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GESTÃO DE PODER EM MAQUIAVEL

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FACULDADE FARIAS BRITO 
 
DAVI SOBRAL MARQUES 
JORDANA DE MORAES SOUSA 
NICOLE FERREIRA VIANA 
PRISCILA FERNANDES CORDEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 
GESTÃO DE PODER EM MAQUIAVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
1 
 
Davi Sobral Marques 
Jordana de Moraes Sousa 
Nicole Ferreira Viana 
Priscila Fernandes Cordeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 
Gestão de Poder em Maquiavel 
Trabalho apresentado ao professor doutor 
Alexandre Carneiro como requisito avaliativo 
na cadeira de Ciência Política e Teoria do 
Estado. 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
2 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 03 
1. MAQUIAVEL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO .......................................... 05 
2. TERMO “MAQUIAVÉLICO” COMO UMA VISÃO NEGATIVA .................... 06 
3. PODER POLÍTICO POSITIVO EM MAQUIAVEL ........................................ 09 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................15 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................16 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
A gestão do poder em Maquiavel é individual e conhecida. Autor de grandes 
obras que abordam assuntos governamentais e militares tais como, O Príncipe, Sete 
Livros sobre a Arte da Guerra e Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, 
Nicolau Maquiavel evidencia as fortes atitudes que o príncipe deve tomar para se 
tornar um forte governante e usar o poder ao seu favor de forma que nenhum outro 
autor falara antes. Através dos ensinamentos tidos como injustos e desonestos sua 
popularidade é em muitos aspectos negativa. 
Em Sete Livros Sobre a Arte da Guerra o autor reflete a época que a Itália 
estava vivendo por volta de 1520, onde o país se encontrava com uma política e 
economia enfraquecida, sendo necessária a presença de um Estado unificado com 
centralização do poder nas mãos do governante aliado a uma força militar para 
eliminar as invasões estrangeiras.1 
Já em sua obra-prima O Príncipe, Maquiavel se preocupa principalmente 
com as atitudes que o príncipe deve tomar para se manter no poder, mesmo que, 
para isso, faça uso da força, uso do poder e o uso das armas do Estado. O método 
utilizado pelo autor para fazer tais escritos se dá através de exemplos de 
governantes da Itália e de outros países. A gestão do poder em O Príncipe se daria 
através de principados novos, que atuassem de maneira eficaz para alcançar os 
benefícios para o povo.2 
 
1A Arte da guerra foi escrito entre 1519 e 1520, num período em que a Itália necessitava de um forte 
líder militar e político que conseguisse criar um Estado unificado no norte do país, para eliminar as 
forças estrangeiras do território italiano. Maquiavel institui conceitos novos, que até então não 
existiam na guerra medieval, como a organização do exército, a hierarquia de comando, a formação 
de soldados, o Estado-Maior e os códigos de leis militares. A seguinte frase ilustra bem o princípio do 
livro: “minha intenção decerto não foi mostrar-vos como a antiga milícia era organizada, mas como 
nossos dias se poderiam ordenar uma milícia com mais virtù do que as de hoje“. Disponível em: 
<http://www.nicolaumaquiavel.com.br/a-arte-da-guerra>. 
2Na obra “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel, o autor apresenta ao príncipe as formas de conquistar e 
se manter no Estado, sendo estes dois os grandes objetivos do príncipe de acordo com Maquiavel, 
superando as condições adversas que se apresentam no caminho do principado. Para Maquiavel, o 
príncipe deve se valer do uso da força, o uso do poder e o uso das armas do Estado em favor do 
próprio povo, sendo este para quem o príncipe governa e faz valer sua posição. Os escritos de 
Maquiavel exortam ao príncipe, sobretudo considerando o contexto conturbado da Itália do século 
XVI, a conquistar a estabilidade do governo fundamentado no conhecimento da historia dos homens 
virtuosos, ou seja, a história dos homens que venceram! Disponível em: 
<http://www.portalalexandria.com/index.php/filosofia/116-analise-da-obra-o-principe-de-nicolau-
maquiavel>. 
4 
 
