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Regime Disciplinar Diferenciado

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REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
Resumo
O presente estudo versa sobre a instituição do Regime Disciplinar Diferenciado, RDD, que foi implantado visando erradicar o poder das facções criminosas dentro dos presídios nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Após a onda de rebeliões ocorridas entre 2001 e 2002, foram criadas resoluções, instituindo o Regime Disciplinar Diferenciado. Tal regime é alvo de críticas, pois considerado por muitos como inconstitucional, violando os Direitos Humanos. Para tanto, será analisado o contexto histórico onde o RDD foi implantado, bem como sua previsão legal e sua finalidade.
1 Introdução
A fim de se criar um meio para acabar com o poderio das organizações criminosas e as crescentes rebeliões dentro dos presídios, foi instalado o Regime Disciplinar Diferenciado no ordenamento jurídico brasileiro através da Lei n° 10.792/03 que alterou a Lei de Execução Penal (n°7.210/84). Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram pioneiros na implantação de tal regime, após várias rebeliões simultâneas orquestradas de dentro dos presídios.
	A princípio, o Regime, considerado uma sanção penal, era destinado apenas aos integrantes de facções ou organizações criminosas. Após foram estendidos para aqueles presos com comportamentos que exigiam tratamento específico. Tal tratamento consistia em detenção em celas isoladas por até 360 dias, onde o preso permanecia dentro dela 22 horas por dia.
O trabalho ora apresentado, tem como finalidade analisar tal Regime, chamado por muitos doutrinadores como Direito Penal do Inimigo, seu conceito, cabimento e sua constitucionalidade.
2 Desenvolvimento
2.1 Breve Histórico
	No ano de 2001, o estado de São Paulo vivenciou a maior rebelião já vista no Brasil, que envolveu 29 presídios, evidenciando uma total insegurança no sistema penitenciário, tendo em vista que foi organizada por membros de fações.
	Em resposta, a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo editou uma resolução em 04 de maio de 2001, Resolução n° 26, visando restabelecer a ordem no sistema prisional, instituindo o Regime Disciplinar Diferenciado, “um regime mais severo aplicável aos líderes e integrantes de facções criminosas, bem como aos presos cujo comportamento exija tratamento específico, a fim de assegurar a disciplina e a ordem do sistema prisional paulista” (PORTO, 2007, p. 62).
	Cerca de um ano após foi a vez do estado do Rio de Janeiro ser atacado pelo poder das organizações criminosas. Desta vez, o traficante Fernandinho Beira-Mar liderou uma guerra contra uma facção rival dentro do presídio, durando aproximadamente 23 horas. Além desta rebelião, Fernandinho conseguiu instalar o terror por todo o estado, determinando toque de recolher em comunidades, e até mesmo o fechamento de comercio e escolas.
	Assim, o estado do Rio, na tentativa de controlar, editou uma resolução que instituía um regime análogo ao paulista. 
Em 2003 o Governo Federal se viu obrigado a criar uma legislação para vigorar no país todo, tendo em vista a crise no sistema presidiário que se estendeu aos demais estados, estabelecendo o RDD através da Lei n° 10.792/03 que alterou artigos da Lei n° 7.210/84 que regula a Execução Penal.
	
