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Aula 01 2018



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Curso de Direito Civil TRTs (AJAJ) 
Teoria e Questões comentadas 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 01 
 
 
 
 
 
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Sumário 
1- Considerações Iniciais ..................................................................... 4 
2- Conceito de Pessoa .......................................................................... 6 
3- Pessoal Natural ............................................................................... 7 
3.1- Conceito de pessoa natural ............................................................. 7 
3.2- Capacidade de Direito X Capacidade de Fato ..................................... 7 
3.3- Capacidade x Legitimação ............................................................ 11 
3.4- Incapacidade absoluta e relativa ................................................... 12 
3.4.1- Incapacidade Absoluta ............................................................ 13 
3.4.2- Incapacidade Relativa ............................................................ 15 
3.5- Capacidade civil do índio .............................................................. 16 
3.6- CURATELA X TUTELA ................................................................... 17 
3.7- Cessação da Incapacidade ............................................................ 18 
3.8- Extinção da personalidade ............................................................ 19 
3.8.1- Morte presumida sem decretação de ausência ........................... 20 
3.8.2- Morte presumida com decretação de ausência ........................... 21 
3.8.3- Comoriência .......................................................................... 24 
3.9- Registro e averbação ................................................................... 26 
3.10- Direitos de personalidade ........................................................... 26 
3.10.1- Direito à integridade física .................................................... 30 
3.10.2- Integridade moral: Nome ...................................................... 33 
3.10.3- Proteção à imagem e à transmissão da palavra ....................... 34 
3.10.4- Proteção à intimidade ........................................................... 35 
3.10.5- Estado ................................................................................ 38 
4- Pessoas Jurídicas ........................................................................... 39 
4.1- Conceito de Pessoa Jurídica .......................................................... 39 
4.2- Classificação das pessoas jurídicas ................................................ 39 
4.3- Começo da existência legal das pessoas jurídicas ............................ 43 
4.4- Fim da existência legal das pessoas jurídicas .................................. 45 
4.5- Associações ................................................................................ 46 
4.6- Sociedades ................................................................................. 49 
4.7- Das fundações ............................................................................ 50 
4.8- Partidos políticos ......................................................................... 53 
4.9- Organizações religiosas ................................................................ 53 
Aula 01 – Das Pessoas 
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4.10- EIRELI: empresa individual de responsabilidade limitada ................ 53 
4.11- Desconsideração da personalidade jurídica ................................... 54 
4.12- Grupos despersonalizados ou despersonificados ............................ 56 
4.13- Representação e responsabilidade da pessoa jurídica ..................... 57 
5- Domicílio Civil ................................................................................ 59 
5.1- Domicílio da Pessoa Natural .......................................................... 60 
5.2- Domicílio da Pessoa Jurídica ......................................................... 63 
6- Questões Propostas ....................................................................... 66 
7- Lista de exercícios ......................................................................... 98 
8- Gabarito ...................................................................................... 114 
 
Ficamos muito felizes por você ter depositado a confiança em nosso trabalho e 
esperamos, sinceramente, corresponder às suas melhores expectativas com 
esse curso. 
A aula de hoje é um pouco extensa, pois não quisemos quebrar o assunto no 
meio para fazer duas aulas. Sendo assim, dedique especial atenção às 
“novidades”, ou seja, alterações na legislação que ocorreram em 2015 e 2016. 
Fique tranquilo ou tranquila que a próxima aula será menor. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Grandes realizações não são feitas por impulso, 
mas por uma soma de pequenas realizações". 
Vincent Van Gogh 
 
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1- Considerações Iniciais 
Que bom que você confiou em nosso trabalho e estamos juntos nessa 
jornada!!! 
Bem, na aula anterior estudamos a Lei de Introdução às normas do Direito 
Brasileiro. Vimos que tal dispositivo legal não é parte integrante do Código Civil. 
Dessa forma, hoje iremos iniciar o estudo do Código Civil, principal lei que 
rege as relações de direito privado do nosso ordenamento jurídico. 
Trata-se de uma lei muito extensa que possui 2.046 artigos divididos em 
duas grandes partes (geral e especial) e subdivididos em livros, conforme o 
esquema a seguir: 
 
 
Você deve estar pensando: mas professor, isso é muita coisa para 
estudar! Concordo perfeitamente com esse pensamento. Entretanto, se você 
quer passar em um concurso de primeiro nível para ter um salário satisfatório, 
o caminho a ser percorrido possui vários desafios e esse é um deles. 
Para enfrentar este desafio eu vou lhe ajudar.Para tal, irei abordar o que 
costuma ser cobrado em provas de concursos de modo a encurtar o seu 
caminho. Ou seja, existem diversas teorias no Direito Civil, mas se elas não 
costumam ser cobradas em provas da área fiscal, então eu não pretendo 
abordá-las em nosso curso, pois sei que você tem muita coisa para estudar. 
Código 
Civil
PARTE GERAL
Das pessoas
Dos bens
Dos fatos jurídicos
PARTE ESPECIAL
Do direito das Obrigações
Do direito de empresa
Do direito das coisas
Do direito de família
Do direito das sucessões
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Inicialmente quero ressaltar que a parte correspondente ao Direito de 
Empresa é estudada em outro ramo do direito, o Direito Empresarial, e, por 
isso, não iremos estudá-la. Para esta parte, caso seja cobrada no seu concurso, 
indico o curso do Prof. Wangney Ilco, aqui do Exponencial Concursos. 
Feita esta breve introdução, vamos iniciar os trabalhos do dia. 
 
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2- Conceito de Pessoa 
No sentido jurídico, a palavra pessoa representa o titular de direitos e 
obrigações. Duas são as espécies de pessoas: 
 
 
O titular de direitos e obrigações é aquele que pode figurar em uma 
relação jurídica, conforme esquema a seguir: 
 
 
 
A todo direito subjetivo de alguém corresponde um dever de outra 
pessoa. Há, na relação jurídica, pelo menos dois sujeitos: o ativo, que tem o 
direito, e o passivo, que tem o dever, além de uma prestação (dar, fazer e não 
fazer) cujo objeto representa o bem jurídico e funciona como elo na relação. 
Ou seja, aqueles que podem figurar como sujeito ativo ou sujeito passivo 
em uma relação jurídica são a pessoa natural (ou física) e a pessoa jurídica (ou 
moral). 
Imagine que eu vá a uma clínica odontológica e, após o dentista que lá 
trabalha realizar o procedimento necessário, eu passe a ter a obrigação de pagar 
o preço do serviço realizado. Nessa relação jurídica, eu (pessoa natural) sou o 
sujeito passivo; a clínica (pessoa jurídica) é o sujeito ativo; e o valor a ser pago 
é o objeto da prestação. 
 
