Buscar

RESPONSABILIDADE CIVIL 1 A 5

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE CIVIL
AULA 1
CONCEITO DE REPONSABILIDADE CIVIL: Responder juridicamente por ato que cometeu.
Servir como sanção civil, de natureza compensatória
Garantir o direito do lesado à segurança.
É o dever jurídico de reparar, caso haja a violação de uma obrigação. Q eu poderá ser contratual ou extracontratual.
A responsabilidade civil é definida como a situação de quem sofre consequência da violação de uma norma, ou como a obrigação que incumbe a alguém de reparar o prejuízo causado a outrem, pela sua atuação ou em virtude de danos provocados por uma pessoa ou coisas dele dependentes.
OBRIGAÇÃO: É o dever jurídico originário. EX. Todos tem a obrigação de não causar dano a outrem. Ou, se preferir, ninguém tem o direito de causar dano a terceiro.
Dever Jurídico originário e sucessivo
Para atingir o objetivo de uma conduta social reta, proba, o direito estabelece regras que podem ser positivas (dar e fazer) e negativas (não fazer), consubstanciando-se, assim, em um dever jurídico.
Sendo assim, dever jurídico é uma conduta externa de uma pessoa imposta pelo direito positivo (lei) por exigência da convivência social. Divide-se o dever jurídico em:
Originário: o de não lesar ninguém.
Sucessivo: caso haja a lesão cria-se a partir deste a obrigação de repará-lo.
Previsões normativas
Temos, in casu, as seguintes previsões normativas pertinentes à responsabilidade civil:
Constituição Federal de 1988 – art. 5, V e X e outros;
Lei 10.406 de 2002 – artigos 927 ao 954 e outros
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. 
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem
Elementos da responsabilidade civil 
Ato ilícito
É a conduta DA PESSOA necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade.
NÃO E TODO ATO ILICITO QUE GERA DANO. Sua previsão está nos artigos 186 e 187 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
NEXO CAUSAL: é o elo que liga o ato ilícito ao Dano. Materializado através das provas, demonstração. O ônus das provas incumbe as partes (também ao réu). Sem ele não a de falar em união entre o ato ilícito e o dano. Alguém responde somente por ato ilícito PROVADO. Sem nexo de causalidade não há de se falar em direito.
	Se não for provado, não tem RESPONSABILIDADE CIVIL e não tenho direito.
Temos no nexo causal um dos pontos mais importantes da responsabilidade civil. Pois é justamente o ponto que irá convergir o ato ilícito e o dano. Sem os quais inexistirá a responsabilidade civil.
 Sua previsão legal é o da Lei 13.105 de 2015, principalmente, mas não exclusivamente em seus artigos 319, 320 e 373:
Art. 319. A petição inicial indicará: (...)
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
DANO.
É a consequência do ato ilícito. TEM QUE SER CAPAZ de atingir um patrimônio, por exemplo material, moral, imagem (extrapatrimonial) etc, ou de forma atípica, dano pela perda de uma chance, dano reflexo etc.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Responsabilidade sem culpa. Uma responsabilidade que, para ter que indenizar basta causar um DANO.
AULA 2
Conceito de ato ilícito
Ato ilícito é a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que viole o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade
 Previsões normativas: nos artigos 186, 187 e 188 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Tipos de atos ilícitos
Capítulo I - Da Obrigação de Indenizar:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Primeiro, como alguém indenizará outrem através da responsabilidade pelo fato do ato ser considerado como ilícito? Segundo, qual o conceito do ato ilícito?
Pois a responsabilidade civil depende, entre outros (nexo causal e dano), saber justamente o que vem a ser o ato ilícito e seus desdobramentos.
Ato ilícito gênero (ou puro) Prevê o art. 186 da Lei 10.406 de 2002:
 É em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comitiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou danos à outrem.
Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa jurídica). Ocorre que a pessoa jurídica é uma ficção que resulta da volição humana.
De fato, a situação concreta de reparação civil, tem como ponto comum o cenário criado com o preenchimento de sua tipificação.
Ato ilícito espécie (ou equiparado)
Diferentemente do ato ilícito gênero (ou puro), em que a conduta por si é qualificada como ilícita, no ato ilícito espécie (ou equiparado) o agente que causa o dano é parte legítima para o exercício do direito. Que poderia ser exercido sem nenhum tipo de impedimento. Entretanto, ao exercê-lo, ultrapassa os limites tácitos impostos pela lei, no que tange ao seu exercício.
Um exemplo simples é o caso do desrespeito ao direito de vizinhança.
O sujeito que está ouvindo músicas em sua residência não comete nenhuma ilicitude, aliás, está ele legitimado à exercer tal ato, posto que não há qualquer previsão legal que o impeça de realizar esta atividade.
Temos portanto, um ato plenamente lícito.
Porém, se este mesmo sujeito pretenda ouvir suas músicas em volume exageradamente alto, em horário impróprio, ele deixou de exercer um ato lícito, pois o modo o qual está executando o ato o torna inadequado.
Assim, a situação mencionada não se amolda como um ato ilícito puro, preconizado no artigo 186, CC, mas sim no ato ilícito equiparado, pois, o agente, praticou seu direito de maneira manifestamente abusiva, capaz de ser considerada intolerável à vizinhança no que se diz respeito à boa-fé, à moralidade, à harmonia nas relações humanas, etc.
Tal qual como no ato ilícito gênero, passemos a sua análise:
	
