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Aula 08 2018

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Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) 
Teoria e Questões comentadas 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 
 
 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 1 de 69 
www.exponencialconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) 
Teoria e Questões comentadas 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 
 
 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 2 de 69 
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Sumário 
1- Introdução .................................................................................. 3 
2- Princípios Contratuais ................................................................. 4 
3- Classificação dos Contratos ......................................................... 9 
4- Formação e Lugar dos Contratos ............................................... 16 
5- Estipulação em Favor de Terceiro .............................................. 20 
6- Promessa de Fato de Terceiro ................................................... 21 
7- Vícios Redibitórios ..................................................................... 21 
8- Evicção ...................................................................................... 24 
9- Contrato com Pessoa a Declarar ................................................ 29 
10- Extinção e Rescisão Contratual .................................................. 30 
11- Questões Propostas ................................................................... 35 
12- Gabarito .................................................................................... 46 
13- Questões Comentadas ............................................................... 47 
 
 
Olá, pessoal! Tudo certinho? 
Esperamos que sim!!! 
Vamos para mais uma aula. Não esqueçam de usar o nosso fórum para 
qualquer tipo de dúvida, seja da nossa disciplina ou não! Estaremos sempre 
por lá!!! 
Boa aula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 08 – Teoria Geral dos Contratos 
“Você não é obrigado a vencer. Você é obrigado a 
continuar a tentar fazer o melhor que puder a cada dia” 
(Marian Wright Edelman) 
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Teoria e Questões comentadas 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 
 
 
Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 3 de 69 
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1- Introdução 
Olá, pessoal! Nesta aula, iremos estudar a Teoria Geral dos Contratos. Os 
contratos são negócios jurídicos, e o Código Civil, em seu Título V, traz 
disposições acerca dos Contratos em Geral, nos artigos 421 a 480, que 
veremos a seguir. 
Um contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito 
correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado 
pela segurança jurídica em seu equilíbrio social, ou seja, é um negócio jurídico 
bilateral ou plurilateral. É o acordo de vontades, capaz de criar, modificar ou 
extinguir direitos. 
As cláusulas contratuais criam lei entre as partes, porém são 
subordinados ao Direito Positivo. As cláusulas contratuais não podem estar 
em desconformidade com o Direito Positivo, sob pena de serem nulas. 
No Brasil, cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem 
ser invalidadas pelo juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. 
Trata-se da cláusula geral rebus sic stantibus (ou revisão judicial dos 
contratos), que objetiva flexibilizar o princípio da pacta sunt servanda (força 
obrigatória dos contratos), preponderando, assim, a vontade contratual 
atendendo à Teoria da Vontade. 
Mas Professor, o que é rebus sic stantibus e pacta sunt servanda? 
A cláusula geral rebus sic stantibus especifica que as partes de 
um contrato devem considerar a situação de fato existente no momento de sua 
celebração, podendo assim invocá-la como forma de rompimento caso 
mudanças substanciais ocorram de forma extraordinária e imprevisíveis, que 
modificam o equilíbrio do acordo trazendo desvantagem a uma das partes. 
A expressão rebus sic stantibus pode ser traduzida como "estando assim 
as coisas". 
Voltaremos a este assunto ainda nesta aula. 
Quanto ao princípio da pacta sunt servanda, também o veremos mais 
adiante. 
Ou seja, você pode percebder que esta aula será cheia de novidades. 
Sendo assim, pegue aquela sua disposição extra que estava escondida e vamos 
em frente. 
 
 
 
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Teoria e Questões comentadas 
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2-Princípios Contratuais 
Vamos estudar os princípios contratuais no quadro-resumo abaixo e 
depois apresentaremos mais detalhes sobre o assunto, ok? 
 
Princípios Descrição 
Autonomia da 
Vontade 
Liberdade de contratação das partes e do 
conteúdo do contrato. Pode sofrer restrições, pois 
a "liberdade de contratar será exercida em razão 
e nos limites da função social do contrato" (art. 
421 do CC). 
Supremacia da 
Ordem Pública 
A autonomia de vontade é relativa, pois está 
sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem 
pública. 
Consensualismo O contrato resulta do consenso, 
independentemente da entrega da coisa. 
Relatividade dos 
contratos 
Os efeitos do contrato atingem apenas as partes 
contratantes. 
Obrigatoriedade 
• "Pacta sunt servanda" = os acordos devem ser 
cumpridos. 
• Importante para segurança jurídica, mas pode 
sofrer restrições, pois cláusulas abusivas não 
exigem cumprimento. 
• Está relacionado ao princípio do equilíbrio 
econômico do contrato. 
Função social Promover a realização de uma justiça comutativa, 
reduzindo as desigualdades substanciais entre os 
contratantes. 
Boa-fé As partes se comportem de forma correta não só 
durante as tratativas, como também durante a 
formação e o cumprimento do contrato. 
 
1) Princípio da autonomia de vontade: representa a liberdade das 
partes estipulando o que lhes convier. Ou seja, as partes possuem a 
liberdade de escolher o tipo de contrato, de escolher a pessoa com quem 
se irá contratar, de celebrar ou não o contrato e de escolher o conteúdo 
do contrato, sem haver interferência estatal. Entretanto, veremos que tal 
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princípio é limitado. Um exemplo de limite está no art. 426 do CC ao 
proibir a herança de pessoa viva como objeto de contrato. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
A doutrina denomina “pacto de corvina” o contrato que tem como objeto a 
herança de pessoa viva. 
 
2) Princípio da supremacia da ordem pública: significa que a autonomia de 
vontade é relativa, pois está sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem 
pública, ou seja, representa um limite à liberdade de contratar. Atualmente a 
intervenção do Estado na vida contratual é tão intensa que pode ser facilmente 
notada em vários setores (ex: telecomunicações, consórcios, seguros, sistema 
financeiro, etc.) que se configura um dirigismo contratual. Ou seja, apesar das 
pessoas terem liberdade para contratar, devem observar as normas (ex: Código 
de Defesa do Consumidor, Lei do Inquilinato, Lei da Usura, etc.) imperativas 
(que ordenam algum ato) e proibitivas (que vedam algum ato) impostas pelo 
Estado. 
 