Pessoa
Natural
(ou física)
Ser humano
Jurídica
(ou moral)
Organização que visa a 
realização de um certo interesse
Sujeito 
Passivo
Relação Jurídica
Sujeito Ativo 
(direito)
Prestação (bem jurídico)
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3- Pessoal Natural 
 
3.1- Conceito de pessoa natural 
A pessoa natural, sinônimo de pessoa física, é o ser humano considerado 
como sujeito de direitos e obrigações. Para ser uma pessoa, basta existir, basta 
nascer com vida, adquirindo personalidade jurídica. 
1. (CESPE - Agente de Proteção - TJRR/RR - 2012) A 
respeito da pessoa natural, julgue os itens a seguir. 
O conceito de pessoa natural não abrange animais, seres inanimados, entidades 
místicas e metafísicas. 
Comentários 
O item está Certo. A pessoa natural (ou pessoa física) é o próprio ser humano, 
sujeito de direitos e obrigações. Portanto, no conceito de pessoa natural não 
estão abrangidos seres que não sejam humanos, como animais, seres 
inanimados, entidades místicas e metafísicas. 
 
 
3.2- Capacidade de Direito X Capacidade de Fato 
O Código Civil em seus artigos 1o e 2o nos apresenta diversos conceitos 
importantes. Vejamos: 
 
 
 
Dessa forma, a pessoa natural, ao nascer com vida, adquire 
personalidade jurídica e passa a ser titular de direitos e deveres na ordem civil. 
Ou seja, a personalidade adquirida ao nascer representa o conjunto de 
capacidades (aptidões) referentes a uma pessoa. Duas são as espécies de 
capacidade: 
Toda pessoa
é capaz de 
direitos e 
deveres
na ordem civil
A 
personalidade
civil da pessoa
começa do 
nascimento
com vida
os direitos
do 
nascituro
mas a lei põe a 
salvo, desde a 
concepção
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- Capacidade de Direito ou de Gozo: é adquirida junto com a 
personalidade e representa a aptidão para ser titular de direitos e deveres 
na ordem civil, conforme dispõe o art. 1o do CC. A capacidade de Direito 
ou de Gozo é adquirida através do nascimento com vida. 
- Capacidade de Fato ou de Exercício: é a aptidão para alguém exercer 
por si só (sozinho) os atos da vida civil. Ou seja, representa a capacidade 
de praticar pessoalmente os atos da vida civil, independente de 
assistência ou representação. Em regra, é adquirida ao completar 
dezoito anos de idade. 
Então, esquematizando, temos que: 
 
 Conclui-se que todas as pessoas possuem capacidade de direito ou 
de gozo, mas nem todas possuem a capacidade de fato ou de exercício. 
Esta, em regra, é adquirida ao completar 18 anos, mas também pode ser 
adquirida através da emancipação ou do levantamento da interdição que serão 
estudados mais adiante. 
CONCLUSÃO: Para possuir capacidade plena, a pessoa precisa possuir 
capacidade de direito e capacidade de fato. 
 
 
Capacidade
de gozo ou de 
direito
começa do nascimento com 
vida
de fato ou de
exercício
precisa ter condições de exercer 
seus direitos por conta própria
C. de 
FATO
C. de 
DIREITO
CapacidadePLENA
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Tendo em vista que todos possuem capacidade de direito ou de gozo, 
podemos dizer que ela é ilimitada. Por outro lado, a capacidade de fato ou de 
exercício é limitada, pois nem todos a possuem. 
Apesar de não possuir capacidade de fato ou de exercício, uma pessoa 
pode ser titular de direitos. Como exemplo, temos a possibilidade de uma 
criança de dois anos ser proprietária de um apartamento, pois ela tem 
capacidade de direito ou de gozo. Entretanto, por ainda não ter condições de 
discernir sobre a prática dos atos da vida civil, tal criança possui uma deficiência 
jurídica. 
Vejamos o gráfico esquemático para que depois eu explique melhor o que 
vem a ser essa “deficiência jurídica”. 
 
 
No art. 2o do CC, o legislador colocou a salvo os direitos do nascituro 
(aquele que está para nascer). 
Art. 2o do CC - A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
Concluímos então que o nascituro poderá figurar em algumas relações 
jurídicas, tais como os dispositivos legais exemplificados a seguir: 
 O nascituro tem direito a receber doação (art. 542 do CC) 
Art. 542 do CC - A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita 
pelo seu representante legal. 
 O nascituro tem direito a participar da sucessão hereditária (art. 
1.798 do CC) 
Nascimento com vida
Maioridade (18 anos)
Capacidade de 
Direito ou de Gozo-
ILIMITADA 
Capacidade de Fato ou 
de Exercício 
 
