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0 UNISUAM ENGENHARIA ELÉTRICA CONVERSÃO DE ENERGIA Prof. RAED 2017-2 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Máquinas Elétricas e Transformadores Autor: Irving I. Kosow - Editora: Globo • Transformadores Autor: Alfonso Martignoni – Editora: Globo • Transformadores Teoria e Ensaios Autores: José Carlos de Oliveira João Roberto Cogo José Policarpo G. de Abreu Editora: Edgard Blücher Ltda • Máquinas Elétricas Autor: A. E. Fitzgerald – Charles Kingsley Jr – Alexander Kusko Editora: Mc Graw-Hill • Fundamentos de Máquinas Elétricas Autor: Stephen J. Chapman Editora: Bookman; Mc Graw Hill - Edição: 5° • Transformadores Autor: Rubens Guedes Jordão - Editora: Edgard Blücher Ltda • Fundamentos de Máquinas Elétricas Autor: Vincent Del Toro - Editora: LTC • Máquinas Elétricas Autor: Syed A. Nasar - Editora: Mc Graw-Hill • Manual de Equipamentos Elétricos Autor: João Mamede Filho – Vol 2 – Editora: LTC 2 CONTEÚDO BÁSICO DA DISCIPLINA • Transformador monofásico • Autotransformador monofásico • Transformador trifásico TRANSFORMADOR MONOFÁSICO Definição – é um dispositivo eletromagnético, que acopla dois ou mais circuitos elétricos de iguais ou diferentes tensões, sem haver conexão condutiva entre eles, através de um circuito magnético condutor. O transformador tem como principal função a transferência de potência, por indução eletromagnética, transformando tensão e corrente alternada entre dois ou mais circuitos sem mudança de frequência. O transformador é constituído de dois ou mais enrolamentos e de um núcleo que poderá ser o próprio ar ou feito de ferro ou outro material. Existem na prática dois tipos de circuitos magnéticos: o de núcleo envolvido e o de núcleo envolvente. O núcleo envolvido possui a forma indicada a seguir para o transformador monofásico e trifásico. Neste tipo de núcleo os enrolamentos colocados sobre as colunas envolvem o respectivo circuito magnético sem serem envolvidos por este. 3 O núcleo envolvente adquire a forma indicada abaixo. Neste tipo de núcleo os enrolamentos envolvem o respectivo circuito magnético, ficando, porém, envolvidos por este. Os enrolamentos ficam quase totalmente cobertos pelo núcleo, de onde surgiu também o nome de encouraçado. Principais aplicações do transformador • Circuitos de potência (transformadores de força usados nas redes de distribuição e nas subestações); • circuitos de controle e proteção (transformador de corrente - TC e transformador de potencial - TP); • circuitos eletrônicos (transformador de acoplamento) para desempenhar funções de casador de impedâncias, ou seja, transferir a máxima potência da fonte para a carga; • isolamento de circuitos. Princípio de funcionamento do transformador Uma característica do transformador é transferir energia elétrica de um enrolamento elétrico para outro. O seu funcionamento se baseia no princípio da indução eletromagnética e exige apenas a presença de um fluxo alternado no tempo, concatenando todos os enrolamentos. Tal ação pode ser obtida de forma mais eficiente nos transformadores com o núcleo de ferro, porque a maior parte do fluxo está confinada a um caminho definido. A indução eletromagnética será mais intensa nos materiais ferromagnéticos, devido a permeabilidade magnética ter um valor muito maior que no núcleo de ar. 4 Para entender o princípio de funcionamento do transformador, é necessário analisar um transformador ideal, no qual sejam nulas as resistências elétricas dos enrolamentos, as perdas no ferro e as dispersões magnéticas. Funcionamento a vazio Considerando um transformador com dois enrolamentos e se for ligado a um destes enrolamentos uma fonte de tensão alternada no tempo de valor eficaz (𝑉1), este enrolamento passa a ser denominado de primário (𝑁1), e nele aparecerá uma pequena corrente de regime, chamada de corrente de excitação (𝐼0). Essa corrente produz um fluxo mútuo alternado (𝑚) no circuito magnético, concatenando com o enrolamento primário e com o outro enrolamento que é chamado de secundário (𝑁2). E caso o enrolamento secundário esteja funcionando em circuito aberto, é definido que o transformador está operando a vazio. Supondo nula a resistência ôhmica, o enrolamento primário comporta-se como um circuito puramente indutivo. Este absorverá, portanto, determinada corrente de magnetização denominada de 𝐼𝑚, defasada de 90º em atraso com respeito à tensão aplicada 𝑉1. Esta corrente produzirá um fluxo (), que na hipótese feita, fica totalmente canalizado no núcleo. Este fluxo é evidentemente um fluxo alternado que varia com a mesma fase da corrente 𝐼𝑚, que o produz. Se 𝑚á𝑥 é o valor máximo deste fluxo e = 2 . . 𝑓 (sua pulsação) ele induz em cada espira que o abraça uma fem cujo valor é de .𝑚á𝑥. Esta fem é defasada de 90º em atraso com respeito ao fluxo. No enrolamento primário composto de 𝑁1 espiras agrupadas em série, gera-se uma fem (primária) que adquire o seu valor máximo igual a: 𝐸1𝑚á𝑥 = .𝑚á𝑥 . 𝑁1 Esta fem é representada no diagrama pelo vetor 𝐸1 a 90º em atraso com respeito ao vetor que representa o fluxo. Analogamente o mesmo fluxo induz no outro enrolamento composto por 𝑁2 espiras, a fem secundária cujo valor máximo será: 𝐸2𝑚á𝑥 = .𝑚á𝑥 . 𝑁2. 5 Esta fem é representada no diagrama pelo vetor 𝐸2 a 90º em atraso com respeito a e, portanto, em fase com 𝐸1. Os valores eficazes das duas fem, primária e secundária, são dadas por: 𝐸1 = 𝐸1𝑚á𝑥 √2 = .𝑚á𝑥 . 𝑁1 √2 = 𝑁1 . 2 . . 𝑓 .𝑚á𝑥 √2 = 4,44 . 𝑁1 . 𝑓.𝑚á𝑥 𝐸2 = 𝐸2𝑚á𝑥 √2 = .𝑚á𝑥 . 𝑁2 √2 = 𝑁2 . 2 . . 𝑓 .𝑚á𝑥 √2 = 4,44 . 𝑁2 . 𝑓.𝑚á𝑥 De onde, dividindo-se membro a membro, obtém-se: 𝐸1 𝐸2 = 𝑁1 𝑁2 As duas fem, primária e secundária, estão entre si na relação direta dos números das espiras dos respectivos enrolamentos. 6 O diagrama mostra que as fem induzidas nos dois enrolamentos resultam em oposição de fase com a tensão primária. Portanto, a fem primária 𝐸1 reage sobre a tensão aplicada 𝑉1 como uma força contraeletromotriz (fcem). Supondo nula a resistência ôhmica e as dispersões magnéticas, portanto, nula a queda de tensão correspondente, deverá resultar 𝑉1 = 𝐸1. Esta condição determina o valor do fluxo que deve produzir-se no núcleo. O fluxo no núcleo deverá adquirir o valor máximo 𝑚á𝑥 que fica determinado pela relação: 𝑚á𝑥 = 𝐸1 4,44 . 𝑓 . 𝑁1 Se for fixada a tensão primária 𝑉1, o fluxo no núcleo será completamente independente da forma e da relutância do sistema, a qual intervirá somente para determinar o valor da corrente de magnetização 𝐼𝑚 necessária a produzi-lo. Se a relutância 𝑹 do núcleo, correspondente ao valor máximo 𝑚á𝑥 do fluxo, a corrente de magnetização 𝐼𝑚 deverá alcançar um valor máximo 𝐼𝑚𝑚á𝑥 que ficará determinado pela relação: 𝑁1 . 𝐼𝑚𝑚á𝑥 = 𝑅 .𝑚á𝑥 No funcionamento em vazio do transformador a tensão 𝑉1 aplicada ao enrolamento primário produz um fluxo que por sua vez gera no enrolamento primário a fcem 𝐸1 igual e contrária à tensão aplicada. Este fluxo é produzido pela corrente magnetizante 𝐼𝑚, defasada de 90º em atraso sobrea tensão 𝑉1. Para se reduzir esta corrente, ao menor valor possível, é necessária que a relutância do núcleo seja a menor possível. No transformador ideal, a fem primária 𝐸1 foi considerada igual a tensão aplicada 𝑉1. Substituindo- se a fem secundária 𝐸2 pela tensão que se manifesta nos extremos do circuito secundário 𝑉2 (com circuito aberto) pode-se escrever: 7 𝑉1 𝑉2 = 𝐸1 𝐸2 = 𝑁1 𝑁2 = Onde é a relação de transformação do transformador. Aplicando ao circuito primário a tensão 𝑉1, nos terminais do secundário aparecerá a tensão 𝑉2 = 𝑁2 𝑁1 . 𝑉1. Construindo-se o enrolamento secundário com elevado número de espiras em relação ao primário, pode-se obter uma tensão secundária elevada, mesmo que a tensão primária seja muito pequena. Inversamente, alimentando-se o enrolamento possuidor de muitas espiras com uma tensão elevada, pode-se obter no outro enrolamento uma tensão reduzida. Existe, assim, a possibilidade de realizar qualquer relação de transformação unicamente fixando convenientemente a relação das espiras 𝑁1 𝑁2 ; nos transformadores esta relação coincide com a relação 𝐸1 𝐸2 ; enquanto a relação 𝑉1 𝑉2, , resulta, como será visto posteriormente, um pouco diferente em consequência das quedas de tensão nos enrolamentos. Funcionamento com carga Se nos terminais do enrolamento secundário houver uma impedância (que se supõe de caráter indutivo), a fem 𝐸2 faz circular nesta a corrente 𝐼2, que resultará defasada com respeito à fem de certo ângulo 2 . Esta corrente secundária, circulando nas espiras do enrolamento correspondente, produz sobre o núcleo uma força magnetomotriz expressa por: 𝑁2 . 