	Também comete ato ilícito (...):
	
	
	
	É equiparado ao ato ilícito do art. 186.
	
	(...) o titular de um direito (...):
	
	
	
	Legitimidade ativa para o pleno exercício de algo que lhe seja garantido pelo direito.
	
	(...) que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social (...):
	
	
	
	Ultrapassa os limites da razoabilidade econômica (cobrança vexatória) ou social (uso desmesurado do conhecimento técnico sobre algo).
	
	(...) pela boa-fé (...):
	
	
	
	Confiança na realização contratual Ausência de desconfiança na relação extracontratual
	
	(...) pelos bons costumes (...):
	
	
	
	Aquilo que a sociedade entende como moralmente correto. Aplicável ao tempo, lugar e pessoa.
 Em relação ao abuso do direito é corretoafirmar:
	Será abusivo o exercício do direito que exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
A imperícia no cenário do ato ilícito
Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da expressão imperícia como tipificador do ato ilícito no art. 186 da Lei 10.406.
A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito?
Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do Direito não pode criar texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não significa que a imperícia não gere responsabilidade civil.
A imperícia no cenário do ato ilícito
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado.
LOGO, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, 
quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado.
Excludentes de ilicitude
A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa suprimir a tipificação do primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma justificativa que permite, justamente, a sua exclusão.
Neste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil, atentemos ao caput do art. 188, verbis:
Excludentes da Ilicitude
ESTADO DE NECESSIDADE
O agente que tem o dever proveniente da lei como obrigação de agir, não responderá pelos atos praticados, ainda que constituam um ilícito. Pois o estrito cumprimento de dever legal constitui outra espécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante.
Para tal tipificação é necessário que o agente atue dentro da sua esfera de atribuição. E que também não atue de forma abusiva. Pois a incompetência judicial e a abusividade do dever de agir não gerarão tal excludente.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos :I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
b) LEGITIMA DEFESA
O conceito de legítima defesa está baseado no fato de que os agentes que têm o dever legal de atuar não podem estar presentes em todos os lugares protegendo os direitos dos indivíduos.
Nesse tipo, o agente pode, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro. Nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação.
Logo, tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que está em perigo se utiliza de todos os meios necessário para salvaguardá-lo.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
VOCÊ SABIA?
A legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico (no caso acima, a vida), a pessoa faz algo que, em outras circunstâncias, seria considerado um delito. Por exemplo, a legítima defesa ocorre quando alguém, para se proteger, atira no criminoso que o ameaçava com uma arma. Se você atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), mas se você atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não há o crime, pois você estava protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava no mesmo (ou maior) nível do que o bem jurídico ofendido (a vida do outro). Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você não pode alegar legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio durante um furto. Neste caso, o bem jurídico protegido (seu patrimônio) é menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do criminoso).
Neste exemplo, se o bandido não colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa pois há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a vida de alguém) e o que você pretende proteger (seu patrimônio).
1) O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que não acarretam no dever de indenizar. São elas:
R: Legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de necessidade.
AULA 3 – NEXO CAUSAL
1. Conceito de nexo causal: 
É o liame que une a conduta do agente ao dano. 
É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano.
Lei 13.105/2015:Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
2. Teoria da causalidade adequada: 
