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Desenvolvimento sustentavel (30h ASSOC Direito) Unidade II(1)

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desenvolvimento sustentável
Unidade II
5 A SUSTENTABILIDADE E O DIREITO BRASILEIRO
5.1 A Política Nacional do Meio Ambiente
Inspirado principalmente pelas ideias lançadas na conferência de Estocolmo de 1972, o Brasil passou 
a contar com legislação própria para as questões ambientais.
Assim, no ano de 1981, foi promulgada a Lei 6938/91, que instituiu a Política Nacional do Meio 
Ambiente.
Seu objetivo, conforme se verifica no art. 2º, é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental propícia à vida, visando a assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, 
aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
A noção de desenvolvimento sustentável já se encontrava presente naquela lei, como se pode 
observar no art. 4º, inciso I (BRASIL, 1988):
Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico‑social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
Embora o conceito de desenvolvimento sustentável ainda não existisse (só iria surgir anos mais 
tarde, com a edição do Relatório Brundtland, em 1987), a sua ideia já era presente desde a Conferência 
de Estocolmo, em 1972, na utilização do termo ecodesenvolvimento e foi contemplada pela Política 
Nacional do Meio Ambiente. Afinal, compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação 
da qualidade do meio ambiente é a essência do desenvolvimento sustentável.
Entre os instrumentos criados por aquela lei para dar incentivo ao desenvolvimento sustentável, 
um dos mais importantes, sem dúvida, é o licenciamento ambiental, previsto no art. 10 (BRASIL, 1988):
Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de 
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva 
ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental.
Outra questão primordial introduzida por essa lei foi a da responsabilidade objetiva do poluidor, 
prevista no art. 14, § 1º:
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§ 1º – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o 
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar 
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por 
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados 
ao meio ambiente.
Figura 12
Com o advento da Constituição Federal de 1988, o direito ambiental iria viver um momento de 
extrema importância, com a inclusão de um capítulo próprio para tratar da questão ambiental. Dessa 
forma, ocorria a constitucionalização do direito ambiental. A Constituição Federal, no art. 225, estabeleceu 
princípios e normas próprias ao direito ambiental, que servem de aporte para toda a produção legislativa 
subsequente.
É importante ressaltar que as principais questões tratadas na Lei 6.938/81 foram recepcionadas pela 
Constituição Federal de 1988, estando, pois, em pleno vigor.
5.2 A constitucionalização do Direito Ambiental brasileiro
O Direito Ambiental é o ramo do direito que “estabelece os mecanismos normativos capazes de 
disciplinar as atividades humanas em relação ao meio ambiente” (ANTUNES, 2012, p. 6). Trata‑se de 
um ramo do direito relativamente novo, criado a partir da segunda metade do século XX. O direito 
ambiental é um ramo autônomo do Direito, consequentemente, escorado em princípios e normas 
próprios, embora se relacione com outros ramos do Direito (exemplos: Constitucional, Administrativo e 
Penal) e até mesmo com outras ciências (exemplos: ecologia, biologia, economia, geografia e química).
A Constituição Federal de 1988, pela primeira vez na história do constitucionalismo brasileiro, 
apresentou um capítulo próprio para tratar do meio ambiente (capítulo VI do título VIII). Vemos, dessa 
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forma, a importância que o meio ambiente mereceu, sendo alçado à condição de direito constitucional, 
como se pode observar do art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo‑se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê‑lo e preservá‑lo para 
as presentes e futuras gerações.
Logo de início, vamos identificar dois aspectos importantes do Direito Ambiental: sujeito e objeto.
•	 Sujeito	do	Direito	Ambiental: sujeito é o titular do direito, ou seja, aquele para quem o direito 
é reconhecido. Aqui vamos perceber a natureza difusa do Direito Ambiental, na medida em que 
o sujeito é indeterminado, caracterizado pelo pronome indefinido todos. Todos têm direito, mas 
quem são esses todos? Impossível dizer. Trata‑se de pessoas indeterminadas ligadas por uma 
circunstância fática, o que o caracteriza como um direito difuso, conforme definição dada no art. 
81, parágrafo único, inciso I do Código de Defesa do Consumidor. Assim, o bem ambiental é um 
direito de todos, brasileiros e estrangeiros residentes no país (CF, art. 5º), sem ter um determinado 
titular:
[...] por ser indivisível e ter sua titularidade indeterminável, o bem ambiental 
jamais poderia ser exclusivo desta ou daquela pessoa, justamente porque a 
sua essencialidade à vida (equilíbrio do ecossistema) exige que todos dele 
usufruam solidariamente, permitindo a sua socialização no presente, mas 
conservando‑o para o futuro (RODRIGUES, 2005, p. 82‑83).
•	 Objeto	do	Direito	Ambiental: objeto é a coisa protegida ou reconhecida pelo Direito. No caso 
presente, o objeto do Direito Ambiental é o bem ambiental, ou seja, um bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, caracterizado como um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. Na definição de PIVA (2000, p. 152), “bem ambiental é um valor difuso e imaterial, 
que serve de objeto mediato a relações jurídicas de natureza ambiental”.
Além disso, o art. 225, mencionado anteriormente, traça os princípios sobre os quais se assenta o 
Direito Ambiental, dentre eles o do desenvolvimento sustentável, como veremos a seguir.
5.3 O desenvolvimento sustentável como princípio do Direito Ambiental 
brasileiro
Como mencionamos anteriormente, o Direito Ambiental escora‑se em princípios próprios. Esses 
princípios têm função informadora da norma jurídica e apontam o caminho que o operador do Direito 
tem de seguir para sua correta interpretação.
Os princípios do Direito Ambiental estão traçados, basicamente, no art. 225 da Constituição Federal, 
dentre os quais podemos destacar:o princípio da participação, o princípio do poluidor‑pagador e 
princípio da prevenção.
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Um dos princípios mais importantes do Direito Ambiental é o do desenvolvimento sustentável. 
Este princípio busca conciliar a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico, 
propiciando uma melhor qualidade de vida humana.
É fato que o desenvolvimento econômico pressupõe a utilização de bens ambientais, seja como 
matéria‑prima na produção industrial (insumo), ou como destinatário dos dejetos dessa produção 
(poluição).
Como conciliar, então, o desenvolvimento com a proteção ambiental? Para respondermos a essa 
pergunta, é necessário entender um pouco sobre a ordem econômica.
5.3.1 A livre iniciativa na Constituição Federal como fundamento da ordem econômica
A ordem econômica está prevista no art. 170 da Constituição Federal, que traz como um de seus 
fundamentos a livre iniciativa.
O que é livre iniciativa?
A opção adotada pelo legislador constituinte, no que se refere à ordem econômica da República 
Federativa do Brasil – e aos meios de produção, por consequência –, é que ela seja explorada pelos 
particulares, vale dizer, pela iniciativa privada. O mercado de consumo, dessa forma, pode ser explorado 
por qualquer pessoa, sem precisar de autorização ou sofrer intervenção do Estado.
Nesse modelo de regime econômico, a atuação do Estado vai ser de mero fiscal, atuando como 
agente normativo e regulador do mercado (CF, art. 174). O Estado não participa do mercado, a não 
ser nas hipóteses do art. 173 da Constituição Federal, ou seja, quando necessário aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo.
A livre iniciativa é o pressuposto do regime capitalista, que é o regime econômico praticado no Brasil.