𝐼2 em fase com 𝐼2, a qual tende evidentemente a alterar o fluxo produzido pela força magnetomotriz 𝑁1 . 𝐼𝑚. Nestas condições, alteram-se as fem induzidas nos dois enrolamentos, o que produz no circuito primário um desequilíbrio entre a tensão aplicada 𝑉1 e a fem contrastante 𝐸1. O enrolamento primário absorverá uma corrente mais elevada. A nova corrente absorvida deverá ser tal que possa restabelecer o equilíbrio preexistente entre a tensão aplicada 𝑉1 e a correspondente fem. É fácil compreender, portanto, que começando circular uma corrente 𝐼2 no circuito secundário, no enrolamento primário é imediatamente chamada, além da precedente corrente de magnetizante 𝐼𝑚 uma nova corrente 𝐼′1, chamada de corrente primária de reação ou componente primária de carga, cuja fmm 𝑁1 . 𝐼′1 se destina a equilibrar a fmm secundária 𝑁2 . 𝐼2. 8 O diagrama vetorial mostra que o vetor 22 . IN se contrapõe ao vetor ' 11 . IN igual e oposto e consequentemente a fmm resultante será ainda a precedente mIN .1 e o fluxo no núcleo adquire, portanto, o seu valor inicial . Restabelece-se assim o equilíbrio entre a tensão aplicada ao enrolamento primário 1V e a fem que a contrasta 1E . 2 1 ' 1 2 2 1 E E I I N N 9 Variando a carga do transformador, isto é, variando a corrente fornecida pelo enrolamento secundário, fica inalterada a corrente magnetizante mI , mas varia junto à corrente 2I a corrente primária de reação ' 1I . Quando o transformador opera com carga reduzida, isto é, com uma pequena corrente secundária, também a corrente de reação é pequena e, portanto, a corrente total primária 1I tende a aproximar-se da corrente de magnetização mI e o ângulo 1 aproxima-se de 90º. Quando, pelo contrário, o transformador opera a plena carga, acontece que a corrente de magnetização mI resulta muito pequena com respeito à corrente de reação ' 1I e, portanto, a corrente total primária 1I é quase igual a corrente ' 1I e pode-se escrever: 1 2 2 1 I I N N Com carga reduzida a corrente de magnetização não pode ser desprezada e a relação a ser considerada tem que ser igual a: ' 1 2 2 1 I I N N Fluxo magnético () cos AB Onde: é o fluxo magnético, em weber (wb). B é a densidade magnética, em wb/m² ou tesla (T). A é a área da seção reta do núcleo, em m². é o ângulo entre a normal do plano e as linhas do campo magnético. tsenmáxm m é o fluxo mútuo instantâneo, em weber (wb); máx é o fluxo mútuo máximo, em weber (wb). 10 dt d m 11 Ne 1e é força contra-eletromotriz do primário ou fem induzida do primário. 1N é o número de espiras do enrolamento primário. dt d m é a taxa de variação do fluxo mútuo no tempo. tNtNtsen dt d Ne máxmáxmáx cos..cos..... 1111 º90.)º90(... 111 tsenEtsenNe máxmáx é a velocidade angular f 2 f é a frequência da fonte, em hertz (Hz) máxmáxmáx fNNE 2111 Na operação em regime permanente, o que interessa é o valor eficaz da força eletromotriz induzida 1e , valor esse dado por: 2 2 2 11 1 máxmáx fNEE Portanto, os valores eficazes das forças eletromotrizes induzidas no primário e no secundário, expressos em função do valor máximo do fluxo mútuo, serão, respectivamente: máxfNE 11 44,4 máxfNE ...44,4 22 As características magnéticas do núcleo determinarão a corrente de excitação. Esta corrente deverá se ajustar de forma a produzir uma fmm (força magnetomotriz) necessária para gerar o fluxo magnético requerido. HINfmm 11 Onde: mmf é a força magnetomotriz, em ampères (A). N é o número de espiras. I é a intensidade da corrente elétrica, em ampères (A). H é a intensidade do campo magnético, em A/m. é o comprimento do circuito magnético, em metros, (m). H B B H Onde: é a constante magnética (permeabilidade magnética), em T.m/A.e B é a densidade magnética, em tesla (T) ou wb/m2 H é a intensidade do campo magnético, em A/m B INfmm A B Onde: é o fluxo magnético, em weber (wb) A é a área da seção reta do núcleo, em m² A INfmm A é a relutância magnética, em A/wb .INfmm Quanto maior for a permeabilidade magnética, ( ), menor será a corrente de excitação necessária para gerar o fluxo requerido. Em outras palavras, quanto menor a relutância magnética do núcleo, menor, também, será a corrente de excitação necessária para produzir a tensão induzida nos enrolamentos do transformador. Esta condição, menor relutância do circuito magnético, contribui para redução das perdas no núcleo (ferro) do transformador. 12 A ININ 1 weber = 108 linhas do fluxo magnético Os transformadores projetados para operarem a uma dada frequência, não deverão operar com uma outra frequência, sem as correspondentes alterações na tensão aplicada, de forma que o fluxo mútuo máximo fique inalterado. fN E máx 44,4 Transformador Ideal Se um transformador de dois enrolamentos, com 1N espiras no primário e 2N espiras no secundário, tiver as propriedades descritas a seguir, será chamado de transformador ideal. • As resistências dos enrolamentos primários e secundários são desprezíveis, não havendo, portanto,perdas no cobre; • o fluxo está todo confinado no núcleo e se interliga com os enrolamentos primário e secundário, não existindo, portanto, fluxo de dispersão. Desta forma, as reatâncias de dispersões de ambos os enrolamentos são desprezíveis; • não há perdas no núcleo (histerese e corrente de Foucault); • a permeabilidade do núcleo é tão alta que uma corrente de excitação de valor desprezível, é suficiente para produzir o fluxo requerido. Essas propriedades são hipotéticas e, portanto, não ocorrem nos transformadores reais. 13 Coeficiente de Acoplamento K O coeficiente de acoplamento ( K ) entre duas bobinas é a relação entre o fluxo mútuo e o fluxo total. 211 LL M K m m Onde: K é o coeficiente de acoplamento; m é o fluxo mútuo, em weber (wb); 1 é o fluxo disperso na bobina primária, em weber (wb); M é a indutância mútua, em henry (H); 1L é a indutância do enrolamento primário, em henry (H); 2L é a indutância do enrolamento secundário, em henry (H). Se as duas bobinas estiverem frouxamente acopladas, como no transformador de núcleo de ar, o coeficiente de acoplamento é baixo e nesse caso haverá uma reduzida transferência de potência do circuito primário para o secundário. Se todas as linhas de fluxo do primário acoplassem com todas as espiras do secundário, como no caso do transformador ideal, o coeficiente de acoplamento (𝐾) teria um valor igual a 1 ou 100%, e neste caso: 1K 21 LLM Corrente a vazio ou de excitação (I0) É a corrente de linha que surge quando em um dos enrolamentos do transformador são ligadas a sua tensão nominal e frequência nominal, enquanto os terminais do outro enrolamento (secundário), sem carga, apresentam a tensão nominal e a mesma frequência primária. A corrente de excitação é variável conforme o projeto e tamanho do transformador, atingindo valores percentuais mais altos quanto menor for a potência do mesmo. 