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A CRIANÇA E O CONHECIMENTO DE MUNDO PELAS REGRAS RCN E CPT

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A CRIANÇA E O CONHECIMENTO DE MUNDO PELAS REGRAS RCN E CPT
Ao nascer a criança se movimenta e, dia após dia, vai adquirindo controle do seu corpo, bem como interagindo com o mundo ao seu redor. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. Dessa forma, a criança começa a expressar sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. Em outras palavras, o movimento permite à criança agir sobre o meio físico e a se socializar, interagindo com outras crianças ou adultos.
No momento em que a criança brinca, joga, cria ritmos e movimentos, ela usa todo o seu repertório cultural, extraído de sua vivência pessoal. Daí o importante papel da escola, esta tem de propiciar à criança um ambiente físico e social, que acolha e proteja a criança, possibilitando a ela o conhecimento de si mesma, do outro e do ambiente que a cerca. Além disso, cabe ao educador propiciar à criança tudo aquilo que contempla a sua motricidade, englobando posturas corporais implicadas nas suas atividades cotidianas, bem como nas atividades voltadas para a ampliação da sua cultura corporal.
O movimento na Educação Infantil
Contrariando tudo o que envolve o desenvolvimento da criança, a escola impõe às crianças de diferentes idades rígidas restrições posturais, suprimindo o movimento. Notamos isso na imposição de longos momentos de espera — em fila ou sentada — em que a criança deve ficar quieta, sem se mover, ou mesmo, na realização de atividades mais sistematizadas, como de desenho, escrita ou leitura, em que qualquer deslocamento, gesto ou mudança de posição pode ser visto como desordem ou indisciplina.
Como consequência de tamanha rigidez, o educador estará desenvolvendo na criança uma postura de passividade, bem como hostilidade, onde o professor tenta, a todo custo, conter e controlar as manifestações motoras dessa criança. Por outro lado, se o educador permite que a criança se movimente, para dispender energia física, mas somente em determinado intervalo de tempo, ele estará limitando as possibilidades de expressão da criança, reprimindo suas iniciativas próprias, ao enquadrar os gestos e deslocamentos a modelos predeterminados ou a momentos específicos.
Por isso, é primordial que, ao lado das situações planejadas especialmente para trabalhar o movimento em suas várias dimensões, a instituição reflita sobre o espaço dado ao movimento em todos os momentos da rotina diária da criança, incorporando os diferentes significados que lhe são atribuídos pelos familiares e pela comunidade. Assim, a criança disciplinada não será aquela quieta e calada, mas sim será aquela envolvida e mobilizada pelas atividades propostas. Os deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação natural da criança.
Enfim, ao compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil, o professor terá mais facilidade de organizar melhor a sua prática, levando em conta as necessidades das crianças. E é durante os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas esportivas que essa motricidade se revela, onde o movimento é aprendido e significado.
Nessa fase, a criança deve familiarizar-se com 
a imagem do próprio corpo
Crianças de 0 a 3 anos
A prática educativa deve se organizar de forma a que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades:
- Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo;
- Explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações de interação;
- Deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao andar, correr, pular, entre outros, desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras;
- Explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento, entre outros, para o uso de objetos diversos.
Crianças de 4 a 6 anos
Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças sejam capazes de:
- Ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas suas brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação;
- Explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades de seu corpo;
- Controlar, gradualmente, o próprio movimento, aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilidades motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais situações;
- Utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento, entre outros, para ampliar suas possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos;
- Apropriar-se, progressivamente, da imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando seus segmentos e elementos e desenvolvendo, cada vez mais, uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo.
RCN para a educação infantil - Introdução ao Referencial Curricular Nacional Completo e Atualizado
RCN para a educação infantil - Formação Pessoal e Social no Referencial Curricular Nacional Completo e Atualizado
Complemente seus estudos, acessando os artigos sobre a LDB – Lei de Diretrizes e Bases, presentes no site CPT – Centro de Produções Técnicas.
Confira o conteúdo do RCN - Referencial Curricular Nacional (Educação Infantil), na íntegra, abrindo os arquivos em PDF:
Na construção da criança como reprodutor de conhecimento, identidade e cultura, a criança pequena é entendida como iniciando a vida sem nada e a partir de nada – como um vaso vazio ou tábula rasa. Pode-se dizer que esta é a criança de Locke. O desafio é fazer que ela fique “pronta para aprender” e “pronta para a escola” na idade do ensino obrigatório. Por isso, durante a primeira infância a criança pequena precisa ser equipada com os conhecimentos, com as habilidades e com os valores culturais dominantes que já estão determinados, socialmente sancionados e prontos para serem administrados – um processo de reprodução ou transmissão – tem também de ser treinada para se adaptar às demandas estabelecidas pelo ensino obrigatório.
(Dahlberg, Moss & Pence, 2003, p.65)
Ariès chama a atenção para o fato de que a ausência da consciência da infância não significava que as crianças fossem maltratadas ou desprezadas. Segundo o autor, até o século XVIII pode-se observar um estado de paparicação excessiva às crianças, como se fossem bichinhos de estimação dos adultos.
O surgimento da infância na modernidade apresenta como caráter paradoxal o reconhecimento da criança e a perda da sua liberdade, pois se antes o anonimato permitia uma ampla vivência na coletividade, agora inicia-se o processo de “privatização” de suas vivências, seja na família, seja na escola. Paralelamente à segregação das crianças do mundo adulto, são desenvolvidos novos sentimentos em relação às crianças associados à pureza, ingenuidade e fragilidade. Barbosa (2006, p.76-7) destaca que, junto ao novo sentimento de infância, são inauguradas novas práticas e teorias para governá-la.
O reconhecimento da infância enquanto etapa do desenvolvimento humano, nos séculos XIX e XX, faz surgir a infância cientí- fica, com a propagação de conhecimentos construídos por várias áreas do saber, o que determinará um conjunto de teorias e prá- ticas a serem desenvolvidas para cuidar dessa categoria. São divulgadas normas de higiene e cuidados com as crianças, investe-se em campanhas de amamentação, criam-se instituições de atendimento, como as creches e jardins da infância, enfim, cria-se o que Barbosa (2006, p.77) denomina de infância atendida. A autora alerta
que esses saberes e instituições destinavam-se à criança burguesa e que outras infâncias coexistiam ao mesmo tempo, ou seja, a criança
abandonada nos orfanatos, nas rodas de expostos, a criança explorada nas fábricas ou, ainda, privada de condições dignas de existência.

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