5.3.2 O capitalismo
Capitalismo é o regime de mercado baseado na liberdade de ação, na não intervenção do Estado e 
na propriedade privada dos meios de produção. Ele surge praticamente junto com Revolução Industrial, 
baseado especialmente nas ideias libertárias de Adam Smith, que preconizava a não intervenção do 
Estado na economia e no mercado. O liberalismo de Adam Smith assenta‑se na premissa de que, se o 
interesse individual é	o	mesmo	que	o	interesse geral, deve‑se dar plena liberdade de ação aos interesses 
privados. A não regulamentação das atividades individuais no campo socioeconômico produziria os 
melhores resultados na busca do progresso e do desenvolvimento econômico. Smith apoiava o seu 
liberalismo natural na livre‑concorrência do mercado (baseada na lei da oferta e da procura), sem 
qualquer intervenção do Estado na sua regulação, o que se revelou um erro, que a Escola Neoliberal 
tentou corrigir posteriormente.
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O modelo capitalista não foi isento de críticas. Muito pelo contrário, podemos verificar que, a 
partir da metade do século XIX, esse modelo exageradamente individualista passou a ser alvo de uma 
violenta crítica, oriunda não apenas da Sociologia, mas também do socialismo utópico, do marxismo e 
do social‑liberalismo, entre outros (LOPES, 2006, p. 21). A crítica mais contundente feita ao capitalismo 
foi realizada por Karl Marx, propondo uma alternativa socialista para substituí‑lo.
Essa teoria marxista ganhou apoiadores e seguidores, especialmente na primeira metade do século 
XX. De acordo com ela, o capitalismo apresenta uma fundamental contradição entre o caráter social 
da produção e o caráter privado da apropriação, que conduz a um antagonismo irredutível entre 
as duas classes principais da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado (o empresário e os 
empregados).
Na teoria marxista, o sistema capitalista não garante a subsistência a todos os membros da sociedade. 
Pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa de trabalhadores desempregados, que 
Marx classificou como exército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria disponibilidade, 
as reivindicações operárias. O conceito de exército industrial de reserva derruba, segundo os marxistas, 
os mitos liberais da liberdade de trabalho e do ideal do pleno emprego.
Assim, a revolução socialista proposta por Marx colocaria um ponto final nas contradições do 
livre‑mercado, por meio da planificação central da economia pelo Estado. A história mostrou o equívoco 
dessa ideia. A teoria marxista, colocada em prática nos países do leste europeu, não resistiu ao tempo e 
sucumbiu com a queda do muro de Berlim, em 1989, sepultando de vez o regime comunista.
Por sua vez, o capitalismo apresentou sua feição camaleônica, adaptando‑se às mudanças ocorridas 
no mundo e às suas crises financeiras, para emergir, renascido, como regime econômico dominante no 
mundo globalizado.
5.3.3 Os limites da livre iniciativa
Embora capitalista, a ordem econômica na República Federativa do Brasil não segue as ideias liberais 
de Adam Smith. A livre iniciativa preconizada como princípio dessa ordem econômica não contempla 
uma liberdade total. Pelo contrário, a livre iniciativa vai ser limitada por outros fatores previstos na 
própria Constituição e que vão dar o tom do nosso capitalismo.
Como vemos no próprio art. 170 da Constituição Federal, embora fundamentada na livre iniciativa, 
a nossa ordem econômica consagra a valorização do trabalho humano, sobrepondo‑o aos demais 
valores da economia de mercado. Não bastasse, a ordem econômica está condicionada aos ditames 
da justiça social, limitada por fatores tidos por princípios, como: a função social da propriedade, a livre 
concorrência, a defesa do consumidor e a defesa do meio ambiente. A função precípua dessa livre 
iniciativa é propiciar a todos uma vida digna, conforme os preceitos da justiça social.
Assim, podemos entender que a livre iniciativa existente no Brasil revela‑se limitada por outros 
ramos do Direito, como o Direito do Trabalho, o Direito do Consumidor e o Direito Ambiental. Nem podia 
ser diferente, pois, num mundo globalizado, com uma economia de massa, não há lugar para uma livre 
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iniciativa em sentido amplo e irrestrito: ela deve ser condizente com a proteção dos direitos difusos e 
coletivos com os quais têm estreita relação.
[...] atento a esses fatos, o legislador constituinte de 1998 verificou que o 
crescimento das atividades econômicas merecia um novo tratamento. Não 
mais poderíamos permitir que elas se desenvolvessem alheias aos fatos 
contemporâneos. A preservação do meio ambiente passou a ser palavra 
de ordem, porquanto sua contínua degradação implicará diminuição 
da capacidade econômica do País e não será possível à nossa geração e 
principalmente às futuras desfrutar uma vidacom qualidade.
Assim, a livre iniciativa, que rege as atividades econômicas, começou 
a ter outro significado. A liberdade de agir e dispor tratada pelo Texto 
Constitucional (a livre iniciativa) passou a ser compreendida de forma mais 
restrita, o que significa dizer que não existe a liberdade, a livre iniciativa, 
voltada à disposição de meio ambiente ecologicamente equilibrado. Este 
deve ser o objetivo. Busca‑se, na verdade, a coexistência de ambos sem que a 
ordem econômica inviabilize um meio ambiente ecologicamente equilibrado 
e sem que este obste o desenvolvimento daquele (FIORILLO, 2004, p. 26).
Esses limites impostos à livre iniciativa, especialmente o respeito ao meio ambiente, conduzem a 
atividade empresarial a um modelo sustentável.
5.3.4 O desenvolvimento sustentável como princípio constitucional do Direito Ambiental 
brasileiro
Vimos, então, que a nossa economia é baseada na livre iniciativa, mas que essa liberdade é mitigada 
por outros fatores, dentre os quais está o meio ambiente. Como podemos conciliar esses dois fatores 
antagônicos?
Para responder a essa questão, é necessário ter em conta, em primeiro plano, que a proteção ao 
meio ambiente não implica nem barra, pura e simplesmente, o desenvolvimento econômico. Devemos 
lembrar que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo e, como tal, pode e deve ser utilizado.
Por conta disso, a Constituição Federal estabeleceu, no seu art. 255, a obrigação de todos de 
defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. A ideia central dessa norma 
constitucional é simples: o bem ambiental pode e deve ser usado por todos e, por isso mesmo, todos têm 
o dever de defendê‑lo e preservá‑lo, para que as futuras gerações também possam dele se utilizar. Isso 
revela a “questão da solidariedade diacrônica, imperativo ético segundo o qual as gerações presentes 
devem assumir a responsabilidade pelo ambiente que legarão às gerações futuras” (CALDERONI, 2003, 
p. 56).
Resulta desse art. 225, portanto, o princípio do desenvolvimento sustentável, como princípio 
constitucional informador do Direito Ambiental brasileiro.
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O objetivo central desse princípio, como ficou definido na ECO 92, é atender às necessidades do 
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem também às suas próprias 
necessidades.
O meio ambiente não é intocável. Pelo contrário, o desenvolvimento econômico de uma nação se faz 
com a utilização de seus recursos naturais.
O Direito Ambiental não pretende proibir a utilização dos bens ambientais. O que se pretende, sim, 
é que as mesmas pessoas que usam esses bens criem mecanismos de preservação e recuperação do 
meio ambiente. O conceito de desenvolvimento sustentável assume um caráter conciliador: pode haver 
desenvolvimento econômico, mas dentro dos limites e do respeito ao meio ambiente.
[..] dentro da visão ambiental, o desenvolvimento sustentado está 
diretamente relacionado com o direito à manutenção da qualidade de vida 
por meio da conservação dos bens ambientais existentes no nosso planeta. 
Exatamente por isso, o texto maior estabelece a regra de que o direito a um 
meio ambiente ecologicamente equilibrado não é apenas dos habitantes 
atuais, mas também dos futuros e potenciais, enfim, das próximas gerações 
(RODRIGUES, 2005, p. 171).