14 A função da corrente em vazio é suprir as perdas a vazio (núcleo) e produzir o fluxo magnético mútuo. Considerando-se estes aspectos, esta corrente pode ser subdividida em duas parcelas, a saber: a) A corrente ativa ou de perdas, CI , é responsável pelas perdas no núcleo e, está em fase com a tensão aplicada ao primário 1V . b) A corrente magnetizante ou reativa, mI , é responsável pela criação do fluxo magnético ( ) e está atrasada de 90 em relação a 1V . O gráfico a seguir representa a corrente a vazio em relação à tensão aplicada no transformador, onde: 22 0 mC III De acordo com o gráfico anterior, tem-se: cos0 IIC senIIm 0 15 A perda em vazio pode ser calculada por: cos01 IVPO Onde o ângulo é a defasagem entre 1V e 0I É de interesse prático que as perdas no núcleo sejam as menores possíveis. Para que tal ocorra, a corrente de excitação 0I deve ser, em quase sua totalidade, utilizada para a magnetização do núcleo, ou seja: Cm II Em transformadores bem projetados, é comum considerar que a corrente de excitação seja igual a corrente de magnetização, pois Cm II . Assim o valor de deverá ser o mais próximo possível do ângulo de 90º e nestas condições, o fator de potência do transformador em vazio cos é sempre muito baixo, cerca de 0,1. Forma de onda da corrente a vazio A corrente a vazio assume valor bastante baixo. É compreendido em geral entre 6% e 1% da corrente nominal do circuito primário. Dessa forma, a queda de tensão no primário é pequena, ou seja: 11 EV Se a tensão aplicada ao primário 1V possuir forma de onda senoidal, a tensão induzida no enrolamento primário 1E também o será. Por outro lado, considerando-se as expressões de 1E e 2E , tem-se que o fluxo possui a mesma forma de onda de 1E , porém com defasagem de 90 elétricos. dt d NE m 11 A tensão induzida no enrolamento secundário 2E é: dt d NE m 22 16 Da lei de Ampère e utilizando-se a expressão da relutância , observa-se que o fluxo magnético m é senoidal, o número de espiras do primário 1N é constante, porém a relutância varia devido aos diferentes estados de saturação que ocorrem no núcleo. 1N I mm A Com tais considerações, conclui-se que a corrente a vazio, obrigatoriamente, não é senoidal, devido à corrente de magnetização mI não o ser. Como consequência do formato não senoidal da corrente a vazio, há a produção de harmônicas, principalmente as de terceira ordem. O processo gráfico para obtenção da forma de onda da corrente de magnetização é mostrado na figura a seguir. Para a construção da forma de onda, adota-se o seguinte procedimento: a) Para um determinado instante 0t , determina-se o valor de m . b) Para este valor de m (crescente ou decrescente); verifica-se na curva de histerese o valor de 0I ; c) Transporta-se para o dado 0t , o valor de 0I correspondente e, assim, tem-se um ponto da curva de 0I ; d) Repetir o processo para outros pontos e traçar a forma de onda da corrente. 17 Corrente transitória de magnetização ou corrente de energização (INRUSH). É o valor máximo da corrente de excitação 0I no momento em que o transformador é conectado à linha, ou seja, no instante que for energizado. Esta corrente depende das características construtivas do transformador. Esta corrente é maior quanto maior for a indução usada no núcleo e maior quanto menor for o transformador. O valor máximo varia em média de 4 a 20 vezes a corrente nominal. O fabricante deverá ser consultado para se saber o seu valor. Costuma-se admitir seu tempo de duração em torno de 0,1 segundo, após a qual a mesma já desapareceu. Um oscilograma típico da corrente de magnetização, incluindo o regime transitório, terá o aspecto ilustrado nas figuras a seguir. 18 Relações do transformador Transformador real operando a vazio - Não havendo carga, a corrente secundária é nula ( 02 I ), logo a componente primária de carga ' 1I , também, é nula. - A tensão aplicada 1V faz aparecer um fluxo mútuo alternado no tempo ( m ), produzindo 1E (força contra-eletromotriz primária) e 2E (força eletromotriz induzida secundária) com a polaridade instantânea conforme m . - Uma pequena corrente primária ( 0I ), conhecida como corrente de excitação, deve circular mesmo quando o transformador estiver descarregado. Essa corrente de excitação ( 0I ) é uma função primariamente da relutância do circuito magnético ( ) e do valor de pico do fluxo mútuo magnetizante ( m ), para um dado número de espiras primárias ( 1N ). - O fluxo magnético ( m ), por sua vez, requer 90º para produzir as tensões induzidas primária e secundária, 1E e 2E . Estas tensões induzidas estão em fase uma com a outra, por serem ambas produzidas por ( m ). De acordo com a lei de Lenz a tensão induzida primária ( 1E ) se opõe a tensão aplicada no primário ( 1V ). 19 No caso do transformador ideal, pelo fato de não possuir resistência e reatância no circuito primário, não há queda epor isso 11 VE . No núcleo existe o fluxo 0 que induz nos dois enrolamentos primário e secundário as fem respectivas 0 1E e 0 2E , as quais constituem as fem a vazio do transformador. 01 0 1 ...44,4 fNE 02 0 2 ...44,4 fNE No caso do transformador real, provido de resistência e indutância, a corrente primária 0I produz uma queda de tensão ôhmica 01 . IR , em fase com 0I e uma queda 01 . IX defasada de 90º em adiantamento com respeito a 0I . Pode-se escrever: 010111 .. IXIREV Ou então, 010111 .. IXIRVE . Dessa equação resulta claramente que em virtude das quedas de tensão produzidas no enrolamento primário, pela corrente 0I a fem é menor do que a considerada no transformador ideal 0 1E . Menor será também o fluxo necessário a produzir esta fem e, por conseguinte, será também menor a fem 2E que se manifesta nos terminais do enrolamento secundário. Esta fem continua sendo expressa pela relação: 2 1 2 1 N N E E 1 21 2 . N NE E 20 Sendo porém 11 VE resulta 1 21 2 . N NV E No funcionamento a vazio a corrente 0I é muito pequena o que permite desprezar as quedas ôhmicas e indutivas, podendo-se escrever: 1 21 22 . N NV EV No diagrama anterior, observa-se que a corrente 0I está defasada em atraso do ângulo 0 com respeito à tensão 1V . A fórmula 0010 cos.. IVP representa a potência a vazio do transformador, isto é, as perdas no ferro mais as perdas no cobre 2 01 .IR . As perdas no cobre 2 01 .IR , devidas à corrente a vazio, são tão pequenas que podem ser praticamente desprezadas, e, por conseguinte, considerar a potência 0010 cos.. IVP , como sendo constituída unicamente pelas perdas no ferro. O fator de potência 0cos , chama-se fator de potência do transformador a vazio. Transformador real operando com carga - Supondo uma carga indutiva ligada aos terminais do secundário do transformador ideal, uma corrente 2I atrasada em relação a 2V de um ângulo 2 . - Os ampères–espiras secundários ( 22 IN ) tendem a produzir um fluxo desmagnetizante, que reduz o fluxo mútuo ( m ) e as tensões induzidas 1E e 2E , instantaneamente. 21 - A redução de 1E produz uma componente primária da corrente de carga ( 1'I ), que circula no primário, tal que 2211 ' ININ , restabelecendo m em seu valor original. A corrente 1'I se atrasa em relação a componente 1E de um ângulo similar a 2 , enquanto 2I se atrasa em relação a 2E de 2 . Esta similaridade é necessária a fim de que os ampères-espiras primários restaurados )'( 11 IN sejam iguais e opostos aos ampères-espiras secundários desmagnetizantes )( 22 IN - O efeito da componente primária da corrente de carga 1'I é mostrada a seguir, onde a corrente primária 1I é a soma fasorial de 0I e 1'I . - A composição geométrica da corrente ' 1I e da corrente 0I fornece a corrente primária 1I . Esta corrente produz uma queda ôhmica primária 11 . IR em fase com 1I e uma queda indutiva 11. IX , defasada de 90º em adiantamento sobre 1I . Estas duas quedas deduzidas da tensão primária fornecem a fem primária 1E , isto é: 111111 .. IXIRVE 22 - Esta fem 1E é consideravelmente inferior à fem primária 0 1E que se manifesta com o transformador a vazio, isto porque, aumentando a corrente primária, aumentam as quedas de tensão e, portanto, diminui a fem que deve ser gerada. - A diminuição da fem 1E traz como consequência a diminuição do fluxo . - No funcionamento com carga, o fluxo no núcleo do transformador é levemente inferior ao fluxo existente no mesmo quando o funcionamento é a vazio. - A diminuição do fluxo traz uma diminuição da fem 2E gerada no secundário. Observa-se assim a interferência do circuito primário no funcionamento do circuito secundário do transformador. - A corrente 2I ao atravessar o enrolamento secundário provoca as quedas de tensão 22 . IR e 22 . IX , respectivamente em fase e defasada de 90º em adiantamento com respeito a 2I . Em vista destas quedas de tensão, a tensão 2V disponível nos terminais do enrolamento secundário resulta: 222222 .. IXIREV - A composição das quedas 11 . IR e 11. IX fornece a queda de tensão total primária: 111 . IZV onde 2 1 2 11 XRZ - Analogamente a composição das quedas 22 . IR e 22 . IX fornece a queda de tensão total secundária: 222 . IZV onde 2 2 2 22 XRZ - O ângulo de fase do circuito primário não é exatamente o mesmo do circuito secundário. Para uma carga em atraso, o fator de potência visto pelo primário 1cos é menor que o da carga 2cos , porque 21 . - Observa-se ainda que para cargas normais onde a corrente ' 1I é muito elevada em relação a 0I a corrente ' 11 II e o fator de potência primário é aproximadamente igual ao do secundário. - Finalmente, outro fato importante a ser observado é que a relação 2 1 E E coincide sempre com a relação das espiras 2 1 N N , chamando-se esta última de relação de transformação a vazio. A relação 2 1 V V é levemente diferente da anterior, sendo chamada de relação de transformação com carga. 