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introdução à Psicanálise Clínica Miriã Labutho SHELFRIDGE BOOKS D E D I C A T Ó R I A A todos que desejam seguir o caminho de entender a mente humana nas suas mais diversas maneiras do pensar . Ao meu f i lho Bernardo, que me fez buscar a Psicanál ise como forma de auto conhecimento para ser uma mãe melhor. A meus pais por todos os ensinamentos e aprendizados que absorvi . A todos meus queridos alunos das Formações de Psicanál ise que ministrei . E a você que inicia , hoje , a sua jornada. Gratidão! Miriã Labutho I N T R O D U Ç Ã O “A Psicanálise é em essência a Cura pelo Amor” Sigmund Freud O maior objetivo de Eu escrever este E-book, foi de fazer diferente dos demais cursos que temos atualmente no mercado, ou seja dar um norte para àqueles que estão iniciando sua jornada na área de Psicanálise Clínica e Saúde Mental. Aqui vocês encontrarão fundamentos e briefings que norteiam a abordagem psicanalítica. É uma pequena síntese daquilo que eu considero importante, durante esta minha jornada de 10 anos na área de Saúde Mental, de forma a espairecer as nuvens que ficam quando percebemos a linguagem rebruscada dos livros técnicos voltados à Psicanálise. Neste e-book estão o passo a passo para iniciar desde a abordagem inicial, entrevistas, anamnese, dentre outros. Aqui inicia sua jornada nesta profissão que todos os dias nos causa agradáveis surpresas quando observamos nossos pacientes se tornarem dia a dia Sujeitos da sua própria Existência. Convido, então, a você leitor, mergulhar nesta incrível e fantástica Psiquê Humana, e tenho a certeza que o primeiro mergulho será em você mesmo. E como dizia Albert Einstein,: "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original". Ótima Leitura! O início da História da Psicanálise está relacionada à vida de seu fundador, Sigmund Freud (1856-1939). Ele utilizou elementos observados a sua volta como base para criar suas teorias sobre a mente e o comportamento humano. Freud buscou compreender e explicar a gênese da histeria, da psicose e da neurose. Ele também fez explanações sobre o que denominou de composição da mente Freud era médico vienense pesquisador e inabalável estudioso dos fenômenos psíquicos.Freud nasceu aos 6 de maio de 1856 (Freiberg, hoje Pribor, Morávia Áustria). Aos 4 anos acompanhava seus pais em mudança para Viena onde morou até mudar-se para Londres (fugindo das perseguições do regime nazista de Hitler). Aí viveu na casa de seu discípulo Jones, onde faleceu em 23 setembro de 1939. No colégio sempre foi o primeiro da classe. Aos 17 anos ingressou na Universidade e se formou em medicina (e curso escolhido pelo pai). Estudou inicialmente neuranatomia no laboratório de fisiologia do Dr. Bruscke. Estudou várias doenças do sistema nervoso. Em 1885 foi recebido como docente de neuropatologia na Universidade de Viena.2) Antes, porém, em 1882, recém formado, entrou em contato com o Dr. Breuer(14 anos mais velho e um dos médicos mais respeitados da Áustria). Daí o gosto pela psicoterapia, determinando sua caminhada para a criação da psicanálise e inclusive para a evolução da psicologia e da própria medicina, devido às suas pesquisas e estudos como discípulo e colaborador de Breuer durante quase 14anos. Nessa época, teve oportunidade de acompanhar o tratamento que Breuer fazia de“Ana O”, (Berta Pappenheim). Jovem (21 anos) inteligente acometida de perturbações histérico-orgânicas (paralisias, perturbações visuais, desordens de linguagem, fobias, etc.), submetida a hipnoterapia e caso tido como “início da Psicanálise”. próprio doente. CAPÍTULO 1 4 F R E U D Charcot concluíra ainda que a histeria além da ser uma doença real, poderia acometer tanto mulheres quanto homens. E descobriu também que os fenômenos histéricos-neuróticos são regidos por leis verdadeiras, embora inconscientes e desconhecidas. Os conhecimentos que Charcot acresceu à Psiquiatria e à incipiente Psicologia Profunda ou do inconsciente (a Psicanálise) foram de um valor extraordinário aponto de colocá-lo em destaque entre os primeiros desse movimento.No começo, quando Freud iniciava sua careira na medicina (psiquiatria) as causas das neuroses eram atribuídas a certas lesões ou “debilidades” do sistema nervoso(dai o termo neurose, de neuron, nervo). Dessa forma Freud alertado pelas experiências de Breuer, e entusiasmado com as descobertas que presenciara em Paris, continuava somando conhecimentos para elaboração de suas conclusões. Retomou a Viena em 1886 e continuou suaspesquisas, agora como associado de Breuer. Freud, em seu trabalho de pesquisa encontrou em Ana O. (a paciente de Breuer) uma excelente paciente: verificou que a maioria dos sintomas histéricos pareciam ocupar o lugar de idéias, imagens e impulsos que experienciara e, por julgá-los incorretos e repugnantes, optara por reprimi-los e esquecê-los. Concluiu ainda: as penosas lembranças daqueles fatos e imagens não tinham desaparecido, mas permaneciam como que escondidos exercendo sua nefasta influência até finalmente exprimirem-se através dos sintomas.E juntamente com Breuer, Freud observou também que quando a enferma revivia essas lembranças de forma muito emotiva durante a hipnose conseguia realmente um grande alívio ou até o desaparecimento total dos sintomas. Estiveram então muito próximos da descoberta do recalque. Em 1889, sempre buscando ampliar seus conhecimentos, retomou para a França. Agora para a Escola de Nancy, dirigida por Liébault e seu colaborador associado Bernheim cujos sucessos com hipnose tinham alcançado repercussão mundial. Por um método estatístico inédito e através do estudo de mais de dez mil pessoas rigorosamente cadastradas chegaram à revolucionária conclusão: “todos nós podemos agir segundo motivos ocultos ou inconscientes, diferentes daqueles que temos em mente e nos quais podemos acreditar. E como esses verdadeiros motivos são ocultos e desconhecidos, podemos estar mentindo sem o saber”. 5 Assim, isso veio sedimentar os conhecimentos adquiridos por Freud de seus mestres Breuer e Charcot. E o fato que mais lhe chamou atenção na Escola de Nancy foi a “exata execução de ordens ou sugestões pós-hipnóticas, realizadas conscientemente e por motivos inconscientes”.Mas o ponto mais importante dessas descobertas estão no fato de que “a idéia tendência e, portanto, seu comportamento derivavam de uma fonte não consciente, isto é, de uma ordem não recordada, e por esse motivo, inconsciente”. Desenhava-se de modo embrionário sua posterior teoria do inconsciente-dinâmico a pedra básica de toda a Psicanálise.Ainda em 1889 Freud leu o livro do Dr. Janet, “Automatismo Psichológique” que trazia bem mais completa a teoria de uma dupla consciência e da cisão da personalidade com que Charcot explicava a histeria. Nessa teoria do desdobramento da personalidade basearia sua concepção das duas zonas da vida psíquica: a consciente e a inconsciente.6) Em uma avaliação geral: (a) de acordo com Charcot, Freud aprendeu que a natureza da histeria é psíquica e que nela as reminiscências traumáticas inconscientes representam o papel principal dos sintomas; (b) com Bemheim, Liéboult C. Janet reconheceu a presença de processos psíquicos que poderiam permanecer ocultos à consciência. (c) E com Breuer construiria as bases de sua teoria do recalque e da censura. Mas em especial baseado nas experiências de sugestões pós- hipnóticas de Berheim, traçaria os fundamentos de sua teoria do inconsciente-dinâmico. Principalmente na técnica em que pressionando com a mão a cabeça do paciente era possível a suspensão da amnésia hipnótica que foi a origem da técnica psicanalítica das associações livres, de grande importância em seus sistemas que inclusive permitiu abandonar o uso da hipnose catártica. Isto foi o grande marco da definição na Linha Teórica de Freud e as principais diferenças de sua teoria com relaçãoa Breuer. 