O desenvolvimento econômico implica a utilização de bens ambientais, que são utilizados como 
matéria‑prima. A lei permite a utilização desses bens no desenvolvimento da economia, desde que haja 
a contrapartida por parte dos empreendedores, que é a preservação do meio ambiente para as presentes 
e futuras gerações.
[...] o princípio do desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a 
manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de 
suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os 
homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também 
tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje à 
nossa disposição (FIORILLO, 2004, p. 25).
Destarte, como princípio do direito ambiental, o desenvolvimento sustentável preconiza o necessário 
desenvolvimento econômico e social, mas com a preservação do meio ambiente e a prevenção aos 
danos ambientais. A importância desse princípio se revela, posto que, em uma sociedade sem regras nem 
limites para a livre iniciativa, o prejuízo ambiental é uma certeza.
Ao desenvolvimento sustentável unem‑se outros princípios correlatos, igualmente importantes na 
proteção do meio ambiente.
5.4 Outros princípios constitucionais correlatos
Se a sustentabilidade é a palavra de ordem a ser seguida nas atividades empresariais no mundo 
atual, o princípio do desenvolvimento sustentável assume especial importância no mundo do Direito, 
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por tudo que vimos até então. Contudo, ele não está sozinho. Outros princípios constitucionais de igual 
importância vão acompanhá‑lo quando se trata de proteção ambiental.
5.4.1 Princípio do poluidor‑pagador
Vimos como é importante que as empresas adotem uma postura sustentável em suas atividades. 
O que pode acontecer com a empresa que não age assim? Qual a sanção para quem degrada o meio 
ambiente?
No aspecto comercial, de mercado, a empresa que não adota uma gestão sustentável pode vir a 
sofrer o boicote do consumidor. Atualmente, até por conta do acesso à informação propiciado pela 
expansão da internet, o consumidor está mais consciente e pode, dessa forma, não comprar produtos 
oferecidos por empresas que não respeitam o meio ambiente. Entretanto, isso ainda é pouco e não 
podemos transferir apenas para o consumidor essa tarefa. A empresa que polui ou que causa um dano 
ambiental deve ser responsabilizada por seu ato, reparando o dano causado. Quem polui deve pagar 
pelo dano causado: essa é a ideia central do princípio do poluidor‑pagador.
O princípio do poluidor‑pagador aparece na Declaração do Rio 92, nos princípios 13 e 16 (ONU, 1992):
13. Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à 
responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos 
ambientais. Os Estados devem ainda cooperar de forma expedita e 
determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional 
ambiental relativas à responsabilidade e indenização por efeitos adversos de 
danos ambientais causados, em área fora de sua jurisdição, por atividades 
dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.
[...]
16. Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo 
decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover 
a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, 
levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os 
investimentos internacionais.
No direito pátrio, iremos encontrar as bases do princípio do poluidor‑pagador no parágrafo 3º do art. 
225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
§ 3° As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação	de	 reparar	 os	 danos	
causados (grifo nosso).
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5.4.2 Princípio da prevenção
O princípio da prevenção revela a preocupação com a segurança do meio ambiente, sua manutenção 
e preservação para que as próximas gerações também possam usufruir dele.
O objetivo principal é evitar que o dano ambiental venha a ocorrer, pois é dificilmente reparável. 
Assim, é preferível evitá‑lo a repará‑lo após a sua ocorrência.
A máxima “mais vale prevenir do que remediar”, em matéria ambiental, 
se mostra de grande valia à medida que alguns danos ao meio ambiente 
são irrecuperáveis, assim como o custo da prevenção é significativamente 
menor do que o custo da reparação [...] (FREITAS, 2005, p. 40).
A prevenção busca minimizar os riscos aos quais o meio ambiente está exposto, principalmente 
pelas atividades econômicas. É preciso entender que o princípio da prevenção não quer impedir essas 
atividades econômicas. Muito pelo contrário. O princípio da prevenção objetiva exatamente possibilitar 
o desenvolvimento humano, controlando os riscos ambientais. É nesse ponto que ele interage com o 
desenvolvimento sustentável.
Na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente (ECO 92), encontramos a prevenção no 
princípio n° 15:
15. Para proteger o meio ambiente, medidas de precaução devem ser 
largamente aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em caso 
de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica 
absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas 
efetivas visando a prevenir a degradação do meio ambiente (ONU, 1992).
Está previsto no art. 225, caput, da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo‑se 
ao Poder Público e à coletividade o	dever	de	defendê‑lo	e	preservá‑lo	
para	as	presentes	e	futuras	gerações (grifo nosso).
5.4.3 Princípio da participação
O meio ambiente é um direito de todos e a sua preservação é um dever de todos. Os problemas 
ambientais do planeta não atingem apenas determinadas pessoas, mas sim todo o planeta e, 
consequentemente, todas as pessoas. Não dá para achar que o problema não é nosso.
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Figura 13
Assim sendo, a questão ambiental deve ser uma preocupação coletiva. A preservação e defesa do 
meio ambiente devem ser feitas por todos os setores da sociedade e não apenas pelo Poder Público. É 
necessário, como afirma Fiorillo (2004, p. 38), “uma atuação conjunta entre organizações ambientalistas, 
sindicatos, indústrias, comércio, agricultura e tantos outros organismos sociais comprometidos nessa 
defesa de preservação”.
A participação aparece no princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro (ECO 92):
10. A melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, 
no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, 
cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio 
ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações 
sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como 
a oportunidade de participar em processos de tomadas de decisões. Os 
Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a participação 
pública, valorando a informação à disposição de todos. Deve ser propiciado 
acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que diz 
respeito à compensação e reparação dos danos (ONU, 1992).
No Direito brasileiro, o princípio da participação está estabelecido no caput do art. 225 da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988):
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo‑se	ao	Poder	Público	e	à	coletividade o dever de defendê‑lo e 
preservá‑lo para as presentes e futuras gerações (grifo nosso).
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desenvolvimento sustentável
 Saiba mais
Para saber mais sobre os princípios do Direito Ambiental:
SAMPAIO, J. A. L.; NARDY, A.; WOLD, C. Princípios do direito ambiental. 
Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2003.
 Lembrete
A livre iniciativa, que é o fundamento da ordem econômica do Brasil, 
não é uma liberdade total. Ela é mitigada por outros fatores que exercem 
um limite sobre ela, tais como a função social da propriedade, a defesa da 
concorrência, a defesa do consumidor e o meio ambiente.
6 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 
BRASILEIRA PÓS-CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
6.1 Licenciamento ambiental
Licenciamento ambiental é o processo administrativo por meio do qual o Poder Público procura 
controlar as atividades humanas potencialmente poluidoras. Ele tem caráter nitidamente preventivo, 
com o objetivo de evitar, ou ao menos minimizar, o impacto ambiental negativo. Trata‑se, sem 
dúvida, de instrumento essencial e fundamental de controle dessas atividades e da proteção ao 
meio ambiente.
Do ponto de vista legal, a definição de licenciamento ambiental encontra‑se na Lei Complementar 
n. 140/2011, art. 2º, inciso I (BRASIL, 2011):
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram‑se: 
I – licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a 
licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, 
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de 
causar degradação ambiental; 
O licenciamento ambiental está alçado à condição de instrumento de efetivação do desenvolvimento 
sustentável, conforme se observa, em análise sistemática, no cotejo do inciso I do art. 4º com o inciso IV 
do art. 9º, ambos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81).
Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
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I – à compatibilização do desenvolvimento econômico‑social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
Art. 9º – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
[...]
