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PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS Professora: Karina Oliveira Drumond UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO: BIOMEDICINA DISCIPLINA: PATOLOGIA GERAL Pigmentações PIGMENTOS ◦ Substâncias – cor própria Origem Constituição química Significado biológico ◦ Pigmentação – formação e/ou acúmulo de pigmentos DIFERENTES Pigmentações PIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA Alterações bioquímicas pronunciadas Muitas doenças = acúmulo ou a redução de certos pigmentos é um dos aspectos mais marcantes Pigmentações PIGMENTOS Exógenos São formados fora no organismo Endógenos Sintetizados pelo próprio organismo Via respiratória Via digestiva Via parenteral Pigmentações endógenas Hiperprodução e acúmulo de pigmentos sintetizados no próprio organismo 1. Derivadas da hemoglobina ou pigmentos hemoglobínicos 2. Melanina 3. Ácido homogentísico 4. Lipofuscina Pigmentações endógenas PIGMENTAÇÕES HEMOGLOBÍNICAS Pigmentos biliares Hematoidina Hemossiderina Hematina Pigmento malárico Pigmento esquistosomótico Pigmentações hemoglobínicas Pigmentos biliares ◦ Bilirrubina - Produto final da degradação – heme – HB Importância • ↑ acentuado – recém-nascidos – lesão cerebral irreversível • Distúrbios associados ao ↑ produção de Bb ou defeito hepático na remoção ↑circulação (hiperbilirrubinemia) • Deposição do tecidos = icterícia Formação Transporte Captação Conjugação Excreção Bilirrubina insolúvel Fe +++ Formação Transporte Captação Conjugação Excreção Bilirrubina Urobilinogênio REL Pigmentações hemoglobínicas Pigmentos biliares ◦ Icterícia = sinal clínico causado pela hiperbilirrubinemia ◦ Deposição de bilirrubina Pele Esclera Mucosas Fígado e rins Pigmentações hemoglobínicas Icterícia CLASSIFICAÇÃO ◦ Hemólise intravascular acentuada (anemias hemolíticas) ◦ Excessiva destruição – hemácias anormais – baço Pré-hepática Aumento na produção de bilirrubina Recém-nascidos – Bb atravessa barreira HE = kernicterus Pigmentações hemoglobínicas Icterícia ◦ CLASSIFICAÇÃO Hepática ◦ ↓ captação, transporte, conjugação e excreção celular de Bb ◦ Doenças infecciosas, genéticas, metabólicas, causas tóxicas Hepática Doença de Crigler-Najjar tipo 1 Pigmentações hemoglobínicas Icterícia ◦ CLASSIFICAÇÃO ◦ Causas ↓ capacidade – transporte, conjugação e excreção Baixos níveis de ligandina no fígado neonatal Hepática ◦ Comum no período neonatal imediato ◦ Caráter – benigno e transitório ◦ Icterícia fisiológica do recém-nascido Pigmentações hemoglobínicas Icterícia ◦ CLASSIFICAÇÃO Pós-hepática ◦ Obstrução – vias biliares intra e extra-hepáticas Cálculos biliares Tumores Processos inflamatórios – hepatites e cirrose hepática Pós-hepática COLESTASE Pigmentações hemoglobínicas Icterícia – Macroscopia Pigmentações hemoglobínicas Icterícia – Macroscopia Kernicterus Pigmentações hemoglobínicas Icterícia Pigmentações hemoglobínicas Icterícia – Microscopia • Grânulos ou glóbulos amorfos • Castanho- esverdeado a negro • Citoplasma dos hepatócitos • Células de Kupffer • Luz dos canalículos biliares “cilindros biliares” Pigmentações hemoglobínicas Hematoidina ◦ Mistura de lipídeos e pigmento semelhante à Bb ◦ Desprovido de ferro ◦ Formada em focos hemorrágicos – degradação por macrófagos de hemácias extravasadas ◦ Aparecimento = final da 2ª e 3ª semana após sangramento ◦ Sem repercussões para o organismo Pigmentações hemoglobínicas Baço • Cristais • Amarelo-ouro • Amalero-alaranjado • Marrom-dourado • 2 e 200 µm Hematoidina Pigmentações hemoglobínicas Hematoidina Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina ◦ Origem: degradação da Hb ◦ Contém