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Filosofia e dimensões históricas da Educação Física unidade I

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Autor: Prof. Mário André Sigoli 
Colaboradoras: Profa. Vanessa Santhiago
 Profa. Tânia Sandroni
Filosofia e Dimensões 
Históricas da Educação Física
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Professor conteudista: Mário André Sigoli
Mário André Sigoli é mestre em Pedagogia do Movimento Humano pela Escola de Educação Física e Esporte da 
Universidade de São Paulo (EEFE-USP), defendeu sua dissertação intitulada Características do Esporte Educacional nas 
Escolas da Cidade de São Paulo em 2005.
Graduado no curso de bacharelado em Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São 
Paulo (EEFE-USP), em 2000.
Teve atuação profissional na área esportiva da natação, sendo técnico de atletas federados no São Paulo Futebol 
Clube (1999 a 2002) e depois técnico das categorias de base da natação da Fundesport Araraquara, entre 2013 e 2015.
Atua como docente do ensino superior desde fevereiro de 2004 na Universidade Paulista – UNIP e como consultor 
da Comissão de Qualificação e Avaliação (CQA) da UNIP. Atualmente é coordenador do curso de Educação Física do 
Campus Araraquara da UNIP.
Desenvolve hoje trabalho e pesquisa entre a população idosa e com necessidades especiais, com ênfase em 
emagrecimento e doenças hipocinéticas, através da metodologia do treinamento cruzado (cross training).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S578f Sigoli, Mário André.
Filosofia e Dimensões Históricas da Educação Física. / Mário 
André Sigoli. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
144 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-025/17, ISSN 1517-9230.
1. Filosofia. 2. Dimensões históricas. 3. Educação Física. I. Título.
CDU 796.01
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Rose Castilho
 Lucas Ricardi
 Ricardo Duarte
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Sumário
Filosofia e Dimensões Históricas da Educação Física
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................................................9
1.1 O que é História? .....................................................................................................................................9
1.2 A Filosofia ................................................................................................................................................ 10
2 A IMPORTÂNCIA DAS HABILIDADES MOTORAS NOS POVOS ANTIGOS .................................... 11
2.1 A atividade física nas primeiras civilizações .............................................................................. 13
2.2 O sedentarismo na sociedade contemporânea ........................................................................ 16
3 OS EXERCÍCIOS NO MUNDO ANTIGO ...................................................................................................... 19
3.1 A civilização egípcia e os exercícios físicos ................................................................................ 19
3.1.1 Os exercícios físicos no Egito Antigo .............................................................................................. 19
3.2 Os exercícios físicos na Grécia Antiga ......................................................................................... 21
3.2.1 Contexto histórico geral ...................................................................................................................... 21
3.2.2 A pólis de Esparta ................................................................................................................................... 22
3.2.3 A pólis de Atenas .................................................................................................................................... 22
3.2.4 Período Clássico (séculos V a.C.-IV a.C.) ......................................................................................... 23
3.2.5 Período Helenístico (séculos IV a.C.-II a.C.) .................................................................................. 26
3.2.6 Filosofia, corpo e exercício na Grécia Antiga .............................................................................. 26
3.2.7 A cultura da Grécia Antiga e o exercício ....................................................................................... 30
3.2.8 Os jogos na Grécia Antiga ................................................................................................................... 32
3.2.9 Milo de Crotona: a história de um herói grego .......................................................................... 37
3.2.10 A mulher na Grécia Antiga ............................................................................................................... 38
3.2.11 A decadência dos jogos gregos ....................................................................................................... 40
3.3 Os exercícios físicos em Roma ........................................................................................................ 42
3.3.1 Monarquia (da fundação de Roma ao século VI a.C.) .............................................................. 42
3.3.2 República (séculos VI a.C.-I a.C.) ....................................................................................................... 43
3.3.3 O Alto Império (séculos I a.C.-III d.C.) ............................................................................................. 45
3.3.4 O Baixo Império (séculos III d.C.-V d.C.) ......................................................................................... 46
3.3.5 Os exercícios físicos em Roma ........................................................................................................... 47
3.4 As disputas atléticas na Idade Média ........................................................................................... 50
3.4.1 Contexto histórico geral ...................................................................................................................... 51
3.4.2 Baixa Idade Média ..................................................................................................................................51
3.4.3 O movimento cruzadista...................................................................................................................... 52
3.4.4 Os exercícios físicos durante a Idade Média ................................................................................ 53
4 O RENASCIMENTO CULTURAL E AS PERSPECTIVAS PARA O CORPO E 
O MOVIMENTO HUMANO ................................................................................................................................ 55
4.1 Os precursores renascentistas ........................................................................................................ 57
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Unidade II
5 O EXERCÍCIO FÍSICO NAS SOCIEDADES MODERNAS ........................................................................ 64
5.1 As escolas ginásticas: educação, saúde e nacionalismo ....................................................... 64
5.1.1 O movimento ginástico sueco ........................................................................................................... 65
5.1.2 O movimento ginástico francês ........................................................................................................ 68
5.1.3 A história do Parkour ............................................................................................................................ 70
5.1.4 O movimento ginástico alemão ........................................................................................................ 71
5.2 A gênese do esporte moderno e o processo civilizatório britânico ................................. 73
5.2.1 O esporte moderno e o contexto social ........................................................................................ 77
5.2.2 Violência, esporte e civilização .......................................................................................................... 79
5.3 O Olimpismo moderno ....................................................................................................................... 81
5.3.1 O ideário olímpico .................................................................................................................................. 83
5.3.2 A força dos Jogos Olímpicos .............................................................................................................. 86
6 O ESPORTE CONTEMPORÂNEO, ASPECTOS POLÍTICOS E MERCANTILISTAS ............................. 87
6.1 A história do uso político do esporte ........................................................................................... 87
6.1.1 O Olimpismo: um nobre ideal corrompido ................................................................................... 88
6.1.2 Jogos Olímpicos de Berlim (1936) e a propaganda nazista ................................................... 89
6.1.3 O esporte: arma ideológica na Guerra Fria ................................................................................. 93
6.1.4 O esporte e o mundo contemporâneo ........................................................................................... 95
6.2 A organização esportiva versus a lógica capitalista .............................................................. 97
6.2.1 O esporte-espetáculo e os meios de comunicação de massa .............................................. 99
6.3 As perspectivas do esporte educacional ...................................................................................100
6.3.1 A crítica ao esporte no processo educacional ..........................................................................100
6.3.2 A defesa do esporte competitivo como instrumento de educação .................................103
Unidade III
7 O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE NO BRASIL .............................108
7.1 A história do futebol no Brasil ......................................................................................................108
7.2 A história da Educação Física no Brasil .....................................................................................115
7.3 A Educação Física brasileira e os pareceres de Rui Barbosa .............................................116
7.4 Eugenia, higiene e nacionalismo, ideais brasileiros no início do século XX ...............117
7.5 A institucionalização do esporte brasileiro ..............................................................................118
7.6 A quebra do paradigma no esporte feminino brasileiro ....................................................119
7.6.1 A mulher no esporte: gênero e mídia ......................................................................................... 119
7.7 As estruturas esportivas brasileiras contemporâneas .........................................................121
8 EDUCAÇÃO FÍSICA E EPISTEMOLOGIA ..................................................................................................122
8.1 Abordagens filosóficas da Educação Física no Brasil ...........................................................123
8.2 Aspectos pedagógicos da Educação Física contemporânea ............................................125
8.3 Educação Física e aspectos da saúde ........................................................................................127
8.3.1 Educação Física e saúde mundial .................................................................................................. 128
8.3.2 Atividade física e nível socioeconômico..................................................................................... 130
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APRESENTAÇÃO
Este material está organizado de forma que cada capítulo desenvolva uma contextualização 
histórica, geográfica, política, social e cultural de cada povo ou período abordado. 
Posteriormente, apresenta uma análise focada nos exercícios físicos, jogos e disputas atléticas 
específicas de cada civilização.
Inicialmente serão discutidos temas introdutórios e conceituais a respeito da História, Filosofia e 
Ciências Sociais que apoiam a metodologia de análise deste livro-texto. Serão abordados, de forma crítica, 
a evolução da civilização antiga, os contextos históricos e sociais e a ênfase nas questões relacionadas 
ao exercício no mundo antigo e seu legado para o mundo contemporâneo, englobando a análise do 
Egito Antigo, Grécia e Roma. Abordaremos ainda o exercício no período medieval e as transformações 
socioculturais do Renascimento.