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; (BRASIL, 1981)
A exigência do licenciamento ambiental está prevista na Política Nacionaldo Meio Ambiente (Lei 
6.938/81), art. 10:
Art. 10 – A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos 
e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, 
dependerão de prévio licenciamento ambiental (BRASIL, 1981).
Tal exigência legal é reforçada pelo art. 2º da Resolução 237 do CONAMA (BRASIL, 1997):
Art. 2º. A localização, construção, instalação, ampliação, modificação 
e operação de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos 
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como 
os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação 
ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental 
competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
A exigência e obrigatoriedade do licenciamento ambiental para tais atividades estão em consonância 
com a Constituição Federal, especialmente no que diz respeito à ordem econômica, no art. 170, que, 
ao mesmo tempo que tem a livre iniciativa como fundamento, admite um controle dessa liberdade, ao 
estabelecer a defesa do meio ambiente como um de seus princípios (inciso VI).
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos 
de elaboração e prestação (BRASIL, 1988);
A liberdade de ação preconizada no caput do referido art. 170 não é total. É uma liberdade vigiada, 
controlada pelo Poder Público, em razão dos objetivos sociais preconizados pela Carta Magna (art. 1º e 3º). 
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Não há liberdade de ação para degradar o meio ambiente. Daí a razão de ser do seu parágrafo único, que 
ressalva essa liberdade de ação à autorização dos órgãos públicos, nos casos previstos em lei (BRASIL, 1988).
Art. 170. [...]
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade 
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo 
nos casos previstos em lei.
Deste modo, a Constituição admite o controle das atividades empresariais efetivas ou potencialmente 
poluidoras, de sorte que podemos afirmar que o licenciamento previsto no art. 10 da Lei 6.938/81 foi 
devidamente recepcionado pela Constituição Federal de 88.
6.2 Política Nacional de Recursos Hídricos
Figura 14
A Lei 9.433/97 instituiu no Brasil a Política Nacional de Recursos Hídricos, cujo objetivo principal é 
regulamentar o uso da água.
A água é essencial para o desenvolvimento e a manutenção da vida no planeta. A vida só existe onde 
tem água. Não é à toa que as grandes civilizações da Antiguidade floresceram às margens de um grande 
rio, como ocorreu com a egípcia (rio Nilo) ou a persa (rios Tigre e Eufrates).
Todavia, os recursos hídricos são finitos e o seu uso desordenado pode conduzir à total escassez 
de água. Daí a necessidade de regulamentar o uso racional da água, ou seja, propiciar, com o seu uso, 
o desenvolvimento humano, mas garantindo que as futuras gerações também possam utilizá‑la. O 
princípio disso é o desenvolvimento sustentável.
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O uso sustentável da água é a principal orientação da Lei 9.433/97. Vejamos: a água é um bem 
ambiental. Trata‑se de um bem de domínio público, como previsto no art. 1º, I, da Lei 9.433/97, ou seja, 
é um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, na forma do disposto no art. 
225 da Constituição Federal. As pessoas usam (e podem usar) os recursos hídricos nas suas diversas 
atividades, mas deverão cuidar para que esse recurso não se esgote, possibilitando que as presentes e 
futuras gerações possam também usá‑lo, como determinado no art. 2º, I, da Lei 9.433/97.
6.3 Proteção das florestas
6.3.1 O Código Florestal
Após muita polêmica, em 2012 foi promulgado o novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), com 12 
vetos presidenciais. Posteriormente, a Lei 12.727/2012 alterou diversos artigos do texto original.
O Código Florestal estabelece normas gerais para proteção da flora, da vegetação nativa, das áreas de 
preservação permanente, de uso restrito e das reservas legais. Também se aplica à exploração florestal, 
ao suprimento de matéria‑prima florestal, ao controle da origem dos produtos florestais e ao controle 
e prevenção dos incêndios florestais. Prevê, ainda, instrumentos econômicos e financeiros para controle 
de seus objetivos.
Ele está inserido no sistema de tutela jurídica do meio ambiente, estando submetido a todos os 
princípios do Direito Ambiental. O principal deles, que está expressado no próprio Código, é o do 
desenvolvimento sustentável, como se vê no parágrafo único do seu art. 1º‑A.
6.3.2 Unidades de conservação
A Lei 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Unidade de 
conservação é o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, 
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de 
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias 
adequadas de proteção. O SNUC é composto pelas unidades de conservação federais e estaduais.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação tem a função de proteger o meio ambiente, 
inserindo‑se na tutela ambiental. Desta forma, ao lado das diretrizes que lhes são próprias, ele deve 
observar os princípios do direito ambiental.
A conservação da natureza compreende a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a 
restauração e a recuperação do ambiente natural, com o objetivo precípuo de garantir o maior benefício 
para as gerações atuais, mas garantindo o seu potencial para as futuras gerações.
Daí se vê, sem dúvida, o princípio do desenvolvimento sustentável em sua plenitude.
Assim, a Lei 9985/2000 vai criar mecanismos para garantir o uso sustentável dos recursos naturais 
das áreas de proteção.
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6.3.3 Proteção da Mata Atlântica
A Mata Atlântica é um importante bioma (um conjunto de ecossistemas diferentes, reunidos em 
uma determinada região, que interagem entre si), que está seriamente ameaçado em razão da ação 
humana. Estima‑se que, atualmente, exista apenas 10% de Mata Atlântica nativa.
Para tentar preservar o que ainda resta de mata atlântica, foi promulgada a Lei 11.428/2006, que 
dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativado bioma Mata Atlântica.
A proteção legal da Mata Atlântica tem caráter constitucional, em face do disposto em § 4º, do art. 
225 da Constituição Federal, que a reconhece como patrimônio nacional e determina que sua utilização 
deve ser feita na forma da lei, dentro de “condições que assegurem a preservação do meio ambiente, 
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.
Ao condicionar o uso dos recursos naturais da Mata Atlântica à preservação ambiental, temos a 
aplicação do que se denomina desenvolvimento sustentável.
Assim, temos que o princípio norteador da Lei 11.428/2006 é o do desenvolvimento sustentável. Por 
isso a própria lei assim estabelece, no seu art. 6º, primeira parte, que “a proteção e a utilização do bioma 
Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2006).
6.4 O Estatuto da Cidade
A proteção do meio ambiente artificial, no plano infraconstitucional, se faz com as disposições da Lei 
10.527/2001, também conhecida como Estatuto da Cidade.
Em vigor desde outubro de 2001, o Estatuto da Cidade regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição 
Federal, estabelecendo as diretrizes gerais da política urbana.
A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais das cidades 
e da propriedade urbana, garantindo o direito a cidades sustentáveis, o que revela o caráter ambiental 
da referida norma.
Uma das diretrizes do Estatuto da Cidade é a garantia de direito a cidades sustentáveis. Tudo o que 
se fizer ou se planejar nas cidades deve observar essa sustentabilidade.
A sustentabilidade é um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental e traduz‑se, grosso 
modo, na possibilidade de poder utilizar os bens ambientais, mas garantindo que as futuras gerações 
também possam se utilizar deles.
Assim, o direito a cidades sustentáveis significa o direito a terra urbana, a moradia, a saneamento 
ambiental, a infraestrutura urbana, a transporte e a serviços públicos, a trabalho e lazer, para as presentes 
e futuras gerações (Estatuto da Cidade, art. 2º, I).
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O direito a cidades sustentáveis, garantia estabelecida de forma imediata no Estatuto da Cidade, 
encontra albergue mediato no art. 225 da Constituição Federal, que garante a todos o direito a meio 
ambiente ecologicamente sustentável, decorrendo daí a aplicação conjunta de todos os princípios do 
direito ambiental.
