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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Mário André Sigoli 
Colaboradoras: Profa. Vanessa Santhiago
 Profa. Tânia Sandroni
Filosofia e Dimensões 
Históricas da Educação Física
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Professor conteudista: Mário André Sigoli
Mário André Sigoli é mestre em Pedagogia do Movimento Humano pela Escola de Educação Física e Esporte da 
Universidade de São Paulo (EEFE-USP), defendeu sua dissertação intitulada Características do Esporte Educacional nas 
Escolas da Cidade de São Paulo em 2005.
Graduado no curso de bacharelado em Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São 
Paulo (EEFE-USP), em 2000.
Teve atuação profissional na área esportiva da natação, sendo técnico de atletas federados no São Paulo Futebol 
Clube (1999 a 2002) e depois técnico das categorias de base da natação da Fundesport Araraquara, entre 2013 e 2015.
Atua como docente do ensino superior desde fevereiro de 2004 na Universidade Paulista – UNIP e como consultor 
da Comissão de Qualificação e Avaliação (CQA) da UNIP. Atualmente é coordenador do curso de Educação Física do 
Campus Araraquara da UNIP.
Desenvolve hoje trabalho e pesquisa entre a população idosa e com necessidades especiais, com ênfase em 
emagrecimento e doenças hipocinéticas, através da metodologia do treinamento cruzado (cross training).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S578f Sigoli, Mário André.
Filosofia e Dimensões Históricas da Educação Física. / Mário 
André Sigoli. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
144 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-025/17, ISSN 1517-9230.
1. Filosofia. 2. Dimensões históricas. 3. Educação Física. I. Título.
CDU 796.01
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Rose Castilho
 Lucas Ricardi
 Ricardo Duarte
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Sumário
Filosofia e Dimensões Históricas da Educação Física
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................................................9
1.1 O que é História? .....................................................................................................................................9
1.2 A Filosofia ................................................................................................................................................ 10
2 A IMPORTÂNCIA DAS HABILIDADES MOTORAS NOS POVOS ANTIGOS .................................... 11
2.1 A atividade física nas primeiras civilizações .............................................................................. 13
2.2 O sedentarismo na sociedade contemporânea ........................................................................ 16
3 OS EXERCÍCIOS NO MUNDO ANTIGO ...................................................................................................... 19
3.1 A civilização egípcia e os exercícios físicos ................................................................................ 19
3.1.1 Os exercícios físicos no Egito Antigo .............................................................................................. 19
3.2 Os exercícios físicos na Grécia Antiga ......................................................................................... 21
3.2.1 Contexto histórico geral ...................................................................................................................... 21
3.2.2 A pólis de Esparta ................................................................................................................................... 22
3.2.3 A pólis de Atenas .................................................................................................................................... 22
3.2.4 Período Clássico (séculos V a.C.-IV a.C.) ......................................................................................... 23
3.2.5 Período Helenístico (séculos IV a.C.-II a.C.) .................................................................................. 26
3.2.6 Filosofia, corpo e exercício na Grécia Antiga .............................................................................. 26
3.2.7 A cultura da Grécia Antiga e o exercício ....................................................................................... 30
3.2.8 Os jogos na Grécia Antiga ................................................................................................................... 32
3.2.9 Milo de Crotona: a história de um herói grego .......................................................................... 37
3.2.10 A mulher na Grécia Antiga ............................................................................................................... 38
3.2.11 A decadência dos jogos gregos ....................................................................................................... 40
3.3 Os exercícios físicos em Roma ........................................................................................................ 42
3.3.1 Monarquia (da fundação de Roma ao século VI a.C.) .............................................................. 42
3.3.2 República (séculos VI a.C.-I a.C.) ....................................................................................................... 43
3.3.3 O Alto Império (séculos I a.C.-III d.C.) ............................................................................................. 45
3.3.4 O Baixo Império (séculos III d.C.-V d.C.) ......................................................................................... 46
3.3.5 Os exercícios físicos em Roma ........................................................................................................... 47
3.4 As disputas atléticas na Idade Média ........................................................................................... 50
3.4.1 Contexto histórico geral ...................................................................................................................... 51
3.4.2 Baixa Idade Média ..................................................................................................................................51
3.4.3 O movimento cruzadista...................................................................................................................... 52
3.4.4 Os exercícios físicos durante a Idade Média ................................................................................ 53
4 O RENASCIMENTO CULTURAL E AS PERSPECTIVAS PARA O CORPO E 
O MOVIMENTO HUMANO ................................................................................................................................ 55
4.1 Os precursores renascentistas ........................................................................................................ 57
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Unidade II
5 O EXERCÍCIO FÍSICO NAS SOCIEDADES MODERNAS ........................................................................ 64
5.1 As escolas ginásticas: educação, saúde e nacionalismo ....................................................... 64
5.1.1 O movimento ginástico sueco ........................................................................................................... 65
5.1.2 O movimento ginástico francês ........................................................................................................ 68
5.1.3 A história do Parkour ............................................................................................................................ 70
5.1.4 O movimento ginástico alemão ........................................................................................................ 71
5.2 A gênese do esporte moderno e o processo civilizatório britânico ................................. 73
5.2.1 O esporte moderno e o contexto social ........................................................................................ 77
5.2.2 Violência, esporte e civilização .......................................................................................................... 79
5.3 O Olimpismo moderno ....................................................................................................................... 81
5.3.1 O ideário olímpico .................................................................................................................................. 83
5.3.2 A força dos Jogos Olímpicos .............................................................................................................. 86
6 O ESPORTE CONTEMPORÂNEO, ASPECTOS POLÍTICOS E MERCANTILISTAS ............................. 87
6.1 A história do uso político do esporte ........................................................................................... 87
6.1.1 O Olimpismo: um nobre ideal corrompido ................................................................................... 88
6.1.2 Jogos Olímpicos de Berlim (1936) e a propaganda nazista ................................................... 89
6.1.3 O esporte: arma ideológica na Guerra Fria ................................................................................. 93
6.1.4 O esporte e o mundo contemporâneo ........................................................................................... 95
6.2 A organização esportiva versus a lógica capitalista .............................................................. 97
6.2.1 O esporte-espetáculo e os meios de comunicação de massa .............................................. 99
6.3 As perspectivas do esporte educacional ...................................................................................100
6.3.1 A crítica ao esporte no processo educacional ..........................................................................100
6.3.2 A defesa do esporte competitivo como instrumento de educação .................................103
Unidade III
7 O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE NO BRASIL .............................108
7.1 A história do futebol no Brasil ......................................................................................................108
7.2 A história da Educação Física no Brasil .....................................................................................115
7.3 A Educação Física brasileira e os pareceres de Rui Barbosa .............................................116
7.4 Eugenia, higiene e nacionalismo, ideais brasileiros no início do século XX ...............117
7.5 A institucionalização do esporte brasileiro ..............................................................................118
7.6 A quebra do paradigma no esporte feminino brasileiro ....................................................119
7.6.1 A mulher no esporte: gênero e mídia ......................................................................................... 119
7.7 As estruturas esportivas brasileiras contemporâneas .........................................................121
8 EDUCAÇÃO FÍSICA E EPISTEMOLOGIA ..................................................................................................122
8.1 Abordagens filosóficas da Educação Física no Brasil ...........................................................123
8.2 Aspectos pedagógicos da Educação Física contemporânea ............................................125
8.3 Educação Física e aspectos da saúde ........................................................................................127
8.3.1 Educação Física e saúde mundial .................................................................................................. 128
8.3.2 Atividade física e nível socioeconômico..................................................................................... 130
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APRESENTAÇÃO
Este material está organizado de forma que cada capítulo desenvolva uma contextualização 
histórica, geográfica, política, social e cultural de cada povo ou período abordado. 
Posteriormente, apresenta uma análise focada nos exercícios físicos, jogos e disputas atléticas 
específicas de cada civilização.
Inicialmente serão discutidos temas introdutórios e conceituais a respeito da História, Filosofia e 
Ciências Sociais que apoiam a metodologia de análise deste livro-texto. Serão abordados, de forma crítica, 
a evolução da civilização antiga, os contextos históricos e sociais e a ênfase nas questões relacionadas 
ao exercício no mundo antigo e seu legado para o mundo contemporâneo, englobando a análise do 
Egito Antigo, Grécia e Roma. Abordaremos ainda o exercício no período medieval e as transformações 
socioculturais do Renascimento.
Depois, apresentaremos uma análise histórico-crítica das sociedades modernas e suas relações com 
o exercício físico pautado nos processos educativos, produtivos e de entretenimento. Serão relacionadas 
as escolas ginásticas europeias, os autores que mudaram o paradigma da educação ocidental moderna, 
resgatando o exercício e os bons hábitos através da ginástica e do esporte, este último desenvolvido 
sobretudo a partir da Revolução Industrial, no berço da aristocracia burguesa na Inglaterra. Trataremos 
também do surgimento do Olimpismo e da restauração dos Jogos Olímpicos na Era Moderna, bem como 
de suas implicações e desdobramentos.
As discussões irão se estender à manipulação política do esporte moderno feita pelos governos 
oportunistas a partir do início do século XX e às relações do esporte contemporâneo com a mídia, 
as finanças e o capital globalizado desde o final do século passado até os dias atuais. Faremos um 
contraponto dos níveis de participação esportiva relacionando o esporte educacional, o esporte de 
participação e o esporte de rendimento.
Também abordaremos as origens da Educação Física no Brasil sob a influência da ginástica 
europeia e as discussões a respeito da Educação Física brasileira no início do século XX.Relataremos a jornada para o desenvolvimento do futebol e dos clubes esportivos brasileiros. 
Desenvolveremos amplo debate a respeito da institucionalização do esporte durante a Era 
Vargas, os propósitos higienistas e eugenistas e a segregação da mulher na prática esportiva. 
Ainda serão apresentadas referências a respeito das abordagens metodológicas na Educação 
Física, aspectos filosóficos e epistemológicos.
Todas as discussões históricas e filosóficas levam o leitor a não mais entender o estudo da história 
como a coleção de fatos e datas, mas sim como um processo de aprendizagem crítica, que, através da 
análise filosófica, permite gerar associações, analogias e contestações pertinentes ao desenvolvimento 
de um saber dialético e abrangente.
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INTRODUÇÃO
Caro aluno,
Este livro-texto visa a apresentá-lo às origens e aos propósitos das manifestações atléticas humanas. 
Antes de ser um manual de curiosidades históricas, é uma referência para a reflexão a respeito da 
construção do exercício humano ontem e hoje.
O texto pretende levá-lo a fazer analogias com os fatos do passado e as manifestações 
contemporâneas do movimento corporal humano, de modo que sua formação e atuação acadêmica 
seja crítica e emancipada, não ficando presa a postulados rigidamente travados pela teoria ou tradição. 
Visa à construção de uma vida profissional pautada pelo conhecimento, pela racionalidade e pela ética.
Munido desses conhecimentos, espera-se que sua formação seja repleta de sentido e referências 
e que a resolução de seus questionamentos tenha, ao menos, ponto de partida através deste amplo e 
generalista compêndio sobre os aspectos socioculturais da Educação Física e do esporte.
A ampla discussão das manifestações atléticas humanas nos mais diversos períodos da história e 
nos mais variados contextos sociais é necessária para o entendimento da importância e da finalidade 
do exercício na sociedade atual. 
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Unidade I
1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Esta disciplina investiga o surgimento das manifestações da cultura do movimento do corpo humano 
e o crescimento e desenvolvimento destas manifestações em diferentes períodos da história. Interpreta 
as influências da atividade física nas diferentes culturas e sociedades.
Ao estudar os diferentes períodos históricos e as diferentes sociedades, a história da Educação Física 
analisa as condições do desenvolvimento socioeconômico e cultural de cada povo ou era, pois essas 
características estão diretamente relacionadas com a cultura de prática de atividade física.
O estudo da história tem importante função no cotidiano profissional do professor de Educação 
Física. É um referencial dos acontecimentos da área no passado, que ensina com as glórias e vivências 
dos povos antigos, mas também alerta para os erros cometidos pelos nossos antecessores.
1.1 O que é História?
Há milhares de anos os seres humanos se organizavam em pequenos grupos, com pouco contato 
entre si. Viviam da caça, da pesca e da coleta, deslocavam-se atrás desses recursos naturais e tinham 
poucos objetos. Todos os grupos eram pouco numerosos, porque seu modo de vida não permitia, pois, se 
sua população crescesse muito, faltariam recursos e os deslocamentos seriam dificultados (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
Essas primeiras formas de organização social deram espaço para o sedentarismo do homem, ou seja, 
o processo de fixação em determinada região a partir da criação de rebanhos e da produção agrária. 
A abundância de alimentos e o fato de os grupos não terem mais que migrar de tempos em tempos 
resultaram na ampliação do contingente populacional, bem como motivaram a especialização de 
tarefas e a fabricação de instrumentos mais complexos, de cerâmicas e cerimoniais. Nesse momento, a 
sensibilidade artística do homem antigo se desenvolveu bastante e ele teve necessidade de confeccionar 
gravuras e pinturas em paredes de cavernas e rochas. É importante ressaltar que essas práticas não 
correspondem a todos os povos e não ocorreram simultaneamente em todas as regiões (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
A ideia de que, antes da invenção da escrita, o que existiu foi a Pré-História e não a História está 
ligada à noção de que a História não pode ser feita sem documentos escritos. Recentemente, os 
especialistas reconheceram a importância dos registros não escritos como fontes históricas – são eles 
pinturas, esculturas, relatos orais e objetos. Sabe-se que a escrita não surgiu ao mesmo tempo em 
todos os lugares e, ainda hoje, povos vivem sem o desenvolvimento da escrita, baseando sua história na 
oralidade e em seus costumes. 
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Unidade I
No entanto, convencionou-se que o termo Pré-História se refere ao período da humanidade, 
envolvendo milhares de anos, desde o seu surgimento até a consolidação da escrita. Já a denominada 
História, embasada por documentos escritos, tem cerca de 6 mil anos (VICENTINO; DORIGO, 2013).
A história não deve ser apenas um amontoado de fatos, datas e nomes em uma sequência cronológica, 
mas sim um instrumento para a discussão crítica do passado, comparando e analisando acontecimentos 
relevantes, que proporcionem soluções para problemas do presente.
Os primeiros registros históricos aparecem há cerca de 6 mil anos, quando a civilização humana dá 
um grande salto em sua organização cultural e social, passando a viver em centros urbanos e organizar 
as funções complexas da vida na cidade na forma de profissões, papéis sociais bem definidos. Nessas 
cidades, os proprietários ricos da terra desenvolvem modelos centralizados de governo, nos quais 
assumem a liderança, concentrando grande riqueza. Os registros contábeis do patrimônio, achados nas 
tumbas desses líderes das primeiras cidades localizadas na Mesopotâmia, são os primeiros documentos 
organizados na forma de escrita com símbolos decodificados na forma de linguagem (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
É importante lembrar que a construção da história se dá a partir de documentos encontrados e 
selecionados, através de relatos, observações e histórias de vida. Cabe ao historiador que organiza os 
documentos apresentar uma versão dos fatos reais ocorridos. O método histórico precisa de tratamento 
crítico, pois, de forma geral, a história é escrita sob a ótica de um ponto de vista. Sendo assim, várias 
fontes, teorias e versões devem ser analisadas antes de se confirmar um fato histórico. Caso contrário, 
a história pode ser tendenciosa e parcial, como aquela que é escrita pelos vencedores das guerras 
(THOMAS; NELSON, 2002).
1.2 A Filosofia
A Filosofia é um método de aquisição do conhecimento que busca, de forma racional, encontrar 
a verdade ou se aproximar o mais perto possível dela. A metodologia filosófica usa a discussão, o 
pensamento e a crítica como elementos para a construção do saber.
A aplicação do método filosófico compreende o estabelecimento de um questionamento, de uma 
dúvida, não aceitando conceitos preestabelecidos sem antes analisá-los e contrapô-los mediante 
rigorosa argumentação.
O pensamento filosófico não busca estabelecer uma verdade absoluta, mas discutir as verdades 
possíveis a respeito de determinado assunto. A dialética ampara essa dualidade, na qual pensamentos 
opostos ou complementares podem coexistir em busca de um entendimento amplo de um fato.
Dessa forma, o método filosófico será aplicado no contexto deste livro-texto com o intuito de 
discutir criticamente os fatos históricos, fazendo analogiascom fatos contemporâneos e construindo 
uma análise abrangente da problemática apresentada.
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
2 A IMPORTÂNCIA DAS HABILIDADES MOTORAS NOS POVOS ANTIGOS
No decorrer de um extenso período de adaptação e evolução que durou milhões de anos, 
os hominídeos foram desenvolvendo mais habilidades motoras e maior nível de complexidade 
do sistema nervoso, aumentando consideravelmente sua capacidade cognitiva. O cérebro, mais 
complexo, incrementou a capacidade de raciocínio, o que permitiu uma capacidade maior de 
manipular armas e ferramentas, dando ao homem grande vantagem perante seus predadores. 
As habilidades de manipulação, associadas à maior cognição, levaram ao desenvolvimento de 
tecnologias que, de forma crescente, permitiram criar soluções cada vez mais elaboradas para a 
alimentação e a sobrevivência (VICENTINO; DORIGO, 2013).
A divisão dos períodos históricos da humanidade foi feita com base nos elementos que eram 
manipulados pelo homem em determinado período. Por exemplo: o primeiro período, denominado 
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, iniciou-se há aproximadamente 2,7 milhões de anos e se estendeu 
até 10000 a.C. (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Os primeiros grupamentos humanos do Paleolítico viviam em pequenos bandos com cerca de 
trinta indivíduos e gastavam grande parte do seu tempo nas atividades de subsistência (pesca, 
caça, preparo do alimento, locomoção). Eram nômades e permaneciam em determinado território 
por cerca de três meses, em função das condições climáticas e em razão das reservas de recursos 
(caça, pesca e vegetais). As tarefas passaram a ser divididas conforme a idade, o sexo e as condições 
físicas dos membros do bando. Os homens fabricavam ferramentas, construíam moradias (tendas), 
caçavam, pescavam e protegiam o território. As mulheres faziam a coleta de grãos, folhas, frutos, 
raízes, ovos, mel e insetos e também confeccionavam cestos e potes para armazenar e servir 
alimentos (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
As pinturas encontradas nas cavernas relatam muito sobre os hábitos, costumes e história 
dos grupamentos humanos do período Paleolítico. Elas são denominadas pinturas rupestres. 
Atualmente, esses achados são considerados importantes evidências históricas para determinar 
os hábitos e a cultura de populações antigas. Cenas de caça, pesca, rituais, danças e brincadeiras 
são exemplo de relatos visuais de como esses povos viviam milhares de anos atrás. Através desses 
relatos, podemos perceber a importância da motricidade humana em seus primórdios (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
Evidências mostram como o Homo sapiens sapiens se expressava através de símbolos há cerca 
de 40 mil anos. Foram descobertos vestígios de vasos de argila com inscrições simbólicas datadas 
de cerca de 70 mil anos. Dessa forma, pode-se afirmar que a capacidade de abstração e construção 
de cultura simbólica através de artefatos e desenhos é bastante anterior ao Homo sapiens; cerca 
de 30 mil anos antes de sua chegada à Europa, já havia símbolos de inteligência e abstração 
semelhantes aos parâmetros do homem moderno (VICENTINO; DORIGO, 2013).
