Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 67 Língua Portuguesa C Geisa Lara do Nascimento (IFG-GO) Texto 1 O neologismo “ditabranda” ressuscita na imprensa e esquenta polêmica sobre a ditadura no Brasil O episódio começou como tempestade em copo d’água, mas não se tem notícia de tal alvoroço por um mero neologismo. Em 17 de fevereiro, a Folha de S.Paulo publicou um edi- torial contra o presidente venezuelano Hugo Chávez (“Limites a Chávez”) que passaria despercebido, não fosse o uso de um termo muito peculiar para referir-se à ditadura no Brasil: “ditabranda”. [...] Ao usar “ditabranda”, relativizando a violência do regime em relação a outros países, o jornal sofreu críticas infl amadas e foi acusado de desrespeitar os torturados e mortos nos anos de chumbo. Muitos leitores viram no neolo- gismo um disparate. [...] A palavra baseia-se na falsa ideia de que o termo “dura” é elemento formador de “dita- dura”. Na verdade, vem do latim dictatura, do verbo dictare, “comandar”, “ordenar”. E dictatu- ra não guarda relação com durus, dura, durum (duro). [...] Para Maria Helena de Moura Neves, professora do Mackenzie e da Unesp de Ara- raquara, não há dúvida de que “ditadura” não tem sentido, etimológica ou morfologicamente falando, ligado ao adjetivo “dura”. E discorda da ideia de que seja um neologismo. [...] A palavra fi cou carregada de sentido a ser explicado. Seu uso fez barulho por ocorrer num contexto de retomada do debate sobre a ditadura. [...] Nesse contexto, o uso de “dita- branda” vislumbra a existência de alternativas autoritárias mais suaves que outras. É tese a ser testada, mais do que defendida. Tal como usada pelo jornal, referindo-se a 1964, sinaliza que o horror tem gradações. [...] O terror de um Estado sempre é diverso do de outro. Mas é ainda mais evidente que não há diferença de mérito entre quem mata 100 ou milhões. São todos crimes contra a humanidade. Horror, ao que se sabe, não tem nuance. (MURANO, Edgar. Revista Língua Portuguesa. a. 3. n. 42, abril/2009) Texto 2 “Revolução” de 64 pertence a história, diz general – Ele tem razão. Faz parte da história mal contada. (Folha de S. Paulo, 13/03/2009) 1. Para o autor do texto 1, a palavra “ditabranda”: (A) Anula o debate sobre os crimes cometidos durante o período da ditadura militar no Brasil. (B) Possibilita a crença de que a ditadura militar no Brasil foi suave. (C) Possui o mesmo sentido que o radical latino da palavra “duro”. (D) Exalta a memória das vítimas de tortura durante a ditadura militar. (E) É um mero neologismo, derivado da palavra latina “dictare”. 2. Na charge, a palavra “revolução” aparece entre aspas por tratar-se de: Resposta: C (A) uma gíria. (B) um estrangeirismo. (C) uma ironia. (D) uma citação. (E) um neologismo. 3. No texto 2, ao criticar a afi rmação do general, a charge: Resposta: B (A) Destaca a ação dos investigadores na descoberta de crimes do exército. (B) Denuncia a impunidade dos crimes praticados durante a ditadura militar. Resposta: B NEO234_GRAP-Portugues C.indd 67NEO234_GRAP-Portugues C.indd 67 19/09/2011 13:42:5819/09/2011 13:42:58 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL68 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C (C) Nega a existência de fatos obscuros relativos ao período da ditadura militar. (D) Reforça a versão dos fatos apresentada pelo general ao apresentar versão dos investigadores. (E) Contrapõe a imagem dos cadáveres à fala dos investigadores. 4. Sabendo-se que o primeiro texto é um artigo de opinião e o segundo uma charge, pode-se afi rmar corretamente que: Resposta: D (A) O artigo de opinião, assim como a charge, caracteriza-se por satirizar os assuntos nele abordados. (B) A charge apresenta uma análise cômica, enquanto o artigo de opinião desenvolve uma análise científi ca dos fatos. (C) O artigo de opinião e a charge são classifi cados como textos informativos, comumente veiculados na mídia impressa. (D) A charge e o artigo de opinião assemelham- se por apresentarem uma interpretação crítica sobre o assunto explorado. (E) O caráter principal da charge é informar o leitor e a intenção do artigo de opinião é convencer o interlocutor. TEXTO PARA QUESTÕES DISCURSIVAS 5 E 6. O CRAVO NÃO BRIGOU COM A ROSA (Luiz Antônio Simas*) Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais “O cravo brigou com a rosa”. A explicação da professora do fi lho de um cama- rada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a vio- lência entre os casais. Na nova letra “o cravo encontrou a rosa/ debaixo de uma sacada/o cravo fi cou feliz /e a rosa fi cou encantada”. Que diabos é isso? O próximo passo é en- quadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que “O cravo brigou com a rosa” faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro? (...) Outra música infantil que mudou de letra foi “Samba Lelê”. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: “Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas”. A palmada na bunda está proibida. Incita a vio- lência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: “Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar”. Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é “Samba Lelê”? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: “Samba Lelê”, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz. Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichi- nhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens. (...) Vivemos tempos de não me toques que eu magoo. (...) O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. (...) Nas aulas sobre o barroco mineiro, não pode- rei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha neces- sidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil. (...) Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Sere- mos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto. * Luiz Antônio Simas é mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Ja- neiro e professor de História do ensino médio. (http://ex-vermelho1.blogspot.com/2011/03/hipocrisia-o-cravo- nao-brigou-com-rosa.html - acesso em 21/03/2011) NEO234_GRAP-Portugues C.indd 68NEO234_GRAP-Portugues C.indd 68 19/09/2011 13:42:5919/09/2011 13:42:59 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 69 5. Em até 7 linhas, apresente seu posicionamento sobre as possíveis consequências do controle do uso de palavras e de comportamento considerados politicamente incorretos na nossa sociedade. 