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Unidade IV

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Prévia do material em texto

Filosofia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Avelar Cezar Imamura
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
• Introdução
• Quadro Histórico
• Características do Pensamento do Século XIX
• O Nascimento das Ciências Humanas
• O Positivismo de Comte
• O Idealismo de Hegel
• O Materialismo de Marx
 · Tratar do tema “Filosofia Contemporânea do século XIX”.
 · Perceber que a Filosofia se entrelaça com a Ciência, passando de sua 
aliada à sua crítica.
 · Analisar o lugar habitado pela Filosofia Contemporânea e perceber 
que ela ainda é a nossa Filosofia.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Aspectos da Filosofi a 
Contemporânea do Século XIX
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
Introdução
A Filosofia Contemporânea do século XIX é uma Filosofia que se entrelaça 
com as teorias científicas e com o desenvolvimento das Ciências em geral. Então, 
podemos dizer que a Ciência adquiriu um significado filosófico.
Muitas vezes, a Filosofia exaltou exageradamente a Ciência, procurando adequar 
os seus princípios e métodos à ela. Só que Filosofia não é Ciência. No século XX, 
vimos muitos horrores causados pelo desenvolvimento científico, como a bomba 
atômica, as armas químicas e bacteriológicas, a destruição ecológica etc. A Filosofia 
torna-se, desse modo, crítica da Ciência.
O lugar habitado por essa Filosofia Contemporânea é o mundo industrial, em 
que se tornam cada vez mais evidentes as conquistas científicas. A microbiologia, 
por exemplo, debelou as doenças infecciosas e se ampliaram as aplicações da 
eletricidade, do telefone, do rádio, do radar etc.
Podemos ver, portanto, que essa Filosofia ainda é a nossa.
Quadro Histórico
O Capitalismo já era uma realidade no século XIX. Na segunda metade do 
século XVIII, ocorreu a “Era das revoluções” burguesas. A partir de 1760, ocor-
reu na Inglaterra a 1ª. Revolução Industrial, que transformou radicalmente o 
modo de produzir as mercadorias, criou as fábricas e também o proletariado 
moderno (operário).
Com a Revolução Francesa de 1789, a burguesia tomou o poder e criou um 
mundo à sua imagem e semelhança, proclamando aos quatro cantos do mundo o 
seu lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e a “Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão”. A Revolução Francesa inaugura um novo período histórico 
chamado História Contemporânea, que se estende até os dias atuais.
As principais características desse período, segundo Arruda (1974) são:
• Industrialização da Europa;
• Crescimento das cidades (urbanização);
• Importância crescente da Ciência para a sociedade e para o pensamento;
• Expansão do trabalho assalariado;
• Lutas econômicas e políticas entre a burguesia e o proletariado;
• Nascimento da ideologia socialista, que se opõe à sociedade capitalista;
• Grande imigração de europeus para a América.
É nesse contexto histórico que vai surgir e se desenvolver a Filosofia Contempo-
rânea do século XIX.
8
9
Características do Pensamento 
do Século XIX
O elemento mais importante e que condicionou o pensamento e a Filosofia do 
século XIX foi o desenvolvimento das Ciências. Para demonstrar a sua eficácia, 
a Ciência e a Técnica tornam-se aliadas e pro vocaram grandes transformações 
na sociedade.
A exaltação desse novo saber levou à ideologia do Cientificismo, segundo o 
qual a Ciência é considerada o único conheci mento verdadeiro e o método das 
Ciências Naturais o único válido, devendo ser esten dido a todos os campos do 
pensamento e da atividade humana. O Cientificismo procurou também romper 
com as explicações abstratas e metafísicas dos fenômenos e tinha a convicção 
de que a Ciência e a técnica poderiam resolver os problemas da humanidade 
(ARANHA; MARTINS, 2007). A principal corrente cientificista foi o positivismo 
de Auguste Comte (ver a seguir). Essa postura vai ser criticada no século XX com 
o desenvolvimento das Ciências Humanas.
O progresso da Ciência não se faz de maneira linear. O avanço se faz pela 
descoberta de novos problemas e de novas maneiras de solucionar os antigos. A 
astronomia, por exemplo, permaneceu basicamente newtoniana.
O século XIX foi o ponto de partida radical em alguns campos do pensamento, 
como na Matemática; do despertar de Ciências até então pouco desenvolvidas, 
como a Química; da criação de novas Ciências, como a Geologia e de desen-
volvimento de ideias revolucionárias nos campos da Sociologia e da Biologia 
(HOBSBAWM, 1979).
