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História do Pensamento Econômico Roteiro de Estudos

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ROTEIRO DE ESTUDOS 
HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
ECONÔMICO 
Universidade Federal de Minas Gerais 
Avenida Antônio Carlos, 6627 – Pampulha – Belo Horizonte – MG 
CEP 31270-901 – Fone: +55 (31) 3409.5000 
 
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Faculdade de Ciências Econômicas - UFMG 
Ciências Econômicas - História do Pensamento Econômico – 2° Período 
Aluno: Pedro Oliveira de Sena Batista - 2013436666 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONOMICAS 
 
 
CIÊNCIAS ECONOMICAS – 2 PERÍODO 
HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONOMICO 
 
 
Roteiro feito por 
Pedro Oliveira de Sena Batista 
+55 31 8848.9888 
posbatista@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
1. AULA 1 – INTRODUÇÃO (08/08/2013) ................................................................. 4 
2. AULA 2 – FINLEY E CLASTRES (13/08/2013). ...................................................... 5 
3. AULA 3 – MERCANTILISMO E THOMAS MUN I (20/08/2013) ............................... 7 
4. AULA 4 – MERCANTILISMO E THOMAS MUN II (22/08/2013) ............................ 10 
5. AULA 5 – MERCANTILISMO E CAMERALISMO (27/08/2013) .............................. 13 
6. AULA 6 – WILLIAM PETTY E MAURÍCIO COUTINHO (29/08/2013) .................... 16 
7. AULA 7 – HORÁRIO VAGO (03/09/2013) ........................................................... 20 
8. AULA 8 – ESTUDO  DIRIGIDO  “ECONOMISTAS  POLÍTICOS”  (05/09/2013) ......... 20 
9. AULA 9 – ANÁLISE DO ESTUDO DIRIGIDO (10/09/2013) .................................. 20 
10. AULA 10 – INTRODUÇÃO À FISIOCRACIA (12/09/2013).................................... 22 
11. AULA 11 – FISIOCRACIA E QUESNEY (17/09/2013) .......................................... 25 
12. AULA 12 – ADAM SMITH I (19/09/2013) ........................................................... 27 
13. AULA 13 – ADAM SMITH II (24/09/2013) .......................................................... 30 
14. AULA 14 – ADAM SMITH III (26/09/2013) ........................................................ 33 
 
 
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1. AULA 1 – INTRODUÇÃO (08/08/2013) 
 
A história do pensamento econômico possui duas abordagens: a absolutista e a relativista. A 
diferença entre esse tipo de história e a história econômica é que a história do pensamento 
econômico faz um conjunto de reflexões a respeito da economia como ciência e a história 
econômica faz reflexões ao longo do tempo de toda a base econômica e social. A primeira 
então prioriza a evolução de ideias e como elas surgiram ao longo do tempo. 
 
A abordagem absolutista faz reflexões das teorias econômicas dos principais economistas do 
passado, independente de outros fatores externos. Essa abordagem analisa tais teorias até o 
momento presente. Está focada então apenas na teoria. 
 
A abordagem relativista se preocupa com o indivíduo em si e de como tal indivíduo foi 
desenvolvendo as suas ideias. Aqui existe uma preocupação com a formação e a trajetória do 
indivíduo que desenvolve teorias econômicas. 
 
A vantagem da abordagem absolutista é que ela permite que haja uma reconstrução analítica 
de termos econômicos que ajudam a entender melhor de onde os conceitos atuais surgiram. A 
desvantagem está no desenvolvimento ortodoxo, bastante valorizado aqui ao longo do tempo, 
além dessa abordagem querer transformar a história em um tipo de julgamento considerando 
fatos como certos e outros como errados. Eleger o presente de uma determinada forma e 
reconstituir o passado a partir deste presente pode envolver esse risco. Partindo dessa ideia, 
de acordo com a abordagem absolutista, tudo aquilo que é mais recente em termos 
econômicos seria o melhor em relação ao passado, mas isso não é necessariamente o correto. 
 
A abordagem relativista não é necessariamente melhor que a abordagem absolutista, mas ela 
explica melhor os pressupostos ideológicos econômicos e as correntes de pensamento 
econômico que surgiram a partir de diversos autores que muitas vezes se relacionam entre si 
com suas teorias. A desvantagem da abordagem relativista é que existe um certo 
esvaziamento do conteúdo analítico da teoria econômica. Essa abordagem possui dificuldade 
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de lidar com ideias analíticas puras, bem como abstrair tais ideias para explicar trajetórias 
econômicas de alguns indivíduos. 
 
A maioria dos estudiosos da história do pensamento econômico lidam com as duas 
abordagens, às vezes uma, às vezes outra, e às vezes as duas simultaneamente. Não existe 
uma abordagem melhor do que a outra. Ao ler algum texto é necessário tentar perceber qual 
abordagem está sendo utilizada. 
 
A história do pensamento econômico não pode ser vista como uma ciência exclusiva, mas sim 
como uma história que permite termos uma dimensão crítica a respeito da economia como 
ciência. 
 
2. AULA 2 – FINLEY E CLASTRES (13/08/2013). 
 
Os textos de Finley e Clastres tratam de economia primitiva e economia antiga e ambas as 
coisas são diferentes uma da outra. Clastres faz uma resenha sobre o livro de Sahlins, ou seja, 
um resumo informativo e com posicionamento, de forma a divulgar as ideias que são tratadas 
pelo autor do livro. Clastres então está escrevendo sobre economia primitiva. Por outro lado, 
Finley escreve sobre economia antiga. 
 
Qualquer fonte histórica escrita por alguém carrega consigo uma determinada crítica a qual 
está enraizada no historiador. Há dois tipos de crítica: a interna e a externa. A interna é para 
analisar argumentos e entender o texto escrito. A externa significa analisar informações e 
levantar perguntas que muitas vezes não possuem resposta em um determinado texto ou 
livro. 
 
Precisamos entender porque Finley começa o seu texto da data escolhida e o que ele quer 
dizer com economia antiga. A economia como objeto de estudo se diferencia da economia 
como ciência. A conclusão de Finley é que existia, em tempos remotos, na Grécia Antiga, uma 
economia  antiga,  mas  não  existia  economia  como  ciência.  A  palavra  “economia”  pode  significar  
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objeto de estudo ou ciência e na Grécia Antiga só o primeiro significado está presente. Além 
disso Finley diz que o que diferencia a economia pré-século XVIII e pós-século XVIII é o 
conhecimento autônomo. Na Grécia Antiga não existia conhecimento autônomo de economia e 
Finley usa o exemplo de Aristóteles. A economia existia como ideia, mas ela estava ainda 
presa à política. A evolução até o conhecimento autônomo foivagarosa e complexa. 
 
As bases para a argumentação de Finley são os livros de Hutcheson. Todo o questionamento 
se dá em cima dos conceitos de economia presentes nesses livros. Finley diz que na Grécia 
Antiga, a palavra economia possui significado relacionado à casa, lar e administração dos 
mesmos. Aristóteles falava de economia dentro da política, mas Xenofontes escreveu 
posteriormente apenas sobre economia. A economia antiga se diferencia da economia atual, 
apesar de ambas se assentarem sobre as mesmas bases conceituais. Antigamente a economia 
era carregada de base material, mas não de ciência econômica e muito menos de economia 
política. Em outras palavras, existia economia no mundo antigo, mas não existia conhecimento 
econômico. Esse é o argumento principal do texto de Finley. 
 
O uso do termo economia no alemão está ligado à literatura do pai de família. Isso se refere ao 
entendimento de economia para o mundo antigo. Finley às vezes diz que tanto Xenofontes 
quanto Hutcheson possuem o mesmo ponto de vista, mas os argumentos de ambos são 
diferentes. 
 
Com o passar dos anos o poder do Estado foi aumentando, tanto politicamente quanto 
economicamente e militarmente. Isso ajudou o conhecimento econômico na medida em que 
ele passa a se destacar, surgir e evoluir, processos que no mundo antigo não ocorreram. 
Avanços em outros campos do conhecimento fizeram surgir o método científico que auxiliou 
diversas compreensões no ramo da economia. Progressivamente as ideias foram convergindo 
gerando o conhecimento econômico que temos hoje. Finley fala de uma base material que se 
transforma em uma base de conhecimento a partir do momento em que o capitalismo 
moderno surge. 
 