3) Princípio do consensualismo: tal conceito decorre da moderna concepção 
de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, 
independentemente da entrega da coisa. Os contratos são em regra 
consensuais, porém, são admitidas duas exceções: 
- nos contratos solenes ou formais, enquanto o ajuste não for reduzido a 
escrito, não haverá uma formação válida; 
- nos contratos reais, que só se formam com a entrega da coisa, também 
não basta um simples consenso entre os contratantes. 
 
4) Princípio da relatividade dos contratos: baseia-se na idéia de que os 
efeitos do contrato atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que 
manifestaram a vontade em celebrá-lo. Entretanto, o referido princípio encontra 
exceções expressamente consignadas em lei, tal como ocorre na estipulação em 
favor de terceiro (será estudada no decorrer desta aula) e na convenção coletiva 
de trabalho (o acordo feito pelo sindicato beneficia toda uma categoria). 
5) Princípio da obrigatoriedade dos contratos (art. 427 do CC): representa 
a força vinculante das convenções feitas pelas partes contratantes. Já sabemos 
que ninguém é obrigado à contratar, mas se o fizer deverá cumprí-lo. Tal 
princípio tem dois fundamentos: 
- necessidade de segurança nos negócios; 
- intangibilidade ou imutabilidade do conteúdo do contrato decorrente da 
convicção de que o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda). 
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Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não 
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do 
caso. 
Estudaremos no tópico “formação dos contratos” as situações detalhadas onde 
a proposta perde a sua força vinculante e deixa de ser obrigatória. 
 
6) Princípio da função social dos contratos (art. 421 do CC): o contrato 
por ser um veículo de circulação de riqueza, centro da vida dos negócios e 
propulsor da expansão capitalista possui uma função social que é promover a 
realização de uma justiça comutativa, reduzindo as desigualdades substanciais 
entre os contratantes. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato. 
Podemos afirmar que o princípio da função social do contrato consiste na 
prevalência do interesse coletivo sobre os interesses individuais dos 
contratantes. 
 
7) Princípio da boa-fé (art. 422 do CC): este conceito exige que as partes se 
comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também 
durante a formação e o cumprimento do contrato. Pode ser dividido em duas 
partes: boa-fé subjetiva (concepção psicológica) e boa-fé objetiva (concepção 
ética). 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
O quadro a seguir faz uma diferenciação entre essas duas partes. 
BOA-FÉ SUJETIVA BOA-FÉ OBJETIVA 
Trata-se de um estado psicológico de 
inocência. É a boa-fé do: “eu não 
sabia”, ou seja, o indivíduo ignora um 
possível vício. 
Exemplo: posse de boa-fé. 
É uma cláusula geral implícita em 
todos os contratos, ela tem status 
principiológico, e que se traduz em 
uma regra de conteúdo ético e 
exigibilidade jurídica. 
No dispositivo legal citado (art. 422 do CC), é consagrada a boa-fé 
objetiva fundando-se em uma regra de conteúdo ético. 
 
 
A máxima do Direito Romano ainda vigente no Direito Brasileiro “nemo 
potest venire contra factum proprium” significa que ninguém pode se 
opor a fato a que ele próprio deu causa. 
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Um dos grandes efeitos do princípio da boa-fé objetiva se traduz na 
proibição de que uma parte se comporte de forma contraditória aos seus 
próprios atos anteriores. Ou seja, não é lícito uma pessoa fazer valer um 
direito se contrapondo a uma conduta anterior interpretada objetivamente 
segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé. 
Para exemplificar, temos o contrato de prestações periódicas com o 
pagamento sendo feito, reiteradamente, em outro lugar, conforme o art. 330 
do CC. 
Art. 330 do CC - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz 
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. 
Imagine que um credor concorde, durante um contrato de prestações 
periódicas, com o pagamento em lugar diverso do convencionado. 
Posteriormente, ele não poderá surpreender o devedor com a exigência literal 
do contrato. 
O assunto foi alvo de discussão na IV Jornada de Direito Civil e resultou 
no Enunciado 362 que menciona o art. 422 do CC: 
Enunciado 362 – Art. 422. A vedação do comportamento contraditório 
(venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal 
como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil.1. (FGV/TCM-PA/Auditor/2008) Analise as afirmativas a 
seguir: 
I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência 
o princípio da boa-fé subjetiva. 
II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência 
o princípio da função social dos contratos. 
III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência 
o princípio da autonomia da vontade. 
IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência 
o princípio da boa-fé objetiva. 
Assinale: 
a) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
b) se apenas uma afirmativa estiver correta. 
c) se nenhuma afirmativa estiver correta. 
d) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. 
e) se apenas três afirmativas estiverem corretas. 
Comentários 
Letra “b”. O item IV é o único correto. 
 
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 Ademais, vale ressaltarmos a evolução de alguns princípios tradicionais e 
o surgimento de princípios emergentes (atuais): 
➢ Princípio da autonomia privada (vontade)=> Princípio da boa-fé 
objetiva: pelo princípio da autonomia privada, prevalece a liberdade das 
partes de estipular as cláusulas contratuais, criando direitos e obrigações. 
Atualmente, o princípio da boa-fé objetiva restringe/limita a autonomia 
privada. A boa-fé objetiva corresponde à lealdade e à confiança nas relações 
contratuais, exercendo função interpretativa (quando houver dificuldade 
hermenêutica ou divergência entra vontade e declaração – art. 113, CC), 
função corretiva (veda-se o abuso de direito -art. 187, CC) e função 
integrativa (deveres/obrigações existentes além do contrato – dever de 
confidencialidade, dever de informação, etc. art. 422, CC). 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a 
boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim 
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade 
e boa-fé. 
 