As transformações provocadas pelo desenvolvimento das Ciências começaram 
a destruir a compreensão do universo como uma máquina (Descartes), uma sólida 
construção teórica baseada na estrutura de causa e efeito ligando os fenômenos 
(HOBSBAWM, 1988). Esse modelo mecânico de Universo começou a ruir no final 
do século XIX.
Com o desenvolvimento de uma nova imagem do Universo, cada vez mais é 
necessário descartar a intuição e o bom senso como fundamentos da Ciência. De 
certa forma, a natureza tornou-se menos natural e mais incompreensível.
“O silêncio desses espaços infinitos me apavora”. PASCAL, Blaise. 
Pensamentos. Aforismo 206. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 95. 
(Coleção Os Pensadores).
O processo de separação entre a Ciência e a intuição pode ser ilustrado por 
meio da Matemática. Na Geometria, apareceram novas formas de fenômenos com 
o desenvolvimento da geometria não euclidiana (Lobachewski e Riemann) que deu 
um golpe na intuição e a sua pretensão de fundamentar axiomas e postulados. 
9
UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
Uma solução começou a ser adotada, que era libertar a Matemática de qualquer 
ligação com o mundo real e transformá-la na elaboração de postulados, que 
deveriam ser definidos de modo preciso e obrigados a não ser contraditórios entre 
si (HOBSBAWM, 1988). Essa separação entre Ciência e intuição vai se agravar 
coma Física relativista de Einstein, no século XX.
O Nascimento das Ciências Humanas
No século XIX, o homem (objeto de conhecimento quase exclusivo da Filosofia) 
tornou-se objeto da Ciência. Surgiram, então, as Ciências Humanas: a Sociolo-
gia, a Psicologia e a Antropologia. As razões do desenvolvimento de explicações 
científicas para a atividade humana estavam em parte nos problemas sociais que 
a sociedade europeia enfrentava, trazidos pela industrialização, pela urbanização 
e pela expansão imperialista no mundo. Tais razões estavam também na grande 
aceitação do pensamento científico no mundo ocidental. Se a Ciência tinha grande 
credibilidade, por que não utilizá-la para o conheci mento do homem? O resultado 
foi um desenvolvimento extraordinário dessas Ciências, de seus métodos e de suas 
teorias (COSTA, 1998).
Dificuldades no Estabelecimento do Método das 
Ciências Humanas
Enquanto as Ciências da Natureza têm como objeto algo que é externo ao 
indivíduo que conhece, as Ciências Humanas têm como objeto o próprio sujeito 
cognoscente. Assim, podemos supor as grandes dificuldades encontradas pela 
Sociologia, Psicologia e Antropologia para estudar com imparcialidade aquilo que 
diz respeito ao próprio sujeito (ARANHA & MARTINS, 2007).
Foram muitas as dificuldades enfrentadas pelas Ciências Humanas para 
estabelecer o seu método:
1) A complexidade inerente aos fenômenos humanos1 (psíquicos, sociais ou 
econômicos), que resistem às tentativas de simplificação; 2) Outra dificuldade da 
metodologia das Ciências Humanas encontra-se na experimentação2. Não que 
isso seja impossível, mas é difícil identificar e controlar os diversos aspectos que 
influenciam os atos humanos; 3) Outra questão refere-se à matematização3. Após 
o nascimento da Física de Galileu, supunha-se que a Ciência seria mais rigorosa 
quanto mais fosse matematizável. Esse ideal é problemático com relação às 
Ciências Humanas, cujos fenômenos são essencialmente qualitativos; 4) Temos, 
1 Principalmente se considerarmos que o comportamento humano depende de múltiplas variáveis, tais como: 
hereditariedade, meio, impulsos, desejos, memória, bem como da ação da consciência e da vontade.
2 Há de se considerar que na experimentação pode ocorrer o falseamento dos resultados.
3 Há de se considerar que quando é possível aplicar a Matemática, são utilizadas técnicas estatísticas, com resultados 
sempre aproximativos e sujeitos a interpretação.