Depois, apresentaremos uma análise histórico-crítica das sociedades modernas e suas relações com 
o exercício físico pautado nos processos educativos, produtivos e de entretenimento. Serão relacionadas 
as escolas ginásticas europeias, os autores que mudaram o paradigma da educação ocidental moderna, 
resgatando o exercício e os bons hábitos através da ginástica e do esporte, este último desenvolvido 
sobretudo a partir da Revolução Industrial, no berço da aristocracia burguesa na Inglaterra. Trataremos 
também do surgimento do Olimpismo e da restauração dos Jogos Olímpicos na Era Moderna, bem como 
de suas implicações e desdobramentos.
As discussões irão se estender à manipulação política do esporte moderno feita pelos governos 
oportunistas a partir do início do século XX e às relações do esporte contemporâneo com a mídia, 
as finanças e o capital globalizado desde o final do século passado até os dias atuais. Faremos um 
contraponto dos níveis de participação esportiva relacionando o esporte educacional, o esporte de 
participação e o esporte de rendimento.
Também abordaremos as origens da Educação Física no Brasil sob a influência da ginástica 
europeia e as discussões a respeito da Educação Física brasileira no início do século XX.Relataremos a jornada para o desenvolvimento do futebol e dos clubes esportivos brasileiros. 
Desenvolveremos amplo debate a respeito da institucionalização do esporte durante a Era 
Vargas, os propósitos higienistas e eugenistas e a segregação da mulher na prática esportiva. 
Ainda serão apresentadas referências a respeito das abordagens metodológicas na Educação 
Física, aspectos filosóficos e epistemológicos.
Todas as discussões históricas e filosóficas levam o leitor a não mais entender o estudo da história 
como a coleção de fatos e datas, mas sim como um processo de aprendizagem crítica, que, através da 
análise filosófica, permite gerar associações, analogias e contestações pertinentes ao desenvolvimento 
de um saber dialético e abrangente.
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INTRODUÇÃO
Caro aluno,
Este livro-texto visa a apresentá-lo às origens e aos propósitos das manifestações atléticas humanas. 
Antes de ser um manual de curiosidades históricas, é uma referência para a reflexão a respeito da 
construção do exercício humano ontem e hoje.
O texto pretende levá-lo a fazer analogias com os fatos do passado e as manifestações 
contemporâneas do movimento corporal humano, de modo que sua formação e atuação acadêmica 
seja crítica e emancipada, não ficando presa a postulados rigidamente travados pela teoria ou tradição. 
Visa à construção de uma vida profissional pautada pelo conhecimento, pela racionalidade e pela ética.
Munido desses conhecimentos, espera-se que sua formação seja repleta de sentido e referências 
e que a resolução de seus questionamentos tenha, ao menos, ponto de partida através deste amplo e 
generalista compêndio sobre os aspectos socioculturais da Educação Física e do esporte.
A ampla discussão das manifestações atléticas humanas nos mais diversos períodos da história e 
nos mais variados contextos sociais é necessária para o entendimento da importância e da finalidade 
do exercício na sociedade atual. 
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Unidade I
1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Esta disciplina investiga o surgimento das manifestações da cultura do movimento do corpo humano 
e o crescimento e desenvolvimento destas manifestações em diferentes períodos da história. Interpreta 
as influências da atividade física nas diferentes culturas e sociedades.
Ao estudar os diferentes períodos históricos e as diferentes sociedades, a história da Educação Física 
analisa as condições do desenvolvimento socioeconômico e cultural de cada povo ou era, pois essas 
características estão diretamente relacionadas com a cultura de prática de atividade física.
O estudo da história tem importante função no cotidiano profissional do professor de Educação 
Física. É um referencial dos acontecimentos da área no passado, que ensina com as glórias e vivências 
dos povos antigos, mas também alerta para os erros cometidos pelos nossos antecessores.
1.1 O que é História?
Há milhares de anos os seres humanos se organizavam em pequenos grupos, com pouco contato 
entre si. Viviam da caça, da pesca e da coleta, deslocavam-se atrás desses recursos naturais e tinham 
poucos objetos. Todos os grupos eram pouco numerosos, porque seu modo de vida não permitia, pois, se 
sua população crescesse muito, faltariam recursos e os deslocamentos seriam dificultados (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
Essas primeiras formas de organização social deram espaço para o sedentarismo do homem, ou seja, 
o processo de fixação em determinada região a partir da criação de rebanhos e da produção agrária. 
A abundância de alimentos e o fato de os grupos não terem mais que migrar de tempos em tempos 
resultaram na ampliação do contingente populacional, bem como motivaram a especialização de 
tarefas e a fabricação de instrumentos mais complexos, de cerâmicas e cerimoniais. Nesse momento, a 
sensibilidade artística do homem antigo se desenvolveu bastante e ele teve necessidade de confeccionar 
gravuras e pinturas em paredes de cavernas e rochas. É importante ressaltar que essas práticas não 
correspondem a todos os povos e não ocorreram simultaneamente em todas as regiões (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
A ideia de que, antes da invenção da escrita, o que existiu foi a Pré-História e não a História está 
ligada à noção de que a História não pode ser feita sem documentos escritos. Recentemente, os 
especialistas reconheceram a importância dos registros não escritos como fontes históricas – são eles 
pinturas, esculturas, relatos orais e objetos. Sabe-se que a escrita não surgiu ao mesmo tempo em 
todos os lugares e, ainda hoje, povos vivem sem o desenvolvimento da escrita, baseando sua história na 
oralidade e em seus costumes. 
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Unidade I
No entanto, convencionou-se que o termo Pré-História se refere ao período da humanidade, 
envolvendo milhares de anos, desde o seu surgimento até a consolidação da escrita. Já a denominada 
História, embasada por documentos escritos, tem cerca de 6 mil anos (VICENTINO; DORIGO, 2013).
A história não deve ser apenas um amontoado de fatos, datas e nomes em uma sequência cronológica, 
mas sim um instrumento para a discussão crítica do passado, comparando e analisando acontecimentos 
relevantes, que proporcionem soluções para problemas do presente.
Os primeiros registros históricos aparecem há cerca de 6 mil anos, quando a civilização humana dá 
um grande salto em sua organização cultural e social, passando a viver em centros urbanos e organizar 
as funções complexas da vida na cidade na forma de profissões, papéis sociais bem definidos. Nessas 
cidades, os proprietários ricos da terra desenvolvem modelos centralizados de governo, nos quais 
assumem a liderança, concentrando grande riqueza. Os registros contábeis do patrimônio, achados nas 
tumbas desses líderes das primeiras cidades localizadas na Mesopotâmia, são os primeiros documentos 
organizados na forma de escrita com símbolos decodificados na forma de linguagem (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
É importante lembrar que a construção da história se dá a partir de documentos encontrados e 
selecionados, através de relatos, observações e histórias de vida. Cabe ao historiador que organiza os 
documentos apresentar uma versão dos fatos reais ocorridos. O método histórico precisa de tratamento 
crítico, pois, de forma geral, a história é escrita sob a ótica de um ponto de vista. Sendo assim, várias 
fontes, teorias e versões devem ser analisadas antes de se confirmar um fato histórico. Caso contrário, 
a história pode ser tendenciosa e parcial, como aquela que é escrita pelos vencedores das guerras 
(THOMAS; NELSON, 2002).
1.2 A Filosofia
A Filosofia é um método de aquisição do conhecimento que busca, de forma racional, encontrar 
a verdade ou se aproximar o mais perto possível dela. A metodologia filosófica usa a discussão, o 
pensamento e a crítica como elementos para a construção do saber.
A aplicação do método filosófico compreende o estabelecimento de um questionamento, de uma 
dúvida, não aceitando conceitos preestabelecidos sem antes analisá-los e contrapô-los mediante 
rigorosa argumentação.
O pensamento filosófico não busca estabelecer uma verdade absoluta, mas discutir as verdades 
possíveis a respeito de determinado assunto. A dialética ampara essa dualidade, na qual pensamentos 
opostos ou complementares podem coexistir em busca de um entendimento amplo de um fato.
Dessa forma, o método filosófico será aplicado no contexto deste livro-texto com o intuito de 
discutir criticamente os fatos históricos, fazendo analogiascom fatos contemporâneos e construindo 
uma análise abrangente da problemática apresentada.
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
2 A IMPORTÂNCIA DAS HABILIDADES MOTORAS NOS POVOS ANTIGOS
No decorrer de um extenso período de adaptação e evolução que durou milhões de anos, 
os hominídeos foram desenvolvendo mais habilidades motoras e maior nível de complexidade 
do sistema nervoso, aumentando consideravelmente sua capacidade cognitiva. O cérebro, mais 
complexo, incrementou a capacidade de raciocínio, o que permitiu uma capacidade maior de 
manipular armas e ferramentas, dando ao homem grande vantagem perante seus predadores. 
