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Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 1 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 2 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- Introdução .................................................................................. 3 2- Princípios Contratuais ................................................................. 4 3- Classificação dos Contratos ......................................................... 9 4- Formação e Lugar dos Contratos ............................................... 16 5- Estipulação em Favor de Terceiro .............................................. 20 6- Promessa de Fato de Terceiro ................................................... 21 7- Vícios Redibitórios ..................................................................... 21 8- Evicção ...................................................................................... 24 9- Contrato com Pessoa a Declarar ................................................ 29 10- Extinção e Rescisão Contratual .................................................. 30 11- Questões Propostas ................................................................... 35 12- Gabarito .................................................................................... 46 13- Questões Comentadas ............................................................... 47 Olá, pessoal! Tudo certinho? Esperamos que sim!!! Vamos para mais uma aula. Não esqueçam de usar o nosso fórum para qualquer tipo de dúvida, seja da nossa disciplina ou não! Estaremos sempre por lá!!! Boa aula!!! Aula 08 – Teoria Geral dos Contratos “Você não é obrigado a vencer. Você é obrigado a continuar a tentar fazer o melhor que puder a cada dia” (Marian Wright Edelman) Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 3 de 69 www.exponencialconcursos.com.br 1- Introdução Olá, pessoal! Nesta aula, iremos estudar a Teoria Geral dos Contratos. Os contratos são negócios jurídicos, e o Código Civil, em seu Título V, traz disposições acerca dos Contratos em Geral, nos artigos 421 a 480, que veremos a seguir. Um contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela segurança jurídica em seu equilíbrio social, ou seja, é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral. É o acordo de vontades, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos. As cláusulas contratuais criam lei entre as partes, porém são subordinados ao Direito Positivo. As cláusulas contratuais não podem estar em desconformidade com o Direito Positivo, sob pena de serem nulas. No Brasil, cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem ser invalidadas pelo juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. Trata-se da cláusula geral rebus sic stantibus (ou revisão judicial dos contratos), que objetiva flexibilizar o princípio da pacta sunt servanda (força obrigatória dos contratos), preponderando, assim, a vontade contratual atendendo à Teoria da Vontade. Mas Professor, o que é rebus sic stantibus e pacta sunt servanda? A cláusula geral rebus sic stantibus especifica que as partes de um contrato devem considerar a situação de fato existente no momento de sua celebração, podendo assim invocá-la como forma de rompimento caso mudanças substanciais ocorram de forma extraordinária e imprevisíveis, que modificam o equilíbrio do acordo trazendo desvantagem a uma das partes. A expressão rebus sic stantibus pode ser traduzida como "estando assim as coisas". Voltaremos a este assunto ainda nesta aula. Quanto ao princípio da pacta sunt servanda, também o veremos mais adiante. Ou seja, você pode percebder que esta aula será cheia de novidades. Sendo assim, pegue aquela sua disposição extra que estava escondida e vamos em frente. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 4 de 69 www.exponencialconcursos.com.br 2-Princípios Contratuais Vamos estudar os princípios contratuais no quadro-resumo abaixo e depois apresentaremos mais detalhes sobre o assunto, ok? Princípios Descrição Autonomia da Vontade Liberdade de contratação das partes e do conteúdo do contrato. Pode sofrer restrições, pois a "liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato" (art. 421 do CC). Supremacia da Ordem Pública A autonomia de vontade é relativa, pois está sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem pública. Consensualismo O contrato resulta do consenso, independentemente da entrega da coisa. Relatividade dos contratos Os efeitos do contrato atingem apenas as partes contratantes. Obrigatoriedade • "Pacta sunt servanda" = os acordos devem ser cumpridos. • Importante para segurança jurídica, mas pode sofrer restrições, pois cláusulas abusivas não exigem cumprimento. • Está relacionado ao princípio do equilíbrio econômico do contrato. Função social Promover a realização de uma justiça comutativa, reduzindo as desigualdades substanciais entre os contratantes. Boa-fé As partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. 1) Princípio da autonomia de vontade: representa a liberdade das partes estipulando o que lhes convier. Ou seja, as partes possuem a liberdade de escolher o tipo de contrato, de escolher a pessoa com quem se irá contratar, de celebrar ou não o contrato e de escolher o conteúdo do contrato, sem haver interferência estatal. Entretanto, veremos que tal Có pi a re gi st ra da p ar a Carlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 5 de 69 www.exponencialconcursos.com.br princípio é limitado. Um exemplo de limite está no art. 426 do CC ao proibir a herança de pessoa viva como objeto de contrato. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. A doutrina denomina “pacto de corvina” o contrato que tem como objeto a herança de pessoa viva. 2) Princípio da supremacia da ordem pública: significa que a autonomia de vontade é relativa, pois está sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem pública, ou seja, representa um limite à liberdade de contratar. Atualmente a intervenção do Estado na vida contratual é tão intensa que pode ser facilmente notada em vários setores (ex: telecomunicações, consórcios, seguros, sistema financeiro, etc.) que se configura um dirigismo contratual. Ou seja, apesar das pessoas terem liberdade para contratar, devem observar as normas (ex: Código de Defesa do Consumidor, Lei do Inquilinato, Lei da Usura, etc.) imperativas (que ordenam algum ato) e proibitivas (que vedam algum ato) impostas pelo Estado. 3) Princípio do consensualismo: tal conceito decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. Os contratos são em regra consensuais, porém, são admitidas duas exceções: - nos contratos solenes ou formais, enquanto o ajuste não for reduzido a escrito, não haverá uma formação válida; - nos contratos reais, que só se formam com a entrega da coisa, também não basta um simples consenso entre os contratantes. 4) Princípio da relatividade dos contratos: baseia-se na idéia de que os efeitos do contrato atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que manifestaram a vontade em celebrá-lo. Entretanto, o referido princípio encontra exceções expressamente consignadas em lei, tal como ocorre na estipulação em favor de terceiro (será estudada no decorrer desta aula) e na convenção coletiva de trabalho (o acordo feito pelo sindicato beneficia toda uma categoria). 5) Princípio da obrigatoriedade dos contratos (art. 427 do CC): representa a força vinculante das convenções feitas pelas partes contratantes. Já sabemos que ninguém é obrigado à contratar, mas se o fizer deverá cumprí-lo. Tal princípio tem dois fundamentos: - necessidade de segurança nos negócios; - intangibilidade ou imutabilidade do conteúdo do contrato decorrente da convicção de que o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda). Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 6 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Estudaremos no tópico “formação dos contratos” as situações detalhadas onde a proposta perde a sua força vinculante e deixa de ser obrigatória. 6) Princípio da função social dos contratos (art. 421 do CC): o contrato por ser um veículo de circulação de riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da expansão capitalista possui uma função social que é promover a realização de uma justiça comutativa, reduzindo as desigualdades substanciais entre os contratantes. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Podemos afirmar que o princípio da função social do contrato consiste na prevalência do interesse coletivo sobre os interesses individuais dos contratantes. 7) Princípio da boa-fé (art. 422 do CC): este conceito exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Pode ser dividido em duas partes: boa-fé subjetiva (concepção psicológica) e boa-fé objetiva (concepção ética). Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. O quadro a seguir faz uma diferenciação entre essas duas partes. BOA-FÉ SUJETIVA BOA-FÉ OBJETIVA Trata-se de um estado psicológico de inocência. É a boa-fé do: “eu não sabia”, ou seja, o indivíduo ignora um possível vício. Exemplo: posse de boa-fé. É uma cláusula geral implícita em todos os contratos, ela tem status principiológico, e que se traduz em uma regra de conteúdo ético e exigibilidade jurídica. No dispositivo legal citado (art. 422 do CC), é consagrada a boa-fé objetiva fundando-se em uma regra de conteúdo ético. A máxima do Direito Romano ainda vigente no Direito Brasileiro “nemo potest venire contra factum proprium” significa que ninguém pode se opor a fato a que ele próprio deu causa. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 7 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Um dos grandes efeitos do princípio da boa-fé objetiva se traduz na proibição de que uma parte se comporte de forma contraditória aos seus próprios atos anteriores. Ou seja, não é lícito uma pessoa fazer valer um direito se contrapondo a uma conduta anterior interpretada objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé. Para exemplificar, temos o contrato de prestações periódicas com o pagamento sendo feito, reiteradamente, em outro lugar, conforme o art. 330 do CC. Art. 330 do CC - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. Imagine que um credor concorde, durante um contrato de prestações periódicas, com o pagamento em lugar diverso do convencionado. Posteriormente, ele não poderá surpreender o devedor com a exigência literal do contrato. O assunto foi alvo de discussão na IV Jornada de Direito Civil e resultou no Enunciado 362 que menciona o art. 422 do CC: Enunciado 362 – Art. 422. A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil.1. (FGV/TCM-PA/Auditor/2008) Analise as afirmativas a seguir: I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o princípio da boa-fé subjetiva. II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o princípio da função social dos contratos. III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o princípio da autonomia da vontade. IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o princípio da boa-fé objetiva. Assinale: a) se todas as afirmativas estiverem corretas. b) se apenas uma afirmativa estiver correta. c) se nenhuma afirmativa estiver correta. d) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. e) se apenas três afirmativas estiverem corretas. Comentários Letra “b”. O item IV é o único correto. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 8 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Ademais, vale ressaltarmos a evolução de alguns princípios tradicionais e o surgimento de princípios emergentes (atuais): ➢ Princípio da autonomia privada (vontade)=> Princípio da boa-fé objetiva: pelo princípio da autonomia privada, prevalece a liberdade das partes de estipular as cláusulas contratuais, criando direitos e obrigações. Atualmente, o princípio da boa-fé objetiva restringe/limita a autonomia privada. A boa-fé objetiva corresponde à lealdade e à confiança nas relações contratuais, exercendo função interpretativa (quando houver dificuldade hermenêutica ou divergência entra vontade e declaração – art. 113, CC), função corretiva (veda-se o abuso de direito -art. 187, CC) e função integrativa (deveres/obrigações existentes além do contrato – dever de confidencialidade, dever de informação, etc. art. 422, CC). Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. ➢ Princípio da Relatividade => Princípio da Função Social: pelo princípio da relatividade, as obrigações e deveres contratuais abrangem somente as partes contratantes, não alcançam terceiros. Ao contrário, o princípio da função social aduz que o contrato não se restringirá aos interesses das partes contratuais, mas poderá abranger terceiros, observando os interesses da coletividade (solidariedade social). O princípio da função social do contrato tem base constitucional, como o princípio da livre iniciativa e a função social da propriedade. Portanto, o princípio da relatividade é mitigado (sofre limitação) pelo princípio da função social, ou seja, o contrato abrange não só as partes, como também poderá alcançar estranhos à relação contratual. Num acidente de trânsito, a vítima atropelada (um terceiro) poderá exigir indenização diretamente da seguradora. Ainda, o contrato poderá ser oponível de forma negativa a terceiros, ou seja, terceiros não podem atentar contra os pactos dos contratantes, posto que não lhe diz respeito. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. ➢ Princípio da obrigatoriedade => Princípio do Equilíbrio Econômico: O princípio da obrigatoriedade representa o pacta sunt servanda (o contrato deve ser cumprido). No entanto, atualmente, o princípio da obrigatoriedade contratual não deve ser tão rigoroso, visto que, por exemplo, a revisão contratual é admitida. Assim, o princípio da obrigatoriedade é mitigado em razão, e objetivando, o equilíbrio econômico do contrato, tendo em vista Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 9 de 69 www.exponencialconcursos.com.br aspectos relacionados à lesão e à excessiva onerosidade superveniente de uma das partes. Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 2. (CESPE - Tecnólogo - Área Negócios Imobiliários – FUB - 2015) Julgue os próximos itens, acerca da teoria geral dos contratos. O princípio da autonomia da vontade assegura aos contratantes a liberdade de contratar tudo aquilo que lhes aprouver, sem que seja permitido haver restrições na forma, no conteúdo ou nas condições estabelecidas pelos contratantes. Comentários O item está Errado. O princípio da autonomia da vontade se refere à liberdade para as partes estabelecerem o vínculo contratual, mas não é um princípio absoluto, podendo sofrer restrições. Entre as restrições, podemos citar o disposto no art. 421 do CC, que estabelece que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. 3-Classificação dos Contratos Os contratos podem ser classificados da seguinte forma: I. Contratos unilaterais, bilaterais (sinalagmáticos) e plurilaterais a. Contratos unilaterais: existe obrigação para apenas uma das partes. Ex.: doação pura, depósito e comodato. b. Bilaterais ou sinalagmáticos: os dois contratantes possuem responsabilidades recíprocas, ou seja, um com o outro, sendo esses Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 10 de 69 www.exponencialconcursos.com.br reciprocamente devedores e credores. Nesta espécie de contrato não pode um dos lados antes de cumprir suas obrigações, exigir ocumprimento do outro. O nome provém do grego antigo synallagma, que significa "acordo mútuo". Ex.: na compra de um produto, o contratante (consumidor) e o contratado (vendedor) combinam de acertar a quantia em dinheiro somente no término do serviço do contratado (entrega do produto); o contratado só pode cobrar após entregar o produto e o contratante só o paga ao receber o objeto negociado. c. Contratos plurilaterais: são aqueles que possuem mais de duas partes contratantes, como nos contratos de consórcio e de sociedade. II. Contratos onerosos e gratuitos a. Contratos onerosos: são aqueles que as duas partes auferem vantagens – sendo estes bilaterais - como exemplo, a locação de um imóvel; o locatário paga ao locador para poder usar o bem, e o locador entrega o que lhe pertence para receber o pagamento. b. Contratos gratuitos: somente uma das partes obtém proveito, como na doação pura. Em regra os contratos gratuitos também são unilaterais e os contratos onerosos também são bilaterais. III. Contratos comutativos e aleatórios a. Contrato comutativo: uma das partes, além de receber prestação equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência, como ocorre na compra e venda. Ou seja, há prestação e contraprestação certas. b. Contratos aleatórios: as partes se arriscam a uma prestação inexistente ou desproporcional, como exemplos, seguros, empréstimos. Simplificando, é o contrato de decisões futuras onde há uma incerteza na contraprestação. Os arts. 458 a 461 do Código Civil tratam do assunto: Contratos Aleatórios Contrato oneroso Evento futuro e incerto Ex: Colheita futura. O comprador assume os riscos da safra não existir Exceto dolo ou culpa do vendedor Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 11 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. O art. 458 do CC corresponde à compra de uma “esperança”, quando o comprador assume o risco da existência da coisa (ex: comprar a ninhada de uma cadela). Trata-se de um contrato do tipo emptio spei. É um tipo de contrato aleatório em que um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco existente da coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante. Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. O art. 459 do CC se assemelha ao dispositivo anterior, entretanto é assumido um risco na quantidade da coisa e não na existência. Trata-se de contrato do tipo emptio rei speratae onde se não vier nada, ou se nada for produzido, o preço não será devido. Desta forma, se a cadela não der cria, o preço pago deve ser devolvido. Por outro lado, se for esperado que a cria tenha 4 filhotes e tivermos apenas 2, nada poderá ser reclamado. Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. Os arts. 460 e 461 do CC tratam do risco da coisa já existentes, mas sujeitas a perecimento ou depreciação. Como exemplo temos o risco assumido quando se compra um produto com data de validade a vencer em breve dependendo do fim da greve da Receita Federal. A incerteza decorre da possibilidade do produto vencer e ainda não ter passado pelo desembaraço aduaneiro. IV. Contratos consensuais ou reais Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 12 de 69 www.exponencialconcursos.com.br a. Contratos consensuais: são os que se consideram formados pela simples proposta e aceitação. Ex.: contrato de compra e venda. b. Contratos reais: são os que se formam com a entrega efetiva do produto, a entrega deste não é decidida no contrato, mas somente as causas do que irá acontecer depois dessa entrega. Ex.: contrato de depósito e contrato do mútuo. V. Contratos nominados (típicos) e inominados (atípicos) a. Contratos nominados ou típicos: são os regulamentados por lei. Alguns dos regidos pelo Código Civil são: compra e venda, troca, doação, locação, empréstimo, depósito, mandato, gestão, edição, representação dramática, sociedade, parceria rural, constituição de renda, seguro, jogo e aposta, e fiança. b. Contratos inominados ou atípicos (art. 425 do CC): são contrários aos nominados, não necessitando de uma ação legal, pois estes não estão definidos em lei, precisando apenas do conceito básico inerente aos contratos (Ex.: que as partes sejam livres, que os produtos sejam lícitos, etc.). Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. É muito comum o examinador afirmar nas questões de prova que não se pode celebrar contratos atípicos, mas tal afirmativa está errada. Os contratos atípicos são permitidos, desde que sejam observadas as regras gerais inerente aos contratos. VI. Contratos solenes (formais) e não solenes a. Contratos solenes: são os que necessitam de formalidades nas execuções após ser concordado por ambas as partes, dando a elas segurança e algumas formalidades da lei, como na compra de um imóvel, sendo necessário um registro em cartório para que este seja válido. b. Contratos não solenes: são aqueles que não precisam dessas formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes. VII. Contratos principais e acessórios a. Contratos principais: são os que existem por si só, sendo independente de outros. b. Contratos acessórios: são emendas do contrato principal,sendo que estes necessitam do outro para existirem. Como exemplo temos o contrato de locação como principal e o contrato de fiança como acessório. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 13 de 69 www.exponencialconcursos.com.br VIII. Contratos paritários ou por adesão a. Contratos paritários: são os que realmente são negociados pelas partes, discutindo e montando-o dentro das formalidades da lei. Ou seja, há possibilidade de se negociar as cláusulas contratuais. b. contratos de adesão: se caracterizam por serem prontos por uma das partes e aceitos pelas outras, sendo um pouco inflexíveis por excluir o debate ou discussão de seus termos. Um exemplo comum é o contrato que você assina quando contrata uma operadora de telefone móvel. VIVO, OI, TIM, CLARO, dentre outras, entregam ao cliente um contrato pré-escrito. Os artigos 423 e 424 do CC tratam do contrato de adesão: Imagine que você vá a uma empresa de telefonia e assine com ela um contrato de prestação de serviços. Como a empresa irá propor o contrato e você será o aderente, caso haja alguma cláusula do contrato ambígua ou contraditória, a interpretação deverá ser favorável a você. Outro exemplo: Imagine uma pessoa que vai ser fiador celebrando um contrato de fiança. Sabemos que a fiança é um contrato acessório que garante um contrato principal. Caso o devedor do contrato principal não pague a dívida, então o fiador poderá ser responsabilizado por ela. Porém, na fiança existe um benefício de ordem, ou seja, a dívida deve ser cobrada primeiro do devedor principal para, caso a obrigação não seja paga, ser cobrada do fiador. Nos moldes desta situação, imagine que o contrato de fiança seja de adesão (sem possibilidade de discutir as cláusulas) e uma das cláusulas estipule que o fiador renuncia ao benefício de ordem e, por isso, a dívida possa ser cobrada diretamente dele. Por meio do art. 424 do CC conclui-se que a cláusula ora mencionada é nula, pois está estipulando uma renúncia antecipada a um direito resultante do contrato de fiança. Perceba que apenas a cláusula será nula, mas o restante do contrato será válido. Contrato de adesão Quando houver cláusulas ambíguas ou contraditórias dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 14 de 69 www.exponencialconcursos.com.br IX. Contratos de execução instantânea, diferida e continuada Tal classificação leva em consideração o momento em que os contratos devem ser cumpridos. a. Contratos de execução instantânea ou imediata: aqueles que se consumam em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração (Ex.: compra e venda à vista). b. Contratos de execução diferida também devem ser cumpridos em um só ato, mas em um momento futuro (Ex.: entrega em determinada data). c. Contratos de trato sucessivo ou de execução continuada são os que se cumprem por meio de atos reiterados (Ex.: prestação de serviços). O esquema gráfico a seguir permite uma visualização da classificação em pauta: Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 15 de 69 www.exponencialconcursos.com.br X. Contratos preliminares e definitivos a. Contrato preliminar (pactumm de contrahendo) é o que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Ou seja, por meio de um contrato preliminar, as partes se comprometem a celebrar, no futuro, um contrato definitivo. b. Contrato definitivo é o objeto do contrato preliminar. Os arts. 462 a 466 disciplinam o contrato preliminar. O art. 462: Pelo art. 462 do CC é possível concluir que ao celebrar um compromisso de compra e venda de bem de bem imóvel de alto valor, por ser um contrato preliminar, pode ser utilizado um instrumento particular como forma, apesar da compra e venda definitiva de bem imóvel de alto valor necessitar de uma escritura pública como forma (vide art. 108 do CC). Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. De acordo com o art. 463 do CC, o contrato preliminar dá aos contratantes o direito de exigir o contrato definitivo. Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. Por meio do art. 464 do CC, é possível que um contrato preliminar adquira, através de sentença judicial, força de contrato definitivo. Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. A inexecução do contrato preliminar pode acarretar indenização por perdas e danos. Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela O contrato preliminar deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. exceto quanto à forma Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri– Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 16 de 69 www.exponencialconcursos.com.br previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. O contrato preliminar unilateral ou de opção é aquele onde apenas uma das partes é obrigada a celebrar o contrato definitivo, ao passo que a outra o celebra se quiser. Dessa forma, a parte obrigada deve manifestar prazo para a outra parte se manifestar. Decorrido esse prazo o bem poderá ser alienado a terceiros. 4-Formação e Lugar dos Contratos Os contratos são a convergência de duas vontades contrapostas: a parte que faz a proposta (uma declaração receptícia – que precisa ser aceita) é a parte proponente ou policitante e a parte que aceita é chamada de aceitante ou oblato. Muita gente me pergunta como decorar isso. O método que eu uso é bem simples: consoante (P) de Proponente combina com consoante (P) de Policitante, ao passo que vogal (A) de aceitante, combina com vogal (O) de Oblato. Os contratos reais formam-se com a entrega da coisa e os contratos formais, com a realização da solenidade ou do instrumento próprio. Tratam-se das exceções ao princípio do consensualismo. São fases da formação dos contratos: 1. Negociações preliminares: são conversações anteriores à proposta que visam preparar as bases do futuro contrato; 2. Proposta ou policitação ou oferta: é a declaração de vontade dirigida a alguém com quem se quer contratar, contendo todas as cláusulas essenciais do negócio. Pode ser de dois tipos: entre presentes e entre ausentes; - PROPOSTA ENTRE PRESENTES: é aquela em que há possibilidade de aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declaração consecutiva, independente dos contratantes estarem em um mesmo espaço físico. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 17 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Como exemplo temos duas pessoas contratando pelo telefone, uma em Porto Alegre-RS e outra em Belém-PA. - PROPOSTA ENTRE AUSENTES: é aquela em que não há possibilidade de aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declarações intervaladas. Como exemplo temos aquele que envia a proposta através de uma carta e a aceitação também é enviada através de uma carta. O contrato celebrado pela internet é entre presentes ou entre ausentes? A pergunta não é simples, pois a doutrina diverge a respeito da resposta. Entretanto, para efeitos de concurso público, sugiro pensar que as duas formas são possíveis. Ou seja, na proposta feita pelo skype e pelo msn há possibilidade de aceitação imediata, portanto, trata-se de uma proposta entre presentes. Por outro lado, a proposta feita por e-mail costuma ser considerada entre ausentes. Já os arts. 428 e 429 do CC configuram exceções ao princípio da irrevogabilidade da proposta, ou seja, são situações onde a proposta deixa de ser obrigatória. O art. 428 está esquematizado abaixo: Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 3. Aceitação: é a adesão total à proposta, ou seja, uma resposta afirmativa a uma proposta de contrato. Deixa de ser obrigatória a proposta, se: feita sem prazo a pessoa presente não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante feita sem prazo a pessoa ausente tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente feita a pessoa ausente não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado antes dela, ou simultaneamente chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 18 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Em se tratando de contrato entre ausentes, se a resposta chegar ao proponente, imprevisivelmente, de forma tardia e o objeto já tiver sido negociado, então o proponente deverá avisar ao aceitante sobre a não conclusão do contrato, pois é possível que este imagine que o contrato está celebrado e comece a realizar despesas necessárias ao cumprimento. Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Para exemplificar a aplicação do art. 431 do CC, imagine uma proposta de venda de um carro por R$ 10.000,00 e que o destinatário da proposta faça uma contra-proposta de compra por R$ 9.000,00. Pelo fato de haver uma modificação, a contra-proposta representa uma nova proposta de compra. Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. Pelo art. 432 do CC, o silêncio (falta de resposta), em regra, não configura uma aceitação tácita, ou seja, a aceitação deve ser expressa; entretanto, temos duas exceções: - Quando se tratar de negócios em que não se costuma exigir a aceitação expressa (Ex.: um fornecedor costuma enviar os seus produtos a um determinado comerciante que lhe paga em época oportuna, sem confirmar os pedidos e acarretando uma praxe comercial. Caso o comerciante queira interromper este ciclo, deverá avisar ao fornecedor a recusa); e - Quando o proponente a tiver dispensado. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Da mesma forma que o proponente (art. 428, IV do CC), o aceitante também pode se retratar da aceitação quando o contrato for celebrado entre ausentes, desde que a retratação chegue antes ou junto com a aceitação. Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado. O art. 434 do CC levanta uma polêmica dentro da formação dos contratos. Tal polêmica decorre da seguinte pergunta: Quando que se considera formado Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo sEd ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 19 de 69 www.exponencialconcursos.com.br o contrato entre ausentes, no momento em que a aceitação é expedida, ou quando a aceitação chega ao conhecimento do proponente? Pois bem, a doutrina criou duas teorias explicativas a respeito da formação do contrato entre ausentes: 1) Teoria da cognição: para os adeptos dessa linha de pensamento, o contrato entre ausentes somente se consideraria formado, quando a resposta do aceitante chegasse ao conhecimento do proponente. 2) Teoria da agnição: dispensa-se que a resposta chegue ao conhecimento do proponente. Subdivide-se em: 2.1) Subteoria da declaração: o contrato se formaria no momento em que o aceitante ou oblato redige ou datilografa a sua resposta. Peca por ser extremamente insegura, dada a dificuldade em se precisar o instante da resposta. 2.2) Subteoria da EXPEDIÇÃO: considera formado o contrato, no momento em que a resposta é expedida. 2.3) Subteoria da recepção: reputa celebrado o negócio no instante em que o proponente recebe a resposta. Dispensa, como vimos, que leia a mesma. Trata-se de uma subteoria mais segura do que as demais, pois a sua comprovação é menos dificultosa, podendo ser provada, por exemplo, por meio do A.R. (aviso de recebimento), nas correspondências. Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito positivo? No Direito brasileiro, a grande parte da doutrina entende que se deve aplicar a Subteoria da expedição e uma parte pequena sustenta que se deve aplicar a subteoria da recepção. Para efeitos de concurso público, sugiro adotar a Subteoria da expedição, pois é a que está consagrada no art. 434, caput, do CC. Em todas as fases citadas (negociações preliminares, proposta e aceitação) deve ser observado o princípio da boa-fé objetiva. Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Para finalizar este tópico, o art. 435 do CC estabelece o local da celebração do contrato como o local da proposta. Ou seja, se uma proposta foi feita em João Pessoa-PB e a aceitação ocorrer em Curitiba-PR, considera-se celebrado o contrato em João Pessoa-PB. Sei que você deve estar ansioso pelas questões, então fique com uma só para reduzir a ansiedade: 3. (NCE/CIA DOCAS DE SANTANA/Advogado/2007) Para efeito de formação dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: a) não gera qualquer obrigação ao proponente; Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 20 de 69 www.exponencialconcursos.com.br b) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa ausente; c) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa presente; d) obriga, via de regra, o proponente; e) equivale às negociações preliminares ou tratativas. Comentários Letra “d”. Estudamos que a proposta possui força vinculante e, nos termos do art. 427 do CC, obriga o proponente, apesar de existirem algumas exceções. 5-Estipulação em Favor de Terceiro Por meio da estipulação em favor de terceiro uma parte contratante convenciona com o devedor que a vantagem resultante do contrato beneficiará um terceiro, alheio à relação jurídica-base. Tal instituto constitui uma exceção ao princípio da relatividade dos contratos. Como exemplo, temos o seguro de vida onde o estipulante (segurado) convenciona com um promitente (seguradora) uma vantagem em favor de terceiro (beneficiário). Os arts. 436 a 438 do CC tratam do assunto. Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 21 de 69 www.exponencialconcursos.com.br 6-Promessa de Fato de Terceiro É possível que uma pessoa se comprometa para que terceiro pratique um determinado ato. É o que ocorre com um empresário de um artista famoso que se compromete em nome do renomado artista na realização de um show. Se o show não se realizar, desde que não haja caso fortuito ou força maior, como regra, responde o empresário por perdas e danos. O assunto é tratado nos arts. 439 e 440 do CC. Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Pelo art. 440 do CC, conclui-se que se o artista famoso pessoalmente se comprometer a realizar o show, a responsabilidade desloca-se do empresário para ele. 7-Vícios Redibitórios São denominados vícios redibitórios os defeitos ocultos e de certa gravidade de uma coisa que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor, como, por exemplo, os defeitos de uma máquina ou a doença de um cavalo, que o comprador normalmente não poderia ter percebido no momento da compra. Os arts. 441 a 446 do CC tratam de disciplinar o assunto. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, oulhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Através do art. 441 do CC, percebe-se que só pode haver vício redibitório quando se tratar de contrato comutativo ou doações onerosas. Ou seja, é necessária a contraprestação, não se configurando o vício redibitório em contrato gratuito. Aqui vale o ditado que “cavalo dado não se olha os dentes”. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 22 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Percebe-se que duas situações podem ocorrer quando se configurar um vício redibitório: 1) Rescisão contratual: através da ação redibitória o prejudicado pode rescindir o contrato e exigir a devolução da importância paga. 2) Abatimento no preço: através de uma ação estimatória (quanti minoris) pode apenas pedir um abatimento no preço. Conforme o art. 443: Conforme foi estudado na aula de obrigações, quando há culpa do devedor, surge a possibilidade de indenização por perdas e danos. Em se tratando de vício redibitório, é a má-fé em omitir o vício ou defeito oculto que acarreta a indenização por perdas e danos. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Aplicando o exemplo do cavalo com doença ao art. 444 do CC, caberá ao adquirente provar que o vírus da doença que vitimou o animal já se encontrava encubado no momento da entrega do animal. Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa restituirá o que recebeu com perdas e danos não conhecia o vício ou defeito da coisa tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 23 de 69 www.exponencialconcursos.com.br imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta- se da alienação, reduzido à metade. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Então, temos que: O art. 445 do CC estabelece prazos decadenciais para a propositura da redibição ou do abatimento no preço. Esses prazos decadenciais são contados da entrega efetiva; mas se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. BEM MÓVEL 30 DIAS Contado da entrega efetiva SE JÁ ESTAVA NA POSSE 15 DIAS Contado da alienação ↓1/2 BEM IMÓVEL 01 ANO 6 MESES O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia a coisa, então deve ter um prazo menor para ingressar com ação contra o alienante. Como exemplo, temos a pessoa que mora em um imóvel por comodato, sendo que o comodatário decide adquirir o imóvel, será aplicado um prazo menor. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço em 30 dias se a coisa for móvel em um ano se for imóvel Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 24 de 69 www.exponencialconcursos.com.br No caso de animais, estabelece o art. 445, § 2º do CC que os prazos decadenciais deverão ser regulados por lei especial ou, na falta desta, pelos usos locais. 4. (CESPE - Tecnólogo - Área Negócios Imobiliários – FUB - 2015) Carlos comprou um imóvel pertencente a Paulo mediante pagamento à vista. Ao receber o imóvel, Carlos observou que este estava com alguns defeitos ocultos, inclusive, desconhecidos de Paulo. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes. Em função do vício redibitório apresentado, é permitido a Carlos solicitar abatimento no preço. Comentários O item está Certo. Conforme art. 442 do CC, em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. 8-Evicção Consiste na perda pelo adquirente (evicto) da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor. A seguir temos um gráfico esquemático ilustrando a evicção. Imagine que A venda um imóvel para B, sendo que o objeto da venda esteja sendo alvo de uma ação de usucapião por parte de C. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 25 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Os arts. 447 a 457 do CC tratam do assunto: Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. A evicção só pode ocorrer em contratos onerosos, não sendo admitida em contrato gratuito. Dessa forma, não há que sefalar em evicção nos contratos de doação simples e comodato (empréstimo gratuito de bens infungíveis). Analisando o final do art. 447 do CC, percebemos que a responsabilidade pela evicção subsiste ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Dessa forma, se uma pessoa arrematar um determinado bem móvel em um leilão, ou bem imóvel em uma praça, e, após a arrematação e expedição da carta (comprobatória de seu direito) vier a ser demandada numa ação reivindicatória e sucumbir, então poderá exercer o seu direito de regresso contra o devedor, de cujo patrimônio se originou o bem levado à hasta. Conforme art. 448: Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e depois o perder para o real proprietário, então, via de regra, poderá cobrar indenização do alienante. Entretanto, essa responsabilidade do alienante pela evicção poderá ser reforçada (Ex.: indenização de 150% do valor pago), diminuída (Ex.: indenização de apenas 50% do valor pago) ou excluída (isenta a responsabilidade do alienante), nos termos do art. 448 do CC. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Entretanto, quando houver cláusula expressa de exclusão da responsabilidade do alienante, também deve ser analisado se o adquirente tinha As partes podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção por cláusula expressa Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 26 de 69 www.exponencialconcursos.com.br ciência do risco da evicção. Dessa forma, temos as seguintes “sentenças matemáticas”: a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do risco pelo adquirente = isenção do alienante de toda responsabilidade (art. 457 do CC). b) cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pela coisa evicta (art. 449 do CC). Conforme art. 450: O dispositivo cuida da evicção total sofrida pelo adquirente, que teve a perda ou o desapossamento da coisa de forma absoluta e estabelece os direitos do evicto. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. A deterioração da coisa evicta, em poder do adquirente, não afasta a responsabilidade do alienante, respondendo por evicção total, exceto se houver ação dolosa do adquirente (deterioração intencional do bem). Não poderá, Salvo estipulação em contrário, o evicto tem direito, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituídoC óp ia re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 27 de 69 www.exponencialconcursos.com.br assim, o alienante invocar a desvalorização da coisa evicta, para reduzir o preço a restituir e/ou a indenização por perdas e danos. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, então o alienante poderá deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria de restituir-lhe. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. As benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal com a intenção de conservação, melhoramento ou embelezamento. Estudamos que elas podem ser necessárias, úteis ou voluptuárias na aula 2, entretanto os arts. 453 e 454 do CC tratam apenas das necessárias e úteis. Desta forma, imagine no exemplo gráfico dado que antes de B sofrer a evicção ele tivesse realizado benfeitorias necessárias ou úteis na casa. Neste caso, se C (evictor) não indenizar B (evicto) pelas benfeitorias, então a responsabilidade recai sobre A (alienante). Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. A evicção pode ser de dois tipos: total (perda de todo o bem) ou parcial (perda de parte do bem). Em caso de evicção parcial (Ex.: reivindicação de parte de um terreno adquirido) temos duas possibilidades: a evicção parcial ser considerável ou não considerável, nos termos do art. 455 do CC. A esquematização a seguir ilustra as consequências da evicção parcial: Direitos do evicto Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 28 de 69 www.exponencialconcursos.com.br 5. (FCC - Juiz de Direito Substituto – TJAP/AP - 2014) Ocorrendo a evicção, a) embora existente cláusula que exclua a garantia contra ela, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. b) somente as benfeitorias necessárias serão pagas, pelo alienante ao evicto, excluindo-se sempre as voluptuárias e úteis. c) o evicto terá direito a receber sempre o dobro do valor pago pelo bem que perdeu. d) considerar-se-á nula a cláusula que reforçou a garantia em prejuízo do alienante. e) o evicto não terá direitoà restituição integral do preço, pois dele sempre terá de ser abatida uma parcela proporcional ao tempo em que esteve na posse do bem. Comentários Letra “a”. Conforme art. 449 do CC, não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. A letra “b” está errada, pois conforme art. 453 do CC, as benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. A letra “c” está errada, pois conforme parágrafo único do art. 450 do CC, o preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. A letra “d” está errada, pois conforme art. 448 do CC, podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. A letra “e” está errada, pois conforme art. 450 do CC, salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou (...). Portanto, o evicto tem direito à restituição integral do preço que pagou. EVICÇÃO PARCIAL Considerável Rescisão do contrato Restituição de parte do preço correspondente ao desfalque sofrido Não considerável Indenização Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 29 de 69 www.exponencialconcursos.com.br 9-Contrato com Pessoa a Declarar Pode alguém firmar um contrato, estipulando porém que outra pessoas, a ser indicada, assumirá os direitos e obrigações decorrentes, em cinco dias ou no prazo acordado. É o que se conclui analisando os arts. 467 e 468 do CC. Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. É o que acontece quando A e B concluem entre si um contrato, estipulando, porém, que C poderá substituir B, por indicação deste, dentro de certo prazo, no mesmo contrato. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: se não houver indicação de pessoa ou se o nomeado se recusar a aceitá-la se a pessoa nomeada era insolvente e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 30 de 69 www.exponencialconcursos.com.br Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. Conclui-se que o contrato valerá apenas entre os contratantes originários se não for feita a indicação de C, se C não aceitar o combinado ou se C for incapaz/insolvente. 10-Extinção e Rescisão Contratual O contrato extingue-se através de duas formas: a forma normal ocorre com o seu cumprimento; já a forma anormal ocorre sem que as obrigações tenham sido cumpridas. A maneira normal de extinção dos contratos é pelo seu adimplemento ou execução. Assim, o cumprimento normal do contrato satisfaz as duas partes: libera do devedor e atende aos interesses do credor. Sobre as causas de extinção anormal, podemos separá-las em anteriores ou contemporâneas ao contrato (Ex.: as nulidades e anulabilidades) e em supervenientes (destroem os efeitos do contrato após ele ter se formado). A tabela a seguir enumera e sintetiza as causas anormais de extinção dos contratos. CAUSAS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS SUPERVENIENTES NULIDADES (arts. 166 e 167 do CC); ANULABILIDADES (art. 171 do CC); REDIBIÇÃO (vícios redibitórios). RESCISÃO: Resolução e Resilição. MORTE DO CONTRATANTE, nos contratos personalíssimos. As causas anteriores ou contemporâneas referem-se aos vícios que são capazes de invalidar os negócios jurídicos. Pelo fato do contrato também ser um negócio jurídico, tais vícios também podem extinguir um contrato invalidando- o totalmente (nulidade) ou parcialmente (anulabilidade). Nos arts. 472 a 480 do CC (reproduzidos após a tabela a seguir), temos disposições legais relativas às causas supervenientes anormais de extinção do contrato. Inicialmente, faz-se necessário distinguirmos as diferenças entre os termos rescisão, resilição e resolução. A tabela a seguir mostra que a rescisão (que é o gênero) possui as seguintes espécies: resolução (extinção do contrato por descumprimento do devedor, podendo ser com culpa ou sem culpa) e resilição (dissolução por vontade bilateral – também chamada de distrato - ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). RESCISÃO Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 08 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 31 de 69 www.exponencialconcursos.com.br RESILIÇÃO RESOLUÇÃO Ocorre quando há o desfazimento de um contrato por simples manifestação de vontade de uma ou de ambas as partes. Ocorre quando houver um inadimplemento, ou seja, quando uma das partes não cumprir o contrato. Não interessa mais o vínculo contratual. Ainda interessa o vínculo contratual. A resilição pode ser de dois tipos: - BILATERAL: é o DISTRATO (art. 472 do CC), que deve ser celebrado através da mesma forma do contrato original. - UNILATERAL (art. 473 do CC): é a DENÚNCIA que deve ser notificada para a outra parte. Aplica-se, especialmente, a contratos de atividades
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