6. Apresente dois (2) exemplos, não mencionados nos textos acima, que envolvam a questão do politicamente (in)correto. TEXTO I: Beijo no trabalho provoca demissão A comerciária Neuma Simone Andrade Leal, 26, foi demitida pela empresa Lojas Brasileiras por causa de um beijo. Ela trabalhava como caixada empresa em Petrolina (a 760 km de Recife – PE) e estava em serviço quando beijou o namorado Amílton dos Santos. “Foi só uma bitoquinha, de leve”, afi rmou ela. O beijo aconteceu quando Santos a visitou na loja, na tarde de 5 de abril passado. No dia seguinte, ao retornar ao trabalho, Neuma Leal recebeu um comunicado da empresa avisando que estava suspensa por um dia. A justifi cativa era a de que ela havia cometido “erros gravíssimos” ao beijar “boca a boca com alguém do sexo oposto”. A comerciária decidiu então procurar o Sindicato dos Comerciários e a Subdelegacia do Trabalho. Fonte: Folha de S. Paulo, 27 jan. 1995. TEXTO II: Todo poder ao beijo A notícia de que uma comerciária tinha sido demitida por beijar o namorado na loja, enquanto trabalhava, logo se espalhou pelo país – e provocou comoção generalizada. Muitas pessoas fi caram consternadas, entre elas uma senhora que estava no estabelecimen- to no exato momento do incidente, ou seja, da súbita manifestação de paixão. “Foi uma coisa tão bonita”, disse ela às amigas, “mas tão bonita que eu tinha decidido fazer minhas compras só lá. Afi nal, uma funcionária tão carinhosa só pode ser boa pessoa. Agora não boto mais os pés naquele lugar”. Mas as reações não se limitaram à consternação. Imediatamente formou-se um grupo – trabalhadores, profi ssionais liberais, intelectuais – decididos a lutar pela causa da jovem. Um manifesto foi divulgado pela imprensa, abaixo- assinados começaram a circular. E o protesto se estendeu imediatamente a outros países. Ondas de paixão magoada percorreram o globo. Por toda parte, enamorados protestavam; e, por toda parte, o protesto ganhou as ruas, as associações, as manchetes de jornal. “Julieta não pode mais beijar Romeu”, dizia uma delas, e outra: “Serão os namorados uma espécie em extinção?” O caso inspirou poemas, canções, peças de teatro. Um novo perfume, chamado “Amor Frustrado”, foi lançado com grande sucesso; aspirando seu melancólico odor as pessoas chegavam às lágrimas. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 69NEO234_GRAP-Portugues C.indd 69 19/09/2011 13:42:5919/09/2011 13:42:59 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL70 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C “Façam o amor, não o comércio”, era o slogan de um novo movimento de jovens, que invadiam lojas para se beijar diante de espantados gerentes. Um fi lósofo francês escreveu, às pressas, um volume de mais de quinhentas páginas, provando que há uma continuidade entre o ato de vender e o de beijar, ambos fazendo parte da grande área formada pelas trocas amorosas. Em muitos países, medidas de proteção a apaixonados foram adotadas. Por exemplo, a criação do Dia do Beijo. Empresas avançadas passaram a incluir a capacidade de beijar nos planos de controle de qualidade. Reproduções do famoso trabalho de Rodin, “O Beijo”, circulavam aos milhões pelo mundo. É claro que muitos não gostavam disto. Imoralidade, bradavam alguns. É o fi m da civilização, gritavam outros. Aos poucos, o assunto foi sendo esquecido. O comércio voltou a vender como sempre. Mas nem por isso os namorados deixaram de se beijar. Nas lojas ou fora delas. Fonte: Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 27 abr. 1995. O tema é a delimitação do assunto tratado em um texto . Assinale a alternativa que apresenta o tema comum aos dois textos: Resposta: D (A) A atitude carinhosa de uma funcionária. (B) O erro gravíssimo de uma funcionária. (C) A importância do Sindicato dos Comerciários e da Subdelegacia do Trabalho. (D) O beijo na boca que provocou a demissão de uma funcionária. (E) A valorização do amor e não do comércio. 8. Embora tratem do mesmo assunto, os textos pertencem a gêneros diferentes, são eles, respectivamente: Resposta: E (A) Notícia e carta de leitor. (B) Crônica e carta pessoal. (C) Bilhete e crônica. (D) Reportagem e notícia. (E) Notícia e crônica. 9. Analise as diferenças linguísticas e estéticas existentes entre esses dois gêneros narrativos, e escreva V nas alternativas verdadeiras e F nas falsas. ( ) O texto I trata de um fato recente à epoca e, normalmente, de relevância para os leitores à época e é mais curto que o texto II. ( ) O texto I possui uma linguagem direta e objetiva, enquanto que o II possui linguagem mais literária. ( ) O texto II revela uma visão pessoal sobre um fato veiculado em jornais ou sobre fatos do cotidiano. 10. Assinale a alternativa que melhor caracteriza o texto “Todo poder ao beijo”: Resposta: E (A) Apesar de se basear num fato jornalístico, o autor não fundamenta seu ponto de vista. (B) O autor se baseia numa notícia divulgada pelos meios de comunicação para discorrer sobre o Dia dos Namorados. (C) O texto é essencialmente descritivo, pois se inicia pela apresentação detalhada de um fato e termina com a descrição de uma realidade futura. (D) O autor debate dois temas que não se relacionam: o comportamento dos funcionários e a opinião pública. (E) O texto apresenta, desde o título, o ponto de vista do autor sobre a notícia com argumentos que fundamentam tal opinião. 11. Assinale a alternativa correta, segundo o texto II: (A) O primeiro parágrafo conclui o assunto, apresentando inclusive uma possível solução para o problema da funcionária. (B) No quarto e quinto parágrafos, o autor dá destaque à repercussão do fato apresentado no primeiro parágrafo. (C) Nos dois primeiros parágrafos, o autor se posiciona de forma crítica e contrária diante do fato jornalístico que introduz o assunto do texto. (D) No terceiro parágrafo, há um momento de nostalgia, em que a senhora relembra os tempos de sua juventude, idealizando-a em relação ao presente. (E) O último parágrafo revela de modo claro como o autor se posiciona quanto ao assunto abordado. Resposta: V, V, V Resposta: B NEO234_GRAP-Portugues C.indd 70NEO234_GRAP-Portugues C.indd 70 19/09/2011 13:42:5919/09/2011 13:42:59 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 71 12. Por que a senhora que estava no estabelecimento no momento do incidente diz que não voltará mais àquele local? 