As habilidades de manipulação, associadas à maior cognição, levaram ao desenvolvimento de 
tecnologias que, de forma crescente, permitiram criar soluções cada vez mais elaboradas para a 
alimentação e a sobrevivência (VICENTINO; DORIGO, 2013).
A divisão dos períodos históricos da humanidade foi feita com base nos elementos que eram 
manipulados pelo homem em determinado período. Por exemplo: o primeiro período, denominado 
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, iniciou-se há aproximadamente 2,7 milhões de anos e se estendeu 
até 10000 a.C. (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Os primeiros grupamentos humanos do Paleolítico viviam em pequenos bandos com cerca de 
trinta indivíduos e gastavam grande parte do seu tempo nas atividades de subsistência (pesca, 
caça, preparo do alimento, locomoção). Eram nômades e permaneciam em determinado território 
por cerca de três meses, em função das condições climáticas e em razão das reservas de recursos 
(caça, pesca e vegetais). As tarefas passaram a ser divididas conforme a idade, o sexo e as condições 
físicas dos membros do bando. Os homens fabricavam ferramentas, construíam moradias (tendas), 
caçavam, pescavam e protegiam o território. As mulheres faziam a coleta de grãos, folhas, frutos, 
raízes, ovos, mel e insetos e também confeccionavam cestos e potes para armazenar e servir 
alimentos (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
As pinturas encontradas nas cavernas relatam muito sobre os hábitos, costumes e história 
dos grupamentos humanos do período Paleolítico. Elas são denominadas pinturas rupestres. 
Atualmente, esses achados são considerados importantes evidências históricas para determinar 
os hábitos e a cultura de populações antigas. Cenas de caça, pesca, rituais, danças e brincadeiras 
são exemplo de relatos visuais de como esses povos viviam milhares de anos atrás. Através desses 
relatos, podemos perceber a importância da motricidade humana em seus primórdios (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
Evidências mostram como o Homo sapiens sapiens se expressava através de símbolos há cerca 
de 40 mil anos. Foram descobertos vestígios de vasos de argila com inscrições simbólicas datadas 
de cerca de 70 mil anos. Dessa forma, pode-se afirmar que a capacidade de abstração e construção 
de cultura simbólica através de artefatos e desenhos é bastante anterior ao Homo sapiens; cerca 
de 30 mil anos antes de sua chegada à Europa, já havia símbolos de inteligência e abstração 
semelhantes aos parâmetros do homem moderno (VICENTINO; DORIGO, 2013).
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Unidade I
Figura 1 
Atualmente, todos os homens pertencem à subespécie Homo sapiens sapiens. As variações físicas 
constatadas ocorreram devido a adaptações às exigências do meio, nas diferentes regiões do planeta 
onde o homem se instalou há milhares de anos. Dessa forma constata-se uma pigmentação da pele 
mais intensa nos habitantes de regiões com maior irradiação solar, assim como habitantes das frias 
regiões polares possuem mais gordura corporal, que serve como reserva energética e proteção térmica 
contra as baixas temperaturas. Durante toda sua jornada evolutiva, o homem teve como atividades de 
subsistência a caça e a coleta de raízes, ramos e frutos. Em função dessas atividades, o homem teve que 
desenvolver habilidades físicas específicas, como corrida, saltos, natação, escalada, mergulho e o uso e 
lançamento de implementos como machado, lança e arco e flecha (SANTOS, 1994). 
Cerca de 10 mil anos atrás o homem passou por um período de grande mudança em seu 
comportamento. A Revolução Agrícola foi a descoberta do plantio como recurso para a obtenção de 
alimentos. Este recurso fixou mais o homem em um mesmo local, pois antes a vida era nômade e, 
quando a caça ficava escassa, o grupo migrava para outra região. O plantio gerou um excedente de 
produção, que alavancou um grande aumento da população humana (SANTOS, 1994).
No entanto, a fixação em um só lugar e o acúmulo de recursos trouxe problemas para o homem. 
A condição de fartura atraía a cobiça de outros grupos, que passaram a saquear as comunidades 
agrícolas. A necessidade de proteger seu grupo, sua lavoura e seus animais levou o homem a intensificar 
sua preparação guerreira. A destreza humana para manipular armas, que a princípio eram usadas na 
caça, passou a ser aperfeiçoada com o objetivo de defender os territórios de inimigos. Surge então o 
treinamento do físico para a guerra, lançamentos, arco e flecha, marchas e lutas (SANTOS, 1994).
 Saiba mais
O filme a seguir, que foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, 
ilustra algumas questões apresentadas:
A GUERRA do fogo. Dir. Jean Jacques Annaud. Canadá; França: 
International Cinema Corporation, 1981. 100 minutos.
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2.1 A atividade física nas primeiras civilizações
A civilização é o resultado do trabalho humano para transformar a natureza. Refere-se às 
organizações feitas pelo homem para estruturar a sociedade, a distribuição de papéis, as relações 
políticas e a simbologia de um povo. Nesse sentido, o termo civilização não se refere a uma escala 
evolutiva tecnológica, pois toda sociedade humana possui seu tipo de civilização. É bastante equivocada 
a concepção de que existam povos primitivos e povos civilizados (VICENTINO; DORIGO, 2013).
O conceito de civilização nasce junto com a fundação das primeiras cidades na Mesopotâmia 
e no Egito, cerca de 5 mil anos a.C. Os homens se agruparam em grandes comunidades devido à 
necessidade de realizar grandes empreendimentos (diques, barragens, muralhas) para controlar 
a produção agrícola. A civilização seria então um tipo de sociedade resultante de um processo 
marcado por certo grau de desenvolvimento tecnológico, econômico e intelectual. No Ocidente, 
esse processo ocorreu com diferenciação social, divisão do trabalho, urbanização e concentração 
do poder político e econômico.
Atualmente, a civilização corresponde a um elevado desenvolvimento tecnológico, que faz com que 
as forças produtivas sejam predominantemente automatizadas, não exigindo do homem grande esforço 
físico para sua sobrevivência.
Nas primeiras civilizações dos povos antigos, a prática de atividade física humana representava 
quase toda a energia gasta para sobrevivência, produção de alimentos e atividade sociais. De forma 
geral, o homem usava o físico com as seguintes funções e objetivos:
Subsistência 
Atividades voltadas para a caça, a pesca, a fuga, a defesa e o trabalho braçal agrícola ou urbano.
Cerimônias sagradas
Nos primórdios da civilização, o homem ainda não dominava o pensamento racional e abstrato. 
Assim, delegava a feitos divinos todos aqueles fenômenos que não podia explicar, principalmente 
aqueles relacionados com as forças da natureza. As danças e os jogos eram componentes essenciais 
dos rituais sagrados, eram pontes que ligavamos homens aos deuses da natureza. De forma geral, essas 
atividades eram seguidas de sacrifícios, muitas vezes humanos, para homenagear ou aclamar os deuses. 
Esse é o caso do Tlachtli, também chamado Teotlachtli, o Jogo de Bola Mesoamericano. Era 
disputado como cerimônia religiosa em grandes estádios com capacidade para até 15 mil espectadores, 
possuía regras semelhantes entre diversos povos mesoamericanos, olmecas, maias e astecas (povos 
pré-colombianos do México), e foi disputado até o século XVI (FIGUEIREDO, 2002).
Nesse jogo, sete jogadores de cada time tentavam fazer com que uma pesada bola de resina 
passasse por um aro de pedra fixado na parede usando cotovelos, joelhos e quadris. O jogo exigia grande 
habilidade devido ao peso da bola (entre 3 e 5 kg) e à altura do arco de pedra. Por esse motivo as partidas 
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duravam até seis horas. De acordo com a localidade, prosseguia-se uma ritualística diferente após o jogo 
(FIGUEIREDO, 2002). 
Em Monte Albán (cidade principal da cultura zapoteca, próximo à atual cidade de Oaxaca), somente 
os principais nobres e sacerdotes estavam aptos a presenciar as disputas (esse povo não tinha o hábito 
de sacrifícios humanos). No entanto, em Tenochtitlán (a capital asteca), no final das partidas, o time 
perdedor inteiro era sacrificado, enquanto que o autor do “gol” ficava sozinho dentro do campo e era 
homenageado pelos espectadores, que lhe arremessavam suas joias, ouro e plumas, consideradas tão 
valiosas quanto joias (FIGUEIREDO, 2002).
Em Chichén Itzá (cidade do final do período maia, na península do Yucatán), um dos times jogava 
utilizando roupas feitas de pele de jaguar e o outro com roupas feitas com penas de águia. Nesta 
cidade os times tinham um capitão. Este era o único habilitado a fazer o ponto, o que tornava as 
partidas mais demoradas ainda. No final da disputa os times se posicionavam em fila atrás de seus 
capitães e estes se posicionavam um de frente para o outro; então, o capitão do time perdedor 
decapitava o capitão do time vencedor. Para o povo de Chichén Itzá essa era uma morte honrosa e 
desejável, pois era um sacrifício honroso e quem morria se tornava imortal segundo a crença daquele 
povo (FIGUEIREDO, 2002).
