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1 Direito Comercial II Aula 19.09.2016 1. Teoria da empresa e os arranjos societários aplicados aos grandes negócios Precedentes históricos: O século XII marca o surgimento do Direito Comercial. Durante esse período (XII a XIX), o Direito Comercial tem um âmbito de aplicação subjetivo, isso significa que a figura de quem praticava o ato – no caso, o comerciante – era mais importante do que o ato em si. As regras de direito comercial são aplicadas exclusivamente pelos e para os comerciantes; aqueles que não são comerciantes não teriam envolvimento em sua aplicabilidade. Relembrando comercial I (Enzo): “o direito comercial na Idade Média é autônomo, exclusivo e corporativista de uma classe” OBS: Em relação a isso temos uma questão: o direito comercial, as suas regras durante a Idade Média eram aplicadas aos clérigos e nobres que praticavam a mercancia? Sim. Criou-se um fictio iuris no sentido de equiparar o nobre ou clérigo que praticava a mercancia ao comerciante para que as regras comercias os alcançassem. Durante o século XIX, período de relativa estabilidade política, a lei se torna a principal fonte do direito. Em relação ao Direito Comercial, o âmbito de aplicação se torna objetivo, isso significa que a natureza do ato (se ele é mercantil ou não) passa a importar, para fins de aplicação das regras comerciais, mais do que quem o pratica. Esse novo âmbito de aplicação é estabelecido pelo Código Comercial Francês (1807). O precedente histórico termina quando, no início do século XX, nos deparamos com a moderna Teoria da Empresa. Essa teoria é introduzida pelo Código Civil Italiano de 1942 e reflete o processo de unificação do direito privado, de forma a resolver a dicotomia (entre as matérias de direito civil e comercial) existente no direito da época. A Teoria da Empresa é adotada pelo nosso Código Civil (2002). 2 Aspectos socioeconômicos Existe uma grande questão socioeconômica que se apresenta no momento em que estudamos os arranjos societários: como gerar desenvolvimento? O crescimento econômico tem papel vital nesse processo, tanto que podemos dizer que ele é elementar para se alcançar desenvolvimento. Existem políticas públicas de incentivo no sentido de fomentar o crescimento econômico. Devemos ressaltar que essas políticas não são dirigidas a dar qualquer benefício ao empresário, mas sim a criação de estruturas (rodovias, ferrovias, aeroportos, portos) que permitam o crescimento econômico, objetivando sempre o desenvolvimento. Além de estrutura, para que haja crescimento econômico é necessário outra coisa que todo empresário precisa: crédito. Uma linha de crédito acessível permite que o empreendedor consiga comprar o maquinário necessário, por exemplo. Em suma, o crescimento econômico é alcançado por meio de políticas públicas (criação de estruturas) e de linhas de crédito acessíveis. OBS: Em relação ao crédito, o crédito no mercado é caro ou barato? Muito caro, a taxa de juros no Brasil é estupidamente alta. Se o empreendedor for depender desse tipo de juros, dessa capitalização de juros sobre juros, ele dificilmente chegará a algum lugar. A melhor solução é buscar em um Banco de desenvolvimento o crédito para começar o empreendimento. Os bancos de desenvolvimento costumam operar com taxas de juros menores do que as outras instituições bancárias. Mas e se estivermos falando de um grande empreendimento, como conseguir crédito para investir? Existem algumas soluções, mas a que parece melhor é por meio de ações. Uma oferta pública de ações pode ser capaz de viabilizar a constituição dessa sociedade de maior envergadura. OBS2: Haverá desenvolvimento se todo o patrimônio (ativos) for concentrado nas mãos de uma única sociedade empresária? Não, estaríamos diante de uma situação de 3 monopólio. Dentro de um sistema capitalista como o nosso, o monopólio em si não é ilegal, o que é ilegal é o abuso do poder de monopólio. São desenvolvidas políticas públicas para controlar a formação de monopólios e coibir os abusos, a principal política é a antitruste. OBS3: Existe um forte controle social sobre as sociedades anônimas na medida em que interesses coletivos, individuais homogêneos e difusos são afetados. São sociedades de grande envergadura e por isso demandam certo controle social. 2. Sociedade Anônima e Teoria da Empresa Idade moderna e mercantilismo: Ocorre na idade moderna uma expansão nunca antes vista em matéria de comercio. As grandes navegações e o mercantilismo transformaram cidades outrora decadentes em grandes centros comerciais. Devemos ressaltar que o desenvolvimento do direito comercial ao longo dos séculos se deve muito a expansão do comércio ao redor do mundo. A primeira sociedade anônima criada é a Companhia das Índias Orientais. Permitir que pessoas comuns investissem na Companhia foi o fator responsável pelo seu sucesso; através dos investimentos foi possível adquirir conhecimento técnico e tecnologia para aprimorar embarcações e construir portos mais modernos. Então se constituiu um tipo de sociedade. As pessoas que investiam na Companhia recebiam títulos societários que conferiam a elas o direito de participar das deliberações e de parte dos lucros auferidos. A estrutura dessa sociedade é disciplinada em um estatuto (assim como as S/A atuais). Nesse início o elemento intuito pecuniae, característico das Sociedades Anônimas, também está presente. Pouco importava para os fundadores da Companhia quem era o investidor, mas sim o valor do investimento feito por ele. 4 Sociedades anônimas (pequena introdução) A Sociedade Anônima é uma sociedade estatutária, isto é, a sua estrutura e organização são disciplinadas em um estatuto. A diferença central entre uma sociedade estatutária e uma sociedade contratual (sociedade limitada, por exemplo) é o afectio societatis. As pessoas se associam numa sociedade contratual vislumbrando não apenas o dinheiro, mas sim algo intrínseco as pessoas envolvidas. A relação é intuito personae. Nas sociedades estatutárias não há essa relação intuito personae, mas sim uma relação intuito pecuniae. O que interessa nas sociedades estatutárias é o investimento, não a pessoa do investidor. OBS: As sociedades estatutárias, como as S/A, são sociedades de capital. Outros exemplos de sociedades de capital são as Sociedades em Comandita por Ações e as Cooperativas. O capital de uma S/A se divide por ações (não mais por quotas, como vemos nas Sociedades Limitadas). Os titulares dessas ações são chamados de sócios ou acionistas. Para ser sócio/acionista basta que a pessoa subscreva o preço de imissão da ação. Ao subscrever, essa pessoa assume a obrigação de pagar o preço subscrito (integralizar o valor da ação). A responsabilidade do acionista é restrita ao valor do investimento feito. O possuidor da ação não se responsabiliza além do que ele investiu. Vide o art. 1° da Lei 6404/76; Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Não há restrição quanto ao objeto da S/A. Objeto da S/A pode ser qualquer um desde que admitido em lei. Vide o art. 2° da Lei 6404/76; Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.§ 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. 