➢ Princípio da Relatividade => Princípio da Função Social: pelo princípio 
da relatividade, as obrigações e deveres contratuais abrangem somente as 
partes contratantes, não alcançam terceiros. Ao contrário, o princípio da 
função social aduz que o contrato não se restringirá aos interesses das partes 
contratuais, mas poderá abranger terceiros, observando os interesses da 
coletividade (solidariedade social). O princípio da função social do contrato 
tem base constitucional, como o princípio da livre iniciativa e a função social 
da propriedade. Portanto, o princípio da relatividade é mitigado (sofre 
limitação) pelo princípio da função social, ou seja, o contrato abrange não só 
as partes, como também poderá alcançar estranhos à relação contratual. 
Num acidente de trânsito, a vítima atropelada (um terceiro) poderá exigir 
indenização diretamente da seguradora. Ainda, o contrato poderá ser 
oponível de forma negativa a terceiros, ou seja, terceiros não podem atentar 
contra os pactos dos contratantes, posto que não lhe diz respeito. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites 
da função social do contrato. 
➢ Princípio da obrigatoriedade => Princípio do Equilíbrio Econômico: O 
princípio da obrigatoriedade representa o pacta sunt servanda (o contrato 
deve ser cumprido). No entanto, atualmente, o princípio da obrigatoriedade 
contratual não deve ser tão rigoroso, visto que, por exemplo, a revisão 
contratual é admitida. Assim, o princípio da obrigatoriedade é mitigado em 
razão, e objetivando, o equilíbrio econômico do contrato, tendo em vista 
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aspectos relacionados à lesão e à excessiva onerosidade superveniente de 
uma das partes. 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, 
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta. 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a 
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, 
com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos 
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do 
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da 
citação. 
 
2. (CESPE - Tecnólogo - Área Negócios Imobiliários – 
FUB - 2015) Julgue os próximos itens, acerca da teoria geral dos contratos. 
O princípio da autonomia da vontade assegura aos contratantes a liberdade de 
contratar tudo aquilo que lhes aprouver, sem que seja permitido haver 
restrições na forma, no conteúdo ou nas condições estabelecidas pelos 
contratantes. 
Comentários 
O item está Errado. O princípio da autonomia da vontade se refere à liberdade 
para as partes estabelecerem o vínculo contratual, mas não é um princípio 
absoluto, podendo sofrer restrições. Entre as restrições, podemos citar o 
disposto no art. 421 do CC, que estabelece que a liberdade de contratar será 
exercida em razão e nos limites da função social do contrato. 
 
 
 
 
 
3-Classificação dos Contratos 
Os contratos podem ser classificados da seguinte forma: 
I. Contratos unilaterais, bilaterais (sinalagmáticos) e plurilaterais 
a. Contratos unilaterais: existe obrigação para apenas uma das 
partes. Ex.: doação pura, depósito e comodato. 
b. Bilaterais ou sinalagmáticos: os dois contratantes possuem 
responsabilidades recíprocas, ou seja, um com o outro, sendo esses 
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reciprocamente devedores e credores. Nesta espécie de contrato não 
pode um dos lados antes de cumprir suas obrigações, exigir ocumprimento do outro. O nome provém do grego antigo synallagma, 
que significa "acordo mútuo". Ex.: na compra de um produto, o 
contratante (consumidor) e o contratado (vendedor) combinam de 
acertar a quantia em dinheiro somente no término do serviço do 
contratado (entrega do produto); o contratado só pode cobrar após 
entregar o produto e o contratante só o paga ao receber o objeto 
negociado. 
c. Contratos plurilaterais: são aqueles que possuem mais de duas 
partes contratantes, como nos contratos de consórcio e de sociedade. 
II. Contratos onerosos e gratuitos 
a. Contratos onerosos: são aqueles que as duas partes auferem 
vantagens – sendo estes bilaterais - como exemplo, a locação de um 
imóvel; o locatário paga ao locador para poder usar o bem, e o locador 
entrega o que lhe pertence para receber o pagamento. 
b. Contratos gratuitos: somente uma das partes obtém proveito, como 
na doação pura. Em regra os contratos gratuitos também são 
unilaterais e os contratos onerosos também são bilaterais. 
III. Contratos comutativos e aleatórios 
a. Contrato comutativo: uma das partes, além de receber prestação 
equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência, 
como ocorre na compra e venda. Ou seja, há prestação e 
contraprestação certas. 
b. Contratos aleatórios: as partes se arriscam a uma prestação 
inexistente ou desproporcional, como exemplos, seguros, 
empréstimos. Simplificando, é o contrato de decisões futuras onde há 
uma incerteza na contraprestação. 
 
Os arts. 458 a 461 do Código Civil tratam do assunto: 
Contratos 
Aleatórios
Contrato oneroso Evento futuro e 
incerto
Ex: Colheita futura. O 
comprador assume os 
riscos da safra não existir
Exceto dolo ou 
culpa do 
vendedor
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Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos 
futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, 
terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde 
que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do 
avençado venha a existir. 
O art. 458 do CC corresponde à compra de uma “esperança”, quando o 
comprador assume o risco da existência da coisa (ex: comprar a ninhada de 
uma cadela). Trata-se de um contrato do tipo emptio spei. É um tipo de 
contrato aleatório em que um dos contratantes, na alienação de coisa futura, 
toma a si o risco existente da coisa, ajustando um preço, que será devido 
integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa do 
alienante. 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o 
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá 
também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver 
concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à 
esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, 
e o alienante restituirá o preço recebido. 
O art. 459 do CC se assemelha ao dispositivo anterior, entretanto é 
assumido um risco na quantidade da coisa e não na existência. Trata-se de 
contrato do tipo emptio rei speratae onde se não vier nada, ou se nada for 
produzido, o preço não será devido. Desta forma, se a cadela não der cria, o 
preço pago deve ser devolvido. Por outro lado, se for esperado que a cria tenha 
4 filhotes e tivermos apenas 2, nada poderá ser reclamado. 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas 
expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o 
alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de 
todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá 
ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante 
não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava 
exposta a coisa. 
Os arts. 460 e 461 do CC tratam do risco da coisa já existentes, mas 
sujeitas a perecimento ou depreciação. Como exemplo temos o risco assumido 
quando se compra um produto com data de validade a vencer em breve 
dependendo do fim da greve da Receita Federal. A incerteza decorre da 
possibilidade do produto vencer e ainda não ter passado pelo desembaraço 
aduaneiro. 
 
