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CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE PNE PARA ODONTOLOGIA Norma Sampaio O encontro com a Pessoa com Deficiência, faz com que possamos perceber que muitos imprevistos acontecem, tornando os relacionamentos cheios de vida, favorecendo perceber, conviver, compartilhar e aprender com as diferenças e o diferente. Histórico : Na antiguidade, em diversos povos, as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência eram eliminadas (mortas) logo após seu nascimento. Na Idade Média, as pessoas com deficiência eram isoladas, seja porque eram vistas como pessoas sem alma, seja porque eram, em alguns casos, vistas como divindades. Nos palácios, podíamos encontrar pessoas com deficiência servindo como “Bobos da corte”. Nomenclatura: Mongolóide Debilóide Excepcional Especial Pessoa com Deficiência Pessoa com Deficiência: Aquela que tem impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade. Discriminação: Significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício em igualdade de oportunidades, com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nas esferas política, econômica, social, cultural, civil ou em qualquer outra. Legislação Brasileira : Decreto n. 1744 de 08 de dezembro de 1995, capítulo 1, Art. 2, inciso II : Pessoa com deficiência é aquela que apresenta incapacidade para a vida independente e para o trabalho em razão de anomalias ou lesões irreversíveis de natureza hereditária, congênita ou adquirida, estando, portanto, impedida de desempenhar as atividades de vida diária e de trabalhar. Lei 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. §1ºValoresbásicos § 2º - garantir às pessoas portadoras de deficiência Da igualdade de tratamento e oportunidade, Da justiça social, Do respeito à dignidade da pessoa humana, Do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. Artigo 2º: Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Artigo 8º - Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa: Recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico- hospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência; Política Nacional da pessoa com Deficiência Decreto 3298 de 20\12\1999 Deficiência: “toda perda ou anormalidade de uma estrutura e/ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano” Deficiência permanente: “aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de ser alterada apesar de novos tratamentos” Incapacidade: “uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa com deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida” A deficiência é algo inerente ao corpo, à condição física ou intelectual da pessoa, por exemplo, a cegueira e a síndrome de Down. Esteja o mundo acessível ou não, a deficiência está lá. Já a incapacidade é o resultado da relação entre a deficiência e as eventuais barreiras do meio. Decreto n.3298 de 20 de dezembro de 1999: Pessoa portadora de deficiência: Deficiências físicas Deficiência auditiva Deficiência visual Deficiência mental Deficiência múltipla O.M.S. 10% da população mundial é portador de necessidades especiais. 50% deficiência mental 20% deficiência física 15% deficiência auditiva 5% deficiência visual 10% deficiências múltiplas Brasil: Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, 45 milhões de pessoas declararam possuir algum tipo de deficiência. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde CIF (OMS,2004) A funcionalidade humana é organizada em três áreas interconectadas: 1. Alterações das estruturas e funções corporais 2. Limitações 3. Restrições à participação em certas atividades HISTÓRICO Set/2001- Assembléia Nacional de Especialidades Odontológicas Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais - a especialidade que tem por objetivo o diagnóstico, a prevenção, o tratamento e o controle dos problemas de saúde bucal dos pacientes que apresentam uma complexidade no seu sistema biológico e/ou psicológico e/ou social, bem como percepção e atuação dentro de uma estrutura trans disciplinar com outros profissionais de saúde e de áreas correlatas com o paciente. “Pacientes com Necessidades Especiais” A razão pela qual o CFO utiliza-se desse termo deve-se ao fato de a odontologia levar em consideração as limitações apresentadas pela pessoa, sejam elas temporárias ou permanentes, de ordem intelectual, física, sensorial, emocional, de crescimento ou médica (diabetes, hipertensão), que a impeçam de ser submetida a uma situação odontológica convencional. Classificação: Deficiência mental: comprometimento intelectual de origem genética, ambiental ou desconhecida. Deficiência física: paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, lesão medular, paralisia infantil, deficiências motoras limitantes, miastenia grave, distrofia muscular entre outras malformações. Anomalias congênitas Distúrbios comportamentais: Transtorno do espectro do autismo (TEA), Transtornos psiquiátricos Doenças infectocontagiosas: pacientes HIV+, hepatites virais, tuberculose. Condições sistêmicas: pacientes irradiados, transplantados, imunossuprimidos por medicamentos, condições sistêmicas alteradas Nasceu um Filho Especial, e agora? O desenvolvimento emocional ocorre como uma interação entre as condições orgânicas, o potencial herdado e o ambiente. “O nascimento de uma criança portadora de deficiência torna-se uma experiência catastrófica e traumática para a mãe e toda a família, com a chegada de alguém não esperado e a perda da criança desejada. Essa perda cairá sobre os pais abrindo uma ferida narcísica, que pode evoluir para as vicissitudes de uma depressão melancólica ou ativar mecanismos dissociativos individuais…” (Amilariam,1992) “…O sentimento de tristeza é, portanto, um componente onipresente nesse tipo de situação; sua vivência pode tomar dois caminhos: um é o do luto, no mergulho da depressão, na sensação de perda; outro é a não entrada em contato com essa emoção (através de