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Unidade I
Figura 1 
Atualmente, todos os homens pertencem à subespécie Homo sapiens sapiens. As variações físicas 
constatadas ocorreram devido a adaptações às exigências do meio, nas diferentes regiões do planeta 
onde o homem se instalou há milhares de anos. Dessa forma constata-se uma pigmentação da pele 
mais intensa nos habitantes de regiões com maior irradiação solar, assim como habitantes das frias 
regiões polares possuem mais gordura corporal, que serve como reserva energética e proteção térmica 
contra as baixas temperaturas. Durante toda sua jornada evolutiva, o homem teve como atividades de 
subsistência a caça e a coleta de raízes, ramos e frutos. Em função dessas atividades, o homem teve que 
desenvolver habilidades físicas específicas, como corrida, saltos, natação, escalada, mergulho e o uso e 
lançamento de implementos como machado, lança e arco e flecha (SANTOS, 1994). 
Cerca de 10 mil anos atrás o homem passou por um período de grande mudança em seu 
comportamento. A Revolução Agrícola foi a descoberta do plantio como recurso para a obtenção de 
alimentos. Este recurso fixou mais o homem em um mesmo local, pois antes a vida era nômade e, 
quando a caça ficava escassa, o grupo migrava para outra região. O plantio gerou um excedente de 
produção, que alavancou um grande aumento da população humana (SANTOS, 1994).
No entanto, a fixação em um só lugar e o acúmulo de recursos trouxe problemas para o homem. 
A condição de fartura atraía a cobiça de outros grupos, que passaram a saquear as comunidades 
agrícolas. A necessidade de proteger seu grupo, sua lavoura e seus animais levou o homem a intensificar 
sua preparação guerreira. A destreza humana para manipular armas, que a princípio eram usadas na 
caça, passou a ser aperfeiçoada com o objetivo de defender os territórios de inimigos. Surge então o 
treinamento do físico para a guerra, lançamentos, arco e flecha, marchas e lutas (SANTOS, 1994).
 Saiba mais
O filme a seguir, que foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, 
ilustra algumas questões apresentadas:
A GUERRA do fogo. Dir. Jean Jacques Annaud. Canadá; França: 
International Cinema Corporation, 1981. 100 minutos.
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2.1 A atividade física nas primeiras civilizações
A civilização é o resultado do trabalho humano para transformar a natureza. Refere-se às 
organizações feitas pelo homem para estruturar a sociedade, a distribuição de papéis, as relações 
políticas e a simbologia de um povo. Nesse sentido, o termo civilização não se refere a uma escala 
evolutiva tecnológica, pois toda sociedade humana possui seu tipo de civilização. É bastante equivocada 
a concepção de que existam povos primitivos e povos civilizados (VICENTINO; DORIGO, 2013).
O conceito de civilização nasce junto com a fundação das primeiras cidades na Mesopotâmia 
e no Egito, cerca de 5 mil anos a.C. Os homens se agruparam em grandes comunidades devido à 
necessidade de realizar grandes empreendimentos (diques, barragens, muralhas) para controlar 
a produção agrícola. A civilização seria então um tipo de sociedade resultante de um processo 
marcado por certo grau de desenvolvimento tecnológico, econômico e intelectual. No Ocidente, 
esse processo ocorreu com diferenciação social, divisão do trabalho, urbanização e concentração 
do poder político e econômico.
Atualmente, a civilização corresponde a um elevado desenvolvimento tecnológico, que faz com que 
as forças produtivas sejam predominantemente automatizadas, não exigindo do homem grande esforço 
físico para sua sobrevivência.
Nas primeiras civilizações dos povos antigos, a prática de atividade física humana representava 
quase toda a energia gasta para sobrevivência, produção de alimentos e atividade sociais. De forma 
geral, o homem usava o físico com as seguintes funções e objetivos:
Subsistência 
Atividades voltadas para a caça, a pesca, a fuga, a defesa e o trabalho braçal agrícola ou urbano.
Cerimônias sagradas
Nos primórdios da civilização, o homem ainda não dominava o pensamento racional e abstrato. 
Assim, delegava a feitos divinos todos aqueles fenômenos que não podia explicar, principalmente 
aqueles relacionados com as forças da natureza. As danças e os jogos eram componentes essenciais 
dos rituais sagrados, eram pontes que ligavamos homens aos deuses da natureza. De forma geral, essas 
atividades eram seguidas de sacrifícios, muitas vezes humanos, para homenagear ou aclamar os deuses. 
Esse é o caso do Tlachtli, também chamado Teotlachtli, o Jogo de Bola Mesoamericano. Era 
disputado como cerimônia religiosa em grandes estádios com capacidade para até 15 mil espectadores, 
possuía regras semelhantes entre diversos povos mesoamericanos, olmecas, maias e astecas (povos 
pré-colombianos do México), e foi disputado até o século XVI (FIGUEIREDO, 2002).
Nesse jogo, sete jogadores de cada time tentavam fazer com que uma pesada bola de resina 
passasse por um aro de pedra fixado na parede usando cotovelos, joelhos e quadris. O jogo exigia grande 
habilidade devido ao peso da bola (entre 3 e 5 kg) e à altura do arco de pedra. Por esse motivo as partidas 
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duravam até seis horas. De acordo com a localidade, prosseguia-se uma ritualística diferente após o jogo 
(FIGUEIREDO, 2002). 
Em Monte Albán (cidade principal da cultura zapoteca, próximo à atual cidade de Oaxaca), somente 
os principais nobres e sacerdotes estavam aptos a presenciar as disputas (esse povo não tinha o hábito 
de sacrifícios humanos). No entanto, em Tenochtitlán (a capital asteca), no final das partidas, o time 
perdedor inteiro era sacrificado, enquanto que o autor do “gol” ficava sozinho dentro do campo e era 
homenageado pelos espectadores, que lhe arremessavam suas joias, ouro e plumas, consideradas tão 
valiosas quanto joias (FIGUEIREDO, 2002).
Em Chichén Itzá (cidade do final do período maia, na península do Yucatán), um dos times jogava 
utilizando roupas feitas de pele de jaguar e o outro com roupas feitas com penas de águia. Nesta 
cidade os times tinham um capitão. Este era o único habilitado a fazer o ponto, o que tornava as 
partidas mais demoradas ainda. No final da disputa os times se posicionavam em fila atrás de seus 
capitães e estes se posicionavam um de frente para o outro; então, o capitão do time perdedor 
decapitava o capitão do time vencedor. Para o povo de Chichén Itzá essa era uma morte honrosa e 
desejável, pois era um sacrifício honroso e quem morria se tornava imortal segundo a crença daquele 
povo (FIGUEIREDO, 2002).
Figura 2 
Preparação guerreira
Os povos antigos passaram a ter maior envolvimento em conflitos bélicos após a sua fixação 
no solo com o advento da Revolução Agrícola. Os povos vizinhos ou nômades passaram a cobiçar 
suas terras e riquezas, atacando vilarejos e comunidades. O treinamento fez-se necessário para 
aperfeiçoar as destrezas dos guerreiros, que a princípio usavam suas habilidades motoras e 
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capacidade física apenas para caçar (corrida, lançamentos e saltos). Na guerra, aquele que fosse 
mais eficiente sobrevivia. A oportunidade de errar não era mais oferecida; qualquer erro na pontaria 
poderia significar sua própria morte. 
Jogos, brincadeiras e educação
A componente lúdica sempre esteve associada à vida do homem. Por meio de jogos e brincadeiras, 
crianças e jovens imitavam e aprendiam as atividades da vida cotidiana adulta. Os adultos também 
brincaram sempre. Os jogos adultos serviam como dramatizações de episódios importantes para a 
vida do seu povo: eram guerras, representações do trabalho etc. Dessa forma, os jogos e brincadeiras 
adquiriam um grande potencial pedagógico para os povos antigos, estando envolvidos também com 
ritos de passagem para a vida adulta.
Muitos povos indígenas do Brasil disputam lutas e corridas de toras como rituais ou mesmo como 
diversão, como preparação para a vida adulta.
Os xavante, índios radicados no Mato Grosso do Sul, apreciam as lutas corporais wa’i e as corridas 
de revezamento com toras de buriti, chamadas uiwede. Elas incitam rivalidades amistosas entre os 
jovens, cultivando qualidades muito importantes para o tradicional estilo de vida xavante: a força e a 
resistência físicas. 
As lutas wa’i ocorrem antes da condução dos garotos à casa dos solteiros, momento em que se 
tornam oficialmente membros de uma das oito classes de idade xavante. Nas lutas, meninos da mesma 
idade, assim como meninas, reagem às provocações de um homem adulto. Em pé, ambas as partes se 
engalfinham vigorosamente, e os combates terminam quando uma delas, em geral o adulto, consegue 
derrubar a criança (GRAHAM, 2008). 
Figura 3 
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Quando ocorre de meninas serem convocadas ao ringue para lutar o wa´i, é muito frequente 
que se juntem para arremeter coletivamente contra um único homem adulto, a quem perseguem 
numa divertida batalha, em que os espectadores se divertem incentivando o combate com gritos 
e risos (GRAHAM, 2008).
Nas corridas de revezamento, cada participante esforça-se ao máximo ao longo de trechos curtos, 
portando sobre os ombros uma enorme e pesada tora de buriti (aproximadamente 80 quilos para os 
homens e 60 para as mulheres). Em seguida, trata de transferir a tora aos ombros de algum outro membro 
de sua equipe, da mesma classe de idade. Essas toras extremamente pesadas são transportadas pelos 
corredores ao longo de trajetos de extensão aproximada entre seis e oito quilômetros, que terminam no 
centro da aldeia (GRAHAM, 2008). 
Embora apenas adultos possam transportar as toras, essas corridas são acompanhadas por todos 
os membros fisicamente aptos da comunidade, o que faz delas eventos muito animados. O correr com 
toras é, sem dúvida, uma das atividades esportivas favoritas dos xavante (GRAHAM, 2008).
 Lembrete
Povos antigos foram dominados pelos europeus não por serem menos 
evoluídos, mas por terem menos recursos militares. Alguns povos tinham 
sistemas sociais mais organizados do que os europeus. 
2.2 O sedentarismo na sociedade contemporânea
Nas civilizações contemporâneas, a atividade física humana não é mais uma ferramenta essencial 
à sobrevivência, pois os meios produtivos apresentam-se automatizados, eletrônicos, com fontes de 
energia fóssil (petróleo) elétrica, quando não atômica. O homem não precisa mais de seu corpo para se 
locomover – automóveis, motocicletas e elevadores cumprem melhor o papel. A comida não tem mais 
que ser caçada – está pronta para o consumo, enlatada, ensacada, industrializada.
Devido ao grande desenvolvimento tecnológico, científico e filosófico, o homem conseguiu resolver 
grande parte das questões que conturbavam sua vida. Atualmente, existe uma explicação racional para 
quase tudo, o homem perde cada vez mais o contato com o sagrado. As religiões contemporâneas não 
usam mais o movimento do corpo como meio de comunicação com Deus. A prática de atividade física 
foi racionalizada, passa por grande análise científica e filosófica.
A preparação guerreira ainda usa o treinamento do corpo como instrumento de combate, apesar de a 
tecnologia bélica reduzir cada vez mais a presença do homem no local de combate (mísseis inteligentes, 
veículos blindados, aviões etc.). Outra questão importante é o fato de apenas uma pequena parcela 
da população participar do contingente militar atualmente. A guerra não é mais uma constante para 
todos os países como nos tempos antigos. Atualmente, acordos diplomáticos e alianças estratégicas 
(econômicas e políticas) reduziram as guerras.
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Os jogos e brincadeiras continuamassumindo o papel educacional na vida contemporânea. 
Atividades físicas resistem ao tempo passando de geração para geração como importante ferramenta 
de socialização entre os homens, muitas vezes tornando-se as principais manifestações corporais 
do mundo atual. No entanto, mesmo as brincadeiras e jogos lúdicos envolvendo o movimento do 
corpo humano encontram-se ameaçados pelos avanços tecnológicos do mundo contemporâneo. 
Brinquedos eletrônicos reduzem drasticamente a execução de atividade física – são videogames, 
computadores, simuladores de modalidades esportivas, nos quais os dedos são as únicas partes do 
corpo que se movimentam.
No entanto, as necessidades fisiológicas e metabólicas do ser humano continuam bastante 
parecidas com as de nossos antepassados caçadores e lavradores, que usavam, de forma árdua, o 
esforço físico para garantir a sobrevivência. O organismo humano possui metabolismo bastante 
econômico e delicado. O consumo de calorias em quantidade superior ao gasto energético diário, 
associado à perda de massa magra gerada pelo sedentarismo, tem levado a humanidade a uma 
condição generalizada de sobrepeso e obesidade.
De acordo com pesquisa do IBGE, Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas 
por inquérito telefônico (Vigitel) de 2014, 52,5% dos brasileiros estão em sobrepeso (índice de massa 
corporal – IMC acima de 25 kg/m²) e 17,9% estão em nível de obesidade (IMC maior que 30). A pesquisa 
ainda revela que 49% dos entrevistados fazem atividades físicas de forma insuficiente (menos que 150 
minutos por semana, segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde – OMS), sendo que 
15% são inativos (BRASIL, 2015)
A obesidade associada ao consumo alimentar inadequado é responsável pelo desenvolvimento 
das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são hoje as maiores responsáveis pelas causas 
de morte no mundo. A partir da obesidade e do quadro de sedentarismo, aumenta a incidência de 
doenças como diabetes mellitus II, hipertensão arterial, dislipidemias (colesterol e triglicérides), 
aterosclerose, câncer de mama, câncer de colo do útero e os casos de morte por mal súbito, 
infarto agudo do miocárdio.
A prática de exercícios físicos em locais voltados para a saúde, como academias, clínicas e estúdios, 
tem aumentado bastante. O homem contemporâneo, assolado por doenças degenerativas causadas pelo 
sedentarismo, pelo estresse e pela alimentação industrializada, passou a procurar locais para praticar 
atividades físicas, bem como a buscar opções mais saudáveis de alimentação.
A cultura mundial do fitness é alavancada por dois fatores principais: as questões da saúde, de 
forma preventiva ou remediada, e a estética ditada por padrões inatingíveis de corpos construídos e 
amplamente divulgados pela mídia.
Contudo, em sua busca desenfreada por conforto, tecnologia e eficiência, o homem baniu a 
atividade física de sua vida e agora tem de resgatá-la atendendo ao chamado do seu corpo e de sua 
herança genética.
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Exemplo de aplicação
Reflita: o que podemos aprender com os homens antigos que habitavam o mundo antes do processo 
de civilização, antes do alto desenvolvimento tecnológico? Podemos olhar para seus hábitos, suas 
necessidades e questionar as capacidades de movimento do corpo humano. O homem antigo precisava 
correr, saltar, escalar, levantar e carregar pesos, nadar, arremessar, entre outras habilidades vigorosas. 
Todas essas ações eram necessárias para a sobrevivência diária. Havia a necessidade de muito esforço 
físico e muito gasto de energia para sobrevivência em um mundo hostil onde havia escassez de alimento. 
Essas condições geraram adaptações físicas e metabólicas no corpo humano, deixando um registro 
genético. Os hábitos motores e alimentares do mundo cotidiano são incompatíveis com a programação 
genética metabólica que herdamos. 
O alimento nos dá prazer e saciedade; estes registros sensoriais são importantes para a sobrevivência. 
No entanto, essas percepções foram desenvolvidas em um período de escassez e hoje vivemos em 
uma época de abundância de alimento e de sedução para o consumo e para o prazer. Induzidos pela 
propaganda da mídia, buscamos alimentos prazerosos antes de pensarmos em alimentos nutritivos, 
pois queremos ter prazer. Ingerimos mais alimentos do que precisamos, pois queremos estender nossa 
sensação de prazer pelo maior tempo possível.
Substituímos a alegria de correr, nadar, dançar e brincar, usando plenamente nossos corpos, por 
lazeres virtuais que geram sensações simulando experiências reais, no videogame, celulares, internet, 
televisão e filmes. Como resultado, estamos cada vez mais parados e cada vez mais alimentados, 
confinados como animais na engorda; somos mantidos conectados em aparelhos do mundo virtual e 
induzidos a consumir guloseimas cada vez mais deliciosas.
Estamos ficando doentes; somos uma geração de obesos, diabéticos e hipertensos precoces. 
Deterioramos nossos corpos com toxinas, resíduos e conservantes, antibióticos e hormônios.
Pesquisas não faltam para apontar para o risco do consumo de açúcar, gorduras saturadas, agrotóxicos 
e conservantes. Opções crescem a cada dia para consumirmos alimentos naturais, orgânicos e com baixo 
índice glicêmico.
Fazer exercícios também é uma opção. Não faltam academias, clubes, parques, programas, 
aplicativos, para todos os gostos e faixas de poder aquisitivo. A grande desculpa é a falta de tempo, pois 
trabalhamos muito, perdemos muito tempo indo de um trabalho para o outro para podermos aumentar 
desesperadamente nossa renda e honrarmos nossas contas motivadas pela sedução fugaz da mídia em 
nossa sociedade de consumo.
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3 OS EXERCÍCIOS NO MUNDO ANTIGO
3.1 A civilização egípcia e os exercícios físicos
A civilização egípcia cresceu às margens do Rio Nilo, no nordeste africano, beneficiando-se do 
regime de cheias deste que é um dos maiores rios do mundo em extensão e volume de águas. Durante a 
cheia, as margens do Rio Nilo são submersas e fertilizadas, permitindo a agricultura no período de seca 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
Há cerca de cinco mil anos, um grande aumento populacional impulsionou o Egito em seu 
desenvolvimento civilizatório, e a construção de barragens e canais se fez necessária para expandir 
a produção agrária. A evolução política acompanhou o rápido aumento populacional. O Egito 
passou de um conjunto de comunidades a uma dinastia. A concentração de poder nas mãos de um 
faraó, considerado um deus vivo, fez com que essa forma de poder perdurasse por milhares de anos 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
A sociedade egípcia era formada em sua base por uma grande população de camponeses e artesãos, 
que pagavam tributos e prestavam serviços compulsórios ao faraó nas plantações, obras e construções 
públicas. Os escravos também faziam parte dessa base de trabalho e eram constituídos por povos 
capturados em guerras. A história do Egito pode ser dividida em três grandes períodos: o Antigo Império 
(c. 3200 a.C.-2300 a.C.), o Médio Império (c. 2000 a.C.-1580 a.C.) e o Novo Império (c. 1580 a.C.-525 a.C.). 
Nesses períodos, o Egito foi governado por faraós de 26 dinastias. O declínio dessa imponente civilização 
se deu com a invasão dos persas, em 525 a.C. Em sua história mais recente, o Egito foi dominado por 
vários povos, tornando-se província do Império Persa, território ocupado por macedônios, romanos, 
árabes, turcos e ingleses (VICENTINO; DORIGO, 2013).
 Saiba mais
Obra do aclamado escritor premiado com o Prêmio Pulitzer Norman 
Mailer, o romance indicado a seguirilustra o cotidiano da corte dos faraós 
do Egito:
MAILER, N. Noites antigas. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
3.1.1 Os exercícios físicos no Egito Antigo
As práticas de exercícios, jogos e disputas atléticas no Egito se mostram bastante diversas, e existe 
uma grande quantidade de pinturas e registros destas práticas em ruínas e sítios arqueológicos estudados 
na era contemporânea. São encontrados afrescos com a representação de exercícios de ginástica, lutas 
e exercícios individuais. No Egito Antigo não se tem registro de jogos coletivos ou disputas de torneios 
grandiosos; as práticas visavam à preparação guerreira, apresentações individuais e entretenimento 
(RAMOS, 1982).