10
11
ainda, a dificuldade decorrente da subjetividade. As Ciências da Natureza aspiram 
à objetividade, que consiste na separação radical entre o sujeito e o objeto no 
processo de conhecimento; na capacidade de lançar hipóteses testáveis por todos e 
no não envolvimento emocional e intelectual do cientista com o seu objeto. Mas, se 
o sujeito que conhece é da mesma natureza do objeto conhecido, parece ser muito 
difícil evitar a subjetividade; 5) Finalmente, se as leis das Ciências da Natureza 
supõem o determinismo (as mesmas causas produzem os mesmos efeitos), como 
fica a questão da liberdade humana? Por haver regularidades na natureza é possível 
estabelecer leis e por meio delas prever a incidência de um acontecimento. Como 
isso seria possível nas Ciências Humanas se admitirmos a existência da liberdade 
humana? (ARANHA & MARTINS, 2007).
O Positivismo de Comte
No ambiente cientificista da Europa do século XIX, desenvolve-se o Positivismo, 
cujo principal representante foi o pensador francês Auguste Comte (1798-1857).
O Positivismo representou um amplo movimento do pensamento que dominou 
grande parte da cultura europeia (em suas manifes tações filosóficas, políticas, 
pedagógicas e literá rias), de 1840 até as vésperas da Primeira Guerra Mundial 
(REALE & ANTISERI, 2003).
Nessa época, a Europa trans formou-se rapidamente numa sociedade industrial e 
foram muitos os efeitos dessa revolução sobre a vida social: o emprego das desco-
bertas científicas transformou o modo econômico de produção; as grandes cidades 
se multiplicaram; rompeu -se o antigo equilíbrio entre a cidade e o campo; aumen-
tou a produção e a riqueza; a Medicina dominou as doenças infecciosas. Houve 
muito entusiasmo em torno da ideia de progresso humano e social, já que, de agora 
em diante, possuíam-se os instrumentos para a solução de todos os problemas. 
Para o pensamento da época, esses instrumentos eram a Ciência e suas aplicações 
na indústria, o livre comércio e a educação (REALE & ANTISERI, 2003).
O processo de industrializa ção e o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia 
constituem as bases do meio sociocultural que o Positivismo interpreta e exalta. 
É bem verdade que os grandes problemas da sociedade industrial vão logo surgir 
– desequilíbrios sociais, lutas pela con quista de mercados, condição de miséria do 
proletariado, explora ção do trabalho do menor etc. O positivismo não ignorava 
esses problemas, mas pensava que eles logo desapareceriam com o crescimento do 
saber, da educação popular e da riqueza (REALE & ANTISERI, 2003).
Segundo Giovanni Reale e Dario Antiseri, o Positivismo apresenta alguns traços 
comuns que nos permitem a sua identificação como movimento de pensamento:
1. O Positivismo defende a supremacia da Ciência: nós conhecemos 
somente aquilo que as Ciências nos dão a conhecer, pois o único método 
de conhecimento é o das Ciências Naturais. Assim sendo, desconsideram-
11
UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
se todas as outras formas do conhecimento humano que não possam ser 
comprovadas cientificamente. Tudo aquilo que não puder ser provado pela 
Ciência é considerado como pertencente ao domínio teológico-metafísico.;
2. O método das Ciências naturais (identificação das leis de causa e efeito) 
não vale somente para o es tudo da natureza, mas também para o estudo 
da sociedade;
3. O Positivismo não apenas afirma a unidade do método científico e a supe-
rioridade desse método para o conhecimento, mas também coloca a Ciên-
cia como o único instrumento em condições de resolver todos os proble-
mas humanos e sociais que até então haviam atormentado a humanidade;
4. O Positivismo é uma Filosofia otimista que nasce da crença no progresso 
humano e social, rumo ao bem estar generalizado em uma sociedade 
pacífica e solidária;
5. A positividade da Ciência leva o Positivismo a combater as concepções 
idealistas e espiritualistas da realidade, concepções que os positivistas 
rotulavam como metafísicas (2003).
A Lei dos Três Estados
Comte diz na sua obra Curso de Filosofia positiva (1830-1842): “Estudando 
o desenvolvimento da inteligência humana (...) creio ter des coberto uma grande 
lei fundamental (...). Essa lei consiste no seguinte: cada uma das nossas principais 
concepções e cada ramo dos nossos conheci mentos passam, necessariamente, por 
três estágios teóricos diferentes, o estado teológico ou fictício, o estado metafísico 
ou abstrato e o estado positivo ou científico” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, 
p. 299). Além disso, a lei dos três estados é uma Filosofia da História que se 
apresenta como o esquema de evolução de toda a humanidade.