Clastres, em sua resenha sobre o livro de Sahlins, fala sobre economia primitiva, a qual é mais 
recente e diferente da economia antiga. Sahlins e Clastres criticam as sociedades primitivas 
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que são em sua maioria vistas como sociedades de subsistência. Além disso o texto visa 
mostrar como diversos autores criaram essa ideia de taxar a economia primitiva em economia 
de subsistência. A economia dos povos primitivos acabou gerando o senso comum de que eles 
mal conseguiam viver, tendendo a desaparecer. É uma análise que vai contra as evidências e é 
por isso que Clastres e Sahlins realizam críticas a essas falsas ideias. A discussão é que existe 
uma narrativa básica sobre a evolução da economia da qual todos os antropólogos ficaram 
reféns. Essa narrativa é a de que a economia tende a crescer e se ela não cresce é porque tem 
algo errado. Clastres explora argumentos para mostrar que essa narrativa não é verdadeira 
pois não explica de maneira razoável algumas evidências observadas em povos primitivos. 
Clastres avança e diz que tais povos eram contra a economia enquanto base material 
capitalista, sendo que esta base estava inserida em outros contextos. Por causa disso a 
sociedade primitiva era interpretada de forma errada, daí surge toda a sua crítica. Mesmo 
quando os povos primitivos começam a realizar trocas, não quer dizer que uma sociedade de 
mercado havia surgido. As trocas eram baseadas na reciprocidade e vínculos entre as pessoas 
eram formados. Tais vínculos não existem no mundo de hoje (mundo moderno). 
 
Ambos os textos tratam de como a economia se torna autônoma a partir de uma base material 
que antes a deixava presa junto a outros fatores. No nosso mundo atual, moderno e 
capitalista, a economia já é bastante autônoma. 
 
OBS: No momento em que a economia vai se tornando autônoma, só faz sentido falar em 
ciência econômica quando há capitalismo. 
 
3. AULA 3 – MERCANTILISMO E THOMAS MUN I (20/08/2013) 
 
Não existe um consenso entre os autores para designar o que vem a ser o mercantilismo, pois 
o intervalo de tempo em que o sistema vigorou foi muito grande e cada autor publicava 
trabalhos com suas próprias impressões analíticas sobre o que vinha a ser tal sistema. Na 
fisiocracia havia uma unidade em que os autores convergiam para as mesmas ideias. Aqui, o 
mercantilismo, devido as suas variantes em cada país, não possuía unidade e sua definição 
ainda é bastante dispersa; porém, cada uma das definições se assemelham em algum aspecto. 
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O livro de Thomas Mun não foi impresso assim que terminou de ser escrito. Várias pessoas 
compartilharam o texto e apenas quando o filho do autor publicou o manuscrito é que tivemos 
a primeira edição lançada em 1664. É necessário fazer uma crítica externa do livro e entender 
em que contexto ele está inserido e depois partir para a crítica interna. O livro é sobre um 
comerciante envolvido diretamente com trocas comerciais o qual defende o seu ponto de vista 
deixando-o bem claro para o leitor. 
 
Aquilo que começa a dar unidade ao mercantilismo se refere à glória do Estado e o aumento 
do poderio do mesmo. Vários textos que tratam de diferentes tipos de mercantilismo abordam 
o fortalecimento do estado como aspecto central. Thomas Mun escreve sobre os métodos a 
serem adotados pelo Estado inglês de forma a aumentar a sua riqueza. Dentre os vários 
modelos de mercantilismo que surgiram na Europa, todos tratam do aumento do poderio do 
Estado levando em conta uma visão da economia naquele momento. As diferenças entre o 
mercantilismo na Europa eram várias e cada país desenvolveu um tipo particular desse 
sistema. 
 
O mercantilismo abrange um período de 300 anos que se inicia no século XV e vai até o século 
XVIII. Durante todo o período houve mudanças no modelo que contribuíram para a sua 
formação, consolidação e atuação. Foi uma característica de países que eram muito diferentes 
entre si e com pouca interação. O termo mercantilismo foi cunhado em épocas recentes de 
forma a explicar um comportamento antigo apresentado pela economia e pelo Estado: 
 
a) Portugal e Espanha praticaram o bulionismo (busca por metais preciosos). O 
descobrimento de metais pela Espanha nas minas de Potosí causou um grande fluxo de 
metais preciosos para este país e para a Europa. Como consequência houve um aumento 
de preços que levou a Espanha a se preocupar com o controle da entrada e saída de 
divisas de seu território. 
 
b) Inglaterra e Holanda priorizavam o comercialismo, tipo de mercantilismo que dá 
importância a uma balança comercial favorável com o auxílio de monopólios e privilégios. 
 
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c) França se preocupou em intervir diretamente na economia priorizando a manufatura de 
luxo, já que a estrutura social privilegiava classes superiores capazes de acumular riqueza 
e comprar tais produtos movimentando assim a economia naquele momento. É comum 
denominar o mercantilismo francês de colbertismo devido ao primeiro ministro Colbert. 
 
Os portugueses adaptaram o comercio ultramarino no século XVII quandoa escravidão negra 
se  tornou  prioridade.  Com  isso,  uma  estratégia  de  “comércio  triangular”  entre  Portugal,  África  
e Brasil se desenvolveu transformando Portugal em um importante entreposto comercial entre 
o novo mundo e a Europa. Na verdade, mais do  que  um  “comércio  triangular”,  essa  estratégia  
era uma relação bilateral entre África e Brasil. 
 
O cameralismo nos estados germânicos visava a recomendação do príncipe e dar a ele a 
instrução necessária para governar e ensiná-lo que o Estado possuía um papel crucial na 
economia e na vida das pessoas. 
 
Todos os exemplos anteriores, apesar das diferenças, retratavam uma etapa da economia que 
estava inserida no desenvolvimento do capitalismo comercial que gerava, naquele momento, 
os conceitos de mercantilismo que hoje conhecemos e que visa sempre aumentar o poderio do 
Estado. No caso da Inglaterra, todos os trabalhos publicados na época do mercantilismo foram 
escritos por comerciantes que orbitavam um mundo marcado por diversas trocas comerciais. 
 
A literatura econômica, desde Finley e Clastres até os autores mercantilistas, foi evoluindo. 
Dos gregos até a época medieval, o assunto que mais era abordado envolvia a justiça. São 
Tomás de Aquino, ainda no período medieval, introduziu novos trabalhos nessa literatura e 
abriu portas para que trabalhos sobre economia começassem a surgir como, por exemplo, a 
ideia do preço justo das mercadorias. Os autores mercantilistas retomam a discussão medieval 
sobre essa ideia. Thomas Mun não se preocupa com o preço justo, mas ele dialoga com outros 
autores que se preocupavam com o tema. Ele está preocupado com a balança comercial 
favorável, englobando aspectos relacionados ao câmbio entre as moedas. Para Mun, diferentes 
moedas eram questões técnicas que mereciam interesse. Seus opositores dizem que o câmbio 
deve ser controlado pelo estado para regular preços (preços justos). Já Mun possuía outra 
concepção a qual o câmbio deve ser regulado pelo próprio comércio. Estas discussões não 
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podem ser tratadas com a visão moderna de economia que temos hoje, pois os motivos para o 
estado controlar ou não o câmbio naquela época são totalmente diferentes dos motivos de 
hoje. O livro de Thomas Mun procura romper com ideias anteriores pois para o autor o câmbio 
deve ser controlado pela balança comercial e não pela vontade do soberano, como seus 
antecessores defendiam. O seu livro defende a manutenção do comércio com a Companhia das 
Índias Orientais a qual ele era o diretor na época. Futuramente Adam Smith ataca duramente 
o ponto de vista de Thomas Mun. 
 
Toda a discussão sobre Thomas Mun e a história do pensamento econômico não pode ser 
tratada com a visão de economia que temos hoje já que as ideias, motivações e perspectivas 
eram diferentes antigamente. Os contextos eram diferentes dos atuais. 
 
Dois outros nomes importantes para o mercantilismo, assim como Thomas Mun, são Malynes e 
Misseldens. Este último é antagonista de Thomas Mun e ambos são antagonista de Malynes. 
Misseldens introduziu a ideia de balança comercial favorável que foi apropriado por Thomas 
Mun. Malynes é ambíguo por se posicionar ora como comerciante e ora como funcionário do 
governo da Inglaterra. Ele expressa uma concepção de que o câmbio deveria seguir princípios 
morais com base na ideia de preço justo, ou seja, o câmbio deveria ser controlado pelo rei e 
por instituições governamentais. Misseldens e Mun discordam de Malynes quanto ao câmbio, 
mas também discordam entre si sobre qual deveria ser o destino da moeda. Thomas Mun 
defendia a ida de moeda para a Companhia das Índias Orientais, mas Misseldens defendia que 
a moeda deveria ficar com o soberano o que se opõe aos privilégios comerciais da Companhia 
das Índias Orientais. Misseldens queria um comércio apenas com povos cristãos, já que para 
ele o comércio com povos de outras religiões geraria problemas. 
 