13. Com que fi nalidade o autor utiliza em seu texto a indagação: “Serão os namorados uma espécie em extinção?” 14. O protesto a favor “do beijo” foi geral? Justifi que sua resposta com um trecho partir do texto II. Porque em sua opinião a moça foi injustiçada, pois expressava um ato de carinho, sendo a empresa desumana e injusta. O cronista utiliza essa indagação com a fi nalidade de argumentar favoravelmente ao fato ocorrido, mostrando que algo foi tratado como absurdo, anormal, quando não devia. Não. “É claro que muitos não gostavam disto. Imoralidade, bradavam alguns. É o fi m da civilização, gritavam outros.” 15. Os dias escuros Amanheceu um dia sem luz – mais um – e há um grande silêncio na rua. Chego à janela e não vejo as fi guras habituais dos primeiros trabalhadores. A cidade, ensopada de chuva, parece que desistiu de viver. Só a chuva mantém constante seu movimento entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não sinto a menor vontade de fazê-lo. Não que falte assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os morros, as casas, as pistas, as pessoas, a alma de todos nós. Barracos que se desmancham como armações de baralho e, por baixo de seus restos, mortos, mortos, mortos. Sobreviventes mariscando na lama, à pesquisa de mortos e de pobres objetos amassados. Depósito de gente no chão das escolas, e toda essa gente precisando de colchão, roupa de corpo, comida, medicamento. O calhau solto que fez parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas, porque não dão mais passagem. Carrossubmersos, aviões e ônibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias e supermercados como em dia de revolução. O desabamento que acaba de acontecer e os desabamentos programados para daqui a poucos instantes. Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se não saio à rua, nem por isso a imagem é menos ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a variada pungência de seus horrores. Sim, é admirável o esforço de todo mundo para enfrentar a calamidade e socorrer as vítimas, esforço que chega a ser perturbador pelo excesso de devotamento desprovido de técnica. Mas se não fosse essa mobilização espontânea do povo, determinada pelo sentimento humano, à revelia do governo incitando-o à ação, que seria desta cidade, tão rica de galas e bens supérfl uos, e tão miserável em sua infra estrutura de submoradia, de subalimentação e de condições primitivas de trabalho? Mobilização que de certo modo supre o eterno despreparo, a clássica desarrumação das agências ofi ciais, fazendo surgir de improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente de afeto solidário, participante, que procura abarcar todos os fl agelados. Chuva e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omissões urbanísticas; e remorso, por que escondê-lo? Pois NEO234_GRAP-Portugues C.indd 71NEO234_GRAP-Portugues C.indd 71 19/09/2011 13:42:5919/09/2011 13:42:59 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL72 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C deve existir um sentimento geral de culpa diante de cidade tão desprotegida de armadura assistencial, tão vazia de meios de defesa da existência humana, que temos o dever de implantar e entretanto não implantamos, enquanto a chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferência sobre a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da natureza; a mão de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianças que nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino anônimo. No dia escuro, de más notícias esvoaçando, com a esperança de milhões de seres posta num raio de sol que teima em não romper, não há alegria para a crônica, nem lhe resta outro sentido senão o triste registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro. (Correio da Manhã, 14/01/1966 - Carlos Drummond de Andrade) 24 DE JANEIRO DE 2011 ( HTTP://CHARGESBRUNO.BLOGSPOT.COM/- ACESSO EM 27/03/2011 Relacione a charge à crônica e posicione-se diante dos fatos apresentados. Para tanto, não deixe de considerar a data de publicação de ambas. Não ultrapasse o limite de 12 linhas. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 72NEO234_GRAP-Portugues C.indd 72 19/09/2011 13:42:5919/09/2011 13:42:59 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 73 TEXTO PARA A QUESTÃO 16: Quer tomar bomba? Quer tomar bomba? Pode aplicar Mas eu não garanto se vai inchar Efeito estufa, ação, reação Estria no corpo, aí, vai, vacilão Deca, winstrol, durateston, textex A fórmula mágica pra você fi car mais sexy Mulher, dinheiro, oportunidade Um ciclo de winstrol e você é celebridade Barriga estilo tanque, pura defi nição Duas horas de tensão, não vacila, vai pro chão Três, quatro, quanto mais repetição Vai perder muito mais rápido Então, vem, sente a pressão (MAG. Quer tomar bomba? Disponível em: <www.vagalume. com.br> Acesso em: 2 out. 2007. [Adaptado]. Canção Dá-me pétalas de rosa Dessa boca pequenina: Vem com teu riso, formosa! Vem com teu beijo, divina! Transforma num paraíso O inferno do meu desejo... Formosa, vem com teu riso! Divina, vem com teu beijo! Oh! tu, que tornas radiosa Minh’alma, que a dor domina, Só com teu riso, formosa, Só com teu beijo, divina! Tenho frio, e não diviso Luz na treva em que me vejo: Dá-me o clarão do teu riso! Dá-me o fogo do teu beijo! (BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 70. (Coleção Melhores poemas). 