5 Aula 21.09.2016 Na hipótese de registro de má- fé da marca de outrem deve-se atentar para o sistema brasileiro de registro, que utiliza como critério o primeiro registro, e não o critério do primeiro uso. O nome comercial inscrito, que possui relação com os direitos da personalidade, tem como finalidade reivindicar o fundo de comércio. Por esse motivo ao fazer a busca por um determinado nome comercial no fundo de comércio, se este nome já estiver sendo utilizado seu uso não poderá ser feito novamente, uma vez que pode ser confundida com a primeira, mesmo que se trate de atividades distintas. Assim não existe o princípio da especialidade para o direito comercial. Até pouco tempo atrás o nome comercial era inscrito na junta comercial, não havia espaço para outro sinal distintivo que não fosse este. A marca é diferente do nome comercial, pois se refere ao patrimônio, ela pode ser alienada por toda forma que o direito reconhece especialmente a cessão o ou a licença. O negocio jurídico equivalente á compra e venda é a cessão (negócio traslativo), já o negocio jurídico referente à locação é a licença (negócio não traslativo). O direito de marca é um direito outorgado pelo Estado ao titular da marca, e ela está sujeita ao princípio da especialidade, diferentemente do nome comercial. Exemplo: jornal O globo e o biscoito O globo, as áreas de atuação das atividades econômicas são tão distintas que não se confundem. Patrimônio Marca Personalidade Nome Empresarial Nome Comercial -Razão Social* (para a SA ainda pode existir) ∙Patrimônio -Denominação 6 Nome de Fantasia -Insígnia (também não é inscrita e sempre relacionada ao nome de fantasia) O nome de fantasia é usado para identificar um determinado fundo de comércio. *Em comercial 1, o prof enzo afirmou que o termo razão social não existe mais, no entanto o prof assafim afirma que isso ocorre somente na teoria, pois na prática seu uso ainda é comum. Antes da Constituição Federal de 88 e do Código Civil de 2002 somente possuía proteção jurídica o nome comercial, desse modo o nome de fantasia encontrava-se excluído da proteção. Licença é a prestação essencial da franquia. Se a marca não estiver registrada no INPI não há franquia. A licença de marca é o que os italianos chamam de prestação essencial do contrato assinado entre o franqueador e o franqueado, ele é um contrato mercantil que possui inúmeras clausulas, é considerado o “coração” do contrato. Nela vem descrito a consultoria, informações sobre a padronização das lojas, fornecimento de maquinas, treinamento e uma porcentagem que é paga para a publicidade. O nome de fantasia no momento de assinatura do contrato social pode se transformar em denominação no caso de se desejar uma proteção jurídica maior. Eexmplo: o Cauby que é o nome de fantasia, todos conhecem o estabelecimento como tal, não é o verdadeiro nome do restaurante. Mas o nome de fantasia pode ser convertido no nome comercial se for da vontade dos sócios. Já o nome de domínio nada mais é que o numero de telefone, um endereço, ele não tem nada de especial, é apenas um elemento distintivo, logo ele sempre sucumbe quando bate de frente com a marca. A marca prevalece sobre esses diretos, na medida em que se analisa a geopolítica. A CF/88 no seu artigo 5º identifica o nome de empresa com elemento dominante na identificação da empresa, o legislador não fala se é inscrito ou não, então se falou que a proteção jurídica pode ser conferida ao nome de fantasia. A grande questão é provar essa utilização do nome de fantasia para fins de proteção. Exemplo: utilização do nome de fantasia no cartão de crédito pelo banco, mesmo tendo conhecimento do nome comercial. Isso é uma prova que pode ser usada para conferir a proteção jurídica ao nome de fantasia como nome de empresa. 7 É possível no contrato social colocar a denominação e o nome de fantasia, algo que no passado não era possível. Hoje no cartão do CNPJ é possível colocar o nome de fantasia, uma vez que existe o espaço reservado para tal, além do nome comercial arquivado. NÃO CONFUNDIR NOME DE FANTASIA COM MARCA!!!! Exemplo: Fábrica de bolo da Dona Benta, o nome comercial arquivado é a denominação, que será como a sua sociedade será identificada. Mas no caso da equipe de marketing mudar o nome para Fábrica de bolo da Tia Nastácia, que não é registrado em lugar nenhum. Esse novo nome é o nome de fantasia, aquele que todo o publico conhece e reconhece a atividade econômica como tal. No entanto ele não é inscrito na junta comercial como tal. O nome de fantasia não é obrigatório, pode ser colocado ou não no CNPJ, vai depender do particular. Aula 26.09.2016 Classificação das Sociedades Anônimas em: Fechadas: ações não disponíveis para a circulação no mercado de bens e capitais. Abertas: possui ações negociáveis no mercado de capitais. Uma SA pode passar de um regime para o outro. Livre iniciativa – É uma faculdade de agir, é um direito subjetivo. Direito de acesso aos mercados. O seu constrangimento pode levar ao ato ilícito. Livre concorrência – É o direito das limitações da liberdade de concorrer. “É regra do jogo de quem já está no jogo”. Para os economistas, a regulação só existe quando a livre concorrência usa ferramentas que não são de intervenção integral, elas não são suficientes para abrir uma porta de entrada. No mercado brasileiro, a regulação é no serviço público. Existe a necessidade do registro da sociedade anônima como aberta ou fechada em registro público. Somente depois desse outro registo como sociedade anônima aberta 8 para o mercado de capitais, a sociedade estará apta a realizar a oferta pública no mercado de ações. Essa oferta pública tem que ter autorização para acontecer, se não tiver autorização ela será uma oferta pública irregular. Isso é considerado uma violação ao sistema de ordem pública. Requisitos essenciais: Sujeito Objeto Forma – Com relação a forma do registro público. Há situações em que o direito exige determinada forma para efeito de prova. Neste caso, fala-se que o contrato tem forma ad probationem. Aqui o seu funcionamento como meio de prova é para atingir terceiros. Ocorre a forma ad solemnitatem nas situações em que o direito brasileiro exige determinada forma sob pena de nulidade. Ocorre com menos frequência. Se o contrato não for registrado no INPI os seus efeitos serão somente entre as partes contratuais. Se há vicio no consenso em relação ao contrato, não há contrato. Artigo 420, Código Civil: “Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê- las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar”.Art. 421, Código Civil: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. O artigo 421 indica que o contrato entre as partes está sujeito a intervenção estatal que irá estabelecer os limites dentre os quais as partes poderão agir. O CADE e a CVM são exemplo de órgãos estatais que tem como função fiscalizar para que não haja nenhuma irregularidade. Aula 28.09.2016 Classificação das Sociedades Anônimas (continuação) OBS: Quais são as consequências em caso de cartel? A principal delas é a multa. A multa em caso de cartel é estupidamente alta, variando entre 0,1% e 20% do 9 faturamento anual da companhia. Quem aplica essa multa é o órgão fiscalizador/controlador (pode ser uma agência reguladora ou o próprio CADE). No cartel existe a responsabilidade pessoal do administrador. Se o administrador da companhia participou de um ato para fixar preços (prática que caracteriza cartel) e a companhia foi condenada, o administrador responderá perante o CADE por até metade da multa paga pela companhia. Além disso, esse administrador pode responder tanto na esfera civil (pelos eventuais danos que a sua conduta causou aos acionistas/investidores) quanto na esfera penal (crime contra a ordem econômica). A abertura/fechamento da S/A é irreversível? Não. A companhia fechada pode tornar-se aberta, e vice-versa. Para a abertura do capital, é suficiente o registro na CVM; já o fechamento envolve um procedimento mais complexo, que exige a absorção das ações em circulação no mercado. A título de exemplo, a DELL Inc. decidiu recentemente fechar o capital (o acordo girou em torno de US$ 24,4 bilhões). OBS: Quando falamos em antitruste nos referimos a legislação que defende a livre concorrência. Como bem sabemos, livre concorrência não é sinônimo de concorrência desleal. Na livre concorrência temos o interesse público envolvido, enquanto na concorrência desleal temos o interesse privado sendo tutelado (a concorrência desleal é, por exemplo, aquela situação em que um concorrente acusa o outro de ter copiado a sua marca ou violado algum segredo industrial) 1 . O CADE protege a livre concorrência, não a concorrência desleal. Nas companhias abertas temos duas expressões: oferta primária e oferta secundária de ações. Na oferta primária são ofertadas ações novas (é um papel que está sendo vendido pela primeira vez). Na oferta secundária são ofertadas ações que já existiam ou pertenciam a um ou mais sócios É necessário realizar oferta pública para fechar o capital ou é possível fechá-lo na marra? Assim como na companhia aberta, precisamos de um ato de inscrição e registro de uma oferta pública que deverá ser divulgada em jornais de grande circulação. Mas, nesse caso, falamos de uma oferta pública de compra (Para abrir realizamos uma oferta pública de venda). 