IV. Contratos consensuais ou reais 
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a. Contratos consensuais: são os que se consideram formados pela 
simples proposta e aceitação. Ex.: contrato de compra e venda. 
b. Contratos reais: são os que se formam com a entrega efetiva do 
produto, a entrega deste não é decidida no contrato, mas somente as 
causas do que irá acontecer depois dessa entrega. Ex.: contrato de 
depósito e contrato do mútuo. 
V. Contratos nominados (típicos) e inominados (atípicos) 
a. Contratos nominados ou típicos: são os regulamentados por lei. 
Alguns dos regidos pelo Código Civil são: compra e venda, troca, 
doação, locação, empréstimo, depósito, mandato, gestão, edição, 
representação dramática, sociedade, parceria rural, constituição de 
renda, seguro, jogo e aposta, e fiança. 
b. Contratos inominados ou atípicos (art. 425 do CC): são contrários 
aos nominados, não necessitando de uma ação legal, pois estes não 
estão definidos em lei, precisando apenas do conceito básico inerente 
aos contratos (Ex.: que as partes sejam livres, que os produtos sejam 
lícitos, etc.). 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas 
gerais fixadas neste Código. 
É muito comum o examinador afirmar nas questões de prova que não se 
pode celebrar contratos atípicos, mas tal afirmativa está errada. Os contratos 
atípicos são permitidos, desde que sejam observadas as regras gerais inerente 
aos contratos. 
 
VI. Contratos solenes (formais) e não solenes 
a. Contratos solenes: são os que necessitam de formalidades nas 
execuções após ser concordado por ambas as partes, dando a elas 
segurança e algumas formalidades da lei, como na compra de um 
imóvel, sendo necessário um registro em cartório para que este seja 
válido. 
b. Contratos não solenes: são aqueles que não precisam dessas 
formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes. 
 
VII. Contratos principais e acessórios 
a. Contratos principais: são os que existem por si só, sendo 
independente de outros. 
b. Contratos acessórios: são emendas do contrato principal,sendo 
que estes necessitam do outro para existirem. Como exemplo temos 
o contrato de locação como principal e o contrato de fiança como 
acessório. 
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VIII. Contratos paritários ou por adesão 
a. Contratos paritários: são os que realmente são negociados pelas 
partes, discutindo e montando-o dentro das formalidades da lei. Ou 
seja, há possibilidade de se negociar as cláusulas contratuais. 
b. contratos de adesão: se caracterizam por serem prontos por uma 
das partes e aceitos pelas outras, sendo um pouco inflexíveis por 
excluir o debate ou discussão de seus termos. Um exemplo comum é 
o contrato que você assina quando contrata uma operadora de 
telefone móvel. VIVO, OI, TIM, CLARO, dentre outras, entregam ao 
cliente um contrato pré-escrito. 
Os artigos 423 e 424 do CC tratam do contrato de adesão: 
 
 Imagine que você vá a uma empresa de telefonia e assine com ela um 
contrato de prestação de serviços. Como a empresa irá propor o contrato e você 
será o aderente, caso haja alguma cláusula do contrato ambígua ou 
contraditória, a interpretação deverá ser favorável a você. 
Outro exemplo: Imagine uma pessoa que vai ser fiador celebrando um 
contrato de fiança. Sabemos que a fiança é um contrato acessório que garante 
um contrato principal. Caso o devedor do contrato principal não pague a dívida, 
então o fiador poderá ser responsabilizado por ela. Porém, na fiança existe um 
benefício de ordem, ou seja, a dívida deve ser cobrada primeiro do devedor 
principal para, caso a obrigação não seja paga, ser cobrada do fiador. 
Nos moldes desta situação, imagine que o contrato de fiança seja de 
adesão (sem possibilidade de discutir as cláusulas) e uma das cláusulas estipule 
que o fiador renuncia ao benefício de ordem e, por isso, a dívida possa ser 
cobrada diretamente dele. 
Por meio do art. 424 do CC conclui-se que a cláusula ora mencionada é 
nula, pois está estipulando uma renúncia antecipada a um direito resultante do 
contrato de fiança. 
Perceba que apenas a cláusula será nula, mas o restante do contrato será 
válido. 
 
Contrato 
de adesão
Quando houver 
cláusulas 
ambíguas ou 
contraditórias
dever-se-á adotar a interpretação
mais favorável ao aderente
são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da 
natureza do negócio
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IX. Contratos de execução instantânea, diferida e continuada 
Tal classificação leva em consideração o momento em que os contratos 
devem ser cumpridos. 
a. Contratos de execução instantânea ou imediata: aqueles que se 
consumam em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua 
celebração (Ex.: compra e venda à vista). 
b. Contratos de execução diferida também devem ser cumpridos em 
um só ato, mas em um momento futuro (Ex.: entrega em determinada 
data). 
c. Contratos de trato sucessivo ou de execução continuada são os 
que se cumprem por meio de atos reiterados (Ex.: prestação de 
serviços). 
O esquema gráfico a seguir permite uma visualização da classificação em 
pauta: 
 
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X. Contratos preliminares e definitivos 
a. Contrato preliminar (pactumm de contrahendo) é o que tem por 
objeto a celebração de um contrato definitivo. Ou seja, por meio de 
um contrato preliminar, as partes se comprometem a celebrar, no 
futuro, um contrato definitivo. 
b. Contrato definitivo é o objeto do contrato preliminar. 
Os arts. 462 a 466 disciplinam o contrato preliminar. O art. 462: 
 