16. (UFG-GO) No rap “Quer tomar bomba?”, a associação do uso de “medicamentos” ao exercício físico sugere o seguinte dilema: (A) O culto à beleza física versus o cultivo da beleza interior. (B) O zelo com a saúde mental versus a preocupação com a saúde corporal. (C) A obtenção de resultados pela força de vontade versus o recurso à medicina desportiva. (D) A manutenção da juventude versus a aceitação do envelhecimento. (E) O cuidado consigo mesmo versus o desejo de ser atraente ao outro. TEXTO PARA A QUESTÃO 17: SINAL FECHADO (...) - Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios... - Oh, não tem de quê, eu também só ando a cem... (...) - Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas... - Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança... - Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa rapidamente... - Pra semana... - O sinal... - Eu procuro você... - Vai abrir! Vai abrir! - Prometo, não esqueço... - Por favor, não esqueça... - Não esqueço, não esqueço... - Adeus... Paulinho da Viola. 17. (Fuvest-SP) No trecho da canção de Paulinho da Viola e nos quadrinhos de Juarez Machado, representa-se um desencontro, cuja razão maior está (A) na eliminação dos desejos pessoais. (B) nas imposições do cotidiano moderno. (C) na falta de confi ança no outro. (D) na expectativa romântica das pessoas. (E) no mecanismo egoísta das paixões. Resposta: E Resposta: B NEO234_GRAP-Portugues C.indd 73NEO234_GRAP-Portugues C.indd 73 19/09/2011 13:43:0119/09/2011 13:43:01 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL74 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C REDAÇÃO 18. (UFPR) Em 3 de setembro de 2010, a revista ISTOÉ publicou uma síntese, assinada por Paulo Lima, do livro ainda inédito “Fé em Deus e pé na tábua – Como e por que você enlouquece dirigindo no Brasil”, do antropólogo Roberto DaMatta: Nosso comportamento terrível no trânsito é resultado da nossa incapacidade de sermos uma sociedade igualitária; de instituirmos a igualdade como um guia para a nossa conduta. Nosso trânsito reproduz valores de uma sociedade que se quer republicana e moderna, mas ainda está atrelada a um passado aristocrático, no qual alguns podiam mais do que muitos, como ocorre até hoje. Em casa, nós somos ensinados que somos únicos, especiais. Aprendemos que nossas vontades sempre podem ser atendidas. É o espaço do acolhimento, do tudo é possível por meio da mamãe. Daí a pessoa chega na rua e não consegue entender aquele espaço onde todos são juridicamente iguais. Ir para a rua, no Brasil, ainda é um ato dramático, porque signifi ca abandonar a teia de laços sociais onde todos se conhecem e ir para um espaço onde ninguém é de ninguém. E o trânsito é o lado mais negativo desse mundo da rua. É doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro. Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro. O motorista não consegue entender que ele não é diferente de outro motorista, do pedestre, do motorista de ônibus. Que ele não tem um salvo-conduto para transgredir as leis. No Brasil, obedecer à lei é uma babaquice, um sintoma de inferioridade. Quem obedece é subordinado porque a hierarquia que permeia nossas relações sociais jamais foi politizada. Isso é herança de uma sociedade aristocrática e patrimonialista, em que não houve investimento sériono transporte coletivo e onde ainda impera o “Você sabe com quem está falando?” (LIMA, Paulo. “Como estou dirigindo?”, ISTOÉ ed. 2130.) Tomando como ponto de partida as opiniões de DaMatta, escreva uma carta dirigida ao Secretário de Educação do Estado do Paraná, solicitando a inclusão, no currículo do Ensino Médio, de conteúdos voltados à educação para o trânsito. Use as afi rmações de DaMatta como argumentos para fundamentar sua solicitação. O texto deve ter de 10 a 12 linhas. A carta NÃO deverá ser assinada. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 74NEO234_GRAP-Portugues C.indd 74 19/09/2011 13:43:0119/09/2011 13:43:01 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 75 19. (UFPR) Observe esta sequência de quadrinhos do cartunista argentino Quino: É importante que você aprenda desde pequeno como são as coisas PERNAS CONTATO HUMANO CÉREBRO O PRÓXIMO A QUEM AMAR IDEAIS, MORAL, HONESTIDADE Em um texto de 10 a 12 linhas, apresente as críticas que o autor faz à sociedade atual. Procure integrá-las em uma análise unifi cada, evitando a descrição quadro a quadro. TEXTO PARA A QUESTÃO 20: A RITA Chico Buarque A Rita levou meu sorriso No sorriso dela Meu assunto Levou junto com ela E o que me é de direito Arrancou-me do peito E tem mais Levou seu retrato, seu trapo, seu prato Que papel! Uma imagem de São Francisco E um bom disco de Noel A Rita matou nosso amor De vingança Nem herança deixou NEO234_GRAP-Portugues C.indd 75NEO234_GRAP-Portugues C.indd 75 19/09/2011 13:43:0119/09/2011 13:43:01 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL76 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C Não levou um tostão Porque não tinha não Mas causou perdas e danos Levou os meus planos Meus pobres enganos Os meus vinte anos O meu coração E além de tudo Me deixou mudo Um violão 20. (PUC-MG) Após a leitura do texto e da charge, considere as análises a seguir. I. Para criar uma paródia, o chargista, oportunamente, explora a coincidência de nomes atribuídos à letra de Chico Buarque de Holanda e ao furacão que atingiu os Estados Unidos. II. A charge faz alusão aos efeitos do furacão sobre a imagem do presidente Bush; o texto explora, por sua vez, os efeitos que a ausência da amada provoca no poeta. III. Na charge, um dos mecanismos de construção intertextual empregado consiste na subversão do tema abordado na letra da canção de Chico Buarque. IV. Na charge, verifi ca-se a instauração de uma linguagem lúdica, recurso pouco explorado em gêneros que enfocam o humor. Assinale: Resposta: C (A) se apenas I for correta. (B) se II e IV forem corretas. (C) se I, II e III forem corretas. (D) se I e IV forem corretas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 21: VINGANÇA Eu gostei tanto, Tanto quando me contaram Que lhe encontraram Bebendo, chorando Na mesa de um bar. E que quando os amigos do peito Por mim perguntaram Um soluço cortou sua voz, Não lhe deixou falar. Eu gostei tanto, Tanto quando me contaram Que tive mesmo de fazer esforço P’ra ninguém notar. O remorso talvez seja a causa Do seu desespero Ela deve estar bem consciente Do que praticou, Me fazer passar tanta vergonha Com um companheiro E a vergonha É a herança maior que meu pai me deixou; Mas, enquanto houver voz no meu peito Eu não quero mais nada De p’ra todos os santos vingança, Vingança clamar, Ela há de rolar qual as pedras Que rolam na estrada Sem ter nunca um cantinho de seu P’ra poder descansar. (Lupicínio Rodrigues. “Vingança”. 