2.2. Previsão Penal
	A Lei de Execução Penal, LEP, disciplina o Regime Disciplinar, em seu artigo 53, V e 52, que tem a seguinte redação:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave, e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado (...).
	Tal texto é decorrente da alteração da LEP (Lei n7.210/84) pela Lei n° 10.792/03 que estabeleceu o RDD como regime aplicado para todos os presos, provisórios ou definitivos.
2.3. Direito Penal do Inimigo
	Criada pelo jurista alemão Günther Jakobs em 1985, a teoria do Direito Penal do Inimigo versa sobre a divisão da sociedade em dois grupos, aqueles sujeitos que merecem tratamento visando a ressocialização, posto que não oferecem grande perigo ao Estado, considerado o Direito do Cidadão. E o outro grupo, cujo Direito do Inimigo é destinado, onde os sujeitos apresentam um perigo real e iminente a ordem do Estado e a sociedade. A esta última classe, há uma necessidade de punir, com um tratamento mais rigoroso do que os demais.
	Assim, Farth, conceitua o Direito Penal do Inimigo da seguinte forma:
Essa teoria, desenvolvida pelo penalista germânico Günter Jakobs, defende a divisão da sociedade em dois grupos: o grupo dos cidadãos e o grupo dos inimigos, sendo inimigo aquele que por conta de seu comportamento, profissão ou afiliação a determinada organização se afastou de modo permanente do Direito, vivendo em constante guerra contra o Estado, a exemplo dos terroristas, autores de delitos sexuais e delinquentes organizados. Com isso, o Estado deixa de ter obrigações em relação a estes “inimigos” deixando de assegurar-lhes garantias constitucionais por não serem considerados sujeitos de direito, e sim um objeto de coação, dando direito ao Estado de não tratar estes indivíduos perigosos como pessoas.
2.4 Conceito
	Considerado uma sanção penal, e não um regime de cumprimento de pena, o RDD é destinado aos presos, provisórios ou definitivos que cometeram falta de natureza grave, através de um crime doloso, que gerou um perigo a ordem ou disciplina da unidade prisional. O regime também pode ser considerado como uma medida cautelar, como diz o artigo 52, §2 da LEP, naqueles casos em que há suspeita de envolvimento do preso com facções ou organizações criminosas.
2.5 Constitucionalidade
	Sendo estabelecida por Lei Federal, em tese o Regime Disciplinar Diferenciado é constitucional, legítimo. Mas como sempre, existe posições doutrinarias diversas no que diz respeito a constitucionalidade do RDD.
	Isso porque, o regime contraria alguns princípios básicos constitucionais, como o Princípio da Igualdade, e afronta os Direitos Humanos, podendo causar graves e irreversíveis danos aos presos, em virtude do grande lapso temporal que o apenado fica isolado.
	O STF bem como o STJ entendem que o RDD é constitucional e necessário para a ordem e segurança dentro dos presídios. Sendo que, no caso concreto, houve uma relativização de alguns direitos fundamentais visando a ponderação de interesses.
2.6 Finalidade
	O intuito do regime, como faz mencionado, é a busca de um sistema prisional seguro, livre da atuação do crime organizado e de qualquer risco que coloque em perigo a ordem deste.
	O RDD visa, através de punições aos detentos, garantir de forma eficaz não apenas a segurança dos agentes, mas também a segurança dos demais detentos e como efeito, acabar ou diminuir o poder que traficantes ou membros de facções ainda detém além os muros. Evitando assim, ordem de assassinatos, sequestros, assaltos e até mesmo o gerenciamento de pontos de drogas. 
2.7 Restrições do Regime
	As restrições aplicadas no RDD são taxativas e consistem em cumprimento da sanção em cela individual, com direito apenas há duas visitas semanais, sem contar as crianças, pelo tempo de duas horas e banho de sol diário pelo mesmo tempo, assim instituiu o artigo 52 da LEP.
	Os presos que estão no Regime Disciplinar Diferenciado ficam 22 horas por dia nas celas, isolados de todos, tendo como duração máxima 360 dias, podendo ser repetido caso o apenado cometa outra falta grave da mesma natureza da anterior, desde que não ultrapasse um sexto da pena do preso.
3 Considerações Finais
	Em virtude de tudo o que foi analisado, ficou demonstrado, através do contexto histórico vivenciado pelo sistema prisional, a necessidade em instituir um regime diferente aos presos considerados como ameaça a ordem e segurança dos presídios.
Posto isto o presente trabalho analisou o Regime Disciplinar Diferenciado, tomando apontamentos sobre sua constitucionalidade, cabimento, finalidade e suas restrições.
	Salientou-se também o grande debate entre os juristas sobrea comparação do RDD com a teoria do Direito Penal do Inimigo, entendo alguns doutrinadores que tal sanção disciplinar fere todo o arcabouço jurídico, contrariando princípios constitucionais e Direitos Humanos.
	Demonstrou-se a posição dos Tribunais Superiores do país, sendo estes a favor do regime, posto a necessidade do sistema presidiário em eliminar, através de punições, as ameaças e os ataques à ordem e segurança prisional.
 	
	
Referências
BRASIL. Lei 7210/84. Institui a Lei de Execução Penal. Brasília, DF. Senado, 11/07/1984. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm>. Acesso em: 18 de agosto de 2017.
CARVALHO, Fabio Rodrigues de. Como surgiu o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Brasil? Disponível em: <http://sqinodireito.com/como-surgiu-o-regime-disciplinar-diferenciado-rdd-no-brasil/> Acesso em: 22 de agosto de 2017.
COSATE, Tatiana Moraes. Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): um mal necessário? Revista de Direito Público, Londrina, v. 2. 2007.
FARTH, Jalile Varago. Aspectos Constitucionais do Regime Disciplinar Diferenciado. Disponível em: < http://web.unifil.br/docs/juridica/06/ARTIGO_7.pdf > Acesso em: 24 de agosto de 2017
PORTO, Roberto. Crime Organizado e Sistema Prisional. São Paulo, Atlas, 2007

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