4. AULA 4 – MERCANTILISMO E THOMAS MUN II (22/08/2013) 
 
Em história do pensamento econômico as ideias econômicas antigas são mais simples, do 
ponto de vista moderno, do que as ideias atuais. Porém, compreender aspectos do período 
estudado pode ser complicado e entende-los é fundamental para compreender o que os 
pensadores econômicos estavam dizendo. 
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Do século XVI para frente as questões monetárias (moeda como algo específico e com várias 
influências e aplicações) tornaram-se muito importantes com a entrada de metais preciosos na 
Europa vindos das colônias espanholas, o que ocasiona a chamada revolução dos preços, os 
quais aumentaram bastante. Esse aumento coloca em discussão a ideia do preço justo de cada 
mercadoria. No caso da moeda, que na época era entendida também como mercadoria, o 
preço justo não era necessariamente o seu valor de face, pois uma moeda podia ser 
abundante em um país (mais barata) ou escassa (mais cara). O sistema monetário era bem 
complicado na época, pois cada país possuía suas especificidades já que as moedas eram, em 
maioria, de ouro e prata, mas sem conversão de uma para outra. Além disso, por possuir 
conteúdo metálico, moedas de outros países eram aceitas dentro de um território e alguns reis 
ainda cobravam impostos sobre o conteúdo metálico das mesmas, recolhendo-as para retirar a 
sua parcela e recunhando-as. Em outros países as moedas passaram a não ser aceitas devido 
a essa recunhagem que acabava diminuindo o conteúdo metálico das mesmas. Essa situação, 
assim como outras, exemplificam as complexidades do sistema monetário da época antiga. 
Moedas com borda serrilhada passaram a ser feitas para que lascas das mesmas não fossem 
retiradas ocasionando diminuição de seu conteúdo metálico. 
 
O livro de Thomas Mun, amplamente circulado de forma completa e também parcial durante a 
época, é mais um debate sobre o que estava acontecendo naquele momento, gerando 
especulações teóricas e analíticas sobre economia e que foram evoluindo e abrindo portas para 
novos entendimentos. Dentro do livro existem palavras e frases bem analíticas e complexas 
que remetem a outras questões. Thomas Mun distingue riqueza de forma que capital e 
dinheiro não se misturam. Para ele, o capital deve ser aplicado e gerar um retorno em 
mercadoria (ativos, capital) ou em moeda. Para o autor, o Estado pode investir capital para ter 
retorno em mais moeda e mais mercadorias as quais podem novamente serem 
comercializadas. O que interessa ao estado é a riqueza e não necessariamente a acumulação 
de moeda trará tais riquezas. Acumular moeda não tem relevância para Thomas Mun, pois ele 
dá mais importância a ativos e capital do que a moeda em si. 
 
A todo tempo Thomas Mun fala sobre comerciantes, mas mencionando sempre qual a 
importância do comércio para a Inglaterra. Produtos os quais a Inglaterra tem monopólio 
devem ter o seu preço aumentado ao máximo enquanto produtos sem monopólio devem ser o 
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mais barato possível. O autor era diretor da companhia das índias orientais, portanto, defendia 
a exclusividade de comércio e transporte de mercadorias por navios ingleses. Suas motivações 
se confundem com sua posição de diretor da companhia, ou seja, ele defende seu ponto de 
vista como diretor e como cidadão e comerciante inglês preocupado com a riqueza da 
Inglaterra. Exportar produtos e receber em mercadorias pode gerar ainda mais moeda e 
riquezas já que tais mercadorias possuem valor agregado e podem ser vendidas novamente o 
que  faz  delas  bons  ativos.  Ao  falar  em  “stock”  em  seu  livro,  Mun  não  se  refere  a  estoques  de  
mercadorias, mas sim em patrimônio, haveres, ativos, que são exemplos de capital que podem 
gerar ainda mais capital. 
 
Em 1620 houve uma crise econômica devido à escassez de moeda na Inglaterra. A moeda é 
uma mercadoria nesse contexto e com a escassez o seu preço é mais alto e o preço das 
demais mercadorias caem gerando deflação e indicando desaceleração da economia. O livro de 
Thomas Mun faz parte das discussões a respeito da crise. Uma das justificativas para ela 
estava no câmbio que distorcia o valor da moeda inglesa ocasionando sua saída. Outra 
justificativa dizia que o privilégio dado às companhias comerciais que exportavam muita 
moeda ocasionava o não retorno da mesma. Até mesmo judeus foram acusados por tais fatos 
o que acabou envolvendo religião ao problema. Ao tentar mudar valores das moedas com 
operações de câmbio, a moeda inglesa passou a valer menos do que o seu valor metálico 
(valor de face menor do que o valor metálico), fazendo valer a pena exportar a moeda para 
fora da Inglaterra. Essa explicação era uma das teses plausíveis para compreender a crise e a 
solução estava em reestabelecer o preço justo da moeda inglesa no mercado através da 
criação de instituições que regulamentariam tal preço. Sendo assim, o câmbio envolvendo a 
moeda inglesa deveria ser alterado e fixado (opinião defendida por Malynes). O problema era 
que as razões da crise não estavam bem esclarecidas naquele momento. O comércio estava 
em queda o que era fácil de ser percebido mas difícil de ser explicado. Uma explicação 
também plausível era a existência de concorrência internacional da Inglaterra com a Holanda. 
Além disso, a Europa vivia a guerra dos 30 anos nos territórios germânicos, ocasionando uma 
desvalorização do padrão metálico nessas áreas, as quais eram grande compradoras de 
produtos ingleses. A desvalorização ocorreu para financiar os gastos com a guerra. A 
Inglaterra passou a modificar o câmbio devido à desvalorização em tais áreas e essa é 
também uma forte explicação para a crise. Outra corrente que se opõe a essa explicação toda 
diz que o problema não era o câmbio com entrada e saída de moeda, pois isso era controlado 
pela balança comercial. Misseldens é o primeiro a defender isso, assim como Thomas Mun em 
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um segundo momento; porém, ambos discordam entre si pois Misseldens era contra os 
privilégios comerciais das companhias comerciais enquanto Thomas Mun era a favor. 
Misseldens fazia parte de comerciantes que não estavam vinculados à Companhia das Índias 
Orientais, a qual Thomas Mun fazia parte. Para eles, o fluxo comercial definia o câmbio e para 
resolver o problema da crise era necessário olhar o comércio e conseguir um baixo câmbio. 
Vendendo mais, a Inglaterra receberia mais moeda e o problema da evasão da mesma seria 
resolvido, contendo a deflação. 
 
Todo esse debate e oposição de opiniões se estruturou diante da crise de 1620. Foi uma 
disputa de perspectivas explicativas sobre o contexto. Em todo o período retratado a moeda 
era mercadoria, bem diferente da perspectiva de moeda que temos hoje. 
 
5. AULA 5 – MERCANTILISMO E CAMERALISMO (27/08/2013) 
 
O mercantilismo é um termo criado em tempos modernos para rotular características comuns 
que surgiram em momentos diferentes e locais diferentes, ou seja, não é um movimento 
intelectual, mas um rótulo sobre certas ideias que surgiram na época em que o capitalismo 
estava nascendo. 
 
Thomas Mun diz que o fluxo de comércio externo (balança comercial favorável) é o que traz 
riqueza ao país e não o valor intrínseco da moeda. 
 
Uma das formas do mercantilismo é o cameralismo, uma das suas feições que existiu nos 
reinos germânicos. 
 
A história do pensamento econômico corresponde, para o nosso curso, a uma sequência linear 
de fatos e acontecimentos, assumindo o ponto de vista da economia política como referência. 
Apesar disso, esse método não é o ideal. Existe a maneira certa de se contar a história do 
pensamento econômico, mas existem também outras perspectivas. O nosso curso então 
poderia começar e terminar em vários pontos distintos; porém, seguimos o caminho mais 
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tradicional apesar de existirem essas inúmeras possibilidades. A discussão que se segue 
mostra que muitas coisas em história do pensamento econômico estão conectadas. 
Schumpeter em seu livro de análise econômica apresenta perspectivas específicas, de acordo 
com seus interesses, dentro da história do pensamento econômico. O mesmo vale para Karl 
Marx. Esses exemplos evidenciam as demais possibilidades de partida e chegada em HPE. 
Schumpeter cita vários autores que desenvolvem ideias sobre o pensamento econômico em 
relação a estados absolutistas em que viviam. As literaturas dos conselheiros dos reis tratam 
de conceitos que aumentariam a riqueza e o poderio dos soberanos e dos seus respectivos 
estados. Ai entra o cameralismo. 
 
