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Universidade Veiga de Almeida Disciplina: Psicologia e Aprendizagem Professor: Carlos Eduardo Nórte CASO CLÍNICO 1 – A VÍTIMA DA VIOLÊNCIA. 1. DADOS DO PACIENTE: Sexo masculino, 45 anos, casado, 1 filho, natural do Rio de Janeiro, graduado em administração, bancário. Recebe auxílio do INSS. Diagnóstico nosológico: Transtorno de Estresse Pós-traumático, Transtorno do Pânico com Agorafobia e Transtorno Depressivo Maior Recorrente, episódio atual moderado. 2. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: O paciente procurou o primeiro atendimento no IPUB em janeiro de 2005. Relatou ter sofrido dois assaltos no banco onde trabalhava como auxiliar de tesoureiro. No primeiro, ocorrido em setembro de 2002, a agência foi invadida por 3 homens armados que o mandaram abrir o cofre. Como ele não estava com as chaves foi espancado e ameaçado de morte. Após o assalto passou a apresentar tristeza, perda de interesse e prazer nas suas atividades diárias, aumento de apetite e de peso (4 quilos), insônia inicial, inquietação motora, cansaço, dificuldade de concentração, tendo que se afastar do trabalho por vinte dias. Esse quadro durou cerca de dois meses. Não apresentou ideação suicida na ocasião. O segundo assalto ocorreu em dezembro de 2004 quando sua agência foi invadida novamente por 6 homens armados que disseram conhecer seu endereço e sua família, colocaram um revólver em sua cabeça e o ameaçaram de morte. Teve muito medo de morrer e achou que “tomaria um tiro pelas costas”. Depois que os assaltantes foram embora ficou muito nervoso, suava, tremia muito, sentia falta de ar, sensação de sufocamento, “como se estivessem apertando seu pescoço”. Teve que tirar a camisa para se sentir mais aliviado. Considerou esse assalto como sendo pior (mais traumático), pois percebeu que os assaltantes eram profissionais, e considerou isso um sinal de risco de morte maior. Após esse episódio passou a acordar no meio da noite angustiado, devido a pesadelos com o assalto, lembrava desse evento com freqüência mesmo tentando esquecer. Evitava falar sobre o que aconteceu, como também situações, pessoas e lugares que o lembrassem do trauma. Passou a apresentar irritabilidade, desânimo, tristeza, perda de prazer nas atividades habituais, insônia inicial e intermediária, fadiga e impaciência. Apresentava também crises agudas de ansiedade com sintomas de taquicardia, sudorese, falta de ar, sensação de sufocamento e de desmaio, medo de morrer e despersonalização. Sentia-se alerta e sobressaltado, achando que poderia ser assaltado na rua a qualquer momento. Com a gravidade dos sintomas, o paciente parou de trabalhar e começou a restringir suas saídas. Desde sua chegada no ambulatório relata que pretende morar em Cabo Frio assim que sair a sua aposentadoria. Acredita que tem uma doença e que pode melhorar com auxílio profissional. 3. SINTOMAS: No início do tratamento com TCC em 25 de setembro de 2007, apresentava sintomas como ansiedade súbita, aperto no peito, sensação de sufocamento como se o estivessem estrangulando, taquicardia, excitabilidade aumentada, hipervigilância, insônia intermitente. Relatava também revivescências, pesadelos, flashbacks, lembranças e pensamentos recorrentes sobre o assalto, bem como perda de prazer em sair, ir a festas, casa de parentes, cansaço e desânimo. Comportamentos evitativos eram marcantes, tais como: sair de casa, ir a shoppings, andar de ônibus (quando andava de ônibus sempre ficava observando todas as pessoas, quem entrava e, se desconfiasse de alguém, descia), não entrava em banco. Praticamente não saía de casa, somente se necessário. Evitava conversar sobre o assunto (proibiu a família de falar sobre isso), evitava encontrar pessoas ligadas ao banco onde trabalhava. Passou a ter medo e a evitar elevador. Raramente usava o elevador do seu próprio prédio, quando o fazia sentia intensos sintomas de ansiedade e a mesma sensação de estrangulamento. 4. SUPORTE TEÓRICO: De acordo com o DSM-IV (1994), o TEPT é um transtorno de ansiedade que para ser diagnosticado tem que estar necessariamente ligado à ocorrência de um evento traumático, no qual a pessoa tenha vivenciado ou testemunhado um ou mais eventos envolvendo morte ou ameaça à integridade física própria ou de outros. A resposta ao evento deve ter envolvido intenso medo, impotência ou horror (critério A). No desenvolvimento do transtorno três dimensões de sintomas característicos ocorrem, formando o que chamamos de tríade psicopatológica: revivescência, entorpecimento emocional/esquiva e hiperestimulação autonômica. O trauma é constantemente revivido em uma ou mais das seguintes maneiras (critério B): lembranças intrusivas (imagens, pensamentos ou percepções), pesadelos traumáticos, flashback, sofrimento psíquico evocado por estímulos que lembrem o trauma, reatividade fisiológica evocada por estímulos relacionados ao trauma. Esquiva persistente desses estímulos e entorpecimento emocional, indicados por três ou mais dos seguintes quesitos (critério C): esforços para evitar pensamentos e sentimentos associados com o trauma, esforços para evitar atividades, locais ou pessoas associadas com o trauma, redução do interesse nas atividades, sensação de distanciamento em relação a outras pessoas, restrição da expressão afetiva/entorpecimento emocional, sentimento abreviado de futuro.Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada (critério D): insônia, irritabilidade ou surtos de raiva, dificuldade em se concentrar, hipervigilância,resposta de sobressalto exagerada. O TEPT é diagnosticado se esses sintomas persistirem por 4 semanas após o trauma e se redundarem em comprometimento social e ocupacional significativo (DSM-IV, 1994). A esquiva fóbica, em geral, interfere nos relacionamentos interpessoais, acarretando conflito conjugal, divórcio ou perda do emprego. Sintomas associados podem ocorrer, principalmente se o estressor for interpessoal (abuso sexual, violência física, assalto e outros): prejuízo na modulação do afeto, comportamento autodestrutivo e impulsivo, sintomas dissociativos, queixas somáticas, sensações de inutilidade, vergonha, desespero ou desamparo, sensação de dano permanente, perda de crenças anteriormente mantidas, hostilidade, retraimento social, sensação de constante ameaça, prejuízo no relacionamento com outros, ou uma mudança nas características anteriores de personalidade do indivíduo (DSM-IV, 1994). Gravidade, duração e proximidade da exposição da pessoa ao evento traumático são os fatores mais importantes relacionados à probabilidade de desenvolvimento do TEPT. Algumas evidências mostram que apoios sociais, história familiar, experiências da infância, variáveis da personalidade e transtornos mentais preexistentes podem influenciar o desenvolvimento desse transtorno. Pessoas que não apresentam condições predisponentes podem desenvolver o TEPT, principalmente se o estressor for extremo (DSM-IV). PERGUNTA 1: Quais mecanismos envolvidos na aprendizagem podem ser observados nesse caso clínico? PERGUNTA 2: A partir dos seus conhecimentos adquiridos sobre os aspectos comportamentais da aprendizagem proponha uma forma de intervenção para o caso ilustrado. Justifique a sua escolha desse novo método.
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