Na presente pesquisa serão abordadas de forma simples duas versões 
opostas sobre a gestão do poder em Maquiavel, uma que relaciona o adjetivo 
maquiavélico a algo negativo e outra dando a devida importância ao pensamento 
clássico e marcante de Nicolau. 
“Maquiavélico e maquiavelismo são adjetivo e substantivo que estão tanto 
no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia.” 
(WEFFORT, Francisco, 2003:13) 
“O centro do Estado é, assim, o príncipe governante, daí decorrendo, como 
critério político, o seu próprio engrandecimento.” (PAUPÉRIO. 1997:43) 
Em Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio, Maquiavel possui uma 
preocupação com o encadeamento dos fatos que a Itália presencia, por esta passar 
por um momento fragilizado, que o Estado se encontrava problemático, a economia 
atrasada, o poder descentralizado, custando assim, vários grupos com poderes 
ilimitados, onde não teria um que se preocupasse em reestabelecer o país. 
Utilizando desta sequência de eventos, ele demonstra que cursos de ações deverão 
ser seguidos e as normas como auxílio para uma unificação da Itália. Sendo um 
pensamento político, o livro possui semelhanças com a outra obra do autor, O 
Príncipe. Maquiavel retoma o tempo todo o pensamento de que a participação 
política é o fato mais importante para a guarda da liberdade e que o conflito apesar 
de ser um ponto negativo, é uma das bases para se chegar à liberdade, pois sem 
ele, as pessoas não fariam leis e sem leis, não haveria uma organização social 
regras de conduta e controle. 3 
 
 
 
 
3 Maquiavel não se limita a constatar que a participação política é imprescindível para a guarda da 
liberdade e seu potencial conflituoso inerente. Afirma ainda que as boas leis, ou seja, as leis que 
garantem a liberdade, surgem exatamente desse conflito, dos tumultos, não podendo suprimi- los 
sem que seja suprimida a liberdade. O conflito passa a ser, assim, um elemento constitutivo 
fundamental a uma comunidade política que queira realizar a liberdade. Supressão do conflito gera 
supressão da liberdade, segundo sua visão. A partir desse pressuposto, há que se criar formas 
institucionais que consigam dar vazão aos conflitos sem que a comunidade 
política seja posta em risco, permitindo a ampla participação popular. 
5 
 
1. MAQUIAVEL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO 
Em 1513 a Europa vivia um momento de transição. As mudanças excediam 
o âmbito sócio-econômico e adentravam as formas de pensamentos referentes a 
maneira de como o povo e o gestor devem agir para a sociedade ser desenvolvida 
da melhor forma. Esse período é conhecido como Renascimento, advindo do 
reaparecimento de valores da Antiguidade perdidos na Idade Média. É nesse 
momento que o florentino Nicolau Maquiavel escreve O Príncipe. Após a Revolução 
das Comunas é inevitável a decadência da Itália, que acaba sendo fragmentado em 
pequenos Estados e ainda sofre invasões da Espanha e França. Os escritos de 
Maquiavel orientavam como deveria agir o soberano para reerguer a grande 
potência européia, de forma que seria necessária a instauração de um Estado 
moderno e unitário. A superação do sistema feudalpara a instalação de um Estado 
Moderno era, para Edipro a forma da sociedade deparar-se com novos conceitos e 
padrões. 
“A vida de Maquiavel corresponde a um tempo de indefinições estruturais: a 
ordem feudal fora devastada pelo crescimento das cidades e pelo 
fortalecimento crescente de atividades mercantis, artesanais e financeiras, 
que a cada dia se incompatibilizavam mais e mais com a economia agrária, 
então baseada no feudo auto-suficiente e na exploração servil do trabalho. 
Embora o feudalismo resistisse, como tentou continuar ainda nos séculos 
seguintes, era forçado a abrir um espaço cada vez maior para novos 
conceitos e padrões.” (EDIPRO, 1995:14) 
 
De acordo com Nicolau Maquiavel se fazia necessária a superação dos 
métodos feudais na condução da política interna, porque este percebendo as boas 
oportunidades do comércio para a economia italiana haveria o incentivo a 
competitividade tanto por parte dos aristocratas quanto do povo, resultando dessa 
forma, na concretização do novo modelo político italiano. 
A falta de unificação da Itália representava um impasse para o seu 
reerguimento e desenvolvimento, pois o soberano não deve ter seu poder ameaçado 
por outras organizações políticas que porventura apareciam ao fragmentar o Estado. 
 