O cameralismo serviu de pedagogia para os membros da burocracia estatal. Vários textos 
passaram a surgir por volta do século XVIII e influenciaram vários anos até meados do século 
XX, como é o exemplo da Áustria. A produção do conhecimento para formar funcionários do 
quadro administrativo é o que distingue o cameralismo. 
 
A guerra dos 30 anos foi importante para a escassez de moeda na Inglaterra, mas também 
gerou uma queda populacional nos reinos germânicos. O problema populacional passou a ser 
urgente. Vários conselheiros dos reis dos diversos estados germânicos passaram a discutir 
métodos para aumentar novamente a população. Todos os cameralistas refletem a cerca dessa 
questão que é importante, pois o cameralismo se conecta a ele e o problema econômico 
começou a ser visto por uma outra perspectiva que não a inglesa e escocesa. Para estes, a 
economia era vista pela ótica da produção. A outra ótica possível é a do consumo. A economia 
poderia ser pensada pelo ponto de vista do consumo. A evolução da economia política, porém, 
priorizava   a   ótica   da   produção.  Os   cameralistas   divergem   por   serem   “menos   sofisticados”   e  
falarem de várias coisas como economia, política, direito, comércio, finanças, etc. A literatura 
cameralista e a maneira como ela surgiu acaba por fazer essa mistura e Schumpeter já dizia 
que o ponto de vista cameralista era importante por perceber a economia pelaótica do 
consumo o qual era o motor propulsor da economia. E para haver consumo a população 
começa a ter importância. Em meados do século XVIII o mainstream do pensamento 
econômico estava focado em como aumentar o poder do estado e o cameralismo passou a 
tratar desses temas relacionando consumo, população, finanças, etc. Essa perspectiva 
cameralista foi também englobada por aquilo que denominamos mercantilismo. 
 
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Becher é um autor elegido por Schumpeter como o primeiro a inaugurar a perspectiva 
cameralista do ponto de vista do consumo. Hornick (não sei se o nome está certo!), o outro 
autor cameralista, escreve sobre quais princípios a Áustria poderia obter sua hegemonia sobre 
outras nações. Para ele, as matérias primas deveriam ser utilizadas nas manufaturas 
nacionais, a população deveria ser grande e trabalhadora, as exportações de ouro e prata 
deveriam ser proibidas, o solo deveria ser aproveitado para se produzir a favor do país e as 
importações deveriam ser reduzidas e feitas a partir da troca com produtos nacionais. As 
importações permitidas eram as de matéria prima para se produzir produtos nacionais a serem 
comercializados. Todos os princípios que este autor defende têm haver com comércio e não se 
relacionam com Thomas Mun. Esses princípios se relacionam com a riqueza a partir de um 
aumento de produção, aumento de população para estimular o mercado interno e colocar a 
moeda do país em circulação. O discurso econômico dá voltas e perspectivas diferentes se 
confrontam, assim como a ótica da produção confronta com a ótica do consumo. 
 
O cameralismo também surge diante do problema de se unificar áreas comuns e seus 
mercados, os quais antes estavam separados o que dificultava as trocas devido a taxas e 
impostos. A ideia do cameralismo era abaixar impostos nessas áreas criando uma base 
comercial mais ampla. Isso também provocaria o aumento populacional criando uma base 
demográfica maior para arrecadação de impostos. Cameralismo vem de câmara, local onde o 
príncipe recebia seus consultores para tratar de burocracia estatal. Cameralismo se relaciona 
muito com as finanças públicas em aspectos específicos como, por exemplo, metais preciosos, 
já que em áreas germânicas existiam minas de ouro e prata. Além disso a madeira de bosques 
e florestas também se relaciona com o cameralismo, pois essa madeira gerava carvão para 
sustentar as minas e casas de fundição. Os cameralistas sabiam que a madeira era escassa, 
um recurso finito que se não fosse preservado levaria o reino a diversos problemas. Essa é 
uma visão moderna que o cameralismo possuía. 
 
A perspectiva cameralistas influenciou outros países como os da península ibérica. Portugal 
tinha minas em suas colônias, população pequena que dificultava a colonização e outras 
características. Ou seja, possuía dilemas que o cameralismo retratava. Após o terremoto de 
Lisboa em 1755, a maneira utilizada pelo governo para reestruturar a cidade tangencia 
princípios cameralistas. O cameralismo, que hoje pode ser estranho, naquele momento do 
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século XVIII era o mainstream da economia, constituindo-se a principal forma de pensamento 
econômico. 
 
A ciência da polícia é um dos ramos centrais do cameralismo. A polícia aqui tem um sentido 
diferente da ideia de segurança pública de hoje. Polícia no século XVIII dizia respeito à 
administração interna do estado, como regular pesos e medidas no comércio, etc. A ciência da 
polícia se desenvolveu no cameralismo. 
 
Von Justi será um dos principais sistematizadores da ciência da polícia que é a junção de 
vários conceitos a favor da administração interna do estado. Essa ciência sistematiza os 
problemas econômicos do estado. 
 
O resumo da discussão é que o pensamento econômico do século XVIII é resultado de uma 
mistura de conceitos que vincula a economia ao estado. Adam Smith rompe com esse novo 
conceito com o liberalismo o qual privilegia escolhas individuais e a auto-regulação. O 
mainstream do século XVIII privilegiava o cameralismo e Von Justi dizia que o importante era 
a felicidade do estado e dos súditos. Coisas diferentes deveriam ser conciliadas. Adam Smith 
se opõe a essa ideia. No final do século XVIII a sociedade civil e o estado eram vistos como 
sendo a mesma coisa e a figura do indivíduo ainda não era central e importante como para 
Adam Smith. Os cameralistas enxergavam a sociedade como uma parte do corpo do estado. 
Marx mais à frente distingue a sociedade e estado criticando o cameralismo. 
 
No século XVIII a ciência da polícia tratava de economia de uma forma diferente da 
perspectiva inglesa e escocesa. 
 
6. AULA 6 – WILLIAM PETTY E MAURÍCIO COUTINHO (29/08/2013) 
 
O texto de William Petty faz parte de um livro que aborda diversas questões. Em história é 
sempre importante perceber as datas dos acontecimentos de forma a contextualizá-los. Assim 
podemos também entender quando alguma ideia surgiu e quando ela deixou de ser 
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importante. Anteriormente foi discutido rótulos mercantilistas, ora bons, ora ruins, que 
prevaleceram do século XVI ao século XVIII. William Petty está no final do século XVII e início 
do século XVIII. Do ponto de vista da evolução do pensamento econômico, os séculos citados 
são muito importantes. A partir do século XIX a economia política clássica passou a ser muito 
importante. Mecanismos impessoais de funcionamento da economia, como o mercado, não 
dependem das vontades individuais (pessoais) dos indivíduos. Thomas Mun já defendia esse 
ponto de vista ao considerar que o fluxo comercial controlava o câmbio, e não a vontade do 
soberano. Adam Smith no século XIX proporcionou significativos avanços na economia política 
e no século XX houve reconstruções analíticas a respeito do que foi produzido em séculos 
passados. Porém, ao fazer isso, as vezes as informações podem ser distorcidas, pois estamos 
analisando um período anterior do ponto de vista atual. 
 
A ótica da demanda, ou seja, do consumo, só foi percebida no século XX quando textos de 
séculos anteriores foram analisados. Essa ótica prioriza a população e o texto de Petty também 
dá enfoque a ela. Entre meados do século XVII até meados do século XVIII vários temas 
similares surgiram em diferentes partes da Europa como, por exemplo, o tema populacional. O 
tema aritmética política cunhado por William Petty só foi publicado após sua morte em 1680, 
apesar de ter sido escrito na década de 1660-1670. Apenas na segunda metade do século 
XVIII é que a aritmética política passou a ser altamente contemplada pela Europa. Um 
determinado soberano naquela época passou a tomar decisões com base em aritmética 
política. Além disso, a obra de Petty foi oferecida ao rei da Inglaterra, o que reforça a ideia da 
existência de conselheirosdo soberano, como já retratado pelo cameralismo. 
 