23 Impedância refletida, transformação de impedância Transformador operando com carga 1 1 1 'I V Z 2 2 2 I V Z Qualquer alteração na impedância de carga ( 2Z ) e na corrente do secundário ( 2I ) reflete-se como alteração na corrente primária ( 1'I ) e, algumas vezes, é conveniente simplificar o transformador representando-o por um único circuito equivalente. Isto implica em refletir a impedância secundária ( 2Z ) ao primário. 2 2 2 22 2 2 1 1 1 ' Z I V I V I V Z 2 2 2 1 2 1 N N Z Z 2 1 2 1 Z Z N N Impedância refletida do secundário para o primário. 24 Transformador de Acoplamento O transformador de acoplamento é utilizado para realizar o casamento de impedância. Quando a impedância interna da fonte é casada (igual) à impedância da carga, a máxima potência é transferida da fonte para a carga. Quando a impedância da carga é maior ou menor do que a impedância da fonte, a potência na carga decresce. Ainda que a impedância inclua resistência e reatância, somente a resistência é usada na discussão que se segue. Para entender a necessidade do casamento de impedâncias, é necessário rever o significado do teorema da transferência máxima de potência. Esta teoria pode ser explicada, inicialmente, de uma maneira simples através de um circuito de corrente contínua. A transferência máxima de potência da fonte para a carga ocorre quando a resistência interna da fonte ( iR ) é igual a resistência da carga ( LR ). Exemplo: Determine a transferência máxima de potência de uma bateria de 10 volts, que tem uma resistência interna ( iR ) igual a 5, para um resistor de carga LR . 5Li RR A RR V I Li 1 55 10 WIRP LRL 515 22 25 iR LR Li RR V AI 2IRWP LRL 5 1 1,66 2,76 5 2 1,43 4,09 5 3 1,25 4,69 5 4 1,11 4,93 5 5 1,00 5,00 5 6 0,91 4,97 5 8 0,77 4,73 5 10 0,63 4,49 Em corrente alternada é transferida uma quantidade máxima de potência de um circuito para outro, quando as impedâncias dos dois circuitos tiverem os mesmos valores ou quando estiverem “casadas”. Se 1Z (impedância interna da fonte) for diferente de 2Z (impedância da carga), deve ser usado um transformador de acoplamento para “casar” as duas impedâncias. A razão de espiras estabelece a relação correta entre a razão das impedâncias dos enrolamentos do primário e do secundário. Esta razão é expressa através da equação. 2 2 2 1 2 1 N N Z Z 2 1 2 1 Z Z N N Exemplo: Uma fonte CA com impedância interna de 100 alimenta uma carga com impedância de 25. Determine a relação de espiras de um transformador de acoplamento, que deve ser instalado entre a fonte e a carga para casar as impedâncias. 2 25 100 2 1 2 1 Z Z N N 26 - Circuito sem o transformador de acoplamento. No exemplo anterior a relação de transformação () a ser escolhida será igual a 2 (dois). A fonte de corrente alternada operará com uma impedância de 100 e a carga irá operar com uma impedância referida à fonte igual a 100. Nesse caso, as impedâncias estarão casadas e será obtida a transferência máxima de potência. O casamento de impedância é uma aplicação importante dos transformadores de acoplamento em circuitos de eletricidade e eletrônica. - Circuito com o transformador de acoplamento Transformador Real No caso do transformador real, existem as perdas no cobre e no ferro (núcleo). Perdas no cobre 2IR : As perdas no cobre são devidas as resistências dos enrolamentos primários e secundários e serão apresentadas posteriormente. Perdas no ferro FeP : As perdas no ferro são devidas a histerese e as correntes parasitas (correntes de Foucault). A histerese está relacionada com o tipo de material da lâmina que é utilizado para formar o núcleo. As correntes parasitas estão relacionadas com o processo de montagem do núcleo e da espessura de suas lâminas. 27 FHFe PPP Onde: HP são perdas por histerese. FP são perdas por Foucault. A determinação prática das perdas por histerese ( HP ) é feita a partir de: fBP mSH 6,1 [W/kg de núcleo] Onde: S é o coeficiente de Steinmetz, que depende do tipo de material usado no núcleo; mB é a indução máxima no núcleo, em wb/m2 ou tesla (T); f é a frequência, em hertz (Hz). A tabela a seguir mostra a influência da escolha do material do núcleo nas perdas por histerese. MATERIAL S Ferro doce Aço doce Aço doce para máquinas Aço fundido Fundição Aço doce 2% silício Aço doce 3% silício Aço doce 4% silício Laminação doce Laminação delgada Laminação ordinária 2,50 2,70 10,00 15,00 17,00 1,50 1,25 1,00 3,10 3,80 4,20 O aparecimento das correntes de Foucault é explicado pela Lei de Faraday, a qual para este caso seria interpretada como "estando o núcleo sujeito a um fluxo alternado, onde serão induzidas fem". Considerando um circuito elétrico formado no próprio núcleo, serão estabelecidas correntes obedecendo a sentidos, tais como mostra a figura a seguir. 28 Para reduzir as perdas por correntes de Foucault, o núcleo deve ser constituído de lâminas, ou finas chapas com uma finíssima camada de isolamento entre as mesmas. As lâminas são orientadas paralelamente à direção do fluxo, conforme figura a seguir. A perda por correntes de Foucault é aproximadamente proporcional ao quadrado da espessura de laminação, a qual varia de 0,5 a 5 mm em quase todas as máquinas elétricas. Laminando-se um núcleo, aumenta-se o volume. A razão do volume realmente ocupado pelo material magnético para o volume total do núcleo é conhecida como fator de laminação, também conhecido por fator de empilhamento. O produto da resistência do circuito correspondente, pelo quadrado da corrente, significa um consumo de potência. As perdas devido ao efeito das correntes parasitas podem ser calculadas pela equação a seguir. 3222 102,2 dBfP mF [W/kg] Onde: f é a frequência, em hertz (Hz); mB é a indução máxima no núcleo, em wb/m2 ou tesla (T); d é a espessura da lâmina, em milímetros (mm) 29 Geralmente o núcleo de aço dos transformadores é laminado para reduzir a indução de correntes parasitas (corrente de Foucault) no próprio núcleo, já que essas correntes contribuem para o surgimento de perdas por aquecimento devido ao efeito Joule. Em geral se utiliza aço-silício com o intuito de se aumentar a resistividade e diminuir ainda mais essas correntes parasitas. Circuitos de transformadores reais: Um transformador real, de núcleo de ferro, carregado é representado abaixo. Embora hermeticamente acoplado pelo núcleo de ferro, uma pequena porção de fluxo disperso é produzida nos enrolamentos primário e secundário, 21 e , respectivamente, além do fluxo mútuo, m . O fluxo disperso primário, 1 , produz uma reatância indutiva primária, 1X . O fluxo disperso secundário, 2 , produz uma reatância indutiva secundária, 2X . Além disso, os enrolamentos primário e secundário são constituídos de condutores de cobre, que têm certa resistência. A resistência interna do enrolamento primário é 1R e a do secundário é 2R . As resistências e reatâncias de dispersões dos enrolamentos do primário e secundário, respectivamente, produzem quedas de tensões no interior do transformador, como resultado das correntes primária e secundária. Embora estas quedas de tensões sejam internas, é conveniente representá-las externamente como parâmetros puros em série com um transformador ideal, mostrado na figura “B”. O transformador ideal mostrado na figura “A”, é imaginado sem quedas internas nas resistências e reatâncias de dispersões de seus enrolamentos. A dispersão foi incluída na queda de tensão primária 11 IZ e na queda de tensão secundária 22 IZ . Uma vez que estas são quedas de tensões indutivas, a impedância interna primária 1Z e a secundária 2Z do transformador é: 111 jXRZ 222 jXRZ 30 Para representar as perdas