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Mecanismos de resposta imune específicos e inespecíficos (1) (1)

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IMUNOLOGIA
Mecanismos de defesa específicos e inespecíficos na espécie humana
O sistema imunológico
O sistema imunológico ou sistema imune é responsável pelo combate a microorganismos invasores. Além disso, ele também é responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas celulares, a rejeição de enxertos, e pela memória imunológica. Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem no nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar origem a tumores.
Células do sistema imune são altamente organizadas. Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão (inibição), outras “avisam” o sistema imune sobre a presença de microorganismos invasores, outras destroem os microorganismos invasores, outras sintetizam proteínas (anticorpos) que neutralizam os microorganismos invasores ou neutralizam substâncias liberadas por eles (toxinas).
Células do sistema imune
As células do sistema imune são ao leucócitos (glóbulos brancos do sangue), as células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) ou sistema reticuloendotelial e os mastócitos. 
O número de leucócitos por milímetro de sangue no adulto normal é de 5.000 a 10.000. Ao nascimento, o sangue da criança contém 20.000 leucócitos/mm³ de sangue e vai decrescendo ao longo dos anos, até que, aos 12 anos, atinge a faixa do adulto. Isso ocorre porque a criança ainda não tem as barreiras naturais do organismo completamente desenvolvidas, tendo mais facilidades de contrair infecções de diversas naturezas. Por essa razão é necessário que haja uma população de leucócitos maior para a proteção da criança.      
Denomina-se leucocitose o fenômeno em que o número destas células sobe acima de 10.000/mm³ de sangue e leucopenia quando desce abaixo de 2.000/mm³ de sangue. Na leucemia (câncer de leucócitos) encontramos mais de 100 mil leucócitos/mm³ de sangue.     
Os leucócitos, produzidos exclusivamente da medula óssea, são nomeados de acordo com a sua coloração pelo corante universal hematoxilina-eosina. A hematoxilina é um corante básico e a eosina um corante ácido. 
São eles os leucócitos granulócitos: neutrófilos,  eosinófilos e basófilos. Os leucócitos eosinófilos, com núcleo bilobulado, têm afinidade pela eosina, ou seja, têm afinidade por corante ácido (também chamado de leucócito acidófilo) e o basófilo (núcleo irregular) tem afinidade pela hematoxilina, que é um corante básico, então chamado basófilo. As células acidófilas se coram em vermelho e as basófilas em azul escuro. Já os neutrófilos ou polimorfonucleares são corados por corante neutros, ou seja de pH=7 e apresentam núcleo trilobulado, geralmente.     
Os linfócitos e os monócitos são agranulócitos  (quer dizer, sem grânulos no citoplasma). Os linfócitos são identificáveis pela microscopia óptica pela sua imensa massa nuclear que toma quase todo o citoplasma. São células indiferenciadas entre si pela microscopia óptica, entretanto podem ser diferenciadas pelas técnicas imunocitoquímicas que detectam o CD (cluster differenciation, ou seja, um conjunto de moléculas marcadoras da superfície celular) é possível saber que tipo de linfócito está se observando. 
Os linfócitos são divididos em linfócitos T, linfócitos B e linfócitos NK, sendo o linfócito T responsável principalmente pelo auxílio ao sistema imune e resposta imune celular. O linfócito B é responsável  pela resposta imune humoral; alguns linfócitos B dão origem as células B da memória imunitária, que reagem rapidamente a uma segunda exposição ao mesmo antígeno. Os linfócitos NK, pela resposta imune inespecífica. Os linfócitos T e os B produzem resposta imune específica, pois ambos são estimulados a partir de antígenos específicos. Neste caso formarão populações de anticorpos monoclonais específicas para atacar o antígeno em questão.  
Os monócitos, precursores dos macrófagos e demais células do sistema mononuclear fagocitário, apresentam núcleo bilobulado.
Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune as células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) ou sistema reticuloendotelial e mastócitos. 
As primeiras são especializadas em fagocitose e apresentação do antígeno ao exército do sistema imune. São elas: macrófagos alveolares (nos pulmões), micróglia  (no tecido nervoso), células de Kuppfer (no fígado), células de langerhans (na epiderme) e  macrófagos em geral, que atuam em todo o tecido conjuntivo.
As células do sistema mononuclear fagocitário originam-se na medula óssea. Essas células são liberadas da medula óssea e transitam pelo sangue periférico como monócito, onde tem uma vida média de cerca de oito a nove horas, migrando em seguida para os tecidos, onde desempenham sua principal atividade funcional. Nos tecidos as células derivadas dos monócitos distribuem-se amplamente por todos os órgãos, recebendo denominações especiais em alguns deles, como visto acima.
À medida que essas células se diferenciam, vão perdendo a capacidade proliferativa. Ao mesmo tempo, a diferenciação do monócito do sangue para macrófago nos tecidos implica uma série de alterações funcionais, em especial o aumento da capacidade fagocitária, intensa expressão de receptores de membrana para IgG e para complemento e um aumento dos lisossomos e mitocôndrias. IgG ou imunoglobulina G é um tipo de anticorpo, produzido durante a fase aguda de uma infecção e, como tem capacidade de reter a memória do antígeno, ele permanece por toda a vida, respondendo imediatamente após outros contatos com o mesmo antígeno.  
Os macrófagos dos tecidos são ativados em condições de estímulos inflamatórios ou imunológicos, em particular quando há uma infecção causada por parasitas intracelulares, distinguindo-se dos macrófagos não ativados pela capacidade fagocitária e microbicida exacerbada, maior quantidade de enzimas hidrolíticas e de lisozima (tipo de enzima abundante em secreções animais e que catalisa a hidrólise de polissacarídeos na parede celular de bactérias.
 Fig. 1: monócito
 Fig. 2: macrófago
Os mastócitos são células do tecido conjuntivo originadas a partir de células mesenquimatosas (células indiferenciadas, de grande potência de diferenciação que dão origem às células do tecido conjuntivo).  Possuem citoplasma rico em grânulos basófilos (coram-se por corantes básicos).  Sua principal função é armazenar potentes mediadores químicos da inflamação, como a histamina, heparina e fatores quimiotáxicos (com capacidade de atrair certos leucócitos).
A histamina é uma substância vasodilatadora envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas, tais como extravasamento de plasma, que acarreta o aparecimento de edemas, vermelhidão, coceira, calor, dor, dentre outros). 
A heparina é um anticoagulante, que impede a formação de coágulos (trombos) no sangue circulante.
O fatores quimiotáxicos direcionam leucócitos para o agente lesivo. São eles o ECF-A (fator quimiotáxico dos eosinófilos) e fatores quimiotáxicos dos neutrófilos. Os eosinófilos são responsáveis pela ação contra parasitas multicelulares e certas infecções por microorganismos. Junto com os mastócitos, também controlam mecanismos associados com a alergia e asma. Os neutrófilos apresentam atividade fagocitária contra microorganismos, além de participarem de reações alérgicas, pela liberação de histamina. Já os neutrófilos, por também possuírem capacidade de fagocitose, são os principais responsáveis pela defesa primária contra bactérias e fungos.
	
