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Resumo tuberculose

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DOENÇA: As micobacterias causadoras da tuberculose foram descobertas em 1882 por 
Robert Kock. Sua espécie mais infectante é a Mycobacterium bovis. A tuberculose é uma 
zoonose. A doença causa diversos prejuízos ao pecuarista, dentre eles a queda na produção de 
leite. Em casos avançados de tuberculose, há perdas também na produção de carne. Outra 
perda relevante refere-se à condenação de carcaças com lesões de tuberculose no abatedouro. 
O controle e a erradicação da tuberculose bovina são justificados pelo impacto negativo da 
doença na produtividade pecuária e pela necessidade de se manter o comércio de carne e 
produtos de origem animal com outros países. Para tanto, entrou em vigor no Brasil, a partir 
de 2001, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose - 
PNCEBT -, cuja proposta é diminuir a prevalência e a incidência dessa enfermidade, atingindo 
um número significativo de propriedades certificadas como livres da doença. 
AGENTES INFECCIOSOS: As micobactérias causadoras da tuberculose em mamíferos fazem 
parte do complexo Mycobacterium tuberculosis, um grupo de quatro espécies inter-
relacionadas, constituído por Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium bovis, 
Mycobacterium africanum e Mycobacterium microti. 
Apresentam-se como bacilos pequenos e sem mobilidade pois não tem flagelos, aeróbios, 
não esporulados, não capsulados. São bacilos álcool-ácidos resistentes. Na baciloscopia, M. 
bovis aparece como cocobacilo de coloração vermelho intensa, medindo de 0,3 a 0,6 11 um 
de largura x 1 a 4 11 um de comprimento. 
EPIDEMIOLOGIA: A Organização Mundial da Saúde declarou a tuberculose como 
"emergência global ", tendo em vista as mais de 30 milhões de mortes em humanos 
causadas por essa enfermidade na última década. 
Dez milhões dessas mortes tinham a associação de tuberculose com a síndrome da 
imunodeficiência adquirida – AIDS. O surgimento da AIDS colaborou para o aumento no 
número de novos casos de tuberculose e no risco de manifestações da doença em humanos, 
tanto por M. tuberculosis como por M. bovis. 
O número de casos de tuberculose em humanos no Brasil, em 1996, atingiu 80.000. Estima-
se em 5% a porcentagem de casos de tuberculose em humanos de origem bovina para 
países em desenvolvimento. Desta forma, 4.000 casos de tuberculose em humanos eram de 
origem bovina. 
A OMS priorizou 22 países onde se concentram 80% dos casos estimados. Entre os principais estão 
Índia, China e Indonésia. O Brasil se encontra em 16º lugar, porém tem menor coeficiente de 
incidência esperado entre os demais países. A África do Sul é o país que tem a maior taxa de 
incidência da doença. 
ANIMAIS AFETADOS: A tuberculose é uma enfermidade infecciosa e crônica de bovinos, 
que acomete outras espécies de animais de exploração zootécnica, animais silvestres livres 
ou em cativeiro, bovinos, suínos, os cervídeos e o homem. 
 
TRANSMISSÃO NOS ANIMAIS - Em bezerros, pelo leite infectado ou por via transplacentaria, 
porém é mais raro. 
Em bovinos adultos, a transmissão ocorre principalmente pela via respiratória e em rebanhos 
com alta densidade populacional. Assim que o bacilo alcança o alvéolo pulmonar, este é 
fagocitado pelos macrófagos. Caso os bacilos não sejam eliminados, irão multiplicar-se no 
interior dos macrófagos até destruí-los. O bacilo não cessa sua multiplicação, ocorrendo 
resposta imune celular. Os bacilos presentes na lesão pulmonar migram para os linfonodos 
regionais, levando à formação de novo granuloma. 
Quando generalizada, esta doença pode apresentar-se sob duas formas: 
• Miliar: quando ocorre de forma repentina, sendo encontrado elevado número de 
bacilos circulantes. 
• Protraída: esta é a mais comum, sendo que a disseminação ocorre por via linfática ou 
sanguínea, atingindo pulmão, linfonodos, fígado, baço, úbere, ossos, rins, SNC, 
disseminando-se por praticamente todos os tecidos. 
 