“Quando Maquiavel nasceu, e ao longo de sua vida, a península italiana era 
um verdadeiro quebra-cabeças político, composto por Estados soberanos 
6 
 
de dimensões territoriais, regimes políticos e diversos estágios de 
desenvolvimento. Os principais eram o Reino de Nápoles, controlado pela 
família Aragão; os Estados pontifícios, que estavam nas mãos da Igreja; o 
Estado florentino, por muito tempo controlado pela família Mediei; o Ducado 
de Milão e a República de Veneza.” (EDIPRO, 1995:16) 
 
No período em que o pensador nasceu a realidade política da Itália era frágil 
e dispersa. A multipolaridade do poder era um dos principais problemas do governo, 
por ter a presença de vários políticos desfrutando do mesmo domínio do território. A 
ausência de um Estado central e a crescente ampliação do poder da igreja gerava 
uma situação conflituosa, pois era essencial um gestor competente que estabilizasse 
o país. 
“Quando o florentino Niccolò di Bernardo Machiavelli nasceu, em maio de 
1469, sua Itália estava desfigurada. Dividida e dominada por potências 
estrangeiras, a Itália não existia como Estado nacional. Como uma colcha 
de retalhos, estava dividida em verdadeiros feudos dominados pelo Papa, 
pelos Médicis, pelos Aragão e invadida por Carlos VIII da França. O 
pensamento político de Maquiavel.” (JÚNIOR Antonio de Freitas, 2007:205) 
 
A Itália por estar fracassada diante de revoltas internas, mas também por 
invasões estrangeiras, preocupava o povo que tanto sofria por ter suas terras 
tomadas por países de fora e temerosas sobre o futuro. A solução seria um Estado 
capaz de coordenar a força, o vigor, a destreza do povo italiano, liderando-os na 
defesa do país contra os estrangeiros. Esse Estado é em Maquiavel personificado 
pela figura do príncipe, apresentando forma de gestão rígida e eficaz, promotora da 
fortificação italiana. 
2. TERMO “MAQUIAVÉLICO” COMO UMA VISÃO NEGATIVA 
A genialidade do grande autor Nicolau Maquiavel é facilmente evidenciada 
após a adjetivação do seu nome. Ser “maquiavélico” ou tomar decisões 
“maquiavélicas” representa há muito tempo uma concepção ruim, as vezes até cruel. 
Em seu livro OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA, Francisco C. Weffort revela que 
independente do ambiente em que é falado o termo relacionado a maquiavélico, seja 
ele político público ou em reações privadas, se referem ao mesmo sentido: 
7 
 
“Em qualquer uma de suas acepções, porém, o maquiavelismo está 
associado a idéia perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, 
traiçoeiro.” (WEFFORT, Francisco, 2003:13). 
Francisco Weffort ao adjetivar Maquiavel revela o caráter tirânico em busca 
da apropriação do poder a qualquer custo. Tais palavras tornam-se críticas às 
técnicas utilizadas pelo percursor do termo ‘maquiavélico’. 
Passou-se cinco séculos depois da elaboração da obra “O Príncipe”, no 
entanto, a praticidade usada para determinar as formas de como um governante 
deve agir para ser um soberano efetivo, surpreende até hoje seus leitores, tais 
como: assegurar-se contra os inimigos, adquirir amigos, vencer ou pela força ou pela 
fraude, fazer-se amar e temer pelo povo, seguir e reverenciar pelos soldados, 
eliminar aqueles que podem ou têm razões para ofender, ordenar por novos modos 
as instituições antigas, ser severo e grato, magnânimo e liberal, extinguir a milícia 
infiel, criar uma nova, manter a amizade dos reis e dos príncipes, de modo que 
beneficiem de boa vontade ou ofendam com temor. (MAQUIAVEL, 1513:32). 
Do destacado depreende-se que, para Maquiavel, o poder político 
administrado pelo soberano deve ser usado de tal forma que não haja meio termo, 
ou seja, suas decisões devem ser absolutas. Conforme Weffort, a resistência à 
aceitação da radicalidade de suas proposições é seguramente o que dá origem ao 
‘maquiavélico’. (WEFFORT, Francisco, 2003:24). Dessa forma, a tomada de 
decisões radicais para alcance de um objetivo pré-determinado é por vezes 
denominado de maquiavélico. 
Outro contexto associado ao termo é encontrado ao fazer crer algo sem ser 
essa a intenção, é o caso quando a ação parece ser boa, no entanto, o objetivo final 
não é de bem comum, mas de mostrar poder de promovê-lo sempre que o fizer 
necessário. 
“Dissimular, prosperar... Maquiavel, com o duplo regozijo do cínico em 
desnudar a natureza humana, e do artista em sentir-se absolto senhor da 
matéria, dá então os supremos e mais sábios retoques a seu retrato do 
príncipe. Pinta a virtude do parecer, do fazer crer, da hipocrisia, pinta a 
onipotência do resultado.” (CHEVALLIER, 1900:38) 
8 
 
