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Entendendo a questão social - Violência contra crianças e adolescentes

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Os movimentos sociais em Belo Horizonte 
Estudos sobre o FEVCAMG - Fórum Interinstitucional de Enfretamento à Violência Doméstica, Abuso e Exploração Sexual 
de Crianças e Adolescentes do Estado de Minas Gerais. 
 
A questão social e Serviço Social: Espaços de Intervenção 
Autoras: Thaís Alexsandra e Patrícia Helena – Graduandas de Serviço Social 
 
 De acordo com o Artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
 
“Nenhuma criança será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, 
aos seus direitos fundamentais”. 
 
 A violência sexual contra crianças e adolescentes sempre existiu e vem ganhando mais 
destaque nos noticiários e na mídia. Diariamente ouvimos falar de algum caso em que uma 
criança ou adolescente sofreu algum tipo de violência sexual e isto nos faz pensar e querer 
compreender como se qualifica a questão social. 
 Crianças e adolescentes, por estarem em período de formação ainda não atingiram sua 
maturidade como os adultos, não somente em fatores físicos e psicológicos, mas também em 
relação aos fatores sexuais. O transtorno causado pela violência sexual sofrida, além de afetar o 
crescimento saudável da criança e do jovem, ainda é acentuado pela vergonha e pelo medo 
destes vulneráveis, que são violentados, e por vezes, sofrem abusos frequentes por um longo 
período de tempo. 
Além de todo transtorno emocional, o medo pode fazer com que as vítimas omitam e escondam 
a situação que estão vivendo por medo do abusador e até mesmo com receio de não serem 
ouvidas por seus familiares, e isto acontece quando suas narrações são tidas como ilusão ou 
“histórias para chamar a atenção”. 
 
 Apontada como violação dos direitos das crianças e adolescentes, a violência sexual se 
manifesta de maneira complexa, tratando-se de um fenômeno mundial que não está somente 
ligado à pobreza e à miséria, embora alguns estudos apontem isso. De acordo com a Cartilha 
Educativa sobre a Campanha de Prevenção à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, 
criada pelo Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e 
Adolescentes (PNVSCA), em parceria com o Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência 
Sexual de Crianças e Adolescentes, a Associação Brasileira Terra dos Homens (ABTH) e o 
Centro de Referência Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria), a informação de 
que a maioria das vítimas de violência sexual são normalmente de origem pobre é mito, pois o 
número só é maior pelo fato das famílias de baixa renda procurarem os serviços de proteção 
com mais facilidade do que as famílias de renda mais elevada. 
 
 Numa sociedade com tantas desigualdades, este fato necessita ser analisado com maior 
cuidado, por que aparece ligado à questão de classes. De toda forma, não se pode deixar de citar 
que as crianças e adolescentes de baixa renda são mais vulneráveis a este tipo de acontecimento 
uma vez que, o local que residem pode influenciar no acesso a oportunidades e ao acúmulo de 
ativos. Sendo assim, áreas e regiões segregadas não tem tanta produção de ativos, dificultando a 
oferta de oportunidade, o que acentua maior distanciamento entre classes. Além disso, estas 
crianças e adolescentes se encontram em maior desvantagem física e emocional. 
 A violência sexual contra crianças e adolescentes é um problema que vem ganhando maior 
atenção pelo Estado e pela sociedade civil e esse é o primeiro passo para tentarmos diminuir ou 
quem sabe até sanar este problema. A orientação e prevenção são práticas muito importantes e 
que têm sido levadas a sério pelos órgãos competentes. Um exemplo claro é o movimento de 
estudo deste trabalho, o FEVCAMG – Fórum Interinstitucional de Enfretamento à Violência 
Doméstica, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes do Estado de Minas Gerais. 
Este movimento surgiu em 2002 com a necessidade de unificar os diversos espaços de discussão 
sobre a temática da violência doméstica, abuso e exploração sexual do público infanto- juvenil. 
O movimento tem suas diretrizes voltadas à criação de espaços e oportunidades para o 
protagonismo de crianças e adolescentes em suas ações e a debater a questão dos direitos 
sexuais de crianças e adolescentes. Dentre as várias conquistas, conseguiram criar o DEPCA 
MG – Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente de Minas Gerais. 
 Segundo Moisés Barbosa, coordenador da RAD FEVCAMG, ainda é um desafio falar de 
sexualidade de forma franca, direta e sem demasiados pudores com adolescentes e é preciso 
preparação dos educadores para a abordagem dessas temáticas com desinibição e sem pré-
conceitos, respeitando os limites e o espaço pessoal de cada adolescente. O mesmo salienta que, 
“Dentro desses processos de conversas e reflexões é preciso que os adolescentes e jovens 
conheçam os seus direitos sexuais e aprendam como se proteger de situações que são 
consideradas violência sexual. [...] É preciso que os adolescentes sejam informados e 
sensibilizados para que possam se auto proteger de situações de abuso e exploração sexual. [...] 
Isso nos leva a refletir também sobre a necessidade de incentivarmos o protagonismo juvenil de 
adolescentes no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes.” 
 E como resposta a esse pensamento é que foi criada em Maio de 2010 a RAD FEVCAMG- 
Rede de Adolescentes, Jovens e Educadores do Fórum Interinstitucional de Enfrentamento à 
Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes do Estado de Minas Gerais, que é um espaço 
de formação e articulação voltado para adolescentes e jovens de instituições governamentais, 
não governamentais e da sociedade civil. 
 
 Identificar as diversas origens deste problema é fundamental para poder enfrentá-lo. É 
preciso participar da construção da cidadania infantil entendida não apenas no plano de 
igualdade formal perante a lei, mas tendo como conteúdo prático e efetivo os direitos 
fundamentais destes indivíduos. 
 
 Precisaríamos, então, coletar dados e fazer análises, mas começa neste momento nossa 
dificuldade, apesar de sempre lermos sobre o assunto, não temos dados atualizados e o acesso 
aos órgãos qualificados e que poderiam fornecer estes dados é muito burocrático. Na falta destes 
dados, é inviável, então, qualificar esta violência com simples hipóteses, mas através de nossas 
pesquisas e entrevistas qualificamos como pode ser caracterizada esta violência, a fim de se 
entender a questão social. 
 
 De acordo com o estudo feito conseguimos perceber que apesar do Estado estar buscando 
junto à outras organizações, a orientação e prevenção da violência sexual contra crianças e 
adolescentes, ainda temos poucos dados em relação à este problema social, necessitando de 
maior atenção dos órgãos competentes para o levantamento deste dados, para que assim, a 
questão social seja traçada e o Estado consiga tratar deste problema de forma mais objetiva e 
assertiva, uma vez que terá os dados sobre vítima e agressor.