6 Em 1890 Freud retomou a Viena (Aústria) e instalou sua clínica própria. Dessa forma deu início às suas próprias pesquisas em ligação com Breuer a quem transmitiu os conhecimentos adquiridos na França e mostrou os avanços quanto aos processos psíquicos da etiologia e natureza dos estados histérico neuróticos. Breuer fez um resumo das conclusões a que chegara com suas experiências: a) Os sintomas histéricos representavam a expressão significativa de fatos traumáticos do passado aos quais permanecem estreitamente ligados. Constituem os resíduos mnêmicos de tais experiências traumáticas. b) A emoção que acompanhou aqueles fatos traumáticos não pôde manifestar-se livremente através de palavras e atos: isto é, o paciente vira-se obrigado a reprimir essa emoção. c) Essas emoções “prisioneiras” ou reprimidas sofrem uma série de mudanças anormais: os sintomas histéricos. Isto é, convertem- se em enervações ou inibições, que se traduzem em patológicos, no fato da conversão histérica. d) O alívio e a cura dos sintomas patológicos que acompanham a histeria pode realizar-se através da exteriorização ou manifestação libertadora daqueles fatos traumáticos. Isto é, uma espécie de eclosão ou purga psíquica da carga emotiva perturbadora, que Breuer chamou – Katharsis (ou Catarse). e) Como tais acontecimentos traumáticos foram esquecidos ou estiveram desaparecidos da vida consciente, era mister revivê-los novamente, trazendo-se ao consciente, o que somente através da hipnose parecia poder ser feito. Essa hipnose foi chamada catártica. f) Nenhum alívio dos sintomas é verificado, quando o fato traumático é manifestado sem nenhuma carga emotiva. Para conseguí-lo é necessário que seja lembrado ou revivido com a mesma emotividade com que foi vivido a primeira vez. 7 Todo sintoma histérico é resultado de uma experiência ou trauma psíquico emocionalmente insuportável; Considerando aquela experiência como insuportável, não pode ser assimilada e aceita, portanto é repeli da do consciente e recalcada ao inconsciente: torna-se inconsciente; Aquilo que foi repelido e recalcado não deixou de existir. Continua ativo, agita-se mas sem exteriorizar-se. E como não pode manifestar-se abertamente é substituído em forma de distúrbios psicofisiológicos ou sintomas patológicos(psicossomáticos); Esses sintomas ou distúrbios poderão desaparecer se conseguirmos fazer conscientes os fatos traumáticos recalcados ao inconsciente e permitirmos que a emoção reprimida se exteriorize em sua plenitude. Somente assim a eclosão ou descarga (catarse) da emoção perturbadora será eficiente e curadora. Em 1893 Breuer e Freud fizeram uma publicação (a primeira desse gênero) sob o título “Mecanismos Psíquicos dos Fenômenos Histéricos” (de caráter provisório). Em 1895 publicaram outro trabalho sob o título “Estudos Sobre a Histeria”,já mais detalhado e mais sério.Pode-se resumir essas publicações em quatro itens: 1. 2. 3. 4. Nesses quatro itens, podemos dizer, estão as bases da Psicanálise de Breuer: qualquer histeria ou neurose é uma doença psíquica e traumática e sua terapia consiste em procurar o fato traumático esquecido responsável e fazer o paciente lembrar-se dele para descarregar a emoção reprimida, revi vendo-a o mais emotivamente possível para deixar fluir livremente ao máximo a emoção nele contida e assim alcançar a cura. Isso era feito por meio da hipnose catártica (ou de um estado hipnoidal) seguida de uma espécie de “explosão emocional” ou catarse. No entanto, em 1896, logo após essas publicações, aconteceram dois fatos que mudariam os rumos daquele método psicanalítico incipiente. E exatamente por esses motivos Breuer afastou-se do campo psicanalítico e da prática terápica com pacientes histéricos e neuróticos 8 O primeiro fato diz respeito à paciente Ana O. – em seu estado neurótico e irresponsável essa paciente em uma atitude que mais tarde seria chamada “transferência”, afirmava publicamente ser amante do seu médico – Breuer – chegando a dizer que estava grávida do mesmo. Esse fato colocou Breuer em situação embaraçosa tanto no aspecto social quanto familiar. Principalmente se considerarmos o rigorismo moral do século XIX e na Viena da Áustria ultra católica. O segundo fato envolve Fremi que publicava sozinho um trabalho no qual se afastava frontalmente da linha das publicações conjuntas anteriores. E cujas teses reforçavam, de certa forma, as acusações difamatórias de Ana O. contra Breuer, enfatizando que “em cada paciente, em cada sintoma de cada paciente, chega-se inevitavelmente ao terreno das experiências sexuais”. Essas ocorrências marcaram a ruptura final entre Brcuer e Frcud. A questão agora era descobrir qual fator determina que um evento mais do que outro, seja origem do “trauma emocional perturbador?” Por que certos fatos constituem-se tão desagradáveis que precisam ser alijados da consciência? Cada vez mais Freud sedimentava sua opinião de que a raiz do problema seria sempre de ordem sexual. Ainda, juntamente com Breuer, mostra que as clientes alimentavam para com seu psicanalista, um fenômeno de transferência cuja conotação sexual parecia evidente. Essa assertiva encontrava embasamento nas observações de Charcot, Chrobak e Breuer, os quais haviam concluído que síndromes histéricas de gênese psíquica traziam em seu bojo alguma conotação de frustrações afetivas ligadas a dificuldades sexuais presentes ou passadas. Esses cientistas constataram ainda que a quase totalidade de seus clientes com problemas nessa área, referiam-se as abordagens sexuais de adultos na infância, normalmente dentro do grupo familiar, inclusive dos próprios pais (pai e/ou mãe) e irmãos mais velhos ou de maior influência familiar. 9 Entretanto Charcot e Breuer, com larga experiência das Terapias Indutivas, sabiam que declarações sob hipnose podem ser fantasiosas e especialmente histéricos quando sob indução, mentem e fantasiam muito. Dessa forma o Psicanalista tem que estar atento a todos esses aspectos quando conduz uma Entrevista Psicanalítica de Cunho Indutivo. Como Freud insistia na teoria de que sempre a neurose derivava de experiências sexuais do passado, Breucr resolveu afastar-se da Psicanálise. Freud passa, então, a publicar suas opiniões sobre o assunto. Desse modo a Teoria Freudiana de tratamento psicanalítico para a histeria e neuroses, com base eminentemente na sexualidade, começaria a tomar forma. Rompe com alguns amigos, colegas e discípulos e sozinho deu início à construção das bases da Psicanálise, que chega a nossos dias com uma proposta de busca, descoberta e estudo da Pessoa Humana em si e em interatividade evolutiva com o meio em toda sua extensão que vem a ser: Construção, Elaboração e Organização de um Método e de uma Doutrina Cientifica. Como vimos, Freud ficou sozinho. Breuer afastou-se por razões pessoais e Charcot e Bernheim, com teorias diversas da freudiana, também caminhavam por linhas de pesquisas incompatíveis com as idéias de Freud. Assim daquele período de 1882 a 1896, ficava a base de um conhecimento enriquecido com novas experiências adquiridas na pesquisa teórica e na prática clínica. Soma-se a isso também o fato do falecimento do pai de Freud. Iniciava-se um período (1897 – 1907) a que Freud chamaria “esplêndido isolamento”. Durante esse período e no seguinte, que se estende até o fim da I Grande Guerra (1914–1918), Freud, produziu e estruturou os fundamentos da Psicanálise, que permanece até a atualidade. A sistematização da Psicanálise iniciou-se em 1897. Freud, com honestidade e coragem, passa a estudar seus próprios complexos. E vai encontrando em si e nos seus clientes os elementos básicos do comportamento humano. 10 A interpretação dos sonhos(1899); A psicopatologia da vida quotidiana; Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e; Fragmentos de uma análise de histeria (caso de Dora).Sua pesquisa o conduz a perceber-se de aspectos neuróticos de sua própria personalidade e dos laços de natureza afetiva que o prendiam a seu pai e a sua mãe. Na realidade pode-se concluir que talvez o primeiro caso de complexo de Édipo estudado por Freud tenha sido o seu próprio. Paralelamente Freud fixava-se cada vez mais na interpretação dos sonhos e sexualidade infantil. Nesse período o grande pesquisador lançou quatro obras de fundamental importância, sendo a primeira a mais expressiva: 1. 2. 3. 