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Em muitas pinturas antigas egípcias são observados jogos recreativos infantis, lutas, jogos com bola, 
jogos com arcos, disputas diversas que apresentam características lúdicas das crianças e jovens egípcios.
Os egípcios também se dedicavam bastante à ginástica. Inúmeras ilustrações antigas sugerem uma 
metodologia bastante elaborada para a prática de suspensões, pontes, posturas acrobáticas em duplas, 
trios ou mais participantes (RAMOS, 1982).
Figura 4 – Exercícios ginásticos no Antigo Egito
Em exercícios individuais, são registradas imagens de arremesso, corridas, levantamento de 
pesos e natação. Muitos faraós eram adeptos da corrida e registraram isso em suas tumbas, entre 
eles Seti I e Ramsés II.
Os egípcios também apreciavam apresentações de lutas – entre elas, existem registros de luta livre, 
boxe e esgrima. No túmulo de Ptah-Hotep há uma cena com várias ilustrações de jovens lutando com 
vitalidade (RAMOS, 1982).
Figura 5 
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Com apoio nos desenhos, pinturas, estátuas, baixos-relevos e inscrições achados em monumentos 
e sarcófagos, estima-se que os egípcios praticavam variadas formas de exercício há mais de 40 séculos 
a.C. Os exercícios físicos buscavam a aquisição de saúde e vigor, para o trabalho, para a preparação 
guerreira ou simplesmente como prática lúdica. Os jovens egípcios buscavam seguir o exemplo de seus 
reis e faraós e, em particular, procuravam imitar suas façanhas desportivas (RAMOS, 1982).
O faraó, por ocasião de festividades populares e celebrações, costumava mostrar suas habilidades e 
destrezas físicas. Essas demonstrações de vigor e maestria aumentavam seu prestígio e exaltavam seu 
poder real.
Amenófis II foi um atleta de grande porte físico, sendo admirável na prática do remo, equitação, 
corrida e arco e flecha. Registros afirmam que era impressionante sua pontaria com o arco quando 
estava em seu carro em movimento.
Exemplo de aplicação
A sociedade egípcia era duramente estratificada, usava mão de obra escrava, apoiava-se em um 
regime de governo centralizado na figura do faraó, que tinha seu poder justificado por sua linhagem 
divina. Esse governo, apoiado na mística figura do governante, tinha em seu alto escalão sacerdotes e 
conselheiros próximos ao faraó. A população tinha pouca possibilidade de ascensão social diante da 
aristocracia instalada. A participação política era nula. Diante dessa condição, o cidadão egípcio não 
era estimulado a participar de forma criativa dos processos produtivos do reino. A falta de autonomia e 
participação também é expressa na prática do exercício, na qual se estimulavam jogos, lutas, equitação, 
arco, entre outros, como forma de preparação utilitária militar. No entanto, não havia uma participação 
atlética voluntária e livre para todos. As apresentações de destrezas físicas visavam, no Egito Antigo, 
a entreter o povo e os membros da corte e reforçar a distinção social entre o faraó e seus súditos, 
exaltando em seus gestos atléticos sua condição divina distinta. 
A história egípcia nos mostra que quanto maior a discrepância social e maior a centralização do 
poder, menos participativo e criativo é o povo. Faça uma analogia com as formas de poder presentes no 
mundo contemporâneo e reflita sobre como os exercícios físicos e o esporte são dirigidos em função da 
concentração de poder. 
3.2 Os exercícios físicos na Grécia Antiga
3.2.1 Contexto histórico geral
A população grega foi formada pela miscigenação entre cretenses, aqueus, dórios, jônios e eólios, 
povos que se envolveram em conflitos, migrações e invasões e se difundiram pelas ilhas e pelo continente 
que hoje conhecemos como Grécia. Muitas colônias foram formadas na costa ocidental da Ásia, tal 
como Mileto, e outras se fixaram na Península Itálica, tal como Siracusa. Esses povos eram dedicados 
à navegação, às relações comerciais e ao combate. Vieram a desenvolver um povo responsável pela 
estruturação da cultura ocidental. 
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Devido ao grande aumento populacional e à escassez de terras férteis na Grécia, a população 
iniciou um processo de expansão no Mediterrâneo, fundando inúmeras cidades na Itália, na Sicília. Na 
Península Balcânica e na orla do Mediterrâneo surgiram mais de cem cidades gregas, sendo as duas mais 
expressivas Atenas e Esparta (VICENTINO; DORIGO, 2013).
3.2.2 A pólis de Esparta
Esparta ficava na região da Lacônia, na Península do Peloponeso, e foi fundada pelos dórios. Esparta 
constituiu-se como cidade guerreira, com política monárquica autocrática, tendo sido líder de cidades 
vizinhas no Peloponeso, com quem fez alianças comerciais e militares. A sociedade espartana era formada 
pela elite militar espartana de origem dórica, que concentrava o poder político e religioso. Havia ainda 
os periecos, pequenos proprietários, artesãos e comerciantes; e os hilotas, servos de propriedade do 
Estado que eram explorados pelos senhores espartanos. Em Esparta, o monopólio político e religioso 
estava nas mãos da elite espartana, formada por cidadãos guerreiros. A organização monárquica de 
Esparta evoluiu para uma condição oligárquica. A cidade tinha dois reis, um com funções militares e 
outro com direcionamento político e administrativo. Ambos se submetiam a dois conselhos, a Apela, 
assembleia de guerreiros, e a Gerúsia, conselho de anciãos (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Esparta manteve-se estável em suas tradições e regime oligárquico. Não sofreu grande expansão 
populacional, o que lhe conferiu controle econômico, mas também ocasionou ruína em períodos de 
grandes guerras, quando a baixa de homens adultos era grande em combate. A sociedade espartana, 
menos dinâmica que as demais, permaneceria, assim, oligárquica e aristocrática, não sofrendo influência 
política democrática, sendo mais estável do ponto de vista político e menos dinâmica do ponto de vista 
social, característica proporcionada pela falta de mobilidade social, pois os hilotas (servos) e periecos 
artesãos eram visto como castas inferiores e não se misturavam aos espartanos (VICENTINO; DORIGO, 
2013).
Os espartanos, altamente militarizados, mantiveram o poder pela força. Apesar de serem 
numericamente inferiores, eles possuíam as melhores terras e mais riquezas. Os filhos dos espartanos 
eram educados pela pátria a partir dos 7 anos de idade, quando passavam a pertencer à cidade e não 
mais à sua família. A rigorosa educação militar se desenvolvia arduamente até os 18 anos de idade, 
quando se iniciava o período de serviço militar. Ao completar 30 anos, o espartano era levado à cidade 
para se casar e ter filhos, mas continuava a servir a pátria com suas habilidades militares até completar 
60 anos, quando era admitido na Gerúsia, conselho de anciãos, e dispensadodo serviço militar. Poucos 
chegavam a ter esta honra (VICENTINO; DORIGO, 2013).
3.2.3 A pólis de Atenas
Atenas foi formada a partir da junção de aqueus, eólios e jônios. A cidade era bastante atrativa por 
seu porto de Pireu e se tornou grande centro comercial, político e militar. A cidade-estado de Atenas 
cresceu em influência e poder, tornando-se, assim como Esparta, líder em relações comerciais e militares, 
conquistando vasta área de influência perante as cidades aliadas. Situada na região continental da Grécia 
(Ática), possuía posição estratégica em função de seu porto e de uma extensa muralha construída para 
proteger e ligar a cidade ao porto (VICENTINO; DORIGO, 2013).
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Após a destituição do último basileu, Atenas abandonou o regime monárquico tirânico e 
desenvolveu um regime político oligárquico, no qual um arconte era designado para administrar a 
cidade por um ano sob a fiscalização de um conselho aristocrático formado pelos eupátridas. Por 
volta do século VIII a.C., os atenienses colonizaram comunidades e povoamentos espalhados pelo 
Mediterrâneo a fim de suprir a cidade, cada vez mais populosa. As cidades colonizadas na Península 
Itálica e no Mar Negro forneciam trigo, metais e madeira. Em troca, Atenas vendia-lhes vinho, azeite 
e artesanatos (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
A expansão para o Mediterrâneo gerou grande enriquecimento dos comerciantes e acentuou 
diferenças e conflitos. Os produtores de trigo locais não podiam concorrer com o produto mais barato e 
abundante das colônias e acabaram perdendo suas terras e sendo escravizados. Os ricos proprietários de 
terra e comerciantes atenienses ricos começaram a questionar o conselho de eupátridas, aumentando 
ainda mais as tensões sociais originárias do crescente poder gerado pela ascensão econômica (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
O crescente quadro de instabilidade levou vários legisladores atenienses a fazerem propostas para 
superar os conflitos e atenuar as tensões sociais. Os mais importantes foram Drácon, que organizou e 
tornou público um registro escrito das leis, e Sólon, que eliminou a escravidão por dívidas, retroagindo 
a anistia aos devedores, dividiu a sociedade de acordo com a renda de cada indivíduo, possibilitando 
a ascensão social, e criou a Bulé, conselho formado por quatrocentos membros do povo com funções 
administrativas e legislativas. As leis criadas pela Bulé eram levadas ao veredito da Eclésia, assembleia 
popular. Sólon foi responsável pela estruturação do regime democrático (demo: povo; cratos: poder). 
No entanto, as reformas propostas por Sólon desagradaram a elite eupátrida e intensificaram as lutas 
sociais, que levaram a um período de líderes autocráticos tiranos (MANFREDI, 2008).
Em meados de 500 a.C., Atenas sofre novo processo de reordenação democrática pelas mãos do 
estadista Clístenes (c. 570 a.C.-508 a.C.), que destituiu a tirania e fez reformas políticas democráticas e 
pacificadoras. O governante dividiu os atenienses em dez tribos, formadas de acordo com o território 
em que residiam. A Bulé passou a ter cinquenta representantes por tribo, sendo a presidência assumida 
de forma alternada por membros de todas as tribos, por períodos iguais. A Eclésia passou a ter maiores 
poderes legisladores. Clístenes criou ainda o ostracismo, um mecanismo que condenava ao exílio de 
dez anos todo cidadão rico e poderoso o suficiente para colocar em risco a democracia. A regência de 
Clístenes marca o Período Clássico da Grécia (MANFREDI, 2008). 
3.2.4 Período Clássico (séculos V a.C.-IV a.C.)
O Período Clássico foi marcado por grandes guerras contra os persas e entre as cidades gregas. 
Também foi um período de grande florescência cultural, com grande desenvolvimento da filosofia, das 
ciências e das artes. Grandes pensadores, como Sócrates, Platão e Aristóteles, viveram nesse período, que 
é considerado o apogeu da civilização grega antiga, deixando um imenso legado para a constituição da 
cultura ocidental contemporânea.
A primeira investida dos persas sobre a Grécia ocorreu no episódio que ficou conhecido como 
Guerras Médicas (em referências aos medos, povo persa). Entre 490 a.C. e 479 a.C., liderados por 
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Unidade I
Dario I, os persas desembarcaram na Grécia, mas foram derrotados pelo Exército ateniense na Planície 
de Maratona. Após essa guerra, os atenienses reforçaram sua frota naval. A segunda ofensiva persa 
iniciou-se em 480 a.C., quando o imperador Xerxes comandou aproximadamente 100 mil contra a 
Grécia. Os gregos, em menor número, uniram-se contra os invasores, mas só conseguiram retardar 
o avanço persa no Desfiladeiro de Termópilas. Os persas conseguiram invadir e saquear Atenas 
(MANFREDI, 2008). 
Um fato interessante aconteceu durante os desdobramentos da batalha de Maratona. O confronto 
com os persas ocorreu em Maratona, cerca de 40 quilômetros distante de Atenas. A esquadra persa, 
acampada na praia, foi surpreendida pelas tropas atenienses, repletas de hóplitas (soldados com 
armamento pesado). O Exército persa, em maior número (cerca de 100 mil soldados), contava com 
milhares de arqueiros que impossibilitavam o avanço a média distância. Os soldados atenienses e de 
Plateia somavam apenas 12 mil homens, muito bem treinados e fortemente armados com escudos 
pesados de bronze, lanças e elmos. No entanto, ainda de madrugada, o Exército grego levantou-se 
silenciosamente e avançou sem ser percebido até uma distância de 200 metros das tropas persas. Nessa 
distância, os bem condicionados hóplitas gregos avançaram em velocidade e furor contra as tropas 
persas de Dátis. Os persas foram pegos de surpresa e não conseguiram acionar seus arqueiros. O violento 
embate corpo a corpo com os gregos, liderados por Milcíades, gerou pesadas perdas aos persas, que 
bateram em retirada (MANFREDI, 2008).
Pelo mar, Dátis ordenou que a frota persa rumasse para Atenas, que estava pouco protegida, pois a 
maior parte das tropas gregas estava em Maratona. A ideia era fazer o regimento ateniense pensar que 
seu Exército havia sido esmagado pelos persas, obrigando a abertura dos portões e a rendição da cidade.
No entanto, Milcíades chamou o mensageiro Filípides, que havia lutado a manhã toda ao lado de 
seus companheiros, e ordenou que levasse a mensagem da vitória grega até Atenas, evitando que se 
rendessem aos persas (MANFREDI, 2008).
Filípides livrou-se de seu armamento pesado e de suas vestes e correu imediatamente para avisar os 
atenienses. Ele percorreu, em poucas horas, a distância de cerca de 40 quilômetros que separa Maratona 
de Atenas, chegando antes da frota persa. Ao chegar, esgotado, gritou: “Nike! Nike! (Vitória! Vitória!)” 
e caiu morto. Os atenienses entenderam o recado e fecharam os portões da cidade, reforçando as 
muralhas e acabando com a farsa persa. Os persas recuaram (MANFREDI, 2008).
O feito heroico de Filípides foi imortalizado pelo renomado historiador grego Herótodo. Em 1896, 
o barão Pierre de Coubertin restaurou a realização dos Jogos Olímpicos. Na ocasião, a sede foi Atenas. 
Para homenagear o feito de Filípides, Coubertin idealizou uma prova de corrida com 42 quilômetros 
e a nomeou de Maratona. Para abrilhantar ainda mais o momento, o campeão da primeira Maratona 
foi Spiridon Louis, um pastor de ovelhas grego. Atualmente, a Maratona é disputada a cada quatro 
anos por ocasião dos Jogos Olímpicos e em outras inúmeras realizações esportivas por todo o planeta 
(MANFREDI, 2008).
As frequentes incursões dos persas contra a Grécia fizeram com que as cidades-estados gregas 
firmassem alianças. Após a batalha naval da Salamina,os gregos vitoriosos selaram a aliança conhecida 
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
como Liga de Delos. A união era organizada com a cobrança de tributos, que eram usados para sustentar 
as frotas e Exércitos conjuntos, sob a liderança de Atenas, que passou a usar os recursos da Liga de Delos 
para subjugar as demais cidades gregas que eram membros da aliança, interferindo em sua autonomia 
política. Nesse período (de 461 a.C. a 429 a.C), Atenas exerce uma ação imperialista sob o governo de 
Péricles (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
Durante o governo de Péricles, Atenas viveu seu período áureo democrático, no qual aprimorou-se 
a democracia. Péricles criou cargos públicos remunerados, possibilitando a participação popular na 
administração da cidade. Atenas foi restaurada e ornamentada, foi erguido o Partenon (templo em 
homenagem à deusa Palas Atena) e foi construída a grande muralha em torno da cidade, ligando Atenas 
ao porto de Pireu, viabilizando proteção e acesso rápido ao mar em caso de sítio (MANFREDI, 2008).
Lideradas por Esparta, as pólis aristocráticas formaram uma aliança contra Atenas, a Liga do 
Peloponeso. Os conflitos por interesses e a disposição belicosa de Atenas levaram as duas ligas a entrar 
em guerra em 431 a.C., a Guerra do Peloponeso, que durou ao todo 17 anos. Nela, confrontos sangrentos 
dizimaram gerações de ambos os lados da batalha, enfraquecendo a Grécia e a deixando susceptível ao 
ataque de invasores externos. O conflito só terminou em 404 a.C., com a vitória de Esparta (VICENTINO; 
DORIGO, 2013). 
As constantes guerras tiveram como resultado o enfraquecimento das cidades-estados gregas, o que 
abriu caminho para a invasão dos macedônios, povo do norte da Península Balcânica. Em 338 a.C., o rei 
Felipe II conquistou a Grécia e a incorporou ao grande Império Macedônio (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Figura 6 
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Unidade I
 Lembrete
O mundo grego antigo não era constituído de um único reino ou país; 
era a reunião de cidades-estados independentes entre si, porém com traços 
culturais e origens semelhantes.
3.2.5 Período Helenístico (séculos IV a.C.-II a.C.)
O período iniciado com a conquista da Grécia pela Macedônia, em 338 a.C., foi conhecido como 
Período Helenístico e se estendeu até o século II a.C. Inicialmente governados por Felipe II, os macedônios 
não se limitaram à conquista da Grécia e expandiram suas conquistas para o Oriente. Sob o comando 
de Alexandre, o Grande, filho de Felipe II, o Império Macedônio alcançou vasto território (VICENTINO; 
DORIGO, 2013).
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após dominar a Grécia, partiu 
para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor e a Pérsia e expandindo seu território à Índia. Morreu 
aos 33 anos (323 a.C.), e o grande Império se desestruturou após sua morte. No entanto, Alexandre foi 
responsável por disseminar a cultura da Grécia por todo o Oriente, chegando até o Egito e ao norte da 
África. As regiões dominadas por Alexandre tinham a sua cultura fundida à cultura grega. Alexandre 
fundou e renomeou inúmeras cidades, várias delas batizadas de Alexandria. Inaugurou inúmeras 
bibliotecas e foi responsável pela dispersão da cultura grega, que, fundida às culturas orientais, ficou 
conhecida como cultura helenística (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
 Saiba mais
Obra histórica com leitura acessível, ilustra a ascensão e queda de 
Atenas como pólis imperial no mundo grego antigo.
MANFREDI, V. M. Akropolis: a grande epopeia de Atenas. Rio de Janeiro: 
Rocco, 2008. 
3.2.6 Filosofia, corpo e exercício na Grécia Antiga
Ao estudar os assuntos relacionados à área da Filosofia aplicada à Educação Física, remete-se ao 
Período Clássico grego como forma de buscar uma orientação original. A Grécia, berço da cultura 
ocidental, viveu, em meados do século V a.C., uma grande explosão intelectual que abrangeu as 
esferas mais variadas do saber humano. Filosofia, Astronomia, Medicina, Arquitetura, Poesia, Teatro, 
Direito e Educação são algumas das áreas que alcançaram níveis de crescimento jamais vistos – 
crescimento que, em parte, deve-se ao florescimento do modelo de vida urbano pautado no modelo 
da pólis (CHAUÍ, 2000).
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Nesse período, os grandes pensadores se debruçaram na temática que colocava o homem como 
centro do discurso (antropocentrismo). É nesse meio que as questões do corpo e do exercício passam a 
ser discutidas a fundo por filósofos e seus discípulos.
O corpo era um elemento da existência humana bastante valorizado e cultuado na Grécia Antiga. 