LIMITADA 
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Art. 1.798 do CC - Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou 
já concebidas no momento da abertura da sucessão. 
 Assim, percebe-se que a doação feita a uma pessoa, mesmo antes dela 
nascer, é válida. O mesmo acontece durante a sucessão hereditária, pois, se 
um homem morre e deixa a sua esposa grávida, o feto que ela carrega em seu 
ventre também participará da sucessão. 
Os direitos do nascituro, entretanto, estão condicionados ao nascimento 
com vida, ou seja, se nascer morto, os direitos eventuais que viria a ter estarão 
frustrados. 
Ressalta-se que a má redação do artigo 2o do CC deu origem a três 
teorias que buscam explicar o momento de início da personalidade civil: 
1) NATALISTA: a personalidade civil se inicia com o nascimento com 
vida – antes não existiria a personalidade. Porém, possui expectativa de 
direito – ao nascer, seus interesses retroagem ao momento da 
concepção. É a teoria tradicional (majoritária) fundada na interpretação 
literal do art. 2º do CC. Se nada for mencionado numa questão de prova, 
então estaremos nos referindo à teoria natalista, beleza? 
2) PERSONALIDADE CONDICIONAL: existe uma condição 
suspensiva => nascimento com vida, para que os direitos sejam 
adquiridos. O nascituro é uma pessoa condicional. A personalidade civil 
tem início com o nascimento com vida. 
3) CONCEPCIONISTA: a personalidade civil existe a partir da 
concepção. É uma teoria moderna, pela qual a lei põe a salvo desde a 
concepção os direitos do nascituro. Assim, a personalidade se divide em 
duas partes: a personalidade jurídica formal (adquirida a partir da 
concepção) e a personalidade jurídica material (adquirida a partir do 
nascimento com vida). Portanto, o nascituro só tem direito patrimonial 
ao nascer com vida, mas a personalidade não abrange os direitos 
patrimoniais, mas somente os de personalidade (direito à vida ou 
gestação saudável). Neste sentido, diz o Enunciado nº 1 da I Jornada de 
Direito Civil: “Art. 2.º A proteção que o Código defere ao nascituro alcança 
o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como 
nome, imagem e sepultura”. 
 Em resumo, as três teorias acima acerca da aquisição da 
personalidade civil da pessoa natural pode ser esquematiza com abaixo: 
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3.3- Capacidade x Legitimação 
A legitimação (legitimidade civil) é a posição favorável de uma pessoa 
em relação a certos bens ou interesses, habilitando-a à prática de determinados 
atos ou negócios jurídicos. Ou seja, a legitimidade é a exigência legal de que o 
agente ostente determinadas condições jurídicas para praticar determinados 
atos. A falta de legitimação acarreta um impedimento específico para a prática 
de certos atos ou negócios jurídicos. 
A legitimação difere da capacidade de direito ou de gozo, pois, esta 
todas as pessoas possuem, ao passo que aquela é característica de apenas 
alguns. Como exemplo temos o art. 1.749, I do CC: 
Art. 1.749 do CC - Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, 
sob pena de nulidade: 
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato 
particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor; [...]. 
Ou seja, pelo dispositivo legal acima, o tutor possui capacidade de direito 
ou de gozo, assim como a capacidade de fato ou de exercício, entretanto, não 
possui legitimidade para adquirir bens móveis ou imóveis do menor que ele 
representa. 
Obs.: Outro exemplo de legitimidade será estudado dentro do tópico direitos da 
personalidade. 
 
Natalista
A partir do nascimento com 
vida
Concepcionista
Personalidade 
Condicional
Direitos do nascituro sob 
condição suspensiva
A partir da concepção: 
personalidade jurídica FORMAL. 
A partir do nascimento com vida: 
personalidade jurídica MATERIAL. 
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3.4- Incapacidade absoluta e relativa 
Como vimos, as pessoas que possuem os dois tipos de capacidade (de 
direito/gozo e de fato/exercício) têm a chamada capacidade plena, e aqueles 
que não possuem a capacidade de fato ou de exercício são chamados incapazes, 
sendo portadores de uma “deficiência jurídica”. Justamente por existir tal 
deficiência é que os incapazes precisam ser representados ou assistidos. 
Assim, a incapacidade é a restrição a determinados atos da vida civil. 
Conforme ensinamentos da Prof.ª Maria Helena Diniz, a regra é a capacidade e 
a incapacidade é a exceção! A incapacidade pode ser de dois tipos: absoluta 
ou relativa. 
 
 
 
 
Vamos estudar a seguir os tipos de incapacidade. Mas, em resumo, o 
absolutamente incapaz não pode praticar o ato civil, então deve ser 
representado, enquanto que o relativamente incapaz pode praticar o ato, 
desde que assistido. 
Portanto, será absoluta quando houver total restrição ao exercício do 
direito. Ou seja, a pessoa tem capacidade de direito, mas há proibição total de 
exercer o direito (não há capacidade de fato). Para que possam praticar os 
atos civis, os absolutamente incapazes devem estar representados. Os atos 
praticados sem representação serão considerados nulos (nulidade absoluta). 
A seu turno, a incapacidade será relativa quando for necessária 
assistência para a prática de determinados atos. Portanto, a pessoa poderá 
praticar certos atos, desde que assistida por representantes legais. Os atos 
praticados sem assistência (quando for necessária) serão considerados 
anuláveis (nulidade relativa). 
 
 
 
 
 
 
Incapacidade
absoluta Representação
relativa Assistência
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Macete: RIA! 
 
 
 
Após saber os tipos de incapacidade, creio que você deva estar se 
perguntando: quem é considerado incapaz? 
 Absolutamente Incapaz Relativamente Incapaz 
Idade Menor de 16 anos 16 a 18 anos 
Pessoas Ébrios habituais, viciados em 
tóxicos, pródigos, aquele que não 
puder exprimir sua vontade (por 
causa transitória ou permanente). 
Obs.: O quadro acima está conforme a nova redação dos arts. 3º e 4º do CC, 
dada pela Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 
Observemos que não existe mais pessoa absolutamente incapaz que seja 
maior de idade. Em suma, todas as pessoas com deficiência, das quais tratava 
o comando antigo, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito 
Civil, o que visa a sua plena inclusão social, em prol de sua dignidade. 
 Vejamos com mais detalhes cada tipo de incapacidade. 
 
 
3.4.1- Incapacidade Absoluta 
Os absolutamente incapazes estão definidos no artigo 3° do Código 
Civil, conforme recente redação da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com 
Deficiência): 
 
Relativamente Incapaz Assistido
Representado Incapaz Absolutamente
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Importante destacar que a redação anterior incluía: 
 
 
REDAÇÃO ANTIGA 
Art. 3o do CC - São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade. 
 
Então, atualmente, de acordo com a redação dada pela Lei n° 13.146, 
de 2015, apenas os menores de 16 anos são considerados como 
absolutamente incapazes. São conhecidos por menores impúberes. 
2. (CESPE - Analista Administrativo - ANAC - 2012) Com 
base no Código Civil, julgue os itens a seguir, a respeito de personalidade 
civil, capacidade jurídica e direitos da personalidade. 
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os 
menores de dezoito anos de idade. 
Comentários 
O item está Errado. Conforme artigo 3° do Código Civil, são absolutamente 
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos. Portanto, não são absolutamente incapazes os menores de 18 
anos, e sim os menores de 16 anos. 
 