4. Estas quatro obras iremos estudar no módulo Freud, nelas estão suas principais idéias e teorias e o início de sua fama. As pesquisas e o pensamento de Freud evoluem também no sentido terapêutico. Quando percebe que o aspecto penoso de experiências pavorosas, vergonhosas e dolorosas é a razão porque são retiradas da consciência, conclui e descobre o mecanismo do recalque; e sua resolução por atos de julgamento de aceitação ou de condenação daquilo que fora recalcado. Esse novo método substitui a “Catarse”, da hipnose, pelo “esclarecimento” e passa a ser denominado por Freud como Psicanálise. A substituição da “hipnose catártica” pela “livre associação” marca novo passo, como regra fundamental, para o método psicanalítico. Embasando seus trabalhos nas manifestações espontâneas e inconscientes dos clientes, na interpretação de“atos falhos” e no simbolismo dos sonhos. E assim os fundamentos de suas teorias sobre as tendências dinâmicas do inconsciente e da sexualidade infantil ficam estruturadas com a publicação das obras acima, nos anos 1899,1901,1905, etc. No período que se estende de 1907 ao fim da I Grande Guerra, em 1918-1947 (terceiro período da vida de Freud), sua fama já ultrapassava as fronteiras da Áustria. Em 1905 em Viena Freud reunia em torno de suas teorias um grupo de pesquisadores, dentre eles Adler, Steckel, Jones e Ferenezi. 11 Em 1907 forma o grupo de Zurique (Suíça) com Breuler (Eugen), reunindo Jung, RiIlin, Meier e Abraham. Em 1908 os dois grupos de Viena e Zurique reúnem-se e resolvem publicar uma revista: “Anuaire des recherches psychopathológiques et psychanalítiques”. Jung e Freud fazem uma viagem aos EUA e no seu retorno, em 1910, reúnem em Viena o I Congresso de Psicanálise de onde surgem as bases para fundamentação da Associação Psicanalítica Internacional (API ou em inglês IPA), dividida em seções locais ou nacionais, sendo seu primeiro Presidente Geral eleito, Jung (do grupo da Suíça). Essa Associação tinha como representantes: do grupo da Suíça o próprio Jung, do grupo de Viena (Áustria) Adler, do grupo de Berlim (Alemanha) Abrahan e do grupo de Budapest (Hungria) Ferenczi. No entanto em 1911, no congresso de Weimar (Alemanha),já aconteciam as primeiras divergências. Adler e Jung por discordarem da exagerada importância de Freud ao comportamento sexual na etiologia das neuroses foram consideradosvdissidentes, renunciaram e foram expulsos da nove!Associação Psicanalítica Internacional e formaram dois movimentos dissidentes dirigidos por eles: um em Zurique (Suíça) e outro em Viena (Áustria).O movimento de Jung (Viena Áustria) insistia no conceito da introversão e extroversão, no inconsciente coletivo e adotou para seu sistema a designação PSICOLOGIA ANALÍTICA ou COMPLEXA. O movimento de Adler (Zurique Suíça) tinha suas bases, para explicação dos mecanismos do inconsciente, nos complexos de inferioridade e de ânsia do poder c adotou para seu método o nome de PSICOLOGIA INDIVIDUAL. Mas isso foi só o início porque logo a seguir vários outros estudiosos e pesquisadores separaram-se das teorias e linha de pensamentos de Freud e formaram suas próprias escolas de pesquisas e terapias sob diversas formas, dentro dos princípios da Psicanálise. 12 Independente dessas novas tendências, Freud manteve sua pesquisa direcionada a explicar os mecanismos inconscientes com base na sexualidade. Entre outras obras, em 1913, publicou “Totem e Tabu” (iremos estudar no Módulo Freud) que o afastava ainda mais de seus colaboradores. A teoria do libido se evidenciava cada vez mais em suas pesquisas. A primeira Grande Guerra (1914 – 1918) atrasou, de certa forma, o progresso da Psicanálise. De outra forma permitiu a Freud uma pausa para avaliar novos fatores que as neuroses de guerra evidenciavam. E estudando o instinto destrutivo de agressividade, de ordem “não sexual”, concebeu a ideia da duplicidade dos instintos: os construtivos ou de Eros ( ou libidinosos) e os destrutivos ou de Thanatos (não sexuais). Ainda nessa fase, publicou "A introdução à Psicanálise”, que pode ser considerada uma síntese de suas pesquisas, conclusões e teorias. Podemos considerar que até 1920 a doutrina freudiana era orientada e estruturada sobre o id e a libido. E de 1920 a 1930 houve um novo período nas teorizações e pesquisas de Freud. Nesse período a estrutura da personalidade passou a ser estudada sob três estruturas bases: o Id, o Ego e o Superego, passando a colocar o Ego (consciente) em primeiro plano. Essas pesquisas e estudos permanecem incompletas, uma vez que Freud não se conduz ao desenvolvimento de uma psicologia global do ego em seu dinamismo construtivo, visto que estuda apenas os mecanismos inconscientes de defesa frente à libido no sentido negativo e patológico. Após esse período – a partir de 1930 – as pesquisas de Freud deixam um pouco o lado técnico da Psicanálise e passam a direcionar-se para a especulação e extrapolações psicanalíticas. Podemos citar, nesse sentido, suas obras Totem e Tabu e Metapsicologia. Devemos lembrar também: “Mais Além do Princípio do Prazer”, “Psicologia Coletiva”, “O futuro de uma ilusão”, “Inquietação e Civilização”, “Moisés e o Monoteísmo”. Alguns críticos e estudiosos vêem na obra de Freud, ao lado das grandes hipóteses e teorias magníficas, algo de prematuro e extravagante, conferindo tudo que é humano – bom ou mau – às forças e criações do inconsciente, quase nada deixando ao consciente: a característica específica do Homo Sapiens (a Pessoa Humana). 13 Quando – fugindo da perseguição de Hitler e de seu anti- semitismo – em 1939 morria (aos 83 anos de idade) o psicanalista Dr. Sigmund Freud, seu movimento espalhara-se por todo o Mundo Ocidental, dividido em muitas facções e diversas escolas. Freud em suas pesquisas, estudos e sistematização revelou-se, analítico e teórico muito mais do que sintético e prático. Dessa forma, faltou uma obra final que sintetizasse e desse coesão a toda sua produção. E assim seus escritos contendo adições, correções e até contradições – considerados a Bíblia da Psicanálise – propiciam aos psicanalistas do mundo inteiro as mais diversas interpretações dentro das mais variadas opiniões c conceituações teóricas e práticas na didática e na clínica. Ao lado dos ortodoxos, “cópias carbono” de Freud, existem outros grupos dissidentes, às vezes taxados de heresias, os quais têm contribuído em muito para o crescimento, dinamismo e atualização da Psicanálise como ciência nos sentidos analítico, didático e terapêutico (clínico). Atualmente já não se pode falar de uma Psicanálise tipicamente freudiana, mas de um movimento psicanalítico polifonia e diversificado. Esses vários grupos, escolas e tendências, algumas vezes esquecendo a ética profissional e cientifica, digladiam-se e se criticam mutuamente. Apregoando seus métodos e teorias e rotulando de vazios e anticientíficos os contrários. Essa enorme confusão, muitas vezes até ridícula, tem prejudicado um crescimento mais seguro e pertinaz da própria Psicanálise como ciência e como método clínico de avaliação e tratamento das doenças psíquicas de etiologia emocional e inconsciente da mente da pessoa humana em toda sua amplitude, em todas suas nuances negativas c positivas, de criatividade e de crescimento, de estagnação e inércia, de construção e edificação e de distinção e desagregação,inclusive. 14 Psicanálise é uma teoria da mente humanae uma prática terapêutica. Foi fundada por Sigmund Freud entre 1885 e 1939 e continua sendo desenvolvida por psicanalistas ao redor do mundo. A psicanálise tem quatro áreas principais de aplicação: 1) como uma teoria de como a mente trabalha 2) como um método de tratamento para problemas psíquicos 3) como um método de pesquisa, e 4) como uma forma de observar os fenômenos culturais e sociais, como a literatura, arte, cinema, performances, política e grupos. Se entendermos estes pontos podemos dizer que psicanálise é uma ciência do pensar em si, nas suas relações humanas, no seu modo de ver o mundo. CAPÍTULO 2 15 O Q U E É P S I C A N Á L I S E ? A psicanálise e a psicoterapia psicanalítica são para aqueles que se sentem aprisionados em problemas psíquicos recorrentes que impedem seu potencial para experimentar felicidade com seus parceiros, famílias e amigos assim como sucesso e satisfação em seu trabalho e tarefas normais da vida diária. Ansiedades, inibições e depressões frequentemente são sinais de conflitos internos. Estes levam a dificuldades nos relacionamentos e, quando não tratados, podem ter um impacto considerável nas escolhas pessoais e profissionais. As raízes destes problemas frequentemente são mais profundas do que a consciência pode alcançar, que é o motivo porque não podem ser resolvidos sem psicoterapia. É com a ajuda de um analista capacitado que o paciente pode