Em seu livro AS GRANDES OBRAS POLÍTICAS DE MAQUIAVEL A 
NOSSOS DIAS, Jean-Jacques Chevallier interpreta o que Maquiavel escreveu sobre 
agir como raposa. Para o autor, os príncipes que melhor souberam agir como 
raposas foram os que mais prosperaram. Sob uma condição, no entanto, a de bem 
disfarçarem tal natureza de raposas, de possuírem perfeitamente a arte de simular e 
de dissimular. (CHEVALLIER, 1900:39). 
A ideia de Maquiavel de fazer parecer o que não é faz com que muitas vezes 
o autor seja associado a desonesto e injusto, como falou em seu livro TEORIA 
DEMOCRÁTICA DA SOBERANIA, Arthur M. Paupério: 
“A política maquiavélica é uma técnica do bom êxito, sem nenhuma 
preocupação com a justiça ou a injustiça dos meios empregados. É tão 
independente da lei ética quanto dos princípios da igreja.” (PAUPÉRIO, 
Arthur Machado, 1997:43). 
Ser maquiavélico pode ser associado também a influenciar a sociedade a 
tomar atitudes violentas em busca de um bem desejado pelo gestor. Como são 
culpados os príncipes e as repúblicas que não tem exército próprio. (BATH, 
1994:83). Segundo Maquiavel, em Discursos Sobre Tito Lívio, em relação ao 
desempenho militar, os príncipes e as repúblicas precisam de soldados próprios, 
tendo que preparar seus cidadãos a lutarem numa guerra, caso esta seja necessária 
e honrarem o seu país. É ressaltado que não há cidade forte sem o povo, pois estes 
ao amarem seu país de origem, irão defendê-lo de inimigos, eliminando o 
pensamento de aceitar ajuda de soldados de outros países, por não serem dessa 
pátria e por elas não nutrir nenhum sentimento de proteção, não se preocuparão em 
ter êxito total. 
Apesar de bem explicado como o príncipe deveria agir, esse indivíduo se 
trata de um elemento utópico, ou seja, resultado muito difícil de ser adquirido, haja 
vista a capacidade intrínsecae fatores externos que deveriam atuar em consonância 
para admitir tal feito. Gramsci em NOTES SUR MACHIAVEL, SUR LA POLITIQUE 
ET SUR LE PRINCE MODERNE sintetiza: 
“O caráter utópico do príncipe reside no fato de que o príncipe não existia 
na realidade histórica não é apresentada ao povo italiano com caracteres 
9 
 