A causa é não apenas o antecedente necessário à causação do evento, mas, também, adequado à produção do resultado.
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
3. Causalidade na omissão: 
A omissão não gera o dano propriamente dito. Mas é relevante se considerarmos a conduta do agente. Pois a omissão somente será relevante quando o agente tiver o “dever legal de agir” e assim mesmo não o fez. Fora isso, se não há o já citado dever legal não haverá implicância no nexo de causalidade. 
4. Concausas: 
	É uma outra causa que, aliando-se á principal, concorre para o resultado. 
Ela não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas o reforça.
Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento danoso, que é a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no veículo de um terceiro. .
4.1. Causa preexistente: 
É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento danoso. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, causa simultânea, e uma concorrência causal.
Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo de uma arma de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a legítima causa do evento morte da vítima.
 Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou e desencadeou o evento e, por consequência, o dano.
4.3 Causa concomitante:
Esta concausa por si seria capaz de acarretar o resultado. Mas uma circunstância de maior relevância assume a motivação do evento dano. 
5. Exclusão do nexo causal: 
Causas de exclusão de nexo de causalidade são as impossibilidades supervenientes do cumprimento da obrigação que não pode ser imputável ao devedor ou ao agente. 
5.1. Fato exclusivo da vítima: 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Exemplo Uma pessoa que atravessa uma avenida pela pista, ao invés de utilizar a passagem de pedestres (passarela). Nesse exemplo, pode-se observar que fica eliminado a causalidade em relação ao terceiro interveniente no evento (aquele a quem se imputaria responsabilidade). 
5.2. Fato de terceiro: 
É qualquer pessoa que além da vítima e o responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o lesado. 
5.3. Caso fortuito ou força maior: 
Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua diferença. Porém o que é ponto central e que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa, fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador.
Tradicionalmente causo fortuito são cláusulas de exoneração devidas a atos humanos (revolução, guerras, greve)
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza: as tempestades, enchentes etc
5.4. Fortuito interno e fortuito externo:
“Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de casofortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
5.4. Fortuito interno e fortuito externo:
Fortuito interno – o fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. Com, por exemplo, o estouro de um pneu de um ônibus.
Fortuito externo – é, também fato imprevisível e inevitável. Todavia em nada tem correlação com a atividade da empresa. Como, v.g., roubo a carro forte, em que se procura tomar todas as precauções legais possíveis.
5.5. Força maior:
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza, com as tempestades, enchentes, etc. 
AULA 4 - O DANO
O DANO é a consequência da falta ao dever jurídico originário de não causar lesão ao patrimônio material e/ou imaterial do lesado.
Temos sua principal fundamentação no CC, art. 944: A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Mas, não basta o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito e o dano com fins de configuração da responsabilidade civil. O dano deve causar uma lesão ao patrimônio material ou imaterial da pessoa. Como se lê no art. 186 da Lei 10.406 de 2002: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
DANOS EM ESPECIE:
Danos Típicos: Como já dito, estão previstos em lei. São eles:
- DO DANO MATERIAL OU PATRIMONIAL ( DANO EMEGENTE, CESSANTE)
DANO EMEGENTE ou DANO EVENTUAL: Perda e/ou lucro daquilo que deixou de receber. Gerando uma despatrimonialização. Seja pela perda do ativo, seja pelo aumento do passivo.
 Incluirá, também, tudo aquilo que a vítima despendeu com vistas a evitar a lesão ou o seu agravamento, bem como outras eventuais despesas relacionadas ao dano sofrido.
 Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado . Houve uma diminuição direta em seu patrimônio
LUCRO CESSANTE: Perda do lucro daquilo que sabia que receberia, que era esperável.
 Temos no art. 403 do CC sua positivação:
Capítulo III - Das Perdas e Danos
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