Por diversos fatores e motivos, os gregos exercitavam o corpo, chegando a venerá-lo. Os pensadores 
gregos buscavam dissociar o corpo da alma. Eles acreditavam ser entidades distintas, que viveriam em 
equilíbrio durante a existência humana. O corpo representava o mundo material, suas imperfeições, 
instabilidades e degradações, ao passo que eram sensíveis aos mais diversos problemas enfrentados pelo 
corpo no decorrer da vida, sendo o mais evidente o fato de o corpo perecer, definhar com o passar dos 
anos (CHAUÍ, 2000). A alma, por sua vez, representava o mundo das ideias; aliada à mente, seria uma 
entidade perfeita, eterna, que se aperfeiçoava cada vez mais com o passar dos anos. Era a alma a chama 
da vida humana, que animava o corpo. Já a mente seria a morada dos pensamentos e das ideias, onde 
tudo poderia ser perfeito.
Sócrates (470-399 a.C.) pensava na perspectiva do autoconhecimento. A consciência do corpo e da 
alma levava à evolução do ser humano (“conhece-te a ti mesmo”). Sócrates acreditava no equilíbrio 
entre corpo, alma e mente, sendo que nenhuma dessas partes poderia ser atingida sem que as demais 
também sofressem. Seu pensamento estimulou a assimilação e prescrição da ginástica médica, que 
buscava a saúde do corpo e o equilíbrio do homem como um todo. O pensamento de Sócrates a respeito 
do corpo pode ser perfeitamente adequado à máxima utilizada pela medicina romana, que, por sua vez, 
foi inspirada na Grécia: “mens sana in corpore sano” (CHAUÍ, 2000).
Platão (427-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates e seu verdadeiro nome era Aristócles, em uma 
homenagem ao seu avô. Platos significa largura e é quase certo que seu apelido veio de sua 
constituição robusta, ombros e frontes largos, um porte físico forte e vigoroso, que o fez receber 
homenagens por seus feitos atléticos na juventude. Platão defendia a alma como entidade perfeita 
e eterna, ao contrário do corpo, o qual considerava apenas a morada mundana e imperfeita da alma 
(CHAUÍ, 2000).
Apesar de Platão considerar o corpo subordinado à alma, não negava a importância dos cuidados 
para com o corpo, sobretudo a prática da ginástica e das disputas atléticas. No entanto, o adestramento 
do corpo não deveria sobrepor o preparo da mente e da alma. Platão criou, em Atenas, a Academia, 
escola que preconizava a educação do homem como um todo (Paideia). Na Academia, os pupilos de 
Platão aprendiam Filosofia, Poesia e Astronomia e treinavam seu corpo com a prática da ginástica, mas, 
sobretudo, dedicavam-se à Matemática (Geometria). 
Correntes contemporâneas do pensamento humano defendem a perspectiva da unidade 
corpo-mente-alma, em que não se tem um corpo e sim se é um corpo, o corpo sujeito.
A preocupação com o corpo na Grécia Antiga não ficava apenas na esfera filosófica. Os gregos se 
preocupavam bastante com os próprios corpos, sendo o exercício físicouma prática muito disseminada 
na cultura dos helenos.
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A veneração pelo corpo era refletida na construção mitológica da Grécia Antiga. Os gregos cultuavam 
uma centena de deuses antropomórficos, aos quais atribuíam histórias e responsabilidades que 
explicavam os acontecimentos terrenos. O sucesso nas guerras era atribuído ao deus Ares, a proteção 
às embarcações era solicitada a Poseidon (deus dos mares), as paixões eram atribuídas aos encantos da 
deusa Afrodite (RUBIO, 2002). 
Os deuses gregos eram retratados em estátuas, nas quais se pode perceber a preocupação em 
apresentar os mínimos detalhes e toda a plasticidade das formas humanas. Os heróis mitológicos como 
Héracles (Hércules) e Aquiles também eram retratados em estátuas e cerâmicas, assim como os grandes 
atletas campeões dos diversos jogos realizados em honra aos deuses (RUBIO, 2002).
Para homenagear os deuses, os gregos realizavam disputas atléticas, denominadas jogos, onde os 
mortais tentavam copiar os feitos dos deuses. Nesses jogos, os campeões recebiam o título de semideuses 
e recebiam o status de heróis sobre-humanos. A preparação do físico para a participação nos jogos era 
uma tradição e envolvia os jovens desde a infância (RUBIO, 2002).
Figura 7 – Hércules
Além da perspectiva religiosa, a preparação do corpo viril, robusto e enérgico era justificada pela 
postura agonística (de enfrentamento) do grego. Em função das constantes guerras enfrentadas pelos 
povos gregos, a cultura helênica cunhou um importante valor moral denominado aretê. O aretê tinha 
por característica valorizar a coragem e a prontidão do grego para o combate. Fugir, esconder-se, 
acovardar-se ou mesmo vacilar em uma situação de confronto não era tolerado dentro da ética grega 
antiga. Para isso, tanto o corpo quanto o espírito do garoto eram forjados desde cedo (RUBIO, 2002).
Outra característica da cultura grega antiga que valorizava os cuidados com o corpo era a visão 
da beleza como valor moral desejável. Nas diversas áreas da cultura, a funcionalidade das coisas não 
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bastava, a beleza era fundamental. Assim, a arquitetura era bastante rebuscada, as poesias, vestimentas 
e obras de arte aspiravam à beleza como valor moral. O corpo humano também se enquadrava nessa 
forma de pensar. A beleza do corpo era desejável. Alguém que não cuidasse de seu próprio corpo não 
era bem-visto na sociedade, não inspirava confiança, sobretudo se fosse adepto dos vícios da bebida, da 
comida e do ócio. O valor moral grego que determinava a virtude da beleza era denominado kalokagathia 
e representava a ideia de que “o belo é bom” (RUBIO, 2002).
A apreciação da beleza do corpo durante os exercícios e competições era evidenciada pelo hábito de 
exercitar-se nu. Os gregos apreciavam as formas corporais executando os gestos de luta, os lançamentos 
de disco e dardo, as corridas. Em função disso, encontramos inúmeras estátuas representando gestos 
atléticos, nas quais os modelos encontram-se nus. A estátua mais conhecida nesta categoria é o 
Discóbolo, de Míron, símbolo da Educação Física.
Figura 8 – Discóbolo de Míron
Como já foi visto, com os pensamentos de Sócrates, a valorização do exercício ocorria como forma 
de promoção da saúde do corpo e consequentemente da alma. Portanto, a formação de um corpo 
forte e saudável contribuía para a formação do homem como um todo, pronto para a vida de cidadão 
na pólis grega.
Dessa forma, a educação na sociedade grega antiga acabava por contribuir para a formação 
desses valores associados ao corpo. No entanto, o modelo educacional preconizado pelos 
educadores e filósofos buscava formar o Homem Integral, o ser político, apto a exercer todos 
os seus direitos e cumprir todas as suas funções para com a sociedade. Essa educação global foi 
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Unidade I
denominada Paideia e foi aplicada, sobretudo, nas cidades gregas aliadas de Atenas, adeptas do 
modelo democrático e possuidoras de grande desenvolvimento intelectual. As cidades aliadas de 
Esparta tinham uma sociedade militarizada, e a educação priorizava o desenvolvimento físico e o 
adestramento para as guerras.
A Paideia buscava o equilíbrio entre corpo, alma e mente. Uma escola adepta deste modelo foi a 
Academia de Platão, onde o corpo era adestrado através da ginástica (gimno – nu, a arte de exercitar-se 
nu) e da disputa de provas atléticas, a mente era desenvolvida através da Matemática (Geometria), 
Filosofia, Arquitetura, Astronomia e Política, e a alma era trabalhada pelas artes: poesia, teatro, escultura 
e pintura (RUBIO, 2002).
Contudo, percebe-se a estreita relação do grego antigo com o corpo, o que fez surgir uma grande 
herança cultural associada à prática do exercício físico, que acabou por inspirar o desenvolvimento da 
Educação Física moderna.
3.2.7 A cultura da Grécia Antiga e o exercício
A Grécia Antiga viveu momentos de grande importância para o desenvolvimento cultural da 
humanidade. A Grécia não constituía uma nação com unidade territorial na Antiguidade. Também 
chamada de Hélade, a Grécia era uma região habitada por povos com origem nos povos jônios, dórios, 
eólios, aqueus, micênicos e cretenses. Essa região se espalhava na forma de colônias independentes 
umas das outras, instaladas na Ática (região continental da atual Grécia), no Peloponeso (faixa de terra 
separada do continente por um istmo), em inúmeras ilhas no Mar Mediterrâneo e em terras ao sul da 
Península Itálica, ao norte na Macedônia e em toda a costa da Ásia Ocidental (RAMOS, 1982).
Os helenos, como eram chamados os gregos, tinham cultura similar, falavam a mesma língua com 
dialetos diferentes e adoravam as mesmas divindades antropomórficas para as quais erguiam suntuosos 
templos, estátuas, santuários e oráculos, sendo o mais famoso e temido de todos o Oráculo de Delfos, 
dedicado ao deus Apolo. Delfos era consultado por líderes de toda a Grécia antes de se tomar qualquer 
decisão determinante para o destino das cidades-estados. O oráculo orientava os ilustres devotos 
através de uma pitonisa (sacerdotisa de Apolo), que supostamente recebia as orientações do próprio 
deus (GODOY, 1996).
Outro importante santuário grego era a cidade sagrada de Olímpia, um conjunto de templos 
dedicados a Zeus, deus supremo do panteão grego, onde eram realizados, a cada quatro anos, os Jogos 
Olímpicos da Antiguidade (GODOY, 1996).
Os gregos eram um povo mercantilista e por isso tinham grande domínio da tecnologia naval. 
Algumas cidades, como Atenas, foram verdadeiras potências comerciais e militares com esquadras 
grandiosas e poderosas. Outras cidades, como Esparta, foram grandiosas como potências militares 
terrestres. Nota-se que os gregos eram muito belicosos, vivenciando muitas guerras. Em muitas 
ocasiões, as cidades gregas, mesmo as inimigas entre si, uniram-se para combater inimigos externos, 
como os persas; outras vezes, guerreavam entre si por anos, como o ocorrido na Guerra do Peloponeso 
(RAMOS, 1982).
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Devido a este convívio próximo com a guerra, o grego desenvolveu um espírito de combatividade 
bastante aguçado. O espírito de enfrentamento franco e direto, o desejo pelo confronto, era denominado 
aretê. Esse valor era praticado em jogos e no constante treinamento desenvolvido paraforjar o corpo e 
o espírito agonista (RUBIO, 2002).
Essa realidade se deve ao fato de todos os cidadãos gregos serem treinados e convocados para o 
serviço militar. Diferente do que acontece na atualidade, em que os contingentes militares representam 
apenas pequena parcela da população, naquela época todos eram convocados para a luta e os confrontos 
eram bastante frequentes. Essa característica fazia com que os jogos e disputas atléticas gregas tivessem 
um nível maior de violência permitida (ELIAS; DUNNING, 1992).
O nível superior de violência física nos jogos antigos correspondia às características da sociedade grega 
antiga. Esses pressupostos determinavam uma postura de combate franca, incisiva e consequentemente 
mais violenta (ELIAS; DUNNING, 1992).
O espírito combativo grego expresso pelo aretê era desenvolvido em condições extremas em sociedades 
militarizadas, como a da cidade de Esparta, onde as esposas despediam-se de seus cônjuges desejando que 
voltassem da guerra com seus escudos vitoriosos ou sobre eles no caso de derrota, ou seja, ou a vitória, 
ou a morte. A boa morte chegava a ser desejada pelos guerreiros. O desejo pelo combate valoroso tornava 
as lutas muito violentas nos jogos gregos, mas, de acordo com as regras, não eram permitidos golpes 
baixos e covardes, fugas ou matar seu adversário em combate atlético. Fora isso, o nível de violência era 
bastante tolerado. A regulamentação e sistematização das atividades esportivas modernas, com o intuito 
de controlar a violência contida nas ações atléticas, estão vinculadas ao desenvolvimento da sociedade 
na forma de Estados Nacionais. A regulamentação das atividades atléticas coibindo o uso da violência é 
uma das características fundamentais do esporte moderno (ELIAS; DUNNING, 1992).
Esparta e Atenas foram as cidades-estados gregas que primeiro delinearam uma relação de corpo 
e movimento com critérios pedagógicos. Esparta era uma pólis guerreira por excelência e tinha por 
objetivo aumentar seu poder e defender-se dos perigos e ameaças dos povos vizinhos. Era dotada do 
melhor Exército da Grécia e educava seus jovens através do exercício físico dirigido à atividade guerreira, 
sob o ideal do cidadão-soldado, educado para o Ministério das Armas (RAMOS, 1982). 
A educação em Atenas tinha por objetivo primordial a formação geral do indivíduo e, apesar de ter 
uma postura mais aberta, em função da estruturação política democrática ocorrida por volta do ano de 
500 a.C., também utilizava os exercícios físicos como preparação militar (GODOY, 1996).
Os gregos desenvolveram um vasto legado filosófico, matemático, astronômico, físico, político e 
artístico. A sociedade grega adquiriu níveis de complexidade admiráveis, chegando a implantar um 
modelo verdadeiramente democrático em Atenas. A vivência e transmissão desta herança cultural fez 
surgir um rico sistema educacional denominado Paideia, que objetivava a formação do Homem Integral, 
apto a vivenciar com plenitude a vida na pólis (cidade). Esse modelo de educação bastante abrangente 
era formado por diversos tipos de escolas particulares, nas quais os garotos iniciavam seus estudos a 
partir dos 7 anos de idade, sempre acompanhados de um tutor contratado para guiar o jovem durante 
todo o processo de aprendizagem (GRIFI, 1989).
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Unidade I
Ainda jovem, o garoto frequentava o Gramático, onde era instruído nas letras e literatura pátria. 
Também frequentava o Citarista para aulas de música e recebia instrução na Palestra, onde fazia exercícios 
físicos e era iniciado em Filosofia e Ciências. Com cerca de 12 anos o garoto passava a frequentar o 
Ginásio, onde os exercícios físicos se intensificavam e os estudos de leis, Oratória, Política, Ciências e 
Matemática eram aprofundados em um verdadeiro modelo generalista de aprendizagem (GRIFI, 1989).
Vale lembrar que a Paideia é um modelo ateniense de educação. Cidades autocráticas e militarizadas, 
como Esparta, possuíam um modelo educacional muito mais simples e pragmático, visando a oferecer 
ao jovem um nível de instrução básico e um treinamento físico e militar exemplar desde os 7 anos, idade 
em que era retirado da guarda de seus pais e passava a ser propriedade da pátria. Aos 12 anos o garoto 
espartano era transferido para uma austera escola militar denominada Caserna, onde passava por duro 
treinamento físico, fazia longas caminhadas com fardos, era aprofundado em artes de guerra e marchas e 
ainda era submetido a privações, como fome e frio, visando a endurecer seu espírito (GRIFI, 1989).
Por volta dos 17 anos todos os garotos gregos, de Atenas ou de Esparta, eram admitidos na Efebia, 
uma escola militar preparatória, o último estágio de treinamento e inserção gradual do jovem no serviço 
militar (GRIFI, 1989).
Percebe-se que, em ambos os modelos educacionais, o treinamento do corpo é considerado com 
seriedade, sendo que em Atenas não é tão privilegiado quanto em Esparta, mas tampouco é colocado 
em segundo plano.
O fato é que, além de a formação militar exigir do grego um rigoroso preparo do corpo, outro 
senso de valor moral exigia cuidados corporais bastante sérios. Para o grego, o senso de harmonia e 
estética era algo muito importante, a beleza era uma virtude, o equilíbrio e a precisão das formas eram 
admiráveis. O mesmo pensamento recaía sobre o corpo, que deveria exemplarmente manter-se belo, 
forte e funcional – kalokagathia (RUBIO, 2001).
Em virtude do entendimento moral que considerava a beleza uma virtude – kalokagathia: o belo é 
bom –, os gregos exercitavam-se nus. A própria origem etimológica da palavra ginástica significa a arte 
de exercitar-se nu.
3.2.8 Os jogos na Grécia Antiga
A organização político-social da Grécia Antiga teve sua evolução a partir da monarquia patriarcal, 
passando por governos citadinos com base oligárquica e culminando no modelo democrático das pólis. 
A religião dos gregos tinha o caráter politeísta antropomórfico: eram adorados deuses que possuíam 
poderes divinos e formas humanas. Os gregos também adoravam semideuses ou heróis divinizados em 
função de suas gloriosas ações, como Héracles, Aquiles, Teseu, Perseu e Orfeu. Foi no âmbito do culto às 
divindades e aos heróis que surgiram os jogos (GRIFI, 1989).
Os heróis eram semideuses com poderes extraordinários, que viviam entre os homens realizando 
feitos incríveis. Os heróis gregos eram componentes da mitologia, considerados filhos da união entre 
deuses e mortais. A miscigenação que deu origem aos heróis semi-humanos gerou uma aproximação, 
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pois estes entes eram a representação simbólica que complementava o ego e a força que faltava aos 
homens perante os deuses. Era atribuído aos heróis um grande rol de façanhas, como a fundação de 
cidades, a instituição de leis, a metalurgia, a escrita, o canto, táticas de guerra, a instituição dos jogos 
antigos em homenagem aos deuses e o combate a bandidos, feras e monstros (RUBIO, 2001).
Inspirados nos heróis, os gregos organizavam grandes festas pan-helênicas, que reuniam gregos 
vindos de toda a Hélade nos grandes santuários. As festas religiosas contemplavam cerimônias, sacrifícios 
e grandes concursos atléticos, os jogos, realizados em honra aos deuses (GODOY, 1996).
Os jogos mais célebres da Grécia Antiga foram: os Jogos Olímpicos, realizados em Olímpia, em honra 
de Zeus; os Jogos Píticos, realizados em Delfos, em honra de Apolo; os Jogos Nemaicos, em Nemeia, em 
honra de Zeus; e os Jogos Ístmicos, realizados próximo a Corinto, em honra de Poseidon (GODOY, 1996).
Zeus era o deus da justiça e da razão, da ordem e da autoridade,depositário das leis do mundo 
e pai universal. Para homenagear Zeus, a cada quatro anos eram promovidos os Jogos Olímpicos, 
em Olímpia, local onde esse deus era especialmente venerado. Esses jogos eram soberanos sobre 
todas as outras festas religiosas na Grécia Antiga e foram realizados sem interrupção durante 12 
séculos (GODOY, 1996).
A origem dos Jogos Olímpicos está mesclada à mitologia. Acredita-se que o herói Héracles foi o 
criador dos jogos realizados em Olímpia em honra de Zeus, seu pai. No entanto, registros históricos 
apontam o surgimento dos jogos a partir de um tratado de paz, o Ekeheiria, firmado em Olímpia no 
ano de 884 a.C., entre os reis de Pisa, Elis e Esparta. A realização dos jogos sagrados foi instituída para 
celebrar a paz (GODOY, 1996).
Figura 9 – Os pancracistas
São considerados os primeiros Jogos Olímpicos da Grécia Antiga aqueles realizados no ano de 
776 a.C., pois foi a partir de então que se encontraram registros dos nomes dos campeões dos jogos 
encravados na pedra de fundamentação do templo de Zeus (RAMOS, 1982).
A cada quatro anos, embaixadores sagrados eram enviados a todas as partes da Grécia Antiga para 
anunciar a realização dos Jogos Olímpicos, proclamando a trégua sagrada: durante os jogos, as guerras 
e conflitos entre as cidades–estados eram suspensos e todos que se dirigiam a Olímpia eram invioláveis. 
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Era proibido entrar armado na cidade. O Senado olímpico cumpria rigorosamente a carta de proclamação 
dos jogos: “Que o mundo esteja livre do crime e do ruído das armas” (GODOY, 1996).