 Fig. 3: mastócito
O nosso organismo possui mecanismos de defesa que podem ser diferenciados quanto a sua especificidade, ou seja, existem os específicos contra o antígeno (corpo estranho) e os inespecíficos, que protegem o corpo de qualquer material ou microorganismo estranho, sem que este seja específico. Os mecanismos específicos envolvema produção de anticorpos que, como o próprio nome indica, são específicos e exclusivos para determinado antígeno. Já os inespecíficos envolvem fagocitose e barreiras naturais contra quaisquer corpos estranhos.
O organismo possui barreiras naturais físicas, químicas e biológicas, que são obviamente inespecíficas, como a da pele (queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, a lágrima, o ácido clorídrico do estômago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e no trato respiratório, cílios do epitélio respiratório, peristaltismo, flora normal, entre outros.
Se as barreiras físicas, químicas e biológicas do corpo forem vencidas, o combate ao agente infeccioso entra em outra fase. Nos tecidos, existem células que liberam substâncias vasoativas, capazes de provocar dilatação das arteríolas da região, com aumento da permeabilidade e saída de líquido. Isso causa vermelhidão, inchaço, aumento da temperatura e dor, conjunto de alterações conhecido como inflamação. 
Mediadores químicos, responsáveis pela quimiotaxia (isto é, o direcionamento do leucócito para o agente lesivo), atraem mais células de defesa, como neutrófilos, eosinófilos e monócitos, para a área afetada. Os neutrófilos e monócitos começam a rolar pelo endotélio até encontrarem um espaço entre as células endoteliais e passarem ao processo de diapedese, no qual os leucócitos migram de dentro da parede vascular em direção à área afetada, passando a englobar e destruir (fagocitose) os agentes invasores. Quando chegam ao local, os monócitos se diferenciam em macrófagos, os quais apresentam grande capacidade fagocitária. A diapedese e a fagocitose fazem dos neutrófilos a linha de frente no combate às infecções.
A vasodilatação aumenta a temperatura no local inflamado, dificultando a proliferação de microrganismos e estimulando a migração de células de defesa. Algumas das substâncias liberadas no local da inflamação alcançam o centro termorregulador localizado no hipotálamo, originando a febre, através da liberação de substâncias pirógenas na corrente sanguínea. Apesar do mal-estar e desconforto, a febre é um importante fator no combate às infecções, pois além de ser desfavorável para a sobrevivência dos microorganismos invasores, também estimula muitos dos mecanismos de defesa de nosso corpo.
Outras substâncias liberadas no local da infecção chegam pelos vasos sangüíneos até a medula óssea, estimulando a liberação de mais neutrófilos, que ficam aumentados durante a fase aguda da infecção. No plasma também existem proteínas de ação bactericida que ajudam os neutrófilos no combate à infecção.
A inflamação determina o acúmulo de fibrina, que forma um envoltório ao redor do local, evitando a progressão da infecção.
Caso a resposta inflamatória não seja eficaz na contenção da infecção, o sistema imune passa a depender de mecanismos mais específicos e sofisticados, dos quais tomam parte vários tipos celulares, o que chamamos resposta imune específica.

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