1 Retirei do site do CADE o seguinte conceito de concorrência desleal: “A concorrência desleal é a discórdia comercial entre partes, sem impactos sobre o ambiente concorrencial, tratando-se, portanto, de lide privada, disciplinada pela Lei 9.279/96, não se constituindo em uma infração da ordem econômica, devendo ser tratada em âmbito próprio, ou seja, no Poder Judiciário” 10 Na oferta pública de compra, a companhia irá absorver (comprar) as ações que estão circulando no mercado, oferecendo o preço que ela considera apropriado. Contudo, os acionistas não são obrigados a aceitar o valor oferecido, cabendo a eles chegar a um acordo com a companhia sobre o valor das ações. Mas como chegamos ao valor da ação? Sabemos que a ação é a divisão do capital. Capital não é a mesma coisa que patrimônio; o capital é estático (está previsto no estatuto da companhia) e o patrimônio é dinâmico. É possível que a companhia tenha um patrimônio negativo (mais passivos que ativos) e um capital excelente, não representando a real situação da companhia. A principal forma de chegar ao valor de uma ação é avaliando a companhia, o seu fundo de comércio. O nome dessa avaliação é due diligence. Porém nessa avalição temos um problema muito comum: na maioria das vezes são avaliados somente os bens materiais corpóreos (caminhão, ponto de distribuição, fábrica, maquinário, etc), deixando de lado a propriedade intelectual. Esse erro é imperdoável, já que a propriedade intelectual pode ter valor igual ou até superior ao valor dos bens corpóreos da companhia, EX: Kolynos-Colgate. O valor da operação de compra da Kolynos foi de US$ 700 milhões, dos quais 300 milhões foram pagos pelos bens materiais corpóreos enquanto 400 milhões foram pagos somente pela marca KOLYNOS. O alto custo da marca é explicado pelo grande magnetismo que ela exercia sobre os consumidores (a marca Kolynos representava 47% de Market Share 2 ). OBS: Existem diversos métodos matemáticos para se avaliar uma marca. Esses métodos, na verdade, não passam de parâmetros para uma negociação, já que segundo o professor “a propriedade intelectual só tem valor quando vendida”. Uma das formas para calcular o valor da marca é calculando a projeção de vendas (“daqui a 10 anos quanto a companhia terá vendido se seguirmos a projeção dos últimos 10 anos? ”). Calculando esse valor podemos chegar ao valor da marca. OBS2: Para os contadores, a propriedade intelectual é um diferido, ou seja, ela significa uma venda que ainda não foi realizada (venda futura) mas que será concretizada no futuro. Por meio da avaliação chegamos ao valor das ações. Mas o valor oferecido por elas pode ser questionado pelos sócios minoritários se o considerarem inferior. Nesse caso, 2 Também chamada de quota de mercado, representa a porção (parte) de mercado detida por uma organização (ou um produto) relativamente a esse mercado (ou à gama de produtos). Esta é uma medida definida em percentagem que resulta da divisão do volume total de vendas de uma empresa (ou de um produto) pelo volume total das vendas do mercado (ou da gama de produtos) onde esta atua. 11 os sócios podem reivindicar uma assembleia para reavaliação do preço. Os sócios só podem pedir essa reavaliação de possuírem 10% das ações da companhia. E o que acontece se os sócios não possuírem fundamento para exigir a reavaliação e, ao final da nova avaliação, se chegue a um valor menor ou igual ao apresentado na avaliação anterior? Esses sócios que pediram a reavaliação sem o devido cuidado serão responsabilizados pelos custos da avaliação e pelos eventuais prejuízos que isso pode causar a companhia. Nova avaliação: em caso de valor inferior ou igual à avaliação anterior, os acionistas que votaram em favor do recálculo deverão ressarcir a companhia. Aula 28.09.2016 Exercício (Questão formulada com base na matéria dada na última aula e que serve como ponto de partida para a aula de hoje) “A Sociedade XYZ, importante fabricante de roupas esportivas, resolveu fechar o capital. Veicula oferta pública oferecendo como preço justo o valor de 100 reais por ação. Há 100.000 ações nas mãos de acionistas, sendo que destas, 10.000 na titularidade de minoritários. Apresenta-se laudo de avaliação de ativos. No entanto, não consta no laudo a avaliação da marca Coast Finger. Que providências podem tomar os minoritários? O risco de contingência 3 contra os minoritários seria elevado? ” Resposta básica: Os Sócios minoritários podem convocar assembleia para a reavaliação dos ativos. Os minoritários possuem esse direito pois detêm 10% das ações da companhia (éum requisito para pedir a reavaliação). Na reavaliação será incluída, além da avaliação dos bens corpóreos, a avaliação da marca coast finger. A possiblidade do valor da reavaliação ser superior ao apresentado no laudo anterior é alta, visto que a marca é muito valiosa, podendo valer até mais que os bens corpóreos da companhia. Essa resposta é dada com base no artigo 4° da LSA. O mercado de ações é um ambiente tradicionalmente dominado por grandes sistemas produtivos e por algumas instituições financeiras; a população e as Empresas de pequeno porte não costumam investir. Para fomentar esses investimentos, passou-se a conferir mais poderes aos sócios minoritários (como o poder que aparece na questão acima). Contudo, a principal consequência desse aumento de poderes foi o aumento da litigiosidade. Os 3 Entende-se a contingência, nesse caso, como a possibilidade desse sócio minoritário ganhar ou perder com a reavaliação. 12 minoritários começaram a brigar por qualquer diferença na avaliação de suas ações na maioria das situações de transformação/venda da companhia. OBS: A pesquisa acadêmica e a jurisprudência devem lançar alguma luz sobre os direitos dos minoritários e dos sócios majoritários. Ainda que tenhamos aumentado o poder de fogo dos minoritários não podemos dizer que os majoritários/controladores não continuem dominando o sistema. OBS2: No fechamento de capital, a propriedade intelectual pode ser deixada de fora da avaliação de ativos. Isso pode ser algo conveniente para o bloco de controle (controlam a S/A). Deixando a marca de fora, o valor das ações na oferta pública de compra será menor, algo bom para a companhia que quer compra-las e algo péssimo para os acionistas que irão vende-las. Diante disso temos duas situações: os acionistas podem tentar um acordo com o bloco de controle sobre o preço das ações ou, se não houver acordo, pedir uma assembleia para a reavaliação dos ativos. Art. 4° Lei 6.404/76 Art. 4 o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) § 1 o Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Nesse parágrafo podemos perceber um assunto de direito econômico que tratamos anteriormente: a intervenção dos poderes públicos e regulação estatal. O limite estabelecido aqui nesse parágrafo é considerado um limite intrínseco do direito societário (vem da própria lei societária). OBS: Existem tanto limites intrínsecos quanto limites extrínsecos ao direito societário. Como limite extrínseco podemos citar a legislação antitruste. § 2 o Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) A oferta de ações deve ser objeto de registro específico junto a CVM. A distribuição de ações sem registro é irregular. § 3 o A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar as companhias abertas em categorias, segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela 13 emitidos negociados no mercado, e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) § 4 o O registro de companhia aberta para negociação de ações no mercado somente poderá ser cancelado se a companhia emissora de ações, o acionista controlador ou a sociedade que a controle, direta ou indiretamente, formular oferta pública para adquirir a totalidade das ações em circulação no mercado, por preço justo, ao menos igual ao valor de avaliação da companhia, apurado com base nos critérios, adotados de forma isolada ou combinada, de patrimônio líquido contábil, de patrimônio líquido avaliado a preço de mercado, de fluxo de caixa descontado, de comparação por múltiplos, de cotação das ações no mercado de valores mobiliários, ou com base em outro critério aceito pela Comissão de Valores Mobiliários, assegurada a revisão do valor da oferta, em conformidade com o disposto no art. 4 o -A. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) O registro de companhia aberta para negociação de ações pode ser cancelado? Segundo o §4°, sim, mas esse cancelamento não pode prejudicar os acionistas. Portanto, se o bloco de controle da companhia quiser fechar o capital, ela deve, em primeiro lugar, comprar as ações que estão no mercado, pagando por elas o preço justo. Como já falamos antes, chegaremos ao preço justo por meio da avaliação de ativos. Essa avaliação, também chamada de due diligence, engloba todos os débitos e os créditos da companhia. Faremos essa avaliação olhando para o patrimônio da companhia, não necessariamente para o seu capital social. OBS: Porque para o patrimônio e não para o capital? O capital é estático e o patrimônio é dinâmico; é possível que o patrimônio seja maior que o capital social que está fixado no estatuto. Portanto, para aferirmos o real valor da ação devemos olhar para o patrimônio. OBS2: Essas avaliações são feitas por instituições financeiras com o apoio de firmas de auditoria. A auditoria é muito importante para verificar a existência de fraudes na companhia. OBS3: A quebra de grandes companhias 4 pode ser causada por práticas fraudulentas. Podemos citar algumas como exemplo; A) Empréstimo para si mesmo com taxas de juros altíssimas. Isso é feito geralmente para esconder alguma remessa de dinheiro. A Receita Federal costuma fiscalizar esse tipo de empréstimo. B) Contratar sociedades “fantasmas” para prestar serviços que, logicamente, não existem. Desvia-se certa quantidade de recursos para diminuir o lucro (aumenta- se a despesa incluindo nela o serviço que não existe), beneficiando alguém. C) Edulcorar, “maquiar”, o patrimônio líquido da companhia. Analisaremos esse exemplo com maior atenção; 4 Ver caso da Enron Corporation 14 Exemplo dado pelo professor: “A companhia tem 100 milhões de receita e 150 milhões de despesa, apresentando um patrimônio líquido negativo de 50 milhões. Para mascarar esse déficit, os controladores alegam que o verdadeiro valor das despesas é de 90 milhões e que a companhia possui 60 milhões em “investimentos”, chegando então a um patrimônio líquido positivo de 10 milhões. Esse investimento não existe, ele é uma invenção para mascarar o déficit da companhia. Esse tipo de fraude não se sustenta por muito tempo”. Essas fraudes costumam ser apontadas em auditorias. A auditoria irá analisar as demonstrações contábeis da companhia e apontar as operações “estranhas” que podem ser fraudes. O objetivo central de uma fraude de tal complexidade é tirar partido da tesouraria da sociedade. Esses fraudadores se valem de um direito, de uma assembleia ou do controle sobre a companhia, para fraudar os créditos da tesouraria. Para evitar esse tipo de coisa, a transparência, principalmente quanto aos investimentos, é imprescindível. OBS: Os minoritários têm papel importante na fiscalização desses investimentos. Aqueles que tem presença nos organismos políticos da empresa conseguem exigir esclarecimentos dos controladores sobre eventuais investimentos e gastos. Voltando à avaliação, o cálculo do valor da ação será feito com base no patrimônio líquido(ativos - passivos). O patrimônio líquido é positivo toda vez que o patrimônio for maior que o passivo. Os financiamentos estão incluídos no passivo. O dinheiro do empréstimo feito pela Companhia não agrega valor ao seu patrimônio, já que ele não “pertence” a ela. Aqui falamos em fluxo de caixa descontado. O fluxo de caixa descontado leva em conta a receita e as despesas da companhia dentro de um determinado período. O fluxo de caixa descontado é utilizado para projetar o quanto a companhia irá vender no futuro, sendo essa projeção um dos critérios utilizados para avaliação da propriedade industrial. O fluxo de caixa é dinâmico, acontece durante todo um exercício e nele se considera a receita e a despesa. OBS: O patrimônio líquido engloba somente os bens materiais? Não necessariamente. A propriedade industrial pode também entrar no cálculo, já que o seu valor costuma ser até superior ao valor dos bens materiais. Porém não há uma tradição de avaliar a propriedade intelectual, poucas companhias contam com um setor próprio para a avaliação dos intangíveis (incorpóreos). InterBrands quanto a Inter Analytics são exemplos de instituições que realizam a avaliação de intangíveis. A marca, nas palavras do professor, só tem valor quando vendida. A avaliação da marca é feita com base nas vendas atuais e nas vendas futuras da companhia. Para projetar 15 essas vendas futurar utilizamos o fluxo de caixa descontado. Por meio do fluxo de caixa descontado é possível projetar as vendas da companhia em um período de x anos, utilizando esse valor projetado como parâmetro para avaliar a marca. CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE ANÔNIMA Temos os seguintes requisitos para a constituição de uma S/A: 1) Subscrição de pelo menos duas pessoas 2) Pagamento do valor integral ou de entrada de pelo menos 10% do valor subscrito 3) Os fundadores têm um prazo de 5 dias para depositar esse valor em instituição financeira indicada pela CVM. Essa instituição é no momento o Banco do Brasil. OBS: Esse subscritor ainda não é considerado acionista, visto que a S/A ainda está em organização. OBS2: O valor depositado somente será levantado pela S/A quando esta estiver constituída, ou seja, após o arquivamento dos seus atos constitutivos na junta comercial. OBS3: Se após seis meses do depósito a sociedade não for constituída, o valor depositado será restituído aos subscritores. O fundamento legal disso está no art. 80 da LSA Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - Subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - Realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; OBS: Realização = pagamento 16 III - Depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. É possível que parte do capital não seja paga em dinheiro (entrega de bens, geralmente). O pagamento pode ser feito inclusive com recebíveis (crédito de terceiro). Nesse caso específico, o subscritor se responsabiliza pela existência do crédito e pela solvência do devedor creditício. O subscritor tem essa responsabilidade quando integralizar com títulos de crédito. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. Alguns setores específicos demandam um capital social maior, como no caso das instituições financeiras. OBS: É necessário um processo deliberativo para a criação de uma sociedade anônima. Esse processo deliberativo é a ASSEMBLEIA, esta será realizada após essa fase inicial de captação de recursos. OBS2: Securitização: dar um título de crédito em garantia de um empréstimo. Aula 05.10.2016 A LSA (lei 6404/76) é muito utilizada para solucionar problemas das LTDAs, uma vez que a sua aplicação é subsidiária. Preço = custo marginal Os adquirentes irão adquirir um produto no preço mais próximo. Em uma concorrência perfeita, há uma atomização da oferta e o preço é dado pelo mercado. Desse modo ninguém consegue interferir no preço. Esse tipo de concorrência é utópica, pois o preço da mercadoria sempre aumenta, o produto nunca é idêntico, todos os esforços são para apresentar ao consumidor algo que pareça ser diferente aos seus olhos. Quanto mais diferenciado é um produto, mais capacidade de cativar a clientela ele tem. Por isso que antigamente, o ponto era o único artifício que poderia ser usado para cativar a clientela. Ex: o ponto próximo ao centro da cidade era mais visado que o ponto afastado, pois mais pessoas passavam pelo ponto próximo ao centro. O sinal distintivo nasce quando o consumidor liga a marca com o produto na sua cabeça, ou seja, quando há essa associação automática. 