7 SUSTENTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
7.1 Responsabilidade social da empresa
O desenvolvimento sustentável, alçado ao nível de princípio constitucional, é obrigatório a todos 
que exercem uma atividade econômica no Brasil. Quem pretende empreender, explorando o mercado 
de consumo no País, deve ter em conta a preocupação com o meio ambiente, de sorte a preservá‑lo 
para as presentes e futuras gerações. Isso é uma obrigação legal e a sua não observância impõe a 
responsabilização, nas esferas administrativa, civil e penal, pelos danos causados. Machado Filho (2006, 
p. 24) salienta que não existe um consenso na definição de responsabilidade social da empresa, ela pode 
ser entendida, em sentido amplo, como “as decisões de negócios tomadas com base em valores éticos 
que incorporam as dimensões legais, o respeito pelas pessoas, comunidades e meio ambiente”.
Todavia, mais até do que uma obrigação legal, a responsabilidade social impõe a sobrevivência da 
própria empresa. Na época em que vivemos, em que os consumidores adquiriram uma maior consciência 
ecológica e que a informação está à disposição de todos, a empresa que não cumprir a sua função social, 
que não adotar uma postura sustentável, não terá êxito.
Há uma tendência natural dos consumidores de aceitar empresas socialmente responsáveis em 
detrimento das não responsáveis. Segundo Moura (2006, p. 2):
[...] atualmente, existe uma velocidade muito grande de lançamento de 
novos produtos, com o público consumidor muito ávido por inovações. 
Nesta situação, o consumidor está passando a valorizar mais a empresa 
fabricante e não apenas a marca do produto, estando assim ressaltando o 
comportamento ético da empresa, onde atuam diversos fatores, entre os 
quais o desempenho ambiental.
O principal objetivo das empresas, atualmente, deve ser promover o desenvolvimento econômico 
sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. 
Deve‑se buscar o equilíbrio entre a atividade econômica, a preservação do meio ambiente e o bem‑estar 
da comunidade e assim alcançar verdadeira sustentabilidade. Seguindo a lição de Machado Filho (2006, 
p. 8), veremos que:
[...] a ideia básica da responsabilidade social corporativa é que a atividade de 
negócios e a sociedade são entidades interligadas, não distintas. Portanto, 
a sociedade tem certas expectativas em relação ao comportamento e aos 
resultados das atividades de negócios.
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desenvolvimento sustentável
O real sucesso econômico de uma empresa não pode ser medido apenas pelo lucro anual e pelos 
dividendos que distribui aos sócios, mas sim pelo benefício que propicia a toda a sociedade.
Governança	corporativa
Para os administradores, o conceito de responsabilidade social está ligado ao reconhecimento de 
que as decisões e os resultados das atividades das empresas atingem um universo muito mais amplo do 
que aquele composto por seus sócios e acionistas: ele enfatiza o impacto que as atividades empresariais 
têm sobre as pessoas com as quais interagem (stakeholders), expressando compromissos que vão além 
daqueles normalmente impostos pelas leis ordinárias às empresas, tais como as obrigações trabalhistas, 
fiscais, civis e ambientais. É por isso que “a empresa deve, antes de tudo, atender às necessidades de seus 
consumidores [...] objetivo principal, sendo vital para que ela possa sobreviver” (MOURA, 2004, p. 53), de 
modo que “um gerenciamento com responsabilidade ambiental consegue conciliar as necessidades de 
crescimento econômico com os requisitos de melhor qualidade de vida” (MOURA, 2006, p. 8‑9).
Deu‑se a isso o nome de Governança Corporativa, que já foi saudada pela Organização para 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como “um dos instrumentos determinantes do 
desenvolvimento sustentável, em suas três dimensões – a econômica, a ambiental e a social” (ANDRADE; 
ROSSETTI, 2006, p. 26). Ela se apoia em fundamentos e princípios éticos, sociais e ambientais, que são 
aplicados na condução dos negócios. As posturas essenciais para a boa governança são a integridade 
ética, o senso de justiça, a exatidão na prestação de contas, a conformidade com as instituições legais e 
a transparência (ANDRADE; ROSSETTI, 2006, p. 142).
 Observação
O termo governança diz respeito ao ato de cuidar do que é de outrem. 
Aplica‑se aos dirigentes, tanto de pessoas jurídicas de direito privado como 
de direito público.
Stakeholders
A responsabilidade social da empresa contempla, necessariamente, a teoria dos stakeholders.
Stakeholder é o indivíduo ou grupo de indivíduos que influenciam a empresa e por ela são 
influenciados. São os sócios, acionistas,administradores, diretores, empregados, clientes, fornecedores, 
distribuidores, consumidores, enfim, todos que, de forma direta ou indireta, interagem com a empresa. 
Inclui‑se no conceito, ainda, o meio ambiente.
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Empresa ComunidadeTrabalhadores
Meio ambiente
Consumidores
Figura 15
Assim, podemos dizer que os stakeholders são os agentes internos e externos que mantêm, de 
alguma forma, um relacionamento com a empresa, seja ele voluntário ou não. Os internos podem ser os 
empregados, os acionistas, os sócios, os diretores e os administradores. Os externos são os consumidores, 
os fornecedores, os distribuidores, os concorrentes, a comunidade onde se localiza a empresa, bem como 
o meio ambiente.
Indo mais além, podemos afirmar que toda a sociedade pode ser considerada stakeholder de uma 
empresa, uma vez que as ações e iniciativas desta podem influenciar diversas pessoas em caráter difuso, 
por exemplo, em caso de dano ambiental. Machado Filho (2006, p. 8) salienta que:
[...] a doutrina da teoria dos stakeholders baseia‑se na ideia de que o 
saldo final da atividade de uma dada organização empresarial deve levar 
em consideração os retornos que otimizam os resultados de todos os 
stakeholders envolvidos e não apenas os resultados dos acionistas.
Os interesses em jogo em uma empresa vão muito além dos interesses pessoais de seus sócios e/ou 
administradores. Eles alcançam uma gama enorme de pessoas, que muitas vezes sequer sabem disso. É 
nesse sentido que Andrade & Rossetti (2006, p. 107) dizem que:
[...] os proprietários e os gestores aos quais eles outorgam a administração 
dos negócios não são as únicas partes com interesse em jogo nas empresas. 
A lista de stakeholders é bem mais ampla e todos têm interesses legítimos 
que afetam ou podem ser afetados pelas decisões de proprietários e gestores.
A responsabilidade social é voltada para os interesses desses stakeholders, pois diz respeito à tomada 
de decisão orientada eticamente e condicionada pela preocupação com o bem‑estar da coletividade, 
partindo das premissas de respeito aos interesses da população, preservação do meio ambiente e satisfação 
das exigências legais. O conceito de responsabilidade social é o ato de responder aos stakeholders, 
levando em conta mais do que apenas os desejos e necessidades da empresa. Como afirmam Andrade 
& Rossetti (2006, p. 107):
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O foco preliminar da governança, nesta área, tem sido a análise dos 
objetivos das companhias, tendo em vista suas interfaces com as demandas 
e os direitos de outros “constituintes organizados”, definidos genericamente 
como stakeholders.
Responsabilidade	social
A empresa deve reconhecer que sua responsabilidade para com a sociedade vai além de suas 
responsabilidades com seus clientes, incluindo a proteção ambiental, projetos filantrópicos e educacionais, 
planejamento da comunidade, equidade nas oportunidades de emprego, serviços sociais em geral, de 
conformidade com o interesse público. Como lembra Machado Filho (2006, p. 79):
[...] a função clássica de uma organização com fins lucrativos é a mesma, 
desde sempre. Entretanto, para se atingir esses objetivos, é crescente a 
necessidade de aprofundar as relações e atender os diferentes stakeholders 
da organização, de forma constante e negociada. Isso é parte da própria 
evolução institucional, formal e informal, da sociedade.
