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Seguimento Farmacoterapêutico Profª. Ms. Tatiana Aramini Conteúdo da aula • O que é seguimento farmacoterapêutico? • Modelo Clínico • Seguimento americano: PW • Seguimento espanhol: DÁDER Seguimento Farmacoterapêutico “O processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do paciente relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e resolução de problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), de forma sistemática, contínua e documentada, com o objetivo de alcançar resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de vida do usuário” (IVAMA et al., 2002) • Problemas de saúde, entendidos como resultados clínicos negativos, devido à farmacoterapia que, provocados por diversas causas, conduzem ao não alcance do objetivo terapêutico ou ao aparecimento de efeitos não desejados. O que é um PRM? A atenção farmacêutica é uma prática clínica centrada no paciente; Farmacêutico e paciente no processo de orientação e resolução de PRM. Assistência farmacêutica é promovida por toda a equipe multidisciplinar de saúde, colaborando com ações positivas na farmacoterapia. Atenção x Assistência Farmacêutica “A atenção farmacêutica é uma prática clínica centrada no paciente, na qual as decisões e as responsabilidades são compartilhadas com o paciente e a equipe de saúde” (Correr & Otuki, 2013) Atenção x Assistência Farmacêutica O profissional farmacêutico assume a responsabilidade de atender a todas as necessidades farmacoterapêuticas do paciente; Processo sistemático e contínuo; Otimizar a farmacoterapia do paciente a fim de melhorar os resultados e a sua qualidade de vida; O farmacêutico atua como membro da equipe multidisciplinar; Responsabilidades do Farmacêutico O farmacêutico deve: - Avaliar todos os medicamentos que o paciente faz uso; - Promover a identificação de possíveis problemas; - Elaborar um plano de cuidado e acompanhamento do paciente para a avaliação se todos os medicamentos são efetivos, seguros e se o paciente tem condições de aderir ao tratamento. Responsabilidades do Farmacêutico S O A P Subjective (subjetivo) Objective (objetivo) Assessment (avaliação) Weed, 1970 Plan (plano) Método Clínico de atenção farmacêutica O processo de atenção farmacêutica obedece uma sequência de passos conhecida como método clínico; Método Clínico de atenção farmacêutica Subjetivo Objetivo Avaliação Plano Informações do usuário ou cuidador Resultado de exames, exame físico Avaliação de PRM, intervenções Planejamento de Condutas Avaliar a adesão do uso do medicamento Avaliar a necessidade do uso do medicamento Avaliar a efetividade do uso do medicamento Avaliar a segurança do uso do medicamento Método Clínico de atenção farmacêutica PWDT (nomenclatura antiga) PW (nomenclatura atual) (modelo Minnesota) PWDT (Pharmacist Workup of Drug Therapy) Análise da farmacoterapia pelo farmacêutico PW (Pharmacotherapy Workup) Análise da farmacoterapia Desenvolvido por colaboradores da Universidade de Minnesota (EUA) em 1990 1. Recolher e interpretar a informação relevante do paciente, para determinar se este paciente possui PRM; 2. Identificar PRMs; 3. Descrever os objetivos terapêuticos desejados; 4. Descrever as alternativas terapêuticas possíveis e disponíveis; 5. Selecionar e individualizar o regime terapêutico mais apropriado; 6. Implementar as decisões sobre o uso dos medicamentos; 7. Desenhar um plano de seguimento para alcançar as metas terapêuticas desejadas. PW 3 4 5 6 7 1 2 Desenvolvido em 1998 – pelo “Grupo de investigação em atenção farmacêutica da Universidade de Granada” - Espanha - Está a 3º edição (2007) - Ferramenta útil que permite ao farmacêutico seguir normas claras e simples de SF de forma sistematizada DÁDER • O Método Dáder se baseia na obtenção da história farmacoterapêutica do paciente, isto é, os problemas de saúde que ele apresenta e os medicamentos que utiliza, e na avaliação de seu estado de situação em uma data determinada a fim de identificar e resolver os possíveis Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM), para prevenir e resolver os resultados negativos associados à medicação (RNM). Esse serviço implica um compromisso e deve ser disponibilizado de um modo contínuo, sistemático e documentado, em colaboração com o doente e com os profissionais do sistema de saúde, com a finalidade de atingir resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do doente. 