mecanismos de defesa).” (Amaral,1994) “Ninguém está realmente preparado para este susto. Quando acriança nasce a primeira pergunta é sempre a mesma: A criança é perfeita? Se isso não acontece, a decepção é grande, os pais ficam abalados e arrasados” – afirmaBenilde Justo Caniato, mãe de quatros filhos, sendo três deles deficientes mentais… Relações na assistência ao PNE: Família x Paciente Família x Profissional Profissional x Paciente Cirurgião-Dentista x Outros Profissionais – INTERAÇÃO MULTIPROFISSIONAL FamíliaxPaciente: Aceitação Participação Super-proteção Família x Profissional QQuuaall aa eexxppeeccttaattiivvaa ddaa ffaammíílliiaa eemm rreellaaççããoo aaoo ttrraattaammeennttoo?? EEnnvvoollvveerr ooss ffaammiilliiaarreess ee//oouu ccuuiiddaaddoorreess nnoo ccoonnttrroollee ddaa hhiiggiieenniizzaaççããoo ee ““aauuttoo--eexxaammee””.. EEnntteennddeerr qquuee oo ccuuiiddaaddoorr ee ooss ffaammiilliiaarreess nneecceessssiittaamm ddee aatteennççããoo eessppeecciiaall,, ppaarraa rreeaalliizzaarr aaddeeqquuaaddaammeennttee ssuuaass ffuunnççõõeess.. O cuidador não substitui a família do paciente. ProfissionalxPaciente iinntteerraaggiirr ccoomm oo ppaacciieennttee ee ggaannhhaarr aa ssuuaa ccoonnffiiaannççaa;; ccrriiaarr mmééttooddooss ppaarraa ffaammiilliiaarriizzaarr aa ppeessssooaa ccoomm oo ccoonnssuullttóórriioo ee ooss eeqquuiippaammeennttooss ddeennttáárriiooss;; ccoonnhheecceerr ee uuttiilliizzaarr ttééccnniiccaass ddee aabboorrddaaggeemm ee mmaanneejjoo nnoo aatteennddiimmeennttoo.. Técnicas de Abordagem Objetivo: estabelecer uma relação de confiança entre ambos, a qual é construída por um processo dinâmico de diálogo e expressão facial. São elas: Educacionais; Procedimentos de ajuda; Estabilização Física; Estabilização Química. Educacionais: Distração, Demonstrar/Mostrar, Dar modelo, Dar ajuda física, Reforço positivo, Dessensibilização Procedimentosdeajuda Almofadas;“Calçadavovó”, estabilização protetora Técnicas Farmacológicas: Sedação Oral; Sedação consciente com Oxido Nitroso e Oxigênio; Anestesia Geral. Dificuldades Específicas as dificuldades motoras e dificuldades devido à falta de comunicação; hiper ou hipomotricidade muscular; sialorréia, macroglossia, microdontia, microtomia, apinhamento dental e as necessidades odontológicas; graus de limitação física, graus de riscos anestésicos e a idade do paciente. Dificuldades Inespecíficas falta de profissionais habilitados e barreiras arquitetônicas; discriminação para com os pacientes especiais e rompimento da rotina de tratamento odontológico; falta de compreensão da família dos pacientes em relação à importância do tratamento odontológico; situação socioeconômica do paciente e superproteção da criança especial; rejeição da criança e falta de compreensão quanto à importância da remoção diária da placa dental. RELAÇÂO INTERDISCIPLINAR: Sugere atuação em zonas limítrofes do conhecimento, em que é necessária a troca de informação entre profissionais de diferentes disciplinas, mantendo-se suas funções originais, porém, com transferência de informações de modo colaborativo. Produção de conhecimento científico novo a partir de duas ou mais áreas de conhecimento que se integram para tal. Coloca as disciplinas em diálogo entre si que permita uma nova visão da realidade. Trata-se de conhecimento que só existe porque duas ou mais áreas se encontraram e enquanto se encontraram. Não existia previamente em cada uma delas. Começou a existir após integração Sua razão atual: Complexidade dos fenômenos humanos e mundiais Explicações científicas disciplinares são insuficientes diante dos desafios Surgimento de novas tecnologias RELAÇÂO MULTIDISCIPLINAR: Vários profissionais de formações e áreas de conhecimento diversas, formando uma equipe, que, necessariamente, não precisa trabalhar num mesmo espaço geográfico, mas havendo uma troca de informações e opiniões entre seus componentes tornando o tratamento muito mais eficaz. RELAÇÃO TRANSDISCIPLINAR: Saber que percorre as diversas ciências, indo para além delas, sem se preocupar com limites ou fronteiras, mas integrando em sua investigação outros modos de conhecimento como a religião, o transcendente, o antropológico cultural com suas riquezas de tradições,com fenômenos paranormais. Pressupõe uma quebra de paradigma, em que o conhecimento do homem e de seu mundo é o foco e não apenas os limites de uma determinada disciplina. Não exclui a multidisciplinaridade ou a interdisciplinaridade, mas é complementar a essas duas. Objetivo: unidade do conhecimento , indo para além das investigações científicas e agregando novos saberes, procura a abertura de todas as ciências e as atravessa; reconcilia ciências exatas, humanas, arte, literatura, poesia, experiência interior; não exclui a existência dum horizonte transhistórico; rigor, abertura e tolerância são suas características fundamentais Quais as barreiras que devemos transpor para viabilizar o tratamento odontológico? Primeiro contato com sentimentos e expectativas frente ao diferente. Observar mecanismos de defesa. Qualidade do vínculo profissional/paciente Conhecimentos técnicos Habilidades pessoai Escolha do procedimento Abordagem: deve-se levar em conta Estado emocional Estado mental Estado neurológico Estado fisiológico modificado Moléstia sistêmica Mobilidade: deve-se observar Amputados de membros inferiores Plegias e paresias Alteração de coordenação motora Estabilização: deve-se atentar Distúrbio neuro-motor Síndromes genéticas Mal de Parkinson Deficiência mental Plano de Tratamento Quando a moléstia de base determina o curso do tratamento Quando o plano de tratamento é adequado em função da moléstia de base Medicamentos Medicação prévia ao tratamento odontológico Medicamento contra indicado ou necessidade de ajuste da dose Alteração bucal decorre do uso continuado do medicamento Procedimento Materiais contra indicados Procedimentos contra indicados
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