1951.) OLHOS NOS OLHOS Quando você me deixou, meu bem Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer Olhos nos olhos, quero ver o que você faz NEO234_GRAP-Portugues C.indd 76NEO234_GRAP-Portugues C.indd 76 19/09/2011 13:43:0319/09/2011 13:43:03 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 77 Ao sentir que sem você eu passo bem demais E que venho até remoçando me pego cantando Sem mais nem porquê E tantas águas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando talvez precisar de mim ‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim olhos nos olhos, quero ver o que você diz quero ver como suporta me ver tão feliz. (Chico Buarque. Letra e música. 1989.) 21. (Unesp) Embora explore o mesmo tema das duas letras, a tira de Glauco diferencia-se pelo tipo de abordagem, que não apresenta a emotividade intensa da letra de Lupicínio, nem o sentimento sutil da letra de Chico. Com base nesta observação e tendo em mente a natureza das tiras de jornais ou revistas, a) aponte essa diferença de tipo de abordagem do tema na tira de Glauco; b) explique a relação aparentemente absurda entre a imagem e a frase no último quadrinho. Na tira de Glauco: a intenção humorística, o espaço exíguo e a necessidade de ilustrar sentimentos e emoções por meio de imagens fazem com que o ciúme seja representado por um bicho monstruoso e a dor do ciúme, por uma facada. A relação entre a fala e a imagem não é absurda, pois a facada representada na imagem é a forma de o ciúme “matar a saudade” que tem da personagem. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 77NEO234_GRAP-Portugues C.indd 77 19/09/2011 13:43:0319/09/2011 13:43:03 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL78 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C TEXTO PARA A QUESTÃO 22: Texto I Largo em sentir, em respirar sucinto, Peno, e calo, tão fi no e tão atento, Que fazendo disfarce do tormento, Mostro que o não padeço, e sei que o sinto. O mal que fora encubro, ou que desminto, Dentro no coração é que o sustento: Com que para penar é sentimento, Para não se entender, é labirinto. Ninguém sufoca a voz nos seus retiros; Da tempestade é o estrondo efeito: Lá tem ecos a terra, o mar suspiros. Mas oh! Do meu segredo alto conceito! Pois não chegam a vir à boca os tiros Dos combates que vão dentro do peito. (Gregório de Matos Guerra. Sonetos) Texto II O TEMPO NÃO PARA Disparo como um sol. Sou forte sou por acaso Minha metralhadora cheia de mágoas Eu sou um cara Cansado de correr na direção contrária Sem pódio de chegada ou beijo de namorada Eu sou mais um cara Mas se você achar que eu tô derrotado Saiba que ainda estou rolando os dados Porque o tempo ... o tempo não para Dias sim ...dias não eu vou sobrevivendo sem um arranhão Da caridade de quem me detesta A tua piscina tá cheia de ratos Tuas ideias não correspondem aos fatos O tempo não para Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para.... não para... não... não para Eu não tenho data pra comemorar Às vezes os meus dias são de par em par Procurando agulha num palheiro Nas noites de frio é melhor nem nascer Nas de calor se escolhe é matar ou morrer E assim nos tornamos brasileiros Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro Transformam um país inteiro num puteiro Pois assim se ganha mais dinheiro (Cazuza) 22. (UFF-RJ) As estéticas literárias não se confi nam a determinados tempos e a determinados autores na expressão do sentimento e da visão de mundo. De uma forma ou de outra, os poetas Gregório de Matos e Cazuza (séculos XVI e XX, respectivamente) discutemas contradições que, atemporalmente, cercam a existência humana. Transcreva DOIS VERSOS SEGUIDOS DO TEXTO I E DOIS VERSOS SEGUIDOS DO TEXTO II que comprovem o caráter contraditório da visão de mundo de cada autor. Texto I: “Largo em sentir, em respirar sucinto./ Peno, e calo, tão fi no e tão atento.” Texto II: “Cansado de correr na direção contrária/Sem pódio de chegada ou beijo de namorada.” NEO234_GRAP-Portugues C.indd 78NEO234_GRAP-Portugues C.indd 78 19/09/2011 13:43:0319/09/2011 13:43:03 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 79 23. (UFPR) Faça um resumo de até 10 linhas do texto a seguir. Desastres naturais e desastres sociais Estudos nos mostram que os desastres “naturais” são moldados signifi cativamente pelas mes- mas desigualdades sociais que afetam o dia a dia Desastres “naturais”, como o que se abateu recentemente sobre o Rio de Janeiro, produzem reações psicológicas intrigantes. Esse tipo de evento aguça nossa capacidade de empatizar com os outros e nos move a agir com genero- sidade ampliada, que outras situações com igual ou maior impacto em termos de sofrimento humano e número de vítimas não fazem. Doações após o tsunami na Ásia são o exemplo mais claro e emblemático dos últimos anos. Em poucos dias, governos de todo o mundo haviam prometido doar quase US$ 5 bilhões para uma tragédia que, segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde, causou 32 mil mortes e afetou de alguma forma outras 500 mil pessoas. Já o Fundo Global para o Combate à Aids, Tuberculose e Malária vai gastar esse ano cerca de US$ 20 bilhões (apenas quatro vezes mais), com medidas que benefi ciarão 174 milhões de pessoas. Mas essa reação psicológica diferenciada em face de desastres “naturais” se funda numa premissa enganosa (daí a utilização das aspas). Embora os gatilhos dos desastres sejam eventos naturais (geralmente condições geológicas e atmosféri- cas), a magnitude de seus danos varia fortemente com as condições econômicas, sociais e políticas da região afetada. Um recente estudo da ONU sobre desastres ocorridos no mundo de 1975 a 2007 conclui taxativamente: populações sujeitas a riscos similares em gravidade sofrem danos signifi