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Encontro marcado com a loucura Resumo

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Resumo do livro “Encontro marcado com a loucura ensinando e aprendendo psicopatologia” de Tania Cociuffo
COCIUFFO, Tania. Encontro marcado com a loucura: ensinando e aprendendo psicopatologia. São Paulo: Luc Editora, 2001.
COCIUFFO, (2001), inicia seu livro realizando um breve levantamento histórico sobre os Hospitais Psiquiátricos, passando pela introdução da psiquiatria e das instituições manicomiais até os dias atuais, conta também sobre suas experiências adquiridas nestas instituições.
2.1. Capítulo 1) LOUCURA: de que se trata?
A autora inicia este capítulo relatando o caso de “Maria”, o qual se trata de respostas a um cotidiano sofrido, cheio de limitações, onde o sujeito enfrenta o luto do marido e tem dificuldades de aceitar tal acontecimento, tentando até suicídio como forma de amenizar seu sofrimento psíquico. Começa-se, então, a entender e desmitificar o conceito de normal e anormal, onde a autora relata ser uma questão complexa e que tem sido objeto de estudo de vários ramos da Ciência. 
Para entender a origem dessas concepções, as quais coexistem no meio popular e científico, é necessário realizar um breve resgate histórico. As obras mitológico-religiosas da Grécia Antiga foram consideradas os primeiros registros que relataram a loucura (modelo mítico-religioso). O enfoque dos mitos-religiosos foi deixado de lado e passaram a considerar um segundo modelo dessa concepção: a psicologia da loucura, encontrados nas obras de Freud e nos pós-freudianos, como Melanie Klein, Bion, Fédida e diversos outros autores da teoria psicanalítica (modelo psicogênese). Vários outros filósofos, como Platão, Hipócrates e Galeno, também discutiram esse termo, dando enfoque à histeria. O modelo organicista é considerado uma terceira forma de concepção da loucura, o qual busca a causa das doenças mentais em alterações orgânicas (modelo organicista). 
Até metade do século XVIII, os aspectos comportamentais da loucura eram considerados parte de um universo mítico-religioso, como castigos divinos ou possessões diabólicas da histeria. Com a teoria do médico alemão Franz Anton Mesmer (1734-1815), essa concepção de loucura passou a ser considerado um estudo da ciência, onde tentou a cura da histeria mesmo estando longe dos estudos de sugestão da hipnose. 
A revolução de Pinel na Psiquiatria também foi de grande importância para considerar as doenças mentais como semelhantes às doenças físicas, esvanecendo a histeria como concepções diabólicas. Com essas considerações, começou a surgir confrontos entre duas concepções científicas: a organicista, que acreditava que a histeria era resultado de uma doença cerebral, natureza fisiológica ou hereditária; e a psicogênese, o qual concebia como uma afecção psíquica, ou seja, uma neurose. 
Um breve apanhado histórico permite perceber que as causas da loucura e as maneiras de como se deve tratá-la, nunca constituíram uma fonte de unanimidade. Na atualidade também existem conflitos e confrontos que persistem, finaliza a autora neste capítulo. 
2.2. Capítulo 2) O LOUCO: como se trata?
A Psiquiatria foi considerada Ciência a partir do século XIX, trazendo contribuições científicas que atravessariam décadas. Um século depois o surgimento da Psicofarmacologia cooperou para novos tratamentos da doença mental. Os registros históricos se dão por Jean Delay, Deniker e Pichot, químicos que escreveram respostas favoráveis ao Clorpromazina, para serem usados em pacientes psiquiátricos psicóticos.
	Os antidepressivos também foram descobertos, de forma acidental, durante a Segunda Guerra Mundial. Sclikoff, em conjunto com outros cientistas, relatou o uso da Iproniazida no tratamento de depressão. Mogens Schou, em 1958, analisou as propriedades antimaníacas do Lítio que passou a ser o medicamento eleito para os transtornos bipolares. Logo depois, forma descobertos os ansiolíticos, que tem efeitos calmantes e anticonvulsivantes. 
	O uso de psicofármacos promovem benefícios, porém, como um recurso isolado, não traz mudança de perspectiva. É importante, como proposta terapêutica não se limitar à medicação e nem apenas na psicoterapia.
A psicanálise surgiu no cenário científico, por Freud e Breuer, na tentativa de compreensão dos fenômenos histéricos. A descoberta do inconsciente ajudou a Psicanálise a chegar ao atual modelo clínico. Antes a histeria e o sintoma eram tratados pelos estudos da hipnose, o qual o sujeito era passado pelo processo de catarse, porém, esse método não contribuiu muito para a cura e entendimento da histeria. Foi nesse momento que Freud se separou de Breuer e adotou o modelo de associação livre com suas pacientes. Como consequência, elas passavam por um processo chamado de elaboração psíquica de tal conteúdo que era reprimido e estava somatizando por meio da histeria, fazendo com que a cura do sintoma que estava ligada ao seu desejo acontecesse. Freud considerava o fim da análise quando o processo de elaboração psíquica era realizado, com base no fim do sintoma e da angústia, após um processo transferencial. 