obter novos conhecimentos (insights) sobre as partes inconscientes destes distúrbios. Conversar com um psicanalista em uma atmosfera segura levará o paciente a tornar-se cada vez mais consciente de partes de seu mundo interno previamente desconhecido (pensamentos e sentimentos, memórias e sonhos), aliviando dessa maneira a dor psíquica, promovendo o desenvolvimento da personalidade e oferecendo uma auto- consciência que fortalecerá a confiança do paciente para perseguir seus objetivos na vida. Estes efeitos positivos da psicanálise deverão durar e levar a novos desenvolvimentos mesmo após a análise ter terminado. CAPÍTULO 3 16 P A R A Q U E É O T R A T A M E N T O P S I C A N A L Í T I C O ? O inconsciente Experiências infantis iniciais Desenvolvimento psicossexual O Complexo de Édipo Repressão Sonhos são satisfações de desejos Transferência Associação Livre O Ego, o Id e o Superego Quando Freud começou a trabalhar com as pacientes histéricas, compreendeu que os sintomas dos quais elas sofriam representavam de forma concreta um significado que era simultaneamente escondido e revelado. Com o decorrer do tempo ele aprendeu que todos os sintomas neuróticos eram mensageiros que carregavam - ainda que inconscientemente - conteúdos psíquicos reprimidos. Isto o levou a desenvolver sua “cura pela fala”(“talking cure”), que revolucionou a interação entre paciente e terapeuta. Freud via seus pacientes seis vezes por semana, ouvindo e respondendo ao que eles lhe diziam enquanto estavam deitados em um divã. Os pacientes eram convidados a falar qualquer coisa que passasse em suas mentes, o que Freud chamou de Associação Livre. Estas livre associações que os levavam de volta a experiências infantis reprimidas, desejos e fantasias que haviam resultado em conflitos inconscientes; uma vez trazidos à consciência, esses conflitos poderiam ser analisados e os sintomas, então, dissolvidos. Este procedimento tornou-se não apenas um potente método de tratamento, mas também uma ferramenta eficiente para o estudo do psiquismo humano, levando ao desenvolvimento de uma teoria psicanalítica cada vez mais sofisticada a respeito da forma como a mente funciona e, nos anos recentes, aos estudos comparativos conjuntos com o novo campo da neuropsicanálise. As descobertas iniciais de Freud levaram-no a novos conceitos revolucionários: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. CAPÍTULO 4 17 A S M A I O R E S D E S C O B E R T A S E I N O V A Ç Õ E S D E F R E U D Experiências infantis iniciais: são um amálgama de fantasia e realidade; elas são caracterizadas por desejos apaixonados, impulsos indomados, e ansiedades infantis. Por exemplo, a fome estimula um desejo de engolir tudo, e também o medo de ser engolido pelos demais; o desejo de estar no controle e independente é ligado ao temor de ser manipulado ou abandonado; o separar-se de um cuidador importante pode levar a permanecer desprotegido, desamparado e sozinho; amar um dos pais pode oferecer o risco de perder o amor do outro. Assim, desejos e medos iniciais resultam em conflitos que, na medida em que não podem ser resolvidos, são reprimidos e tornam-se inconscientes. O inconsciente: a vida psíquica vai além do que estamos conscientes, também além do que é pré-consciente no sentido daquilo que podemos tomar consciência na medida em que o possamos pensar. Uma parte importante de nossa mente é inconsciente, e esta parte é acessível apenas com psicanálise. CAPÍTULO 5 18 O S C O N C E I T O S F R E U D I A N O S O complexo de Édipo: é o complexo nuclear de todas as neuroses. Uma criança na idade de quatro a seis anos torna-se consciente da natureza sexual da relação de seus pais, da qual ela está excluída. Surgem sentimentos de ciúmes e rivalidade que tem que ser resolvidos, junto a questões de quem é homem e quem é mulher, quem pode amar e casar com quem, como são feitos e nascem os bebês, e o que uma criança pode ou não fazer, comparada com um adulto. A resolução dessas questões desafiadoras moldará o caráter da mente adulta e o Superego (ver abaixo em o Ego, o Id e o Superego). Desenvolvimento psicossexual: Freud reconheceu que a maturação progressiva das funções corporais centrada nas zonas erógenas ocorre junto com prazeres e temores experimentados na relação com os objetos dentro de cada processo de individuação, estes objetos estruturam o desenvolvimento da mente da criança. 19 Repressão: é a força que mantém inconscientes fantasias perigosas relacionadas a partes não resolvidas de conflitos infantis. Transferência: é a tendência ubíqua da mente humana a ver e identificar novas situações dentro dos moldes das experiências iniciais. Em psicanálise a transferência ocorre quando um paciente vê o analista como uma figura parental, com quem ele pode re- experimentar os principais conflitos ou traumas infantis como se dentro da relação pais-filho original. Sonhos: são satisfações de desejos. Frequentemente eles expressam a satisfação de desejos ou fantasias não realizadas. Uma vez que aparecem disfarçados (como cenas absurdas, estranhas ou incoerentes) eles requerem análise para revelar seus significados inconscientes. Freud chamou a interpretação dos sonhos o caminho real para o inconsciente. 20 Associação livre: descreve o surgimento de pensamentos, sentimentos e fantasias quando elas não estão inibidas pelas restrições do medo, culpa e vergonha (ver abaixo em O Núcleo do Método Psicanalítico e o Setting) O Ego, o Id e o Superego: - O Ego é o principal lugar da consciência, o agente da mente que exerce as repressões e integra e consolida vários impulsos e tendências antes que elas sejam postas em ação. - O Id é a parte inconsciente da mente, o lugar dos traços de memória reprimidos e incognoscíveis da mente inicial. - O Superego é o guia e consciência da mente, um detentor das proibições a aderir, e ideais a perseguir. 21 Freudianos clássicos e contemporâneos. Sigmund Freud (1856-1939) criou um modelo da mente com poucas hipóteses básicas: A vida psíquica é ativada pela energia de dois impulsos primitivos (em sua primeira teoria dos impulsos o sexual e o de auto-preservação; em sua segunda teoria dos impulsos, o de vida e o de morte, ou sexualidade e agressão). Estes impulsos representam demandas do corpo na mente e tornam-se conhecidos mediante desejos e necessidades que procuram pelo objeto específico para alcançar satisfação. Os traços de memória destas interações(incluindo as representações de objetos e relações importantes) estruturam toda a mente, construindo formações cada vez mais complexas, que são por fim divididas em três seções principais. Em seu primeiro modelo topográfico Freud denominou os sistemas Inconsciente, Pré-consciente e Consciente; em seu segundo modelo estrutural ele referiu Ego, Id e Superego. As estruturas da mente regulam as energias dos impulsos de acordo (homeostático) com o princípio do prazer. Metapsicologia é a teoria da mente que expressa funções psíquicas considerando seus aspectos dinâmico (impulsos), econômico (energias) e tópico (estrutural). CAPÍTULO 6 22 P R I N C I P A I S D E S C O B E R T A S E A C R É S C I M O S À T E O R I A P S I C A N A L Í T I C A D E S D E F R E U D : A S D I F E R E N T E S L I N H A S E E S C O L A S D E N T R O D A P S I C A N Á L I S E H O J E . Sándor Ferenczi (1873-1933) e a escola de psicanálise de Budapeste ressaltaram a importância de considerar e reconhecer traumas reais na infância, os específicos da relação inicial da mãe com o bebê, e os da “confusão de línguas” (uma confusão entre a ligação afetiva da criança e as necessidades sexuais do adulto), que impacta severamente no desenvolvimento psíquico e na psicopatologia posterior. Ferenczi enfocou nos mútuos processos intersubjetivos entre o paciente e o analista, e no papel primoroso da honestidade e trabalho interno do analista (auto- análise) no encontro analítico. Mais recentemente seu trabalho tem sido reavaliado e tornou-se um novo foco na psicanálise na França assim como na Escola Relacional (ver Psicanálise Francesa e “Psicanálise Relacional”, abaixo). Psicologia do Ego: Anna Freud (1895-1982), Heinz Hartmann (1884-1970) e outros, focaram sua atenção no trabalho do ego consciente e inconsciente, seu papel particular nas defesas inconscientes e seu efeito inibitório nos processos psíquicos. Hartmann postulou uma área do ego livre de conflito, que desempenha importantes tarefas como consciência (awareness), controle motor, pensamento lógico, discurso, percepção sensorial e teste da realidade - todas essas, funções vitais que, secundariamente, podem ser envolvidas no conflito neurótico. Ao analisar sistematicamente as defesas do paciente, a psicanálise objetiva fortalecer o ego no sentido de aumentar o controle de impulsos, a resolução do conflito e a capacidade de tolerar a frustração e afetos dolorosos. Hartmann adicionou aos quatro pontos de vista metapsicológicos Freudianos, os aspectos genético e o adaptativo. 