No estado teológico, os fenômenos são vistos como produtos da ação direta 
de seres ou forças sobrenaturais (fetichismo, politeísmo, monoteísmo); no estado 
metafísico, são explicados em função de essências, ideias ou forças abstratas; 
finalmente, no estado positivo ou científico, as ilusões são superadas pelo 
conhecimento das leis invariáveis que regem os fenômenos (REALE & ANTISERI, 
2003). Para Comte, o estado positivo corres ponde à maturidade do espírito 
humano e da humanidade.
Em comunidades tribais, por exem plo, a queda dos corpos é atribuída à ação dos 
deuses. O metafísico Aristóteles explica a queda pela es sência dos corpos pesados, 
cuja natureza os faz tender para baixo. Galileu, espírito positivo, não indaga o 
porquê, não procura as causas,mas se contenta em descrever como o fenômeno 
ocorre. Se gundo Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que 
somente são reais os conheci mentos que repousam sobre fatos observados” (Apud 
ARANHA & MARTINS, 2007, p. 140).
12
13
A Sociologia
Comte achava que a Europa do século XIX já estava no estágio positivo. Os 
métodos teológicos e metafísicos não eram mais empregados por ninguém na 
área da Ciência, exceto no campo dos fenômenos sociais. Por isso, ele dizia que 
a Filosofia positiva deveria submeter a sociedade à rigorosa pesquisa científica 
(REALE & ANTISERI, 2003). Comte inventou a palavra Sociologia.
Para Comte, não se podem resolver crises sociais e políticas sem o devido 
conhecimento dos fatos sociais e políticos. E é por essa razão que ele vê como 
tarefa urgente o desenvolvimento do que ele chamou de Física Social Para o autor, 
a Sociologia é pensada de maneira semelhante às outras Ciências, como uma 
Ciência de observação, e recebe a denominação de Física Social, justamente por 
lidar com fatos que têm origem no mundo social.
A Ciência para Comte tem como objetivo a pesquisa das leis invariáveis 
dos fenômenos. O conhecimento dessas leis é necessário para prever e a 
previsão é necessária para orientar a ação do homem sobre a realidade (REALE 
& ANTISERI, 2003).
Para passar de uma sociedade em crise para a ordem social, há necessidade do 
conhecimento. Esse conhecimento é feito de leis elaboradas com base nos fatos. 
Desse modo, é preciso encontrar as leis da sociedade se quisermos resolver suas 
crises. Diz Comte: “É na previsibilidade racional do desenvolvimento futuro da 
convivência social que se pode resumir o espírito fun damental da política positiva” 
(Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 301).
Comte, divide a Sociologia em estática social e dinâmica social4. A estática 
social estuda as condições de existência comuns a todas as sociedades em todos os 
tempos, a família, a divisão do trabalho etc. Ele também chama a estática de ordem. 
Por seu turno, a dinâmica social consiste no estudo das leis de desenvolvimento 
da sociedade. Ele chama a dinâmica de progresso e sua lei fundamental é a dos 
três estados. O estado teológico é o da supremacia do poder militar (é o caso do 
Feudalismo, por exemplo); o estado metafísico começa com a Reforma Protestante 
e termina com a Revolução Francesa; o estado positivo corresponde à sociedade 
industrial (REALE & ANTISERI, 2003). O positivismo teve grande influência 
também no Brasil, inspirando vários pensadores. Uma prova contundente desta 
influência são As palavras ordem e progresso expostas na bandeira nacional, 
inegavelmente de inspiração positivista.
4 Nas palavras de um de seus admiradores ilustres, John Stuart Mill, “Enquanto as leis derivadas da Estática Social são 
estabelecidas pela análise e comparação dos diferentes estados de sociedade sem levar em conta a ordem de sua 
sucessão, a consideração dessa ordem é, ao contrário, predominante no estudo da dinâmica social, cujo propósito é 
observar e explicar as seqüências dos estados sociais.” MILL, John Stuart. A Lógica das Ciências morais. Tradução 
de Alexandre Braga Massella. São Paulo: Iluminuras, 1999.
13
UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
A Religião da Humanidade
Em sua última grande obra, o Sistema de política posi tiva (1851-1854), 
o objetivo de Comte de regenerar a sociedade com base no conhecimento das 
leis sociais assume a forma de religião, na qual Deus é substituído pelo amor à 
Humanidade. A Humanidade é o ser que transcende os indivíduos. Ela é composta 
por todos os indivíduos vivos, pelos mortos e pelos que ainda não nasceram (REALE 
& ANTISERI, 2003).