ferro, carboidratos, proteínas e lipídeos ◦ Principais formas de armazenamento intracelular de ferro ◦ Outra forma de armazenamento do ferro = Ferritina ◦ Formação de hemossiderina = acúmulo de ferritina Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina ◦ Distribuição do ferro Percentual Distribuição 65 a 70 Hemoglobina 10 Mioglobina, citocromos e enzimas 20 a 25 Ferritina e hemossiderina em hepatócitos e macrófagos Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina ◦ Ferritina = apoferritina + ferro ◦ Ferritina é distribuída citoplasma = forma de micelas ◦ Ferritina – oferta excessiva de ferro → HEMOSSIDERINA Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina – formação ◦ 1. Incorporação de ferritina do citosol REL = vacúolos ◦ 2. Fusão de vacúolos com lisossomos = siderossomos ◦ 3. Desnaturação e degradação enzimáticas de proteínas da ferritina ◦ 4. Formação de micelas de hemossiderina = acúmulo de ferritina cuja proteína foi modificada = INSOLÚVEL Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina Deposição de hemossiderina = HEMOSSIDEROSE 1. Excessiva destruição de hemácias (hemorragias, anemias hemolíticas) 2. Excessiva absorção intestinal de ferro (anemias) Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderose Localizada – hemorragias ◦ Hemossiderina – Macrófagos → 24 a 48 h após sangramento ◦ Ex: traumatismos = contusões, pancadas Deposição de hemossiderina Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderose Localizada ◦ Morfologia Área = vermelho-azulada → hemoglobina desoxigenada Degradação Hb em biliverdina → verde-azulada Formação = hemossiderina → cor ferruginosa Deposição de hemossiderina Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderose Sistêmica ◦ ↑ absorção intestinal de ferro Anemias hemolíticas Hemocromatose primária ou hereditária Deposição de hemossiderina Defeito genético – gene HFE Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderose ◦ Macrófagos ◦ Longo prazoparênquima Fígado, baço, medula óssea, linfonodos < na derme, pâncreas e rins Fígado Pâncreas Coração Glând. endócrinas Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina – microscopia • Grânulos intracitoplasmáticos • Grosseiros • Castanho-escuros • Amarelo-dourados Tecido tubular renal Pigmentações hemoglobínicas Tecido hepático Pigmentos castanho-escuros nos hepatócitos Hemossiderina – microscopia Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina – microscopia Grânulos castanho-escuros Pigmentações hemoglobínicas Hemossiderina – microscopia Grânulos castanho-escuros Hemossiderina – microscopia Hemossiderina – microscopia Pigmentações hemoglobínicas Hematina Derivado do heme – contém ferro Ácido ou base forte hemoglobina Tecidos fixados com formol pH < 5 → artefato de fixação FORMAÇÃO Pigmentações hemoglobínicas Hematina Tecido esplênico • Grânulos de cor negra ou negro-azulada • Interstício • Macrófagos Pigmentações hemoglobínicas Pigmento malárico Denominado = hemozoína Degradação – Hb ingerida por plasmódios = hemácias Trofozoítos (Plasmodium) → ingestão do citoplasma da hemácia e proteólise em vacúolos digestivos Globina – aminoácidos = crescimento e maturação Pigmentações hemoglobínicas Pigmento malárico Heme é tóxica Agregação em grânulos insolúveis – interior de nanosferas de lipídeos – vacúolo digestivo = biocristalização = hemozoína Inibe proteases – vacúolo digestivo Geração de radicais livres Peroxidação de lipídios e morte Pigmentações hemoglobínicas Pigmento malárico Ruptura das hemácias – liberação dos parasitos Pigmento acumula-se = macrófagos → fígado, baço, medula óssea Qd – pigmento = ↑ duração infecção Inerte e não tóxico Retenção maciça em macrófagos = ↓ resposta imune Pigmentações hemoglobínicas Pigmento malárico ◦ Diminuição ou bloqueio - importantes funções celulares Explosão respiratória Fagocitose Expressão de MHC II Redução da expressão de IL-12 Retenção maciça em macrófagos = ↓ resposta imune Pigmentações hemoglobínicas Pigmento malárico Grânulos castanho-escuros Tecido hepático Pigmentações hemoglobínicas Pigmento esquistossomótico ◦ Forma-se no tubo digestivo do Schistosoma – proteases ◦ Hematófago ◦ Degradação da hemoglobina ◦ Formação de cristal de heme similar à hemozoína – gotas de lipídios extracelulares – luz intestinal do verme Peptídeos Aminonácidos HEME Pigmentações hemoglobínicas Pigmento esquistossomótico ◦ Pigmento = regurgitado – circulação sanguínea do hospedeiro ◦ Acúmulo = grânulos castanho-escuros/negros Células Kupffer Macrófagos do baço Tecido conjuntivo dos espaços portobiliares Pigmentações endógenas 1. Derivadas da hemoglobina ou pigmentos hemoglobínicos 2. Melanina 3. Ácido homogentísico 4. Lipofuscina Pigmentações endógenas MELANINA ◦ Cor à pele ◦ Pigmentação melânica cutânea Fotoproteção Antioxidante Absorção de calor Pigmentações endógenas MELANINA ◦ Eumelanina Insolúvel Cor castanha a negra Antioxidante Fotoprotetora ◦ Feomelanina Solúvel – solução alcalina Cor amarela a vermelha Antioxidante Tipos de melanina Pigmentações endógenas MELANINA ◦ Polímero complexo – sintetizado – melanócitos ◦ Pele – camada basal da epiderme e matriz de folículos pilosos MELANOGÊNESE → 3,4-diidroxifenilalanina OXIDAÇÃO HIDROXILAÇÃO DHI = 5,6-diidroxiindol DHICA = 5,6-diidroxiindol-2-ácido carboxilíco (aa) RE rugoso – síntese de tirosinase Complexo de Golgi – empacota tirosinase e incorpora à vesículas Fusão = vesículas + ptns. = melanossomo MELANOGÊNESE Pigmentações endógenas MELANINA ◦ Mecanismos de transferência de melanina 1. Liberação de melanina dos melanossomos no EIC por exocitose e fagocitose pelos ceratinócitos 2. Fagocitose dos terminais dendríticos com melanossomos pelos ceratinócitos 3. Fusão de membranas – formação de túnel – passagem de melanina Pigmentações endógenas MELANINA Hiperpigmentação melânica Hipopigmentação melânica Disfunção na melanogênese Pigmentações endógenas MELANINA ↑ nº melanócitos normais ou neplásicos Incremento da melanogênese Produção de melanossomos gigantes Defeito na eliminação da melanina através da epiderme Lesões mais comuns → sardas, nevos e melanomas Hiperpigmentação melânica efélides/ sardas nevos melanoma Melanoma (Melanocarcinoma) Pigmentações endógenas Pigmentações endógenas MELANINA Congênita – albinismo Adquirida Vitiligo Envelhecimento – perda progressiva da pigmentação dos pêlos Hipopigmentação melânica Pigmentações endógenas MELANINA Causas 1) Migração e diferenciação anormal de melanoblastos 2) Redução da atividade da tirosinase ou ausência 3) Estrutura anormal dos melanossomos 4) ↓ melanização dos melanossomos 5) ↓ transferência de melanina 6) ↑ degradação dos melanossomos nos melanócitos Hipopigmentação melânica Hipopigmentação melânica Pigmentações endógenas ÁCIDO HOMOGENTÍSICO ◦ Produto do catabolismo da tirosina ◦ Pigmento – grânulos = castanho-avermelhada/amarelada/ocre ◦ Doença = Alcaptonúria / ocronose Rara – herança autossômica recessiva Pigmentações endógenas ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Alcaptonúria ◦ Mutações = gene da ác. homogentísico 1,2-dioxigenase → degrada = ác. homogentísico ◦ Acúmulo – plasma, cartilagens, pele, tecido conjuntivo e urina Coloração castanho-escura/ azul-enegrecida Alcaptonúria Ocronose exógena Pigmentaçõesendógenas Ocronose exógena Pigmentações endógenas LIPOFUSCINA Pigmento do envelhecimento Pigmento de desgaste