O autor de Aritmética Política nos permite analisar a evolução científica da economia no século 
XVII, o que contribui para torna-la autônoma. Tudo que Petty fala se fundamenta em números 
para tornar a argumentação mais sólida. Os números eram estimativas para a época. Petty 
não só diz qual método irá utilizar, mas também elogia o próprio método por ele utilizado, o 
qual mais tarde passou a ser amplamente difundido. Dessa forma, a questão numérica passou 
a fazer parte da economia. 
 
William Petty faz parte de um contexto bem específico o qual estão presentes as instituições 
econômicas. Uma delas era a Royal Society inglesa, instituição que tratava de especificações 
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econômicas da época. Existe então um projeto científico pôr traz dessa metodologia científica 
adotada por Petty diante dessa instituição. Tal metodologia foi influenciada pelo pensamento 
indutivo de Francis Bacon de forma a tentar explicar e deduzir leis sobre o funcionamento do 
mundo político e econômico. Apesar de fazer muitas estimativas, Petty tenta se basear na 
realidade para não fornecer falsos dados. Além disso, a figura do autor é importante pois ele 
próprio está inserido no período pré-clássico (XVII-XVIII) que ajudou a construir a economia 
clássica que hoje conhecemos (XIX-XX). 
 
O texto de Maurício Coutinho menciona William Petty, o qual iniciou sua carreira na medicina, 
assim como outro importante nome da economia, Quesney. O vínculo entre medicina e 
economia existiu no tempo de Petty e até faz certo sentido naquela época. Petty estudou 
medicina na França e na Holanda. Tentou, ao ir para a França, tornar-se comerciante, mas não 
prosperou e decidiu estudar para se tornar um acadêmico e posteriormente a isso entrou na 
burocracia do estado. Muitos pensadores econômicos tiveram experiências estudiosas e 
acadêmicas parecidas com a de Petty, além de também terem experiências na área comercial 
e estatal. Petty mistura todas as suas experiências em sua trajetória. Ao voltar para Inglaterra 
ele tenta se tornar professor e se junta a outros pensadores que integram a Royal Society. 
Como professor passou a lecionar medicina, mas também era professor de música. Várias 
coisas foram feitas por ele durante sua vida. Atualmente pode parecer que tais experiências 
são desconexas, mas naquela época todas elas relacionavam entre si de alguma forma. A 
medicina estava passando por uma revolução de conhecimento e Petty, além de vivenciá-la, 
trabalhava com anatomia. Esse ramo da medicina trata de proporções e envolve embasamento 
matemático. Sua formação acadêmica teve influência matemática que o levou para medicina, 
música e, posteriormente, a tratar de economia, contextualizando-a com números. Tais áreas 
que parecem aleatórias se conectam através da matemática. Daí o seu livro possui forte 
embasamento matemático, o qual esteve presente em toda a sua formação. 
 
Mais tarde Petty se licencia de seus empregos e integra o exército de Cromwell, como médico, 
indo para Irlanda. Uma de suas funções era remarcar as terras de irlandeses que foram 
expulsos para o norte. Para fazer a divisão das terras Petty se dispôs de conhecimentos de 
matemática que auxiliaram na remarcação e em estudos de cartografia. Na medida em que há 
a divisão de terras e em que Petty se torna proprietário de algumas delas, disputas judiciais de 
posse se iniciaram. Nesse contexto e nessa trajetória de vida Petty acumulou conhecimento 
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suficiente para escrever o seu livro. Ele observou que a Inglaterra era mais rica do que se 
parecia e decidiu provar isso com números. 
 
Petty em seu livro passa a construir concepções de riqueza. A contabilidade nacional passa a 
ser importante em seu trabalho. Seu livro introduz concepções de contas que mais tarde 
originariam a contabilidade nacional, ou seja, uma forma de vislumbrar a riqueza de um país. 
Em Aritmética Política a riqueza se relaciona com o trabalho. A ótica do consumo não é 
importante para ele, mas sim a força de trabalho de uma nação. Os fatores de produção 
seriam mais importantes para a riqueza do país (terra, capital e trabalho). Esse raciocínio 
envolve conhecimentos de contabilidade tais como receita, despesa, princípio das partidas 
dobradas, etc. De um lado temos a despesa com gastos e a receita com salários, lucros e 
renda. Petty já sabia que tanto despesa como renda deveriam ter o mesmo valor final e suas 
contas visavam estimar o valor da população medido com base no trabalho. Dessa forma seria 
possível estimar o valor de toda a Inglaterra. Esse tipo de análise reflexiva promoveu avanços 
econômicos na época. 
 
Diferentemente de outros membros da Royal Society, os feitos de Petty não vingaram de 
imediato. Ele colaborou também significativamente para o avanço da demografia, mas esse e 
outros ganhos não foram valorizados de imediato. Somente no século XX é que tudo que Petty 
fez passou a ser valorizado, culminando na contabilidade nacional. 
 
O cameralismo se desenvolveu na época em que Petty viveu, mas ele não era cameralista 
apesar de existirem semelhanças entre cameralismo e o seu trabalho intitulado Aritmética 
Política. 
 
No fim, Petty acabou sendo satirizado por outros autores devido a algumas de suas ideias. 
Swift foi um dos que fizeram isso. 
 
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7. AULA 7 – HORÁRIO VAGO (03/09/2013) 
 
8. AULA 8 – ESTUDO DIRIGIDO “ECONOMISTAS  POLÍTICOS” (05/09/2013) 
 
 
9. AULA 9 – ANÁLISE DO ESTUDO DIRIGIDO (10/09/2013) 
 
Quando estudamos HPE, a primeira coisa que vem a nossa mente é determinar quem são os 
autores e qual o contexto histórico em que os textos estão inseridos. É necessário sabermos 
quais são os interesses dos autores e quem eventualmente pode estar financiando ambos. 
 
Thomas Mun estava mais preso aos aspectos comerciais enquanto Petty prioriza aspectos do 
trabalho. Mun é um autor mais antigo do que Petty e escreve em um contexto em que a 
Inglaterra não era tão rica quanto na época de Petty. 
 
Na antiguidade a esfera econômica não era importante, ou seja, ela era mais fechada do que 
atualmente. Na época dos autores já existiam nações que competiam com suas economias. 
Com o passar do tempo os autores posteriores não utilizaram mais o métodos indutivo e suas 
análises além de não se prenderem muito aos dados. 
 
Thomas Mun e William Petty, assim como Pierre de Boisguilbert, não escrevem sem 
objetividade. Todos escrevem como conselheiros do soberano. Mun fala de moeda como ela 
sendo um estoque de riqueza da coroa e mais tarde Adam Smith contradiz essa ideia. Petty diz 
que a riqueza da coroa não é importante, mas sim a riqueza do povo e dar a ele condições de 
viver sob um nível mínimo de riqueza. Pierre de Boisguilbert erafrancês e a França era na 
época uma economia mais agrária do que a Inglaterra e por isso o seu texto trata muito de 
aspectos relacionados a terra. 
 
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Ao estudar HPE devemos evitar o erro do anacronismo, ou seja, usar conceitos de uma época 
para poder explicar outra. Outro equívoco que também precisar ser evitado é o da teleologia, 
além das generalizações entre diversos autores. 
 
Sobre a questão 1 do estudo dirigido, Petty tenta dar uma ideia feral sobre o que seria a 
riqueza da Inglaterra em sua época. Nem a indução e dedução puras são confiáveis, então 
Petty passa a deduzir várias questões de maneira não empírica, mas não tão confiáveis. 
 
Sobre a questão 2 do estudo dirigido, Thomas Mun considera que a riqueza não provém 
apenas da balança comercial favorável, mas também do estoque de mercadorias que 
funcionam como ativos financeiros. A balança comercial para ele é o fator que dinamizaria a 
economia do reino com a entrada de metais. Nenhum dos autores é totalmente imparcial pois 
cada um é influenciado por determinados contextos históricos. Todos mencionam os metais 
preciosos, uns defendem que eles são fonte de riqueza e outros não. O conceito de riqueza, na 
época dos autores, vai se tornando mais complexo devido ao fato de que há uma 
desmistificação dos metais preciosos como fonte de riqueza. Todos os 3 autores estudados 
passam a questionar esses fatos e não atribuem aos metais preciosos toda a fonte da riqueza. 
Além dessa explicação sobre riqueza, o estado para Thomas Mun está centrado no monarca e 
o poder e riqueza do estado se relacionam com o aumento de poder e riqueza do monarca. 
Petty e Boisguilbert já não pensam dessa forma. O estado, para ambos, além do monarca, 
englobaria todo o povo. 
 