 De forma diversa do dano emergente, temos que avaliar o bem com fins de atingirmos a valoração na totalidade do patrimônio lesionado. 
 Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado. Por conta dos dias em que ficará inativo para o exercício de sua atividade profissional, deverá ser indenizado. Contabilizável adotando o critério de, por exemplo, diária ou contrato com empresa etc.
DANO MORAL: (MATERIAL OU EXTRAPATRIMONIAL): Consiste na lesão ao bem jurídico da pessoa em detrimento (por singela amostragem), em detrimento da liberdade, honra, família, profissão, sociedade, tristeza, abalo psicológico etc.
Segundo Maria Helena Diniz:“c.3.1 Definição:
O dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica (CC, art. 52; Súmula 227 do STJ), provocada pelo fato lesivo”.
Exemplo: Inserção indevida de pessoa jurídica em cadastros de restrição de crédito.
DANO MORAL A PESSOA JURIDICA: A pessoa jurídica é uma criação de ordem legal, não tem capacidade de sentir emoção e dor. Entretanto, ao sofrer uma perturbação de sua imagem perante a sociedade, é legítima sua pretensão em buscar a compensação por danos morais. Especialmente o seu bom nome.	 
 Embora despida de certos direitos que são próprios da personalidade humana – integralidade física, psíquica e da saúde, esta é titular de alguns direitos especiais da personalidade – v.g. o bom nome, a imagem, a reputação, sigilo de correspondência.
HONRA OBJETIVA: Externa ao sujeito. É a visão que a sociedade faz da pessoa que sofreu o dano.
HONRA SUBJETIVA: Inerente à pessoa natural. É a ofensa ao psiquismo que atinja a sua dignidade, respeito próprio, autoestima etc. É a visão interna que o ser humano faz de sí próprio. CRFB/1988: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
 Convergindo no entendimento súmula do STJ materializado da seguinte forma:
Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
LEGITIMAÇÃO PARA PLEITEAR O DANO MORAL: Em detrimento da sua enorme carga de subjetividade, temos na legitimação de seu pleito algo que ultrapassa a pessoalidade. Possibilitando, também, a terceiros que não seja o próprio sofredor do dano, a legitimidade ativa para a sua propositura.
Podemos indagar:
A quem é devida tal compensação? 
Quem pode pleiteá-la, além da própria vítima? 
Dizem as seguintes previsões legais inscritas na Lei 10.406 de 2002:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (homicídio).
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
ARBITRAMENTO DA VERBA ENDENIZATORIA: Desde a sua existência legal, os magistrados de todo o país somam, dividem e multiplicam para chegar a um padrão no arbitramento das indenizações. O STJ tem a palavra final para esses casos e, ainda que não haja uniformidade entre os órgãos julgadores, está em busca de parâmetros para readequar as indenizações.
 O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ sob a ótica de atender uma dupla função: 
“reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor para que não reincida.”
 Como é vedado ao Tribunal reapreciar fatos e provas e interpretar cláusulas contratuais, o STJ apenas altera os valores de indenizações fixados nas instâncias locais quando se trata de quantia irrisória ou exagerada. 
 A dificuldade em estabelecer com exatidão a equivalência entre o dano e o ressarcimento se reflete na quantidade de processos que chegam ao STJ para debater o tema.
 Com relação à subjetividade, o juiz tem liberdade para apreciar, valorar e arbitrar a indenização dentro dos parâmetros pretendidos pelas partes. 
 De acordo com o ministro Salomão, não há um critério legal, objetivo e tarifado para a fixação do dano moral. “Depende muito do caso concreto e da sensibilidade do julgador”, explica. 
“A indenização não pode ser ínfima, de modo a servir de humilhação a vítima, nem exorbitante, para não representar enriquecimento sem causa”, completa. 
DANO A IMAGEM: A imagem é o conjunto de traços e caracteres de uma pessoa que a individualiza no meio social – logomarca, rosto, olhos,cabelos, perfil etc. É um bem personalíssimo, emanação de uma pessoa, através da qual projeta-se, identifica-se e individualiza-se no meio social.
 Facilmente confundível com o dano estético ou morfológico, mas são completamente diversos. Neste dano, as consequências são amputações, marcas, cicatrizes ou correlacionados. No dano à imagem, a pessoa é constrangida pelo ato ilícito da exposição danosa de cunho vexatório. 
Exemplo: Uso de imagem de pessoa natural em programa populista sem autorização e de forma vexatória
DANOS ATIPICOS:
