional da ergonomia para realização de treinamentos com a equipe no local de trabalho, investir em ginástica laboral e programas que possam melhorar ainda mais a qualidade de vida dos trabalhadores no ambiente de trabalho e social. A adoção destas medidas pode gerar lucro para empresa e aumento da satisfação profissional de todos. Há pontos positivos que devem ser destacados com relação às questões de manutenção que são realizadas dentro da frequência esperada mantendo a eficácia dos materiais de trabalho. Por outro lado a estrutura dos carrinhos não é favorável à postura corporal ideal, e foram sugeridas alterações no lay-out a fim de atender a tais requisitos. Diante da situação encontrada é de extrema importância que se tomem medidas que visem diminuir as chances da incidência de afastamentos por doenças osteomusculares. Mesmo diante de uma situação financeira complicada deve ser feito um planejamento para as adequações necessárias levando em consideração a 44 rotatividade de funcionários, horário por escala, implicações da legislação pertinente entre outros fatores. Os dados levantados e apresentados neste trabalho não tentam determinar uma causa ou causador para o alto índice de absenteísmo, tendo apenas o intuito de alertar os responsáveis e os demais leitores para as sérias implicações que a não observância de pequenas ações podem provocar severas consequências. Válido lembrar também que a saúde financeira se torna um grande obstáculo em uma empresa para que se consiga a execução de grandes ações. Estudos futuros, com desenho longitudinal, podem determinar a real causa da alta taxa de absenteísmo e determinar ações preventivas com intuito de se antecipar a futuros problemas maiores. A importância da ergonomia tem sido objeto de estudo há algum tempo, porém muito ainda tem de ser feito pelas organizações, sejam elas de todos os seguimentos, para que a ergonomia e a otimização dos processos deixem de ser bilaterais, e sim com o mesmo grau de importância. 45 REFERÊNCIAS ABRAHÃO, et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. 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Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 48 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a dezoito anos e maior de quatorze anos. 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá sernitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. 17.3. Mobiliário dos postos de trabalho. 17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. 49 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. 17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado. 17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; c) borda frontal arredondada; d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. 50 17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. 17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. 17.4. Equipamentos dos postos de trabalho. 17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve: a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual; b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento. 17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte: a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; 51 c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho- teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais; d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável. 17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as exigências previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho. 17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus centígrados); c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. 52 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador. 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. 17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. 17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso. 17.6. Organização do trabalho. 53 17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas. 17.6.3. Nas atividades que exijam
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