23 Kleinianos clássicos e contemporâneos. Melanie Klein (1882- 1960) conceituou a infância como começando com impulsos primitivos experimentados dentro de relações objetais. A pulsão de morte dirigida para o interior (ver acima) é experimentada como uma força que ataca despertando ansiedades persecutórias e o medo de aniquilamento, que é localizado (projetado) fora do self e leva a impulsos destrutivos em direção ao objeto frustrador (seio mau), seguido pelo temor de retaliação. Em contraposição, o objeto que satisfaz (seio bom) é idealizado e de forma protetora excindido (split off) do mau objeto. Esta primeira fase é chamada posição esquizo-paranóide, “PS”, caracterizada por splitting, negação, onipotência e idealização, assim como projeção e introjeção. A capacidade crescente do ego para integração levará a ansiedades depressivas de que os impulsos destrutivos tenham danificado o objeto/seio bom e despertam o desejo por reparação. Esta segunda fase é chamada de posição depressiva, “D”. Kleinianos contemporâneos reconheceram que estas fases não estão limitadas à infância mas formam uma dinâmica contínua dentro da mente, a alternância PS⇔D.Kleinianos clássicos e contemporâneos. Melanie Klein (1882-1960) conceituou a infância como começando com impulsos primitivos experimentados dentro de relações objetais. A pulsão de morte dirigida para o interior (ver acima) é experimentada como uma força que ataca despertando ansiedades persecutórias e o medo de aniquilamento, que é localizado (projetado) fora do self e leva a impulsos destrutivos em direção ao objeto frustrador (seio mau), seguido pelo temor de retaliação. Em contraposição, o objeto que satisfaz (seio bom) é idealizado e de forma protetora excindido (split off) do mau objeto. Esta primeira fase é chamada posição esquizo-paranóide (“PS”), caracterizada por splitting, negação, onipotência e idealização, assim como projeção e introjeção. A capacidade crescente do ego para integração levará a ansiedades depressivas de que os impulsos destrutivos tenham danificado o objeto/seio bom e despertam o desejo por reparação. Esta segunda fase é chamada de posição depressiva, “D”. Kleinianos contemporâneos reconheceram que estas fases não estão limitadas à infância mas formam uma dinâmica contínua dentro da mente, a alternância PS⇔D. 24 O ramo Bioniano da escola kleiniana. Wilfred Bion (1897-1979), relacionado com e partindo de Freud e Klein desenvolveu uma nova linguagem para sua teoria do pensar. Ele introduziu a ideia de que a mente do bebê inicialmente experimenta um ataque violento de impressões sensoriais e emoções cruas, chamadas elementos beta, que não portam significado e necessitam ser evacuadas. É essencial que o objeto cuidador (continente) aceite estes elementos beta (conteúdos), os metabolize e transforme em elementos alfa, e os devolva para o bebê como tais. A mente do bebê os introjeta junto com a função alfa transformadora, assim construindo sua própria função alfa, um aparelho capaz de simbolizar, memorizar, sonhar e pensar pensamentos; isto também desenvolve os conceitos de tempo e espaço e permite a discriminação entre o consciente e o inconsciente. Distúrbios psíquicos estão relacionados a perturbações nestas funções básicas deste aparelho para pensar. O ramo de Winnicott da Teoria das Relações de Objeto. Donald Winnicott (1896-1971) delineou a forma como o ambiente de holding de uma mãe suficientemente boa capacitará a mente do bebê a criar representações de si e do outro. No espaço intermediário entre a mãe e o bebê a criança encontra e cria o que ele chama um objeto transicional (cheirinho) que é e não é a mãe. É este espaço intermediário ou potencial entre a realidade interna subjetivamente criada e a realidade externa objetivamente percebida que permanecerá disponível como um espaço interno para experienciar vida, criar novas ideias, imagens, fantasias e arte, e formar as muitas apresentações da cultura. Se a mãe pode responder empaticamente ao gesto espontâneo do bebê, esse construirá a representação de um verdadeiro self com capacidade para brincar e ser criativo. Entretanto, se a mãe continuamente traduz mal os gestos do bebê de acordo com as necessidades dela, o verdadeiro self da criança permanecerá escondido sob o escudo de um falso self que é criado para sobreviver e pode levar, mais tarde na vida, a um sentimento de não ser capaz de ser verdadeiro. 25 Psicanálise Francesa tem-se desenvolvido delineada a partir de e em disputa com Jacques Lacan (1901-81) e suas ideias (o significado da linguagem, o phallus, desejo e o outro, e seus conceitos do imaginário, do simbólico e o [inacessível] real). Seu chamamento por um retorno a Freud iniciou um sério debate e elaboração dos conceitos nucleares de Freud e, finalmente, estabeleceu o papel primordial da metapsicologia Freudiana na compreensão da psique humana. Isto, por sua vez, foi particularmente frutífero no avanço de uma nova concepção da teoria da sedução, a ênfase nas pulsões de vida e de morte e a teoria do narcisismo em suas várias apresentações. O reconhecimento da importância da teoria dos impulsos, pressionou por uma ênfase na sexualidade, subjetividade, a linguagem do desejo e a função estrutural do Complexo de Édipo, em particular a respeito da posição do terceiro e terceiridade. Isto, então, levou à ideia de um processoterciário, em que os processos inconscientes (primários) e conscientes (secundários) coexistem e são criativamente combinados. Psicologia do Self foi fundada nos Estados Unidos por Heinz Kohut (1913-81), que enfocou no sentido de self do indivíduo, em particular considerando o desenvolvimento e regulação do narcisismo. Ele salientou o papel necessário dos pais cuidadores (e posteriormente do analista) para espelhar de forma empática os estados do self da criança e permitir a idealização de transferências alter-ego/gemelares, assim dando suporte à criança (o paciente posteriormente) como um self-objeto, até que essa tenha internalizado suas funções reguladoras. Com o passar do tempo, Kohut veio a rejeitar o modelo estrutural de Ego, Id e Superego, assim como a teoria dos impulsos propostos por Freud, e sugeriu em lugar destes o seu modelo de self tripartido. 26 Psicanálise Relacional, fundada por Steven Mitchell (1946-2000) nos Estados Unidos, rejeita a biologicamente enraizada teoria dos impulsos de Freud, sugerindo em seu lugar uma teoria do conflito relacional, que combina interações reais, internalizadas e imaginadas com outros significativos. A personalidade deriva de e é construída a partir de estruturas que refletem interações aprendidas e expectativas com os cuidadores primários. Uma vez que a motivação primária do indivíduo é estar em relacionamentos com outros, ele tenderá a recriar e encenar estes padrões relacionais através da vida. A Psicanálise, então, consiste em explorar estes padões e confrontá-los com o que é espontaneamente e autenticamente cocriado no setting psicanalítico entre analista e paciente. 