Figura 2 
Preparação guerreira
Os povos antigos passaram a ter maior envolvimento em conflitos bélicos após a sua fixação 
no solo com o advento da Revolução Agrícola. Os povos vizinhos ou nômades passaram a cobiçar 
suas terras e riquezas, atacando vilarejos e comunidades. O treinamento fez-se necessário para 
aperfeiçoar as destrezas dos guerreiros, que a princípio usavam suas habilidades motoras e 
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capacidade física apenas para caçar (corrida, lançamentos e saltos). Na guerra, aquele que fosse 
mais eficiente sobrevivia. A oportunidade de errar não era mais oferecida; qualquer erro na pontaria 
poderia significar sua própria morte. 
Jogos, brincadeiras e educação
A componente lúdica sempre esteve associada à vida do homem. Por meio de jogos e brincadeiras, 
crianças e jovens imitavam e aprendiam as atividades da vida cotidiana adulta. Os adultos também 
brincaram sempre. Os jogos adultos serviam como dramatizações de episódios importantes para a 
vida do seu povo: eram guerras, representações do trabalho etc. Dessa forma, os jogos e brincadeiras 
adquiriam um grande potencial pedagógico para os povos antigos, estando envolvidos também com 
ritos de passagem para a vida adulta.
Muitos povos indígenas do Brasil disputam lutas e corridas de toras como rituais ou mesmo como 
diversão, como preparação para a vida adulta.
Os xavante, índios radicados no Mato Grosso do Sul, apreciam as lutas corporais wa’i e as corridas 
de revezamento com toras de buriti, chamadas uiwede. Elas incitam rivalidades amistosas entre os 
jovens, cultivando qualidades muito importantes para o tradicional estilo de vida xavante: a força e a 
resistência físicas. 
As lutas wa’i ocorrem antes da condução dos garotos à casa dos solteiros, momento em que se 
tornam oficialmente membros de uma das oito classes de idade xavante. Nas lutas, meninos da mesma 
idade, assim como meninas, reagem às provocações de um homem adulto. Em pé, ambas as partes se 
engalfinham vigorosamente, e os combates terminam quando uma delas, em geral o adulto, consegue 
derrubar a criança (GRAHAM, 2008). 
Figura 3 
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Quando ocorre de meninas serem convocadas ao ringue para lutar o wa´i, é muito frequente 
que se juntem para arremeter coletivamente contra um único homem adulto, a quem perseguem 
numa divertida batalha, em que os espectadores se divertem incentivando o combate com gritos 
e risos (GRAHAM, 2008).
Nas corridas de revezamento, cada participante esforça-se ao máximo ao longo de trechos curtos, 
portando sobre os ombros uma enorme e pesada tora de buriti (aproximadamente 80 quilos para os 
homens e 60 para as mulheres). Em seguida, trata de transferir a tora aos ombros de algum outro membro 
de sua equipe, da mesma classe de idade. Essas toras extremamente pesadas são transportadas pelos 
corredores ao longo de trajetos de extensão aproximada entre seis e oito quilômetros, que terminam no 
centro da aldeia (GRAHAM, 2008). 
Embora apenas adultos possam transportar as toras, essas corridas são acompanhadas por todos 
os membros fisicamente aptos da comunidade, o que faz delas eventos muito animados. O correr com 
toras é, sem dúvida, uma das atividades esportivas favoritas dos xavante (GRAHAM, 2008).
 Lembrete
Povos antigos foram dominados pelos europeus não por serem menos 
evoluídos, mas por terem menos recursos militares. Alguns povos tinham 
sistemas sociais mais organizados do que os europeus. 
2.2 O sedentarismo na sociedade contemporânea
Nas civilizações contemporâneas, a atividade física humana não é mais uma ferramenta essencial 
à sobrevivência, pois os meios produtivos apresentam-se automatizados, eletrônicos, com fontes de 
energia fóssil (petróleo) elétrica, quando não atômica. O homem não precisa mais de seu corpo para se 
locomover – automóveis, motocicletas e elevadores cumprem melhor o papel. A comida não tem mais 
que ser caçada – está pronta para o consumo, enlatada, ensacada, industrializada.
Devido ao grande desenvolvimento tecnológico, científico e filosófico, o homem conseguiu resolver 
grande parte das questões que conturbavam sua vida. Atualmente, existe uma explicação racional para 
quase tudo, o homem perde cada vez mais o contato com o sagrado. As religiões contemporâneas não 
usam mais o movimento do corpo como meio de comunicação com Deus. A prática de atividade física 
foi racionalizada, passa por grande análise científica e filosófica.
A preparação guerreira ainda usa o treinamento do corpo como instrumento de combate, apesar de a 
tecnologia bélica reduzir cada vez mais a presença do homem no local de combate (mísseis inteligentes, 
veículos blindados, aviões etc.). Outra questão importante é o fato de apenas uma pequena parcela 
da população participar do contingente militar atualmente. A guerra não é mais uma constante para 
todos os países como nos tempos antigos. Atualmente, acordos diplomáticos e alianças estratégicas 
(econômicas e políticas) reduziram as guerras.
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Os jogos e brincadeiras continuamassumindo o papel educacional na vida contemporânea. 
Atividades físicas resistem ao tempo passando de geração para geração como importante ferramenta 
de socialização entre os homens, muitas vezes tornando-se as principais manifestações corporais 
do mundo atual. No entanto, mesmo as brincadeiras e jogos lúdicos envolvendo o movimento do 
corpo humano encontram-se ameaçados pelos avanços tecnológicos do mundo contemporâneo. 
Brinquedos eletrônicos reduzem drasticamente a execução de atividade física – são videogames, 
computadores, simuladores de modalidades esportivas, nos quais os dedos são as únicas partes do 
corpo que se movimentam.
No entanto, as necessidades fisiológicas e metabólicas do ser humano continuam bastante 
parecidas com as de nossos antepassados caçadores e lavradores, que usavam, de forma árdua, o 
esforço físico para garantir a sobrevivência. O organismo humano possui metabolismo bastante 
econômico e delicado. O consumo de calorias em quantidade superior ao gasto energético diário, 
associado à perda de massa magra gerada pelo sedentarismo, tem levado a humanidade a uma 
condição generalizada de sobrepeso e obesidade.
De acordo com pesquisa do IBGE, Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas 
por inquérito telefônico (Vigitel) de 2014, 52,5% dos brasileiros estão em sobrepeso (índice de massa 
corporal – IMC acima de 25 kg/m²) e 17,9% estão em nível de obesidade (IMC maior que 30). A pesquisa 
ainda revela que 49% dos entrevistados fazem atividades físicas de forma insuficiente (menos que 150 
minutos por semana, segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde – OMS), sendo que 
15% são inativos (BRASIL, 2015)
A obesidade associada ao consumo alimentar inadequado é responsável pelo desenvolvimento 
das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são hoje as maiores responsáveis pelas causas 
de morte no mundo. A partir da obesidade e do quadro de sedentarismo, aumenta a incidência de 
doenças como diabetes mellitus II, hipertensão arterial, dislipidemias (colesterol e triglicérides), 
aterosclerose, câncer de mama, câncer de colo do útero e os casos de morte por mal súbito, 
infarto agudo do miocárdio.
A prática de exercícios físicos em locais voltados para a saúde, como academias, clínicas e estúdios, 
tem aumentado bastante. O homem contemporâneo, assolado por doenças degenerativas causadas pelo 
sedentarismo, pelo estresse e pela alimentação industrializada, passou a procurar locais para praticar 
atividades físicas, bem como a buscar opções mais saudáveis de alimentação.
A cultura mundial do fitness é alavancada por dois fatores principais: as questões da saúde, de 
forma preventiva ou remediada, e a estética ditada por padrões inatingíveis de corpos construídos e 
amplamente divulgados pela mídia.
Contudo, em sua busca desenfreada por conforto, tecnologia e eficiência, o homem baniu a 
atividade física de sua vida e agora tem de resgatá-la atendendo ao chamado do seu corpo e de sua 
herança genética.
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Exemplo de aplicação
Reflita: o que podemos aprender com os homens antigos que habitavam o mundo antes do processo 
de civilização, antes do alto desenvolvimento tecnológico? Podemos olhar para seus hábitos, suas 
necessidades e questionar as capacidades de movimento do corpo humano. O homem antigo precisava 
correr, saltar, escalar, levantar e carregar pesos, nadar, arremessar, entre outras habilidades vigorosas. 