SINAIS CLINICOS NOS ANIMAIS - Macroscopicamente, as lesões apresentam coloração 
amarelada, no formato nodular, de 1-3 centímetros de diâmetro, que podem apresentar 
aspecto purulento ou caseoso, estando presente uma cápsula fibrosa. Normalmente 
apresentam necrose caseosa no centro da lesão. Estas lesões são mais observadas nos 
linfonodos, nos pulmões e fígado. 
Ao passo que a doença avança, torna-se evidente a redução da condição física. Alguns animais 
podem apresentar redução de peso, anorexia, fraqueza, caquexia, manifestações 
respiratórias e temperatura oscilante. Essa afecção pode levar a uma redução de até 25% na 
produção de leite e carne. 
A tuberculose que acomete os linfonodos da pele e do tecido conjuntivo apresenta grande 
importância no diagnóstico, sendo que estes apresentam-se com elevações, normalmente 
indolores, semelhantes à tumores, mas sem estarem aderidos à pele, sendo que os gânglios 
cervicais e da cabeça são os mais afetados. 
As manifestações respiratórias caracterizam-se por tosse crônica, suave e úmida, sendo 
estimuladas quando comprimida a região da faringe ou durante a realização de exercícios. 
Também podem estar presentes corrimento nasal seroso ou purulento, dispnéia e taquipnéia. 
Quadros mais severo pode ocorrer hemoptise e a respiração pode tornar-se profunda. 
Os quadros digestivos geralmente estão relacionados com o aumento de algum linfonodo 
mesentérico ou mediastínicos. Podem ocorrer quadros de timpanismo ruminal recidivante e 
persistente, pela compressão esofágica. Pode causar obstruções intestinais, e o aumento de 
linfonodos retrofaríngeos, resultando em disfagia e salivação. Em raros casos ocorre diarreia, 
sendo que, quando presentes, resulta de úlceras encontradas no intestino delgado. 
 
TRANSMISSÃO EM HUMANOS- A transmissão de bovinos para o homem ocorre pela 
ingestão ou manipulação de leite cru de vacas infectadas. Trabalhadores rurais, inalam 
perdigotos por via aerossol, desenvolvendo a tuberculose pulmonar 
 