27 Método. A Psicanálise é a cura pela fala, baseada no método da livre associação. Em sua regra fundamental o paciente é convidado a dizer qualquer coisa que venha a sua mente, sem restrições do tipo considerações de contexto, decência, sentimentos de vergonha ou culpa e outras objeções. Ao aderir a esta regra os processos de pensamento do paciente farão ligações surpreendentes, revelarão conexões conscientemente indisponíveis com desejos e defesas, e levarão às raízes inconscientes de conflitos até então não resolvidos que moldam as situações transferenciais. Ouvindo estas associações, os analistas irão entregarse a um processo mental similar chamado atenção livremente flutuante, pelo qual seguirão as comunicações do paciente assim como perceberão - as vezes como se em um sonhar acordado - suas próprias associações que emergirão na contratransferência. A integração destas várias espécies de informação é um trabalho principalmente interno para o analista moldar uma visão das situações transferênciais- contratransferenciais que finalmente se agrupam em uma gestalt emergente (uma fantasia inconsciente), que pode ser experimentada por ambos, analista e paciente. Com o auxílio das intervenções do analista - frequentemente interpretações transferenciais do que transpira no aqui e agora da sessão - uma nova compreensão do sofrimento do paciente emergirá. A aplicação repetida destes novos insights em muitas situações similares, nas quais o mesmo tipo de conflito surge, é o processo de elaboração, que torna o paciente cada vez mais capaz de reconhecer os processos de pensamento que movimentam seus conflitos. Resolver estes conflitos e colocálos em perspectiva, ou em repouso liberará a mente do paciente de velhas inibições e abrirá espaço para novas escolhas. CAPÍTULO 7 28 O N Ú C L E O D O M É T O D O P S I C A N A L Í T I C O E O S E T T I N G Setting. O método descrito acima é melhor aplicado no setting clássico: o paciente está confortavelmente deitado no divã, dizendo o que lhe vier à mente, sem ser distraído por ver o analista, que usualmente está sentado atrás do divã (Freudianos). Isto permite, a ambos parceiros do empreendimento analítico, ouvir e refletir completamente acerca do que transpira na sessão: o paciente se sentirá imerso em seu mundo interno, reviverá memórias, revisitará experiências importantes, falará acerca dos sonhos e criará fantasias, tudo isto que, fazendo parte da jornada analítica, lançará novas luzes na vida, história e elaborações da mente do paciente. A sessão de análise comumente dura de 45 a 50 minutos. Com o objetivo de continuamente aprofundar o processo analítico, as sessões de psicanálise preferentemente ocorrem em três, quatro ou cinco dias por semana. Uma menor frequência de sessões semanais ou o uso da poltrona em lugar do divã poderão às vezes ser necessários. Todos os acordos acerca do setting (incluindo os horários, o valor da sessão e a política de cancelamentos) serão contratados por ambos, paciente e analista, e terão que ser renegociados se mudanças forem necessárias. A duração de uma análise é difícil de predizer; uma média de três a cinco anos pode ser esperada, embora qualquer caso individual possa necessitar de mais ou de menos tempo para o encerramento. Paciente e analista são, contudo, livres para a qualquer momento decidir interromper ou terminar a análise. 29 A Psicanálise é aplicada de várias maneiras. O tratamento psicanalítico clássico (ver acima) foi desenhado para melhor acomodar as capacidades de um paciente adulto neurótico que está razoavelmente bem adaptado às demandas da vida e trabalho. Entretanto, tratamento psicanalítico de alta frequência também é utilizado para uma gama maior de psicopatologias (escopo ampliado), como por exemplo, transtornos de personalidade borderline e narcisista severa. • Psicoterapia psicanalítica ou psicodinâmica com adultos é usualmente utilizada com frequência menor (uma ou duas sessões por semana) e em uma disposição sentada, face a face. Frequentemente seus objetivos são mais focados na resolução de um tipo particular de problema (por ex., dificuldades nos relacionamentos ou no trabalho), depressão ou transtornos de ansiedade. Embora transferências e contratransferências ocorram, como na psicanálise, elas frequentemente ficam no background e permanecem não interpretadas, dando espaço para dirigir-se a e resolver mais diretamente os problemas da vida do paciente. Algumas vezes, ambos participantes em uma psicoterapia psicanalítica decidem aprofundar seu trabalho, em um momento posterior do tratamento, e embarcam em psicanálise de alta frequência. CAPÍTULO 8 30 D I F E R E N T E S M É T O D O S D E T R A T A M E N T O P S I C A N A L Í T I C O ( A D U L T O S , C R I A N Ç A S , G R U P O S , E T C . ) Crianças (da infância em diante) e adolescentes podem experimentar problemas duradouros (depressão, ansiedade, insônia, agressão extrema e crueldade, pensamento obsessivo, comportamento compulsivo, dificuldades de aprendizado, distúrbios alimentares, etc.) que podem pôr em perigo seu desenvolvimento psíquico e causar preocupações em seus pais, professores e amigos. Para eles, têm sido desenvolvidos métodos de tratamento psicanalítico modificados de acordo com a idade (incluindo brincar com bonecos, brinquedos, e desenhar) que permitem à criança ou adolescente expressar o que os está incomodando. Analistas de crianças são especialistas em perceber as porções inconscientes das comunicações de seus pacientes e responder a elas de forma apropriada, assim ajudando a criança a resolver conflitos e problemas emocionais que repousam sob seus sintomas manifestos e interferem com seu posterior desenvolvimento emocional. 31 Psicodrama psicanalítico foi desenvolvido (principalmente nos EUA e na França) para pacientes com inibições massivas, que precisam suporte para representar, expressar e elaborar suas dificuldades no sentido de estruturar seu mundo interno. O setting inclui um líder ou diretor da representação, que auxilia o paciente a sugerir, entrar e desenvolver uma cena (por ex., uma lembrança, um sentimento, uma situação ocorrida), que é o material para o trabalho terapêutico. O paciente encena com vários co-terapeutasou atores que assumem papéis atribuídos a eles pelo paciente. A função dos co-terapeutas é compreender empaticamente estes papéis como partes do paciente (por ex., diferentes lados de um conflito) ou seus objetos significativos, e traduzir o significado latente destes papéis representando seus processos (principalmente defensivos) inconscientes subjacentes. O líder da peça pode interromper e interpretar a cena em qualquer ponto. A peça permite o desdobramento de questões anteriormente difíceis para o paciente e facilita sua integração e internalização. O objetivo é desenvolver o insight do paciente em sua vida interna (pensamentos, sentimentos, fantasias, sonhos e conflitos), e estimular sua ativação, assim expandindo o espaço (teatro interno) psíquico (intermediário), em que seus vários componentes podem ser considerados e compreendidos.Psicodrama psicanalítico foi desenvolvido (principalmente nos EUA e na França) para pacientes com inibições massivas, que precisam suporte para representar, expressar e elaborar suas dificuldades no sentido de estruturar seu mundo interno. O setting inclui um líder ou diretor da representação, que auxilia o paciente a sugerir, entrar e desenvolver uma cena (por ex., uma lembrança, um sentimento, uma situação ocorrida), que é o material para o trabalho terapêutico. O paciente encena com vários co-terapeutas ou atores que assumem papéis atribuídos a eles pelo paciente. A função dos co-terapeutas é compreender empaticamente estes papéis como partes do paciente (por ex., diferentes lados de um conflito) ou seus objetos significativos, e traduzir o significado latente destes papéis representando seus processos (principalmente defensivos) inconscientes subjacentes. O líder da peça pode interromper e interpretar a cena em qualquer ponto. A peça permite o desdobramento de questões anteriormente difíceis para o paciente e facilita sua integração e internalização. O objetivo é desenvolver o insight do paciente em sua vida interna (pensamentos, sentimentos, fantasias, sonhos e conflitos), e estimular sua ativação, assim expandindo o espaço (teatro interno) psíquico (intermediário), em que seus vários componentes podem ser considerados e compreendidos. 