Muitos elementos fundamentais da Psicanálise tiveram grande importância na produção de mudanças significativas na compreensão da normalidade. E todos os estudos de Freud, sobre o psiquismo humano, forma frutos de um trabalho rigoroso de observação e reflexão clínica. Todos nós temos parte de um psiquismo “normal” e “anormal”, o que muda é a intensidade dos fatores constitucionais e ambientais que contribuem para a formação de indivíduos mais ou menos neuróticos ou psicóticos. 
2.3. Capítulo 3) PSICOPATOLOGIA: como se ensina?
O surgimento da psicanálise, produzida por Freud, tem como intuito destacar a ruptura da concepção de normalidade e patologia. O pensamento psicanalítico proporciona um olhar, uma escuta e uma compreensão do sofrimento psíquico ampliando à compreensão de fenômenos extensivos a várias esferas da produção humana, sem limitar à dupla terapêutica. 
O termo patei-me designa o que é pático, vivido e que pode se tornar experiência.
Phatos deriva-se de sofrimento, paixão e passividade, tudo que se faz, ou acontece de novo, dentro da ordem do excesso. 
A mobilidade do fenômeno psicopatológico é compreendida a partir da experiência de “normalidade”, ao invés de ser entendida por meios de categorias descritivas com critérios de suficiência para preencher determinado diagnóstico (DSM-V e CID 10).
No livro publicado por Freud, em 1911, “A Psicopatologia da Vida Cotidiana”, mostrou a inexistência de uma diferença fundamental entre o homem neurótico e o homem normal. A partir dos estudos sobre a histeria, desenvolveu-se a importância da história do paciente na sua patologia, o papel patogênico das recordações reprimidas e a importância dos conflitos psíquicos. A ampliação do campo da Psicanálise no atendimento dos pacientes psicóticos, em 1920, deu-se a partir das contribuições de Melanie Klein, W.R. Bion, H. Rosefeld, H. Segal, J. Pichon-Rivière e outros. 
Melanie Klein (1882–1960): Observou que as crianças sofrem nas primeiras fases de seu desenvolvimento e as angústias não superadas na infância se assemelham muito com o adulto em processo de regressão psicótica. Segundo ela, todos possuímos uma parte não psicótica e uma outra psicótica, sendo que no tratamento devemos nos apoiar na parte sadia do ego. Klein desenvolveu uma nova estrutura da mente: A Teoria das Relações Objetais, o qual o ego é inato, e a pulsão de morte e as relações primitivas com objetos parciais é a ênfase de angustias aniquiladas. 
Bion (1897-1979): Suas construções reúnem um pensamento filosófico, matemático e humanístico, associados à observação analítica. O conceito de personalidade psicótica e fundamental para entender os fenômenos associados ao processo psicótico. A personalidade vai se desenvolvendo e ganhando contornos severos, devido a uma destrutiva e conflituosa relação primária com uma mãe que não foi capaz de realizar sua função de rêverie (compreender, acolher e modificar as emoções manifestadas pela criança. Destaca-se, então, que a personalidade psicóticaé um estado mental delimitado pela intolerância à frustração, junto com o predomínio dos impulsos destrutivos que se manifestam como ódio desmedido contra a realidade (interna e externa).
A disciplina de Psicopatologia, dentro do conteúdo programático, visa à formação gradativa do conceito de doença mental, envolvendo: conhecimento de diversos referenciais teóricos; uso da CID 10 e DSM-V; diferenciação entre entrevistas, consultas e anamnese; exame psíquico, compreensão das psicoses, segundo o referencial psicanalítico. Nas aulas praticas envolvem questões do contato com o paciente, entrevista diagnostica, reconhecimento das psicoses e as possibilidades de inserção do psicólogo nas instituições de Saúde Mental. É importante para alcançar estes objetivos e ampliar e integrar os conceitos: o contato direto com os pacientes, fornecimento de substrato teórico por meio de aulas teóricas e utilização de livros, filmes, notícias, e fatos atuais. 
O papel do professor, que ensina Psicopatologia, é propiciar no grupo um processo reflexivo acerca das experiências decorrente do encontro com os alunos e o paciente; acolher as angústias vividas e dar a elas o sentido de pertinência; incentivar os alunos a iniciarem a psicoterapia e fazer com que o aluno entenda o indivíduo em fase de sofrimento psíquico, ressaltando o caráter humano. 
Não é produtivo para um encontro terapêutico colocar-se ao lado do paciente, como um amigo, favorecendo a indiscriminação de lugares, com uma intimidade forjada de aceitação incondicional. 
Um grande susto que ocorre entre alunos, ao chegarem ao hospital, é de deparar com pessoas que, falam, andam, comem, sentam, conversam, ou seja, pessoas possíveis de se relacionar. Essa falta de “loucura” assusta os alunos por não encontrarem o que imaginavam. 