18 DÁDER Terceiro Consenso de Granada 2007 PRM RNM RESULTADOS NEGATIVOS ASSOCIADOS À MEDICAÇÃO (RNM) Situações em que o processo de uso dos medicamentos causam ou podem causar o aparecimento de um resultado negativo associado à medicação. Resultados na saúde do dente não adequados ao objetivo da farmacoterapia e associados ao uso ou falha no uso de medicamentos • PROBLEMA DE SAÚDE: “Qualquer queixa, observação ou fato que o doente e /ou o médico percepcionam como um desvio à normalidade e que afetou, possa afetar ou afete a capacidade funcional do doente” • INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA: “Ação do farmacêutico que visa melhorar o resultado clínico dos medicamentos, mediante a alteração da utilização dos mesmos. Esta intervenção enquadra-se dentro de um plano de atuação acordado previamente com o doente. Poderá ser feita diretamente com o doente ou necessitando comunicar ao médico prescritor (de acordo com a situação observada) • PLANO DE ATUAÇÃO: É o conjunto de intervenções que o doente e o farmacêutico acordam realizar, para resolver os PRM detectados. • PLANO DE SEGUIMENTO: É o programa de visitas acordado entre o doente e o farmacêutico para assegurar que os medicamentos que o doente toma são apenas aqueles que ele necessita e que continuam a ser os mais efetivos e seguros possível. OUTROS CONCEITOS PRM mais comuns: Administração errada do medicamento; Características pessoais; Conservação inadequada do medicamento; Contra-indicação; Duplicidade; Erros de dispensação/validação; Erros de prescrição; Não adesão à terapêutica; Interações; Problema de saúde insuficientemente tratado. RNM Avaliar um RNM ou suspeita de um RNM O método Dáder consta das seguintes fases: • Oferta do Serviço; • Primeira Entrevista; • Estado de Situação; • Fase de Estudo; • Fase de Avaliação; • Fase de Intervenção; • Resultado da Intervenção; • Novo Estado de Situação; • Entrevistas Sucessivas. Formulários • O Farmacêutico não substitui as funções de outro profissional de saúde, uma vez que irá trabalhar em equipe, não vai iniciar ou suspender nenhum tratamento, nem alterar posologias que tenham sido prescritas pelo médico, ao qual se recorrerá sempre que exista algum aspecto susceptível de ser melhorado através da farmacoterapia; • Sensibilizar o doente com a ideia de co-responsabilidade e colaboração, pelo qual o doente participará na tomada de decisões. 1 – Oferta do serviço 1 – Oferta do serviço • Utilizar frases do tipo: “podemos ajuda-lo a obter o máximo de benefício dos seus medicamentos” ; “vamos tentar melhorar os resultados dos seus medicamentos”; • O serviço terá continuidade; • Trabalho em conjunto (equipe multidisciplinar); • Marcar data de hora • Pedir que traga: • Sacola com medicamentos e documentação clínica (exames mais recentes) 1 – Oferta do serviço Aspectos prévios: • Cuidar do ambiente que rodeia esta visita, evitando qualquer interrupção no desenrolar da mesma; • Mostrar interesse na informação que o doente expõe. Estedeve sentir, no final da entrevista, que tem um profissional em quem pode confiar no que respeita à sua saúde. 2- Primeira Entrevista 2- Primeira Entrevista A) Preocupações e problemas de saúde; B) Medicamentos e parâmetros do paciente; C) Revisão por sistemas; 3 etapas! A) Fase de preocupações e problemas de saúde Deixar o doente falar, sem o interromper, tornará esta fase mais eficaz. A entrevista só deve ser reconduzida se o doente se desviar do objetivo desta e divague de modo excessivo; Escutar, prestando muita atenção, sem intervir nem emitir opiniões. Deve transmitir-se confiança, tentanto entender o doente, mais do que julgá-lo. Não esquecer que a postura corporal do Farmacêutico é uma forma de linguagem não verbal muito importante. A) Formulário: Problemas de saúde PS=Problema de saúde B) Formulário: Medicamentos Objetivo: Conhecer o quanto o doente sabe sobre o seu tratamento Para trabalho/seminário: formulário opcional C) Formulário: Fase de Revisão Objetivos: • Aprofundar alguns aspectos já mencionados na primeira fase da entrevista e sobre os quais falta completar alguma informação; • Descobrir novos medicamentos e novos problemas de saúde não mencionados antes, provavelmente porque não preocupavam tanto o doente; C) Primeira entrevista 38 3- Estado de situação • O estado de situação é o documento que mostra resumidamente, a relação entre os problemas de saúde e os medicamentos do paciente. • Permite analisar a “fotografia do paciente” 3- Estado de situação * Diagnóstico médico “relato paciente” Preencher somente problemas de saúde e medicamentos. Os campos: Avaliação e IF (preencher depois de realizar a fase de estudo) 3- Estado de situação 4- Fase de estudo Etapa que permite obter informações objetivas sobre os problemas de saúde e os medicamentos do paciente; Encontrar a melhor evidência científica disponível, com foco na situação clínica do paciente; Conhecer as patologias e medicamentos 1- Indicações autorizadas; 2- Mecanismo de ação; 3- Posologia; 4- Farmacocinética; 6- Interações; 7- RAM; 8- Contra-indicações. 