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Contestação Denner, Vitor.

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EXMO SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ 
PROC. nº: 0202978-11.6016.8.12.0008
PAPA PREÇO, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua Amaral Peixoto, nº22, Centro, Niterói/RJ, CEP 24020-077, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 16.224.688/0001-23, com endereço eletrônico papapreco@gmail.com, vem, por seus advogados abaixo assinados, com fulcro nos arts. 336 CPC/15 apresentar a presente:
C O N T E S T A Ç Ã O
À ação de indenização por danos morais e materiais promovida por Marcio Silva.
I - DO PEDIDO PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
Deve-se suscitar, preliminarmente, a incapacidade do Réu, PAPA PREÇO, de figurar no polo passivo da presente ação.
Ocorre que, a PAPA PREÇO COMÉRCIOS LTDA é subsidiariamente responsável por acidentes nos produtos de acordo com o art. 13, CDC. Isto, pois analisando seus incisos fica evidente que o caso presente não se enquadra em nenhuma das hipóteses que responsabilizariam o comerciante. 
O caput do art. 13 traz que o comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, passando a enumerar três hipóteses. O professor Rizzato Nunes ressalta que o vocábulo igualmente tem duplo sentido, de modo que "o comerciante tem as mesmas responsabilidades firmadas no artigo anterior e que o comerciante é solidariamente responsável com os agentes do art. 12 somente nessas 3 hipóteses. 
“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. ”
Logo, com a já evidente localização do fabricante TUDO LINDO S/A, e sua notória tradição no ramo de fabricação de produtos eletrônicos, a PAPA PREÇO LTDA deve ser considerada ilegítima para responder no polo passivo.
É o magistério de Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal Pai Moraes acerca do tema: 
O estatuto protetivo supera, como vimos, a relação contratual firmada entre o consumidor e o comerciante, visando a alcançar os agentes econômicos que são os verdadeiros introdutores do produto no mercado.
É plenamente justificável a diferenciação, tendo em vista que o comerciante, amiúde, desconhece o produto que recebe da indústria para pôr em circulação, podendo ele próprio, por consequência, ser vítima de um acidente de consumo.
Porém, a responsabilidade civil do comerciante, em princípio excluída, pode ocorrer caso se verifiquem as situações previstas nos incisos I, II e III do artigo 13 do CDC.
II – DOS FATOS
Trata-se de uma demanda através da qual a parte Autora requer indenização por danos materiais e morais em face dos Réus.
Tal pedido, resulta da explosão de um ventilador, que posteriormente veio a causar incêndio na casa da vítima, se ainda alegou ter sofrido queimaduras no rosto o deixando incapacitado de trabalhar.
Ocorre que o pedido formulado pelo Autor em face da Ré PAPA PREÇO LTDA não merece prosperar, senão vejamos:
O autor afirma que a responsabilidade pelo acidente ocorrido é do fabricante e do comerciante, não conseguindo, todavia, comprovar uma conduta ou omissão que coloque justamente o comerciante no polo passivo dessa ação.
Isso se dá pois o Réu PAPA PREÇO LTDA atua conforme a lei, tendo como um de seus princípios o respeito aos direitos do cliente. Destarte, o defeito que ocasionou a explosão no produto eletrônico advém de erro na sua fabricação, o que resulta na responsabilidade civil do Réu TUDO LINDO S/A.
Outrossim, ao fabricante cabe o dever de provar sua ausência de culpa no acidente, e caso não o consiga, ser considerado culpado pelo evento ocorrido.
III- DO DIREITO
III.1 – DA INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE
Na responsabilidade civil subjetiva, deve existir uma relação de nexo causal entre a conduta culposa do agente e o dano causado, o que no caso em tela não é verificável, visto que o primeiro Demandado PAPA PREÇO LTDA não deu causa aos danos suportados, tendo sido culpa exclusiva do fabricante.
Diante disso, resta claro que o dano causado não foi por parte do Réu do qual represento, já que este tomou todos os cuidados necessários no armazenamento do produto e ao requerer nos momentos do contrato com o fabricante, os dados a respeito de usa empresa. Ademais, conforme o artigo: 13
Assim, já se apresenta em nossa jurisprudência:
“A responsabilidade civil é composta por três elementos indissociáveis, quais sejam, ato ilícito, o dano efetivo e o nexo de causalidade, razão pela qual, à míngua da demonstração de um deles, fica afastado o dever de indenizar, eis que não se aperfeiçoa a trilogia estrutural desse instituto. ” (TAMG – AC 0281211-5 – 3ª C.Cív. – Rel. Juiz Dorival Guimarães Pereira – J. 25.08.1999)
Ora, se não houve ato ilícito, não ocorreu violação a dever jurídico originário da obrigação, portanto, inexiste a sanção sucessiva da responsabilidade que é consequência da violação do primeiro. Um é indissociavelmente ligado ao outro, conforme se pode inferir dos ensinamentos do Ilustre Desembargador Sergio Cavalieri Filho in “Programa de Responsabilidade Civil”, p. 20:
“A responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário. ”
Diante disso, é ilegítima a pretensão autoral em ser ressarcido pelos valores despendidos e dos lucros cessantes pelo meu cliente, conforme o artigo 186, do Código Civil.
III.2 – DA CULPA EXCLUSIVA DO FABRICANTE.
Segundo jurisprudência respectivamente do TJ-MS e TJ-RS a responsabilidade do comerciante é meramente subsidiária e o defeito de fabricação é responsabilidade do fabricante e a ele cabe o ônus da prova. Tratando-se de acidente de consumo, incumbe à fabricante o ônus processual de provar a inexistência do defeito (art. 12, § 3º, II, do CDC).
Jurisprudência>>>
Agora elencado a baixo jurisprudência do TJ-RS por decisão favorável em caso análogo ao do pedido onde defendido que a responsabilidade do fornecedor depende da existência de nexo de causalidade entre o defeito e os danos causados ao consumidor. 
IV. DOS PEDIDOS
Diante de todos os elementos que foram trazidos a elevada presença de Vossa Excelência, a Requerida, por intermédio dos seus advogados, com atribuições junto a este MM. Juízo, RJ, respeitosamente, requer:
1) Protesta pela condenação exclusiva do segundo Réu (TUDO LINDO S/A);
2). Seja excluído o primeiro Réu, PAPA PREÇO LTDA, do polo passivo, conforme art. 186 CC.
3). No mérito, seja JULGADO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS AUTORAIS A RESPEITO DO RÉU PAPA PREÇO LTDA, uma vez que o Réu não tem culpa nos fatos alegados pelo autor, conforme restou comprovado.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Niterói, 10 de abril de 2018.

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