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AULA DE DIREITO PENAL I TEORIA GERAL DO CRIME

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA
DIREITO PENAL I - III SEMESTRE NOITE 
MONITORA: GEANNE PROF. ERIVALDO
AULA: TEORIA GERAL DO DELITO
A Teoria do delito, ou teoria do crime, ou teoria do fato punível. Ocupa-se dos pressupostos gerais, formais ou materiais, e jurídico-penais que devam incidir para que o ato punível receba uma sanção; ocupa-se da interpretação, sistematização e crítica dos institutos jurídico-penais. É o sistema do crime, sistema dos conceitos fundamentais que regem a atividade penal do Estado; estudo do crime, a teoria da responsabilidade penal. É feito por meio dos critérios racionais e legítimos de imputação de responsabilidade penal.
Assim, a teoria do delito implica em uma esquematização a serviço de um fim. Possui caráter unicamente instrumental e auxiliar, de vocação pragmática. O juiz, ao aplicar os conceitos e fundamentos penais, deve visar uma decisão justa, razoável, tecnicamente correta...A teoria do delito deve estar orientada constitucionalmente (pelos princípios).
No inicio da aula foi feito a:
DISTINÇÃO ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL (Art 1º da Lei de Introdução ao Código Penal) 
Decreto-Lei nº. 3.914 /41, consoante dicção do artigo 1º do aludido diploma:
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente .
A infração penal possui duas espécies: crime/delito e contravenção penal. Diferentemente do Brasil, que adota o sistema binário, a Espanha, por exemplo, divide a infração penal em três espécies: crimes, delitos e contravenções penais.
O critério para nortear o fato como crime ou contravenção é essencialmente político. Em outras palavras, razões políticas vão ditar a classificação de um fato como um crime ou contravenção. Via de regra, os graves mais graves são crimes; os menos graves, contravenções penais.
1. CONCEITO DE CRIME
Para que tenhamos um conceito de crime é necessário fazer uma análise em três aspectos distintos
a) Critério Material
 Crime é um fato humano indesejado que, norteado pelo princípio da intervenção mínima, consiste em uma conduta produtora de um resultado que se ajusta a um tipo penal. Porém o crime tem um secundo substrato, que é a ilicitude.
b) Critério Legal
Crime é a descrição penal que cumina detenção e reclusão.
c) Critério Analitico. É o aspecto que analisa os elementos de um crime
FATO TIPICO + ILICITO + CULPÁVEL
2. SUJEITOS DO CRIME
São sujeitos do crime todas as pessoas relacionadas ao fato incriminador. 
a) pessoa ativa – pratica o crime (autor ou partícipe) autor – verbo do tipo penal partícipe – contribui de qualquer forma para o resultado
 b) pessoa passiva – sofre a conduta do sujeito ativo, constante ou eventual (vítima) vítima constante – Estado eventual – a vítima
3. FATO TÍPICO
É o primeiro elemento/ substrato do crime
É dividido em: 
CONDUTA
RESULTADO
NEXO CAUSAL
TIPICIDADE
Inúmeros são os fatos que ocorrem no mundo. Os fatos podem ser divididos em: 
 1. Fatos humanos; 
2. Fatos da natureza. 
O Direito Penal é seletivo ele seleciona os f atos que interessa. O Direito Penal está preocupado com fatos humanos. O Direito Penal não se preocupa com fatos da natureza, apenas com os fatos humanos.
FATOS HUMANOS
 Os fatos humanos podem ser divididos em:
 1. Fatos humanos desejados à esses fatos não interessam ao Direito Penal;
 2. Fatos humanos indesejados. O Direito Penal se preocupa com os fatos humanos indesejados . 
O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínim a. Nem todos os fatos humanos indesejados interessam ao Direito Penal, em razão do princípio da intervenção mínima.
3.1 CONDUTA 
A CONDUTA É O PRIMEIRO ELEMENTO DA FATO TIPICO. 
PARA BUSCAR A SUA CONCEITUAÇÃO FAZ-SE NECESSÁRIO UMA ANÁLISE DE QUAL TEORIA FOI ADOTADA. 
PASSAMOS PARA O ESTUDO DAS TEORIAS:
3.1.1. TEORIA CAUSALISTA: Entende que crime é f ato típico + ilicitude + culpabilidade = tripartide. 
A conduta para o causalista, conduta é movim ento corporal voluntário que causa modificação no m undo exterior. A conduta é objetiva desprovida de dolo e culpa (pois estes estão na culpabilidade), não adm itindo valoração.
