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ACHADOS SEMIOLÓGICOS DE IMPORTÂNCIA PARA ODONTOLOGIA Andrei Bertotti e Giulia Santos PROFESSORA JULIANA HINTZ GERMANOS SCHEIDT 1 INTRODUÇÃO RINS A maioria das pessoas nasce com dois rins. Os rins são dois órgãos constituintes do trato urinário, junto com a uretra, a bexiga e os ureteres. Os rins, sendo normalmente dois, estão localizados em ambos os lados da coluna vertebral, na parte posterior do abdômen, sendo o rim direito quase sempre menor e mais abaixo que o esquerdo. Os rins se movimentam de acordo com a respiração humana, para baixo e para cima e cada um deles tem a forma de um grande grão de feijão, pesando aproximadamente de 120 a 180g. Os rins possuem três funções principais, sendo elas: A eliminação de toxinas e dejetos que resultam do metabolismo humano, a manutenção do equilíbrio hídrico do organismo, eliminando excessos de água e sais, evitando assim edemas e aumento da pressão arterial, e atuação como órgãos produtores de hormônios. Quando os rins se tornam incapazes de realizar essas funções primordiais para o corpo humano de maneira plena, acontece a Doença Renal. 2 DOENÇA RENAL A doença renal, também chamada de insuficiência renal, é a incapacidade dos rins de filtrar o sangue e assim eliminar substâncias prejudiciais, como a ureia e a creatinina, por exemplo, acumulando assim essas substâncias no organismo. A doença renal pode ser aguda ou crônica. DOENÇA RENAL AGUDA Doença Renal Aguda A insuficiência renal aguda acomete o paciente de forma que os rins tenham uma perda de função súbita e rápida, que será recuperada de dias até algumas semanas. Normalmente a lesão aguda não apresenta sintomas, pois se acontece de ambos os rins funcionarem normalmente, o outro rim saudável pode compensar e manter as condições renais muito perto do normal. Assim, se torna muito difícil a detecção da mesma. Causas da doença aguda: Diminuição da circulação de sangue nos rins Lesão nos rins Obstrução da passagem de urina Infecções Automedicação com medicações que podem sobrecarregar e prejudicar os rins Sinais e sintomas, quando acontecem: Inchaço Náusea Fadiga Coceira Dificuldade em respirar Pouca urina A insuficiência renal crônica acomete o paciente de forma que os rins tenham uma perda de função lenta, progressiva e irreversível. Durante este processo, o organismo tenta se adaptar de várias formas para sobreviver à insuficiência dos rins, assim, a doença se torna assintomática durante muito tempo e até que o organismo não encontre mais maneiras de se adaptar. Em muitos casos o diagnóstico e tratamento da doença nas suas fases iniciais pode ajudar a doença a se estabilizar e não progredir para fases mais avançadas e com tratamentos mais invasivos DOENÇA RENAL CRÔNICA Causas da doença crônica: Normalmente esta insuficiência é causada por outras doenças já existentes que agridem os rins e comprometem seu funcionamento. Estas doenças e condições podem ser: Diabetes tipo 1 e 2; Hipertensão; Glomerulonefrite; Obstrução por muito tempo do trato urinário Infecção renal; Doenças autoimunes; Uso excessivo de medicamentos Sinais e sintomas da doença crônica: Grande e frequente vontade de urinar Pressão arterial muito alta Cansaço intenso Pele amarelada Náuseas e vômitos Mal estar e fadiga Coceira e pele seca Perda de peso não intencional Pele muito clara ou escura; Dor nos ossos Sonolência e confusão Dormência em algumas áreas do corpo Mau hálito Sede excessiva Distúrbios do sono Para o diagnóstico desta doença são usadas análises laboratoriais de sangue e urina. O exame utilizado para a detecção da doença é a dosagem sanguínea da ureia e creatinina, sendo esta ultima o melhor marcador da função renal, já que quando os rins começam a serem prejudicados e diminuem sua função, seus valores sanguíneos se elevam. Os exames de urina são analisados, pois é muito comum que os pacientes com essa doença apresentam perdas de proteínas, sangue e células inflamatórias na urina. O tratamento para curar esta doença não existe, pois é uma lesão irreversível nos rins. Como não existem remédios, o objetivo do tratamento é apenas impedir o avanço da doença e desacelerar a perda de função. Nos estágios finais da doença se realiza hemodiálise para a limpeza do sangue ou transplante renal com um ou dois rins em estado perfeito de funcionamento. Neste trabalho, será discutido sobre pacientes que apresentam a doença em sua forma crônica. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO INFLUÊNCIA NA ODONTOLOGIA Pacientes que sofrem de doença renal crônica “apresentam um alto índice de alterações sistêmicas, e a presença de dano renal afeta significativamente o diagnóstico e a conduta terapêutica.” Estima-se que 90% dos mesmos apresentem problemas bucais. A perda de função de filtração e excreção dos rins causa manifestações bucais e inúmeras complicações devido à condição sistêmica que implicam em problemas durante um tratamento odontológico. Devido a isso, esses tratamentos odontológicos serão mais complexos e difíceis, levando o cirurgião a uma necessidade de conhecer e se adaptar a este grupo de pacientes, tendo mais atenção e cuidado com os mesmos. 