imediatismo objetivos, mas era pura abstração doutrinária, o símbolo chefe 
do condottiere ideal. ” (GRAMSCI). 
3. PODER POLÍTICO POSITIVO EM MAQUIAVEL 
Em meio a um contexto político marcado por enfraquecimento econômico e 
político, aliado a uma forte influência da igreja no governo que em muito o 
prejudicava, a obra O Príncipe de Maquiavel abriu os olhos não só daqueles que se 
tornariam novos governantes, mas de toda a sociedade. Em sua obra DO 
CONTRATO SOCIAL, Rosseau diz: 
“Maquiavel, fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo”. 
(ROSSEAU, 1762 aput CHEVALLIER,1900:47) 
Percebe-se hoje, que através dos ensinamentos de Maquiavel em relação à 
união do povo que consiste em projetos coletivos e causas mais amplas resultam 
em um melhor convívio social. Maquiavel mostrou a sociedade através de suas 
lições, a importância que esta exerce sobre o governante e sua legitimidade, fatores 
que são muito presentes na sociedade atual. É comum na contemporaneidade 
recorrer de manifestações públicas para mudar aquilo que não visa o bem da 
maioria. 
Para Maquiavel, o príncipe deve sempre agradar ao povo, haja vista o poder 
da união dos seus súditos perante o Estado. Caso a maioria, que pertence à classe 
mais inferior se volte contra o governante, fizer uma revolução poderá fazer o gestor 
perder sua autoridade. Além disso, sem injúria aos outros, não se pode 
honestamente satisfazer os grandes, mas sim pode-se fazer bem ao povo, eis que o 
objetivo deste é mais honesto daquele dos poderosos, querendo estes oprimir 
enquanto aquele apenas quer não ser oprimido. (MAQUIAVEL, 1513:39). 
Também em Discursos sobre Tito Lívio é possível observar a confiança 
digna do povo, além disso, os discursos retratavam o conceito de liberdade e virtude 
cívica. A obra que falava sobre a primeira década de Tito Lívio foi escrita pelo poeta 
e diplomata Nicolau Maquiavel em 1517, porém só publicada em 1531. Tito Lívio era 
um filósofo e escritor que presenciou até o final da sua vida guerras internas, no qual 
10 
 
a partir disso, fez a criação da obra: Desde a fundação da cidade, que narra a 
trajetória de Roma desde o início e as histórias na época de Júlio César.4 
“A quem se pode confiar com mais segurança a defesa da liberdade: os 
aristocratas ou o povo? Quais são os que têm mais motivos para instigar 
desordens: os que querem adquirir ou os que querem conservar?” (BATH, 
1994:33). 
Para Maquiavel, a classe mais baixa representada pelo povo, é digna de 
confiança, por não almejarem benefícios próprios, querendo apenas a garantia de 
alimentação, segurança e trabalho. As desordens são mais prováveis serem feitas 
pelos aristocratas, por ser um grupo que não aceita desfazer-se dos luxos 
conquistados pelo dinheiro e almeja sempre o poder igual do governante ou ainda 
maior. 
Outro ponto positivo da gestão do poder em Maquiavel é o estudo anterior 
dos governantes dos Estados europeus, dando a devida importância de evidenciar 
os méritos, para serem copiados e os erros para não serem repetidos. 
“Guiado pela busca da ‘verdade efetiva’, Maquiavel estuda a história e 
reavalia sua experiência como funcionário do Estado”. (WEFFORT, 
Francisco, 2003:19) 
Estrategista e observador, Maquiavel se utiliza de exemplos de grandes 
nomes de governantes, que obtiveram os maiores feitos, buscando que os leitores 
das suas obras, reproduzam as ações e tenham sucesso. Para tal, um príncipe fraco 
pode se manter no poder, caso seja sucessor de um príncipe forte e apto, pois 
colherá os frutos do seu antecessor e conseguirá continuar com as vitórias antigas, 
mas o Estado não conseguirá se sustentar, quando um príncipe fraco for seguido 
por outro do mesmo jeito, porque não terá aproveitamento de conquistas, nem 
sabedoria por parte de nenhum dos dois, resultando no fracasso imediato de um 
reinado desorganizado. E por último, se dois príncipes aptos e sábios se sucederem, 
 
4 Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio é uma obra escrita por Nicolau Maquiavel em 1517, 
publicada postumamente em 1531. Tito Lívio foi um filósofo e escritor que cresceu em meio às 
guerras civis que assolavam a Itália na época de Júlio César. Dedicou seus últimos quarenta anos de 
vida à obra “Desde a fundação da cidade”, que consiste em uma narrativa da história de Roma, 
dividida em 142 livros, dos quais 35 são conhecidos. O tamanho e abrangência da obra tornaram 
“Desde a fundação da cidade” um clássico que influenciou grandes personagens históricos, entre 
eles, Alexis de Tocqueville, Montesquieu e Maquiavel. Disponível em: < 
http://www.nicolaumaquiavel.com.br/discursos-sobre-a-primeira-decada-de-tito-livio>. 
11 
 