32 Psicoterapia psicanalítica de Casais e Família aplica os insights da psicanálise para a dinâmica encontrada entre os parceiros de casais e famílias, que estão presos em conflitos recorrentes. Com o auxílio de um psicanalista, aspectos de posições e transferências incompatíveis, projeções mútuas, e as encenações repetidas de fantasias inconscientes, podem ser interpretadas e analisadas, considerando as ideias inconscientes que prevalecem a respeito do que o casamento e a vida familiar pode ou deve significar, assim aliviando tensões e abrindo caminhos para novas escolhas auto- determinadas. • Grupos psicanalíticos (usualmente com 6 a 9 membros) utilizam-se da tendência universal que encontros não estruturados de indivíduos em pequenos ou grandes grupos, sem uma tarefa definida, têm de experimentar regressões a níveis primitivos de funcionamento psíquico. Exemplos: dependência e submissão de um líder idealizado ou frustrador, reações agressivas de luta-fuga, pareamentos e cisões em subgrupos, assim como defesas contra esses processos. Enquanto alguns grupos focam na participação e interação individual, no aqui e agora da dinâmica de grupo, outros se dirigem aos processos globais do grupo e à cultura particular que emerge através das discussões livremente- flutuantes (equivalente da livre associação). O trabalho de grupo psicanalítico pode servir a vários propósitos: há grupos psicoterapêuticos, grupos que estimulam o desenvolvimento pessoal, grupos de discussão clínica para médicos (Grupos Balint, Conferências- Tavistock), assim como grupos que encorajam auto-reflexão e resolução de problemas em organizações maiores. 33 análise pessoal do candidato, Frequência a seminários clínicos, teóricos e técnicos, e Supervisão do trabalho do candidato (TCC) O IPA O treinamento para tornar-se psicanalista é regulado pela Associação Psicanalítica Internacional (IPA) e suas organizações constituintes. Em muitos países qualquer um com as capacidades e experiência necessárias pode praticar para ser um psicanalista, como no caso do Brasil, em alguns países a prática é limitada a profissionais licenciados tais como médicos, psicólogos e assistentes sociais e profissionais com curso superior. Há três modelos diferentes de formação (chamados o modelo Eitington, o Francês e o Uruguaio), todos requerem: A formação psicanalítica dura uma média de cinco a dez anos e termina com a graduação ou a aceitação como associado. Regulamento da Profissão no Brasil O curso de Psicanálise é dirigido a todos os interessados em adquirir conhecimentos mais profundos em Psicanálise. Aos que querem aprender a dinâmica de seus problemas emocionais e afetivos de acordo com as teorias psicanalíticas, e aos que desejam dedicar-se à Psicanálise como Terapeutas e Clinicar. CAPÍTULO 8 34 D A F O R M A Ç Ã O E M P S I C A N Á L I S E C L Í N I C A A psicanálise, nos dias de hoje, é uma atividade livre e não regulamentada por lei, que pode ser exercida por qualquer cidadão que possua os conhecimentos técnicos e habilidades suficientes à sua desenvoltura. Até o presente momento, não há lei que impeça o livre exercício da psicanálise, a qual não constitui num desdobramento, especialidade ou ramo, privativo da atividade médica ou da atividade psicológica. e por não configurar um ramo privativo da profissão de médico, ou da profissão de psicólogo, a psicanálise não está vinculada ou subordinada à atividade fiscalizadora dos conselhos regionais de medicina ou dos conselhos regionais de psicologia. Porém, mesmo inexistindo regulamentação legal da profissão, o psicanalista não está isento de reparar (indenizar) os danos decorrentes do mau exercício de sua atividade. Principais Questionamentos É a psicanálise uma atividade profissional livre, que pode ser exercida por qualquer cidadão, ou consiste em profissão regulamentada? Sim. A psicanálise é uma profissão livre, que pode ser exercida por qualquer cidadão, desde que esta possua conhecimentos técnicos ou habilitação profissional suficientes ao seu desempenho. É a psicanálise uma atividade privativa de médicos ou de psicólogos, e somente por estes pode ser exercida? Não. A psicanálise é uma atividade autônoma e independente, e não constitui desdobramento, ramo ou especialidade privativa da medicina ou da psicologia, em termos legais. pode ser exercida por qualquer cidadão, inclusive por médicos e por psicólogos, desde que detentores dos mínimos conhecimentos por tanto. No Brasil o nenhuma profissão pode ser detentora do saber psicanalítico. 35 Caso não seja a psicanálise uma profissão regulamentada, qual lei que a regulamenta, e sob quais condições? A psicanálise, até o presente momento, não é uma profissão regulamentada, pois ineexiste lei federal que a regulamente e imponha limites ao seu exercício. Convém anotar que a continuada sistematização da matéria, bem com a criação de um maior número de associações de classe, tende a forçar a regulamentação legal da profissão, a exemplo de tantas outras. Existe um Conselho Federal de Psicanálise, bem como Conselhos Regionais, a exemplo do Conselho Federal de Medicina e do Conselho Federal de Psicologia? Não, pois a atividade de psicanálise não é regulamentada por lei, logo inexistentes os órgãos incumbidos de seu controle e fiscalização. Os Conselhos Federais e Regionais, como o de Medicina ou de Psicologia, são autarquias públicas federais, órgãos da administração pública indireta da união, possuem poder de atuação emana da vontade estatal e seus atos decorrem do poder de império que administração pública possui e impõe à toda uma sociedade. Os atos praticados por tais entidades sãounilaterais, imperativos, e coercitivos, além de gozarem da presunção de legitimidade, tais quais os demais atos perpetrados pela administração pública. Concluir o curso de Psicanálise Clínica com Ênfase em Saúde Mental me permite clinicar? Sim. O curso de Psicanálise Clínica com Ênfase em Saúde Mental permite que você tenha um consultório e exerça livremente a profissão de Psicanalista Clínico. Nosso curso é registrado na Biblioteca Nacional e reconhecido pela ABRATH - Associação Brasileira de Terapeutas Holísticos que regem as formações Terapêuticas junto à Biblioteca Nacional. 36 O Curso tem registro no MEC? Nenhuma formação de Psicanálise no Brasil é reconhecido pelo MEC. Inexistem, também, cursos de Psicanálise como graduação. Existe Especialização Lato Sensu ou Scrictu Sensu. O Instituto de Estudos da Psique está buscando junto ao MEC se tornar uma IES para promover a Pós Graduação em Psicanálise Clínica e Saúde Mental e Registro junto a IPA - Porém, este registro ainda é mais longo que se tornar uma IES, já que o IPA requer uma formação em 5 anos e análise de alta freqüencia (3 a 5 vezes durante a semana) e entendemos que, hoje, no Brasil isto é bem complexo. Concluída a nossa formação, o psicanalista recebe um Certificado expedido pelo Instituto com Selo de Reconhecimento da Biblioteca Nacional, chancelando o reconhecimento. Quem é o Psicanalista? É um profissional que pratica a Psicanálise em consultórios, clínicas, hospitais, grupos, instituições empregando metodologia exclusiva ao bom exercício da profissão, quais sejam, as técnicas e meios eficazes da psicanálise no tratamento das psiconeuroses. O psicanalista deve ser uma pessoa com sólida formação e ser empático, visto que a profissão requer uma acentuada troca entre analista e seu paciente. Os psicanalistas têm sua profissão classificada na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) no Ministério do Trabalho – Portaria nº 397/TEM de 09/10/2002, sob o nº 2515.50, podendo exercer sua profissão em todo o Território Nacional. 37 O Curso tem registro no MEC? Nenhuma formação de Psicanálise no Brasil é reconhecido pelo MEC. Inexistem, também, cursos de Psicanálise como graduação. Existe Especialização Lato Sensu ou Scrictu Sensu. O Instituto de Estudos da Psique está buscando junto ao MEC se tornar uma IES para promover a Pós Graduação em Psicanálise Clínica e Saúde Mental e Registro junto a IPA - Porém, este registro ainda é mais longo que se tornar uma IES, já que o IPA requer uma formação em 5 anos e análise de alta freqüencia (3 a 5 vezes durante a semana) e entendemos que, hoje, no Brasil isto é bem complexo. Concluída a nossa formação, o psicanalista recebe um Certificado expedido pelo Instituto com Selo de Reconhecimento da Biblioteca Nacional, chancelando o reconhecimento. Quem é o Psicanalista? É um profissional que pratica a Psicanálise em consultórios, clínicas, hospitais, grupos, instituições empregando metodologia exclusiva ao bom exercício da profissão, quais sejam, as técnicas e meios eficazes da psicanálise no tratamento das psiconeuroses. O psicanalista deve ser uma pessoa com sólida formação e ser empático, visto que a profissão requer uma acentuada troca entre analista e seu paciente. Os psicanalistas têm sua profissão classificada na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) no Ministério do Trabalho – Portaria nº 397/TEM de 09/10/2002, sob o nº 2515.50, podendo exercer sua profissão em todo o Território Nacional. 