no ferro FeP introduz-se no ramo magnetizante um resistor de perdas magnéticas CR , que sendo percorrido por uma corrente denominada de perdas ativas do ferro CI , dissipa a perda no ferro. Onde: 2 CCFe IRP . Figura “A” - Transformador ideal Quando os efeitos das resistências dos enrolamentos, das reatâncias de dispersões e de magnetização, e, finalmente das perdas do núcleo são incluídos, o circuito da figura “A” é modificado para aquele da figura “B” abaixo, onde o primário e o secundário estão acoplados por um transformador ideal. O circuito equivalente de um transformador real com uma carga ZL é mostrado a seguir: Figura A Figura “B” - Transformador real Onde: 1V é a tensão terminal primária; 2V é a tensão terminal secundária; é a relação de transformação; 1E é a força contra-eletromotriz do primário ou fem induzida do primário; 2E é a fem induzida do secundário; 1I é a corrente primária; 2I é a corrente secundária ou corrente de carga; ' 1I é a componente primária da corrente de carga; 0I é a corrente de excitação; 1R é a resistência do enrolamento primário; 31 2R é a resistência do enrolamento secundário; 1X é a reatância de dispersão do enrolamento primário; 2X é a reatância de dispersão do enrolamento secundário; mI e mX é a corrente e reatância de magnetização; CI e CR é a corrente e resistência para representar o parâmetro equivalente às perdas de potência no ferro do núcleo do transformador (perdas por histerese e correntes parasitas); LZ é a impedância da carga. Usando as relações anteriores, o transformador real da figura “B” e todo circuito equivalente, pode ser referido ou para o primário ou para o secundário. Relação de transformação 2 1 ' 1 2 2 1 2 1 V V I I E E N N 2 1 2 2 12 Z Z N N Circuitos equivalentes para um transformador real de potência, com uma carga LZ 11111 EIjXRV 22222 VIjXRE 21111 EIjXRV 22221111 VIjXRIjXRV 2 ' 122 2 1111 IZIjXRIjXRV L '1 2' 122 2 1111 IZIjXRIjXRV L Circuito equivalente referido ao primário 32 Diagrama fasorial referido para o primário Circuito equivalente referido ao secundário 11111 EIjXRV 22222 VIjXRE 11111 IjXRVE 22222 IjXREV 222 1 2 IjXR E V 2221 111 2 IjXRI X j RV V '12212 1 2 11 2 IjXRI X j RV V 33 Circuito equivalente aproximado referido ao primário Circuito equivalente aproximado referido ao secundário Circuito equivalente simplificado referido ao primário Circuito equivalente simplificado referido ao secundário 2 2 11 RRRe é a resistência equivalente dos enrolamentos primário e secundário, referida ao primário; 2 2 11 XXX e é a reatância equivalente dos enrolamentos primário e secundário, referida ao primário; 34 111 eee jXRZ é a impedância equivalente dos enrolamentos primário e secundário, referida ao primário. 22 1 2 R R Re é a resistência equivalente dos enrolamentos primário e secundário, referida ao secundário; 22 1 2 X X X e é a reatância equivalente dos enrolamentos primário e secundário, referida ao secundário; 222 eee jXRZ é a impedância equivalente dos enrolamentos primário e secundário, referida ao secundário. Cálculo da corrente primária 1I LeLeLLeeLe XXjRR V jXRjXR V ZZ V I 2 1 2 1 1 2 11 1 2 1 1 1 Onde: LLL jXRZ 22 O sinal (+) será aplicado quando a carga for indutiva. O sinal (-) será aplicado quando a carga for capacitiva. Regulação de Tensão A regulação de tensão de uma máquina mede a variação de tensão em seus terminais devido a passagem de regime a vazio para o regime em carga. Para o caso específico de transformadores, a regulação mede a variação de tensão nos terminais do secundário quando a este se conecta uma carga. Com o transformador a vazio no secundário, tem- se a tensão 2E , que passa para um valor 2V ao se ligar uma carga. Se a regulação é boa, esta variação será pequena e vice-versa. 35 100100 arg arg % 2 22 V VE ac acvazio Reg Cálculo de 2E : 222222222 Recos IXesenVjIVE O sinal positivo é usado para carga com fator de potência unitário ou atrasado. O sinal negativo é usado para carga com fator de potência adiantado. Diagramas fasoriais Referido ao primário Carga com fator de potência unitário 02 0 Carga com fator de potência atrasado 020 900 36 Carga com fator de potência adiantado 020 090 Referido ao secundário Carga com fator de potência unitário 02 0 Carga com fator de potência atrasado 020 900 37 Carga com fator de potência adiantado 020 090 Cálculo do rendimento percentual do transformador (%) 100100100% CuFeS S dS S e S PPP P PP P P P Onde: SP é a potência de saída; eP é a potência de entrada; dP são as perdas totais. As perdas totais são equivalentes a soma das perdas no cobre e no ferro do transformador. Perdas no cobre 2 22 2 11 IRIRPCu Perdas no ferro 2 CCFe IRP 100 cos.. cos.. 100% 222 222 CuFedS S PPIV IV PP P 38 Ensaio de curto-circuito Procedimento para realização do ensaio: 1 - Os terminais secundários, X1 – X2, são curto-circuitados. 2 – Lenta e cuidadosamente, aumenta-se a tensão aplicada usando um autotransformador ajustado, até que a corrente nominal primária seja lida no amperímetro. A corrente nominal primária é determinada a partir da capacidade nominal do transformador em VA, dividida pela tensão nominal do enrolamento de entrada. 3 – Lê-se a potência de curto-circuito, CCP , a tensão de curto-circuito CCV e a corrente primária de curto-circuito, 1IICC (nominal). 4 – Calcula-se 1Ze pela relação das leituras do voltímetro e do amperímetro. CCI é a leitura do amperímetro; CCV é a leitura do voltímetro; CCP é a leitura do wattímetro. Se o secundário de baixa tensão (enrolamento de tensão inferior) de um transformador é curto- circuitado, ambos, 2V (a tensão terminal secundária) e LZ (a impedância de carga secundária), são zero. O circuito equivalente é mostrado a seguir, com o secundário curto-circuitado. Nestas condições apenas as resistências e reatâncias primárias e secundárias estão carregando. Consequentemente, a corrente CCI drenada de CCV é determinada apenas pela impedância equivalente interna, 1Ze . 39 O wattímetro mede essencialmente as perdas no cobre, ou seja, a potência correspondente às perdas nas resistências dos enrolamentos primário e secundário, referidas para o lado do enrolamento de tensão superior. As perdas do núcleo do transformador neste ensaio são desprezíveis, devido a tensão aplicada ser apenas uma pequena fração da tensão nominal do lado do enrolamento de tensão superior. Embora qualquer lado possa ser curto-circuitado, é usual curto-circuitar o lado de tensão inferior, porque o seu enrolamento tem uma tensão nominal menor e uma corrente nominal maior. 2 1Re CCCuCC IPP 2 2 11Re RR 21 Re CC CC I P 111 Re jXeZe CC CC I V Ze 1 2 2 11 XXXe 2 1 2 11 Re ZeXe 40 Ensaio a vazio ou de circuito aberto Procedimento para realização do ensaio: 1 – Leva-se o autotransformador ajustável, desde zero até a tensão nominal, para o enrolamento em que está ligado o voltímetro. 2 – Lê-se a potência de circuito aberto, 0P , a tensão nominal do lado de tensão inferior, 0V , e a corrente de excitação referida para o lado de tensão inferior, 02I , nos instrumentos. 3 – Calculam-se as perdas no núcleo a partir de 2 020 IRPP BTFe , onde BTR é a resistência do enrolamento onde foi aplicada a tensão nominal, que nesse caso é o de tensão inferior. 0P é a leitura do wattímetro; 0V é a leitura do voltímetro; 02I é a leitura do amperímetro. Executar o ensaio a vazio, para determinar as perdas do núcleo, através do enrolamento de tensão inferior, é usual e mais seguro. A principal razão para realização do ensaio a vazio é a medição das perdas do núcleo à tensão nominal. Como o transformador está a vazio, a corrente primária é relativamente pequena, bem como a resistência do enrolamento de tensão inferior no qual o ensaio está sendo realizado. Na maioria dos casos, assim, é usual tomar-se a leitura do wattímetro como o valor das perdas no núcleo, sem subtrair as pequenas perdas no cobre produzidas pela corrente de excitação. 41 2 020 )(. IRPP BTFe 020 0 00 cos IV P FP 020 0 0 . cos IV P arc 00200 )(0 IXjRVE BTBT Fe C P E R 2 0 2 2 0 2 C C R E I 2 2 2 022 Cm III 2 0 2 m m I E X 2 2 CC RR 2 2 mm XX O valor de utilizado será como abaixador. Onde, mC XeR estão referidos para o lado de tensão superior. 