 Pelo art. 462 do CC é possível concluir que ao celebrar um compromisso 
de compra e venda de bem de bem imóvel de alto valor, por ser um contrato 
preliminar, pode ser utilizado um instrumento particular como forma, apesar da 
compra e venda definitiva de bem imóvel de alto valor necessitar de uma 
escritura pública como forma (vide art. 108 do CC). 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no 
artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de 
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do 
definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro 
competente. 
De acordo com o art. 463 do CC, o contrato preliminar dá aos 
contratantes o direito de exigir o contrato definitivo. 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, 
suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo 
ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da 
obrigação. 
Por meio do art. 464 do CC, é possível que um contrato preliminar 
adquira, através de sentença judicial, força de contrato definitivo. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, 
poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
A inexecução do contrato preliminar pode acarretar indenização por 
perdas e danos. 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena 
de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela 
O contrato 
preliminar
deve conter todos
os requisitos
essenciais ao 
contrato a ser 
celebrado.
exceto quanto à 
forma
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previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado 
pelo devedor. 
O contrato preliminar unilateral ou de opção é aquele onde apenas uma 
das partes é obrigada a celebrar o contrato definitivo, ao passo que a outra o 
celebra se quiser. Dessa forma, a parte obrigada deve manifestar prazo para a 
outra parte se manifestar. Decorrido esse prazo o bem poderá ser alienado a 
terceiros. 
 
4-Formação e Lugar dos Contratos 
Os contratos são a convergência de duas vontades contrapostas: a 
parte que faz a proposta (uma declaração receptícia – que precisa ser aceita) é 
a parte proponente ou policitante e a parte que aceita é chamada de aceitante 
ou oblato. 
 
 
 
Muita gente me pergunta como decorar isso. O método que eu uso é bem 
simples: consoante (P) de Proponente combina com consoante (P) de 
Policitante, ao passo que vogal (A) de aceitante, combina com vogal (O) de 
Oblato. 
Os contratos reais formam-se com a entrega da coisa e os contratos 
formais, com a realização da solenidade ou do instrumento próprio. Tratam-se 
das exceções ao princípio do consensualismo. 
São fases da formação dos contratos: 
 
1. Negociações preliminares: são conversações anteriores à proposta que 
visam preparar as bases do futuro contrato; 
 
2. Proposta ou policitação ou oferta: é a declaração de vontade dirigida a 
alguém com quem se quer contratar, contendo todas as cláusulas essenciais do 
negócio. Pode ser de dois tipos: entre presentes e entre ausentes; 
- PROPOSTA ENTRE PRESENTES: é aquela em que há possibilidade de 
aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declaração consecutiva, 
independente dos contratantes estarem em um mesmo espaço físico. 
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Como exemplo temos duas pessoas contratando pelo telefone, uma em 
Porto Alegre-RS e outra em Belém-PA. 
- PROPOSTA ENTRE AUSENTES: é aquela em que não há possibilidade 
de aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declarações 
intervaladas. Como exemplo temos aquele que envia a proposta através 
de uma carta e a aceitação também é enviada através de uma carta. 
O contrato celebrado pela internet é entre presentes ou entre 
ausentes? 
A pergunta não é simples, pois a doutrina diverge a respeito da resposta. 
Entretanto, para efeitos de concurso público, sugiro pensar que as duas formas 
são possíveis. Ou seja, na proposta feita pelo skype e pelo msn há possibilidade 
de aceitação imediata, portanto, trata-se de uma proposta entre presentes. Por 
outro lado, a proposta feita por e-mail costuma ser considerada entre ausentes. 
Já os arts. 428 e 429 do CC configuram exceções ao princípio da 
irrevogabilidade da proposta, ou seja, são situações onde a proposta deixa 
de ser obrigatória. O art. 428 está esquematizado abaixo: 
 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os 
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, 
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
3. Aceitação: é a adesão total à proposta, ou seja, uma resposta afirmativa a 
uma proposta de contrato. 
Deixa de 
ser 
obrigatória
a proposta, 
se:
feita sem 
prazo a 
pessoa 
presente
não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a 
pessoa que contrata por telefone ou 
por meio de comunicação semelhante
feita sem 
prazo a 
pessoa 
ausente
tiver decorrido tempo suficiente para 
chegar a resposta ao conhecimento do 
proponente
feita a pessoa 
ausente
não tiver sido expedida a resposta 
dentro do prazo dado
antes dela, ou 
simultaneamente
chegar ao conhecimento da outra 
parte a retratação do proponente
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Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao 
aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
Em se tratando de contrato entre ausentes, se a resposta chegar ao 
proponente, imprevisivelmente, de forma tardia e o objeto já tiver sido 
negociado, então o proponente deverá avisar ao aceitante sobre a não conclusão 
do contrato, pois é possível que este imagine que o contrato está celebrado e 
comece a realizar despesas necessárias ao cumprimento. 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou 
modificações, importará nova proposta. 
Para exemplificar a aplicação do art. 431 do CC, imagine uma proposta 
de venda de um carro por R$ 10.000,00 e que o destinatário da proposta faça 
uma contra-proposta de compra por R$ 9.000,00. Pelo fato de haver uma 
modificação, a contra-proposta representa uma nova proposta de compra. 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação 
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o 
contrato, não chegando a tempo a recusa. 
Pelo art. 432 do CC, o silêncio (falta de resposta), em regra, não 
configura uma aceitação tácita, ou seja, a aceitação deve ser expressa; 
entretanto, temos duas exceções: 
- Quando se tratar de negócios em que não se costuma exigir a aceitação 
expressa (Ex.: um fornecedor costuma enviar os seus produtos a um 
determinado comerciante que lhe paga em época oportuna, sem 
confirmar os pedidos e acarretando uma praxe comercial. Caso o 
comerciante queira interromper este ciclo, deverá avisar ao fornecedor a 
recusa); e 
- Quando o proponente a tiver dispensado. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela 
chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
Da mesma forma que o proponente (art. 428, IV do CC), o aceitante 
também pode se retratar da aceitação quando o contrato for celebrado entre 
ausentes, desde que a retratação chegue antes ou junto com a aceitação. 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a 
aceitação é expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
O art. 434 do CC levanta uma polêmica dentro da formação dos contratos. 
Tal polêmica decorre da seguinte pergunta: Quando que se considera formado 
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o contrato entre ausentes, no momento em que a aceitação é expedida, 
ou quando a aceitação chega ao conhecimento do proponente? 
Pois bem, a doutrina criou duas teorias explicativas a respeito da 
formação do contrato entre ausentes: 
1) Teoria da cognição: para os adeptos dessa linha de pensamento, o 
contrato entre ausentes somente se consideraria formado, quando a 
resposta do aceitante chegasse ao conhecimento do proponente. 
2) Teoria da agnição: dispensa-se que a resposta chegue ao 
conhecimento do proponente. Subdivide-se em: 
2.1) Subteoria da declaração: o contrato se formaria no 
momento em que o aceitante ou oblato redige ou datilografa 
a sua resposta. Peca por ser extremamente insegura, dada a 
dificuldade em se precisar o instante da resposta. 
2.2) Subteoria da EXPEDIÇÃO: considera formado o contrato, no 
momento em que a resposta é expedida. 
2.3) Subteoria da recepção: reputa celebrado o negócio no 
instante em que o proponente recebe a resposta. Dispensa, 
como vimos, que leia a mesma. Trata-se de uma subteoria mais 
segura do que as demais, pois a sua comprovação é menos 
dificultosa, podendo ser provada, por exemplo, por meio do A.R. 
(aviso de recebimento), nas correspondências. 
Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito 
positivo? 
No Direito brasileiro, a grande parte da doutrina entende que se deve 
aplicar a Subteoria da expedição e uma parte pequena sustenta que se deve 
aplicar a subteoria da recepção. Para efeitos de concurso público, sugiro adotar 
a Subteoria da expedição, pois é a que está consagrada no art. 434, caput, 
do CC. Em todas as fases citadas (negociações preliminares, proposta e 
aceitação) deve ser observado o princípio da boa-fé objetiva. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
Para finalizar este tópico, o art. 435 do CC estabelece o local da 
celebração do contrato como o local da proposta. Ou seja, se uma proposta foi 
feita em João Pessoa-PB e a aceitação ocorrer em Curitiba-PR, considera-se 
celebrado o contrato em João Pessoa-PB. 
 Sei que você deve estar ansioso pelas questões, então fique com uma só 
para reduzir a ansiedade: 
3. (NCE/CIA DOCAS DE SANTANA/Advogado/2007) Para 
efeito de formação dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: 
a) não gera qualquer obrigação ao proponente; 
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b) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa ausente; 
c) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa presente; 
d) obriga, via de regra, o proponente; 
e) equivale às negociações preliminares ou tratativas. 
Comentários 
Letra “d”. Estudamos que a proposta possui força vinculante e, nos termos do 
art. 427 do CC, obriga o proponente, apesar de existirem algumas exceções. 
 