Lipocromo ◦ Composto de polímeros não degradáveis de lipídeos e proteínas ◦ Degradação oxidativa Mitocôndrias, RE, proteínas, ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol ◦ Renovação dos componentes celulares Marcador biológico do envelhecimento celular LIPOFUSCINA FORMAÇÃO Autofagocitose de macromoléculas e organelas Degradação insuficiente pelas enzimas lisossomais Acúmulo de polímeros insolúveis Lipofuscina Radicais livres Pigmentações endógenas LIPOFUSCINA ◦ Deficiência de vitaminas – A, C e E ↑ LIPOFUSCINA ◦ Células que não se multiplicam ou apresentam atividade proliferativa baixa Células musculares cardíacas e esqueléticas Neurônios Hepatócitos e astrócitos FORMAÇÃO Pigmentações endógenas LIPOFUSCINA – Acúmulo ◦ Aumento da autofagocitose ou captação celular de material não completamente degradável ◦ ↓ síntese e/ou da eficiência de enzimas proteolíticas lisossômicas ◦ ↓ eliminação de resíduos não degradáveis – exocitose ou diluição dos resíduos por divisão celular LIPOFUSCINA • Grânulos pardo-amarelados • Citoplasma Tecido nervoso LIPOFUSCINA • Grânulos pardos • Citoplasma Tecido nervoso Pigmentações PIGMENTOS Exógenos São formados fora no organismo Via respiratória Via digestiva Via parenteral Pigmentações PIGMENTOS Exógenos ANTRACOSE SIDEROSE CAROTENOSE ARGIRIA TATUAGEM Pigmentações exógenas ANTRACOSE mais frequente ◦ Carvão – inalação Fumantes Ambientes urbanos ou zonas industriais + poluição ambiental Inalação de fumaça doméstica – lenha, esterco ◦ Carvão Fagocitado por macrófagos alveolares Linfonodos regionais Transportado Pigmentações exógenas ANTRACOSE ◦ Acúmulo progressivo Parênquima pulmonar Superfície pleural Linfonodos Trabalhadores de minas de carvão – fibrose e diminuição da capacidade respiratória Coloração negra Manchas irregulares Pigmentações exógenas ANTRACOSE Degradação oxidativo-hidrolítica Ácidos policarboxílicos Lesão componentes da parede alveolar Pigmentações exógenas CANINO ANTRACOSE Pigmentações exógenas CANINO ANTRACOSE Pigmentações exógenas ANTRACOSE Nódulo linfático bronquial Pigmentações exógenas ANTRACOSE Tecido pulmonar Pigmentações exógenas ANTRACOSE Tecido pulmonar Pigmentações exógenas SIDEROSE ◦ Mineiros – minas de ferro ◦ Inalação de partículas ferruginosas ◦ Pulmões com tonalidade ferruginosa ◦ Sideroantracose – é comum Pigmentações exógenas CAROTENOSE Excesso de caroteno no sangue = carotenemia Comum – crianças Indivíduos com hipotireoidismo CAROTENOSE Pigmentações exógenas CANINO ARGIRIA ◦ Deposição – sais de prata = tecidos (sulfeto de prata) ◦ Causa + comum = impregnação mecânica na pele (trabalhadores) minas de prata manufatura – jóias utensílios – prata raramente = brincos tratamento odontológico (amálgama) uso prolongado – medicamento tópico = nitrato de prata Agulhas de acupuntura Argiria localizada Pigmentações exógenas CANINO ARGIRIA – sistêmica ◦ Ingestão / inalação crônica = compostos de prata solúveis ◦ Nitrato de prata ou prata coloidal ◦ Deposição Pele e unhas Macrófagos dos linfonodos Células de Kupffer Membrana basal – glomérulos renais Globo ocular CANINO Pele afetada = cor cinza-azulada Pigmentações exógenas TATUAGEM ◦ Usualmente – limitada = pele ◦ Introdução – pigmentos insolúveis = derme (propositadamente) ◦ Agulhas = gravuras / inscrições Pigmentações exógenas TATUAGEM ◦ Composição química VARIA AMPLAMENTE Corantes orgânicos Metais Solventes ◦ Fagocitado – macrófagos – derme, céls endoteliais e fibroblastos ◦ Reação cutânea = discreta e passageira ◦ Casos = reação alérgica - pigmentos PIGMENTAÇÕES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS karinadrumond@gmail.com
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