Todas essas ações eram necessárias para a sobrevivência diária. Havia a necessidade de muito esforço 
físico e muito gasto de energia para sobrevivência em um mundo hostil onde havia escassez de alimento. 
Essas condições geraram adaptações físicas e metabólicas no corpo humano, deixando um registro 
genético. Os hábitos motores e alimentares do mundo cotidiano são incompatíveis com a programação 
genética metabólica que herdamos. 
O alimento nos dá prazer e saciedade; estes registros sensoriais são importantes para a sobrevivência. 
No entanto, essas percepções foram desenvolvidas em um período de escassez e hoje vivemos em 
uma época de abundância de alimento e de sedução para o consumo e para o prazer. Induzidos pela 
propaganda da mídia, buscamos alimentos prazerosos antes de pensarmos em alimentos nutritivos, 
pois queremos ter prazer. Ingerimos mais alimentos do que precisamos, pois queremos estender nossa 
sensação de prazer pelo maior tempo possível.
Substituímos a alegria de correr, nadar, dançar e brincar, usando plenamente nossos corpos, por 
lazeres virtuais que geram sensações simulando experiências reais, no videogame, celulares, internet, 
televisão e filmes. Como resultado, estamos cada vez mais parados e cada vez mais alimentados, 
confinados como animais na engorda; somos mantidos conectados em aparelhos do mundo virtual e 
induzidos a consumir guloseimas cada vez mais deliciosas.
Estamos ficando doentes; somos uma geração de obesos, diabéticos e hipertensos precoces. 
Deterioramos nossos corpos com toxinas, resíduos e conservantes, antibióticos e hormônios.
Pesquisas não faltam para apontar para o risco do consumo de açúcar, gorduras saturadas, agrotóxicos 
e conservantes. Opções crescem a cada dia para consumirmos alimentos naturais, orgânicos e com baixo 
índice glicêmico.
Fazer exercícios também é uma opção. Não faltam academias, clubes, parques, programas, 
aplicativos, para todos os gostos e faixas de poder aquisitivo. A grande desculpa é a falta de tempo, pois 
trabalhamos muito, perdemos muito tempo indo de um trabalho para o outro para podermos aumentar 
desesperadamente nossa renda e honrarmos nossas contas motivadas pela sedução fugaz da mídia em 
nossa sociedade de consumo.
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3 OS EXERCÍCIOS NO MUNDO ANTIGO
3.1 A civilização egípcia e os exercícios físicos
A civilização egípcia cresceu às margens do Rio Nilo, no nordeste africano, beneficiando-se do 
regime de cheias deste que é um dos maiores rios do mundo em extensão e volume de águas. Durante a 
cheia, as margens do Rio Nilo são submersas e fertilizadas, permitindo a agricultura no período de seca 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
Há cerca de cinco mil anos, um grande aumento populacional impulsionou o Egito em seu 
desenvolvimento civilizatório, e a construção de barragens e canais se fez necessária para expandir 
a produção agrária. A evolução política acompanhou o rápido aumento populacional. O Egito 
passou de um conjunto de comunidades a uma dinastia. A concentração de poder nas mãos de um 
faraó, considerado um deus vivo, fez com que essa forma de poder perdurasse por milhares de anos 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
A sociedade egípcia era formada em sua base por uma grande população de camponeses e artesãos, 
que pagavam tributos e prestavam serviços compulsórios ao faraó nas plantações, obras e construções 
públicas. Os escravos também faziam parte dessa base de trabalho e eram constituídos por povos 
capturados em guerras. A história do Egito pode ser dividida em três grandes períodos: o Antigo Império 
(c. 3200 a.C.-2300 a.C.), o Médio Império (c. 2000 a.C.-1580 a.C.) e o Novo Império (c. 1580 a.C.-525 a.C.). 
Nesses períodos, o Egito foi governado por faraós de 26 dinastias. O declínio dessa imponente civilização 
se deu com a invasão dos persas, em 525 a.C. Em sua história mais recente, o Egito foi dominado por 
vários povos, tornando-se província do Império Persa, território ocupado por macedônios, romanos, 
árabes, turcos e ingleses (VICENTINO; DORIGO, 2013).
 Saiba mais
Obra do aclamado escritor premiado com o Prêmio Pulitzer Norman 
Mailer, o romance indicado a seguirilustra o cotidiano da corte dos faraós 
do Egito:
MAILER, N. Noites antigas. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
3.1.1 Os exercícios físicos no Egito Antigo
As práticas de exercícios, jogos e disputas atléticas no Egito se mostram bastante diversas, e existe 
uma grande quantidade de pinturas e registros destas práticas em ruínas e sítios arqueológicos estudados 
na era contemporânea. São encontrados afrescos com a representação de exercícios de ginástica, lutas 
e exercícios individuais. No Egito Antigo não se tem registro de jogos coletivos ou disputas de torneios 
grandiosos; as práticas visavam à preparação guerreira, apresentações individuais e entretenimento 
(RAMOS, 1982).
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Em muitas pinturas antigas egípcias são observados jogos recreativos infantis, lutas, jogos com bola, 
jogos com arcos, disputas diversas que apresentam características lúdicas das crianças e jovens egípcios.
Os egípcios também se dedicavam bastante à ginástica. Inúmeras ilustrações antigas sugerem uma 
metodologia bastante elaborada para a prática de suspensões, pontes, posturas acrobáticas em duplas, 
trios ou mais participantes (RAMOS, 1982).
Figura 4 – Exercícios ginásticos no Antigo Egito
Em exercícios individuais, são registradas imagens de arremesso, corridas, levantamento de 
pesos e natação. Muitos faraós eram adeptos da corrida e registraram isso em suas tumbas, entre 
eles Seti I e Ramsés II.
Os egípcios também apreciavam apresentações de lutas – entre elas, existem registros de luta livre, 
boxe e esgrima. No túmulo de Ptah-Hotep há uma cena com várias ilustrações de jovens lutando com 
vitalidade (RAMOS, 1982).
Figura 5 
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Com apoio nos desenhos, pinturas, estátuas, baixos-relevos e inscrições achados em monumentos 
e sarcófagos, estima-se que os egípcios praticavam variadas formas de exercício há mais de 40 séculos 
a.C. Os exercícios físicos buscavam a aquisição de saúde e vigor, para o trabalho, para a preparação 
guerreira ou simplesmente como prática lúdica. Os jovens egípcios buscavam seguir o exemplo de seus 
reis e faraós e, em particular, procuravam imitar suas façanhas desportivas (RAMOS, 1982).
O faraó, por ocasião de festividades populares e celebrações, costumava mostrar suas habilidades e 
destrezas físicas. Essas demonstrações de vigor e maestria aumentavam seu prestígio e exaltavam seu 
poder real.
Amenófis II foi um atleta de grande porte físico, sendo admirável na prática do remo, equitação, 
corrida e arco e flecha. Registros afirmam que era impressionante sua pontaria com o arco quando 
estava em seu carro em movimento.
Exemplo de aplicação
A sociedade egípcia era duramente estratificada, usava mão de obra escrava, apoiava-se em um 
regime de governo centralizado na figura do faraó, que tinha seu poder justificado por sua linhagem 
divina. Esse governo, apoiado na mística figura do governante, tinha em seu alto escalão sacerdotes e 
conselheiros próximos ao faraó. A população tinha pouca possibilidade de ascensão social diante da 
aristocracia instalada. A participação política era nula. Diante dessa condição, o cidadão egípcio não 
era estimulado a participar de forma criativa dos processos produtivos do reino. A falta de autonomia e 
participação também é expressa na prática do exercício, na qual se estimulavam jogos, lutas, equitação, 
arco, entre outros, como forma de preparação utilitária militar. No entanto, não havia uma participação 
atlética voluntária e livre para todos. As apresentações de destrezas físicas visavam, no Egito Antigo, 
a entreter o povo e os membros da corte e reforçar a distinção social entre o faraó e seus súditos, 
exaltando em seus gestos atléticos sua condição divina distinta. 
A história egípcia nos mostra que quanto maior a discrepância social e maior a centralização do 
poder, menos participativo e criativo é o povo. Faça uma analogia com as formas de poder presentes no 
mundo contemporâneo e reflita sobre como os exercícios físicos e o esporte são dirigidos em função da 
concentração de poder. 
3.2 Os exercícios físicos na Grécia Antiga
3.2.1 Contexto histórico geral
A população grega foi formada pela miscigenação entre cretenses, aqueus, dórios, jônios e eólios, 
povos que se envolveram em conflitos, migrações e invasões e se difundiram pelas ilhas e pelo continente 
que hoje conhecemos como Grécia. Muitas colônias foram formadas na costa ocidental da Ásia, tal 
como Mileto, e outras se fixaram na Península Itálica, tal como Siracusa. Esses povos eram dedicados 
à navegação, às relações comerciais e ao combate. Vieram a desenvolver um povo responsável pela 
estruturação da cultura ocidental. 
