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Conceitos em saúde, doença e adoecimento Glaucia Justo UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA CAMPUS TIJUCA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA:NUTRIÇÃO E SAÚDE COLETIVA CÓDIGO NUT 8032 PROFESSOR: GLAUCIA F. JUSTO O conceito de saúde é igual para todas as pessoas? O que pode interferir nas compreensões individuais de saúde? Escolaridade? Sexo? Época em que se vive? Outras questões.... Questões que vão além do biológico. Histórico: Na Antiguidade, quando das religiões politeístas, acreditava-se que a saúde era dádiva, e a doença, castigo dos deuses. Xamãs e deuses Com o decorrer dos séculos e com o advento das religiões monoteístas, a dádiva da saúde e o castigo da doença passaram a ser de responsabilidade de um único Deus. Conceitos saúde - Histórico No entanto, 400 anos a.C. Hipócrates desenvolveu o tratado “Os ares e os lugares, no qual relaciona os locais da moradia, a água para beber, os ventos com a saúde e a doença. Hipócrates postulou a existência de quatro fluidos (humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Desta forma, a saúde era baseada no equilíbrio desses elementos. Conceitos saúde - Histórico Séculos mais tarde, as populações passaram a viver em comunidade, e a teoria miasmática (maus sares) surgiu, esta consiste na crença de que a doença é transmitida pela inspiração de “gases” de animais e dejetos em decomposição (BUCK et al , 1988) Doenças são levadas aos seres humanos através de uma ‘nuvem’ de sujeiras de odor fétido que pairam sobre um indivíduo (doença) ou sobre uma comunidade (epidemia). Essas sujeiras eram chamadas de miasma. Hospitais – instituições para escória da sociedade: leprosos, loucos, prostitutas com doenças venéreas, marginais etc. Teoria dos Miasmas – séc. XVII Século XVII- XVIII René Descartes: Postulava um dualismo mente-corpo, o corpo funcionando como uma máquina. Desenvolvimento da anatomia, também consequência da modernidade, afastou a concepção humoral da doença, que passou a ser localizada nos órgãos. Século XIX Bacteriologia: Louis Pasteur Nas últimas décadas do século XIX, com o trabalho de bacteriologistas como Koch e Pasteur, afirma–se um novo paradigma para a explicação do processo saúde–doença. Nessa época nascia também a epidemiologia, baseada no estudo pioneiro do cólera em Londres, feito pelo médico inglês John Snow (1813- 1858), e que se enquadrava num contexto de “contabilidade da doença”. Cria-se a primeira escola de saúde pública nos Estados Unidos, na Universidade Johns Hopkins. A teoria microbiana passa a ter, já nos fins do século XIX, uma predominância de tal ordem que, em boa medida, fez obscurecer algumas concepções que destacavam a multicausalidade das doenças ou que apontavam para os fatores de ordem socioeconômica. Na atualidade, identifica-se o predomínio da multicausalidade, com ênfase nos condicionantes individuais. Como alternativa para a sua superação, propõe-se a articulação das dimensões individual e coletiva do processo saúde-doença. Conceitos saúde - Histórico Histórico do Processo Saúde e Doença Histórico do Processo Saúde e Doença Conceitos saúde - Histórico Segundo o conceito de 1947 da Organização Mundial da Saúde (OMS), com ampla divulgação e conhecimento em nossa área, a saúde é definida como: “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1947). Já no Brasil, em 1986, foi desenvolvida a VII Conferência Nacional de Saúde, na qual foram discutidos os temas saúde como direito; Nessa conferência adotou-se o seguinte conceito sobre saúde: ...em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida (BRASIL, 1986). Conceitos saúde - Histórico Na Constituição Brasileira de 1988 a SAÚDE: “Direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços, para sua promoção, proteção e recuperação(Constituição de 1988)”. Conceitos saúde - Histórico Perkins “Saúde é um estado de relativo equilíbrio de forma e função do organismo, que resulta de seu ajustamento dinâmico, satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo.” Outros autores: Amartya Sen “Saúde é um dos itens de bem-estar social, o que termo relacionado à possibilidade de vida digna, onde os