 
São absolutamente
incapazes
os menores de 
16 anos
de exercer
pessoalmente os atos 
da vida civil
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3.4.2- Incapacidade Relativa 
Os relativamente incapazes estão definidos no artigo 4° do Código 
Civil: 
 
 
 Portanto, o art. 4º do CC também foi modificado de forma considerável 
pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. O seu inciso II não faz mais referência 
às pessoas com discernimento reduzido, que não são mais consideradas 
relativamente incapazes, como antes estava regulamentado. Apenas foram 
mantidas no diploma as menções aos ébrios habituais (entendidos como os 
alcoólatras) e aos viciados em tóxicos, que continuam dependendo de um 
processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua 
incapacidade seja reconhecida. 
 Vejamos com mais detalhes cada hipótese de incapacidade relativa: 
 Os maiores de 16 e menores de 18 anos são chamados de menores 
púberes e, apesar de serem relativamente incapazes, podem praticar 
determinados atos sem a assistência, tal como: aceitar mandato, ser 
testemunha, fazer testamento, etc. 
 Os ébrios (alcoólatras) habituais e os viciados em tóxicos 
(toxicômanos), quando o efeito das respectivas substâncias (álcool e 
entorpecente) provocar uma redução na capacidadede entendimento, não 
poderão praticar os atos da vida civil sem assistência de um curador, desde 
que interditos. 
 Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade contempla todos que, por enfermidade ou 
deficiência, tenham discernimento simplesmente reduzido, ou mesmo os que 
não tenham discernimento nenhum. 
 Os pródigos são gastadores que dissipam o próprio patrimônio de forma 
desvairada. Trata-se de um desvio de personalidade e não, propriamente, 
de um estado de alienação mental. No entanto, o pródigo só ficará privado 
de praticar atos que extravasam a mera administração e implicam no 
comprometimento de seu patrimônio, como emprestar, alienar, hipotecar, 
etc. (art. 1.782 do CC). Precisa de interdição. 
 
São incapazes, relativamente a certos atos ou à 
maneira de os exercer:
os maiores
de 16 e 
menores de 
18 anos
os ébrios
habituais e 
os viciados
em tóxico
aqueles que, por causa 
transitória ou 
permanente, não
puderem exprimir sua 
vontade
pródigos
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Art. 1.782 do CC - A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, 
emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser 
demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera 
administração. 
 
Observação: Existem algumas situações excepcionais em que os 
relativamente incapazes podem praticar atos sozinhos, ou seja, sem a 
necessidade de assistência, como por exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.5- Capacidade civil do índio 
Nos termos do art. 4º, § único do CC, a capacidade dos indígenas deve 
ser regulada por lei especial. Tal diploma legal é a Lei 6.001/1973 (Estatuto do 
Índio). 
Art. 4º, Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por 
legislação especial. 
O Estatuto do Índio dispõe que todo ato praticado por silvícola, sem a 
assistência da FUNAI, é nulo. O próprio Estatuto, no entanto, dispõe que o juiz 
poderá considerar válido o ato se constatar que o silvícola tinha plena 
consciência do que estava fazendo e que o ato não foi prejudicial a ele. 
Ou seja, dependendo do grau de integração com a sociedade, o índio 
pode ser considerado absolutamente incapaz, relativamente incapaz ou 
plenamente capaz. 
1. Fazer um testamento; 
Art. 1.860. Parágrafo único. Podem testar os maiores 
de dezesseis anos. 
2. Aceitar mandato para praticar negócios; 
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos 
não emancipado pode ser mandatário, mas o 
mandante não tem ação contra ele senão de 
conformidade com as regras gerais, aplicáveis às 
obrigações contraídas por menores. 
3. Ser testemunha a partir de 16 anos, etc. 
Art. 228. Não podem ser admitidos como 
testemunhas: 
I - os menores de dezesseis anos; 
 
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3.6- CURATELA X TUTELA 
A curatela é um instituto que visa a proteção da pessoa e o regimento ou 
administração de seus bens. Incide tal instituto sobre aqueles que não possuem 
capacidade para fazer a referida administração sozinhos, em razão de ausência, 
moléstia, ou até mesmo dos que ainda nem nasceram. 
A tutela visa os cuidados com a pessoa do menor ante a ausência dos 
pais (ex: menor órfão de pai e mãe), já a curatela visa o amparo de maiores 
em condições específicas onde estes, não tendo capacidade em virtude de 
problemas mentais, sejam ébrios habituais ou dependentes toxicológicos ou 
todos os que não tem condições de exprimir a sua vontade por estas ou outras 
causas também tem direito a um curador. 
Assim, para a determinação de curador para o incapaz, necessário que se 
faça o reconhecimento judicial da incapacidade, onde logo será declarada a 
interdição e estabelecida a curatela, onde o curador ficará responsável pelo 
interdito e administração de seus bens. 
 
 
 
 
 O assunto tutela e curatela é tratado no Direito de Família, dessa forma, 
vejamos rapidamente os principais dispositivos legais sobre o assunto. 
O art. 1.728 do CC trata do instituto da tutela. 
Art. 1.728 do CC -. Os filhos menores são postos em tutela: 
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; 
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. 
Já o rol do art. 1.767 do CC, também alterado pelo Estatuto da Pessoa 
com Deficiência, enumera aqueles que estão sujeitos à interdição e, 
consequentemente, à curatela. 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade; 
II - (Revogado); 
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
IV - (Revogado); 
V - os pródigos. 
 
 
 
TUTELA  amparo de menores 
CURATELA  amparo de maiores com “problemas” 
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3.7- Cessação da Incapacidade 
O término da incapacidade pode se dar de 3 (três) formas: 
1. Maioridade - ao completar 18 (dezoito) anos; 
2. Levantamento da interdição – pode verificar-se se cessar a causa que 
determinou o respectivo decretamento, quer mediante requerimento do 
próprio interdito, quer por quem tinha legitimidade para requerer o 
decretamento da interdição. (Ex.: o vício em tóxico deixa de existir); e 
3. Emancipação – aquisição da capacidade civil plena antes de completar 
18 (dezoito) anos, ou seja, representa a antecipação da capacidade civil 
plena. Também pode ser de 3 (três) tipos: voluntária, judicial e legal. 
 