vão ser senhores de grandes obras e erguerão o Estado por portarem grandes 
qualidades. 
“Quando se considera as qualidades e o comportamento de Rômulo, de 
Numa e de Tulo, os três primeiros monarcas romanos, não se pode deixar 
de admirar como foi feliz aquela cidade, que teve primeiro um rei belicoso e 
cheio de ousadia; depois, um príncipe pacífico e religioso; e um terceiro 
soberano, de coragem a de Rômulo, mais inclinado aos perigos da guerra 
do que as benesse da paz. ” (BATH, 1994:79). 
Maquiavel acredita que o Estado deve ter poder absoluto representado pelo 
Príncipe, este deve ser escolhido pelo povo e imediatamente receber autoridade 
necessária para solucionar todo e qualquer problema que surgir em seu território. 
Quando a nação encontra-se ameaçada de deterioração, quando a corrupção 
alastrou-se, é necessário um governo forte, que crie e coloque seus instrumentos de 
poder para inibir a vitalidade das forças desagregadoras e centrífugas. (WEFFORT, 
2003:20). Esse poder garante segurança ao povo, pois, caso houvesse um poder 
equivalente ao do soberano, iria ser falho, por exemplo, o poder militar, já que este 
não está preparado para administrar, pois não possui valores intrínsecos como 
sabedoria e aptidão e é incapaz de visar o bem comum. 
“É por assim dizer uma regra geral de que as repúblicas e os reinos que não 
receberam as suas leis de um único legislador, ao serem fundados ou 
durante alguma reforma fundamental que se tenha feito não possam ser 
bem organizados. É necessário que um só homem imprima a forma e o 
espírito do qual depende a organização do Estado.” (BATH, 1994:49). 
Nicolau faz semelhanças a obra O Príncipe, quando na Primeira Década de 
Tito Lívio, ressalta a importância de um governo centralizado, que será necessário 
tanto em repúblicas como em monarquias, visto que um governo com o poder 
descentralizado, não passará autoridade para o povo e não terá firmeza na 
elaboração de leis, tornando um Estado Caótico. 
Arthur Machado Paupério interpreta diante a obra O Príncipe de Maquiavel, 
que o centro do Estado está diretamente ligado ao governante, no qual quanto maior 
seu desenvolvimento, maior será o engrandecimento da sociedade. Personificado no 
príncipe, vem de Maquiavel o que se convencionou chamar a razão do Estado. 
(PAUPÉRIO. 1997:43). 
12 
 
Para Gramsci foi importante o modelo de príncipe ideal para os futuros 
monarcas, pois este mostrava características que o gestor precisaria ter para uma 
melhor organização social e controle efetivo do Estado: 
“Príncipe de Maquiavel poderia ser estudado como uma ilustração histórica 
do "mito" soreliano, isto é,uma ideologia política que se apresenta não 
como uma utopia fria ou uma argumentação doutrinária, mas como a 
criação de uma imaginação concreta que opera sobre um povo disperso e 
pulverizados para criar e existem para organizar uma vontade coletiva.” 
(GRAMSCI, 1931-1933:03) 
Dos homens pode-se dizer, geralmente, são ingratos, volúveis, simuladores, 
tementes do perigo, ambiciosos de ganho, assim falou Nicolau Maquiavel sobre a 
necessidade de controle do homem, visto que, sem obrigações e modelos de 
conduta a sociedade se tornaria caótica e, portanto, não sobreviveria sem o Estado 
instituindo poder político. 
“O poder político tem, pois, uma origem mundana. Nasce da própria 
‘malignidade’ que é intrínseca à natureza humana. Além disso, o poder 
aparece como a única possibilidade de enfrentar o conflito, ainda que 
qualquer forma de ‘domesticação’ seja precária e transitória”. (WEFFORT, 
Francisco, 2003:20). 
Maquiavel possui uma visão pessimista sobre os homens, acha-os 
ambiciosos, invejosos e mentirosos, acredita que mesmo o governante sendo bom e 
misericordioso com estes, será traído, por se aproveitarem de tais virtudes, para 
conquistar prestígio e se for tirano demais, será julgado por atos exagerados, tendo 
que buscar sempre a harmonia de ambas as partes, caso não seja possível os dois, 
que prefira ser temido, pois assim será respeitado e terá um governo estável e 
duradouro. Então em meio a um caráter duvidoso, o Estado deverá possuir um 
poder sobre a sociedade, para além de uma organização, ter o controle social, 
estimulando-os por regras a uma conduta considerada certa e justa. 
 “O decenvirato nos fornece um exemplo da facilidade com que os homens 
se deixam corromper; da presteza com que o seu caráter se transforma, 
ainda quando naturalmente bom e cultivado pela educação. ’’ (BATH, 
1994:139). 
Tendo em vista a necessidade do controle do Estado perante o homem, que 
possui caráter tão duvidoso e que está o tempo todo utilizando da competição para 
13 
 