42 Circuito equivalente aproximado do transformador, referido para o lado de tensão inferior. Circuito equivalente do ensaio a vazio. As correntes a vazio do lado do enrolamento de tensão inferior são: 2202, mC IeII . A potência medida no ensaio 0P é igual a perda no ferro do transformador FeP . 020 0 00 cos IV P FP 020 0 0 . cos IV P arc Fe C P V R 2 0 2 2 0 2 C C R V I 2 2 2 022 Cm III 2 0 2 m m I V X 2 0 2 02 2 0 2 0 2 . PIV V X m 2 2 CC RR 2 2 mm XX O valor de utilizado será como abaixador. Onde, mC XeR estão referidos para o lado tensão superior. 43 Justificativa da realização dos ensaios a vazio e de curto-circuito Além da regulação de tensão, é possível que sejam usados os dados do ensaio de curto-circuito e o ensaio a vazio para prever o rendimento do transformador. Os ensaios empregam técnicas convencionais, em vez do carregamento direto. A vantagem das técnicas convencionais é a utilização de pouca potência para o teste, uma vez que usualmente não se dispõem de cargas grandes para testar transformadores de elevadas potências. Ponto de operação de rendimento máximo Conforme já mostrada, a equação abaixo é o rendimento do transformador, onde o numerador representa a potência útil transferida do primário para o secundário. As perdas que ocorrem durante esta transferência são de dois tipos: 1) Perdas fixas, as perdas no núcleo (ferro). 2) Perdas variáveis, as equivalentes perdas no cobre referidas ao secundário. 100 cos cos 100% 222 222 CuFedS S PPIV IV PP P fixasPerdasIRP CCFe 2 iáveisPerdasIPCu varRe 2 22 A potência útil de saída e as perdas equivalentes no cobre são ambas em função da corrente secundária, 2I . O rendimento máximo ocorre quando as perdas fixas e variáveis são iguais, ou seja: 2 22Re IPP FeCu Onde a perda do ferro é uma perda fixa, determinada a partir do ensaio a vazio. O valor da corrente secundária, para o qual ocorre o rendimento máximo pode ser calculado da seguinte forma: 2 2 e Fe R P I 44 Rendimento do transformador segundo o fator de potência da carga Sob cargas relativamente leves, as perdas fixas são elevadas em relação a saída, e o rendimento é baixo. Com o transformador operando com sobrecarga, as perdas variáveis são elevadas em relação a saída e o rendimento é novamente baixo. O rendimento máximo, evidentemente, ocorre a um valor de carga para o qual as perdas fixas (perdas no núcleo) igualam as perdas variáveis (perdas no cobre). A curva do rendimento, portanto, eleva-se desde zero (com saída zero, a vazio) até um máximo à, aproximadamente, metade da carga nominal, e cai novamente para cargas pesadas (acima da nominal). Rendimento diário Além de permitir o cálculo da regulação e do rendimento, os ensaios a vazio e de curto-circuito fornecem dados úteis para o cálculo do rendimento diário de transformadores de transmissão e de distribuição, que é expresso por: )()( ... )( )( dimRe% 321 totalWtotalW WWWW totalW totalW diárioenton perdasOUT n IN OUT d Onde: nWWWW ...321 são as energias recebidas do transformador pelas diferentes cargas ligadas durante o período de 24 horas. A )(totalWperdas é a soma das energias perdidas, constituídas das perdas do núcleo (fixas) e no cobre (variáveis), para o período de 24 horas. 45 Impedância (Z %), Resistência (R %) e Reatância (X %) Percentuais: Com a montagem do ensaio em curto-circuito, os instrumentos empregados permitem a obtenção de: CCP , a potência fornecida ao transformador em curto; CCV , a tensão de curto-circuito medida no enrolamento de TS (tensão superior); e N I1 e N I 2 , as correntes nominais nos dois enrolamentos, primário e secundário, respectivamente. Para o ensaio de curto-circuito são válidos os circuitos equivalentes representados abaixo. Verifica- se deste modo que o transformador, como elemento de um circuito, se comporta exatamente como uma impedância 2Ze constituída pela associação série de uma resistência 2Re e de uma reatância 2Xe . Como a potência ativa neste ensaio CCP corresponde a aproximadamente a potência dissipada em 1R e 2R , e, sendo 2Re uma resistência que representa a resistência equivalente dos dois enrolamentos, mas referida para o secundário. 2 2 2Re N I PCC (1) Caso interesse a resistência equivalente dos dois enrolamentos, referida ao primário, basta substituir na expressão (1) N I 2 por N I1 . Para evitar dependência com o lado de referência, procura- se representar tais resistências por um elemento que independa do lado a que são referidas. Assim sendo, define-se um novo parâmetro: 100 Re 100 Re % 1 11 2 22 N N N N V I V I R (2) A resistência percentual, %R , que, embora adimensional, continua possuindo uma conceituaçãode resistência, com a vantagem de apresentar o mesmo valor, quer quando calculada para o primário, quer quando para o secundário do transformador; 46 N V1 e N V2 são as tensões nominais do primário e secundário, respectivamente; e N I1 e N I 2 , as correntes nominais do primário e secundário. Substituindo a equação (1) na expressão de R %: 100100% 22 2 22 2 NNNN N IV P IV IP R CC CC (3) Como o produto NN IV 22 é igual a potência nominal do transformador NS ; 100% N CC S P R (4) O módulo da impedância equivalente referida ao secundário 2Ze pode ser calculado como: N I Vcc Ze 2 1 2 (5) Que pelo mesmo motivo anterior deve ser, de preferência, expressa em termos de seu valor percentual, que é definido por: 100100% 1 11 2 22 N N N N V IZe V IZe Z (6) Substituindo 2Ze pela expressão (5): 100100% 2 1 22 21 NNN N V Vcc VI IVcc Z (7) Lembrando que o produto N V2 é igual a N V1 : 100% 1 1 N V Vcc Z (8) Considerando a associação série: 22 %%% RZX (9) 47 Tendo %R , embora sem unidade, um significado de resistência, seu valor sofre variações com a temperatura. Como na realidade do ensaio não há tempo suficiente para o aquecimento do transformador, justifica-se sua correção para 75º C no caso de transformadores de classe de temperatura de 105º C a 130º C e para temperatura de 115º C para a classe de temperatura de 155º C a 180º C, aplicando para tanto expressão apropriada. O valor de %X não sofrerá variação. Como %Z corresponde a impedância equivalente da associação de %X com %R , deverá também ser corrigida pela expressão apresentada a seguir. af RkR %% (10) 22 %%% XRZ ff (11) Onde: k é o coeficiente de correção de temperatura dado por: a f k 1 1 é o coeficiente de variação da resistência com a temperatura; 1 para o cobre o valor é 234,5 e 1 para o alumínio o valor é 225; a é a temperatura ambiente em grau centígrado; f é a temperatura final de operação em grau centígrado; f R % é a resistência percentual à temperatura final considerada (75º C ou 115º C); a R % é a resistência percentual à temperatura do ensaio; e f Z % é a impedância percentual à temperatura final considerada (75º C ou 115º C). 48 CÁLCULO DA POTÊNCIA DE CURTO-CIRCUITO DE UM TRANSFORMADOR MONOFÁSICO UTILIZANDO A IMPEDÂNCIA PERCENTUAL (Z%) A impedância percentual (Z%) representa o valor percentual da tensão nominal do transformador, que se deve aplicar, para que se obtenha a corrente nominal no ensaio de curto circuito. A partir dos dados obtidos no ensaio de curto-circuito, a impedância percentual é definida conforme a expressão matemática abaixo: 𝑍% = 𝑉𝐶𝐶 𝑉𝑁 × 100 (I) 𝑍𝐶𝐶 = 𝑉𝐶𝐶 𝐼𝑁 (II) Quando ocorre um curto-circuito no secundário de um transformador monofásico, a corrente de curto-circuito (ICC) é limitada pela impedância do transformador (ZCC). Essa impedância é obtida do ensaio de curto-circuito. 𝐼𝐶𝐶 = 𝑉𝑁 𝑍𝐶𝐶 (III) • Substituindo a equação (II) em (III), tem-se: 𝐼𝐶𝐶 = 𝑉𝑁 𝑉𝐶𝐶 𝐼𝑁 = 𝑉𝑁 × 𝐼𝑁 𝑉𝐶𝐶 = 𝐼𝑁 𝑉𝐶𝐶 𝑉𝑁 49 Multiplicando por (100) o numerador e o denominador da equação anterior, e, além disso, observando a definição de (Z%) na equação (I), defini-se a corrente de curto-circuito em função da corrente nominal e da impedância percentual. 𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝑁 × 100 𝑉𝐶𝐶 𝑉𝑁 × 100 𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝑁×100 𝑍 % (IV) A potência de curto-circuito a ser considerada no transformador monofásico é calculada pela expressão matemática abaixo: 𝑆𝐶𝐶 = 𝑉𝑁 × 𝐼𝐶𝐶 (V) Segue a demonstração para o cálculo da potência de curto-circuito utilizando a impedância (Z%) e a potência nominal do transformador monofásico (SN). • Substituindo a equação (IV) em (V), tem-se: 𝑆𝐶𝐶 = 𝑉𝑁×𝐼𝑁×100 𝑍% (VI) Uma vez conhecida a impedância percentual, é possível calcular a potência de curto-circuito de um transformador monofásico em função de sua potência nominal. O produto (VN × IN) resulta na potência nominal do transformador monofásico. Reorganizando a equação (VI), defini-se a expressão matemática para o cálculo da potência de curto-circuito de um transformador monofásico, em função de sua potência nominal (SN) e sua impedância percentual (Z%). 