Neste sentido, o artigo 5° do Código Civil estabelece que “A menoridade 
cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática 
de todos os atos da vida civil”. Portanto, se o motivo da capacidade ser relativa 
for a idade, aos 18 anos se atingiria a capacidadeplena. 
No entanto, existem hipóteses nas quais a incapacidade pode cessar 
antes de atingida a maioridade aos 18 anos. É o que chamamos de 
EMANCIPAÇÃO DO MENOR. É importante frisar que a emancipação não é 
causa de maioridade, mas sim de antecipação da capacidade de fato ou de 
exercício. Estão previstas no parágrafo único do artigo 5° do Código Civil: 
 
Emancipação
Voluntária
- Concessão de ambos 
os pais; ou
- Concessão de um 
deles na falta do 
outro;
- Por instrumento 
público;
- Não depende de 
homologação judicial;
-Menor com 16 anos 
completos.
Judicial
- Quando os pais 
divergirem; ou
- Quando sob tutela;
- Por decisão 
judicial;
- Ouve-se o tutor;
- Menor com 16 
anos completos.
Legal
- Pelo casamento;
- Pelo exercício de 
emprego público
efetivo;
- Pela colação de grau 
em ensino superior;
- Pelo estabelecimento 
civil ou comercial, ou 
relação de emprego, 
16 anos completos e 
economia própria 
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 Tanto pela maioridade atingida aos 18 anos completos quanto pela 
emancipação nos casos acima, o poder familiar ou parental fica extinto em 
relação àquele que atingiu a maioridade ou que foi emancipado (art. 1.635, CC). 
 Ainda, são características da emancipação: 
Irrevogabilidade Não pode ser revogada pelos pais do menor. 
Perpetuidade Se o casamento for desfeito a emancipação continua. 
Pura e simples Não admite termo ou condição. 
 
Assim, uma das características da emancipação é a irrevogabilidade, 
entretanto, revogar (desfazimento de um ato válido) é diferente de anular 
(cancelamento de um ato inválido). Imagine uma emancipação concedida 
através de um documento fraudulento. É perfeitamente possível a anulação do 
ato. 
Obs.: No campo dos fatos jurídicos e da invalidade dos negócios jurídicos, o 
menor, entre dezesseis e dezoito anos de idade, não pode, para eximir-se de 
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido 
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (art. 180, CC). 
Obs.: Enunciado nº 397 da Jornada de Direito Civil: “A emancipação por 
concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita a desconstituição por 
vício de vontade". Os vícios de vontade são: erro, dolo, coação, estado de 
perigo e lesão. 
Obs.: Conforme o art. 9º do CC, a emancipação por outorga dos pais 
(voluntária) e a judicial são registrados em registro público, só produzindo 
efeitos a partir de então. 
 
3.8- Extinção da personalidade 
A extinção da pessoa natural ocorre com a morte, cessando assim seus 
direitos e obrigações, conforme disposto no artigo 6° do Código Civil: 
 
 
A existência da pessoa natural termina
com a morte
presume-se esta, quanto 
aos ausentes
nos casos em que a lei autoriza a 
abertura de sucessão definitiva
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Logo, a morte representa o fim da personalidade jurídica. Pode ser de 
três tipos: real, civil e presumida. 
 
Em relação à morte civil, trata-se de um resquício do CC de 1.916 e, 
alguns autores, dizem que está prevista no art. 1.816 do Código Civil, só 
produzindo efeitos com relação à herança. Entretanto, há quem diga que não 
existe mais a morte civil no ordenamento jurídico. 
Art. 1.816 do CC - São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do 
herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da 
sucessão. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à 
administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem 
à sucessão eventual desses bens. 
 Já a morte presumida é tratada nos arts. 6º e 7º do CC. 
 
3.8.1- Morte presumida sem decretação de ausência 
O CC prevê que o juiz poderá declarar a morte de alguém de forma 
presumida quando é extremamente provável sua morte, conforme o artigo 7°: 
 
Ressalta-se que, de acordo com o parágrafo único desse artigo, a 
declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a 
data provável do falecimento. A declaração de morte presumida deverá ser 
registrada no Registro Público, assim como o óbito (art. 9º). 
M
O
R
T
E
REAL
Pressupõe a existência de um cadáver 
para comprovar o óbito
CIVIL
Quando uma pessoa, embora viva, é 
tratada como morta, perdendo os seus 
direitos civis.
PRESUMIDA
Quando não há um cadáver para provar 
efetivamente a morte.
Pode ser declarada a 
morte presumida, 
sem decretação de
ausência
se for extremamente provável a morte 
de quem estava em perigo de vida
se alguém, desaparecido em campanha 
ou feito prisioneiro, não for encontrado 
até dois anos após o término da guerra
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3.8.2- Morte presumida com decretação de ausência 
Também é possível que a morte presumida seja declarada quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva 
(art. 6º, CC). Ausente é aquela pessoa que desaparece de seu domicílio sem 
dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem 
caiba administrar-lhe os bens (art. 22, CC). Também é considerado ausente, 
aquele que deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar 
o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
Assim, o CC estabeleceu regras em relação à proteção do patrimônio do 
ausente. Entretanto, há algumas fases que deverão ser observadas em relação 
ao ausente: 
 
 Portanto, somente com a abertura da sucessão definitiva é que o ausente 
é considerado morto. 
Pois bem, desta forma, o JUIZ, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, mandará 
arrecadar os bens do ausentee nomeará o curador. Agora, vejamos cada uma 
dessas fases com mais detalhes: 
 
 Ainda nesta fase de curadoria dos bens do ausente, conforme o art. 745 
do Novo CPC, realizada a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede 
mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na 
plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 1 
(um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, 
durante 1 (um) ano, reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, 
1ª FASE: Curadoria dos bens do ausente - PRAZO: 1 
ANO
2ª FASE: Sucessão provisória - herdeiros se imitem 
na posse dos bens do ausente. PRAZO: 10 ANOS
3ª FASE: Sucessão definitiva - decretação de morte 
presumida. Herdeiros adquirem a propriedade dos 
bens do ausente.
CURADORIA
Poderes e obrigações fixados pelo JUIZ
Cônjuge do ausente - é o legítmo curador, se não 
estiver separado judicialmente ou de fato por mais de 2 
anos
Na falta do cônjuge - o curador será na ordem: os 
pais, os descendentes, começando pelo mais próximo,
e alguém escolhido pelo juiz
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anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus 
bens. 
 Então, após um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele 
deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os 
interessados requerer a abertura da sucessão provisória. São interessados na 
sucessão provisória: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente 
de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
Excetuando-se os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, os 
herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da 
restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões 
respectivos. Esta é mais uma proteção aos bens do ausente, que ainda poderá 
aparecer. 
Por fim, ainda na fase de sucessão provisória, provando-se a época 
exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a 
sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Porém, se o 
ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse 
provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, 
ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a 
entrega dos bens a seu dono. 
SUCESSÃO 
PROVISÓRIA
Inicia-se os procedimentos para resguardar os 
interesses dos herdeiros e demais interessados, pois a 
morte do ausente passa a ser mais provável com o 
passar do tempo;
Apos o prazo de um ano ou de 3 anos, conforme o 
caso, não havendo interessados na sucessão 
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la 
ao juízo competente;
Prazo de 180 dias: para que a sentença da sucessão 
provisória produza efeitos depois de publicada. Trata-
se de mais um prazo para que o ausente apareça. A 
partir daí ocorre o trânsito em julgado da sentença 
de sucessão provisória.
Prazo de 30 dias: aos interessados, para requerer a 
abertura do inventário e a partilha de bens. Caso 
não apareçam, torna-se herança jacente (sem 
testamento nem herdeiros legítimos). 
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 Então, após todo esse processo relacionado à decretação de ausência, 
passando pela curadoria dos bens do ausente e pela sucessão provisória, tem 
início a fase de SUCESSÃO DEFINITIVA, que é aberta nas seguintes 
hipóteses: 
 