4- Fase de estudo 5- Fase de avaliação • O objetivo da fase de avaliação é identificar os resultados negativos associados à medicação que o paciente apresenta (manifestados ou suspeitas que venham a se manifestar futuramente) • Identificação dos RNMs (anotar nos formulários Estado de situação e tabela de RNM) RNM Medicamento Implicado Classificação RNM Causa (PRM) Observações (parecer do farmacêutico) Inefetividade Captopril 25 mg Quantitativa Não adesão Paciente só usa o medicamento quando a PA está acima de 130x90mmHg Inefetividade Não quantitativaSinvastatina 20mg Patologia tratada de forma insuficiente Paciente utiliza o medicamento todas as noites antes de deitar, porém, ainda observa-se alteração em exames. Exemplo de preenchimento tabela de RNM 6- Fase de intervenção Apresentação: identificação do paciente, medicamentos envolvidos na situação e problemas de saúde sob tratamento. Motivo do encaminhamento: problemas da farmacoterapia identificados e manifestações clínicas que fundamentam a suspeita (sinais, sintomas, medidas clínicas). Utilizar linguagem técnica e evitar proposições de diagnóstico ou prognóstico. Avaliação farmacêutica: relação entre os problemas encontrados e a farmacoterapia do paciente, incluindo possíveis causas. Proposta de solução do problema, incluindo alternativas terapêuticas e sugestões. Fechamento: despedida formal, reforçando a solicitação de avaliação do médico sobre o problema, colocando-se à disposição e reforçando a continuidade do cuidado que será prestado. Data, carimbo e assinatura do farmacêutico. Fonte: Machuca M, Martínez Romero F, Faus MJ. Informe farmacéutico-médico según la metodologia Dáder para el seguimiento del tratamiento farmacológico. Pharm Care Esp 2000; 2: 358-363. Informe para o médico Identificação do estabelecimento Parâmetro Data / Hora Resultado Referência Nome / Data Identificação do Farmacêutico “Este procedimento não tem finalidade de diagnóstico e não substitui a consulta médica ou a realização de exames laboratoriais” Informe terapêutico Exemplo de intervenção farmacêutica de positivo impacto 58 59 Professora: Jaqueline Rocha Professora: Jaqueline Rocha Paciente do sexo feminino, 53 anos de idade, pesando 59 kg e medindo 1,56 m de altura, apresentando um bom estado geral no momento do seu primeiro atendimento no serviço, com humor marcadamente deprimido, anedonia, astenia, idéias de suicídio e anorexia. Colaborou com a entrevista, demonstrando capacidade para cumprir a prescrição nos horários determinados. A paciente, anteriormente a essa primeira consulta, tratou-se para depressão com diversos outros psiquiatras, ao longo de aproximadamente cinco meses, tendo feito uso de diversos medicamentos antidepressivos sem resposta clínica satisfatória. Apresentava também história de hipertensão arterial de longa data, compensada há vários meses em valores de 130 mm Hg x 80 mm Hg, em dieta hipossódica e fazendo uso de captopril 25 mg/dia em duas tomadas, com acompanhamento regular por sua cardiologista. Não referia nenhuma outra patologia, tendo sido confirmado o diagnóstico de depressão. Nesse mesmo dia, foi iniciado esquema terapêutico com venlafaxina, numa dosagem inicial de 25 mg/dia, em duas tomadas, uma pela manhã e outra à tarde. Essa dosagem foi sendo elevada, mais ou menos, a cada dois dias em 25 mg, até o início da resposta clínica ou até o máximo previsto de 150 mg/dia, sempre em doses fracionadas para duas tomadas ao dia. No sexto dia de tratamento, a paciente chegou a dose de 100 mg/dia de venlafaxina, com sinais de uma excelente resposta clínica. Mantida a dosagem, dois dias após começou a queixar-se de cefaleia e mal estar abdominal, sendo então registrado por sua cardiologista um pico hipertensivo de 180 mm Hg x 110 mm Hg. A cardiologista decidiu elevar a dosagem de captopril para 50 mg em duas tomadas diárias, de doze em doze horas. A partir dessa data, a paciente passou a ter uma instabilidade nos níveis pressóricos, apresentando treze dias depois novo pico hipertensivo em valores de 160 mm Hg x 100 mm Hg, com acentuada remissão dos sintomas depressivos. SUCAR, Douglas D. Interação medicamentosa de venlafaxina com captopril. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 22, n. 3, set. 2000. 62 Relato de Caso para Intervenção Farmacêutica utilizando o Método Dáder
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