Comte sustenta que a religião da Humanidade deve ser uma cópia da estrutura 
religiosa católica. São dois os dogmas da nova religião: a Filosofia positiva e as leis 
científicas. Os ritos, os sacramentos, o calendário e o sacerdócio são necessários 
para a divulgação da nova religião. Há um batismo secular, uma crisma secular 
e uma extrema-unção secular. O anjo da guarda da religião da Humanidade é a 
mulher (isso se deve à idealização de Comte de sua amada Clotilde de Vaux). Os 
meses terão nomes significativos na religião positiva (por exemplo, Prometeu) e os 
dias da semana serão consagrados a cada uma das sete Ciências. Serão construídas 
templos laicos (institutos científicos). Um papa posi tivo exercerá a sua autoridade 
sobre os membros da religião que irão se ocupar do desenvolvimento das indústrias 
e da utilização prática das descobertas científicas. Na sociedade positiva, os jovens 
serão submetidos aos anciãos e o divórcio será proibido. A mulher torna- se a 
protetora e fonte da vida sentimental da Humanidade. A Humanidade é o “Grande 
Ser”; o espaço o Grande Ambiente e a terra o Grande Fetiche. Essa é a trindade 
da religião positiva (REALE & ANTISERI, 2003). Foram criadas várias igrejas 
positivistas no mundo todo.
Figura 1
Fonte: Wikimedia/Commons
14
15
O Idealismo de Hegel
O alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) foi o principal represen-
tante do idealismo moderno.
O ponto de partida para entender Hegel é a sua afirmação de que a realidade 
não é substância (coisa), mas sim sujeito, ou seja, pensamento, espírito. Ele afirma 
isso no seu livro Fenomenologia do espírito: “segundo o meu modo de ver (...) 
tudo depende de entender e expressar o verdadeiro não como ‘substância’, mas sim 
de entender e expressar o verdadeiro como ‘Sujeito’” (Apud REALE & ANTISERI, 
2003, p. 101). Por isso Hegel é considerado um filósofo idealista. Dizer que a 
realidade não é substância e sim sujeito e espírito, significa dizer que é atividade, 
que é processo, que é movimento.
A Dialética Idealista
Dialética, substantivo feminino. Em sentido bastante genérico, oposição, conflito 
originado pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos empíricos. A 
ideia central da dialética é que a realidade é movimento. Tudo o que existe contém 
em si mesmo o princípio da sua destruição e posterior transformação em algo 
diferente. Para Hegel, a dialética é uma lei que caracteriza a realidade como um 
movimento incessante e contraditório, que pode ser expresso por três momentos 
sucessivos (tese, antítese e síntese) que se manifestam simultaneamente em todos 
os pensamentos humanos e em todos os fenômenos do mundo material.
Como ponto de partida da dialética, Hegel encontra a Ideia pura (tese). Esta, 
para se desenvolver, cria um objeto oposto a si, a Natureza (antítese), que é a 
Ideia alienada, o mundo desprovido de cons ciência. Da luta desses dois princípios 
opostos nasce a síntese, o Espírito, ao mesmo tempo pen samento e matéria, 
isto é, a Ideia que toma cons ciência de si por meio da Natureza. (ARANHA & 
MARTINS, 2007).
Hegel destaca que a dialética não é privilégio do pensamento filosófico, mas 
está presente em toda realidade: “Ora, por mais que o in telecto comumente solicite 
a dialética, não se deve pensar de modo algum que a dialética seja algo presente 
somente na consciência filosófica: ao contrário, o procedimento dialético pode se 
encontrar em toda outra forma de consciência e na experiência geral. Tudo aquilo 
que nos circunda pode ser pensado como exemplo da dialética” (Apud REALE 
& ANTISERI, 2003, p. 108). Por exemplo, a semente deve transformar-se no seu 
oposto para tornar-se uma árvore, ou seja, deve “morrer” como semente.
Ao explicar o movimento gerador da realida de, Hegel desenvolve uma dialética 
idealista. No sis tema hegeliano, a razão não é um modelo a ser seguido, mas é a 
própria estrutura da realidade e do pensamento. Na Filosofia do Direito, Hegel 
escreveu: “Tudo o que é real é racional e tudo o que é racional é real” (Apud 
REALE & ANTISERI, 2003, p. 104).