cativamente mais graves e extensos se morarem em países pobres e com governos corruptos e inefi cientes. Japão e Filipinas são bons exemplos. A probabilidade de mortes decorrentes de tufões nas Filipinas é 17 vezes maior do que no Japão, em- bora o número de pessoas sujeitas a esse evento natural seja similar! (conforme “Risk and Poverty in a Changing Climate”, 2009). Como bem apontou a socióloga americana Kathleen Tierney ao analisar o evento do furacão Katrina em Nova Orleans, os desastres “naturais”, ao contrário de outras mazelas sociais do dia a dia, geram “crises de consenso” (em oposição às “crises de confl itos”), de onde emergem “comunidades terapêuticas” que dão suporte às vítimas e ampliam o grau de coesão da comunidade (“Social Inequality, Hazards and Disasters”, 2006). Há várias explicações para esse comportamento incoerente. Fazemos distinção moral rígida entre os danos causados por forças naturais e os causados pela ação humana. Nos primeiros, não temos dúvida de que as vítimas são inocentes e nossa capacidade de empatia é automática. Nos outros, nosso julgamento é ofuscado por dúvidas sobre causalidade e responsabilidade que nos paralisam na ação. Outro fator explicativo é a frequência com que esses eventos ocorrem. Se desastres “naturais” ocorres- sem com muita frequência, provavelmente nossa capacidade de empatia com as vítimas diminuiria, em decorrência do fenômeno da “anestesia moral”. Precisamos refi nar nossos julgamentos morais à luz dos estudos acima citados, que mostram que os de- sastres “naturais” são moldados signifi cativamente pelos mesmos fatores de estratifi cação e desigual- dades sociais que infl uenciam a vida das pessoas no dia a dia. Se conseguirmos, com isso, responder aos desastres sociais da mesma forma como respondemos aos desastres “naturais”, estaremos no caminho certo para a minimização de ambos. OCTAVIO LUIZ MOTTA FERRAZ, 39, mestre em direito pela USP, doutor em direito pela Universidade de Londres, professor da Escola de Direito da Universidade de Warwick, Reino Unido. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 79NEO234_GRAP-Portugues C.indd 79 19/09/2011 13:43:0419/09/2011 13:43:04 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL80 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C A questão a seguir baseia-se nos textos abaixo: Soneto de fi delidade (Vinicius de Moraes) De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fi m de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infi nito enquanto dure. Por enquanto (Renato Russo) Mudaram as estações Nada mudou Mas eu sei que alguma coisa aconteceu Tá tudo assim, tão diferente Se lembra quando a gente Chegou um dia a acreditar Que tudo era pra sempre Sem saber Que o pra sempre Sempre acaba. 24. (Ufscar-SP) Em “Por enquanto”, Renato Russo diz que “... o pra sempre/sempre acaba”. Essa ideia, no poema de Vinicius de Moraes, apa- rece no seguinte verso: Resposta: A (A) “Mas que seja infi nito enquanto dure”. (B) “Quero vivê-lo em cada vão momento”. (C) “Quem sabe a morte, angústia de quem vive”. (D) “Quem sabe a solidão, fi m de que ama”. (E) “Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto”. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 80NEO234_GRAP-Portugues C.indd 80 19/09/2011 13:43:0419/09/2011 13:43:04 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 81 25. (UFPR) Leia as notícias abaixo: Notícia 1: Escola secundária nos EUA vai ter biblioteca digital A Cushing Academy, uma escola secundária privada do Massachusetts, EUA, decidiu que os livros são uma tecnologia ultrapassada e vai trocá-los por versões digitais. O novo centro de aprendizagem de 500 mil dólares irá oferecer dezoito leitores de e-book Amazon Kindle e Sony, televisores planos, uma cafeteria e cubículos de estudo onde os alunos poderão usar os computadores portáteis. James Tracy, diretor da escola, disse: “Quando olhos para os livros, vejo uma tecnologia ultrapassada, tal como os pergaminhos foram ultrapassados pelos livros”. Tracy acrescentou que “não se trata de recriar Fahrenheit 451*. Não estamos desencorajando os alunos a ler.Vemos isto como uma forma natural de lidar com tendências emergentes e otimizar a tecnologia”. O diretor espera que os 20 mil livros da biblioteca transitem para uma versão virtual, juntando-se a um catálogo muito maior a que os alunos terão acesso. Devido às limitações de espaço, a escola está do- ando os antigos livros a escolas locais e bibliotecas. * Fahrenheit 451: romance de fi cção científi ca (Ray Bradbury, 1953), que cria um futuro no qual todos os livros são proibidos. (Revista Exame Informática (Portugal), 7 set. 2009. Adaptado de <http://aeiou.exameinformatica.pt/escola-secundaria-nos-eua-vai-ter-biblioteca- digital=f1003327>. Acesso em 21 set. 2010.) Notícia 2: Lei exige que escola tenha biblioteca O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que determina a instalação de bibliotecas em todas as instituições de ensino do País em um prazo de dez anos. Atualmente,quase 100 mil colégios de ensino fundamental público e particular não contam com esses espaços. Segundo o texto, publicado nesta terça-feira no Diário Ofi cial da União, cada biblioteca deve ter, no mínimo, um título para cada aluno matriculado. Segundo o Censo Escolar de 2009, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, só 34,8% das escolas de ensino fundamental do País tinham bibliotecas até o ano passado. Eram 99.986 colégios sem coleções disponíveis para consulta dos alunos. (Estadão.com. 26 mai 2010. <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,lei-exige-que-escola-tenha-biblioteca,556959,0.htm>. Acesso em 22 set. 2010.) A polêmica decisão da escola americana foi comentada pelos jornais e revistas do mundo todo. Qual é seu ponto de vista sobre a decisão da Cushing Academy? Escreva um texto posicionando-se frente ao fato noticiado. Seu texto deve: apresentar sua opinião e os argumentos que a sustentam; relacionar o fato com a situação das escolas brasileiras, a partir da notícia publicada no Estadão.com; ter de 10 a 12 linhas. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 81NEO234_GRAP-Portugues C.indd 81 19/09/2011 13:43:0419/09/2011 13:43:04 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL82 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 26. (UEM-PR) O texto de Luis Pellegrini aborda a temática referente à autoridade parental. Tendo-o como apoio, redija o gênero textual solicitado. A autoridade em crise Por Luis Pellegrini Autoridade e autoritarismo são coisas muito diferentes. Ambas as palavras têm o mesmo radical: autor. Mas, enquanto a primeira pode ser entendida como o poder de impor limites necessários para a con- vivência em sociedade, a segunda indica um exacerbamento desse poder, realizado pela simples im- posição de uma ideia sem possibilidade de contraposição. É exatamente por confundir e misturar os signifi cados de autoridade e autoritarismo que tantos pais, hoje, têm medo de exercer qualquer forma de poder sobre seus fi lhos – seja ele justo e necessário à boa educação da criança ou um poder ilícito e prepotente, ditado apenas pelo desejo arrogante de se impor a qualquer custo. Em qualquer tipo de relação humana, o autoritarismo é sempre estúpido e nefasto. Mas, em relações do tipo professor/aluno e, sobretudo, nas relações entre pais e fi lhos, a autoridade é indispensável para a construção sadia da criança. A autoridade enfrenta séria crise na sociedade contemporânea. Levadas ao exagero, sentenças do tipo “é proibido proibir”, que se transformaram em palavras de ordem nos anos hippies das décadas de 1960 e 1970, fi zeram muito mais estragos do que se poderia supor naqueles momentos de farra libertária. Plantaram nas mentes e nos corações a convicção falsa e perigosa de que, na vida, tudo são direitos e nada é dever. Boa parte dos pais de hoje (eles mesmos mal-educados) simplesmente não sabem o que fazer para controlar a rebeldia dos fi lhos, perdendo-se no interior de situações esdrúxulas nas quais quem deveria ser comandado comanda, e quem deveria mandar comete um desmando atrás do outro. (...) A crise da autoridade parental é real e se refl ete em projeções danosas em todos os demais aspectos da sociedade. No Brasil, basta prestar atenção ao que acontece atualmente em todas as esferas do poder governamental, seja ele executivo, legislativo ou judiciário. (...). O problema é exemplar e vem do berço. Quem não aprendeu desde cedo a ter consciência de limites tenderá a viver e a manifestar até o fi m a sua patologia de descomedimentos. Nos consultórios, os psicólogos especializados em problemas de família ouvem esses mesmos desaba- fos todos os dias. Qual é a causa dessa grande desordem familiar? A ausência da autoridade, dizem os especialistas. Esses pais, que pensam cuidar bem de seus fi lhos e procuram ser o mais zelosos e aten- tos possível, não impõem aquilo que deveriam impor. Seja porque rejeitam, “por princípio”, toda posição de autoridade, seja porque, embora querendo manifestar sua autoridade, não conseguem mantê-la por mais de alguns instantes. Sabemos todos, no entanto (e os educadores que trabalham em comunidades periféricas carentes me- lhor que ninguém), que é a falta de educação e, portanto, de autoridade – familiar, escolar ou social – que fabrica a delinquência. Educar uma criança signifi ca ensiná-la a se tornar um ser civilizado. Isso pressupõe, no que diz respeito aos pais, fi rmeza, constância e, sobretudo, a convicção de que essa autoridade é legítima porque sem ela não é possível uma construção correta da criança. (...) (Revista Planeta, Ano 36, Edição 433, p.48-51, outubro de 2008). Redija um resumo, em até 15 linhas, apresentando as informações principais sobre a autoridade paren- tal, discutida no texto “A autoridade em crise”. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 82NEO234_GRAP-Portugues C.indd 82 19/09/2011 13:43:0419/09/2011 13:43:04 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 83 27. Em até 20 linhas, elabore uma narrativa em que os dois “atores” das fotos (cão e gato) participem como personagens, tentando esclarecer os desejos que se escondem no coração de um doce cachorro e onde se esconde o poder de sedução de um frágil gatinho. Dê um título a seu texto. (http://www.google.com.br/imgres?imgurl= acesso em 16/11/2010) NEO234_GRAP-Portugues C.indd 83NEO234_GRAP-Portugues C.indd 83 19/09/2011 13:43:0419/09/2011 13:43:04 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL84 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C (UEM-PR) A coletânea de textos a seguir aborda a temática a posição do idoso em nossa sociedade. Tendo esses textos como apoio, redija os gêneros textuais solicitados. TEXTO 1 Senilidade e a invisibilidade social Camila Maciel Polonio (...) A maioria dos idosos no Brasil encontram-se em condição de invisibilidade, social, política e muitas vezes familiar. Morte social? Morte familiar? Estão vivos, mas não possuem lugar. A visão sobre o ancião mudou, do patriarca para ... para o quê? Em muitas famílias não há o espaço para o idoso. Há alguns anos atrás o idoso era tido como patriarca, que era dotado de sabedoria. (...) O ancião era o guia familiar, os mais novos pediam conselho e ouviam as suas orientações. Eles exerciam um papel que, após o término da sua função de produtividade, assumiam o de líderes familiares. O idoso saía do lugar de provedor, cargo este assumido por seus fi lhos, para ocupar o de orientador. A sabedoria nada tinha a ver com estudos, era o arquivo das experiências da vida. Hoje, algumas famílias encontram- se cada vez mais fechadas e mais focadas na produção, aquele que não produz não tem espaço. O idoso dessa forma perde o seu lugar na família e na sociedade. No entanto, acredito que, assim como os jovens conseguiram, ao longo da história, mudar a sua posição social e familiar, tornando-se importante foco da sociedade, a senilidade conseguirá novamente o respeito. Como? Se cada família jovem conseguir compreender que, em determinado momento precisará cuidar de seus idosos, irá construir em seus fi lhos a mesma compreensão. Se conseguir sair das justifi cativas capitalistas, conseguir valorizar o saber, sobrepondo o valor da produção, irá reconstruir o valor do idoso. Se pais, fi lhos e