Críticas: 1ª. O causalista não consegue explicar os crimes omissivos, pois abrange apenas a ação; 
2ª. O tipo penal têm requisitos subjetivos que o causalismo desconsidera (para ele tudo é objetivo). Ex: Art . 319, CP: "Retardar ou deixar de praticar, i ndevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo co ntra disposição expressa de lei, par a satisfazer interesse ou sentimento pessoal (requisito subjetivo)"
3ª. O causalismo diz q ue conduta não admite valoração. Alguns t ipos tem elementos normativos que devem ser valorados. Ex: A expressão sem justa causa é um elemento normativo – Art. 154, CP: "Revelar alguém, sem justa causa (valoração da conduta), segredo, de q ue tem ciência em razão de função, m inistério, ofício ou pr ofissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem"
3.1.3 TEORIA NEOKANTISTA: Entende que crim e é f ato típico + ilicitude + culpabilidade= tripartide
A Conduta p ara o neokantista é a ação ou om issão, não mais neutra, expressando uma valoração negativa da lei (não deixa de ser um m ovimento voluntário). Assim como o causalismo, dolo e culpa continuam na culpabilidade.
 A diferença para o causalista está na valoração da conduta e a expressão da om issão. Desse modo, pode-se concluir que o neokantismo é uma evolução do causalismo.
Críticas. 1ª . Adotando premissas do causalismo f icou contraditório ao reconhecer elementos subjetivos e norm ativos do tipo. Deveria ter se desvinculado totalmente do causalismo, pois se reconhece elementos subjetivos do tipo, com o é que ele continua com dolo e culpa na culpabilidade?
3.1.3 TEORIA FIN ALISTA: Entende que cr ime é f ato típico + ilicitude + culpabilidade = tripartide.
A conduta para os f inalista é o m ovimento humano vol untário (nã o m ais m eramente causal) psiquicamente dirigido a um f im (atividade vidente – que vis a algo). Difere do causalismo que para eles a atividade era cega, sem finalidade.
De acordo com essa corrente, dolo e culpa, migram da culpabilidade para o fato típico. 
A grande mudança estrutural proposta pelo finalismo, ao perceber que toda ação possui uma f inalidade, foi passar a analisar o dolo com o elemento da conduta h umana e não mais exclusivam ente como fator de reprovação do resultado causado. 
Ao vincular o dolo à conduta o finalismo percebe que, se o dolo faz parte desta conduta e os verbos vêm dentro do tipo, o dolo passa a ser elemento subjetivo do tipo penal.
Desta f orma, a m udança foi transportar a análise do dolo de dentro da culpabilidade para dentro da tipicidade. Com isso, torna-se possível t rabalhar com as hipóteses de tentativa.
Críticas. 1ª. A f inalidade não explica os crim es culposos, sendo frágil tam bém em relação aos crimes omissivos.
2ª . A f inalidade concentra o desvalor na conduta, ignorando o desvalor n o resultado. Praticamente apenas desvalora a conduta, pouco importando com o resultado.
3.1.4 TEORIA SOCIAL D A AÇÃO: Entende que crim e é f ato típico + ilicitude + culpabilidade.
A conduta, para a teoria social da ação, co ntinua sendo um movimento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim, socialmente reprovável. 
A teoria social da ação trabalha com a base do finalismo (m ovimento humano voluntário, psiquicam ente dirigidoa um fim) acrescentando a reprovabilidade social. 
O dolo e a culpa estão no fato típico, mas são novamente analisados na culpabilidade. 
- Críticas. 1ª. Não há clareza no que significa conduta socialm ente reprovável. 
3.1.5 TEORIA DO FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO : Entende que crime é f ato típico + ilicitude + reprovabilidade (a culpabilidade é medida da pena). 
Reprovabilidade tem os m esm os elementos da culpabilidade + 1 = necessidade da pena. se a pena não for necessária o fato não é reprovável. 
Claus Roxin: Orientada pelo princípio da intervenção mínima, consiste no comportamento humano voluntário causador d e relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão a bens jurídicos tutelados. O dolo e a culpa estão no fato típico.
 O funcionalism o de Roxin t rabalha com princípios não positivados no o direito, com o o princípio da insignificância. 