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Devido ao grande aumento populacional e à escassez de terras férteis na Grécia, a população 
iniciou um processo de expansão no Mediterrâneo, fundando inúmeras cidades na Itália, na Sicília. Na 
Península Balcânica e na orla do Mediterrâneo surgiram mais de cem cidades gregas, sendo as duas mais 
expressivas Atenas e Esparta (VICENTINO; DORIGO, 2013).
3.2.2 A pólis de Esparta
Esparta ficava na região da Lacônia, na Península do Peloponeso, e foi fundada pelos dórios. Esparta 
constituiu-se como cidade guerreira, com política monárquica autocrática, tendo sido líder de cidades 
vizinhas no Peloponeso, com quem fez alianças comerciais e militares. A sociedade espartana era formada 
pela elite militar espartana de origem dórica, que concentrava o poder político e religioso. Havia ainda 
os periecos, pequenos proprietários, artesãos e comerciantes; e os hilotas, servos de propriedade do 
Estado que eram explorados pelos senhores espartanos. Em Esparta, o monopólio político e religioso 
estava nas mãos da elite espartana, formada por cidadãos guerreiros. A organização monárquica de 
Esparta evoluiu para uma condição oligárquica. A cidade tinha dois reis, um com funções militares e 
outro com direcionamento político e administrativo. Ambos se submetiam a dois conselhos, a Apela, 
assembleia de guerreiros, e a Gerúsia, conselho de anciãos (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Esparta manteve-se estável em suas tradições e regime oligárquico. Não sofreu grande expansão 
populacional, o que lhe conferiu controle econômico, mas também ocasionou ruína em períodos de 
grandes guerras, quando a baixa de homens adultos era grande em combate. A sociedade espartana, 
menos dinâmica que as demais, permaneceria, assim, oligárquica e aristocrática, não sofrendo influência 
política democrática, sendo mais estável do ponto de vista político e menos dinâmica do ponto de vista 
social, característica proporcionada pela falta de mobilidade social, pois os hilotas (servos) e periecos 
artesãos eram visto como castas inferiores e não se misturavam aos espartanos (VICENTINO; DORIGO, 
2013).
Os espartanos, altamente militarizados, mantiveram o poder pela força. Apesar de serem 
numericamente inferiores, eles possuíam as melhores terras e mais riquezas. Os filhos dos espartanos 
eram educados pela pátria a partir dos 7 anos de idade, quando passavam a pertencer à cidade e não 
mais à sua família. A rigorosa educação militar se desenvolvia arduamente até os 18 anos de idade, 
quando se iniciava o período de serviço militar. Ao completar 30 anos, o espartano era levado à cidade 
para se casar e ter filhos, mas continuava a servir a pátria com suas habilidades militares até completar 
60 anos, quando era admitido na Gerúsia, conselho de anciãos, e dispensadodo serviço militar. Poucos 
chegavam a ter esta honra (VICENTINO; DORIGO, 2013).
3.2.3 A pólis de Atenas
Atenas foi formada a partir da junção de aqueus, eólios e jônios. A cidade era bastante atrativa por 
seu porto de Pireu e se tornou grande centro comercial, político e militar. A cidade-estado de Atenas 
cresceu em influência e poder, tornando-se, assim como Esparta, líder em relações comerciais e militares, 
conquistando vasta área de influência perante as cidades aliadas. Situada na região continental da Grécia 
(Ática), possuía posição estratégica em função de seu porto e de uma extensa muralha construída para 
proteger e ligar a cidade ao porto (VICENTINO; DORIGO, 2013).
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Após a destituição do último basileu, Atenas abandonou o regime monárquico tirânico e 
desenvolveu um regime político oligárquico, no qual um arconte era designado para administrar a 
cidade por um ano sob a fiscalização de um conselho aristocrático formado pelos eupátridas. Por 
volta do século VIII a.C., os atenienses colonizaram comunidades e povoamentos espalhados pelo 
Mediterrâneo a fim de suprir a cidade, cada vez mais populosa. As cidades colonizadas na Península 
Itálica e no Mar Negro forneciam trigo, metais e madeira. Em troca, Atenas vendia-lhes vinho, azeite 
e artesanatos (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
A expansão para o Mediterrâneo gerou grande enriquecimento dos comerciantes e acentuou 
diferenças e conflitos. Os produtores de trigo locais não podiam concorrer com o produto mais barato e 
abundante das colônias e acabaram perdendo suas terras e sendo escravizados. Os ricos proprietários de 
terra e comerciantes atenienses ricos começaram a questionar o conselho de eupátridas, aumentando 
ainda mais as tensões sociais originárias do crescente poder gerado pela ascensão econômica (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
O crescente quadro de instabilidade levou vários legisladores atenienses a fazerem propostas para 
superar os conflitos e atenuar as tensões sociais. Os mais importantes foram Drácon, que organizou e 
tornou público um registro escrito das leis, e Sólon, que eliminou a escravidão por dívidas, retroagindo 
a anistia aos devedores, dividiu a sociedade de acordo com a renda de cada indivíduo, possibilitando 
a ascensão social, e criou a Bulé, conselho formado por quatrocentos membros do povo com funções 
administrativas e legislativas. As leis criadas pela Bulé eram levadas ao veredito da Eclésia, assembleia 
popular. Sólon foi responsável pela estruturação do regime democrático (demo: povo; cratos: poder). 
No entanto, as reformas propostas por Sólon desagradaram a elite eupátrida e intensificaram as lutas 
sociais, que levaram a um período de líderes autocráticos tiranos (MANFREDI, 2008).
Em meados de 500 a.C., Atenas sofre novo processo de reordenação democrática pelas mãos do 
estadista Clístenes (c. 570 a.C.-508 a.C.), que destituiu a tirania e fez reformas políticas democráticas e 
pacificadoras. O governante dividiu os atenienses em dez tribos, formadas de acordo com o território 
em que residiam. A Bulé passou a ter cinquenta representantes por tribo, sendo a presidência assumida 
de forma alternada por membros de todas as tribos, por períodos iguais. A Eclésia passou a ter maiores 
poderes legisladores. Clístenes criou ainda o ostracismo, um mecanismo que condenava ao exílio de 
dez anos todo cidadão rico e poderoso o suficiente para colocar em risco a democracia. A regência de 
Clístenes marca o Período Clássico da Grécia (MANFREDI, 2008). 
3.2.4 Período Clássico (séculos V a.C.-IV a.C.)
O Período Clássico foi marcado por grandes guerras contra os persas e entre as cidades gregas. 
Também foi um período de grande florescência cultural, com grande desenvolvimento da filosofia, das 
ciências e das artes. Grandes pensadores, como Sócrates, Platão e Aristóteles, viveram nesse período, que 
é considerado o apogeu da civilização grega antiga, deixando um imenso legado para a constituição da 
cultura ocidental contemporânea.
A primeira investida dos persas sobre a Grécia ocorreu no episódio que ficou conhecido como 
Guerras Médicas (em referências aos medos, povo persa). Entre 490 a.C. e 479 a.C., liderados por 
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Unidade I
Dario I, os persas desembarcaram na Grécia, mas foram derrotados pelo Exército ateniense na Planície 
de Maratona. Após essa guerra, os atenienses reforçaram sua frota naval. A segunda ofensiva persa 
iniciou-se em 480 a.C., quando o imperador Xerxes comandou aproximadamente 100 mil contra a 
Grécia. Os gregos, em menor número, uniram-se contra os invasores, mas só conseguiram retardar 
o avanço persa no Desfiladeiro de Termópilas. Os persas conseguiram invadir e saquear Atenas 
(MANFREDI, 2008). 
Um fato interessante aconteceu durante os desdobramentos da batalha de Maratona. O confronto 
com os persas ocorreu em Maratona, cerca de 40 quilômetros distante de Atenas. A esquadra persa, 
acampada na praia, foi surpreendida pelas tropas atenienses, repletas de hóplitas (soldados com 
armamento pesado). O Exército persa, em maior número (cerca de 100 mil soldados), contava com 
milhares de arqueiros que impossibilitavam o avanço a média distância. Os soldados atenienses e de 
Plateia somavam apenas 12 mil homens, muito bem treinados e fortemente armados com escudos 
pesados de bronze, lanças e elmos. No entanto, ainda de madrugada, o Exército grego levantou-se 
silenciosamente e avançou sem ser percebido até uma distância de 200 metros das tropas persas. Nessa 
distância, os bem condicionados hóplitas gregos avançaram em velocidade e furor contra as tropas 
persas de Dátis. Os persas foram pegos de surpresa e não conseguiram acionar seus arqueiros. O violento 
embate corpo a corpo com os gregos, liderados por Milcíades, gerou pesadas perdas aos persas, que 
bateram em retirada (MANFREDI, 2008).