As políticas públicas naquela época, para os diferentes autores, eram bem diferentes das de 
hoje. Atualmente o foco está mais no social e antigamente as políticas visavam aumento da 
riqueza do estado. Não havia o interesse de expandir os gastos do governo para estimular a 
economia. 
 
a) Riqueza para Mun é o estoque de mercadorias as quais podem se tornar ativos. 
 
b) Riqueza para Petty se relaciona com a produtividade. Ele pensa muito na ótica da 
produção e não se preocupa muito com questões monetárias. 
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c) Riqueza para Boisguilbert se relaciona com o trabalho. O trabalho seria a fonte desta 
riqueza, assim como a troca comercial que também é um produto do trabalho. A 
produção não seria nada sem as trocas. A terra também seria um elemento essencial 
para a riqueza por colaborar com a produção. O dinheiro metálico tem papel 
secundário. 
 
10. AULA 10 – INTRODUÇÃO À FISIOCRACIA (12/09/2013) 
 
A discussão sobre a fisiocracia se inicia com autores contemporâneos de Petty, os quais 
estavam situados na França. Um desses autores é Pierre de Boisguilbert que em um de seus 
textos  escreve  para  o  Rei  da  França.  Boisguilbert  é  considerado  o  autor  da  frase  “laissez-faire, 
laissez-passer”  e  seus  trabalhos  datam  do  final  do  século  XVII, criticando a política econômica 
colbertista de Luis XIV incentivaria manufaturas, treinamentos de artesãos, comércios, etc e 
deixa de lado a questão agrária. Esse autor ainda defende a liberdade de comércio, critica o 
mercantilismo de Colbert, a questão metalista como fonte de riqueza e as tributações. Defende 
o consumo e diz que o gasto de uma pessoa se tornam a renda de outra, sendo isso uma ideia 
bastante moderna para a época. A queda nas rendas das pessoas francesas se relacionaria 
com a queda do consumo e por isso Pierre defende a diminuição da tributação incentivando a 
circulação de mercadorias com liberdade para os agentes econômicos evitando, por exemplo, a 
restrição   comercial.   Foi   dentro   desse   contexto   de   valorizar   o   consumo   que   a   frase   “laissez-
faire, laissez-passer”  foi  criada  por  Pierre  de  Boisguilbert. 
 
Outros autores que ajudam a entender o surgimento da fisiocracia foram Law e Cantillon. Law 
nasceu no final do século XVII e vive até as décadas de 30 do século XVIII. Ele defendia que o 
papel da moeda poderia preencher o papel do ouro e prata com um custo ainda menor. Law 
acaba convencendo autoridades públicas a testarem a sua ideia e inicialmente ela não 
prosperou, ou seja, além de escrever teorias sobre sua ideia ele também conseguiu colocá-la 
em prática. A premissa teórica era de que o valor dos bens era medido por dinheiro e pela 
demanda dos mesmos. Law não defende a ideia metalista e se apoia sobre o consumo de 
bens. Além disso ele diz que o estado não usava recursos suficientes para guiar as atividades 
econômicas de modo a aumenta-la. Para ele, a economia possuía um subemprego de fatores. 
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Seu livro foi escrito para o parlamento inglês (Law era escocês) tentando convence-los da 
necessidade de utilizar o papel moeda. Ao se estabelecer na França tentou convencer o 
regente de Luiz XV de sua proposta que acabou sendo aceita já que a França tinha uma dívida 
pública grande e a ideia auxiliaria a pagá-la. Law forma um banco na França que mais tarde é 
institucionalizado e passa a emitir cédulas para que impostos fossem pagos. A ideia era colocar 
ordem na economia francesa que estava fragilizada devido a guerras passadas. O capital do 
banco era muito baixo frente a dívida que a França possuía e por isso não conseguia 
influenciar a taxa de juros do país sendo que essa taxa ajudaria a diminuir a dívida pública. 
Mais tarde Law cria a companhia do ocidente que detinha direito real de exploração da 
Louisiana na América e assumia, em troca, a dívida pública da França. Para pagar a dívida, 
ações foram emitidas e Law se utilizou do marketing para divulga-las e arrecadar dinheiro para 
a companhia pagar a dívida pública. Os preços das ações passaram a subir muito e essa 
valorização reforçou a companhia do ocidente. Devido ao sucesso, Law vira ministro da 
fazenda na França e começa seus planos de desmonetizar o ouro e a prata introduzindo o 
papel moeda. Paralelo a isso foram feitos esforços para abaixar os preços das ações da 
companhia do ocidente, fato que deixou os donos das mesmas bem enfurecidos. Sendo assim, 
os donos de tais ações passaram a vende-las para não ter prejuízo. A extensão desse colapso 
foi ainda maior pois não houve controle sobre a emissão das ações. Tudo isso aconteceu 
devido a ideia de se substituir o ouro por papel moeda. Em contrapartida a França diminuiu a 
sua dívida pública pelo aumento de papel moeda que substituiu o ouro. O sistema de Law 
também não deu certo devido a um novo surto da peste o que fez as pessoas preferirem mais 
prata e ouro do que papel moeda, além de quererem vender as ações da companhia do 
ocidente para obterem mais ouro e prata. Toda essa situação foimuito importante para a 
história monetária e se conecta com outro autor da época, o irlandês Cantillon, que percebeu o 
problema da valorização excessiva das ações da empresa de Law. Cantillon era banqueiro e 
aparentemente morreu, pouco tempo depois do esquema de Law, em um incêndio. 
Provavelmente o incêndio foi uma armação para Cantillon escapar de acusações judiciais e 
dívidas.  Seu   livro  “Ensaio  sobre  a  natureza  do  comércio  em  geral”  é  considerado por muitos 
como o marco inicial da economia política, escrito em 1730 e só sendo divulgado em anos 
posteriores pelo Marquês de Mirabeau, em 1755. Esse livro trata de uma série de temas e 
desenvolve uma teoria sobre o valor intrínseco das coisas e seu preço de mercado. Cantillon 
foi o primeiro a introduzir a teoria do valor. Para ele, a terra seria a fonte de toda a riqueza e o 
trabalho regularia a economia. Cantillon também critica a política econômica colbertista 
argumentando que nada iria a diante sem a fonte dos recursos, ou seja, a terra. Ela então é a 
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fonte da riqueza e o trabalho se adaptaria frente a ela. Cantillon defende o papel do 
empresário na alocação dos recursos pois ele deveria assumir o risco de comprar pelo valor 
certo e vender pelo valor incerto. Além disso esse autor trata sobre moeda, preços e 
mercadorias, sendo o primeiro a introduzir conceitos sobre como a economia se organiza no 
espaço. A ligação de produção e fluxo circular da riqueza foi uma das contribuições mais 
importantes de Cantillon pois explica como a riqueza circula na economia a partir da terra. 
Para ele, a terra era fonte da teoria do valor sendo o trabalho ajustado pela terra. A 
quantidade de terra e trabalho é que define o valor intrínseco da mercadoria e a quantidade de 
terra determinaria a quantidade de trabalhadores e que tipo de trabalho seria feito nela. Como 
a terra é a única fonte real de riqueza, apenas os donos dela com seus recebimentos e gastos 
que ditariam o funcionamento da economia, ficando o comércio em segundo plano. Essas 
concepções são as principais que compõem a fisiocracia e Cantillon trabalha suas ideias no 
longo prazo, já que os preços de mercado variavam no curto prazo. Para Cantillon o equilíbrio 
é atingido no longo prazo e o preço é influenciado pela terra. Ele fala, durante toda sua obra, 
como um economista. 
 
A fisiocracia introduziu a ideia de ordem material e surge no século XVIII que é o século do 
iluminismo, estando conectada a ele e à ideia de desvendar as coisas a partir da razão de 
forma a contestar a ordem do antigo regime até culminar na Revolução Francesa. Cantillon 
não é iluminista, mas é inspirado por ideias precursoras do iluminismo que transformaram a 
França no centro cultural do mundo em meados do século XVIII. A fisiocracia parte da 
premissa de que existe uma ordem natural para a sociedade assim como existe uma ordem 
física bastante valorizada pela Revolução Científica. Essa ordem natural não é dada, a priori, 
como na ordem física, mas ela existe em razão dos seres humanos quando estes não criam 
obstáculos a essa ordem. As pessoas podem, vivendo em sociedade e em certo momento, 
impedir que a ordem natural das coisas se manifeste. A fisiocracia está focada em discutir e 
desvendar a ordem natural das coisas. Caso a sociedade não esteja na ordem natural, ela 
poderia voltar a essa ordem com o auxílio de aspectos como o da auto-regulação. 
 