O lucro deve ser visto como consequência e não como o fim; ele será o resultado natural do bom 
trabalho desenvolvido pela empresa junto a seus diversos stakeholders. Conforme Moura (2004, p. 53):
[...] quando ela (a empresa) estiver atendendo bem, naquilo que os seus 
clientes esperam, consegue vender mais, consegue melhores preços e, 
portanto, tem lucro. A empresa que não esteja atendendo o que os clientes 
esperam, ao contrário, vende menos, seus clientes passam a dar preferência 
a concorrentes e, cada vez vendendo menos, ela passa a ter prejuízos até o 
ponto em que ela mude radicalmente sua postura ou encerre suas atividades.
Como já verificamos, a Administração percebeu e incorporou a ideia de responsabilidade social 
bem antes do Direito, como necessidade e condição imperiosa para sua sobrevivência num mercado 
de consumo competitivo e que se torna cada vez mais exigente, composto por consumidores cada vez 
mais conscientes.
Por conta disso, as empresas foram repensadas, se reestruturaram e conceitos como responsabilidade 
ambiental, qualidade, cidadania, governança corporativa, sustentabilidade e investimento social 
passaram a integrar a moderna administração dos negócios empresariais, a partir da década de 90, no 
século passado.
Em outras palavras, sob o prisma da administração, a responsabilidade social, mais do que uma 
obrigação legal, é tida como uma estratégia de negócios, para garantir a competitividade e a sobrevivência 
da empresa.
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7.2 Gestão ambiental da empresa
Toda atividade econômica, de um jeito ou de outro, mantém uma relação com o meio ambiente 
e nem sempre essa relação é boa. O desenvolvimento econômico se faz com a utilização de recursos 
naturais e sempre acarreta alguma forma de degradação ambiental. Vários são os casos em que uma 
atividade empresarial causou um grande dano ambiental, como pudemos verificar no capítulo 1.
Para minimizar essa situação extremamente desfavorável ao meio ambiente, muitas empresas, 
preocupadas com a preservação ambiental e a escassez dos recursos naturais, passaram a adotar um 
sistema de gestão ambiental.
Essa gestão ambiental empresarial é tida como uma função organizadora independente e necessária, 
com características próprias que a diferenciam das funções de segurança, relações industriais, relações 
públicas e outras com as quais interage.
Com a disseminação dos conceitos de garantia de qualidade e qualidade total na sociedade, a gestão 
ambiental passou a ocupar posição de destaque entre as funções organizacionais, não apenas pela 
contribuição favorável que agrega à imagem da empresa junto ao público, mas também pelos efeitos 
drásticos que o mau desempenho ambiental pode acarretar a essa mesma imagem.
A questão ambiental vai se tornando matéria obrigatória nas grandes empresas, em decorrência da 
globalização da economia, da internacionalização dos padrões de qualidade ambiental previstos na ISO 
14000, da conscientização e exigências crescentes dos consumidores e da disseminação da educação 
ambiental, constituindo um caminho sem volta. Para se manter no mercado, a empresa forçosamente 
terá de adotar um sistema de gestão ambiental.
A responsabilidade social da empresa impõe‑lhe o dever de gerenciaros riscos ambientais decorrentes 
de sua atividade, de forma a prevenir os danos e preservar o meio ambiente, atuando de maneira 
sustentável.
A gestão ambiental é o conjunto de medidas e procedimentos definidos e aplicados pela empresa 
com o objetivo de reduzir e controlar os impactos ambientais decorrentes da atividade empresarial.
O ciclo eficaz dessa gestão deverá abranger desde a fase de concepção do projeto até a eliminação 
efetiva dos resíduos gerados pelo empreendimento depois de implantado. Além disso, deve assegurar 
a melhoria contínua das condições de segurança, higiene e saúde ocupacional de seus empregados e 
manter um relacionamento sadio com os segmentos da sociedade que interagem com ela.
Para a empresa, a implementação de um sistema de gestão ambiental resulta na melhoria do seu 
desempenho ambiental, na maneira como interage com o meio ambiente. Com a sistematização, os 
aspectos ambientais podem ser identificados e mais bem controlados, fazendo com que os riscos 
potenciais de degradação ambiental existentes na sua atividade possam ser conhecidos, controlados, 
reduzidos e até mesmo eliminados.
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desenvolvimento sustentável
Toda empresa potencialmente poluidora deverá, por obrigação legal decorrente da sua 
responsabilidade socioambiental, adotar um sistema de gestão ambiental.
As normas internacionais de sistematização da gestão ambiental foram padronizadas na ISO 14000.
7.3 O certificado ISO 14000
ISO é a sigla de International Organization for Standardization. Trata‑se de uma organização 
não governamental internacional fundada em 1947. Ela tem sede na cidade de Genebra, na Suíça, e 
atualmente conta com a adesão de mais de 100 países, incluindo o Brasil.
O objetivo primordial da ISO é elaborar e padronizar normas internacionais consensuais e voluntárias 
para modelos de fabricação, comunicação, comércio e sistema de gerenciamentos. Ela tornou‑se 
mundialmente conhecida em razão da série ISO 9000. No Brasil, é representada pela ABNT (Associação 
Brasileira de Normas Técnicas).
A necessidade de padronizar essas normas decorre diretamente do efeito que o fenômeno da 
globalização produziu na economia mundial. A normalização, segundo D’Isep (2004, p. 152), vai resultar 
da “divisão do processo produtivo, onde se busca a segurança e a delimitação de responsabilidade 
entre parceiros, numa forma de assegurar instrumentos que viabilizem a ação de regresso em eventual 
responsabilização de danos”.
A	ISO	14000
A ISO série 14000 tem por função estabelecer a padronização para as questões ambientais de qualquer tipo 
de organização, por meio da implantação, monitoramento, avaliação, auditoria, certificação e manutenção de 
um sistema de gestão ambiental, a fim de reduzir e eliminar impactos adversos ao meio ambiente.
A importância dessa certificação para o mercado é a de que os consumidores poderão identificar as 
empresas fornecedoras que atuam em conformidade com as normas ambientais, exercendo seu poder 
de escolha com base nesse critério. Isso servirá como uma forma de pressão para a concorrência, que se 
verá forçada a se adaptar às mesmas normas para não perder o cliente.
A ideia da ISO 14000 apareceu no ano de 1993, quando o SAGE (Strategic Advisory Group on 
Enviroment) recomendou ao ISO a instalação de um Comitê Técnico para a elaboração de uma série 
de normas sobre gestão ambiental para as empresas. As normas ambientais da ISO foram baseadas 
na BS 7750, norma emitida pelo British Standard Institute, que foi preparada pelo Comitê de Política 
de Normalização Ambiental e da Poluição da Inglaterra, cujo objetivo era determinar um sistema que 
permitisse a uma organização estabelecer procedimentos para fixar uma política ambiental e seus 
objetivos, atingir o seu cumprimento e demonstrar à coletividade que os alcançou.
Em 1996, a ISO oficializou a primeira norma da série 14000, determinando diretrizes para a implementação 
de gestão ambiental nas diversas atividades econômicas que possam afetar e prejudicar de algum modo o meio 
ambiente, bem como a certificação de tais sistemas, com métodos uniformes e aceitos internacionalmente.