Pelo mar, Dátis ordenou que a frota persa rumasse para Atenas, que estava pouco protegida, pois a 
maior parte das tropas gregas estava em Maratona. A ideia era fazer o regimento ateniense pensar que 
seu Exército havia sido esmagado pelos persas, obrigando a abertura dos portões e a rendição da cidade.
No entanto, Milcíades chamou o mensageiro Filípides, que havia lutado a manhã toda ao lado de 
seus companheiros, e ordenou que levasse a mensagem da vitória grega até Atenas, evitando que se 
rendessem aos persas (MANFREDI, 2008).
Filípides livrou-se de seu armamento pesado e de suas vestes e correu imediatamente para avisar os 
atenienses. Ele percorreu, em poucas horas, a distância de cerca de 40 quilômetros que separa Maratona 
de Atenas, chegando antes da frota persa. Ao chegar, esgotado, gritou: “Nike! Nike! (Vitória! Vitória!)” 
e caiu morto. Os atenienses entenderam o recado e fecharam os portões da cidade, reforçando as 
muralhas e acabando com a farsa persa. Os persas recuaram (MANFREDI, 2008).
O feito heroico de Filípides foi imortalizado pelo renomado historiador grego Herótodo. Em 1896, 
o barão Pierre de Coubertin restaurou a realização dos Jogos Olímpicos. Na ocasião, a sede foi Atenas. 
Para homenagear o feito de Filípides, Coubertin idealizou uma prova de corrida com 42 quilômetros 
e a nomeou de Maratona. Para abrilhantar ainda mais o momento, o campeão da primeira Maratona 
foi Spiridon Louis, um pastor de ovelhas grego. Atualmente, a Maratona é disputada a cada quatro 
anos por ocasião dos Jogos Olímpicos e em outras inúmeras realizações esportivas por todo o planeta 
(MANFREDI, 2008).
As frequentes incursões dos persas contra a Grécia fizeram com que as cidades-estados gregas 
firmassem alianças. Após a batalha naval da Salamina,os gregos vitoriosos selaram a aliança conhecida 
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como Liga de Delos. A união era organizada com a cobrança de tributos, que eram usados para sustentar 
as frotas e Exércitos conjuntos, sob a liderança de Atenas, que passou a usar os recursos da Liga de Delos 
para subjugar as demais cidades gregas que eram membros da aliança, interferindo em sua autonomia 
política. Nesse período (de 461 a.C. a 429 a.C), Atenas exerce uma ação imperialista sob o governo de 
Péricles (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
Durante o governo de Péricles, Atenas viveu seu período áureo democrático, no qual aprimorou-se 
a democracia. Péricles criou cargos públicos remunerados, possibilitando a participação popular na 
administração da cidade. Atenas foi restaurada e ornamentada, foi erguido o Partenon (templo em 
homenagem à deusa Palas Atena) e foi construída a grande muralha em torno da cidade, ligando Atenas 
ao porto de Pireu, viabilizando proteção e acesso rápido ao mar em caso de sítio (MANFREDI, 2008).
Lideradas por Esparta, as pólis aristocráticas formaram uma aliança contra Atenas, a Liga do 
Peloponeso. Os conflitos por interesses e a disposição belicosa de Atenas levaram as duas ligas a entrar 
em guerra em 431 a.C., a Guerra do Peloponeso, que durou ao todo 17 anos. Nela, confrontos sangrentos 
dizimaram gerações de ambos os lados da batalha, enfraquecendo a Grécia e a deixando susceptível ao 
ataque de invasores externos. O conflito só terminou em 404 a.C., com a vitória de Esparta (VICENTINO; 
DORIGO, 2013). 
As constantes guerras tiveram como resultado o enfraquecimento das cidades-estados gregas, o que 
abriu caminho para a invasão dos macedônios, povo do norte da Península Balcânica. Em 338 a.C., o rei 
Felipe II conquistou a Grécia e a incorporou ao grande Império Macedônio (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Figura 6 
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Unidade I
 Lembrete
O mundo grego antigo não era constituído de um único reino ou país; 
era a reunião de cidades-estados independentes entre si, porém com traços 
culturais e origens semelhantes.
3.2.5 Período Helenístico (séculos IV a.C.-II a.C.)
O período iniciado com a conquista da Grécia pela Macedônia, em 338 a.C., foi conhecido como 
Período Helenístico e se estendeu até o século II a.C. Inicialmente governados por Felipe II, os macedônios 
não se limitaram à conquista da Grécia e expandiram suas conquistas para o Oriente. Sob o comando 
de Alexandre, o Grande, filho de Felipe II, o Império Macedônio alcançou vasto território (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após dominar a Grécia, partiu 
para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor e a Pérsia e expandindo seu território à Índia. Morreu 
aos 33 anos (323 a.C.), e o grande Império se desestruturou após sua morte. No entanto, Alexandre foi 
responsável por disseminar a cultura da Grécia por todo o Oriente, chegando até o Egito e ao norte da 
África. As regiões dominadas por Alexandre tinham a sua cultura fundida à cultura grega. Alexandre 
fundou e renomeou inúmeras cidades, várias delas batizadas de Alexandria. Inaugurou inúmeras 
bibliotecas e foi responsável pela dispersão da cultura grega, que, fundida às culturas orientais, ficou 
conhecida como cultura helenística (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
 Saiba mais
Obra histórica com leitura acessível, ilustra a ascensão e queda de 
Atenas como pólis imperial no mundo grego antigo.
MANFREDI, V. M. Akropolis: a grande epopeia de Atenas. Rio de Janeiro: 
Rocco, 2008. 
3.2.6 Filosofia, corpo e exercício na Grécia Antiga
Ao estudar os assuntos relacionados à área da Filosofia aplicada à Educação Física, remete-se ao 
Período Clássico grego como forma de buscar uma orientação original. A Grécia, berço da cultura 
ocidental, viveu, em meados do século V a.C., uma grande explosão intelectual que abrangeu as 
esferas mais variadas do saber humano. Filosofia, Astronomia, Medicina, Arquitetura, Poesia, Teatro, 
Direito e Educação são algumas das áreas que alcançaram níveis de crescimento jamais vistos – 
crescimento que, em parte, deve-se ao florescimento do modelo de vida urbano pautado no modelo 
da pólis (CHAUÍ, 2000).
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Nesse período, os grandes pensadores se debruçaram na temática que colocava o homem como 
centro do discurso (antropocentrismo). É nesse meio que as questões do corpo e do exercício passam a 
ser discutidas a fundo por filósofos e seus discípulos.
O corpo era um elemento da existência humana bastante valorizado e cultuado na Grécia Antiga. 
Por diversos fatores e motivos, os gregos exercitavam o corpo, chegando a venerá-lo. Os pensadores 
gregos buscavam dissociar o corpo da alma. Eles acreditavam ser entidades distintas, que viveriam em 
equilíbrio durante a existência humana. O corpo representava o mundo material, suas imperfeições, 
instabilidades e degradações, ao passo que eram sensíveis aos mais diversos problemas enfrentados pelo 
corpo no decorrer da vida, sendo o mais evidente o fato de o corpo perecer, definhar com o passar dos 
anos (CHAUÍ, 2000). A alma, por sua vez, representava o mundo das ideias; aliada à mente, seria uma 
entidade perfeita, eterna, que se aperfeiçoava cada vez mais com o passar dos anos. Era a alma a chama 
da vida humana, que animava o corpo. Já a mente seria a morada dos pensamentos e das ideias, onde 
tudo poderia ser perfeito.
Sócrates (470-399 a.C.) pensava na perspectiva do autoconhecimento. A consciência do corpo e da 
alma levava à evolução do ser humano (“conhece-te a ti mesmo”). Sócrates acreditava no equilíbrio 
entre corpo, alma e mente, sendo que nenhuma dessas partes poderia ser atingida sem que as demais 
também sofressem. Seu pensamento estimulou a assimilação e prescrição da ginástica médica, que 
buscava a saúde do corpo e o equilíbrio do homem como um todo. O pensamento de Sócrates a respeito 
do corpo pode ser perfeitamente adequado à máxima utilizada pela medicina romana, que, por sua vez, 
foi inspirada na Grécia: “mens sana in corpore sano” (CHAUÍ, 2000).