 
 
 
 
5-Estipulação em Favor de Terceiro 
Por meio da estipulação em favor de terceiro uma parte contratante 
convenciona com o devedor que a vantagem resultante do contrato beneficiará 
um terceiro, alheio à relação jurídica-base. Tal instituto constitui uma 
exceção ao princípio da relatividade dos contratos. 
Como exemplo, temos o seguro de vida onde o estipulante (segurado) 
convenciona com um promitente (seguradora) uma vantagem em favor de 
terceiro (beneficiário). 
Os arts. 436 a 438 do CC tratam do assunto. 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da 
obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, 
também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas 
do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 
438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o 
direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o 
devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro 
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro 
contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por 
disposição de última vontade. 
 
 
 
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6-Promessa de Fato de Terceiro 
É possível que uma pessoa se comprometa para que terceiro pratique um 
determinado ato. É o que ocorre com um empresário de um artista famoso que 
se compromete em nome do renomado artista na realização de um show. Se o 
show não se realizar, desde que não haja caso fortuito ou força maior, como 
regra, responde o empresário por perdas e danos. 
O assunto é tratado nos arts. 439 e 440 do CC. 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas 
e danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge 
do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde 
que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a 
recair sobre os seus bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por 
outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
 Pelo art. 440 do CC, conclui-se que se o artista famoso pessoalmente se 
comprometer a realizar o show, a responsabilidade desloca-se do 
empresário para ele. 
 
 
 
7-Vícios Redibitórios 
São denominados vícios redibitórios os defeitos ocultos e de certa 
gravidade de uma coisa que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou 
lhe diminuam o valor, como, por exemplo, os defeitos de uma máquina ou a 
doença de um cavalo, que o comprador normalmente não poderia ter percebido 
no momento da compra. 
Os arts. 441 a 446 do CC tratam de disciplinar o assunto. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser 
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a 
que é destinada, oulhe diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
Através do art. 441 do CC, percebe-se que só pode haver vício redibitório 
quando se tratar de contrato comutativo ou doações onerosas. Ou seja, é 
necessária a contraprestação, não se configurando o vício redibitório em 
contrato gratuito. Aqui vale o ditado que “cavalo dado não se olha os dentes”. 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o 
adquirente reclamar abatimento no preço. 
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Percebe-se que duas situações podem ocorrer quando se configurar um 
vício redibitório: 
1) Rescisão contratual: através da ação redibitória o prejudicado pode 
rescindir o contrato e exigir a devolução da importância paga. 
2) Abatimento no preço: através de uma ação estimatória (quanti 
minoris) pode apenas pedir um abatimento no preço. 
 
 
 
 
 
 
 
 Conforme o art. 443: 
 
 
Conforme foi estudado na aula de obrigações, quando há culpa do 
devedor, surge a possibilidade de indenização por perdas e danos. Em se 
tratando de vício redibitório, é a má-fé em omitir o vício ou defeito oculto que 
acarreta a indenização por perdas e danos. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça 
em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo 
da tradição. 
Aplicando o exemplo do cavalo com doença ao art. 444 do CC, caberá ao 
adquirente provar que o vírus da doença que vitimou o animal já se encontrava 
encubado no momento da entrega do animal. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento 
no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for 
Se o alienante 
conhecia o vício 
ou defeito da 
coisa
restituirá o que recebeu
com perdas e danos
não conhecia o 
vício ou defeito da 
coisa
tão-somente restituirá o 
valor recebido, mais
as despesas do 
contrato
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imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-
se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o 
prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo 
máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um 
ano, para os imóveis. 
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios 
ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos 
locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver 
regras disciplinando a matéria. 
 