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A primeira norma, chamada de ISO 14001, trata do “Sistema de Gestão Ambiental: Especificações 
e Diretrizes para o uso” e foi homologada em junho de 1996. No Brasil, ela foi homologada no mês de 
outubro daquele ano, com a norma ABNT‑ISO 14001.
As normas ISO 14001 e 14004 dizem respeito ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A ISO 14001 
define as diretrizes para uso da especificação e estabelece uma correspondência entre ela e a ISO 9001, 
que demonstra a compatibilidade entre os dois sistemas e a viabilidade da aplicação das normas do ISO 
14001 para quem já aplica a ISO 9001.
Em relação à ISO 14004, nela são descritas as diretrizes gerais sobre os princípios, os sistemas e as 
técnicas de apoio do SAG.
Devemos observar que, de toda a série ISO 14000, apenas a norma 14001 está sujeita à certificação, 
pois apenas ela descreve os requisitos a serem cumpridos com posterior verificação e avaliação, sendo 
que as demais normas apresentam somente diretrizes, orientações e atitudes a serem adotadas.
Embora a adesão às normas do ISO 14000 seja voluntária, ou seja, nenhuma empresa está obrigada 
a aderir a elas, a pressão virá dos consumidores e do próprio mercado, que acabará afastando dele as 
empresas que não obtiverem a certificação.
Não é demais lembrar que o fato de uma empresa obter certificação ISO 14001 ou adotar um sistema 
de gestão ambiental não significa que ela não seja poluidora, mas apenas que ela monitora por meio de 
um sistema padronizado o seu desempenho ambiental, otimizando o impacto ambiental da sua atividade.
A certificação do ISO 14000 serve para informar ao consumidor que a empresa certificada possui 
um sistema de gestão ambiental, ou seja, que ela adota uma atitude proativa na preservação ambiental. 
Com isso, o consumidor poderá exercer a sua opção na hora de adquirir um produto ou serviço, entre 
uma empresa que respeita o meio ambiente e outra que não respeita.
Assim, a certificação ambiental funciona como um instrumento de informação, mas também atua 
como uma publicidade indireta, constituindo um plus ao produto ou serviço oferecido no mercado, 
podendo ser uma oportunidade para elevar a imagem de um produto ou serviço, conquistando uma 
fatia maior do mercado.
8 SUSTENTABILIDADE E PROTEÇÃO AMBIENTAL
8.1 Dano ambiental
8.1.1 Dano
Para entender o dano ambiental, primeiro é necessário entender o que é dano. O dano é a essência 
da responsabilidade civil. Não há indenização, recomposição ou compensação se não houver dano, ou se 
não se puder provar ou verificar a sua ocorrência. O objetivo da responsabilidade civil, da indenização, é 
recompor o dano causado. Indenizar significa reparar o dano sofrido pela vítima.
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Se não há dano, não haverá indenização. Nesse sentindo, temos o art. 944 do Código Civil, que 
dispõe que “a indenização mede‑se pela extensão do dano”.
Dano, em sentido amplo, é a agressão ou a violação de qualquer direito material ou imaterial que, 
provocado com dolo ou culpa pelo agente (responsabilidade subjetiva), ou em razão da atividade 
desenvolvida (responsabilidade objetiva), cause a uma pessoa (ou a um grupo de pessoas, determinadas 
ou indetermináveis), independentemente de sua vontade, uma diminuição de valor de um bem 
juridicamente protegido, seja de valor pecuniário, seja de valor moral ou até mesmo de valor afetivo.
Pode‑se classificar o dano em duas formas: material e moral.
Dano	material: também chamado de dano patrimonial, é aquele que atinge o patrimônio da vítima. 
Nele se compreendem as perdas e danos, englobando os danos emergentes (prejuízo efetivo) e os lucros 
cessantes (o que se deixou de ganhar).
Dano	 moral: também chamado de extrapatrimonial, é aquele que atinge o âmago da vítima, 
causando‑lhe dor, sofrimento, angústia, vexame e humilhação, afetando os direitos da personalidade.
 Saiba mais
Para entender o dano:
MELO, N. D. Dano moral – problemática: do cabimento à fixação do 
quantum. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
8.1.2 Dano indenizável
Como o dano é substrato da reparação, só interessa o estudo do dano indenizável, ou seja, aquele 
que importa efetivamente na diminuição do patrimônio do ofendido. Uma vez que a indenização se 
mede pela extensão do dano, somente o dano que ocasionar um efetivo prejuízo, ou seja, que diminuir 
o patrimônio da vítima, será passível de indenização.
8.1.3 Dano ambiental
O dano ambiental é uma lesão a um bem ambiental. Esse dano decorre de uma atividade humana, 
que causa uma degradação ambiental.
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Figura 16
Degradação ambiental é uma diminuição da qualidade do meio ambiente. Quando essa degradação 
é causada por uma ação humana, temos a poluição em sentido amplo. Nesse sentido, Antunes (2005, 
p. 66) afirma que o dano ambiental é “a poluição que, ultrapassando os limites do desprezível, causa 
alterações adversas no ambiente”.
A pessoa, física ou jurídica, que, nas suas atividades econômicas, não adotar uma postura sustentável 
e com isso causar um dano ao meio ambiente, ficará obrigada a reparar o dano causado.
8.2 Responsabilidade ambiental
8.2.1 Responsabilidade total
O meio ambiente foi elevado à condição de bem jurídico, sendo tutelado expressamente pelo art. 
225 da Constituição Federal, em todas as suas acepções, consagrando a responsabilidade total do 
poluidor pelas condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente. Assim, o § 3° do art. 225 
da Constituição Federal dispõe:
§ 3°. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados (BRASIL, 1988).
Podemos observar, destarte, que, em matéria de dano ambiental, a responsabilidade é total, ou seja, 
o poluidor responderá pelo dano causado nas esferas administrativas, criminal e civil. Isso significa 
que, para um mesmo fato, um único fato, o poluidor poderá ser responsabilizado administrativa, civil e 
criminalmente, concomitantemente, sem que uma esfera exclua a outra.
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A importância da responsabilização total do agente poluidor é garantir que o dano ambiental seja 
efetivamente reparado. A impunidade conduz à reincidência e não gera o desestímulo necessário para evitar 
que outros danos ambientais ocorram. Por conta disso, a responsabilização do infrator deve ocorrer da forma 
mais ampla possível, para que sirva de exemplo e para que ele pense duas vezes antes de repetir o fato.
Muitas vezes a simples imposição de multa administrativa não resolve o problema causado, sendo 
necessário restituir o ambiente, reparando‑o. Outras vezes, a simples reparação não é suficiente para 
desestimular o poluidor, sendo necessário partir‑se para a esfera penal. O Direito Penal, aliás, vem se 
tornando a grande arma jurídica para reprimir o dano ambiental.
Assim, quem não assumir uma postura sustentável, causando danos ao meio ambiente, poderá ser 
responsabilizado nas esferas administrativa, civil e penal, concomitantemente.
8.2.2 Responsabilidade objetiva
É importante lembrar que a responsabilidade do poluidor é objetiva.
É objetiva a responsabilidade que prescinde do elemento subjetivo, ou seja, que não depende de culpa 
para gerar a obrigação indenizatória, bastando que haja nexo causal e dano. Por isso mesmo, é possível 
haver a obrigação de indenizar independentemente da prática de qualquer ato ilícito. Havendo previsão 
legal de responsabilização, ou sendo a atividade considerada de risco, o responsável pela reparação pode 
até não ter praticado nenhum ato ilícito e, mesmo assim, haverá o dever de indenizar. Mais ainda, o 
dever da reparação poderá até mesmo surgir de um ato lícito.
