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Unidade II – texto 4 VI. Os fundamentos de um sistema jurídico A norma de reconhecimento e a validade jurídica Fundamento de um sistema jurídico: para a identificação de normas primárias, é aceita e utilizada uma norma secundária de reconhecimento. Em geral, a norma de reconhecimento não é explicitamente declarada, mas sua existência fica demonstrada pela forma como se identificam normas específicas. Há uma diferença entre o uso feito pelos tribunais dos critérios oferecidos pela norma e o uso que os outros fazem desses mesmos critérios; pois, quando os tribunais chegam a uma conclusão (uma norma foi identificada como jurídica), aquilo que declaram tem caráter especial de autoridade imperativa, que lhe é conferido por outras normas. Há a possibilidade de conflito entre essas aplicações vinculantes da regra e a interpretação geral daquilo que esta exige em seus próprios termos. Ponto de vista interno: o emprego de normas implícitas de reconhecimento pelos tribunais para identificar normas específicas do sistema. Enunciado interno: manifesta o ponto de vista interno e é usado por alguém que, aceitando a norma de reconhecimento e sem explicitar o fato de que é aceita, aplica a norma para reconhecer como válida alguma outra norma específica do sistema. Enunciado externo: linguagem típica de um observado externo ao sistema, que, sem aceitar ele próprio sua norma de reconhecimento, enuncia o fato de que outros a aceitam. Dizer que determinada norma é válida = reconhecer que esta satisfaz a todos os critérios propostos pela norma de reconhecimento e é, portanto, uma norma do sistema. As declarações de validade normalmente aplicam a um caso particular uma norma de reconhecimento aceita pelo falante e por outros, não declarando expressamente que a norma foi seguida. A compreensão da relação contextual normal entre o enunciado interno de que determinada norma de um sistema é válida e o enunciado factual externo de que o sistema é geralmente eficaz pode contribuir para que se aprecie a teoria comum que afirma a validade de uma norma como sendo imposta pelos tribunais ou desencadeie alguma providência oficial. Erro: ignora o caráter especial do enunciado interno e trata-o como um enunciado externo a respeito da atuação das autoridades. Norma de reconhecimento – estabelece os critérios para avaliar a validade das outras normas do sistema; é uma norma última. Quando houver vários critérios hierarquizados por ordem de subordinação e primazia relativa, um deles será considerado supremo. Supremo = as normas identificadas mediante referência a ele são ainda reconhecidas como normas do sistema mesmo que conflitem com outras normas identificadas mediante referência aos outros critérios. Ao passarmos da afirmação de que uma atuação legislativa específica é válida à de que a norma de reconhecimento do sistema é excelente e que o sistema nela baseado merece nossa adesão, teremos passado de uma declaração de validade jurídica a um enunciado valorativo. Os enunciados de validade jurídica feitos por juízes, juristas ou cidadãos comuns a respeito de normas específicas no cotidiano de um sistema jurídico realmente implicam certos pressupostos. São enunciados jurídicos internos que expressam o ponto de vista daqueles que aceitam a norma de reconhecimento do sistema e, assim, deixam implícitas muitas coisas que poderiam ser expressas em enunciados factuais externos sobre o sistema. Plano de fundo ou contexto normal das declarações de validade jurídica Pressupostos: Uma pessoa que afirma com segurança a validade de uma dada norma jurídica utiliza, ela própria, uma norma de reconhecimento que aceita como apropriada para identificar aquela lei. Essa norma de reconhecimento não é aceita apenas por aquela pessoa, mas constitui a norma de reconhecimento aceita e empregada de fato no funcionamento geral do sistema. Norma de reconhecimento – não pode ser válida nem inválida, mas seu uso para esse fim é simplesmente aceito como apropriado. A afirmação de que existe só pode ser um enunciado factual externo. Pois, enquanto uma norma subordinada de um sistema pode ser válida e existir, a norma de reconhecimento só existe como uma prática complexa que envolve a identificação do direito pelos tribunais, autoridades e indivíduos privados por meio da referência a determinados critérios. Sua existência é uma questão de fato. Novas questões
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