netos assimilarem o ciclo vital e conseguirem ressignifi car os papéis familiares, todos terão direito e lugar na sociedade. (...) A população está envelhecendo e precisamos modifi car o nosso olhar, a nossa educação e o respeito por aqueles que fi zeram e fazem parte da história. (Disponível em: <http://camilamacielpolonio.blogspot.com/2010/04/senilidade-einvisibilidade-social.html>. Acesso em 18/4/2011). TEXTO 2 A sociedade e a terceira idade Dr. João Roberto D. Azevedo As sociedades ricas, de primeiro mundo, encaram a Terceira Idade de maneira bastante prática e objetiva. O idoso recebe nessas sociedades todos os seus direitos e têm bem nítidos os seus limites, sendo que em determinados países há clara tendência em aproveitá-lo inclusive profi ssionalmente. Infelizmente, sociedades pobres como a nossa tendem a isolar o idoso, não sendo rara a ideia de considerá-lo inútil, um verdadeiro peso morto. A exagerada valorização da juventude, tão própria da sociedade moderna, contribui muito para piorar o conceito de Terceira Idade em nosso meio. A Saúde Pública e a Previdência Social não estão estruturadas para cuidar de maneira efi ciente da Terceira Idade. (...) A nossa autoapreciação recebe então infl uências das características psicológicas individuais e, evidentemente, das pressões sociais: como se sentir diante de si mesmo, ou diante da apreciação dos outros? Qual a repercussão sobre uma pessoa saudável e ativa, com 75 anos de idade, que se vê absolutamente rejeitada? (Disponível em: <http://boasaude.uol.com.br/lib/emailorprint.cfm?id=3050&type=lib>. Acesso em 14/4/2011). NEO234_GRAP-Portugues C.indd 84NEO234_GRAP-Portugues C.indd 84 19/09/2011 13:43:0519/09/2011 13:43:05 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 85 TEXTO 3 Velhice Vinícius de Moraes Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente olhando as coisas através de uma fi losofi a sensata e lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite. Nesse dia, Deus talvez tenha entrado defi nitivamente em meu espírito ou talvez tenha saído defi nitivamente dele. Então, todos os meus atos serão encaminhados no sentido do túmulo e todas as ideias autobiográfi cas da mocidade terão desaparecido: fi cará talvez somente a ideia do testamento bem escrito. Serei um velho, não terei mocidade, nem sexo, nem vida. Só terei uma experiência extraordinária. Fecharei minha alma a todos e a tudo. Passará por mim muito longe o ruído da vida e do mundo. Só o ruído do coração doente me avisará de uns restos de vida em mim. Nem o cigarro da mocidade restará. Será um cigarro forte que satisfará os pulmões viciados E que dará a tudo um ar saturado de velhice. Não escreverei mais a lápis E só usarei pergaminhos compridos. Terei um casaco de alpaca que me fechará os olhos. Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio, cheio de irritação para com a vida, cheio de irritação para comigo mesmo. O eterno velho que nada é, nada vale, nada teve o velho, cujo único valor é ser o cadáver de uma mocidade criadora. (Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_art icle=29>. Acesso em 18/4/2011). 28. GÊNERO TEXTUAL 1 – RESUMO Redija um resumo, em até 15 linhas, que exponha as ideias e as informações consideradas fundamentais para a compreensão da temática sobre a posição do idoso em nossa sociedade, abordada no TEXTO 1. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 85NEO234_GRAP-Portugues C.indd 85 19/09/2011 13:43:0519/09/2011 13:43:05 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL86 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 29. GÊNERO TEXTUAL 2 – RESPOSTA INTERPRETATIVA Redija, em até 15 linhas, uma resposta interpretativa, que indique as causas que explicam a atual posição do idoso em nossa sociedade, presentes nos TEXTOS 1 e 2, comprovando a causa expressa no TEXTO 3, com fragmentos desse texto. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 86NEO234_GRAP-Portugues C.indd 86 19/09/2011 13:43:0519/09/2011 13:43:05 Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C 87 SANTINHO Luís Fernando Veríssimo Me lembro com clareza de todas as minhas professoras, mas me lembro de uma em particular. Ela se chamava Dona Ilka. Curioso: por que escrevi “Dona Ilka” e não Ilka? Talvez por medo de que ela se materializasse aqui ao meu lado e exigisse o “Dona”, onde se viu tratar professora pelo primeiro nome, menino? No meu tempo ainda não se usava o “tia”. Elas podiam ser boas, até maternais, mas decididamente não eram nossas tias. A Dona Ilka não era maternal. Era uma mulher pequena com um perfi l de passarinho. Um pequeno passarinho louro. E uma fera. Eu era um aluno “bem-comportado”. Era um vagabundo, não aprendia nada, vivia distraído. Mas comportamento, 10. Por isso até hoje faço verdadeiras faxinas na memória, procurando embaixo de tudo e em todos os nichos a razão de ter sido, um dia, castigado pela Dona Ilka. Alguma eu devo ter feito, mas não consigo lembrar o quê. O fato é que fui posto de castigo, que consistia em fi car em pé num canto da sala, com a cara virada para a parede (isso tudo, já dá para ver, foi mais ou menos lá pela Idade Média) mas o que eu nunca esqueci foi Dona Ilka ter me chamado de “santinho do pau oco”. Ser bem-comportado em aula não era decisão minha nem era nada de que me orgulhasse. Era só o meu temperamento. Mas a frase terrível de dona Ilka sugeria que a minha boa conduta era uma simulação. Eu era um falso. Um santo falsifi cado! Depois disso, o imaginário com perfi l de professora pousou no meu ombro e me chamou de fi ngido. Os santinhos do pau oco passam a vida se questionando. (...) 30. Relate um fato em que a personagem, como Veríssimo, tenha sido vítima de uma injustiça. Seu texto deverá ter até 15 linhas. Obedeça às seguintes indicações: Tempo: cronológico; Foco narrativo: 1a. pessoa; Crie um título para seu texto. NEO234_GRAP-Portugues C.indd 87NEO234_GRAP-Portugues C.indd 87 19/09/2011 13:43:0519/09/2011 13:43:05 Atividades preparatórias à 2a fase da UEL88 NEO.234_GRAP - Língua Portuguesa C NEO234_GRAP-Portugues C.indd 88NEO234_GRAP-Portugues C.indd 88 19/09/2011 13:43:0519/09/2011 13:43:05
Compartilhar