𝑆𝐶𝐶 = 𝑆𝑁 × 100 𝑍% 50 Polaridade dos enrolamentos do transformador: H1 – H2 e H3 – H4 bobinas de tensão superior (muitas espiras e condutor de menor seção). X1 – X2 e X3 – X4 bobinas de tensão inferior (poucas espiras e condutor de maior seção). H1 – H2 e X3 – X4 enrolados na mesma direção; o ponto situa-se no terminal da esquerda. X1 – X2 e H3 – H4 enrolados no mesmo sentido, um em relação ao outro, mas em oposição a H1 – H2; o ponto está situado no terminal da direita. Os subíndices ímpares correspondem aos terminais pontuados que representam a fem induzida positiva em cada enrolamento. Exemplos: Bobinas de TS em série e bobinas de TI em série 51 Bobinas de TS em série e bobinas de TI em paralelo Bobinas de TS em paralelo e bobinas de TI em série Bobinas de TS em paralelo e bobinas de TI em paralelo TS tensão superior; TI tensão inferior. 52 Polaridade de transformadores monofásicos A marcação da polaridade dos terminais dos enrolamentos de um transformador monofásico indica quais são os terminais positivos e negativos em um determinado instante, isto é, a relação entre os sentidos momentâneos das fem nos enrolamentos primário e secundário. Por outro lado, o ângulo de defasagem entre tensões de TS e TI, isto é, o defasamento angular (D.A.), é importante de ser determinado nas seguintes situações: a) ligações em paralelo de transformadores; b) ligações de transformadores de corrente e potencial, nos circuitos de medição e proteção. A polaridade dos transformadores depende fundamentalmente de como são enroladas as espiras do primário e do secundário, que podem ter sentidos concordantes ou discordantes, como se vê na figura 1. Esses sentidos têm implicação direta quanto à polaridade da fcem e da fem. Aplicando uma tensão V1 ao primário de ambos os transformadores, com a polaridade indicada na figura 1, haverá circulação de correntes nesses enrolamentos, segundo o sentido mostrado. Admitindo que as tensões e, consequentemente, as correntes estão crescendo, então os correspondentes fluxos serão crescentes e seus sentidos indicados (ver na figura 1 o sentido de ). Como já se conhece da teoria dos transformadores, devido ao referido fluxo, aparecerão fem nos enrolamentos secundários que, de acordo com a lei de Lenz, contrariam a causa que as deu origem. Logo, no caso “a”, haverá uma fem induzida que tenderia a produzir a corrente 2I indicada. Portantoseria induzida uma fem 2e no sentido indicado, ou seja, de 2’ para 1’, que irá ser responsável por um fluxo ' contrário ao . Já no caso “b”, tal fem deverá ter sentido exatamente oposto ao interior, com o propósito de continuar produzindo um fluxo contrário ao indutor. Analogamente ao que acontece no secundário, estando o mesmo fluxo cortando também o primário, tem-se uma tensão induzida no circuito do primário, sendo, pois, denominada por fcem, tendo o sentido indicado na figura 1 “a” e “b”. Uma vez que a tensão aplicada 1V tem a mesma polaridade para a fcem 1e de modo que se tenha o efeito de queda de tensão. 53 Ligando-se, agora, os terminais 1 e 1’ em curto, e colocando-se um voltímetro entre 2 e 2’, verifica- se que as tensões induzidas ( 1e e 2e ) irão subtrair-se (caso “a” ) ou somar-se (caso “b”), originando daí a designação para os transformadores: O fluxo é produzido pela corrente 1i . a) sentido concordante dos enrolamentos; b) sentido discordante dos enrolamentos. Figura 1 – Influência do sentido do enrolamento na polaridade. Caso a: Polaridade subtrativa (mesmo sentido dos enrolamentos). Caso b: Polaridade aditiva (sentidos contrários dos enrolamentos). Marcação dos terminais A ABNT recomenda que os terminais de tensão superior sejam marcados com H1 e H2, e os de tensão inferior com X1 e X2, de tal modo que os sentidos das fem momentâneas sejam sempre concordantes com respeito aos índices. Usando tal notação, têm-se os arranjos da figura 2. Com isso, pode-se observar que, na polaridade subtrativa, os terminais com índice 1 são adjacentes, o mesmo acontecendo com os de índice 2, e, na polaridade aditiva, esses índices são opostos entre si. 54 Um outro tipo de distinção entre os dois transformadores apresentados, pode ser feita em termos de defasamento, entre os dois fasores representativos de e1 e e2. Embora tal representação não seja usada para transformadores monofásicos, a mesma é aqui introduzida pela necessidade posterior dos transformadores trifásicos e, no presente ponto, sua conceituação se faz mais facilmente. Considerando as direções e os sentidos dos fasores indicados na figura 2, verifica-se que, no primeiro caso, o ângulo entre os mesmos é de zero grau e, no segundo caso, de 180º. Assim, ao se marcar os terminais desses transformadores, serão realizados sem se preocupar realmente com os sentidos corretos, isto é, se os mesmos índices (por exemplo, 1) são adjacentes ou não. Nesta situação, haverá a marcação como indica a figura 3. a) polaridade subtrativa; b) polaridade aditiva Figura 2 – Polaridade de transformadores monofásicos. Evidentemente, se os terminais dos transformadores são marcados como na figura 3, de acordo com a primeira notação, os mesmos seriam introduzidos como dois subtrativos. Entretanto, é conhecido que o segundo não o é, surgindo daí a necessidade do fornecimento de um outro elemento que os identifique ou os diferencie. Este elemento poderia ser o próprio ângulo entre e1 e e2. Assim, se no lado do primeiro se colocar a designação 0º, entende-se que e1 e e2 têm o mesmo sentido, (portanto subtrativo), ao passo que, colocando-se 180º ao lado do segundo, entende-se que as fem estão defasadas do correspondente ângulo (transformador aditivo). Concluindo, com a nova marcação os índices perderam seu sentido anterior. 55 Figura 3 – Outro modo para a marcação da polaridade de transformadores monofásicos. Métodos de ensaio de polaridade Segundo a ABNT, os métodos de ensaio usados para a determinação da polaridade de transformadores monofásicos são do golpe indutivo, da corrente alternada e do transformador- padrão, que a seguir serão analisados. Método do golpe indutivo com corrente contínua De acordo com a figura 4, ligam-se os terminais de tensão superior a uma fonte de corrente contínua. Instala-se um voltímetro de corrente contínua entre os terminais, de modo a se obter uma deflexão positiva ao se ligar à fonte de corrente contínua, estando a chave comutadora na posição 1. Naturalmente, nesta posição será observada a tensão entre os terminais H1 e H2. Em seguida, colocando-se a chave na posição 2, transfere-se cada terminal do voltímetro para a baixa tensão do transformador. Desliga-se, em seguida, a corrente de alimentação, observando-se o sentido de deflexão do voltímetro. Quando as duas deflexões são em sentidos opostos, a polaridade é subtrativa; quando no mesmo sentido, é aditiva. Essas conclusões estão baseadas na lei de Lenz. 56 Atenção: Para transformadores de medidas (TP e TC), os ensaios são normalizados de acordo com a norma ABNT e o método recomendado também é o do golpe indutivo com a corrente contínua. Figura 4 – Determinação da polaridade pelo método do golpe indutivo. Método da corrente alternada Este método é praticamente limitado aos transformadores cuja relação do número de espiras é de no máximo igual a 30. Aplica-se uma tensão alternada conveniente aos terminais de tensão superior, lêem-se as indicações de um voltímetro ligado primeiramente entre os terminais de tensão superior (chave na posição 1) e depois entre os terminais adjacentes (chave na posição 2), como indica a figura 5. Se a primeira for maior que a segunda, a polaridade será subtrativa; caso contrário, será