 
 
 
 
Então, temos que: 
 
 
 O art. 445 do CC estabelece prazos decadenciais para a propositura da 
redibição ou do abatimento no preço. Esses prazos decadenciais são contados 
da entrega efetiva; mas se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, 
reduzido à metade. 
 
BEM 
MÓVEL 
30 DIAS Contado 
da 
entrega 
efetiva 
SE JÁ 
ESTAVA 
NA 
POSSE 
15 DIAS Contado da 
alienação 
↓1/2 BEM 
IMÓVEL 
01 ANO 6 MESES 
O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia 
a coisa, então deve ter um prazo menor para ingressar com ação contra o 
alienante. Como exemplo, temos a pessoa que mora em um imóvel por 
comodato, sendo que o comodatário decide adquirir o imóvel, será aplicado um 
prazo menor. 
O adquirente 
decai do direito 
de obter a 
redibição ou 
abatimento no 
preço 
em 30 dias se a coisa for 
móvel
em um ano se for imóvel
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No caso de animais, estabelece o art. 445, § 2º do CC que os prazos 
decadenciais deverão ser regulados por lei especial ou, na falta desta, pelos 
usos locais. 
4. (CESPE - Tecnólogo - Área Negócios Imobiliários – 
FUB - 2015) Carlos comprou um imóvel pertencente a Paulo mediante 
pagamento à vista. Ao receber o imóvel, Carlos observou que este estava com 
alguns defeitos ocultos, inclusive, desconhecidos de Paulo. 
Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes. 
Em função do vício redibitório apresentado, é permitido a Carlos solicitar 
abatimento no preço. 
Comentários 
O item está Certo. Conforme art. 442 do CC, em vez de rejeitar a coisa, 
redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no 
preço. 
 
8-Evicção 
Consiste na perda pelo adquirente (evicto) da posse ou propriedade 
da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato 
administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado 
evictor. 
A seguir temos um gráfico esquemático ilustrando a evicção. Imagine que 
A venda um imóvel para B, sendo que o objeto da venda esteja sendo alvo de 
uma ação de usucapião por parte de C. 
 
 
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Os arts. 447 a 457 do CC tratam do assunto: 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. 
Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta 
pública. 
 
A evicção só pode ocorrer em contratos onerosos, não sendo 
admitida em contrato gratuito. Dessa forma, não há que sefalar em evicção nos 
contratos de doação simples e comodato (empréstimo gratuito de bens 
infungíveis). 
Analisando o final do art. 447 do CC, percebemos que a responsabilidade 
pela evicção subsiste ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Dessa forma, se uma pessoa arrematar um determinado bem móvel em um 
leilão, ou bem imóvel em uma praça, e, após a arrematação e expedição da 
carta (comprobatória de seu direito) vier a ser demandada numa ação 
reivindicatória e sucumbir, então poderá exercer o seu direito de regresso contra 
o devedor, de cujo patrimônio se originou o bem levado à hasta. 
 
Conforme art. 448: 
 
Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e depois 
o perder para o real proprietário, então, via de regra, poderá cobrar indenização 
do alienante. Entretanto, essa responsabilidade do alienante pela evicção 
poderá ser reforçada (Ex.: indenização de 150% do valor pago), diminuída (Ex.: 
indenização de apenas 50% do valor pago) ou excluída (isenta a 
responsabilidade do alienante), nos termos do art. 448 do CC. 
 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se 
esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa 
evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa 
era alheia ou litigiosa. 
 
Entretanto, quando houver cláusula expressa de exclusão da 
responsabilidade do alienante, também deve ser analisado se o adquirente tinha 
As partes podem
reforçar, diminuir
ou excluir a 
responsabilidade 
pela evicção
por cláusula 
expressa
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ciência do risco da evicção. Dessa forma, temos as seguintes “sentenças 
matemáticas”: 
a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do 
risco pelo adquirente = isenção do alienante de toda 
responsabilidade (art. 457 do CC). 
b) cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo 
adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante 
apenas pelo preço pago pela coisa evicta (art. 449 do CC). 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme art. 450: 
 
O dispositivo cuida da evicção total sofrida pelo adquirente, que teve a 
perda ou o desapossamento da coisa de forma absoluta e estabelece os direitos 
do evicto. 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa 
alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
A deterioração da coisa evicta, em poder do adquirente, não afasta a 
responsabilidade do alienante, respondendo por evicção total, exceto se houver 
ação dolosa do adquirente (deterioração intencional do bem). Não poderá, 
Salvo estipulação em contrário, o evicto tem direito, além da 
restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
à indenização dos 
frutos que tiver 
sido obrigado a 
restituir
à indenização
pelas despesas
dos contratos 
e pelos prejuízos
que diretamente 
resultarem da 
evicção
às custas judiciais 
e aos honorários do 
advogado por ele 
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assim, o alienante invocar a desvalorização da coisa evicta, para reduzir o preço 
a restituir e/ou a indenização por perdas e danos. 
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, 
e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será 
deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. 
Caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, então o 
alienante poderá deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria de 
restituir-lhe. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que 
sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem 
sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na 
restituição devida. 
As benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura da coisa 
principal com a intenção de conservação, melhoramento ou embelezamento. 
Estudamos que elas podem ser necessárias, úteis ou voluptuárias na aula 2, 
entretanto os arts. 453 e 454 do CC tratam apenas das necessárias e úteis. 
Desta forma, imagine no exemplo gráfico dado que antes de B sofrer a 
evicção ele tivesse realizado benfeitorias necessárias ou úteis na casa. Neste 
caso, se C (evictor) não indenizar B (evicto) pelas benfeitorias, então a 
responsabilidade recai sobre A (alienante). 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar 
entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente 
ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a 
indenização. 
 A evicção pode ser de dois tipos: total (perda de todo o bem) ou parcial 
(perda de parte do bem). 
 Em caso de evicção parcial (Ex.: reivindicação de parte de um terreno 
adquirido) temos duas possibilidades: a evicção parcial ser considerável ou não 
considerável, nos termos do art. 455 do CC. 
A esquematização a seguir ilustra as consequências da evicção parcial: 
 