 
 
 
Aberta a sucessão definitiva, fica caracterizada a morte presumida do 
ausente. 
No mais, vale destacar que, regressando o ausente nos dez anos 
seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus 
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens 
existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou 
o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens 
alienados depois daquele tempo. 
Isso significa dizer que somente após 10 anos da abertura da sucessão 
definitiva é que os sucessores terão a plenitude da propriedade dos bens do 
ausente, não cabendo mais qualquer direito sobre os bens ao ausente que 
regressou. Então, esse prazo de 10 anos é considerado decadencial. 
Logo, podemos perceber que, em regra, não é possível um intervalo de 
tempo menor que onze anos (1 + 10) entre a curadoria dos bens e a sucessão 
definitiva, pois deve-se publicar editais durante um ano e aguardar dez anos da 
sucessão provisória até a sucessão definitiva. 
Imagine um homem que sai de casa dizendo que vai comprar um maço 
de cigarros e nunca mais volta. Resumidamente teremos o seguinte: 
SUCESSÃO DEFINITIVA
APÓS 10 anos do trânsito 
em julgado da sentença que 
abrir a sucessão provisória
PROVANDO-SE que o 
ausente possui 80 anos de 
idade e que há 5 anos 
datam as últimas notícias 
dele
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Por fim, se nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens 
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, 
se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio 
da União, quando situados em território federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.8.3- Comoriência 
Ainda sobre o tema de extinção da pessoa natural, é importante saber o 
que é comoriência. Quando duas (ou mais) pessoas morrem em uma mesma 
ocasião e não se consegue determinar quem faleceu em qual ordem, o que seria 
necessário para aplicação das regras do direito sucessório, presume-se a morte 
simultânea. 
Comoriência é o nome dado a essa presunção de morte simultânea, 
quando não se pode determinar a ordem dos falecimentos. O artigo 8° do 
CódigoCivil trata essa situação, conforme esquematizamos a seguir. 
CURADORIA DOS BENS
Duração: 1 ano (sem 
procurador) ou 3 anos 
(com procurador)
Ocorre a arrecadação dos 
bens do ausente e a 
entrega a um 
administrador.
Não havendo procurador, 
deve-se obedecer a ordem 
estipulada pelo art. 25: 1º 
cônjuge, 2º pais, 3º 
descendente, 4º curador 
dativo.
SUCESSÃO PROVISÓRIA
Duração: em regra 10 anos
Os herdeiros prestam 
caução e se imitem na 
posse dos bens.
Os herdeiros necessários 
(ascendente, descendente 
e cônjuge) não precisam 
prestar caução.
Os bens do ausente só 
podem ser vendidos por 
ordem judicial para evitar-
lhes a ruína.
SUCESSÃO DEFINITIVA
O ausente é declarado 
morto.
Os herdeiros passam a ter 
a propriedade dos bens.
Nos 10 primeiros anos a 
propriedade é resolúvel, 
pois, se o ausente 
reaparecer, terá direito aos 
bens que ainda restarem.
Se o ausente já tiver 80 anos de idade e a ausência durar, 
pelo menos, 5 anos, poderá ocorrer a sucessão definitiva, 
pois não é necessário que esperemos 3 anos (curadoria dos 
bens) + 10 anos (sucessão provisória) em decorrência da 
idade avançada apresentada. 
 
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Exemplo: Um casal sem descendentes e ascendentes falece em um acidente 
de carro. O Marido possui como único herdeiro um primo. A esposa possui como 
única herdeira uma irmã. 
1) Se ficar provado que o marido morreu primeiro (antes da esposa), este 
transmite sua herança para a esposa que, consequentemente, transmite 
para a irmã. O primo fica sem nada. 
2) Se ficar provado que a esposa morreu primeiro (antes do marido), esta 
transmite sua herança para o marido que, consequentemente, transmite 
para o primo. A irmã fica sem nada. 
3) Se não puder se provar quem morreu primeiro, presume-se a 
comoriência, ou seja, a herança do marido será transmitida ao primo e a 
herança da esposa será transmitida para a irmã. 
 
3. (CESPE - Analista Judiciário - Área Judiciária - TJCE/CE 
- 2014) Uma família viajava de navio do Brasil para a Europa e, no curso da 
viagem, o navio naufragou, tendo morrido os quatro integrantes dessa 
família. Não foi possível identificar o integrante da família que morreu 
primeiro. Robson era o mais velho, Marcos, o mais novo, e João, maior de 
sessenta e cinco anos de idade. Rogério estava doente, em estágio terminal 
de sua vida. Nessa situação hipotética, com base no disposto no Código Civil, 
dada a impossibilidade de constatar quem morreu primeiro, presume-se que 
a) Rogério morreu primeiro, por estar em estágio terminal da vida. 
b) João morreu primeiro, por ser maior de sessenta e cinco anos de idade. 
c) Robson morreu primeiro, por ser o mais velho. 
d) todos morreram simultaneamente. 
e) Marcos morreu primeiro. 
Comentários 
Se dois ou mais 
indivíduos falecerem
na mesma ocasião
presumir-se-ão 
simultaneamente
mortos
não se podendo 
averiguar se algum 
dos comorientes
precedeu aos outros
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Letra “d”. Conforme artigo 8o do Código Civil, se dois ou mais indivíduos 
falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
3.9- Registro e averbação 
 É importante distinguir as situações que exigem que sejam registrados 
em registro público (artigo 9° do CC) e os casos em que far-se-á averbação 
em registro público (artigo 10 do CC). 
 