aditiva. Esta conclusão é obtida da própria definição de transformadores aditivo e subtrativo. Figura 5 – Determinação da polaridade pelo método da corrente alternada 57 Método do transformador-padrão Este método consiste em comparar o transformador a ensaiar com um transformador-padrão de polaridade conhecida, que tenha a mesma relação do número de espiras de acordo com a figura 6. Ligam-se entre si, na tensão inferior, os terminais situados a esquerda de quem olha pelo lado da tensão inferior, deixando livre os terminais situados a direita. Aplica-se uma tensão reduzida nos enrolamentos de maior tensão, que devem estar ligados em paralelo (com isso, definem H1 e H2 do segundo transformador), uma vez que estão eletricamente ligados aos correspondentes terminais do primeiro transformador, e mede-se o valor da tensão acusada pelo voltímetro. Se este valor for nulo ou praticamente nulo, os dois transformadores terão a mesma polaridade, ficando dessa forma conhecida a marcação dos terminais do transformador em teste. Se a leitura der o dobro da fem no secundário de um dos transformadores, ou valor próximo a este, sabe-se que a marcação dos terminais do secundário do transformador será em sequência oposta ao do primeiro. Figura 6 – Determinação da polaridade pelo método do transformador-padrão. Exemplo de ensaio de polaridade utilizando um transformador monofásico 120V / 12V. Polaridade aditiva VVt 13212120 58 Polaridade subtrativa VVt 10812120 AUTOTRANSFORMADOR Definição – Um autotransformador é definido como um transformador que só tem um enrolamento. Assim, um transformador de enrolamentos múltiplos pode ser considerado um autotransformador, se todos os seus enrolamentos são ligados em série em adição ou oposição, para formar um único enrolamento. Autotransformador operando como abaixador CIII 12 Autotransformador operando como elevador 21 III C 59 Autotransformador Variável (VARIAC ou VARIVOLT) Consiste de um simples enrolamento,praticado no núcleo de ferro toroidal, conforme o desenho abaixo. O variac tem uma escova de carvão solidária a um eixo rotativo, que faz contato com as espiras expostas do enrolamento do autotransformador. Devido a sua construção só permite ser usado como abaixador. O autotransformador, abaixo, permite seu uso como elevador ou abaixador. Isto é impossível ocorrer em um potenciômetro. Os autotransformadores variáveis são extremamente úteis em laboratórios ou em situações experimentais que requerem uma larga faixa de ajuste de tensão com pequena perda de potência. Qualquer transformador comum, de dois enrolamentos isolados, pode ser convertido em autotransformador. 60 Transformador isolado ligado como autotransformador elevador, utilizando polaridade em adição Exemplo: Transformador de 10kVA, 1.200V/120V Ligação como autotransformador elevador, usando polaridade em adição SC C NN N V V 2 1 Onde: 1V é a tensão de entrada; 2V é a tensão de saída; CN é o número de espiras do enrolamento comum (primário); SN é o número de espiras do enrolamento série. Operando como abaixador 61 A corrente que passa pela carga é: CIII 12 A potência transferida condutivamente é: 12 IVSC A potência transformada é: 1212 IVVIVS Ct A potência total do autotransformador é: 2212 IVIIVSSS CtCT A relação de transformação é: C CS N NN V V 2 1 Operando como elevador A corrente que passa pela carga é: CIII 12 A potência transferida condutivamente é: 21 IVSC A potência transformada é: 2121 IVVIVS Ct A potência total do autotransformador é: 1121 IVIIVSSS CtCT A relação de transformação é: CS C NN N V V 2 1 62 Características do autotransformador Diferenças entre um autotransformador e um transformador convencional, assim como as vantagens e desvantagens, e vice-versa. 1 O aumento da capacidade em kVA de um autotransformador é devido ao seu menor tamanho quando comparado a um transformador isolado comum de mesma capacidade. 2 O autotransformador é capaz de transferir mais energia do primário ao secundário, quando comparado a um transformador isolado. No transformador isolado comum não há ligação condutiva entre os circuitos primário e secundário. Nesse caso toda energia recebida pelo primário deve ser transformada para atingir o secundário. Em um autotransformador, parte da energia pode ser transferida condutivamente do primário para o secundário e o restante da energia transferida por ação de transformação. A energia transferida condutivamente representa o acréscimo da capacidade em kVA. 3 O autotransformador tem tamanho reduzido, devido ao fato de transferir parte de seus kVA por condução, por isso suas perdas no núcleo são menores. 4 O autotransformador possui apenas um enrolamento por definição, em comparação aos dois do transformador convencional isolado. Além disso, a corrente que circula no enrolamento comum ao circuito primário e secundário é a diferença entre as correntes desses dois circuitos. Estes dois fatores, um só enrolamento e a menor corrente, tendem a reduzir as perdas variáveis (perdas no cobre). 5 Os autotransformadores tem mais rendimento que os transformadores convencionais isolados de mesma capacidade e esse rendimento do autotransformador aumenta à medida que a relação de transformação se aproxima da unidade. Por exemplo: 63 Se os autotransformadores são tão superiores em relação aos transformadores convencionais isolados, por que não se utilizam apenas autotransformadores? A resposta é a seguinte: se houver uma falta de tensão no primário ou no secundário de um transformador isolado, devido a algum circuito aberto, não aparecerá tensão nos terminais da carga, e, logo que possível, o enrolamento será substituído após ser constatada a falha. No autotransformador equivalente as junções “A” e “B” carregam as correntes mais altas, e, portanto, desenvolvem pontos aquecidos que podem resultar em circuitos abertos. Uma abertura no ponto “B” faz com que a carga receba uma tensão igual a do primário 1V . 64 TRANSFORMADOR TRIFÁSICO Equipamentos utilizados para transformação trifásica • Transformador trifásico. • Autotransformador trifásico. • Banco de transformadores monofásicos (uma bancada - pode ser operada em V - V com um transformador removido, sem descontinuidade de serviço). Transformador trifásico: Terminais de tensão superior Terminais de tensão inferior Banco de transformadores (composto de três transformadores monofásicos) 65 Sistemas Trifásicos Máquina Teórica - Diversas limitações práticas impedem sua utilização. - Atualmente, na prática, o campo gira, enquanto o enrolamento trifásico é estacionário. Sequência ABC: Estrela 3 fL VV fL II 66 Triângulo fL VV 3 fL II Exemplo: Três transformadores monofásicos idênticos de 10kVA – 1330V / 230V. 67 Tipos de Conexões Estrela – Estrela (Y – Y) Tensões de linha aplicadas nos terminais de AT (primário) dos transformadores monofásicos ligados em Y (estrela). figura1 figura 2 figura 1 – VL e Vf aplicadas nos enrolamentos primários. figura 2 – tensões de fase induzidas nos enrolamentos secundários. 68 Ligação com X2 comum A tensão de linha secundária entre “a” e “b”, chamada abV , é a soma fasorial das tensões entre X1 e X2 da bobina “a”, além de, X2 e X1 da bobina “b”, ou seja, bnannbanab VVVVV . fL VV 3 A tensão de linha ( LV ) está deslocada de 30º da tensão de fase ( fV ). Avaliação Importante Não há deslocamento entre as tensões de linha do secundário e as do primário. Semelhantemente, não há deslocamento (rotação de fase) entre as tensões de fase primárias e secundárias. Primário: VAB = 23000º V VAN = 1330 -30º V Secundário: Vab = 400 0º V Van = 230 -30º V Esta verificação é importante para ligação em paralelo dos secundários dos transformadores. 69 Um enrolamento acidentalmente invertido Invertendo-se a bobina “b” acidentalmente, as tensões de linha ficarão desbalanceadas, ou seja, os valores absolutos das tensões de linha serão diferentes e não estarão mais defasados de 120º umas em relação às outras, e, também, não estarão mais em fase com as tensões de linha primária. VV VV VV cn bn an º90230 º30230 º30230 VV VV VV bc ab ca º30230 º90230 º120400 70 Ligação com X1 comum As tensões de linha (VL) e
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