Figura 10 – Os Jogos Olímpicos antigos
Os concorrentes chegavam com antecedência e se exercitavam durante dez meses no ginásio de 
Elis. Os jogos eram presididos pelos helanódices, que policiavam o concurso, aplicando sanções aos 
contraventores do regulamento.
De acordo com Godoy (1996), para que o atleta estivesse credenciado a participar dos jogos, precisava 
obedecer ao seguinte código:
• Ser cidadão livre: nem escravo, nem estrangeiro.
• Não ter sido punido pela justiça, nem ter moral duvidosa.
• Estar inscrito dentro do prazo, comparecer ao ginásio de Elis para cumprir o estágio de concentração, 
passar pelas provas classificatórias e prestar juramento.
• Todo retardatário estará fora da competição.
• As mulheres são proibidas de assistirem aos jogos.
• Durante as competições, os treinadores devem permanecer num recinto destinado a eles, próximo 
ao local da prova.
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• É proibido provocar a morte do adversário de forma voluntária ou involuntária.
• É proibido empurrar o adversário, persegui-lo fora dos limites determinados ou utilizar-se de 
comportamento desleal.
• É proibido amedrontar.
• A corrupção de árbitros e participantes é punida com chicote.
• Todo concorrente contra quem não se apresentar adversário será considerado vencedor.
• É proibido ao participante rebelar-se, publicamente, contra as decisões dos juízes.
• Todo concorrente descontente com uma decisão pode recorrer ao Senado olímpico contra 
os árbitros.
• Os membros do colegiado de juízes não podem participar do concurso.
Eram disputadas as seguintes modalidades nos jogos: no estádio realizavam-se a corrida a 
pé simples e dupla, a corrida com armas, a luta com mãos espalmadas, o pugilato, o pancrácio, 
que reunia a luta e o pugilato, e o pentatlo, que era composto por cinco provas – salto, corrida, 
luta, lançamento de disco e pugilato. No hipódromo, realizavam-se as corridas de carros, com 
quatro (quadrigas) ou dois cavalos (bigas), de carros atrelados com mulas e de cavalos montados 
(RAMOS, 1982). 
O vencedor era designado pelos helanódices e proclamado pelo arauto. Ele recebia como prêmio 
uma coroa feita com ramos de oliveira. Sua glória era imensa. O campeão era recebido triunfalmente 
em sua cidade natal.
A coroa de ramos de oliveira era apenas um prêmio simbólico, pois outras recompensas 
representavam as maiores homenagens recebidas pelos campeões olímpicos. Os nomes dos 
olimpiônicos eram gravados nos muros dos edifícios públicos. Seus feitos eram narrados em placas 
de mármore com letras de ouro. Os mais famosos poetas imortalizavam-nos em versos líricos. Em 
algumas cidades os campeões recebiam isenção de impostos, casas, terras, títulos de nobreza e até 
recompensas em dinheiro (GODOY, 1996).
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Figura 11 – Templo de Zeus em Olímpia
Existia uma evidente ascensão social e projeção dos indivíduos em função de seus feitos nos 
Jogos Olímpicos. O atleta vencedor voltava dos jogos sob a condição de herói e semideus. A cidade 
construía uma nova entrada para que o campeão fosse recebido em seu regresso triunfante dos jogos. 
Os habitantes tinham orgulho de seus campeões, e quanto mais olimpiônicos tivesse uma cidade, 
mais entradas eram abertas nas muralhas. Apesar do número excessivo de entradas comprometer a 
segurança das cidades, seus habitantes sentiam-se seguros com a presença de heróis olímpicos para 
protegê-los de ataques inimigos (GODOY, 1996).
A premiação dos atletas ocorria durante a cerimônia de encerramento dos jogos, que era realizada 
no bosque sagrado em frente ao templo de Zeus. Na cerimônia, os vencedores eram aclamados como 
olimpiônicos, tinham seu nome, de seu pai e de sua cidade divulgados e recebiam a coroa de ramos de 
oliveira. Ao final da premiação, os vencedores eram conduzidos para dentro do templo, onde agradeciam 
suas graças sob os pés da estátua de Zeus. Esse momento representava a maior ambição dos atletas, 
pois, sob a condição de olimpiônicos, eram aproximados dos deuses (GODOY, 1996).
 Lembrete
Os jogos gregos não podem ser denominados como esporte. O esporte 
é um fenômeno moderno, surgido na Inglaterra no século XIX. Os jogos 
gregos eram festividades religiosas com disputas atléticas.
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3.2.9 Milo de Crotona: a história de um herói grego
A história do treinamento físico não é completa sem a citação de Milo de Crotona, herói dos jogos 
gregos antigos. Milo detinha extraordinária força, o que o tornou um mito. Sua modalidade era a luta, o 
pancrácio (pan – pleno; cratus – poder), luta em que foi hegemônico, vencendo inúmeras competições 
e recebendo cinco títulos dos Jogos Olímpicos Antigos – em 532, 528, 524, 520 e 516 a.C., sem contar os 
jogos de 540 a.C., em que ganhou na categoria infantil. A derrota de Milo para Timotheos, que marcou o 
fim da sua legendária carreira, aconteceu em 512 a.C., na 67ª Olimpíada. A luta se desenvolveu por horas 
sem que os atletas conseguissem anular seu oponente, até que a jovialidade de Timotheos prevaleceu e 
Milo, com mais de 40 anos, foi derrubado três vezes ao solo (GODOY, 1996).
O treinamento de Milo abrangia exercícios como pesos, luta e o exercício de carregar diariamente 
um bezerro durante os quatros anos que separavam uma edição e outra dos Jogos Olímpicos. Este 
hábito estabeleceu as fundações de um dos principais princípios do treinamento de força, o da aplicação 
da sobrecarga progressiva. Milo desenvolveu sua força de forma descomunal devido ao seu treinamento, 
uma vez que, próximo à competição, o touro que era carregado por algumas centenas de metros pesava 
várias centenas de quilos (STOJILJKOVIC’ et al., 2013). 
Figura 12 – Milo de Crotona:treinamento com o touro sobre os ombros
Seu método de treinamento foi descrito em várias lendas gregas antigas, que também relatam a 
dieta de Milo, que seria capaz de ingerir nove quilos de carne, nove quilos de pão e oito litros de vinho 
diariamente. A lenda diz que Milo carregou sua estátua de bronze até o santuário de Olímpia, onde 
estava o templo sagrado de Zeus e onde eram realizados os Jogos Olímpicos (STOJILJKOVIC’ et al., 2013).
É provável que as histórias de Milo de Crotona tenham sido amplamente exageradas, mas 
não há dúvida de que sua personalidade era muito impetuosa e que sua extraordinária força e 
condição física excedeu a força de seus rivais por mais de vinte anos consecutivos. Devido a sua 
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personalidade forte e sua soberba, Milo teria provocado sua própria morte. Diz a lenda que, certo 
dia, ao andar por um bosque afastado, Milo teria avistado uma árvore rachada ao meio por ter 
sido atingida por um raio. Ciente de sua força, Milo teria tentado acabar de quebrar a árvore com 
as próprias mãos e acabou ficando preso na fissura e, sem ninguém para socorrê-lo, foi devorado 
por lobos (GODOY, 1996).
Figura 13 – Milo de Crotona sendo devorado
3.2.10 A mulher na Grécia Antiga
Durante o século V a.C., as dezenas de pólis gregas uniram-se militarmente pela primeira vez para 
enfrentar um inimigo comum, os persas, que ameaçavam suas fronteiras orientais. Em Esparta, as 
mulheres tinham uma vida mais ativa que em Atenas, onde permaneciam em casa, não tinham direitos 
políticos e deviam obediência ao pai e ao marido.
O tratamento dado às mulheres gregas é diferente em função da cidade-estado em que viviam: as 
mulheres atenienses viviam reclusas em suas casas, enquanto as mulheres espartanas tinham uma vida 
pública mais permissiva, podiam se exercitar, eram livres para circular na cidade e recebiam a educação 
estatal destinada a atender às necessidades do seu meio social. Estas mulheres desempenhavam papéis 
sociais importantes, tinham como objetivo gerar filhos robustos e corajosos. Já as mulheres atenienses 
se mantinham confinadas em sua casa, cuidando dos afazeres do lar, como tecer, fabricar utensílios de 
cerâmica e cuidar dos filhos (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
Na Grécia Antiga, as mulheres não podiam participar de competições atléticas juntamente com os 
homens. Os jogos, a disputa e a apreciação do corpo nu dos atletas fazia parte do universo masculino; 
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as mulheres estavam limitadas à função da maternidade. No entanto, nos jogos da deusa Hera, cujos 
primeiros registros datam de 200 a.C., havia a participação das mulheres, atletas jovens e solteiras em 
competições a cada quatro anos. As mulheres que competiam nos jogos de Hera não tinham o status 
de heroínas porque elas não preenchiam os requisitos dos heróis olímpicos e suas estruturas corporais e 
suas habilidades atléticas não remetiam às façanhas dos heróis. Suas competições eram mais simples e 
não exigiam o mesmo preparo físico masculino (MIRAGAYA, 2007). 
O primeiro registro dos Jogos Olímpicos da Antiguidade data de 776 a.C. Embora somente homens 
pudessem competir nas Olimpíadas, que eram em honra a Zeus, algumas mulheres tinham permissão 
para assistir. Essas mulheres eram jovens e solteiras à procura de um marido. Elas deveriam observar os 
corpos fortes e falar com seus irmãos ou pai sobre aquele atleta que queriam para marido. Entretanto, 
mulheres casadas eram proibidas de assistir às Olimpíadas sob pena de morte. A única mulher casada 
que tinha permissão de assistir aos Jogos era a sacerdotisa de Demeter (MIRAGAYA, 2007).
Mulheres casadas não poderiam nem mesmo assistir aos Jogos Olímpicos, pois se temia que houvesse 
profanação do local sagrado. Existe o registro de apenas uma violação, quando uma mulher se disfarçou 
de treinador para ver seu filho triunfar na competição do boxe – embora os árbitros a tenham poupado, 
não a atirando do penhasco porque ela era filha do famoso boxeador Diágoras (FRANCISCO, 2010). 
Disfarçada em trajes masculinos, Callipateira, filha e irmã de atletas coroados no estádio, conseguiu 
acompanhar o filho Pisidoro como seu instrutor. Vendo Pisidoro vitorioso em uma das lutas, a mãe, 
entusiasmada, largou o disfarce para se lançar na arena ao encontro do vencedor. Apenas por respeito 
a seu pai, irmãos e filho, ela ficou impune. A partir dessa ocorrência foi promulgada uma lei que exigia 
a todos os atletas tirarem a roupa antes de entrarem na arena (CHIÉS, 2006).
Existem indícios de duas mulheres que participaram dos Jogos Olímpicos antigos por possuírem pais e 
irmãos com bastante influência política. A primeira mulher do Olimpismo antigo que conseguiu triunfos 
foi Kyniska, filha do rei Archidamus II, meia-irmã do rei Agis II (427-400 a.C.) e irmã do rei Agesilaus 
(400-360 a.C.). Os cavalos da princesa espartana venceram a prova de quadrigas (carros puxados por 
quatro cavalos) das 96ª e 97ª Olimpíada (396 e 392 a.C.); à campeã foi dedicada uma quadriga em bronze 
de tamanho inferior ao natural, colocada no Templo de Zeus em Olímpia. Segundo Chiés (2006, p. 109), 
Kyniska alcançou um alto patamar de honra nos jogos e deixou registrado em um epigrama a seguinte 
frase: “Reis de Esparta foram meus pais e irmãos, e eu, Kyniska, vencendo a corrida de bigas, recebi esta 
estátua. Eu afirmo que sou a única mulher em toda a Grécia que ganhei esta coroa.” A participação de 
Kyniska nos jogos não representou uma evolução no quadro de consideração da mulher na sociedade 
grega. O que se entende foi que a sua participação foi impulsionada por seu irmão Agesilaus, por 
motivos estritamente políticos. A segunda mulher foi também atleta nas provas de corrida com cavalos 
(quadrigas): seu nome era Belistiche da Macedônia, vencedora na prova de quadrigas de potros da 128ª 
Olimpíada (268 a.C.) e na de biga de potros da 129ª Olimpíada (CHIÉS, 2006).
A proibição da presença de mulheres na audiência indica o quão limitada era a vida das mulheres 
casadas no cotidiano da Grécia Antiga, havendo permissão para as solteiras. Nos jogos em homenagem 
à deusa Hera, as mulheres participavam apenas das corridas, caracterizando um cenário de participação 
restrita, no qual as mulheres não participavam de modalidades mais violentas ou extenuantes, que 
pudessem colocar em risco a função da maternidade (FRANCISCO, 2010).
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Em Olímpia, foram promovidas competições oficiais somente para as mulheres. Esses eventos 
foram chamados de Jogos Heranos, nome derivado do culto à deusa Hera. Essa deusa foi venerada 
como protetora das esposas e mães, e a ela foi construído um templo em V a.C., localizado entre Argos 
e Micenas, que abrigava a célebre estátua de ouro e marfim de Hera. Esses jogos em louvor a Hera 
consistiam de corridas a pé, sendo diferenciadas as provas pela idade das jovens. As mais velhas eram 
as primeiras a correr e assim por diante. Elas corriam de cabelos soltos, com uma túnica colocada um 
pouco acima de suas cinturas e o ombro direito nu até a altura do peito. Nos Jogos Heranos, as mulheres 
disputavam apenas uma corrida de 162 metros na cidade de Elis. Para as vencedoras entregavam-se as 
coroas de oliveiras, e oferendas e estátuas eram esculpidas com seus nomes inscritos (CHIÉS, 2006).
 Observação
A túnica nos Jogos Heranos, recobrindo apenas um seio, era uma 
homenagem a guerreiras mitológicas, Amazonas, exímias arqueiras que 
amputavam um dos seios para não atrapalharo retesamento do arco.
Observa-se que as primeiras mulheres atletas vieram de Esparta, particularmente porque os 
espartanos acreditavam que as mulheres que eram saudáveis, tinham condicionamento físico e 
se exercitavam regularmente teriam filhos saudáveis. Inicialmente, essa filosofia de inclusão pode 
parecer bastante diferente da filosofia ateniense, que preconizava a domesticidade e a reclusão 
feminina (MIRAGAYA, 2007). 
Figura 14 – Os Jogos Heranos
3.2.11 A decadência dos jogos gregos
Por volta do século V a.C., os povos gregos começam a entrar em declínio devido às sucessivas 
guerras travadas entre si. A Guerra do Peloponeso, travada longamente entre os anos de 431 a 404 a.C., 
foi um conflito armado entre Atenas e Esparta e seus respectivos aliados da Liga de Delos (chefiada por 
Atenas) e da Liga do Peloponeso (chefiada por Esparta). Esse e outros conflitos entre os povos gregos, 
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ocorridos entre o século VI e IV a.C., fizeram com que a população declinasse, as reservas econômicas se 
exaurissem e as defesas do mundo grego ficassem fragilizadas, expondo a Grécia à investida de inimigos 
externos, como os macedônios, os persas e os romanos (GRIFI, 1989).
Em 338 a.C., Filipe II da Macedônia conquista toda a Grécia ocidental e inicia uma campanha de 
união dos povos gregos sob seu comando com o intuito de avançar sobre o Império Persa. Em 336 a.C., 
Filipe é assassinado e assume em seu lugar o seu jovem e brilhante filho Alexandre Magno (O Grande), 
que leva adiante a unificação da Grécia ao Império Macedônio. O jovem Alexandre, que teve educação 
grega sob a tutoria de Aristóteles, foi brilhante na arte da guerra e conseguiu expandir as fronteiras 
do Império Macedônio por grande parte da Ásia, levando consigo a cultura grega e a fundindo com a 
cultura oriental, fundando cidades e bibliotecas por toda a vasta extensão de seu domínio (GRIFI, 1989). 
Por essa época, os povos gregos continuaram realizando seus ritos religiosos e seus jogos em 
homenagem a seus deuses. No entanto, o orgulho e a pungência da civilização grega estavam abalados, 
pois eram agora um povo dominado, e não mais um conjunto de cidades livres, independentes e até 
democráticas. A moral, os costumes e as normas dos jogos mantiveram-se intactos durante o período 
de domínio macedônico, pois os macedônicos tinham aproximação cultural com os gregos, sobretudo 
seu líder Alexandre, grande entusiasta da cultura helênica (GRIFI, 1989).
No entanto, esse grande império não duraria muito tempo. Com a morte precoce de Alexandre 
Magno, em 323 a.C., aos 33 anos de idade, os territórios conquistados foram divididos entre seus 
principais generais, ocasionando uma sucessão de conflitos e retaliações que mantiveram os 
gregos sob domínio.
O clima de incertezas sob o domínio macedônico durou até o ano de 146 a.C., quando os 
romanos conquistaram a Grécia, anexando-a ao território de Roma e mantendo o jugo dos gregos, 
que poderiam ser denominados cidadãos romanos caso se submetessem às leis de Roma, pagando 
impostos e fornecendo soldados para o Exército romano (GODOY, 1996).
Com o domínio de Roma sobre a Grécia, a cultura dos helenos foi preservada, seus ritos, jogos e 
funerais foram mantidos e sua educação e desenvolvimento científico e filosófico foram absorvidos 
por Roma, assim como características da organização social e política, Medicina, Astronomia, 
Matemática e Artes.
No entanto, o povo grego não era mais livre e seu potencial criativo foi sendo reduzido juntamente 
com sua moral e orgulho nacionalista. Os jogos gregos ilustram a forma com que os costumes gregos 
foram tratados, ferindo o orgulho dos helenos.
Após o domínio romano, muitas cidades de fora da Grécia começaram a participar dos jogos, que 
antes eram exclusivos dos gregos. Os objetivos originais dos jogos eram homenagear os deuses do 
Olimpo e, honrosamente, competir em busca da vitória através do bom combate, em que mais valia uma 
luta valorosa do que uma vitória fácil. A ética grega permeada pelo espírito combativo fazia dos jogos, 
sobretudo os Olímpicos (disputados em Olímpia, em honra de Zeus), um momento solene de respeito e 
submissão aos deuses (RAMOS, 1982).
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Os povos estrangeiros que passaram a participar dos jogos estavam interessados apenas na vitória 
a qualquer custo, como forma de ganhar prestígio. Com isso, o rígido código de regras dos jogos caiu 
em desuso e as disputas passaram a contar com vergonhosos episódios de trapaças e corrupção, além 
da presença de mercenários, com índole duvidosa, que competiam apenas pela recompensa, deixando a 
honra muito fora de questão (GODOY, 1996).
No ano de 67 d.C., os Jogos Olímpicos contaram com a participação do imperador romano Nero, 
que era um admirador dos jogos. O imperador disputou a corrida de bigas e foi declarado vencedor, 
mesmo tendo sido derrubado por seu cavalo e não completando o percurso. Na ocasião, Nero competiu 
sozinho, pois os outros atletas se recusaram a competir com o imperador; temiam por suas vidas e de 
seus familiares caso vencessem o imperador ou, ainda pior, caso houvesse uma situação de acidente, 
bastante comum nas corridas de bigas, que viesse a ferir Nero. Ele conquistou os louros olímpicos 
graças a um generoso suborno pago aos juízes que arbitravam a competição e, de forma humilhante, se 
autoproclamou deus dos romanos e deus dos gregos (GRIFI, 1989).