 
4. (CESPE - Analista Judiciário - Área Judiciária - STF - 
2013) Acerca das pessoas naturais, julgue os próximos itens. 
A sentença que declara a ausência da pessoa natural deve ser submetida a 
registro público. 
Comentários 
O item está Certo. Entre as hipóteses de situações que exigem que sejam 
registrados em registro público, temos o inciso IV do artigo 9º do Código Civil, 
que dispõe que a sentença declaratória de ausência e de morte presumida deve 
ser registrada em registro público. 
 
 
3.10- Direitos de personalidade 
Na conceituação da Profª. Maria Helena Diniz, “os direitos da 
personalidade são direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe 
é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio 
corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do 
corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de 
pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade 
Registro
• nascimentos, casamentos e 
óbitos
• emancipação por outorga dos 
pais ou por sentença do juiz
• interdição por incapacidade 
absoluta ou relativa
• sentença declaratória de 
ausência e de morte presumida
Averbação
• sentenças que decretarem a 
nulidade ou anulação do 
casamento, o divórcio, a 
separação judicial e o 
restabelecimento da sociedade 
conjugal
• atos judiciais ou extrajudiciais 
que declararem ou reconhecerem 
a filiação
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moral (honra, recato, segredo profissional e doméstico, identidade 
pessoal, familiar e social)”. 
Em razão da matéria tratar de assunto bastante complexo e de 
significação ética essencial, o legislador preferiu enunciar no Código Civil poucas 
normas dotadas de rigor e clareza, cujos objetivos permitem o desenvolvimento 
da doutrina e da jurisprudência. 
Não só a pessoa natural possui tais direitos, mas também a pessoa 
jurídica nas situações que cabem à sua natureza (art. 52 do CC). Dessa forma, 
a pessoa jurídica pode titularizar os direitos personalidade no que tange 
à honra, à imagem e ao nome. 
Art. 52 do CC - Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade. 
 
 
Os direitos da personalidade são aplicáveis, no que couber, às pessoas 
jurídicas. 
 
Os direitosde personalidade são oponíveis “erga omnes”, ou seja, 
possuem eficácia contra todos, e, conforme disposto no artigo 11 do Código 
Civil: 
 
 Assim, nunca caberá afastamento volitivo (pela vontade do agente) de 
tais direitos, como daquele atleta que se expõe a uma situação de risco e 
renuncia expressamente a qualquer indenização futura decorrente de lesão ou 
ameaça a tais direitos. Tal declaração não valerá. Mas sem dúvidas que o valor 
da indenização deve ser reduzido, diante de culpa concorrente da própria vítima, 
nos moldes dos art. 945 do CC. 
Art. 945 do CC - Se a vítima tiver concorrido culposamente para o 
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta 
a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. 
A intransmissibilidade dos direitos da personalidade não é absoluta, pois 
pode ocorrer em casos excepcionais, como naqueles envolvendo os direitos 
Com exceção dos 
casos previstos em 
lei
os direitos da 
personalidade 
são 
intransmissíveis e
irrenunciáveis
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária
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patrimoniais do autor, exemplo sempre invocado pela doutrina. De qualquer 
forma, não cabe limitação permanente e geral de direito da personalidade, como 
cessão de imagem vitalícia, conforme reconhece o Enunciado nº 4 da Jornada 
de Direito Civil: "O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação 
voluntária, desde que não seja permanente nem geral". Também, vejamos o 
teor do Enunciado nº 139: “Os direitos da personalidade podem sofrer 
limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser 
exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva 
e aos bons costumes”. Logo, a regra do art. 11 do CC é válida, mas sujeita a 
limitações. 
Para exemplificar a regra acima, caso fosse celebrado em nosso País, não 
teria validade o contrato do jogador de futebol Ronaldo com a empresa esportiva 
Nike, pois, nesse negócio, pelo menos de forma aparente, há uma cessão 
vitalícia de direitos de imagem, o que representa uma limitação permanente do 
direito de imagem. 
Desta forma, a doutrina enumera as seguintes características dos 
direitos da personalidade: 
 Intransmissibilidade e irrenunciabilidade: são as características 
mencionadas no art. 11 do CC. Entretanto, ressalta-se que alguns 
atributos da personalidade admitem a cessão de seu uso, tal como a 
imagem que pode ser explorada economicamente, mediante uma 
retribuição em dinheiro. 
 Absolutismo: o caráter absoluto decorre da oponibilidade erga omnes, 
ou seja, todas as pessoas devem respeitar os direitos da personalidade 
de outra, sem exceção. 
 Não limitação: o Código Civil enumera um rol meramente 
exemplificativo de direitos da personalidade, pois é impossível imaginar 
uma lista taxativa de tais direitos. Conclui-se que eles são ilimitados. 
 Imprescritibilidade: os direitos da personalidade não se extinguem 
pelo não uso ou pelo decurso de tempo. 
 Impenhorabilidade: são direitos inerentes à pessoa humana e dela 
inseparáveis, e por essa razão, indisponíveis, ou seja, não podem ser 
penhorados. 
 Não sujeição à desapropriação: pelo fato dos direitos da 
personalidade se ligarem à pessoa de modo indestacável, não podem ser 
retirados contra a sua vontade. 
 Vitaliciedade: os direitos da personalidade são inatos (adquiridos no 
momento da concepção) e acompanham a pessoa até a sua morte. 
Entretanto, alguns direitos ultrapassam o momento da morte, tal como o 
respeito ao morto, à sua honra, à sua memória, ao seu direito de autor, 
etc. 
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No mais, a proteção aos direitos de personalidade encontra respaldo 
no artigo 12 do Código Civil, que estabelece que “Pode-se exigir que cesse a 
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, 
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. Representa o princípio da 
prevenção e da reparação integral nos casos de lesão a direitos da 
personalidade. 
Além disso, o parágrafo único acrescenta quem terá legitimação para 
requerer a medida prevista, no caso de se tratar de morto: 
 
 
 
 Ressalta-se que os legitimados acima agem em “nome próprio”, por 
direito próprio, visto que as lesões direcionadas ao falecido seriam sentidas por 
eles. São os denominados lesados indiretos, que sofrem muitas vezes um 
dano reflexo, indireto, comumente denominado dano em ricochete (maiores 
detalhes na aula que tratará da responsabilidade civil). O Enunciado nº 400 da 
V Jornada de Direito Civil assim aduz: “Arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo 
único: Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, por 
direito próprio, aos parentes, cônjuge ou companheiro para a tutela contra lesão 
perpetrada post mortem”. Além disso, as medidas previstas podem ser 
invocadas por qualquer legitimado de forma concorrente ou autônoma. 
 