Direitos do evicto 
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5. (FCC - Juiz de Direito Substituto – TJAP/AP - 2014) 
Ocorrendo a evicção, 
a) embora existente cláusula que exclua a garantia contra ela, tem direito o 
evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco 
da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
b) somente as benfeitorias necessárias serão pagas, pelo alienante ao evicto, 
excluindo-se sempre as voluptuárias e úteis. 
c) o evicto terá direito a receber sempre o dobro do valor pago pelo bem que 
perdeu. 
d) considerar-se-á nula a cláusula que reforçou a garantia em prejuízo do 
alienante. 
e) o evicto não terá direitoà restituição integral do preço, pois dele sempre terá 
de ser abatida uma parcela proporcional ao tempo em que esteve na posse 
do bem. 
Comentários 
Letra “a”. Conforme art. 449 do CC, não obstante a cláusula que exclui a 
garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço 
que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele 
informado, não o assumiu. A letra “b” está errada, pois conforme art. 453 do 
CC, as benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, 
serão pagas pelo alienante. A letra “c” está errada, pois conforme parágrafo 
único do art. 450 do CC, o preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor 
da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no 
caso de evicção parcial. A letra “d” está errada, pois conforme art. 448 do CC, 
podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a 
responsabilidade pela evicção. A letra “e” está errada, pois conforme art. 450 
do CC, salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição 
integral do preço ou das quantias que pagou (...). Portanto, o evicto tem direito 
à restituição integral do preço que pagou. 
 
EVICÇÃO 
PARCIAL
Considerável
Rescisão do contrato
Restituição de parte do preço 
correspondente ao desfalque 
sofrido
Não 
considerável
Indenização
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9-Contrato com Pessoa a Declarar 
Pode alguém firmar um contrato, estipulando porém que outra pessoas, 
a ser indicada, assumirá os direitos e obrigações decorrentes, em cinco dias ou 
no prazo acordado. É o que se conclui analisando os arts. 467 e 468 do CC. 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes 
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e 
assumir as obrigações dele decorrentes. 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco 
dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se 
revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, 
adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir 
do momento em que este foi celebrado. 
É o que acontece quando A e B concluem entre si um contrato, 
estipulando, porém, que C poderá substituir B, por indicação deste, dentro de 
certo prazo, no mesmo contrato. 
 
 
 
O contrato será eficaz somente entre os 
contratantes originários:
se não houver 
indicação de 
pessoa
ou se o nomeado se 
recusar a aceitá-la
se a pessoa 
nomeada era 
insolvente
e a outra pessoa o 
desconhecia no 
momento da 
indicação
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Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da 
nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes 
originários. 
 
Conclui-se que o contrato valerá apenas entre os contratantes originários 
se não for feita a indicação de C, se C não aceitar o combinado ou se C for 
incapaz/insolvente. 
 
10-Extinção e Rescisão Contratual 
 O contrato extingue-se através de duas formas: a forma normal ocorre 
com o seu cumprimento; já a forma anormal ocorre sem que as obrigações 
tenham sido cumpridas. A maneira normal de extinção dos contratos é pelo 
seu adimplemento ou execução. Assim, o cumprimento normal do contrato 
satisfaz as duas partes: libera do devedor e atende aos interesses do credor. 
Sobre as causas de extinção anormal, podemos separá-las em 
anteriores ou contemporâneas ao contrato (Ex.: as nulidades e 
anulabilidades) e em supervenientes (destroem os efeitos do contrato após 
ele ter se formado). A tabela a seguir enumera e sintetiza as causas anormais 
de extinção dos contratos. 
CAUSAS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO 
ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS SUPERVENIENTES 
NULIDADES (arts. 166 e 167 do CC); 
ANULABILIDADES (art. 171 do CC); 
REDIBIÇÃO (vícios redibitórios). 
RESCISÃO: Resolução e Resilição. 
MORTE DO CONTRATANTE, nos 
contratos personalíssimos. 
As causas anteriores ou contemporâneas referem-se aos vícios que são 
capazes de invalidar os negócios jurídicos. Pelo fato do contrato também ser um 
negócio jurídico, tais vícios também podem extinguir um contrato invalidando-
o totalmente (nulidade) ou parcialmente (anulabilidade). Nos arts. 472 a 480 
do CC (reproduzidos após a tabela a seguir), temos disposições legais relativas 
às causas supervenientes anormais de extinção do contrato. 
Inicialmente, faz-se necessário distinguirmos as diferenças entre os 
termos rescisão, resilição e resolução. A tabela a seguir mostra que a rescisão 
(que é o gênero) possui as seguintes espécies: resolução (extinção do contrato 
por descumprimento do devedor, podendo ser com culpa ou sem culpa) e 
resilição (dissolução por vontade bilateral – também chamada de distrato - ou 
unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo 
reconhecimento de um direito potestativo). 
RESCISÃO 
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RESILIÇÃO RESOLUÇÃO 
Ocorre quando há o desfazimento de um 
contrato por simples manifestação de 
vontade de uma ou de ambas as partes. 
Ocorre quando houver um 
inadimplemento, ou seja, quando uma 
das partes não cumprir o contrato. 
Não interessa mais o vínculo contratual. Ainda interessa o vínculo contratual. 
A resilição pode ser de dois tipos: 
- BILATERAL: é o DISTRATO (art. 472 
do CC), que deve ser celebrado através da 
mesma forma do contrato original. 
- UNILATERAL (art. 473 do CC): é a 
DENÚNCIA que deve ser notificada para a 
outra parte. 
Aplica-se, especialmente, a contratos de 
atividades

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