17 O aviamento é tecnicamente a diferença sobre o preço do estabelecimento e o valor final do fundo de comércio. No marketing, o aviamento é chamado do poder de atração da clientela. Existe uma certa diferença entre investimento e despesa com uma marca. Exemplo: a natura ekos é uma marca caseira, então o valor pago para o advogado registrar essa marca é considerado como uma despesa e não como o investimento nela. É possível fechar o capital de uma SA de capital aberto, a grande questão é o preço justo da ação. O cálculo do preço justo da ação vem da avaliação do fundo de comércio. A marca em questão não faz parte do patrimônio líquido, pois não há valor de compra, e a marca só tem valor após a sua venda. CONSTITUIÇÃO DA COMPANHIA Base legal – artigo 80 LSA (Lei 6404/76) Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. O subscritor não tem que dar todo o dinheiro no momento da constituição da sociedade, uma vez que a entrada corresponde a no mínimo 10% do preço das ações subscritas em dinheiro. E o prazo será de cinco dias para os fundadores depositarem o valor numa conta do Banco do Brasil vinculada. É a assembleia que irá constituir a sociedade. A sociedade se não for constituída em seis meses (prazo para sua constituição), se não houver a assembleia, o dinheiro depositado irá retornar para os subscritores. O risco é pequeno. O dinheiro deverá ser levantado quando a pessoa jurídica estiver constituída. Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. 18 Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores. CONSTITUIÇÃO POR SUBSCRIÇÃO PÚBLICA Para que uma sociedade seja considerada uma SA ela deve estarregistrada na CVM, não é em razão de um simples desejo do subscritor. Para que haja uma oferta pública é necessário um segundo registro na CVM, o primeiro registro não é suficiente para tal. Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com: a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; b) o projeto do estatuto social; c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores. O estudo de viabilidade econômica é o plano de negócios, é visto como se irá ganhar dinheiro. O prospecto é uma espécie de bula para aquele que pretende adquirir ações da SA, é através dele que as informações essenciais serão apresentadas. Nele devem estar presentes 12 itens obrigatórios. É o direito de informação que o consumidor tem. É importante ressaltar que tudo isso pode cair em exigência. Aula 10.10.2016 Continuação As sociedades anônimas precisam publicar (uma das suas obrigações) um balanço referente as suas atividades para que o sócio minoritário seja informado do funcionamento da companhia. O segredo industrial é espécie do conceito geral de segredo de negócios, que é o gênero. Em regra, o segredo industrial pode vir a ser protegido por patente, porém pode o empresário optar não pela patente, já que ela significa uma open Discovery. Assim pode-se optar pela proteção do segredo através de uma rede de contratos de confidencialidade. A maior preocupação das sociedades anônimas é que se o segredo for revelado, o preço de suas ações poderá diminuir. 19 Requisitos da constituição da S/A (artigo 80 lei 6404/76): 1) Subscrição de pelo menos duas pessoas 2) Entrada de pelo menos 10% do preço de emissões de ações subscritas em dinheiro 3) Depósito no Banco do Brasil Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores. A obrigação de indenizar o depósito no Banco do Brasil é do FUNDADOR, e o fundador deposita em favor, em benefício da sociedade em organização (não está inscrita ainda, não teve o seu estatuto arquivado na junta comercial, ainda em processo de constituição). Assembleia de constituição – irá formar o conselho de administração e a diretoria. Eleito o conselho e a diretoria aprova-se o estatuto na assembleia que será levado para arquivo na junta comercial. Após a assembleia de constituição a responsabilidade de todos do atos da companhia recai sob os ombros da diretoria. Exemplo: por uma falta de atenção a diretoria perde o prazo de seis meses para a inscrição na junta comercial a responsabilidade dos danos gerados será da diretoria. O ato constitutivo da Sociedade Anônima é por meio de estatuto, já a LTDA é por meio de contrato social. No caso da LTDA após a assinatura do contrato social existe um prazo de 30 dias para que se leve o contrato em registro público, esse contrato deve ter o visto de um advogado sob pena de nulidade. 20 Se o registro ocorrer dentro do prazo haverá a blindagem patrimonial que irá retroagir para a data da assinatura do contrato (ex tunc). Caso o registro seja feito após o prazo de 30 dias, a blindagem patrimonial passará a valer após o dia do registro (ex nunc). O depósito deverá ser feito novamente e terá inclusive um novo protocolo. Então se um ato praticado que gerou dano tiver ocorrido antes do registro e esse registro ultrapassar o prazo estipulado, o sócio irá responder ilimitadamente com toda força de seu patrimônio. Em matéria de responsabilidade, tudo o que foi estudado na sociedade limitada pode valer para a sociedade anônima. Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. (depende do registro público na autoridade competente que é a CVM – Comissão de Valores Imobiliários). Intermediação. § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com: a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; BUSSINES PLAN (BP) ou MÉTODO DE NEGÓCIO b) o projeto do estatuto social; c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. Exemplo de BP simplificado: MERCADO DE CELULARES (celulares com aplicativos) Público alvo é a terceira idade com relativo poder de compra 1) Mercado de 100 milhões de pessoas em 2020. 2) 100 milhões de faturamento (como se cada aparelho custasse 1 real) 3) Custo de produção – 50 milhões 4) Licença de patente – 10 milhões 5) Margem de 30 milhões (margem considerada muito satisfatória) § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores. A CVM poderá fazer cair em exigência o estudo de viabilidade se considerar ele temerário, onde não se pode prever o que vai acontecer. Se por exemplo os sócios que estiverem descritos no estatuto forem traficantes conhecidos, a CVM também poderá fazer em exigência, uma vez que as autoridades irão questionar a procedência daquele capital. 21 Projeto de estatuto – traz as regras que irão governar a sociedade Art. 83. O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares às companhias, e conterá as normas pelas quais se regerá a companhia. Prospecto – numa situação de oferta pública o prospecto deverá conter todas as informações necessárias ao funcionamento da sociedade, para que o futuro subscritor entenda de fato o negócio. Descreve as condições de funcionamento da sociedade. São doze elementos e todos estão presentes no artigo 84 da lei 6404/76. Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com precisão e clareza, as bases da companhia e os motivos que justifiquem a expectativa de bom êxito do empreendimento, e em especial: I - O valor do capital social a sersubscrito, o modo de sua realização e a existência ou não de autorização para aumento futuro; II - A parte do capital a ser formada com bens, a discriminação desses bens e o valor a eles atribuídos pelos fundadores; Podem ser um terreno, créditos, uma patente, uma marca. III - o número, as espécies e classes de ações em que se dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o preço da emissão das ações; As espécies de ações se subdividem em: ordinária por direito de voto, preferencial (não tem direito a voto) e de fruição. Pelas regras do novo mercado, todas as ações deveriam ter direito a voto, porém é no estatuto que isso será decidido. IV - a importância da entrada a ser realizada no ato da subscrição; V - As obrigações assumidas pelos fundadores, os contratos assinados no interesse da futura companhia e as quantias já despendidas e por despender; VI - As vantagens particulares, a que terão direito os fundadores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do estatuto que as regula; VII - a autorização governamental para constituir-se a companhia, se necessária; VIII - as datas de início e término da subscrição e as instituições autorizadas a receber as entradas; IX - a solução prevista para o caso de excesso de subscrição; X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a assembléia de constituição da companhia, ou a preliminar para avaliação dos bens, se for o caso; XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a firma ou denominação, nacionalidade e sede, bem como o número e espécie de ações que cada um houver subscrito, 22 XII - a instituição financeira intermediária do lançamento, em cujo poder ficarão depositados os originais do prospecto e do projeto de estatuto, com os documentos a que fizerem menção, para exame de qualquer interessado. Aula 17.10.2016 Prospecto (Continuação) O prospecto, assim