Critica: 1ª. O único pecado foi a inserção da reprovabilidade integrante do crim e, pois não tem base sólida
3.1.5.1 TEORIA DO FUNCIONALISMO RADICAL:
 Entende crime como fato típico + ilicitude + culpabilidade. 
Günther Jakobs. 
Para esse gênio, conduta é um movimento humano voluntário causador de um resultado evitável, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. 
Roxin trabalha com princípios ger ais não posit ivados, ao passo que Jakobs não admite princípios que não estejam positivados em lei. Assim, ocorrido o crime furto, não adota o principio da insignificância por não ter sido positivado. 
O dolo e a culpa estão no fato típico.
 Criou o direito penal do inimigo
- Crítica. 1ª Serve a Estado totalitários.
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO A m aioria entende que nosso CP é f inalista, ou seja, no CP o dolo e a culpa estão no fato típico.
3.1.2 CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA 
1. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: Exclui a voluntariedade do evento.
 2. ATOS REFLEXOS : Existe m ovimento hum ano, m as não é voluntário. OBS: Cuidado com o ato ref lexo provocado, proposital ( a pessoa propositadamente se coloca num ato reflexo propositadam ente para atingir o resultado) – esse configura a conduta (ex: O agente segura uma arma e de propósito leva um choque que o f az atirar numa pessoa). 
3. COAÇÃO FÍSIC A IRRESISTÍVEL: O ser humano é m ovimentado (ação estranha). 
OBS: Coaçãomoral irresistível exclui a exigibilidade de conduta diversa que por sua vez exclui o resultado (p ermanece o injusto penal). Já a coação física é a exclusão da conduta. 
4. ESTADOS DE I NCONSCIÊNCIA: O fato não é licito, nem t ípico. O movimento é humano, mas desprovido de voluntariedade. 
Ex: sonambulismo; hipnose.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO.
1) Assinale a opção correta com relação às teorias do direito penal. 
a) De acordo com a tipicidade conglobante, devem-se analisar outros elementos além daqueles previstos no tipo penal para que o fato seja considerado típico. Essa abordagem tem por fundamento o modelo clássico do finalismo, que, se afastando da teoria indiciária, adota o modelo da teoria dos elementos negativos do tipo. 
b) De acordo com a teoria constitucionalista do delito, crime é fato típico, antijurídico e punível. A culpabilidade, fundamento para a aplicação da pena, não é requisito do crime. 
c) De acordo com a teoria do funcionalismo moderado, o crime é composto por três requisitos: tipicidade, antijuridicidade e punibilidade, e este último requisito compreende culpabilidade e necessidade concreta da pena. 
d) Segundo a teoria finalista, a culpabilidade é puro juízo de reprovação do crime, ou seja, nem puramente psicológica, como na teoria neokantista, nem psicológica e normativa, como na teoria causalista. 
e) Segundo a teoria do funcionalismo moderado, caso um lutador de boxe mate o adversário no ringue, o fato deverá ser considerado atípico, uma vez que o agente somente comete fato materialmente típico se criar riscos proibidos pelo direito; tal posicionamento contraria a doutrina tradicional, que caracteriza o fato como exercício regular de direito. 
2) Sobre a teoria geral do delito o Brasil adotou qual teoria? 
3) Sendo assim, a infração penal é gênero. Quanto às espécies o Brasil adotou qual teoria? Quais são as espécies?
4) Qual a diferença entre crime e contravenção penal quanto ao tipo de pena privativa de liberdade?
5) Sobre o enfoque analítico, qual o conceito de crime? 
6) O que se entende por sujeito do crime? 
7) O sujeito ativo do crime é o ser humano. Existe exceção? Qual? 
8) Quanto à capacidade do sujeito ativo, o que se entende por crime comum? 
9) Quanto à capacidade do sujeito ativo, o que se entende por crime próprio ou especial? 
10) O que se entende por crime de mão própria? 
11) O que se entende por objeto material do crime?
12) O que se entende por objeto jurídico do crime?
13) Explique porque estas causas excluem a conduta: Caso fortuito e força maior, atos ou movimentos reflexos, Coação física irresistível e moral, sonambulismo e hipnose:
14) Diferencie a Teoria Causalista, da Teoria Neokantista.
15) Em razão de que, o direito penal se preocupa apenas com os fatos humanos indesejáveis.

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