OBS: Pierre de Boisguilbert e William Petty possuíam ideias semelhantes aplicadas em 
diferentes contextos. 
 
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11. AULA 11 – FISIOCRACIA E QUESNEY (17/09/2013) 
 
Estamos agora entrando na época da economia clássica. Dentro do iluminismo a fisiocracia 
começa a surgir como um tipo de reflexão do mundo além de uma reflexão abstrata sobre o 
funcionamento da economia. A fisiocracia reflete sobre como a economia deveria funcionar e o 
que impediria esse mecanismo de funcionar, não sendo então um ideal, mas sim uma reflexão. 
 
O texto de Quesney não retrata a moeda como os autores anteriormente estudados retratam. 
Quesney retrata a unidade monetária, mas ele já está preocupado com o fluxo circular da 
renda, ou seja, interpretando, através de diagramas, a conjuntura macroeconômica da época. 
A interpretação do fluxo circular da renda veio da analogia com ideia de circulação sanguínea 
vinda da medicina. A inspiração fundamental para o fluxo circular da renda veio do modelo 
mecânico da engenharia e Quesney o utiliza bastante. Nenhum dos autores anteriores fizeram 
uma análise envolvendo o fluxo circular da renda como ele fez. 
 
O tipo de sociedade descrito por Quesney é bem peculiar. A acumulação do excedente está nos 
proprietários de terra os quais possuem um papel central no seu esquema. A fisiocracia foi 
atacada por defensores do mercantilismo, bem como as ideias de Quesney. Ellen Wood 
defendia que o capitalismo possuía uma origem agrária que cada vez mais foi se relacionando 
com as mudanças de mercado. O produtor que antes produzia para sua subsistência passou a 
produzir para o mercado já que as terras foram cercadas e voltadas para o mercado. Esse 
argumento da origem agrária do capitalismo se relaciona com a fisiocracia e Quesney identifica 
que o modelo econômico possui base na agricultura. A indústria para ele não gerava produto 
líquido e por isso o investimento deveria ser voltado inteiramente para a agricultura. Na França 
a agricultura ocupava um sexto das terras mas respondia por um quarto da produção. A 
fisiocracia vislumbra um mundo em transformação, mas não na indústria e sim na agricultura. 
Quesney não propõe nada revolucionário, mas descreve a sociedade com o proprietário de 
terra (nobre) ocupando uma posição central por se apropriar da renda fundiária, além das suas 
decisões de consumo movimentarem a economia. Só a agricultura geraria receita líquida, daí 
sua importância. 
 
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Em seu texto Quesney trata do fluxo circular da renda e como a renda é apropriada pelos 
agentes econômicos. 
 
O conceito fundamental do texto de Quesney é o conceito de excedente de produção, parte da 
riqueza produzida que excede a riqueza consumida no processo produtivo. Esse excedente é a 
fonte de reutilização da produção e movimenta a economia. Para Quesney, só uma coisa 
poderia gerar esse excedente: a agricultura. A indústria não teria essa capacidade. A terra, 
com sua fertilidade natural, poderia gerar esse excedente de riqueza. O trabalho do homem 
por si só não pode gerar esse excedente. 
 
A classe estéril era aquela que não se reproduzia, ou seja, só circula o excedente produzido 
para outro lugar, mas não produzia para sobreviver e nem produzia nenhum tipo de 
excedente. 
 
Na teoria clássica o produto líquido gera o lucro e a renda fundiária. Para a fisiocracia não 
existeo lucro, apenas a renda fundiária. 
 
No quadro econômico, a esquerda temos a parte produtiva, no centro os rendimentos e gastos 
e do lado direito as despesas estéreis. A lógica é que com 600 unidades monetárias o 
proprietário pode distribuir 300 para consumo no próprio setor agrícola e 300 em obras e 
outras atividades no setor estéril. Sendo assim, 300 são gastos dentro do setor produtivo e os 
outros 300 são gastos na classe estéril que por sua vez gastará 150 com ela própria e 150 com 
a classe produtiva e assim por diante. No final, os 600 são apropriados pelo proprietário e isso 
é um protótipo do fluxo circular da renda. Quesney queria mostrar como o fluxo poderia ser 
expandido ou contraído de acordo com políticas econômicas. Dentro dessa lógica, a economia 
não era um jogo de soma zero podendo eventualmente crescer. No mercantilismo a economia 
era vista como um jogo de soma zero onde um é prejudicado e outro é beneficiado. Além 
disso, para Quesney, o gasto com consumo poderia gerar excedente e promover o crescimento 
econômico. O gasto (despesas) estruturam esse modelo, porém as despesas com consumo 
não são o mais importante, mas sim a agricultura a qual está na base de tudo. O autor não 
discute moeda, setor externo, etc. É um modelo simplificado para entender o mundo, assim 
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como hoje utilizamos modelos para buscar explicações. A capacidade de abstração de Quesney 
foi algo inovador para a época. 
 
A gentry era uma classe em transformação que passa a aproveitar mais a terra da Inglaterra. 
O modelo de Quesney é para a França, mas esse país também possuía uma gentry 
representada pela classe proprietária e a classe produtiva. 
 
12. AULA 12 – ADAM SMITH I (19/09/2013) 
 
O quadro econômico de Quesney procura construir uma abstração da economia para sua 
época, além de introduzir uma inovação que é o excedente produtivo da agricultura. Esse 
excedente permite que haja crescimento econômico enquanto que no mercantilismo um perdia 
e outro ganhava. O fluxo circular da renda descreve como a riqueza da época circulava, sendo 
portanto um modelo estático no qual o excedente tomava parte. Essas ideias são as inovações 
trazidas por Quesney em seu texto. 
 
A discussão sobre crescimento econômico surge na fisiocracia e é bem discutido também por 
Adam Smith. O quadro econômico é um modelo estático construído por Quesney e que nos 
permite avaliar o crescimento ou não da economia. Uma outra linhagem para explicar o 
crescimento econômico é então inaugurada. 
 
O capital aplicado na agricultura poderia gerar crescimento da economia. Todas essas ideias 
são uma ruptura com as ideias do mercantilismo anteriormente vigentes. 
 
Adam   Smith   em   seu   livro   “A   Riqueza   das   Nações”   acabou   sendo   considerado   o   pai   da  
economia. Apesar disso ele não é o único importante pensador de sua época. As suas ideias 
permitiram que houvesse uma ampla discussão sobre temas tratados por ele em seu livro, 
inclusive sendo retomada por outros autores apesar de Adam Smith não ter a intenção de 
introduzir tais discussões em um debate. Em seu livro é retratada uma sociedade em 
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transformação que está iniciando sua vivencia na Revolução Industrial, além de demonstrar 
mais simpatia pela agricultura e pelo trabalhador do que pelo empresário e a indústria. 
 
O exemplo da produção de alfinetes em seu livro é um retrato da sociedade pré-industrial. É 
complicado situar Adam Smith em seu próprio tempo. Ao ler o seu livro é importante perceber 
as diferenças entre a nossa época atual e a época de Adam Smith. 
 