como falamos anteriormente, possui doze elementos. Eles estão previstos no art. 84 da LSA. OBS: Com relação ao que chamamos de Novo Mercado 5 , este estabeleceu um padrão de governança corporativa extremamente diferenciado. Dentro dessa lógica busca-se aumentar o mercado, incentivando pessoas física e pequenas empresas a investirem no mercado de ações (A alteração que a Lei 10.303/01 promove na Lei 6.404/76 tem exatamente esse objetivo de aumentar o mercado, especialmente na medida em que amplia os direitos dos acionistas). O prospecto é uma espécie de “bula”, contendo todas as informações necessárias para a que as pessoas que estão comprando a ação “novinha em folha” saibam o que elas estão comprando nessa relação mercantil. Temos no coração do prospecto, além dos doze elementos, o business plan (método de negócio). Com relação ao prospecto que trabalhamos na aula passada, as informações que elencamos (público, classes, custo, faturamento, etc.) devem estar contidas nele. Essas informações representam o business plan. Essas informações servem para que os investidores, as outras sociedades empresárias e os velhinhos saibam que o negócio não é algo temerário. Se for algo temerário, vocês acham que a CVM irá dar o registro de subscrição aberta para essa companhia? Provavelmente não, já que a chance de os investidores saírem prejudicados é muito alta. Exemplo de negócio temerário: companhia cujo objeto é a fabricação de aparelhos de VHS. As chances de prejuízo são grandes pois esses aparelhos são obsoletos. Dificilmente a CVM dará o registo de subscrição aberta para essa companhia. Elementos que devem constar no prospecto (Art. 84 da Lei 6.404/76) Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com precisão e clareza, as bases da companhia e os motivos que justifiquem a expectativa de bom êxito do empreendimento, e em especial: 5 Dá uma melhor ideia do que é o novo mercado http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/listagem/acoes/segmentos-de-listagem/novo-mercado/ 23 I - O valor do capital social a ser subscrito, o modo de sua realização e a existência ou não de autorização para aumento futuro; II - A parte do capital a ser formada com bens, a discriminação desses bens e o valor a eles atribuídos pelos fundadores; III - o número, as espécies e classes de ações em que se dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o preço da emissão das ações; OBS: O capital é fixado pelos fundadores. OBS2: É possível integralizar o capital com recebíveis? Sim, já falamos disso antes. O subscritor que integraliza com crédito se responsabiliza pela solvência do devedor creditício. Pode ser utilizado qualquer crédito: letra de câmbio, nota promissória, etc. Não é possível subscrever com capital “podre” ou integralizar com moeda “podre”. Consideramos moeda podre6, por exemplo, os títulos da dívida do império e os títulos da dívida da república velha. Integralizar com moeda podre prejudica os demais investidores. IV - A importância da entrada a ser realizada no ato da subscrição; OBS: A entrada deve ser de no mínimo 10% do valor subscrito. V - As obrigações assumidas pelos fundadores, os contratos assinados no interesse da futura companhia e as quantias já despendidas e por despender; OBS: Se existe um contrato ou pré-contrato de licença, por exemplo, o seu valor deve ser informado no prospecto. VI - As vantagens particulares, a que terão direito os fundadores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do estatuto que as regula; VII - a autorização governamental para constituir-se a companhia, se necessária; OBS: Exemplo das empresas públicas. São empresas em que o Estado detém o bloco de controle, mas estão sujeitas as regras das S/A. VIII - as datas de início e término da subscrição e as instituições autorizadas a receber as entradas; IX - A solução prevista para o caso de excesso de subscrição; OBS: Situação em que há mais gente subscrevendo do que capital. Diante disso, o prospecto trará a solução para esse caso. 6 Esses títulos são utilizados principalmente para pagamento de impostos, já que a União era obrigada a aceita-los no valor integral. Existem escritórios especializados em vender esses títulos. 24 X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a assembleia de constituição da companhia, ou a preliminar para avaliação dos bens, se for o caso; OBS: Sobre os fundadores. Fundadores são aqueles que tomam a iniciativa de criar a S/A, eles são os organizadores da sociedade em organização. Os demais sócios são aqueles que vão subscrever a partir de uma oferta pública. OBS2: Tag Along X Drag Along. A Tag Along é uma proteção do minoritário, estipulando que os minoritários não devem receber um valor muito inferior ao valor pago ao bloco de controle em caso de fusão. Isso decorre das regras de governança corporativa (proteção dos minoritários). A Drag Along, por sua vez, diz respeito a um conjunto de regras relacionadas com o apreço do majoritário pelo controle político da companhia. 7 OBS3: A personalidade jurídica da companhia nasce automaticamente da ata da assembleia que aprova o estatuto? Não. A personalidade nasce com o registro na junta comercial. Dentro do prazo de seis meses deve ser realizada a assembleia para a aprovação do estatuto, escolhida a diretoria, constituídos os organismos que farão parte da estrutura orgânica da companhia. As documentações referentes a todos esses atos devem ser levadas a registro na junta comercial. Uma vez escolhida, a diretoria tem a responsabilidade de realizar os atos citados acima. A responsabilidade é dela se a mesma perdero prazo para arquivar os atos constitutivos na junta comercial. A responsabilidade dos fundadores, por sua vez, existe enquanto a diretoria não tiver sido escolhida, enquanto não tiver sido feita ainda a assembleia. XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a firma ou denominação, nacionalidade e sede, bem como o número e espécie de ações que cada um houver subscrito, XII - a instituição financeira intermediária do lançamento, em cujo poder ficarão depositados os originais do prospecto e do projeto de estatuto, com os documentos a que fizerem menção, para exame de qualquer interessado São três requisitos para a constituição da companhia por subscrição pública: prospecto, projeto do estatuto e estudo de viabilidade econômica. (Art. 82, Lei 6.404/76) Lista, Boletim de entrada (Art. 85, lei 6.404/76) 7 Essa explicação foi muito confusa. O professor falou que essa questão do Drag Along e do Tag Along não vai cair na P1. Sobre Tag Along e Drag Along: http://www.cedin.com.br/qual-a-diferenca-entre-tag-along-e-drag-along/ 25 Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem realizadas em dinheiro, o subscritor pagará a entrada e assinará a lista ou o boletim individual autenticados pela instituição autorizada a receber as entradas, qualificando-se pelo nome, nacionalidade, residência, estado civil, profissão e documento de identidade, ou, se pessoa jurídica, pela firma ou denominação, nacionalidade e sede, devendo especificar o número das ações subscritas, a sua espécie e classe, se houver mais de uma, e o total da entrada. Parágrafo único. A subscrição poderá ser feita, nas condições previstas no prospecto, por carta à instituição, com as declarações prescritas neste artigo e o pagamento da entrada. O boletim de subscrição é o documento assinado pelo subscritor antes de integralizar. Esse boletim tem natureza de título executivo extrajudicial. Por ser um título executivo, pode ser executado, servindo como garantia em caso do subscritor não integralizar o que foi subscrito. OBS: Muitos tentam equiparar o boletim a um título de crédito. O boletim, diferentemente dos títulos de créditos, não tem a característica da cartularidade e não possui autorização para circular 8 . Aula 24.10.2016 (Aula com a professora substituta) ACIONISTA Os acionistas são as pessoas que integram a sociedade anônima. OBS: o capital social de uma Sociedade Anônima é dividido em parcelas, que são as ações. Conceito de Ação: Ação é a fração ideal do capital social. Conceito de Acionista: o Acionista é o sócio próprio das Sociedades Anônimas. Sócio é um gênero do qual fazem parte os quotistas 9 e os acionistas. Segundo Rubens Requião: “Acionista é o sócio da sociedade anônima. O artigo 1° da LSA refere-se aos sócios ou acionistas. É elementar que a designação de sócio se apresenta genérica, e traduz a ideia 8 Características próprias dos títulos de crédito. 