 	O trabalho do psicólogo não deve estar reduzido à produção de diagnósticos precisos e impessoais, pois o psicólogo trabalha com o encontro do sofrimento psíquico do “outro” e na busca de sentido para esse sofrimento, o que implica a compreensão da realidade psíquica, cultural e econômica do sujeito. O diagnóstico tem como objetivo, para psicólogos, avaliar o grau de saúde que persiste no usuário, para a partir daí, iniciar uma psicoterapia. 
Após a desativação dos manicômios, outras indignações foram surgindo, se tratando de Saúde Mental no Brasil. A precariedade dos atendimentos nas instituições de saúde pública vem se tornando reflexões criticas dentro desta perspectiva. 
	Em diferentes momentos do curso, os alunos vão se apropriando de novas experiências, tornando-se coautores deste processo. As supervisões proporcionam reflexões, as quais ajudam a integrar os aspectos emocionais com uma prática comprometida com o usuário em Saúde Mental.
2.4. Capítulo 4) O ENCONTRO COM O LOUCO: antes e depois
O desenvolvimento de pesquisa tem como objetivo nos dar a possibilidade de comunicação e sentido, por meio da utilização de um método (meio mais eficaz de atingir determinado objetivo científico ou cultural). A pesquisa como referencial teórico psicanalítico deve ser realizado por meios de cuidados para não se prender a concepções ideológicas cristalizadas que desqualificam critérios da cientificidade que não partam de um único referencial.
O trabalho desenvolvido neste livro insere o campo das Ciências Humanas, tendo a Psicanálise como vértice de compreensão do sujeito para compreender o objeto de estudo, o qual é o ensino-aprendizagem de Psicopatologia.
As expectativas criadas pelos alunos antes de entrarem em contato com os usuários de hospitais psiquiátricos, apontam para a tentativa de preencher a angústia do desconhecido com uma referência familiar. O louco, como características arcaicas, tem como representação ser perigoso, de ordem de extrema violência, gerando angústias persecutórias diante os alunos que ainda terão esse primeiro contato. Como consequência o medo da reação do outro é também o medo da própria reação, pois marca a dúvida do tipo de contato que deve ser estabelecido nessa ligação. Esse estado inicial da angústia precisa ser explicitado por meio da reflexão em grupo de forma a tornar possível um tipo de aprendizagem que não exclua o sujeito do processo de conhecimento. 
Os alunos, ao ingressarem nas aulas práticas, devem-se despedir das teorias e dos estados protetivos que adquiriram dentro de uma estrutura universitária; e adentrarem ao mundo da prática que aparece inusitada no fluir constante. 
A angústia diante os segregados gera reflexões sobre as condições de tratamentos e recursos humanos disponíveis, se tratando da Saúde Mental no Brasil. Essa percepção, alerta a necessidade da agregação de aprofundamentos do trabalho e exame dos temas pessoais em psicoterapias. 
A Psicanálise ensina que os fenômenos psíquicos acontecem com todos os seres humanos, havendo variação de grau. Não é possível olhar para o outro se não temos o mínimo de referência do que é vida mental, e para isso acontecer é necessário um espaço para compartilhar experiências. 
2.5. Capítulo 5) O CONHECIMENTO QUE FICOU
O pensamento é a formalização de um conhecimento. Tem como capacidade sua operacionalização para se produzir mudanças: de sim mesmo (de estudante a profissional) e no outro (tornado “paciente” pelo exercício da função de terapeuta).
Lino Silva (citado pela autora Cociuffo, p. 94) afirma que, se tratando da concepção do pensamento, “Por toda a vida, as concepções inatas ou formuladas no ato de viver poderão ou não ser fecundadas por realizações, constituindo esse um protótipo para a vida mental, independentemente do seu grau de sofisticação ou desenvolvimento.”. Ou seja, a formação do pensamento se dá pela expectativa e realização.
Uma segunda possibilidade de formação do pensamento acontece diante a ausência de gratificação. Essa ausência não se traduz pelo vazio, mas sim uma contraparte sensorial em termos de incremento da necessidade, ou seja, de estímulos internos. A ausência propicia o surgimento de outros questionamentos que ampliam a capacidade de pensar sobre si e sobre o outro. 
O pensamento, nesse sentido, emerge como:
Notação: registro de experiências passadas e de teorias;
Atenção: percepção das circunstâncias do encontro;
Ação: investimento na produção de mudanças;
O conhecimento é construído por meio da constate reflexão entre a teoria e a prática, a partir do encontro com o paciente; e pela elaboração da experiência, com uma nova percepção da emoção, em si e no outro. 
A formação de vínculos criada no contato com a experiência em hospitais psiquiátricos implica-se voltar para a própria subjetividade, olhando para o sujeito usuário do hospital não como doente mental, mas, sobretudo como um ser humano. Um ser humano que está passando por um sofrimento psíquico e que precisa ser considerado para melhorar sua qualidade de vida.

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