Obs.: Importa destacar que os direitos da personalidade podem ser divididos 
em duas categorias: inatos e adquiridos. 
 
 
Em se tratando de 
morto, terá 
legitimação
cônjuge
sobrevivente
qualquer parente em 
linha reta, ou colateral
até o quarto grau
Inatos
• Direito à vida;
•Direito à integridade física;
•Direito à integridade moral.
Adquiridos
•Direito autoral;
•Demais direitos conferidos 
pelo Direito Positivo.
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5. (FCC - Técnico Judiciário - Área Administrativa - 
TJPE/PE - 2012) Marcelo, solteiro, faleceu em um acidente de carro. De 
acordo com o Código Civil brasileiro, terá legitimidade para exigir que cesse 
ameaça, ou lesão, a direito da personalidade de Marcelo e reclamar perdas 
e danos qualquer parente em linha retaa) ou colateral até o segundo grau. 
b) ou colateral até o terceiro grau. 
c) ou colateral até o quarto grau. 
d) até o quarto grau, apenas. 
e) até o terceiro grau, apenas. 
Comentários 
Letra “c”. Conforme artigo 12 do Código Civil, pode-se exigir que cesse a 
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem 
prejuízo de outras sanções previstas em lei. E, conforme parágrafo único desse 
artigo, em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida 
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, 
ou colateral até o quarto grau. 
 
3.10.1- Direito à integridade física 
 O direito à integridade física relaciona-se à própria vida humana, 
abrangendo sua tutela jurídica e do corpo humano, mesmo após a morte. Ainda 
alcança o direito de disposição do próprio corpo, que é tratada nos artigos 
13 e 14 do Código Civil. O artigo 13 dispõe que: 
 
ATENÇÃO!!! “Defeso” quer dizer “proibido”, “vedado” ok? Fiquem 
atentos! 
Portanto, a regra é a proibição do ato de disposição do próprio corpo nos 
dois casos acima: diminuição permanente da integridade física ou contrário aos 
bons costumes. A exceção fica por conta da exigência médica. Neste caso, por 
exemplo, é autorizada as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com 
os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a 
consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil, conforme 
Salvo por 
exigência 
médica
é defeso o ato de 
disposição do 
próprio corpo
quando importar 
diminuição
permanente da 
integridade física
ou contrariar os 
bons costumes
proibido 
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entendimento do Conselho da Justiça Federal (Enunciado nº 276 da Jornada de 
Direito Civil). 
Esse ato, previsto nesse artigo, será admitido para fins de transplante, 
na forma estabelecida em lei especial, conforme parágrafo único. Neste 
sentido, o artigo 14 dispõe que: 
 
 Pela regra acima, podemos concluir que a manifestação expressa do 
doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares. Ou seja, é 
outra exceção ao princípio da indisponibilidade do corpo humano. Notemos, 
também, que a exploração econômica em relação à doação de órgãos é 
claramente vedada. 
A questão é ainda regulamentada pela legislação específica, 
particularmente pela Lei nº 9.437/97, que em seu art. 9º dispõe sobre a 
remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante 
e tratamento e dá outras providências. 
Art. 9o da Lei 9.434/97 - É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor 
gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins 
terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos 
até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em qualquer 
outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação 
à medula óssea. 
Ainda sobre a doação para a retirada de órgãos e tecidos post mortem 
que é disciplinada no art. 14 do CC ressalta-se que tal doação só é válida se o 
objetivo for científico (para fins de pesquisa) ou altruístico (para fins de 
transplante) e pode ser feita pela própria pessoa antes de morrer, dando origem 
ao “princípio do consenso afirmativo”, ou pelo cônjuge do morto. 
Por fim, o ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer 
tempo, conforme parágrafo único desse artigo. 
É valida a disposição 
gratuita do próprio
corpo
com 
objetivo
científico altruístico
no todo ou 
em parte
para depois
da morte
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6. (CESPE - Técnico Judiciário - Área 
Administrativa/Judiciária - TJSE/SE - 2014) Acerca da personalidade, 
julgue o item abaixo. 
É válida a disposição onerosa do próprio corpo, no todo ou em parte, com 
objetivo científico, para depois da morte. 
Comentários 
O item está Errado. Conforme artigo 14 do Código Civil, é válida, com objetivo 
científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em 
parte, para depois da morte. Portanto, é válida a disposição gratuita (e não 
onerosa) do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo científico, ou 
altruístico, para depois da morte. 
 
Temos, ainda, o artigo 15 do Código Civil, que dispõe que: 
 
 De acordo com o dispositivo legal em questão, ninguém pode ser 
constrangido a tratamento médico ou intervenção cirúrgica que implique em 
risco de vida. Logicamente, se a pessoa está necessitando de uma cirurgia, à 
beira da morte, deve ocorrer a intervenção, sob pena de responsabilização do 
profissional de saúde. 
Também, a disposição acima pode ser estendida aos casos que envolvem 
aspectos relacionados ao Direito à inviolabilidade de consciência e de crença 
previstos no art. 5º, VI, da Constituição Federal. Ou seja, por exemplo, a pessoa 
não pode ser obrigada à transfusão de sangue em razão de crença religiosa, 
mesmo com risco de vida. No entanto, para que ocorra a referida recusa à 
tratamento médico, 3 requisitos são necessários, conforme dispõe o Enunciado 
nº 403 da V Jornada de Direito Civil, apesar das críticas: 
a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou 
assistente; 
b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e 
c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do 
declarante. 
Ninguém pode ser 
constrangido a submeter-se, 
com risco de vida a
tratamento médico
intervenção cirúrgica
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 Observemos, portanto, que há a necessidade de que o paciente esteja na 
plenitude de sua capacidade civil e de suas faculdades mentais. Assim, verifica-
se um importante e inovador prestígio à livre vontade e à autodeterminação