O iluminismo escocês é o que dá sentido à obra de Adam Smith. O iluminismo possui várias 
vertentes em diversos ambientes. Adam Smith pode ou não estar inserido entre os iluministas, 
dependendo da análise que fazemos dele. Ao falar de iluminismo estamos fazendo vínculos 
com a França, país de referência intelectual. Em outros países também vemos peculiaridades 
iluministas. Na Escócia existia um movimento iluminista percebido pelos próprios autores que 
possuíam ideias coincidentes. Os traços específicos do iluminismo escocês em relação ao 
iluminismo em geral são, por exemplo, a ideia de progresso que é determinante para Adam 
Smith e David Hume. As universidades escocesas foram importantes na época apesar das 
principais ideias do movimento já existirem fora delas. As universidades escocesas se 
diferenciavam das universidades inglesas e francesas por serem mais vívidas e permitirem 
avanços das ideias já existentes, ocupando papel importante no iluminismo escocês e dando a 
Adam Smith todo o embasamento de que ele precisava. Tais universidades eram laicas e o 
conhecimento produzido nelas se concentravam em temas da realidade mundana cotidiana, 
desviando o foco das questões religiosas. Apesar disso os dogmas religiosos não eram 
revogados. Essas universidades tratavam sobre a filosofia, direito natural e revolução científica 
do século XVII. A combinação desses fatores é que distingue o iluminismo escocês, baseado 
em métodos naturais e sociais. Além do direito natural e a revolução científica se mesclando, o 
iluminismo escocês possui um caráter social e um foco histórico, pois dentro da Escócia uma 
nova concepção histórica veio se desenvolvendo, ou seja, a concepção de que sociedades e 
costumes diferentes são comuns entre os povos. Procurar as causas dessas diferenças foi um 
dos focos do iluminismo escocês bem como na França com Montesquieu. O iluminismo escocês 
contribuiu para um melhor entendimento sobre o porquê das sociedades serem diferentes e 
como elas se transformavam em um plano histórico. Autores como David Hume se 
preocupavam com isso. As diferenças entre as sociedades não fazem parte de um plano 
estático, mas sim de uma evolução histórica. David Hume estava preocupado em perceber o 
que ficava constante diante das mudanças da sociedade extraindo assim a natureza humana, a 
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qual se perpetuava frente as mudanças. Assim, as sociedades evoluíram rumo ao progresso 
com características peculiares. Essa questão é uma das mais importantes no iluminismo 
escocês. Nesse momento, diante de tais estudos, alguns escoceses perceberam a distância da 
Escócia para Inglaterra. Quando as monarquias se uniram a Inglaterra caminhava para a 
Revolução Industrial e a Escócia não. Esse contraste foi o que permitiu várias discussões sobre 
o progresso. Esse contraste não era apenas com a Inglaterra, mas até mesmo dentro da 
própria Escócia, permitindo que existissem tais debates sobre progresso. A pessoa que está 
inserida no progresso não percebe as diferenças a sua volta e é incapaz de analisar as 
questões implicantes do progresso. Por estar alheia ao progresso a Escócia conseguia 
visualizá-lo e analisa-lo, por isso os trabalhos sobreo tema se desenvolveram. 
 
A teoria dos estágios da sociedade feita por autores iluministas escoceses procura tratar dos 
estágios de evolução da sociedade. Desde a época dos nômades, até que esses se fixam em 
algum lugar dando origem as desigualdades e evolução agrária para posteriormente gerar a 
ideia do direito e leis culminando ao estágio mais avançado em que surge a economia da troca, 
comércio e prevalência de classes sociais. As ideias de Adam Smith datam de 1776, mas elas 
são confundidas com concepções atuais. Adam Smith não trata da Revolução Industrial e da 
Inglaterra, mas sim da Escócia e da sociedade pré-industrial que veio evoluindo com o tempo 
sendo mais ainda alheia ao progresso em relação a Inglaterra. A indústria existia e veio se 
desenvolvendo muito devagar até ter um salto enorme de desenvolvimento, sendo 
posteriormente identificado e analisado e posteriormente batizado de Revolução Industrial. 
Adam Smith e ninguém estava em condições de perceber aquilo naquela época. A percepção 
de mudanças existia, mas o que aquilo significava ainda não podia ser compreendido na 
própria época e por isso Adam Smith não fala de Revolução Industrial, mas sim de uma 
sociedade pré-industrial em mudança. 
 
Autores como Adam Smith, naquela época, acabavam por desenvolver a ideia do progresso 
com base na teoria dos estágios da sociedade. David Hume também faz parte desses autores e 
rompe com a ideia da divina providência (ideia de que os acontecimentos ocorrem por vontade 
de Deus). Naquela época o mundo era visto como estático e esses autores, ao estudarem e 
descreverem o progresso, começaram a mudar essa concepção. Isso em si é uma inovação 
importante que surge em vários autores com a ajuda da concepção do iluminismo. 
 
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13. AULA 13 – ADAM SMITH II (24/09/2013) 
 
James Steuart é um autor importante do iluminismo escocês apesar de ter passado muito 
tempo longe da Escócia. Ele se relaciona com as ideias de Adam Smith e publica seu livro em 
1767 sendo o primeiro trabalho sistemático de economia escrito na língua inglesa. O livro é 
chamado   de   “Tratado   Sistemático”   e   fala   sobre   a   economia   como   um   todo,   de   maneira  
sistêmica.  Steuart  foi  o  primeiro  a  utilizar  o  termo  “economia  política”  dando  um  sentido  a  ele,  
além de ser o primeiro a tratar de oferta e demanda. O autor fica muito tempo fora da Escócia 
(décadas de 40 do século XVIII até 1773) e fica apartado do desenvolvimento do iluminismo 
escocês. Sua saída da Escócia foi devido a rebelião jacobina de 1745 decorrente das tentativas 
da dinastia Stuart de retomar o poder por ter sido exilada após a revolução gloriosa. Steuart 
toma parte da rebelião e passa posteriormente a viver exilado na França. No seu tempo de 
exílio, além da França, ele passa a percorrer outros países e desenvolver ideias parelhas com 
as de Adam Smith. O livro de Steuart recebe muita influência de literaturas continentais da 
Alemanha (ele também viveu exilado nesse país) que atribuem grande importância à figura do 
estado. Para Adam Smith isso não acontece. 
 
Assim como Adam Smith, Steuart desenvolve ideias sobre vários aspectos da economia, 
defendendo que o estado precisa manter as pessoas empregadas para que a nação se torne 
rica. O papel relevante do estado seria bastante moderno. As pessoas seriam motivadas por 
interesses próprios e o estado deveria usar esse interesse pessoal de cada um para guiar a 
economia e não forçar as pessoas a percorrerem um determinado caminho. A experiência que 
Steuart teve em vários países o permitiu observar as diferenças entre os povos identificando 
os traços comuns presentes na natureza humana. O peso grande dado ao estado não combina 
com   Adam   Smith   e   “A   Riqueza   das   Nações”   passou   a   fazer   sucesso   no   século   XIX   com   o  
crescimento do liberalismo. Por priorizar as atitudes do estado, o livro de Steuart não fez 
sucesso enquanto o liberalismo se desenvolvia. O único sucesso obtido pelo livro de Steuart 
ocorreu na Alemanha. Apesar dessa diferença ambos os autores identificam os mecanismos de 
auto cooperação e auto-regulação da economia; porém, Steuart não conseguia imaginar a 
ocorrência desses processo sem participação efetiva do estado enquanto que Adam Smith 
defende que quanto menos o estado intervir nas decisões econômicas melhor seria. 
 
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O livro de Adam Smith é comporto por vários volumes. O livro I trata da divisão do trabalho, 
progresso técnico e apresenta a teoria do valor e a teoria da distribuição. O livro II trata de 
natureza, acumulação, dinheiro e capital. O livro III trata de progresso e opulência das nações. 
O livro IV é sobre os sistemas de economia política discutidos na história do pensamento 
econômico, fisiocracia e mercantilismo. O livro V trata de finanças públicas e do papel 
legislador do estado. 
 
Os capítulos 1 a 10 do livro I tratam da divisão do trabalho, mercadorias, moeda relacionada a 
produção e ao trabalho. Em outras palavras esses capítulos relacionam a teoria do valor e o 
trabalho, ou seja, Adam Smith relaciona a riqueza da nação com o trabalho. Para o autor não é 
a natureza que garante o excedente e a riqueza, mas sim o esforço humano com o trabalho é 
que cria a riqueza. A natureza sozinha não faz nada e esse argumento é um ponto de ruptura 
importante com argumentos fisiocratas. Trabalho junto com fatores de produção gerariam a 
riqueza pois os fatores sem o trabalho não podem ser desenvolvidos. Categorias diferentes 
tem direito a participações diferentes da riqueza. O mundo econômico estaria dividido em três 
categorias: trabalhadores, capitalistas e proprietários de terras, sendo os trabalhadores 
remunerados com salários, capitalistas com lucros e proprietários com a renda vinda da terra. 
Na fisiocracia as categorias de Quesney eram classe proprietária, classe produtiva e classe 
estéril. 
 
O tema central do livro I é então o crescimento econômico a partir do trabalho. Adam Smith; 
porém, começa a falar não do trabalho em si, mas da divisão do trabalho. Ele está pensando 
na ideia de crescimento econômico que é um aspecto semelhante defendido pela fisiocracia. 
Smith começa falando de divisão do trabalho pois considera esse tema muito importante para 
que haja crescimento econômico. O mérito não está em perceber a divisão do trabalho, mas 
sim em estabelecer um vínculo entre divisão do trabalho e crescimento econômico, 
funcionamento da economia e nível de vida da população, tangenciando o aspecto do 
progresso, evolução social e transformação da sociedade. Adam Smith não fala de crescimento 
econômico em termos modernos, mas sim em termos de progresso e evolução social. Ele 
percebe que há um vínculo entre renda e população. O interesse é ter uma população cada vez 
mais ativa, produtiva e bem remunerada. 
 
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