Foi pautado nesse triste episódio da história dos Jogos Olímpicos que, quase 2 mil anos mais tarde, 
o barão Pierre de Coubertin, idealizador do Olimpismo moderno, defendeu duramente o amadorismo 
esportivo. Coubertin vislumbrava uma participação esportiva semelhante aos Jogos Olímpicos antigos, 
quando era possível paralisar guerras, gerar o bom entendimento entre os jovens e oportunizar uma 
disputa leal e honrosa. O amadorismo olímpico moderno perdurou até os Jogos de Barcelona, em 
1992, quando os atletas e equipes profissionais puderam finalmente participar e o Comitê Olímpico 
Internacional se rendeu às forças do capitalismo e do marketing esportivo (GODOY, 1996).
Em 390 d.C., na Tessalônica, território grego sob domínio romano, um conflito entre romanos e 
gregos culminou em uma grande rebelião entre os gregos. Teodósio I, imperador de Roma, ordenou 
o massacre de mais de 7 mil gregos rebeldes, além da destruição de suas casas e edifícios. Ambrósio, 
arcebispo de Milão, condenou o ato do imperador (RAMOS, 1982).
Após o massacre, Teodósio I foi acometido por uma grave enfermidade e recorreu a Ambrósio pedindo 
por saúde e paz. O arcebispo o convenceu a converter-se ao cristianismo. Teodósio assim o fez e foi curado. 
Convertido, confessou-se culpado pelo morticínio dos gregos e, atendendo ao pedido de Ambrósio, o 
imperador Teodósio aboliu todas as manifestações pagãs em 393 d.C., inclusive os Jogos Olímpicos na 
Grécia, colocando fim em uma história de mais de 12 séculos ininterruptos de jogos (RAMOS, 1982).
3.3 Os exercícios físicos em Roma
3.3.1 Monarquia (da fundação de Roma ao século VI a.C.)
Roma nasceu de um pequeno povoado nas terras férteis do Lácio, região central da Península Itálica. Seu 
povo tem origem em vários outros povos que habitavam a região, como palatinos, sabinos, etruscos e até 
os gregos, que já possuíam colônias na Península Itálica e mantinham constante relacionamento comercial 
com os etruscos, mas as organizações políticas, no início, ocorreram no centro da Península Itálica. A cidade 
de Roma teria sido fundada pelos netos de Eneias, Rômulo e Remo. Eneias era um imigrante de Troia. Essa 
hipótese estreita arelação da história de Roma com a da Grécia Antiga (ROSTOVTZEFF, 1983).
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A Monarquia Romana se refere à dinastia dos reis Tarquínios, na qual os etruscos tiveram domínio 
em Roma. Ao todo, foram três reis: Tarquínio, o Velho; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o Soberbo. Durante 
esse período, a economia romana era essencialmente agrícola. A sociedade estava dividida em patrícios, 
aristocratas e grandes proprietários de terra que possuíam privilégios políticos e religiosos. Existia 
uma classe de homens livres, artesãos, pequenos comerciantes, que não tinham direitos políticos, os 
plebeus. Na sociedade romana, durante a Monarquia, existiam também os escravos, formados por 
povos conquistados ou escravizados por endividamento, que eram em menor número nesse período 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
O rei tinha funções administrativas, judiciais e religiosas e seu poder era controlado pelo Conselho 
dos Anciãos, dominado pelos patrícios. A cúria era formada pelos cidadãos em idade apta para o serviço 
militar. No fim do século VII a.C., a dinastia dos reis Tarquínios, de origem etrusca, foi derrubada por um 
levante liderado pela aristocracia patrícia. A Monarquia deu lugar a um regime oligárquico e republicano, 
no qual o Senado passou a ser figura central no jogo do poder liderado pelas famílias abastadas da elite 
romana (VICENTINO; DORIGO, 2013).
3.3.2 República (séculos VI a.C.-I a.C.)
O governo republicano foi caracterizado pelo domínio do poder administrativo, político e religioso 
nas mãos do Senado, que era formado de forma dominante pelos patrícios, classe aristocrata. Os 
governantes, magistrados, eram eleitos e tinham mandato de um ano; suas funções e decisões eram 
submetidas à aprovação e votação do Senado, sendo seus poderes bastante limitados. Os patrícios 
tinham cadeiras vitalícias no Senado, que tinha poder absoluto (VICENTINO; DORIGO, 2013).
A organização social, política e militar de Roma no período republicano foi motivada por pressões 
externas, como invasões de gauleses e celtas, acordos comerciais com a cidade de Cartago e um impulso 
expansionista em busca da conquista de novas terras na Península Itálica e seus arredores. Nesse 
contexto, os plebeus foram gradativamente ganhando espaço na representação política no Senado, com 
a criação de cargos de tribunos da plebe, e na representação em uma assembleia popular formada por 
representantes dos grupos sociais. Essa nova configuração política gerou a especialização mais refinada 
dos cargos públicos em Roma (ROSTOVTZEFF, 1983). 
Os magistrados tinham a função de administrar a República, eram eleitos para mandatos de um ano 
e eram divididos em função de suas atribuições em: cônsules, que propunham leis, presidiam o Senado 
e as assembleias e podiam ser nomeados como ditadores temporários em períodos de guerras; pretores, 
responsáveis pela justiça e pela guarda pretoriana, tropa de elite romana; censores, que funcionavam 
como classificadores das classes sociais em Roma, categorizando os cidadãos de acordo com a sua 
renda; edis, que cuidavam da conservação, do abastecimento e do policiamento da cidade; e questores, 
responsáveis pelas finanças do governo (VICENTINO; DORIGO, 2013).
As assembleias romanas populares (centurial, curial e tribal) reuniam-se para a nomeação dos 
magistrados e a ratificação das leis. O sistema político republicano era controlado pelos patrícios. No 
entanto, os plebeus marginalizados formavam uma classe descontente e havia um constante clima de 
tensão. Em 494 a.C., os plebeus, revoltados, exigiam representação política na cidade. As atividades da 
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cidade ficaram paralisadas e a oligarquia aristocrática dos patrícios retrocedeu, sendo criados cargos de 
tribunos da plebe, que passavam a ser representações do povo no Senado – eleitos pelos plebeus, tinham 
poder de veto sobre as decisões do Senado (ROSTOVTZEFF, 1983). 
Em 450 a.C. foi elaborada a Lei das Doze Tábuas, uma Constituição romana necessária, pois, desde 
a derrubada dos Tarquínios, as leis antigas não haviam sido substituídas. As leis passam a ser expostas 
no prédio do Fórum Romano, dando condições mais igualitárias para patrícios e plebeus. As tensões 
de classes foram uma importante mola propulsora da organização política romana, motivada também 
pelas transformações econômicas provocadas pela política de expansão territorial da República Romana 
(VICENTINO; DORIGO, 2013). 
Nos séculos seguintes (V a.C. a III a.C.), Roma conquistou toda a Península Itálica e se envolveu em 
muitos conflitos, como as Guerras Púnicas contra Cartago, cidade fundada por fenícios e que dominava 
o comércio no Mediterrâneo desde o enfraquecimento grego em função da Guerra do Peloponeso. 
Cartago ficava no norte da África e dominava a ilha da Sicília. Os romanos viam a Sicília como parte da 
Península Itálica e tinham interesse em suas terras férteis. O choque entre Roma e Cartago acabou por 
desencadear a guerra. Após vários conflitos, Cartago foi destruída e Roma assumiu o controle de grande 
extensão territorial por todo o Mediterrâneo (ROSTOVTZEFF, 1983).
A expansão territorial provocou muitas mudanças na estrutura de Roma, que delegou ao Senado 
a atribuição de administrar um vasto território e toda a riqueza que vinha de impostos, pilhagens e 
apropriações. O enorme afluxo de bens das províncias conquistadas produziu impacto na economia, 
com a queda cada vez mais acentuada dos preços dos produtos agrícolas. A política expansionista 
passou a ser elemento-chave da economia romana (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Os patrícios ligados ao Senado eram grandes proprietários de terras. Os pequenos proprietários 
plebeus não conseguiram sobreviver com a concorrência dos abundantes e baratos produtos vindos das 
colônias e venderam suas terras, mudando-se para a cidade na condição de mão de obra de baixo custo. 
A cidade de Roma passou a crescer desmedidamente, de forma descontrolada, o que elevou a tensão 
social. Escravos chegavam aos milhares, vindos das províncias conquistadas. As riquezas acentuaram 
as desigualdades sociais e as tensões só aumentaram. Os patrícios ricos lucravam com as conquistas e 
tiveram sua produção beneficiada com o menor custo da mão de obra escrava. Os plebeus perderam 
suas pequenas propriedades e seus empregos foram substituídos pela mão de obra escrava (VICENTINO; 
DORIGO, 2013). 
A crise da República Romana se agravou, e as pressões sociais motivaram rebeliões e levantes 
populares. O Senado passou a oferecer jogos públicos como alternativa paliativa de contenção das 
tensões da plebe. Muitos anfiteatros foram construídos com capacidade para milhares de pessoas. 
Nos jogos, corridas e batalhas sangrentas ocupavam os humores da população cada vez mais pobre e 
oprimida (RAMOS, 1982). 
Uma nova tentativa de superação da crise foi a ideia de reforma agrária, proposta pelos irmãos Tibério 
e Caio Graco, que exerciam o cargo de tribunos da plebe; eles sugeriram a distribuição de terras como 
uma forma de superar a crise, satisfazendo as necessidades da plebe empobrecida. A proposta chegou a 
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ser aprovada pelo Senado, mas não foi implementada, pois desagradava, sobretudo, aos patrícios, donos 
das terras. O projeto de reforma política e agrária dos irmãos Graco fracassou, e a concentração de 
terras nas mãos dos patrícios continuou a existir. A questão agrária continuou desencadeando tensõessociais, e outras tentativas de redistribuição de terra foram defendidas, como a de 91 a.C., por iniciativa 
do tribuno Marco Lívio Druso, que acabou sendo assassinado (VICENTINO; DORIGO, 2013).
No decorrer da história, o crescimento do poder militar de Roma elevou o prestígio de seus 
generais, que eram bem-sucedidos em campanhas de expansão de território ou em guerras para 
contenção de invasores. Esses generais recebiam a anuência do Senado para governar Roma como 
ditadores e, em meio à crise interna, controlavam os ânimos com seu carisma e poder, aliando-se aos 
patrícios e, em outras ocasiões, aos plebeus. Dessa forma, mantinham o equilíbrio interno em Roma 
assim como faziam nas fronteiras. Com o crescimento em prestígio de mais de um general, alianças 
foram criadas para evitar conflitos internos. Assim surgem os triunviratos. O primeiro triunvirato 
foi formado pelos generais Caio Júlio César, Pompeu e Crasso. Com o passar do tempo, uma rede de 
intrigas e disputas por poder desestabilizaram a tríplice aliança, e Júlio César, a quem era atribuída 
descendência divina, proclamou-se ditador e implantou medidas econômicas e administrativas, 
remendando um pacto em que seu poder suplantaria o poder do Senado. Em 44 a.C. foi proclamado 
ditador vitalício, o primeiro passo para a implantação do Império. No entanto, foi assassinado a 
facadas em pleno Senado (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Após a morte de Júlio César, o vazio de poder foi preenchido pelo segundo triunvirato, formado por 
Marco Antônio, Otávio e Lépido, originando novos confrontos. Marco Antônio arquitetou um plano para 
assumir o poder, assim como fizera Júlio César, mas sabia que Otávio era seu sobrinho e sucessor legal. 
O conflito entre os generais levou a várias batalhas, que culminaram com a morte de Marco Antônio e a 
proclamação de Otávio como imperador em 31 a.C. A partir dessa data, assumiu o posto de ditador com 
poderes especiais, sendo reeleito anualmente até que, em 27 a.C., promulgou uma nova Constituição 
no Senado, a qual lhe concedia o título de imperador vitalício. Foi renomeado como Otávio Augusto 
(divino) (ROSTOVTZEFF, 1983).
3.3.3 O Alto Império (séculos I a.C.-III d.C.)
Otávio Augusto teceu uma série de reformas e fez promulgar uma nova Constituição em Roma, 
concentrando os poderes em suas mãos. A partir de 27 a.C. ficou instaurado o Império em Roma. Com a 
diminuição do poder do Senado, ocorreu uma profunda reforma política em Roma. O imperador passou 
a ser cultuado como divino. O império criou uma burocracia constituída por uma nova classe privilegiada 
de Roma, formada pela aristocracia patrícia e pelos comerciantes enriquecidos com a expansão territorial 
(homens-novos). Dessa forma, Otávio distribuiu cargos e diminuiu a tensão entre as classes mais ricas de 
Roma. Para agradar o povo (plebeus), Otávio passou a usar com frequência a oferta de jogos públicos, 
espetáculos sangrentos e corridas de quadrigas (carruagens puxadas por quatro cavalos e um auriga 
condutor) e a doação de alimentos (pães, cotas de trigo, entre outros). A celebração de jogos não 
respeitava apenas o calendário religioso, mas ocorria de acordo com a conveniência do imperador. Essa 
política de alienação apaziguadora das populações urbanas nas cidades romana foi denominada como 
política do pão e circo (VICENTINO; DORIGO, 2013).
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Figura 15 
3.3.4 O Baixo Império (séculos III d.C.-V d.C.)
A partir do século III d.C., Roma entrou em uma série de crises. A economia passou a definhar, uma vez 
que a expansão territorial e as conquistas de novas terras estagnaram. Os recursos oriundos de riquezas, 
pilhagens, tributos e incorporações dos novos territórios conquistados reduziram drasticamente, ao 
mesmo tempo que as despesas com o grandioso Exército se manteve, assim como as despesas das 
cidades. A importância agora era manter as fronteiras e evitar a todo custo a invasão de inimigos e a 
retomada de territórios (ROSTOVTZEFF, 1983).
Sem novas conquistas, a captura de escravos reduziu drasticamente; o sistema de mão de obra 
escravagista passou a ser substituído por mão de obra assalariada, o que onerou muito as receitas 
do Império. Os elevados custos para manter as estruturas imperiais, militares e administrativas 
desestruturaram o poder central do imperador, reavivando os conflitos entre generais do Exército e 
acelerando a crise imperial (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Ao mesmo tempo que a crise econômica e militar aumentava cada vez mais, causando deserções 
e perda de territórios, o imperador, internamente, perdia poder e prestígio com o crescimento do 
cristianismo. A religião cristã crescia sobretudo entre a plebe e os escravos, que se amparavam na 
promessa de uma vida melhor e da salvação, mesmo que isso ocorresse apenas após a morte. A ética 
cristã privilegiava os pobres e afrontava o poder do imperador quando alegava existir apenas um Deus, 
senhor do céu e da terra. O politeísmo romano incluía a crença na origem divina do imperador, que 
era cultuado como o Deus Sol invicto. Por muitos séculos, os cristãos foram considerados traidores, 
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perseguidos e executados nas arenas e nos circos, crucificados, imolados ou devorados por feras, para 
o deleite dos espectadores. No entanto, com o crescimento do cristianismo como prática religiosa, as 
execuções de cristãos ficaram bastante impopulares. Na medida em que a derrocada econômica assolava 
o Império, cada vez mais homens livres se convertiam ao cristianismo (VICENTINO; DORIGO, 2013).
Alguns imperadores tomaram medidas drásticas na tentativa de salvar o Império da crise. Diocleciano 
(284-305) criou o Édito Máximo, fixando os preços de mercadorias e salários. Não teve sucesso e os 
problemas de abastecimento aumentaram. Constantino (306-337) promulgou o Édito de Milão (313), 
que estabeleceu a liberdade de culto aos cristãos. Constituiu uma segunda capital para o Império, em 
Constantinopla (antiga Bizâncio, cidade grega), a leste e próxima ao Mar Negro, em uma parte do 
Império menos atingida pela crise do escravismo. Teodósio (378-395) transformou o cristianismo em 
religião oficial do Império (Édito de Tessalônica), nomeando a si mesmo como chefe da religião. Dividiu 
o Império Romano em duas partes: do Ocidente (com capital em Roma) e do Oriente (com capital em 
Constantinopla). No governo de Teodósio, a penetração de povos bárbaros ocorreu de forma lenta e 
gradual até a total queda do Império em 476 d.C. (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
3.3.5 Os exercícios físicos em Roma
No período monárquico, as atividades esportivas tiveram grande influência do povo etrusco, formador 
da civilização romana. Eram realizadas, predominantemente, atividades utilitárias de preparação militar: 
exercícios equestres, marchas, corridas, esgrima, lutas e natação. Nesse período, os jogos públicos já 
eram realizados em dias festivos, porém com um forte vínculo com cerimônias religiosas (RAMOS, 1982).
A segunda fase vai de 510 a.C. a 26 a.C. e foi caracterizada por um período republicano, marcando o 
início do processo de grande expansão dos domínios romanos. A República foi instituída após quase dois 
séculos de conflitos entre a classe dos patrícios (aristocracia) e os plebeus em busca de direitos iguais 
(aproximadamente 300 a.C.). Nessa fase tiveram início as grandes conquistas do domínio romano. O 
fortalecimento dos grandes generais (Pompeu, Júlio César, Marco Antônio e Otávio) provocou conflitos 
internos pelo poder. A construção dos grandes anfiteatros e arenas para combates e jogos ocorreu ainda 
nessa fase como iniciativa para apaziguaros conflitos entre o povo, representado pelos plebeus, e a 
aristocracia romana, representada pelos patrícios (GRIFI, 1989).
Na fase republicana, os jogos públicos tiveram grande desenvolvimento no sentido de entreter o 
povo em momentos de dificuldades internas geradas pelas longas campanhas de conquista territorial. 
As atividades físicas eram, ainda, praticadas sob forte preceito militar; no entanto, devido à expansão 
territorial e à miscigenação cultural, a prática atlética sofreu influência grega e algumas atividades 
higiênicas e esportivas foram agregadas (RAMOS, 1982).
Apesar da difusão cultural helenística, a filosofia grega para a prática de atividades gímnicas com 
objetivos pedagógicos gerais, buscando um desenvolvimento harmonioso e global do homem, não foi 
bem-aceita entre os romanos. A prática de atividades físicas entre os romanos tinha caráter estritamente 
prático, objetivando a formação militar ou a promoção de saúde, no caso das atividades higiênicas 
desenvolvidas nas inúmeras termas romanas (GRIFI, 1989).
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Em 27 a.C., o Senado atribuiu poderes absolutos ao general Otávio, sobrinho de Júlio César, e deu-lhe 
a denominação de Augusto, instaurando o período do Império Romano, que representou cerca de 500 
anos de paz interna dentro das fronteiras de Roma e um grande crescimento das fronteiras e povos 
conquistados. O Império durou até 476 d.C., quando ocorreu a invasão dos germanos e a derrocada de 
Roma. O Império Romano representou o apogeu de Roma, período em que seus territórios alcançaram 
a máxima extensão (RAMOS, 1982).
No período imperial, a realização dos jogos públicos atingiu sua fase áurea. Durante o ano chegava 
a ocorrer dois dias de jogos e diversões para cada dia de trabalho. A população, de forma geral, passou 
a ter uma função meramente espectadora. A prática de atividades físicas e rigorosos treinamentos era 
limitada aos soldados do poderoso Exército romano e aos escravos e profissionais que disputavam os 
jogos públicos (RAMOS, 1982).
Houve a degradação das atividades praticadas nas termas, as práticas higiênicas decaíram, os cidadãos 
passaram a ser cada vez mais sedentários e as termas se limitavam à realização de ritos religiosos, 
como os festivais feitos a Baco, o deus do vinho. Também se notou uma degeneração geral dos valores 
atléticos da população, que se contentava em assistir aos espetáculos cada vez mais sangrentos e cruéis 
(GRIFI, 1989).