9 Nas sociedades limitadas 26 da pessoa que se associa com outrem, juntando seus cabedais para constituir a sociedade mercantil, ao passo que acionista se aplica especificamente ao membro da Sociedade Anônima ou Companhia. ” OBS: Qual a diferença entre empresário e sócio? Empresário é o titular da atividade econômica organizada. Existem três tipos de empresário em nosso ordenamento: empresário individual 10 , sociedade empresária 11 e EIRELI. O sócio, por sua vez, é a pessoa que titulariza quotas ou ações de uma determinada sociedade empresária. CLASSIFICAÇÃO DOS ACIONISTAS: os acionistas são classificados em acionistas controladores e acionistas minoritários. OBS: Nem toda ação concede ao seu titular o direto de voto. As ações ordinárias concedem aos acionistas o direito de voto, enquanto as ações preferenciais podem ou não conceder tal prerrogativa ao acionista. A priori temos dois tipos de ações: as ações ordinárias, que são as ações por excelência, são aquelas que concedem ao seu titular o direito de voto. Já as ações preferencias podem ou não conceder ao seu titular o direito de voto. A existência de ações preferenciais sem direito de voto é necessária na medida em que nem todas as pessoas que compram ações têm interesse em participar das votações ou da gestão da sociedade empresária. O interesse delas é tão somente nos lucros auferidos. OBS: Apesar de poder não ter direito a voto, o titular da ação preferencial terá algum tipo de preferência, como, por exemplo, de receber mais do que os outros acionistas, receber em primeiro lugar em caso de dissolução da sociedade, etc. OBS2: Todos os acionistas, titulares ou não de ações com direito de voto, podem votar na assembleia para eleição do Conselho Fiscal. Esse é um direito de todo e qualquer acionista, mesmo que ele seja titular de uma ação sem direito de voto. ACIONISTA CONTROLADOR O acionista controlador é aquele que tem o maior número de ações com direito ao voto (ações ordinárias ou ações preferencias com direito de voto) OBS: Não devemos confundir o acionista majoritário com o acionista controlador. Não serão necessariamente a mesma pessoa. O acionista majoritário é aquele que possui 10 Pessoa física que titulariza uma atividade econômica organizada. Sua responsabilidade pelas relações sociais é ilimitada. 11 É um gênero: existem as sociedades empresárias e as sociedades simples. A Sociedade Anônima é um tipo de sociedade empresária. 27 o maior número de ações, enquanto o acionista controlador é aquele que possui o maior número de ações com direito de voto. Conceito Legal de Acionista Controlador (Art. 116 LSA12) Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. São requisitos cumulativos. Conceito doutrinário de Acionista Controlador: de acordo com a doutrina existe um duplo requisito para a definição de acionista controlador: i) ser titular de direitos de sócio que lhe assegurem de modo permanente a maioria dos votos nas deliberações; ii) usar efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais. Constata-se que o acionista controlador pode ser não apenas um indivíduo isolado, mas também um grupo de pessoas 13 sob controle comum, que seja titular de direitos sociais nos termos do art. 116 da LSA. A partir desse conceito falamos em dois tipos de controle: controle direto e controle indireto A) O controle direto é a regra, verificado quando temos pessoas jurídicas como acionistas. O controle direto existe quando houver um acordo de acionistas para votarem de forma igual nas deliberações. Por exemplo, quando o sócio x (com 40% das ações com direito de voto) faz um acordo com o sócio y (com 20% das ações com direito de voto) para elegerem e votarem junto. B) O controle indireto ocorre quando temos pessoas jurídicas como acionistas. Controle indireto se verifica, por exemplo, quando a Companhia x é controlada por sociedades detentoras das ações com direito de voto e ambas sociedades possuem o mesmo controlador,indiretamente essa cia x também será controlada por aquele. Aqui não há necessidade de acordo, já que o controlador é comum (as sociedades que são acionistas da companhia são controladas pela mesma pessoa). 12 Lei 6.404/76 13 Grupo de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas. 28 OBS: Limites ao poder do Controlador (Art. 116, § único e Art. 117, ambos da LSA). Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender. Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder. A lei traz a responsabilidade do sócio controlador pela prática dos atos Ultravires, ou seja, atos praticados com abuso de poder (finalidade distinta da prevista em lei ou no estatuto social), conforme se depreende do art. 117 14 LSA. O art. 50 CC também pode ser aplicado para a responsabilidade do administrador. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. ACIONISTA MINORITÁRIO Seu conceito é por exclusão. Não é sinônimo do acionista com o menor número de ações, pois como visto, as ações nem sempre concedem ao acionista o direito de voto. Logo, acionista minoritário será aquele que não possui poder para dirigir as atividades sociais (possui um número ínfimo de ações diante do total) DIREITOS E DEVERES DOS ACIONISTAS A) DIREITOS ESSENCIAIS DOS ACIONISTAS (Art. 109 LSA) 14 O § 1° do referido artigo traz as modalidades de abuso do poder. 29 OBS: O direito de voto é um direito essencial? Não, visto que nem toda ação concede ao seu titular o direito de voto. Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - Participar dos lucros sociais; Devemos combinar esse inciso com o arts. 201 a 205 LSA, que falam justamente sobre a participação dos sócios nos lucros sociais. OBS: diferente das sociedades limitadas em que é possível fixar no contrato social a divisão dos lucros sem qualquer relação com o número e a quantidade de quotas, na S/A é obrigatório o respeito a proporcionalidade, sendo admitido tão somente que as ações preferenciais tenham uma participação nos lucros até 10% superior que as ações ordinárias. II - Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; A sociedade eventualmente pode se dissolver totalmente ou “parcialmente” (retirada de um sócio). No caso de liquidação, a participação de cada acionista é chamada de haveres. III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; É o direito essencial de todo acionista fiscalizar a gestão dos negócios sociais. Por isso todos os acionistas, com direito de voto ou não, poderão votar na escolha do conselho fiscal. Devemos também combinar esse inciso com o art. 141, §4° LSA. Este traz uma regra protetiva aos acionistas minoritários para eleger um dos membros do conselho fiscal. IV - Preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; (Vide Lei nº 12.838, de 2013) Significa que se houver um aumento do capital social, aqueles que já são acionistas terão direito de preferência para comprar as novas ações. OBS: O direito de preferência é um direito absoluto? Não, pois o artigo 168 LSA traz uma exceção ao direito de preferência nos casos em que o estatuto já de antemão prevê as hipóteses e limites de aumento de capital autorizados, nesses casos poderá o 30 próprio estatuto prever a supressão do direito de preferência (são os casos das companhias de capital autorizados). V - Retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. Devemos fazer uma remissão ao artigo 137 LSA, que é aquele que prevê os casos em que o acionista pode se retirar da sociedade. OBS: a retirada da sociedade não é a venda da ação. A retirada ocorre quando o acionista exige da tesouraria da companhia o valor referente a sua fração de ações. Isso só ocorre nas hipóteses do 137 e sempre de forma motivada. Aula 26.10.2016 (aula com professora substituta) Acionista controlador (possui maior numero de ações com poder voto) não é sinônimo de acionista Acionista minoritário é aquele que não possui influencia nas deliberações da assembleia. Conceito por exclusão. Voto DIREITO NÃO ESSENCIAL Nem todo acionista tem direito de voto, uma vez que não é um direito essencial. ESPÉCIES DE AÇÕES Existem dois tipos de ações: as ações ordinárias e as ações preferenciais As ações ordinárias são a regra, são aquelas que conferem obrigatoriamente ao seu titular o direito de voto. Já as ações preferenciais não necessariamente conferem direito de voto, ou seja, elas podem ou não conferir esse direito não essencial. Essas ações restringem sempre algum direito, e essa restrição é variável. Existe uma limitação na lei de SA que fala sobre o limite mínimo de ações ordinárias. Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109. (artigo 109 fala sobre os direitos essenciais dos acionistas, direitos que jamais poderão ser suprimidos). § 1º As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios 31 consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso. § 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do § 1º, as ações preferenciais com direito de voto restrito terão suspensas as limitações ao exercício desse direito. § 3º O estatuto poderá estipular que o disposto nos §§ 1º e 2º vigorará a partir do término da implantação do empreendimento inicial da companhia. Todo acionista tem o direito a fiscalização, é um direito essencial, então se um acionista não tiver direito de voto, ainda sim poderá votar na hipótese de deliberação da eleição do conselho fiscal. Artigo 109, §3º LSA. Isso ocorre em decorrência do artigo 111 dizer que os direitos essenciais do acionista não podem ser suprimidos. Artigo 111 combinado com artigo 15, §2º da LSA Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. § 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total dasações emitidas. A lei de SA apenas permite que o direito de voto seja suprimido nas chamadas ações preferenciais, conforme dispõe o artigo 111. A outra espécie de ação, qual seja a ação ordinária sempre confere ao seu titular o direito de voto. O artigo 15,§2º da lei de SA limita a criação das ações preferenciais a um patamar máximo de até 50% do capital social. Artigo 109 – rol taxativo dos direitos essenciais. OBS: de acordo com o artigo 11, embora seja permitida a supressão de direitos do acionista preferencial, tal supressão não poderá macular os direitos essenciais dos acionistas (artigo 109). Dessa forma, ainda que o acionista preferencial não possua direito de voto, ele sempre terá assento na deliberação para votação do conselho fiscal. GOVERNANCIA CORPORATIVA 32 Verifica a capacidade de uma sociedade anônima, se ela está de acordo com a lei. Existe uma classificação em A, B, C etc e quanto mais próximo de A mais essa sociedade é compatível com os princípios societários. Assim, nada mais é que uma análise de marcado que classifica as sociedades em determinadas categorias de acordo com mercado de capitais, de acordo com a CVM. A classe A (categoria mais elevada) confere a todos os acionistas o direito de voto, isso é uma exigencia do mercado de capitais. Não necessariamente essas ações que conferem direito de voto serão ordinárias, elas podem ser preferenciais com direito de voto. No mercado de capitais existe uma classificação das companhias em que apenas considera-se da categoria A (novo mercado/mais elevada) as sociedades em que 100% dos acionistas possuem direito de voto. Assim, para ser classificada como conceito A, aquela SA não deve possuir nenhuma ação com supressão do direito de voto. Existe alguma hipótese em que os acionistas preferenciais em que os acionistas preferenciais sem direito de voto poderão votar? Sim, em duas hipóteses. Na eleição do conselho fiscal em que todos os acionistas independentemente da classe de ações terão direito de voto. E quando a companhia ficar sem distribuir dividendos por três exercícios consecutivos, nessa hipótese ela passa a ser companhia em situação essencial. Nesse caso, os acionistas preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao direito de voto passam a exercê-lo de forma plena, enquanto a excepcionalidade subsistir. Quando aquela voltar a dividir os dividendos volta a supressão ou restrição de voto. VOTO ABUSIVO (artigo 115 LSA) Pode existir determinada situação em que o interesse pessoal do acionista esteja conflitando com o interesse da sociedade anônima. Nesses casos, o acionista terá o direito de voto suspenso naquela deliberação. Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas. Se o acionista votou qual será a consequência? Independentemente da influencia do seu voto na deliberação, responderá por perdas e danos (in re ipsa/automático), pois infringiu a lei. Contudo para ocorrer a anulação da deliberação deverá restar comprovado o efetivo prejuízo à companhia. ALIENAÇÃO DO PODER DE CONTROLE TAG ALONG (Artigo 254-a LSA) 33 Instituto de proteção aos acionistas minoritários. Em caso de alienação do poder de controle a lei criou um instituto chamado TAG ALAONG para a proteção do acionista minoritário. Quando houver a alienação do poder de controle, o adquirente sabe que terá que fazer uma oferta pública (“proposta”) de ações – OPA, direcionada aos demais acionistas com direito de voto ou para os acionistas preferencias com vantagem especial de participar do TAG ALAONG. O valor desta oferta deverá ser no mínimo de 80% (a categoria A é de 100%) do valor das ações do bloco de controle. A escolha caberá ao acionista minoritário. DRAG ALONG (breve explicação) Proteção ao acionista majoritário. Se o acionista majoritário (não necessariamente está ligado ao poder de controle) quiser alienar as suas ações e o adquirente submeter a venda dessa ação ao conjunto total de ações, pode ser que o majoritário tenha feito previamente um acordo com os sócios minoritários quando eles compraram suas ações que numa situação em que o adquirente quiser comprar todas as ações, os sócios minoritários serão obrigados e compelidos a vende-las. É uma criação doutrinária que não está presente na lei. MATÉRIA DA P2 Aula 07.11.2016 Constituição por subscrição aberta (continuação) OBS: Qual a diferença entre constituição por subscrição pública e constituição por subscrição particular? Na subscrição particular (destinada a criação de uma SA fechada) não há uma oferta pública de ações ao cidadão. Na subscrição pública há oferta pública, pois, há registro na CVM para isso. ART. 82 LSA 34 Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. A subscrição não é livre, ela tem relação com o sistema financeiro, mais precisamente com a regulação monetária nacional. Por isso, há necessariamente uma interligação entre a subscrição e a instituição financeira. OBS: É comum visualizar a participação de instituições financeiras na divulgação das ofertas públicas. A intermediação da parte financeira da companhia está a cargo de uma instituição financeira. § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com: a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; b) o projeto do estatuto social; c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores. ART. 85 LSA Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem realizadas em dinheiro, o subscritor pagará a entrada e assinará a lista ou o boletim individual autenticados pela instituição autorizada a receber as entradas, qualificando-se pelo nome, nacionalidade, residência, estado civil, profissão e documento de identidade, ou, se pessoa jurídica, pela firma ou denominação, nacionalidade e sede, devendo especificar o número das ações subscritas, a sua espécie e classe, se houver mais de uma, e o total da entrada. Parágrafo único. A subscrição poderá ser feita, nas condições previstas no prospecto, por carta à instituição, com as declarações prescritas neste artigo e o pagamento da entrada. O boletim serve como título executivo extrajudicial, podendo ser executado caso o subscritor não integralize o que foi subscrito. Encerramos aqui a primeira etapa de constituição por subscrição aberta. Todas as ações novas foram subscritas nesse momento. Agora devemos realizar a formalização da SA. O próximo passo para a formalização dessa sociedade é a convocação de uma assembleia. A assembleia é soberana, é ela que vai constituir a sociedade e fazer nascer a documentação necessária para a obtenção da personalidade jurídica. Art. 87 LSA 35 Art. 87. A assembleia de constituição instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de subscritores que representem, no mínimo, metade do
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