14 O tratamento em pacientes com DRC não consiste apenas na realização de necessidades odontológicas já pré-existentes, mas também no controle de qualquer infecção pela DRC na cavidade oral e toda a região da face. O tipo de tratamento a qual o paciente será submetido irá depender do estágio da doença e se ela está controlada ou não, tornando assim necessário um contato entre o cirurgião dentista e o médico responsável pelos cuidados do paciente Este tratamento deve ser feito durante a pausa das diálises. Os pacientes com DRC requerem cuidados e atenção especial, visto que possuem maior probabilidade de terem sangramentos excessivos e infecções, e também possuem uma maior sensibilidade a medicamentos. Em geral, quando ocorrem sangramentos, há a ocorrência de bacteremias envolvendo diferentes microorganismos presentes na boca, como estafilococos e estreptococos. Assim, fica evidenciada a necessidade de uma correta avaliação por parte do cirurgião-dentista do estado de saúde bucal desses pacientes, para poder eliminar todas as possíveis fontes de bactérias. Pode-se dizer que o atendimento odontológico ajuda a restaurar a saúde oral dos pacientes, familiarizando o paciente com todas as técnicas possíveis de higiene oral e prevenção para evitar maiores problemas. PACIENTES RENAIS CRÔNICOS E O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO MANIFESTAÇÕES BUCAIS Halitose Estomatite Urêmica Gengivite Xerostomia Parotidite Hipoplasia de Esmalte Língua Saburrossa 16 Halitose corresponde ao mau hálito, ou seja, a exalação de odores desagradáveis vindos da cavidade bucal, vindos da respiração ou da fala. Normalmente o portador de halitose não percebe seu problema, uma vez que o olfato se adapta rapidamente a qualquer odor constante. HALITOSE Estomatite é quando a mucosa fica avermelhada e ulcerada, coberta com uma pseudomembrana. Essa estomatite é causada nos pacientes pelos níveis alterados de ureia, e desaparece quando esses níveis voltam ao normal. Quando nosso organismo quebra as moléculas de proteína que serão direcionadas aos músculos, ele também produz algumas substâncias que não são aproveitadas pelo corpo. Entre essas substâncias estão a ureia e a creatinina. A ureia é um combinado de substâncias como nitrogênio, carbono, hidrogênio e oxigênio Estomatite Urêmica Gengivite é o estado inicial da doença periodontal (uma inflamação e infecção que causa alterações nos tecidos que dão sustentação aos dentes) que acomete as gengivas Gengivite Como os pacientes com DRC precisam fazer uma restrição na ingestão de líquidos, isto acarreta uma baixa salivação, que é a xerostomia. Sem a proteção da saliva e consequentemente com boca seca, esses pacientes mostram maior incidência de cáries, inflamação das mucosas orais, atrofia das papilas da língua e uma maior propensãoa infecções na cavidade bucal. Xerostomia Parotidite é uma inflamação que causa inchaço em uma ou em ambas as parótidas (duas grandes glândulas salivares que se situam no interior de cada mordente sobre a mandíbula, na frente de cada ouvido). Esta condição pode exigir tratamento e é causada por infecções bacterianas, infecção viral, obstrução do fluxo salivar, má higiene bucal entre outras. PAROTIDITE Hipoplasia de esmalte são más formações do esmalte dentário. Os dentes dos pacientes apresentam estrias de coloração amarela e parda que provoca uma perda da sensibilidade dentinária causado pela deficiência do metabolismo de cálcio e fósforo, na fase de maturação, e podem abalar o paciente pela parte estética HIPOPLASIA DE ESMALTE Lingua saburrosa é uma placa bacteriana esbranquiçada, podendo ainda ter a coloração amarelada ou amarronzada, que se forma no fundo da língua, e é causada pela diminuição da produção de saliva, comum nos pacientes com DRC. LINGUA SABURROSA FÁRMACOS Como a excreção de substâncias é comprometida na DRC, é desaconselhado o uso de medicamentos em alta dosagem excretados pelos rins. A maior parte dos medicamentos usados em tratamentos odontológicos são seguros para uso do paciente com essa doença em dose terapêutica. É muito importante o conhecimento e cuidado em relação ao uso de fármacos , visto que qualquer medicamento se usado errado pode vir a prejudicar o paciente. Os pacientes renais crônica podem serem submetidos à anestesia local com doses conservadoras. Amoxicilina, eritromicina e clindamicina podem ser utilizadas em suas doses normais, no entanto podem alterar o metabolismo das drogas imunossupressoras usadas pelos pacientes. A tetraciclina e estreptomicina não devem ser utilizadas nesses pacientes, pois aumentam o acúmulo de ureia. Não é indicado o uso de anti-inflamatórios e analségicos devem ser utilizados com grande cuidado. 25 CONCLUSÃO O presente estudo concluiu com base nas informações citadas nesse trabalho, que pacientes portadores de doença renal crônica apresentam maior predisposição para o desenvolvimento de doenças e manifestações bucais. O cirurgião dentista deve trabalhar de forma excepcional, pois esses pacientes merecem cuidados especiais antes, durante e após o tratamento odontológico. O paciente com DRC deve ser conscientizado sobre as possíveis consequências das doenças bucais e sua saúde geral, para que ele entenda a necessidade de fazer uma correta higiene bucal. 26
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