Platão (427-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates e seu verdadeiro nome era Aristócles, em uma 
homenagem ao seu avô. Platos significa largura e é quase certo que seu apelido veio de sua 
constituição robusta, ombros e frontes largos, um porte físico forte e vigoroso, que o fez receber 
homenagens por seus feitos atléticos na juventude. Platão defendia a alma como entidade perfeita 
e eterna, ao contrário do corpo, o qual considerava apenas a morada mundana e imperfeita da alma 
(CHAUÍ, 2000).
Apesar de Platão considerar o corpo subordinado à alma, não negava a importância dos cuidados 
para com o corpo, sobretudo a prática da ginástica e das disputas atléticas. No entanto, o adestramento 
do corpo não deveria sobrepor o preparo da mente e da alma. Platão criou, em Atenas, a Academia, 
escola que preconizava a educação do homem como um todo (Paideia). Na Academia, os pupilos de 
Platão aprendiam Filosofia, Poesia e Astronomia e treinavam seu corpo com a prática da ginástica, mas, 
sobretudo, dedicavam-se à Matemática (Geometria). 
Correntes contemporâneas do pensamento humano defendem a perspectiva da unidade 
corpo-mente-alma, em que não se tem um corpo e sim se é um corpo, o corpo sujeito.
A preocupação com o corpo na Grécia Antiga não ficava apenas na esfera filosófica. Os gregos se 
preocupavam bastante com os próprios corpos, sendo o exercício físicouma prática muito disseminada 
na cultura dos helenos.
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A veneração pelo corpo era refletida na construção mitológica da Grécia Antiga. Os gregos cultuavam 
uma centena de deuses antropomórficos, aos quais atribuíam histórias e responsabilidades que 
explicavam os acontecimentos terrenos. O sucesso nas guerras era atribuído ao deus Ares, a proteção 
às embarcações era solicitada a Poseidon (deus dos mares), as paixões eram atribuídas aos encantos da 
deusa Afrodite (RUBIO, 2002). 
Os deuses gregos eram retratados em estátuas, nas quais se pode perceber a preocupação em 
apresentar os mínimos detalhes e toda a plasticidade das formas humanas. Os heróis mitológicos como 
Héracles (Hércules) e Aquiles também eram retratados em estátuas e cerâmicas, assim como os grandes 
atletas campeões dos diversos jogos realizados em honra aos deuses (RUBIO, 2002).
Para homenagear os deuses, os gregos realizavam disputas atléticas, denominadas jogos, onde os 
mortais tentavam copiar os feitos dos deuses. Nesses jogos, os campeões recebiam o título de semideuses 
e recebiam o status de heróis sobre-humanos. A preparação do físico para a participação nos jogos era 
uma tradição e envolvia os jovens desde a infância (RUBIO, 2002).
Figura 7 – Hércules
Além da perspectiva religiosa, a preparação do corpo viril, robusto e enérgico era justificada pela 
postura agonística (de enfrentamento) do grego. Em função das constantes guerras enfrentadas pelos 
povos gregos, a cultura helênica cunhou um importante valor moral denominado aretê. O aretê tinha 
por característica valorizar a coragem e a prontidão do grego para o combate. Fugir, esconder-se, 
acovardar-se ou mesmo vacilar em uma situação de confronto não era tolerado dentro da ética grega 
antiga. Para isso, tanto o corpo quanto o espírito do garoto eram forjados desde cedo (RUBIO, 2002).
Outra característica da cultura grega antiga que valorizava os cuidados com o corpo era a visão 
da beleza como valor moral desejável. Nas diversas áreas da cultura, a funcionalidade das coisas não 
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bastava, a beleza era fundamental. Assim, a arquitetura era bastante rebuscada, as poesias, vestimentas 
e obras de arte aspiravam à beleza como valor moral. O corpo humano também se enquadrava nessa 
forma de pensar. A beleza do corpo era desejável. Alguém que não cuidasse de seu próprio corpo não 
era bem-visto na sociedade, não inspirava confiança, sobretudo se fosse adepto dos vícios da bebida, da 
comida e do ócio. O valor moral grego que determinava a virtude da beleza era denominado kalokagathia 
e representava a ideia de que “o belo é bom” (RUBIO, 2002).
A apreciação da beleza do corpo durante os exercícios e competições era evidenciada pelo hábito de 
exercitar-se nu. Os gregos apreciavam as formas corporais executando os gestos de luta, os lançamentos 
de disco e dardo, as corridas. Em função disso, encontramos inúmeras estátuas representando gestos 
atléticos, nas quais os modelos encontram-se nus. A estátua mais conhecida nesta categoria é o 
Discóbolo, de Míron, símbolo da Educação Física.
Figura 8 – Discóbolo de Míron
Como já foi visto, com os pensamentos de Sócrates, a valorização do exercício ocorria como forma 
de promoção da saúde do corpo e consequentemente da alma. Portanto, a formação de um corpo 
forte e saudável contribuía para a formação do homem como um todo, pronto para a vida de cidadão 
na pólis grega.
Dessa forma, a educação na sociedade grega antiga acabava por contribuir para a formação 
desses valores associados ao corpo. No entanto, o modelo educacional preconizado pelos 
educadores e filósofos buscava formar o Homem Integral, o ser político, apto a exercer todos 
os seus direitos e cumprir todas as suas funções para com a sociedade. Essa educação global foi 
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denominada Paideia e foi aplicada, sobretudo, nas cidades gregas aliadas de Atenas, adeptas do 
modelo democrático e possuidoras de grande desenvolvimento intelectual. As cidades aliadas de 
Esparta tinham uma sociedade militarizada, e a educação priorizava o desenvolvimento físico e o 
adestramento para as guerras.
A Paideia buscava o equilíbrio entre corpo, alma e mente. Uma escola adepta deste modelo foi a 
Academia de Platão, onde o corpo era adestrado através da ginástica (gimno – nu, a arte de exercitar-se 
nu) e da disputa de provas atléticas, a mente era desenvolvida através da Matemática (Geometria), 
Filosofia, Arquitetura, Astronomia e Política, e a alma era trabalhada pelas artes: poesia, teatro, escultura 
e pintura (RUBIO, 2002).
Contudo, percebe-se a estreita relação do grego antigo com o corpo, o que fez surgir uma grande 
herança cultural associada à prática do exercício físico, que acabou por inspirar o desenvolvimento da 
Educação Física moderna.
3.2.7 A cultura da Grécia Antiga e o exercício
A Grécia Antiga viveu momentos de grande importância para o desenvolvimento cultural da 
humanidade. A Grécia não constituía uma nação com unidade territorial na Antiguidade. Também 
chamada de Hélade, a Grécia era uma região habitada por povos com origem nos povos jônios, dórios, 
eólios, aqueus, micênicos e cretenses. Essa região se espalhava na forma de colônias independentes 
umas das outras, instaladas na Ática (região continental da atual Grécia), no Peloponeso (faixa de terra 
separada do continente por um istmo), em inúmeras ilhas no Mar Mediterrâneo e em terras ao sul da 
Península Itálica, ao norte na Macedônia e em toda a costa da Ásia Ocidental (RAMOS, 1982).
Os helenos, como eram chamados os gregos, tinham cultura similar, falavam a mesma língua com 
dialetos diferentes e adoravam as mesmas divindades antropomórficas para as quais erguiam suntuosos 
templos, estátuas, santuários e oráculos, sendo o mais famoso e temido de todos o Oráculo de Delfos, 
dedicado ao deus Apolo. Delfos era consultado por líderes de toda a Grécia antes de se tomar qualquer 
decisão determinante para o destino das cidades-estados. O oráculo orientava os ilustres devotos 
através de uma pitonisa (sacerdotisa de Apolo), que supostamente recebia as orientações do próprio 
deus (GODOY, 1996).
Outro importante santuário grego era a cidade sagrada de Olímpia, um conjunto de templos 
dedicados a Zeus, deus supremo do panteão grego, onde eram realizados, a cada quatro anos, os Jogos 
Olímpicos da Antiguidade (GODOY, 1996).
Os gregos eram um povo mercantilista e por isso tinham grande domínio da tecnologia naval. 
Algumas cidades, como Atenas, foram verdadeiras potências comerciais e militares com esquadras 
grandiosas e poderosas. Outras cidades, como Esparta, foram grandiosas como potências militares 
terrestres. Nota-se que os gregos eram muito belicosos, vivenciando muitas guerras. Em muitas 
ocasiões, as cidades gregas, mesmo as inimigas entre si, uniram-se para combater inimigos externos, 
como os persas; outras vezes, guerreavam entre si por anos, como o ocorrido na Guerra do Peloponeso 
(RAMOS, 1982).
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Devido a este convívio próximo com a guerra, o grego desenvolveu um espírito de combatividade 
bastante aguçado. O espírito de enfrentamento franco e direto, o desejo pelo confronto, era denominado 
aretê. Esse valor era praticado em jogos e no constante treinamento desenvolvido para

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