A responsabilidade do poluidor está prevista no art. 14, § 1º, da Lei 6938/81 (Política Nacional do 
Meio Ambiente):
§ 1°. Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o 
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar 
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por 
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao 
meio ambiente (BRASIL, 1981).
Esse dispositivo legal está em pleno vigor, pois foi recepcionado pela Constituição Federal, que 
estabeleceu, no § 3°, do art. 225:
§ 3°. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão 
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar o dano (BRASIL, 1988).
Tendo em vista que a Constituição não adotou nem estabeleceu nenhum critério ou elemento vinculado 
à culpa como fundamento da obrigação de reparar o dano ambiental, ela admite responsabilidade 
objetiva estabelecida pela norma infraconstitucional.
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A responsabilidade civil pelo dano ambiental é, pois, objetiva e se apoia na teoria do risco, de maneira 
que “não se aprecia subjetivamente a conduta do poluidor, mas a ocorrência do resultado prejudicial ao 
homem e seu ambiente” (MACHADO, 2005, p, 335).
Vamos anotar, todavia,que o Direito Ambiental contempla a responsabilidade civil objetiva com a 
teoria do risco integral. Desta forma, ocorrido o dano ambiental, o poluidor estará obrigado à reparação, 
não podendo se valer de nenhum tipo de excludente em sua defesa.
Isso ocorre, também, porque todos que exercem atividades econômicas de risco se sujeitam ao 
princípio da defesa do meio ambiente, na forma estabelecida pelo art. 170, VI, da Constituição Federal, 
devendo suportar integralmente os danos causados ao ambiente.
Desta forma, pela teoria do risco integral, plenamente consagrada no Direito Ambiental brasileiro, 
o poluidor será responsabilizado simplesmente por ter causado o dano ambiental, sem necessidade de 
abrir discussão acerca da licitude do ato ou de sua culpa.
 Observação
A responsabilidade objetiva é aquela que independe de culpa para gerar 
o dever de indenizar. Ela se contrapõe à responsabilidade subjetiva, também 
chamada de aquiliana, que se baseia na apuração da culpa.
 Resumo
No Brasil, a preocupação com o meio ambiente foi inspirada pela 
Conferência de Estocolmo. Em 1981, foi promulgada a Lei 6938/81, 
que introduziu no país a Política Nacional de Meio Ambiente. Essa lei já 
trazia implícita a ideia de desenvolvimento sustentável, no art. 4º, inciso 
I, que dispunha como meta a compatibilização do desenvolvimento 
econômico‑social com a preservação da qualidade do meio ambiente.
Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, o meio ambiente 
ganhou status de direito constitucional, em razão do disposto no art. 225 
da Carta Magna, a partir do qual é possível enumerar os princípios do 
direito ambiental.
O princípio fundamental que encontramos na leitura do referido art. 
225, quando dispõe sobre a obrigação de todos de defender e preservar o 
meio ambiente para as presentes e futuras gerações, é o do desenvolvimento 
sustentável, que busca conciliar a proteção do meio ambiente com o 
desenvolvimento socioeconômico, propiciando uma melhor qualidade de 
vida humana.
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desenvolvimento sustentável
O meio ambiente é um bem de uso comum do povo. O desenvolvimento 
econômico implica a utilização de bens ambientais, que são utilizados como 
matéria‑prima. A lei permite a utilização desses bens no desenvolvimento da 
economia, desde que haja a contrapartida por parte dos empreendedores, 
que é a preservação do meio ambiente para as presentes e futuras 
gerações. Assim, o desenvolvimento sustentável, como princípio, preconiza 
o necessário desenvolvimento econômico e social, mas com a preservação 
do meio ambiente e a prevenção aos danos ambientais.
Ao desenvolvimento sustentável unem‑se outros princípios de igual 
importância, como o princípio do poluidor‑pagador, o princípio da 
prevenção e o princípio da participação.
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Direito brasileiro 
passou a contar com mais leis de proteção ambiental. A maioria dessas leis 
é voltada para o desenvolvimento sustentável, como podemos verificar ao 
cuidar do licenciamento ambiental (Lei Complementar 140/2011), da Política 
Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433/97), da Proteção Florestal (Lei 
12651/2012 – Código Florestal, Lei 9985/2000 – Unidades de Conservação 
e 11428/2006 – Proteção da Mata Atlântica) e das cidades (Lei 10527/2001 
– Estatuto da Cidade).
Essa realidade fez com as empresas adotassem uma postura proativa 
em favor do meio ambiente. Para manter, preservar e proteger o meio 
ambiente fomentando a sustentabilidade, as empresas passaram a contar 
com departamentos próprios de controle e gestão ambiental. Passou‑se a 
falar em responsabilidade social e governança corporativa para designar 
esse aspecto da administração empresarial que se preocupa com o meio. A 
governança corporativa está ligada ao conceito dos stakeholders, que são 
todos aqueles influenciados pela empresa, como empregados, consumidores, 
fornecedores, concorrentes, incluindo o meio ambiente.
É possível dizer que a gestão ambiental da empresa age como uma 
função organizadora independente e necessária, com características 
próprias que a diferenciam das funções de segurança, relações industriais, 
relações públicas e outras com as quais interage. A empresa ambientalmente 
responsável pode ser certificada com o ISO 14000. A ISO série 14000 tem 
por função estabelecer uma padronização para as questões ambientais de 
qualquer tipo de organização, por meio da implantação, monitoramento, 
avaliação, auditoria, certificação e manutenção de um sistema de gestão 
ambiental, a fim de reduzir e eliminar impactos adversos ao meio ambiente.
A empresa que não age de maneira sustentável e, de alguma 
maneira, causa um dano ambiental, fica responsável pela sua reparação. 
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Unidade II
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A responsabilidade ambiental é uma responsabilidade total, que obriga o 
infrator nas esferas administrativa, civil e penal.
A responsabilidade civil pelo dano ambiental é do tipo objetiva, ou seja, 
independe de culpa do agente, bastando que tenha havido o fato e o nexo 
de causalidade com o dano.
 Exercício
Questão	1. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida [...]” (CF/88, art. 225). De acordo com a disposição 
constitucional, qual a natureza do direito ambiental?
A) Direito privado.
B) Direito público.
C) Direito coletivo.
D) Direito difuso.
E) Nenhuma das alternativas anteriores.
Resposta correta: alternativa D.
Análise	das	alternativas
Quando afirma que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a Constituição 
Federal revela que seus titulares são sujeitos indeterminados, caracterizando um direito difuso, conforme 
previsto no art. 81 do CDC.
Questão	2. A responsabilidade pelo dano ambiental é:
A) Objetiva.
B) Solidária.
C) Total.
D) Todas as alternativas anteriores.
E) Nenhuma das alternativas anteriores.
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desenvolvimento sustentável
Resposta correta: alternativa D.
Análise	das	alternativas
As alternativas A, B e C estão corretas. A responsabilidade pelo dano ambiental é objetiva, pois 
independe de culpa; é solidária, porque obriga a todos que participam do ato, pessoas físicas ou jurídicas; 
é total, porque obriga o agente nas esferas administrativas, cível e penal, cumulativamente. Desta forma, 
todas estão corretas. A alternativa D é a certa.
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FIGuRAS	e	IluStRAçõeS
Figura	1
FILE000252570424.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/60ZYxj>. Acesso em: 28 fev. 2013.
Figura	2
SFCS‑2005‑02‑01‑ADEADLYMIXTURE (2).JPG. Disponível em: <http://nsc.nasa.gov/SFCS/
SystemFailureCaseStudyFile/Download/128>. Acesso em: 28 fev.

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