38 Por que o Curso é aberto às várias profissões? É aberto porque nenhuma Lei especificou o contrário. Vale dizer, que desde o princípio era uma profissão aberta a quem se interessasse e que atraiu não só médicos – como Melainie, Anna Freud e Adler – mas também advogados, filósofos, literatos, educadores e teólogos, sociólogos, pedagogos e outras tantas formações de nível superior. Restringir a Psicanálise a essa ou àquela profissão é absolutamente contrário à ciência, ilegal, inconstitucional e a tudo que Freud apregoou ser a Psicanálise uma Ciência Livre. O que regulamenta a profissão de Psicanalista? No Brasil e no Mundo a psicanálise é exercida livremente e não é uma profissão regulamentada. Sendo assim, é uma profissão livre, reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (CBO – código 2515.50), amparada pelo Decreto nº 2.208 de 17/04/1997, que estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela Constituição Federal nos artigos 5º incisos II e XIII. 39 Pesquisa em Psicanálise Freud descobriu que o melhor método para aprender como a mente humana trabalhar e estudar cuidadosamente a sequência de suas expressões, a saber, pensamentos e sentimentos, sonhos e fantasias, como eles surgem em contextos particulares, compreensão da mente humana individual trabalhando é simultaneamente o método de cura assim como o método de pesquisa psicanalítica. A pesquisa em psicanálise, seguindo o caminho descrito acima, tem através de muitos anos desenvolvido novos insights a respeito do funcionamento mental articulado nas várias linhas e escolas de psicanálise. Além disso, a pesquisa científica tem estabelecido e obtido sucesso em mostrar através de estudos comparativos, de longo prazo e follow-up a eficácia da Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica. Vários elementos da cura, como o estilo das intervenções, a frequência das sessões, a relação paciente e analista/terapeuta, ou a aplicabilidade do tratamento psicanalítico para diferentes tipos de patologias mentais tem sido cientificamente estudado, levando a modificações e ajustes nos planos de tratamento, assim como (em alguns locais) à aceitação de formas de tratamento psicanalítico para reembolso por planos de saúde. Também incursões têm sido feitas em projetos que objetivam compreender a interação e interdependência da mente e do funcionamento mental. 40 Psicanálise aplicada Freud reconheceu que a compreensão psicanalítica da mente também oferece uma compreensão mais profunda da cultura e sociedade. As mais famosas são suas análises de Oedipus Rex de Sófocles e Hamlet de Shakespeare. Ele analisou trabalhos de literatura e arte, comportamentos sociais como piadas, humor, lapsos, atos falhos e, de forma mais geral, fenômenos como civilização, movimentos de massa, guerra e religião. A riqueza desta abordagem estimulou uma ampla gama de interesse em aplicar o pensamento psicanalítico em literatura, arte e cinema e suas análises críticas, assim como em antropologia e ciências sociais As Normas Éticas da Profissão O Instituto de Estudos da Psiquê, segue o Comitê de Ética da IPA formulou regras éticas básicas que são obrigatórias para todas as organizações constituintes e cada um de seus membros e candidatos. Elas refletem valores humanitários, princípios psicanalíticos e obrigações profissionais. De maneira mais importante elas demandam que todas as comunicações do paciente ao analista sejam mantidas estritamente confidenciais, e que o analista não deva engajar-se em relações sexuais ou transações financeiras privadas com o paciente. Em caso de irregularidades ou transgressões destas regras, o paciente tem o direito de queixar-se ao Comitê de Ética da sociedade do analista. Cada sociedade componente da IPA tem estabelecido regras e procedimentos para assegurar um alto standard ético dos tratamentos efetuados por seus membros e para regular medidas pelas quais queixas formais são processadas. 41 CÓDIGO DE ÉTICA O IEPSIQUÊ, através de sua Diretora Miriã Labutho, determinou seguir o Código de Ética da IPA por considerar esta Instituição Idônea CÓDIGO ÉTICO PARA TODOS OS PSICANALISTAS E CANDIDATOS Direitos Humanos Um psicanalista não deve facilitar nem participar da violação de nenhum direito humano básico de um indivíduo, conforme definido na Declaração de Direitos Humanos da ONU. Acordos Financeiros Todos os honorários e outros acordosfinanceiros deverão ser integralmente divulgados ao paciente e obter a concordância deste antes que a análise tenha início ou, no caso de reajuste de honorários, antes que este passe a vigorar. Não poderá haver nenhuma outra transação financeira entre os psicanalistas e seus pacientes. Integridade profissional e geral a) Confidencialidade é um dos alicerces da prática psicanalítica. Um psicanalista deve proteger a confidencialidade das informações e dos documentos do paciente. b) Um psicanalista não deve agir de nenhuma forma que possa acarretar desprestígio à profissão. c) Um psicanalista não deve ser incauto ou malicioso quanto a estar causando danos à reputação de qualquer pessoa ou organização incluindo, entre outras, outros psicanalistas, ou interferir intencionalmente nas avaliações de colegas na ausência de circunstâncias convincentes ou atenuantes. d) Um psicanalista deve (observadas as exigências do sigilo profissional) ser honesto com pacientes e colegas, não devendo conduzir erroneamente ou se envolver em qualquer ato de fraude, logro ou coerção. Abuso de Poder a) Um psicanalista deve dar a devida atenção, durante uma análise e após seu término, ao desequilíbrio de poder que possa existir entre o analista e o analisando, não devendo atuar de nenhuma forma que seja contra a autonomia do paciente ou antigo paciente. b) O tratamento psicanalítico de um paciente com um psicanalista é voluntário e o paciente poderá suspender o tratamento ou buscar outro tratamento ou conselho a qualquer momento. c) O encerramento de uma análise ou de outro tratamento deve dar-se, habitualmente, por consentimento mútuo. Se um psicanalista decidir suspender um tratamento, deve-se dar atenção às necessidades de tratamento do paciente e às solicitações razoáveis de informações sobre possíveis fontes de tratamento alternativas. d) Um psicanalista não deve usar a posição profissional ou institucional para coagir pacientes, supervisados ou colegas. Tampouco se deve usar informações confidenciais para este efeito. e) Um psicanalista não deve induzir nem manter relações sexuais com um paciente ou candidato sob tratamento ou supervisão do psicanalista. Manutenção de padrões, diminuição da capacidade profissional e doença a) Um psicanalista dever comprometer-se com o Desenvolvimento Profissional Contínuo e deve manter níveis de contato adequados com colegas profissionais. Isso se destina a assegurar que seja mantido um padrão de prática profissional adequada e conhecimentos atualizados sobre desenvolvimentos profissionais e científicos relevantes. b) Se a análise de treinamento de um psicanalista tiver sido corrompida (e, portanto, não concluída satisfatoriamente) ou se tiver havido abuso durante a análise, e sem presunção de culpa ou falha por parte da vítima, habitualmente é necessária uma nova análise para o psicanalista. c) Um psicanalista tem o dever de informar o órgão pertinente de uma Organização Constituinte se verificar evidências de que outro psicanalista está se comportando de maneira a violar o Código de Ética. d) Um psicanalista tem o dever de buscar orientação de um colega sênior se estiver em dúvida sobre a sua capacidade de exercer e o dever de informar e auxiliar um colega se a capacidade do colega de realizar suas obrigações profissionais parecer comprometida. Em caso de preocupações significativas sobre a capacidade de um colega psicanalista, as quais o colega não esteja disposto a abordar, o psicanalista deve informar o órgão adequado de uma Organização Constituinte. e) Um psicanalista deve, com a devida atenção à confidencialidade do paciente, dispor para que cada paciente seja informado (incluindo opções de tratamento contínuo) em caso de morte ou indisponibilidade do psicanalista.
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