indivíduos tenham liberdade de realizar as escolhas que lhes sejam valorozas” Conceitos saúde - Histórico Outro aspecto da saúde Canguilhem e Caponi (1995) consideram que, para a saúde, é necessário partir da dimensão do ser, pois é nele que ocorrem as definições do normal ou patológico (doença). O considerado normal em um indivíduo pode não ser em outro; não há rigidez no processo. Dessa maneira, podemos deduzir que o ser humano precisa conhecer-se, necessita saber avaliar as transformações sofridas por seu corpo e identificar os sinais expressos por ele. Esse processo é viável apenas na perspectiva relacional, pois o normal e o patológico só podem ser apreciados em uma relação. Fisiopatologia Dor Processo mental Sofrimento Simbologismo Diversas dimensões: Fisiológica e médica; Religiosa; Cultural Doença Dimensão fisiológica e médica: Dimensão do cuidado médico: consultas, uso de medicação, cuidados de enfermagem, presença ou não de feridas e outros sinais físicos, necessidade de outros cuidados multiprofissionais (fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, odontologia e muitos outros) Processo de adoecimento Doença: Dimensão religiosa: atrelamento dos eventos negativos na saúde a castigo por conduta não correta (‘pecado’) Como explicar o adoecimento de padres, madres, freiras, pessoas caridosas... Como explicar a sobrevivência de ‘malandros’, bêbados, viúvas (bruxaria?) às epidemias. Processo de adoecimento Processo de adoecimento Dimensão da culturas: mitos e tabús. Ex.: exposição ao ‘sereno’, frio, calor, sujeiras... “Golpe de ar”: resfriados Sorvete: amigdalite “Manga com leite empedram no estômago” Determinantes sociais da saúde Conceito atualmente bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. A comissão homônima da Organização Mundial da Saúde (OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. O principal desafio dos estudos sobre as relações entre determinantes sociais e saúde consiste em estabelecer uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de natureza social, econômica, política e as mediações através das quais esses fatores incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas, já que a relação de determinação não é uma simples relação direta de causa–efeito. Determinantes sociais da saúde Determinantes da Saúde (Dahlgrene Whitehead) ESTADO DE SAÚDE DETERMINANTES DO ESTADO DE SAÚDE Caracteres Raciais e Antropológicos Caracteres Genéticos e Hereditários Sexo e Idade Hábitos, Vícios, Abuso de Drogas Outros: Alimentação, Exercício, etc. Lazer, Recreação. Físico Biológico Sócio-Econômico (ocupação, salário, etc) AMBIENTE SERVIÇOS DE SAÚDE ESTILO DE VIDA BIOLOGIA Reabilitação Tratamento Prevenção e Promoção Mortalidade Infantil no Brasil O que vocês observam comparando os dois gráficos? SaúdeSaúdeSaúdeSaúde LazerLazer HabitaçãoHabitação EducaçãoEducação AlimentaçãoAlimentação AssistênciaAssistência RendaRenda Fatores genéticosFatores genéticos Combate à supremacia do modelo biomédico MODELO BIOMÉDICO Doença interpretada como desvio da normalidade; Modelo simplista de funcionamento do corpo humano, equivalente à mecânica Humanização. Conclusões Informar os pacientes sobre suas doenças; Compreender as diversas dimensões da saúde e da doença; Esclarecer as opções de tratamento; Dar ao paciente a autonomia da escolha terapêutica (o que reduz o poder que muitos profissionais buscam ao escolher a área médica) Conclusões Atividade valendo nota A1 Atividade 1 Resenha crítica do artigo: SCLIAR, M. História do Conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p.29-41, 2007. INDIVIDUAL ENTREGAR NO DIA DA A1 ORIENTAÇÕES E O ARTIGO ESTÃO NO “SISTEMA DO ALUNO” Bibliografia CAMPOS, G. W. S.; AMARAL, M. A. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção com referenciais teóricos operacionais para a reforma do hospital. Ciência e Saúde Coletiva, v.12, n.4, p.849-859, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Redes de produção de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009b. 44 p. BRASIL. Ministério da Saúde. A Estratégia da Saúde da Família na Atenção Básica do SUS. Universidade Federal de São Paulo, 2011.
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