A realização dos jogos públicos foi bastante importante como fator de política interna do Império. 
Nos numerosos dias de jogos eram distribuídas cotas de pão à população. Assim, a política do pão e 
circo foi responsável pela estabilidade interna do Império, alienando as massas, evitando levantes e 
insurreições populares (RAMOS, 1982).
A deturpação dos jogos ocorreu à medida que as atividades se tornaram cada vez mais espetaculares. Nos 
grandes circos, com capacidade para até 100 mil pessoas, eram realizadas corridas de bigas, quadrigas, batalhas 
navais e apresentações equestres de habilidades. A disputa acirrada dos competidores inflamava os torcedores 
e não era rara a ocorrência de mortes em função de acidentes e sabotagens provocadas pelos adversários nas 
corridas de carros. As atividades realizadas nos anfiteatros, grandes arenas que comportavam até 60 mil pessoas, 
tinham maior grau de violência. Ali eram desenvolvidos os Jogos Gladiadores, em que guerreiros fortemente 
armados combatiam até a morte. Também se realizavam nesses recintos as venações, combates entre feras 
selvagens ou entre gladiadores e feras, bem como batalhas navais simuladas. Outra atividade espetacular e 
cruel realizada nos anfiteatros era a execução de criminosos e cristãos, que eram lançados às feras ou aos 
gladiadores sem quaisquer armas ou possibilidades de defesa (RAMOS, 1982).
 Observação
O cristianismo cresceu na periferia de Roma como uma mensagem de 
salvação para os mais oprimidos. O crescimento da doutrina cristã foi um 
fator determinante para a desestruturação de Roma.
Com a ascensão do cristianismo, marcada pelo Édito de Constantino (313 d.C.) e, mais tarde, com 
Teodósio instituindo-o como religião do Estado (393 d.C.), houve uma grande perseguição às atividades 
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pagãs, levando à extinção dos jogos públicos e das práticas esportivas de origem greco-romana, de 
forma geral (GRIFI, 1989).
Exemplo de Aplicação
Um governo altamente centralizador, assolado constantemente por crises internas de fome 
e doenças, e pressionado externamente por povos bárbaros que tentavam invadir os territórios 
romanos. Assim era a situação do povo em Roma. A aclamada Pax Romana somente era possível 
em função de grandes gastos com soldos e manutenção de legiões. A luta travada constantemente 
nas fronteiras garantiu a paz por séculos no interior dos domínios de Roma. No entanto, essa paz 
era relativa, pois a iminência de escassez de alimento, os problemas com doenças e a perseguição 
de cristãos geravam conflitos, levantes e descontentamento na capital e nas grandes cidades em 
todo o vasto Império. 
Buscando acalmar os ânimos do povo, os imperadores aumentaram de forma substanciosa a prática 
do oferecimento de jogos públicos em grandes estádios com capacidade entre 50 e 100 mil espectadores 
– eram os anfiteatros, arenas com capacidade para cerca de 80 mil pessoas, onde as disputas entre 
gladiadores, as lutas com feras e a execução de criminosos e opositores (cristãos) eram realizadas. 
Existiam ainda os grandes circos, com capacidade para mais de 100 mil pessoas, onde eram realizadas 
corridas de bigas e quadrigas e representadas batalhas disputadas nas fronteiras de Roma. Alguns circos 
tinham estrutura para simular batalhas navais com barcos e água de verdade. Em períodos de grande 
conflito, os imperadores chegaram a decretar mais de 150 dias de jogos públicos em um único ano. 
Nesse período, milhares de animais eram trazidos da África todos os anos para que fossem caçados em 
espetáculos sangrentos nas arenas.
Além do entretenimento, os imperadores decretavam dia de feriado e distribuíam cotas de pães 
aos milhares de espectadores presentes nas arenas. Ainda existia um clímax emocional nas batalhas: 
quando, ao final de uma luta, um dos oponentes encontrava-se agonizando no chão, o vencedor 
solicitava a anuência do imperador para executar ou a clemência para poupar o adversário. O 
imperador, nessas ocasiões, voltava-se para o público e, em um gesto de interatividade, convidava o 
povo a participar da decisão. Invariavelmente o povo aclamava pela execução, afinal estava ali para 
um espetáculo de sangue.
Essa política do entretenimento e alienação do povo da consciência crítica quanto aos problemas 
de Roma foi chamada de política do pão e circo (panis et circenses). Esses eventos, quando oferecidos 
de forma sequencial, melhoravam a aceitação da opinião pública quanto ao imperador e acalmavam 
os ânimos, pois o clímax sanguinário das disputas era mais importante do que a discussão dos 
problemas sociais.
Reflita sobre a alienação gerada por espetáculos esportivos no mundo contemporâneo. 
Podemos traçar um paralelo com esse tipo de política de manobra das massas. Os governantes se 
aproveitam do fato de a população ficar ocupada com o clímax emocional dos eventos esportivos, 
dos programas jornalísticos de relatos policiais, que usam o método da “falação” para discutir 
exaustivamente algum assunto, entoando um ritmo de voz agonizante e apavorador. Jovens, 
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idosos e adultos concentram sua discussão em assuntos de pouca relevância, deixando em 
segundo plano notícias de votação de aumento de impostos, de aumento do valor de salários dos 
deputados, aprovação de orçamentos, entre outros. 
A alienação exclui o povo da crítica, da discussão política. Outro grande fator de alienação é o 
endividamento por consumo frívolo. As pessoas são levadas a consumirem mais do que ganham através 
do uso de cartões de crédito. Depois percebem que estão sendo consumidas pelos juros e devem buscar 
novas fontes de renda para honrar os compromissos, adotam uma postura extremamente pragmática, 
aumentam a jornada de trabalho, mesmo que através de colocações na economia informal. Sem 
benefícios, as pessoas ficam cada vez mais dependentes do trabalho. Com a carga horária tomada pelo 
trabalho, as pessoas não encontram tempo para o lazer e, sobretudo, para a reflexão de problemas. 
Vivem alienadas, trabalhando para pagarem contas e mergulhadas no lazer anestésico do futebol.
3.4 As disputas atléticas na Idade Média
A queda do Império Romano aconteceu devido a uma conjuntura de diversos fatores que geraram 
uma crise interna. O primeiro e determinante fator foi uma crescente derrocada financeira gerada pela 
escassez de recursos para manter as vastas fronteiras do Império e o número do contingente militar. A 
crise econômica desencadeou uma grave crise militar. Com atrasos no soldo, os regimentos passaram a 
se dispersar, desguarnecendo as fronteiras e gerando a perda de territórios. Além desses dois fatores, o 
imperador havia perdido poder político e prestígio com a oficialização do cristianismo e o fim dos cultos 
pagãos. Com isso, a caracterização divina do imperador entrou em descrédito (RAMOS, 1982).
Roma não foi tomada simplesmente. O Império ruiu e implodiu sobre suas próprias estruturas 
desgastadas. O ano de 476 d.C. marca a invasão bárbara dos povos que se opuseram por séculos 
ao domínio nas fronteiras setentrionais e orientais: unos, godos, visigodos, ostrogodos, germanos, 
entre outros, tomaram um Império desestruturado e retalharam seus territórios em reinos feudais 
(RAMOS, 1982).
O processo de desestruturação do Império Romano marcou o início da Idade Média, com 
reestruturação social e de poder. No apagar das luzes de Roma, uma instituição se manteve forte e 
serviu de pilar para a organização do mundo medieval. A Igreja Católica Apostólica Romana estava 
bastante estruturada e recebeu os bárbaros invasores como salvadores, estabelecendo alianças 
(GRIFI, 1989).
A maioria dos povos bárbaros invasores possuía uma cultura pautada na oralidade, com costumes, 
leis e traços passados de geração para geração. A Igreja iniciou um processo de aculturação ao catequizar 
os bárbaros na fé cristã. Os líderes da Igreja medieval trataram de monopolizar todo o conhecimento 
clássico greco-romano, queimando e escondendo bibliotecas inteiras, assumindo o papel de educadores 
da nobreza aliada de acordo com os valores e interesses da Igreja cristã (GRIFI, 1989).
As invasões bárbaras provocaram uma retração no desenvolvimento das cidades, passando a 
prevalecer a organização de feudos. Os feudos eram propriedades rurais fortificadas, protegidas pelos 
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senhores feudais. O sistema feudal se organizava através da estrutura de trabalho de servidão. Os servos 
eram protegidos pelos senhores feudais, trabalhavam em suas terras, lhes deviam fidelidade e obediência. 
Por sua vez, os senhores feudais serviam ao rei, sustentando-o politicamente e militarmente. Além da 
hierarquia social da nobreza, a Igreja era um dos pilares de sustentação do sistema feudal, estabelecendo 
a ordem social por ser detentora da liderança intelectual e espiritual. Mantinha seu poder em função da 
ignorância do povo, monopolizando o conhecimento e o desenvolvimento cultural. Sua força vinha da 
disseminação do temor a Deus e do medo da danação eterna (GRIFI, 1989).
3.4.1 Contexto histórico geral
A Idade Média pode ser considerada o período entre a Idade Antiga e a Idade Moderna. O período 
de aproximadamente mil anos, que vai, convencionalmente, da desagregação do Império Romano do 
Ocidente, após sua ocupação pelos bárbaros em 476, até a tomada de Constantinopla pelos turcos 
otomanos, em 1453, foi chamado de Idade Média (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
O período medieval pode ser caracterizado pela ideia de atraso cultural, em função de a Igreja 
dominar todas as esferas da vida das pessoas. Essa condição teria impedido o avanço do pensamento, da 
política e das artes. A construção desse pensamento foi fundamentada na comparação do longo período 
medieval com o considerado “renascimento” das ciências e das artes (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
A ruralização foi uma característica da Europa medieval. Desde o final do Império Romano, as cidades 
foram sendo abandonadas por causa das invasões bárbaras. A falta de mão de obra escrava atraía vastos 
contingentes de trabalhadores para o campo, que arrendavam terras na condição de servos. O movimento 
dessa população marcou a volta a uma economia rural de subsistência. Devido à instabilidade causada 
pelas guerras e à concentração da população em comunidades rurais, o comércio entrou em declínio, 
assim como a utilização de moedas. Para proteger-se da agressão externa, construíram-se castelos e 
residências fortificadas. Ao mesmo tempo, ocorria o fortalecimento do cristianismo, que, pouco a pouco, 
se impunha à nova sociedade em formação. Vários reinos bárbaros converteram-se à doutrina cristã 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
3.4.2 Baixa Idade Média
No período que vai do século XI ao século XV, chamado de Baixa Idade Média, começaram a ocorrer 
transformações no feudalismo. As origens dessas mudanças estão no esgotamento da autossuficiência 
produtiva, ocasionada pelo aumento populacional a partir dos séculos X e XI. Com a diminuição 
progressiva no ritmo das invasões, as condições de vida se tornaram mais estáveis, o que provocou 
gradativo aumento de população (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
A explosão populacional exigiu aumento das áreas cultivadas para ampliar a produção, além de 
um desenvolvimento comercial mais vigoroso, ativando as trocas locais, desbancando a tendência ao 
imobilismo feudal das unidades produtivas autossuficientes. O aumento populacional, aliado a pesadas 
taxas e tributos, deixou grande quantidade de aldeões endividados e, consequentemente, sem suas 
terras, muitos procuraram outras oportunidades de sobrevivência, e outros foram expulsos dos feudos 
(VICENTINO; DORIGO, 2013). 
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3.4.3 O movimento cruzadista
As Cruzadas foram expedições militares de cunho religioso, organizadas pela Igreja para reconquistar 
a região da Palestina, que estava dominada pelos muçulmanos desde o século VII. Tratava-se de Jerusalém, 
terra considerada santa para os cristãos, local onde viveu e foi sepultado Jesus. A luta de reconquista 
já era desejada pelos imperadores bizantinos, que esperavam o auxílio do Ocidente no combate aos 
povos muçulmanos, sobretudo os turcos. Dessa forma, os interesses religiosos justificavam os interesses 
políticos e econômicos (VICENTINO; DORIGO, 2013). 
As Cruzadas elevaram o ânimo dos reis europeus, que se motivaram para a reconquista da Península 
Ibérica, dominada por árabes muçulmanos. Os conflitos com os mulçumanos e o bloqueio naval do 
Mediterrâneo impulsionaram a organização das Grandes Navegações, que pretendiam estabelecer novas 
rotas comerciais para o Oriente, mas acabaram levando às Américas.Dessa forma, a Europa foi capaz 
de impor sua concepção de mundo, sua cultura e seus valores a todos os povos que foram colonizados 
(VICENTINO; DORIGO, 2013).
No período medieval a educação entrou em crise. As escolas eram restritas ao clero e à nobreza, 
os conteúdos programáticos apresentados eram bastante doutrinários e dogmáticos. Os livros 
apresentados eram extremamente selecionados. Os materiais mais controversos à doutrina cristã 
foram queimados ou trancados nos mosteiros, e apenas membros do alto clero tinham acesso a 
eles. Na Idade Média, os filósofos floresceram dentro desses mosteiros. No entanto, os filósofos 
cristãos tinham total alinhamento com os dogmas da Igreja. Dentro dos mosteiros eram realizadas 
a leitura e a cópia de documentos escritos e de alguns livros das civilizações grega, romana e 
árabe (VICENTINO; DORIGO, 2013).
 Saiba mais
O filme indicado a seguir narra a investigação de uma série de 
assassinatos ocorridos em um mosteiro medieval de monges copistas:
O NOME da rosa. Dir. Jean-Jacques Annaud. Alemanha; França; Itália: 
Neue Constantin Film, 1986. 130 minutos. 
Santo Agostinho (354-430), um grande nome da filosofia medieval, foi responsável pela síntese 
entre a filosofia clássica e o cristianismo. Duas de suas mais importantes obras são Confissões e 
A cidade de Deus. A obra de Santo Agostinho tem grande alinhamento filosófico com a obra de 
Platão: seus pensamentos são dedicados ao conhecimento da essência humana, à salvação da 
alma. Afirmava que a busca racional da verdade deveria sempre seguir a fé, “a fé precede a razão” 
(CHAUÍ, 2000).
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 Observação
A Idade Média foi um período de mudança de paradigmas em relação à 
sociedade antiga. Os avanços culturais e artísticos foram mais lentos, mas 
é um equívoco acreditar que não existiram.
3.4.4 Os exercícios físicos durante a Idade Média
As atividades que envolviam o corpo tiveram um desenvolvimento restrito e regulado pelos 
interesses da Igreja da época. As práticas atléticas antigas da Grécia e de Roma foram proibidas e 
rotuladas como atividades pagãs.
O desenvolvimento de atividades atléticas somente foi alavancado, nessa época, em função da 
incidência da organização da cavalaria. A cavalaria se desenvolveu como uma tradição na Idade Média, 
principalmente na constituição das Cruzadas, realizadas para libertar a “Terra Santa” (Jerusalém) do 
domínio dos mouros. A tradição da cavalaria previa a formação de nobres cavaleiros para lutar em nome 
de Deus. As atividades atléticas da época desenvolveram-se das rotinas de treinamento dos cavaleiros. 
Dessas atividades surgiram competições envolvendo habilidades guerreiras, desempenho físico e valores 
morais e espirituais do cavaleiro (GRIFI, 1989).
Geralmente as atividades esportivas eram praticadas por apenas uma pequena parcela da população, 
representada pela nobreza e pela aristocracia, determinando o caráter elitista das atividades da época. 
Basicamente, as ações esportivas imitavam as exigências bélicas dos cavaleiros. Eram lutas com armas 
(espadas, lanças, bastões), equitação, arco e flecha, combates montados. No âmbito competitivo, 
destacaram-se o torneio e a justa (RAMOS, 1982).
O torneio teve duas fases bem definidas. Na primeira, a disputa consistia em uma batalha feroz 
entre dois grupos de cavaleiros. Os combatentes digladiavam-se até a morte e, ao final do dia, 
eram computados os feridos e mortos para a determinação da equipe vencedora. Os sobreviventes 
reuniam-se para um banquete. A segunda fase do torneio foi caracterizada pela diminuição da 
violência, pelo uso de armas de madeira ou com as lâminas encapadas. Essas mudanças ocorreram 
após determinações da Igreja com o intuito de reduzir a brutalidade da disputa. A justa era o 
combate entre dois cavaleiros montados, armados com lanças, armaduras e escudos. Consistia no 
enfrentamento de ambos com o objetivo de derrubar o adversário de sua montaria (GRIFI, 1989; 
RAMOS, 1982).
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Figura 16 
As competições na Idade Média tinham caráter essencialmente amador e respeitavam uma série de 
regras e posicionamentos morais, sendo comparadas à fase áurea dos jogos gregos, antes da decadência 
promovida pelo profissionalismo e pela dominação romana. A elitização da prática fica evidenciada pelo 
fato de apenas nobres poderem participar das disputas realizadas em pátios e arenas montadas dentro 
ou nos arredores dos castelos e fortificações da nobreza (GRIFI, 1989). 
 Saiba mais
O filme indicado a seguir ilustra de forma bem-humorada e com 
uma linguagem moderna as competições medievais e o contexto 
cultural da época:
CORAÇÃO de cavaleiro. Dir. Brian Helgeland. EUA: Columbia Pictures 
Corporation, 2001. 132 minutos.
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4 O RENASCIMENTO CULTURAL E AS PERSPECTIVAS PARA O CORPO E O 
MOVIMENTO HUMANO
Entre os séculos XIV e XVI, generalizou-se na Europa uma série de movimentos artísticos e 
científicos que tinham em comum o rompimento com valores do período medieval e a recuperação 
de ideais e modelos da Grécia e da Roma Antigas. Esses movimentos receberam o nome de 
Renascimento. Os renascentistas foram vistos como os continuadores dos ideais científicos, 
artísticos e estéticos cultivados no mundo antigo, mais precisamente na civilização greco-romana 
clássica (VICENTINO; DORIGO, 2013).
O Renascimento é considerado um momento de transição, de ruptura entre as estruturas 
socioeconômicas, políticas e ideológicas da Idade Média e ligação com as novas ideias e organizações 
sociais da Era Moderna. Esse período de transformações ocorreu primeiro na Europa, entre os anos de 
1400 e 1600, de forma diferente em cada país.
A característica mais evidente é a ruptura com a ideologia doutrinária e hegemônica da Igreja 
Católica Apostólica Romana medieval, um afastamento das rígidas concepções teocêntricas e uma 
aproximação crescente com um pensamento racionalista, humanista e antropocêntrico. Após esse 
período, a Igreja passou a não mais ter autoridade para regulamentar a vida pública, deixando o 
homem livre para o crescimento intelectual e artístico, caracterizado pela retomada da cultura 
antiga greco-romana. O conhecimento clássico grego foi reintroduzido na Europa pelos árabes, 
que dominaram o Mediterrâneo e invadiram a Península Ibérica (Portugal e Espanha) entre os 
anos de 711 e 1492 (JAGUARIBE, 2001).
Dentro da própria Igreja Católica surge um movimento de sucessivos papas que desenvolveram o 
pensamento humanista, construíram bibliotecas, criaram universidades e financiaram artistas humanistas 
– entre eles podem-se citar Nicolau V, Pio II, Alexandre VI (Bórgia), Júlio II e Leo X (Giovanni de Médici). 
Além do surgimento de papas próximos ao humanismo, inúmeros pensadores e artistas impulsionaram 
o movimento renascentista na Europa, com destaque para as cidades italianas de Gênova, Veneza e 
Florença, centros urbanos e comerciais bastante desenvolvidos (JAGUARIBE, 2001).