SINAIS CLINICOS EM HUMANOS – Tosse persistente por 3 semanas, expectoracao com 
coloração esverdeada, amarelada ou com sangue, dor toracica, fatLta dee apetite, fadiga 
constante, emagrecimento, suor noturno, febre baixa ao anoitecer, hemoptise ( devido a 
ruptura dos vasos pulmonares nas crises de tosse ) 
VACINAÇÃO EM HUMANOS- A vacina é conhecida como BCG, tem a bacteria do M.bovis 
atenuada. A vacina é feita no primeiro mês de vida, via intradermica e está no calendario 
basico de vacinação no Brasil.. Não impede a infecção e nem o desenvolvimento da 
tuberculose pulmonar, mas confere certo grau de proteção para meningite tuberculosa. É 
contraindicada para imunodeficientes e não é usual para adultos. 
PREVENÇÃO - Realizar exames periódicos nos animais, comprar ou vender animais com 
exames negativos para tuberculose, sendo esses realizados por medicos veterinarios 
habilitados, ingerir somente leite fervido ou pasteurizado, ingerir carne bovina bem cozida 
ou frita e não permitir a presença de caes e gatos no curral no periodo de ordenha. 
DIAGNÓSTICO - Para o diagnostico indireto são utilizados testes de tuberculinização 
intradermica por medicos veterinarios habilitados. 
Existem 3 tipos de testes: Teste de Rotina: que é o primeiro teste de diagnostico e o mais 
usual para animais com a condição sanitaria desconhecida, ele serve para identificar 
infecções e obter diagnosticos conclusivos. 
O teste recomendado é o Teste Cervical Simples (TCS) onde ocorre a inuculação da 
tuberculina PPD (Derivado de Proteina Purificada) , na dose de 0,1 ml na região cervical ou 
escapular, devendo ser efetuada no mesmo lado de todos os animais da criação. O local 
deverá ser demarcado por tricotomia e espessura da dobra será medida com o cutimetro 
antes da inoculação. Após 72 horas, será realizadauma nova medida da dobra da pele e 
será comparada com a primeira mensuração, e os resultados serão interpretados de acordo 
com a tabela. Os animais inconclusivos serão submetidos a um teste confirmatório 
Teste Confirmatório: Utilizado para ter um diagnostico conclusivo para os animais que 
apresentaram reação ao teste de rotina. 
O mais utilizado é o Teste Cervical Comparativo (TCC), as inoculações são realizadas via intradermica, 
na dose de 0,1 ml, na região cervical ou escapular, com distancia de 15 a 20 cm, sendo PPD aviaria 
inoculada cranialmente e a PPD bovina caudalmente. 
Teste de Rebanho: testes aplicados simultaneamente em todos os animais de um rebanho, 
excluindo aqueles que não devem ser submetidos a testes de diagnostico. 
O animal e a propriedade estarão livres de tuberculose de acordo com as leis, quando ocorrer a 
obtenção de tres testes negativos consecutivos, num intervalo de 90 a 120 dias entre o primeiro e o 
segundo teste e de 180 a 240 dias entre o segundo e o terceiro. 
Os animais com reações inconclusivas deverão ser isolados de todo o rebanho e retestados 60 a 90 
dias após o teste anterior. 
TRATAMENTO – Em animais o tratamento não é viavel por conta da perda economica, em 
casos de animais reagentes positivos os mesmos serão eutanasiados. 
Já nos humanos o tratamento é feito com antibioticoterapia constante para o controle das 
bacterias de M.Bovis. 
SANEAMENTO – O certificado de Estabelecimento de Criação Livre de Tuberculose será emitido pela 
Delegacia Federal da Agricultura, esse certificado tem a validade de 12 meses. Para renovação anual 
deverão ser apresentados resultados negativos nos testes de diagnotico para tuberculose, realiados 
em todos os animais com idade igual ou superior a seis semanas. Caso os testes apresentem animais 
reagentes positivos ocorrerá a suspensão temporaria do certificado do estabelecimento de criação 
livre de tuberculose. 
Caso forem encontradas lesões sugestivas de tuberculose durante a inspeção sanitaria postmortem, 
serão coletadas amostras dessas lesões e enviadas para o Departamento de Defesa Animal e se 
houver a confirmação da presença de M. bovis, todos os animais da criação com idade igual ou 
superior a seis semanadas deverão ser submetidos a testes de diagnostico, sendo destinados os 
reagentes positivos ao sacrificio ou a destruição. 
ANIMAIS REAGENTES POSITIVOS – Os animais serão marcados om ferro candente no lado 
direito da cara com um ''P'' contido num circulo de oito centimetros de diametro. Esses 
animais marcados, positivos ou inconclusivos, são proibidos de voltarem ao 
estabelecimento de criação, serão destinados ao sacrificio no prazo maximo de 30 dias após 
o diagnostico. 
NOTIFICAÇÃO - Assim que os animais são diagnosticados , os mesmo devem ser afastados 
imediatamente da produção leiteira. O serviço de inspeção oficial do estabelecimento, onde 
será realizado o sacrificio,devera ser notificado com antecedencia minima de 12 horas 
antes, para que medidas sejam adotadas. Os animais devem chegar ao estabelecimento de 
abate acompanhados pelo GTA , informando a condição positiva. 
INSPEÇÃO - Tem como função realizar o abate sanitrio de animais reagentes positivos, 
cumprir procedimentos higienicos sanitarios e fazer julgamenteo e destinação de carcaças e 
visceras e comunicar ao serviço de defesa oficial dos achados de matança, em carcaças e 
viscera, sugestivos de tuberculose. 
 EUTANASIA - sacrifício: é o abate sanitário de animais reagentes aos testes de diagnóstico 
para brucelose ou tuberculose, realizado em estabelecimento sob serviço de inspeção 
oficial, de acordo com a legislação pertinente; 
VII - destruição: é o procedimento de eliminação de animais reagentes aos testes de 
diagnóstico para brucelose ou tuberculose no próprio estabelecimento de criação, 
obedecendo a critérios definidos pelo Departamento de Defesa Animal; 
DESINFECÇÃO - As micobactérias apresentam uma parede celular complexa, constituída por 
60% de lipídeo e por polipeptídios. A parede celular é formada pela membrana 
Citoplasmática em sua face interna, uma camada intermediária de peptidoglicanos e uma 
camada externa de ácidos micólicos ,formando o complexo micolilarabinogalactano . Esse 
complexo impermeabiliza a superfície da micobactéria, tornando-a bastante resistente a 
compostos hidrofílicos e à dessecação, além de dificultar a captação de nutrientes, 
retardando o seu crescimento. 
BARREIRA SANITARIA - 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
file:///C:/Users/SVR%20Consultorio/Downloads/Manual%20de%20Legisla%C3%A7%C3%A3
o%20-%20Sa%C3%BAde%20Animal%20-%20low.pdf

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