obter lucros e benefícios, é fundamental que na política recente haja leis e formas de 
comando que comprovem a autoridade do Estado. 
Outro ponto positivo ressaltado por Maquiavel em O Príncipe é a 
competência dos ministros, que deveriam ser justos, não buscando benefícios-
próprios para assim, ajudarem o monarca sempre que for preciso, guiando o gestor 
a fazer escolhas boas. Não é de pouca importância para um príncipe a escolha dos 
ministros. (MAQUIAVEL, 1513:91). 
Em relação aos juízes, este diz que são necessários muitos, porque se 
houver poucos, irão ser tomadas decisões que desagradam à maioria, portanto 
quanto mais juízes julgando, maior será a efetivação da justiça.5 
A Arte da Guerra foi outra obra de Maquiavel que tratava sobre assuntos de 
administração de poder, João Carlos Brum Torres, em auxílio ao livro A Arte da 
Guerra com Tradução e notas de Eugênio Vinci de Moraes refletiu sobre a obra ser 
direcionada também aos cidadãos de Florença, cidade italiana de Maquiavel, esses 
cidadãos não se conformam com a decadência e impotência italiana perante as 
potências Espanha e França6. 
“Muito embora a grandeza e o prestígio incomparável de Maquiavel se 
derivem em grande e decisiva medidade seu inédito modo de isolar o 
fenômeno do poder e de analisá-lo imanentemente, sem as distorções que 
a associação das questões de poder às questões éticas não pode deixar de 
acarretar, não é menos verdade que a obra do florentino é também,em uma 
outra dimensão, a obra do patriota.” (TORRES, 2007:17). 
 
Os príncipes e as repúblicas que querem impedir a corrupção do Estado 
devem sobretudo manter sem alterações os ritos religiosos e o respeito que 
inspiram. ’’(BATH, 1994:61). As religiões possuem como base uma instituição que as 
 
5 Algumas características devem estar presentes para que o povo funcione efetivamente como 
guardião: a instância última de julgamento de uma cidade, ao menos em relação à violação ou não de 
sua liberdade, deve ser o próprio povo, e não algum magistrado investido de poderes pessoais. Os 
juízes devem ser muitos nesses casos, pois os poucos tendem sempre a julgar em favor dos poucos. 
Disponível em: < http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/33/artigo243075-2.asp>. 
²Quer dizer: é também a obra do cidadão de Florença que não se conforma com a ¹impotência e a 
decadência italianas, com a ausência de um Estado nacional e com as humilhações que daí 
decorrem: mais do que tudo, a submissão repetida das questões italianas à influência e à vontade 
das grandes potências, notadamente Espanha e França. Referência a A Arte da Guerra. (A Arte da 
GuerraTradução e notas de Eugênio Vinci de Moraes, 2007, p.17). 
14 
 