15
UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
Na Filosofia posterior a Hegel, desenvolveu-sea ideia de que a razão é histórica 
e se transforma a partir dos conflitos e contradições sociais. Algumas vezes, os 
pensadores reafirmam o caráter determinante da razão e reforçam o idea lismo; 
outras vezes, criticam esse idealismo e enfatizam as contradições sociais e políticas 
como determinantes do processo que provoca a mudança da própria razão 
(ARANHA & MARTINS, 2007).
O Materialismo de Marx
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) foram os criadores 
de uma teoria da História, o materialismo histórico, e de uma Filosofia, o mate-
rialismo dialético. Marx foi um dos pensadores que mais influenciou o século XX 
com a sua doutrina comunista e que foi adotada por vários países como Rússia, 
China, Cuba etc.
O Materialismo Dialético
Para o materialismo dialético, o mundo material é anterior à consciência, ao 
pensamento. A maté ria é a origem da consciência e a consciência é um produto 
da matéria. O movimento é a propriedade fundamental da matéria e exis te 
independentemente da consciência humana. É uma visão oposta ao idealismo 
(ARANHA & MARTINS, 2007). Marx defende que seu método não se assemelha 
ao de Hegel, argumenta o seguinte:
“Meu método dialético não só é fundamentalmente diverso do método de 
Hegel, mas é, em tudo e por tudo, o seu reverso. Para Hegel o processo 
do pensamento que ele converte inclusive em sujeito com vida própria, 
sob o nome de ideia, é o demiurgo (criador) do real e esse, a simples 
forma externa em que toma corpo. Para mim, o ideal, ao contrário, não é 
mais do que o material, traduzido e transposto para a cabeça do homem” 
(Karl Marx, palavras finais da 2. ed. t. I de O Capital).
Online: <https://goo.gl/HTT1Yv>.
O mundo não é uma realidade estática e sim uma realidade dinâmica de 
elementos que se interagem. O movimento dialético se faz pela contradição entre 
elementos opostos que vai resultar na criação de um novo elemento. A consciência 
humana, mesmo condicionada pela maté ria e pela História, não é passiva: o 
conhecimento da realidade material possibilita a liberdade da ação humana sobre o 
mun do (ARANHA & MARTINS, 2007).
O Materialismo Histórico
Marx escreveu no Prefácio de Para uma crítica da economia política, que o 
materialismo histórico parte da tese segundo a qual “não é a consciência dos homens 
que determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina a sua 
16
17
consciência” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 104). Isso o leva a estabelecer 
a relação entre estrutura material da sociedade (economia) e o que ele chama de 
superestrutura (as ideias morais, filosóficas, religiosas, o Estado e a política).
Marx diz que as diversas formas de consciência são condicionadas ou justificativas 
da estrutura econômica da sociedade, de modo que, se muda a estrutura econômica, 
haverá transformação correspondente na superestrutura ideológica. A história 
humana pode ser dividida em períodos relativamente longos de acordo com a 
estrutura do modo de produção: Comunismo Primitivo; Modo de produção asiático; 
Escravidão Clássica; Feudalismo; Capitalismo e cada uma delas corresponde a uma 
superestrutura diferente (REALE & ANTISERI, 2003).
Em A ideologia alemã, pode-se ler: “a produção das ideias, das representações, 
da consciência (...) está diretamente entrelaçada à atividade material e às relações 
materiais dos homens” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 194). Os homens 
podem se diferenciar dos animais pela religião, pela consciência ou pelo que se 
quiser, mas eles começaram a se distinguir dos animais quando começaram a 
produzir os seus meios de subsistência. E aquilo que os indivíduos são depende 
das condições materiais da produção econômica. A essência do homem, portanto, 
está em sua atividade produtiva.
O materialismo histórico é a aplicação do materialismo dialé tico ao campo 
da história, é a explicação da história por fa tores materiais (econômicos 
e técnicos). O senso comum procura explicar a história pela ação dos grandes 
personagens (heróis), das grandes ideias e até pela intervenção divina. Marx inverte 
esse processo: no lugar das ideias, estão os fatos materiais; no lugar dos heróis, a 
luta de classes. Não nega, com isso, que o ser humano tenha ideias, mas as explica 
pela estrutura material da sociedade (REALE & ANTISERI, 2003).