O envolvimento da Igreja em conflitos contra o Sacro Império Romano e a crescente perda de apoio 
político de cidades e reinos importantes, como Florença, fizeram com que a Igreja se enfraquecesse. 
Outro fator de declínio da Igreja foi a Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero, que negou a 
autoridade da Igreja e publicou 95 teses de protesto na Igreja de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de 
outubro de 1517. Lutero declarou que a Igreja não tinhamais autoridade, apenas as Escrituras Sagradas 
(Bíblia) têm autoridade (sola scriptura) plena e, para o cristão, o mais importante é a fé (sola fide). O 
movimento de reforma se espalhou rapidamente por outros países europeus e nas décadas seguintes 
dividiu o mundo cristão em dois campos opostos, criando uma divisão permanente no mundo cristão 
entre as perspectivas católica e protestante (JAGUARIBE, 2001).
Durante o Renascimento, a mudança mais evidente e perene foi a explosão do humanismo, do 
racionalismo e do antropocentrismo nas artes e na produção intelectual. A produção artística dessa 
época volta ao estilo clássico greco-romano e passa a ilustrar o ser humano como tema central. Pinturas, 
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desenhos e esculturas retratam o corpo desnudo em seus mais rebuscados detalhes e expressões, 
caracterizando um realismo compromissado com o humano em contraste com a arte medieval atrelada 
à temática sacra (JAGUARIBE, 2001).
A evidência histórica do Renascimento como momento de transição entre o medieval e o moderno 
e entre o sagrado e o humano é a vida e obra do artista Michelangelo Buonarroti (1475-1564), que se 
dedicou à pintura e à escultura com maestria, produziu inúmeras obras por encomenda da Igreja (Papa 
Júlio II) e mesmo assim mostrou desprendimento e coragem para expressar o ser humano e o estilo 
neoclássico.
A seguir, a obra David, de Michelangelo Buonarroti (1504).
Figura 17 – David, de Michelangelo
Outros artistas viveram e expressaram o Renascimento em sua arte. Entre eles cabe destaque a 
Leonardo da Vinci (1452-1519), Rafael Sanzio (1483-1520), Donatello (1386-1466) e Sandro Boticcelli 
(1445-1510). Esses artistas inovaram e ousaram produzir obras de vanguarda com um viés humanista, 
retratando o homem e o mundo sob a ótica do mundo moderno (JAGUARIBE, 2001).
No campo filosófico e científico inúmeros intelectuais buscaram a ruptura com a filosofia escolástica 
medieval, impregnada de dogmas doutrinários, e se alinharam com o humanismo racionalista. Existia, 
na época, um sentimento de libertação e ressentimento para com o domínio obscuro da Igreja Medieval.
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Na área da Educação Física existe a retomada gradativa da produção de estudos e obras pedagógicas 
defendendo uma educação mais integral, equilibrando o desenvolvimento intelectual ao desenvolvimento 
corporal. As ações práticas se multiplicaram mais tarde na Europa, em meados do século XVIII, sob a 
influência dos autores e pedagogos que, a partir do Renascimento, retomaram contato com estudos e 
obras da Grécia a respeito da Paideia, educação integral, e da prática de ginástica (RAMOS, 1982).
4.1 Os precursores renascentistas 
A seguir, alguns relatos de professores e intelectuais que iniciaram a publicação de obras e a 
implantação de modelos educacionais voltadas para a prática de exercícios.
Vittorino da Feltre (1378-1446) foi professor de Filosofia e Retórica, inspirou-se na cultura greco-
romana e dedicou-se à educação, dirigindo sua escola, La Giocosa de Mantova (Casa Alegre). Ministrava 
a seus alunos ginástica, jogos com bola, esgrima, corrida, equitação, marcha e exercícios de resistência 
ao frio e ao calor. Vittorino estimulava as atividades em grupo, a alegria e o alarido próprio dos jovens 
e crianças e condenava a solidão como desencadeadora de maus hábitos. Buscava o ideal grego de 
formação integral com a harmonia entre corpo, mente e espírito (RAMOS, 1982).
Maffeo Veggio (1407-1458) foi professor dedicado à ginástica e à fisiologia. Publicou, em 1491, 
a obra Educação da criança, em que pregava que os exercícios físicos deveriam ser ministrados a partir 
dos 5 anos de idade e indicava a prática de exercícios de intensidade moderada, a fim de evitar a fadiga 
em nível elevado.
François Rabelais (1494-1553), filósofo, escritor e médico, defendeu a vida ao ar livre e o 
desenvolvimento pleno das capacidades físicas. Defensor da alegria, foi crítico da educação escolástica. 
Escreveu a obra Gangântua e Pantagruel, na qual ressaltou a necessidade da higiene e do exercício físico. 
Na obra, o autor conta as proezas realizadas por Gargântua. A personagem é um garoto extremamente 
ativo e hábil, que domina equitação, arco, luta, natação, saltos ginásticos, jogos com bola, remo, 
suspensões na barra, levantamento de pesos, entre outros exercícios que buscavam laurear o herói, 
dando metas para a educação dos jovens da época. Em oposição, o autor desenvolve a personagem 
Pantagruel, um garoto obeso, glutão e indolente, que evitava ao máximo a fadiga do corpo e do espírito, 
vivendo uma vida pacata e pouco motivadora, com hábitos de pouca higiene. A personagem era a 
antítese do herói e sua inação era narrada de forma jocosa e irônica; seus hábitos eram ressaltados 
como fraqueza de caráter.
A obra Gargântua e Pantagruel teve grande repercussão, atraindo a atenção da população a respeito 
das práticas naturais no âmbito educacional com o fortalecimento do corpo e o arejamento do espírito 
(RAMOS, 1982).
Na obra, destaca-se a forma engraçada de ver a educação calcada em velhos preceitos, como viciosa, 
suja, doente e decadente, e de higienizá-la se novos procedimentos fossem adotados. O corpo assume 
uma dimensão muito importante na obra ao ser utilizado como um ponto de referência na crítica ao 
comportamento desregrado, glutão e preguiçoso dos pais e do próprio Gargântua antes de começar a 
ser educado de acordo com as novas ideias (HEROLD JUNIOR, 2006).
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Gargântua é um exemplo da crença no poder da educação para a transformação do homem, sentimento 
marcante do pensamento renascentista, que buscava a ruptura com a educação escolástica medieval, 
extremamente teórica, castradora e doutrinária. A personagem principal de Rabelais, numa situação 
de excessos, preguiça e ociosidade, transforma-se em um homem vigoroso, inteligente, cultivador da 
saúde, do trabalho e das virtudes. A intervenção do educador é realçada como determinante para a 
transformação do garoto através da Educação Física (HEROLD JUNIOR, 2006).
Percebe-se, na obra de François Rabelais, o surgimento de novas relações sociais e a crítica aos 
velhos procedimentos, a valorização do corpo e do movimento na educação. O autor busca, na cultura 
das sociedades antigas de Grécia e Roma, subsídios para um desenvolvimento físico higiênico e moral, 
desprezando o abandono ao qual o corpo é deixado durante a Idade Medieval. O autor exprime as 
mudanças sociais e educacionais que surgiram no momento de transição denominado Renascimento, 
quando ocorre o processo de transição da sociedade feudal para a sociedade burguesa e o surgimento 
de novas necessidades educacionais (HEROLD JUNIOR, 2006).
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um filósofo social, teórico político e escritor suíço. Foi o 
mais popular dos filósofos que participaram do Iluminismo, movimento intelectual do século XVIII. Suas 
ideias influenciaram a Revolução Francesa. Em sua obra mais importante, O contrato social, desenvolveu 
sua concepção de que a soberania reside no povo. 
Figura 18 – Retrato de Jean-Jacques Rousseau
Rousseau publicou muitas obras, mas no seu conteúdo pedagógico destaca-se o romance Emílio, ou 
Da Educação (1762). Nele, o autor destaca a importância da prática de exercícios físicos pelos jovens, a 
necessidade do esforço, a vida ao ar livre, a alimentação saudável e hábitos higiênicos, como o uso de 
roupas leves, o arejamento das residências e oaleitamento materno. Rousseau foi um grande estudioso 
da filosofia grega e de seu método de educação integral, a Paideia. Em Emílio, o autor estabelece um 
programa educacional com quatro princípios básicos:
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• O jovem deve ser educado de forma livre.
• A infância da criança deve ser vivida de forma plena e prolongada.
• A educação do emocional deve preceder a educação intelectual.
• O saber importa menos que o exercício de juízo, valores éticos.
Rousseau destaca em sua obra frases que até hoje se mostram bastante atuais como diretrizes para a 
educação: “Quem quiser ser forte espiritualmente deve cultivar suas forças físicas”; “Cultivai a inteligência 
de seu filho, mas, antes de tudo, cultivai o seu físico, porque é ele que orienta o desenvolvimento mental; 
é necessário primeiro tornar seu filho são e forte, para poder vê-lo mais tarde, inteligente e sábio” (apud 
RAMOS, 1982, p. 176).
O autor recomenda, em sua obra, a prática de corrida, saltos, subidas em árvores, arremesso de 
pedras, exercícios de equilíbrio, jogos com bola e levantamento de pesos. 
Devido a seu grande prestígio, Rousseau influenciou toda uma geração de pedagogos, filósofos e 
professores, entre eles Pestalozzi e Goethe. Suas orientações pedagógicas podem ser percebidas nos 
movimentos educacionais ginásticos do final do século XVIII e durante todo o século XIX (RAMOS, 1982).
Girolamo Mercuriale (1530-1606), professor, médico e humanista, autor de uma grande obra 
sobre a prática de exercícios físicos: De arte ginástica, inspirada na obra de Galeno e outros gregos 
antigos. Os seis tomos da obra apresentam conhecimentos precisos sobre a prática de exercícios físicos. 
O autor apresenta uma concepção sistemática e racional, com ilustrações bastante explicativas. Ele 
divide sua obra em exercícios gerais e exercícios adaptados à condição do praticante, faz notas a 
respeito dos efeitos dos exercícios físicos e dos problemas causados se aplicados de forma incorreta e 
divide o treinamento físico em três fases: preparatória, fundamental e respiratória. Além disso, prega a 
necessidade de se considerar a idade do praticante, a estação do ano e até a hora de prática durante o 
dia (RAMOS, 1982). 
Sua obra cita e referencia mais de 120 autores antigos gregos, romanos e árabes. Com isso, Mercuriale 
estimulou a releitura desses autores clássicos por muitos filósofos e pedagogos renascentistas. Seus 
esforços possibilitaram o reaparecimento da prática de atividades físicas sistematizadas, que entraram 
em declínio e abandono após o período da Antiguidade Clássica greco-romana. 
François de Salignac de La Mothe-Fénelon (1651-1715), arcebispo católico francês, publicou 
em 1687 um tratado sobre a educação das jovens, no qual defende a prática da ginástica feminina 
como forma de se opor à vida ociosa das meninas. De acordo com o autor: 
Nesta ociosidade, a jovem abandona-se à preguiça, que é uma languidez da 
alma e motivo de aborrecimentos. Geralmente, habitua-se a dormir mais 
do que o necessário, tornando-se mais delicada e exposta às comodidades 
do corpo. No entanto, um sono razoável, seguido do exercício regular, faz 
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qualquer pessoa alegre, disposta e robusta, dando-lhe verdadeira perfeição 
corporal, sem levar em conta as vantagens resultantes para seu espírito 
(apud RAMOS, 1982, p. 177-178). 
Considerava a prática do exercício como um dever diário do indivíduo para com a pátria.
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), filósofo e educador suíço, é tido como continuador 
da obra pedagógica de Rousseau. Pestalozzi dedicou sua vida à educação e ao humanismo. Para ele, 
a educação representa o desenvolvimento natural do ser humano, de forma progressiva e sistemática, 
abrangendo todas as suas forças.
Figura 19 - Johann Heinrich Pestalozzi 
De acordo com Ramos (1982, p. 178), Pestalozzi afirmava que: “O hábito do exercício físico não só 
desembaraça o corpo da criança, como lhe desenvolve as qualidades intelectuais e morais”. 
Pestalozzi defendeu a educação geral a todas as classes sociais, reconheceu em seu tempo os males 
gerados ao corpo pela vida das sociedades industrializadas, sugerindo a prática do exercício como 
fator de correção ao sedentarismo da vida na sociedade moderna. O autor criou o primeiro método 
moderno de ginástica experimental, no qual se atentava para a postura corporal, para a correção dos 
movimentos e para as ações articulares, que foi denominado Ginástica Elementar. Publicou dois livros 
sobre educação: Leonardo e Gertrudes e Como Gertrudes educa seus filhos. Neles, discute a educação 
integral do ser humano (RAMOS, 1982). 
Os autores relacionados antecedem ao movimento ginástico europeu. São precursores teóricos 
e experimentais que se dedicaram ao exercício de forma isolada e não representaram, assim, um 
movimento contínuo e coeso, mas sim esforços aleatórios de retomada de um meio de educação que 
reconhece o corpo e o exercício.
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Apesar da ocorrência desordenada em países e épocas diferentes, as obras desses autores possuem 
denominadores comuns: todas rompem com a educação medieval, restritiva e doutrinária; marcam a 
transição para uma educação humanista; e reconhecem a importância do exercício físico.
 Resumo
Esta unidade abordou, de forma crítica, o estudo da História, que seria 
a remontagem dos fatos diante dos seus respectivos contextos sociais com 
embasamento em documentos e evidências encontrados. O texto usa de 
metodologia filosófica para promover a discussão e a reflexão dialética 
dos fatos ocorridos em determinados períodos históricos com as situações 
vividas no cotidiano do profissional de Educação Física.
Foi feita a análise da evolução dos hominídeos, em constante 
progresso intelectual e rebuscamento nas habilidades motoras. O homem 
constituiu-se a partir da grande capacidade de adaptação e da união entre 
desenvolvimento cognitivo e motor para a solução de tarefas do cotidiano, 
que permitiram sua sobrevivência e a propagação da espécie, como a busca 
por alimentos e a proteção contra predadores e inimigos.
Os povos antigos e sociedades tribais deixaram registros importantes 
da necessidade de aplicação dos exercícios físicos em diversos setores 
da vida, como a educação, responsável pela aprendizagem dos 
hábitos e habilidades necessárias ao homem adulto, e a sobrevivência, 
representada pela busca pelo alimento (caça, pesca, escalada, mergulho, 
salto) e pela luta contra invasores e animais. Também foi constatada a 
presença constante de exercícios na forma de disputas, danças e ritos 
em cerimônias religiosas e rituais de passagem para a vida adulta, assim 
como em brincadeiras descompromissadas envolvendo tanto crianças 
como adultos.
As civilizações antigas, que dominaram a produção agrária e fundaram 
as primeiras cidades, passaram pelo processo de especialização dos papéis 
sociais e tiveram que aperfeiçoar as destrezas atléticas relacionadas a 
lutas e defesa para proteger suas reservas de alimento e seu contingente 
populacional. As lutas, o arco, o dardo, a equitação e as corridas passaram 
a ser treinados com precisão e afinco no processo de educação dos jovens e 
disputados com eventos religiosos para pôr à prova seus guerreiros.
É assim que no Egito muitas apresentações de destreza física foram 
encontradas em inscrições antigas em tumbas e documentos. Elas 
ilustravam,geralmente, as habilidades sobre-humanas do faraó, em uma 
tentativa de valorizar e reafirmar seu poder divino.
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Unidade I
Na Grécia Antiga, os exercícios faziam parte do cotidiano dos jovens, 
pois existiam valores morais relacionados à sua prática e aos cuidados com 
o corpo. O aretê era um valor que dizia respeito à combatividade, à coragem 
e ao enfrentamento. Para tanto, o jovem deveria treinar e forjar seu corpo e 
seu espírito para o combate até a morte. Para o grego, uma morte honrosa 
era mais valorosa do que uma vitória sobre um oponente mais fraco.
Os gregos possuíam ainda o kalokagathia, referência moral que 
colocava a beleza e a harmonia como virtude. Por isso, a pessoa que não 
cuidasse do próprio corpo e se entregasse aos excessos alimentares era 
tida como alguém de pouco caráter. Esse valor moral conduziu as artes, a 
arquitetura e todo o senso estético grego. Os gregos produziam estátuas 
em homenagem aos seus deuses e buscavam a perfeição estética em seus 
corpos. Treinavam e competiam nus para admirar o gestual do corpo em 
movimento e produziram magníficas obras de arte ilustrando essas ações.
Os gregos adotavam os treinamentos ginásticos em suas escolas para 
jovens a partir dos 7 anos de idade, visando à formação integral do jovem 
e ainda à preparação guerreira.
A religião grega era antropomórfica e politeísta. Para homenagear seus 
deuses, organizavam jogos que envolviam diferentes disputas atléticas. 
Os mais famosos eram os Jogos Olímpicos, que eram realizados a cada 
quatro anos dentro do calendário religioso e homenageavam a Zeus, deus 
supremo do Olimpo. O evento, realizado na cidade sagrada de Olímpia, 
reunia milhares de espectadores e atletas no mês de agosto. O evento, que 
paralisava guerras devido à sua importância religiosa, também servia como 
referência para acordos comerciais e tratados de paz.
Com o domínio dos gregos pelos macedônios, em 338 a.C., e depois 
por romanos, os Jogos Olímpicos continuaram a existir, mas, devido à 
participação de mercenários estrangeiros, entraram em decadência moral.
Os exercícios físicos em Roma atendiam à necessidade de 
treinamento militar de seu grandioso Exército; a população tinha por 
hábito a prática de exercícios higiênicos em termas. No entanto, o 
fato que mais marcou o período romano foi a deterioração dos valores 
higiênicos da população após a intensificação da política do pão e 
circo, estratégia dos imperadores para distrair o povo empobrecido e 
faminto. Eram oferecidos jogos sangrentos, espetáculos de sangue, 
execuções, combate entre gladiadores, lutas com feras e corridas 
de bigas. Esses eventos deixavam o povo tranquilo e alienado dos 
problemas, aumentando a governabilidade dos imperadores.
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FILOSOFIA E DIMENSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Roma entrou em decadência devido à escassez de recursos para 
sustentar suas grandiosas fronteiras e seu imenso Exército. Internamente, 
o poder do Imperador foi questionado com a ascensão do cristianismo, 
doutrina monoteísta, que destituía o poder divino do imperador. Em 
476 d.C., Roma implodiu e foi invadida por bárbaros, que retalharam seu 
território em pequenos reinos e feudos.
Diante da invasão bárbara, a Igreja cristã se manteve estruturada, fez 
alianças e passou a doutrinar os invasores no período que foi denominado 
como Idade Média.
No período medieval, a cultura do mundo antigo foi substituída pela 
doutrina católica e todas as atividades pagãs foram desestimuladas. Houve 
um grande retrocesso nas práticas corporais e nos cuidados com o corpo. 
No período medieval, os jogos estavam atrelados à cultura da cavalaria, 
oriunda da nobreza e inacessível a toda a população.
O período entre os anos de 1400 e 1600 é denominado na história 
como Renascimento. Foi um momento em que diversos fatores históricos, 
políticos e sociais contribuíram para a mudança de paradigma da sociedade 
medieval doutrinária para a sociedade moderna pautada no humanismo e 
em ideais burgueses. O Renascimento marca, na Educação Física, a retomada 
da leitura e aplicação dos clássicos greco-romanos e o surgimento de 
pedagogos e autores precursores da Educação Física moderna.

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