coordenam, como estas já estão presentes desde o início das civilizações e é um 
costume do ser humano apegar-se a elas, não poderá ser interferida, porque para o 
autor o respeito e a conservação será importante para manter o equilíbrio. Tendo o 
exemplo do livro, a Igreja Romana exerce uma forte influência sobre o modo de vida 
das pessoas e desafiá-las geraria um confronto desnecessário, sendo melhor 
manter a aliança, porém não a garantindo poder ilimitado, para não ter um abuso 
deste. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nesta pesquisa exploramos algumas das principais características da gestão 
política em Maquiavel. Apresentamos livros escritos pelo autor e livros comentados 
por diferentes pensadores ao decorrer da evolução social. As citações foram 
voltadas principalmente para a forma de como Nicolau Maquiavel entendia sobre um 
governo eficaz, que possuía como características: centralização do poder, aptidão e 
sabedoria do gestor e escolha de assessores capacitados para que pudéssemos, 
posteriormente, obter uma analogia da forma de administração do Estado em que 
Maquiavel conviveu com a sociedade política atual. 
Mostramos alguns nomes de grandes monarcas e republicanos que se 
mantiveram no poder em razão de competência, não de sorte, caso de Rômulo, 
Numa e Tulo e abordamos sua trajetória no contexto histórico, evidenciando o 
significado político de suas obras no mundo atual. 
Ao realizarmos este trabalho obtivemos uma compreensão da necessidade 
da política seja como ciência de forma teórica ou como sistema de organização de 
forma prática, assim resultando no entendimento dos fundamentos da formação 
política da sociedade moderna tal como o homem político-moderno. 
É possível, dessa forma, entender o motivo pelo qual Nicolau Maquiavel 
tornou-se um ícone tão singular na Ciência Política se tornando cada vez mais 
presente no cotidiano das pessoas e das decisões a respeito de eficiência 
governamental. 
16 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ALUNOS ONLINE. Disponível em: <http://alunosonline.uol.com.br/historia/nicolau-
maquiavel-sua-principal-obra-principe.html>. Acessado em: 18 de novembro de 
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CHEVALLIER, Jean-Jacques. As Grandes Obras Políticas de Maquiavel aos Nossos 
Dias, Rio de Janeiro, 1900; 
EBIOGRAFIA. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/nicolau_maquiavel/>. 
Acessado em 13 de outubro de 2016; 
EDIPRO. Escritos Políticos. Tradução Lívio Xavier. Bauru, 1995; 
GRAMSCI, Antonio. Notes sur Machiavel, surla politique et surle Prince moderne, 
1931; 
JÚNIOR, Antonio de Freitas. O pensamento político de Maquiavel. Brasília a. 44 n. 
174 abr./jun. 2007. Disponível em: 
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/141333/R17410.pdf?sequence
=4>. Acessado em 18 de novembro de 2016. 
MAQUIAVEL, Nicolau.Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Trad. De 
Sérgio Bath, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1994, 3ª edição. 
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, Paris, 1513; 
MORAES, Eugênio Vinci de. A Arte Da Guerra Tradução e notas de Eugênio Vinci 
de Moraes. Introdução de João Carlos Brum Torres, 2007; 
NICOLAU MAQUIAVEL. Página online que consta a história, importância, principais 
obras e influências de Nicolau Maquiavel na sociedade. Biografia resumida e clara. 
Disponível em <http://www.nicolaumaquiavel.com.br/a-arte-da-guerra>, acessado 
em 15 de outubro de 2016; 
NICOLAU MAQUIAVEL. Página online que consta a história, importância, principais 
obras e influências de Nicolau Maquiavel na sociedade. Biografia resumida e clara. 
Disponível em: <http://www.nicolaumaquiavel.com.br/discursos-sobre-a-primeira-
decada-de-tito-livio>, acessado em 24 de outubro de 2016; 
17 
 
PAUPÉRIO, Arthur Machado. Teoria Democrática da Soberania, 1997; 
PORTAL ALEXANDRIA. Projeto desenvolvido em maio de 2009 na faculdade de 
História na Universidade Metropolitana de São Paulo (UNIMESP). Tem como foco 
principal as áreas de humanas e Artes. Compartilha com seus leitores o esforço em 
compreender os caminhos da sociedade, a audácia de provocar reflexões e o amor 
pelas artes. Tudo de forma profissional, mas sem perder o estilo autoral e a 
proximidade com os leitores. Disponível em 
<http://www.portalalexandria.com/index.php/filosofia/116-analise-da-obra-o-principe-
de-nicolau-maquiavel>. Acessado em 18 de outubro de 2016. 
REVISTA FILOSOFIA. Site desenvolvido pela Editora Escala. Divulga pesquisas 
filosóficas de diversos momentos históricos, as pesquisas são comentadas por 
professores da área. Disponível em: <http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-
sabedoria/33/artigo243075-2.asp>. Acessado em 25/10/2016 
WEFFORT, Francisco C. Os Clássicos da Política, São Paulo-SP, 2003.

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