A Luta de Classes
No Manifesto do partido comunista, Marx e Engels escrevem: “A história 
de toda a sociedade até aqui  é a história de lutas de classes. [Homem] livre e 
escravo, patrício e plebeu, barão e servo [Leibeigener], burgueses de corporação 
[Zunftbürger] e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante 
oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, 
uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a 
sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta.”. O motor da história para 
Marx é, portanto, a luta de classes. Opressores e oprimidos é o que Marx vê no 
desenvolvimento da História humana. E a nossa época, a época do Capitalismo, 
não eliminou a luta de classes, pelo contrário, simplificou, visto que toda a sociedade 
vai se dividindo cada vez mais em dois grandes campos adversários: a burguesia e 
o proletariado.
Por burguesia, Marx entende a classe dos capitalistas modernos, proprietários 
dos meios de produção e empregadores de assalaria dos. Por proletariado, ele 
entende a classe dos assalariados modernos que, não tendo meios de produção 
próprios, são obriga dos a vender sua força de trabalho para viver (REALE & 
ANTISERI, 2003).
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UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
Para Marx, “a burguesia não apenas fabricou as armas que a levarão à morte, 
mas também gerou os homens que empunharão aquelas armas: os operários 
modernos, os proletários” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 199). Em lugar 
de operários isolados e em concorrência, o desenvolvimento da grande indústria 
cria organizações de operários conscientes de sua própria força. A burguesia, 
portanto, produz os seus coveiros, a sua decadência e a vitória do proletariado são 
processos inevitáveis.
O Comunismo
O Feudalismo produziu a burguesia. E a burguesia, em seu desenvolvimento, 
produz o agente histórico que a levará à morte, isto é, o proletariado. Marx diz que, 
fatalmente, a produção capitalista vai gerar a sua própria negação e, assim, teremos 
a passagem da sociedade capitalista para o Comunismo, uma sociedade sem 
propriedade privada e, portanto, sem classes, sem divisão do trabalho, sem 
alienação e, sobretudo, sem Estado (REALE & ANTISERI, 2003).
Garotos Podres, A Internacional: https://youtu.be/vYHSHY0r1is
Ex
pl
or
Marx não chega a desenvolver uma teoria 
completa de como será a nova sociedade 
comunista, só diz que será por etapas. No 
início, ainda haverá certa desi gualdade entre 
os homens. Mas depois, quando desa parecer 
a divisão entre trabalho manual e trabalho 
intelectual e quando o trabalho for uma 
necessidade social e não meio de vida dos 
indivíduos, então, a nova sociedade “poderá 
inscrever sua bandeira: de cada qual segundo 
a sua capacidade, a cada qual segundo as suas 
necessidades” (Apud REALE & ANTISERI, 
2003, p. 202), escreve Marx na Crítica ao 
programa de Gotha.
A realização dessas medidas deveria ser a 
fase intermediá ria da transição da sociedade 
burguesa para a sociedade comu nista. Depois 
haveria o “salto para a liberdade”: então, “à 
velha sociedade burguesa, com suas classes e 
antagonismos entre as classes, sucede uma associação em que o livre desenvol-
vimento de cada um é condição para o livre desenvolvimento de todos” (Apud 
REALE & ANTISERI, 2003, p. 203).
Figura 2
Fonte: Wikimedia/commons
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Karl Marx (1/3) - Clássicos da Sociologia
https://youtu.be/89LD2a1n8vAKarl Marx (2/3) - Clássicos da Sociologia
https://youtu.be/JryegAZEi70
Karl Marx (3/3) - Clássicos da Sociologia do professor Cássio Diniz
https://youtu.be/yw08F6QVKMg
 Leitura
A Ideologia Alemã
https://goo.gl/cuQFiP
Manifesto do Partido Comunista
https://goo.gl/2P4dJ3
Prefácio da Fenonemologia do Espírito
https://goo.gl/uBRw9z
Discurso Preliminar sobre o Espírito Positivo
https://goo.gl/q5jxjd
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UNIDADE Aspectos da Filosofia Contemporânea do Século XIX
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à Filosofia, 3.ed. rev. São Paulo: Moderna, 2007.
ARRUDA, José Jobson de A. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: 
Ática, 1974.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à Ciência da sociedade. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1998.
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções (1789-1948), 2.ed. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1979.
______. A era dos impérios (1875-1914). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do Romantismo até 
nossos dias. 6.ed. São Paulo: Paulus, 2003, vol. 3.
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