. Dano pela perda de uma chance: Neste passo, a doutrina francesa que, costumeiramente vem sendo aplicada em nossos Tribunais (Perte d’une chance), se dá nos casos em que o ato ilícito praticado pelo agente retira do lesado a real possibilidade do mesmo de obter uma situação futura melhor, isto é, uma possibilidade, uma chance de obter alguma vantagem ou ainda a chance de evitar algum prejuízo.
Exemplo: Pessoa natural em questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela televisão. Há uma questão sem viabilidade de resposta lógica. Isto impõe o dever de ressarcir o participante pela perda da oportunidade.
AULA 5
A Responsabilidade Civil e suas ramificações
Responsabilidades Penal e Civil
De início há um divisor de águas entre a responsabilidade civil e a penal.
 A ilicitude pode ser civil ou penal.
Responsabilidade Penal:
A responsabilidade será penal quando as normas jurídicas protetivas dos interesses sociais objetivarem o resguardo da integridade de bens de valores elevados e indisponíveis, entre os quais, os direitos da personalidade do homem: a vida, a liberdade, a honra, a saúde física e mental.
A sanção à violação das regras de conduta de não lesar a integridade física e a propriedade de outrem são “pesadas”, justamente por serem infrações consideradas pela sociedade como de maior potencial ofensivo, como, por exemplo, no crime de homicídio do art. 121 do CP – Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. 
Como a descrição da conduta penal é sempre uma tipificação restrita, em princípio, a responsabilidade penal ocasiona o dever de indenizar.
Por esta razão, a sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível quanto ao dever de indenizar o dano decorrente da conduta criminal, na forma dos artigos: 91, I do CP; 63 do CPP e 515, VI do NCPC. 
Sendo assim, as jurisdições penal e civil em nosso país são independentes, mas há reflexos no juízo cível, não só sob o mencionado aspecto da sentença penal condenatória como também porque não podemos discutir no cível a existência do fato e da autoria do ato ilícito, se essas questões foram decididas no juízo criminal e encontrarem-se sob o manto da coisa julgada, art. 64 do CPP e 935 CC. 
Responsabilidade Civil:
A responsabilidade civil é uma conduta ilícita de repercussão menos gravosa. 
Sendo certo que nem toda conduta gera um ilícito civil é punível, descrita pela lei penal, já a recíproca é verdadeira, embora em ambas haja a responsabilidade. A responsabilidade civil é assim considerada de menor gravidade e o interesse de reparação é privado, embora com interesse social, não afetando, a princípio, a segurança pública.
Para o ilícito civil, embora se possam equacionar modalidades de reparação em espécie, o denominador comum será sempre, ao final, a reparação em dinheiro como o lenitivo mais aproximado que existe no Direito para reparar ou minorar um mal causado, seja ele de índole patrimonial ou exclusivamente moral, como atualmente permite expressamente a Constituição.
A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o dano, o prejuízo, o desequilíbrio patrimonial, embora em sede de dano exclusivamente moral, o que se tem em mira é a dor psíquica ou o desconforto comportamental da vítima. No entanto, é básico que, se não houver dano ou prejuízo a ser ressarcido, não temos por que falar em responsabilidade civil: simplesmente não há por que responder. 
Responsabilidades Contratual e Extracontratual
Existe uma distinção tradicional entre a responsabilidade contratual, que decorre do inadimplemento de obrigação assumida no contrato, e a responsabilidade extracontratual (delitual ou aquiliana) que deflui da violação de obrigação emanada da lei.
Na realidade, os fundamentos são os mesmos em ambas as hipóteses, como abaixo veremos.
Responsabilidade Contratual: Esta responsabilidade tem desempenhado importante papel para facilitar a prova da culpa do inadimplente.
Entende a doutrina e a jurisprudência que, no caso da obrigação de resultado, assumida por uma das partes, o simples fato de ter ocorrido o inadimplemento importa em presunção de culpa, cabendo ao devedor que não cumpriu a sua obrigação fazer a prova da ocorrência de força maior, caso fortuito, culpa do outro contratante ou outro fato que possa excluir a responsabilidade.
Para tanto, vejamos o arts. 389 e 390 da Lei 10.406 de 2002: 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Responsabilidade Extracontratual:
 Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery identificam as seguintes cláusulas gerais na responsabilidade extracontratual:
“Pode-se dizer que há algumas cláusulas gerais extraídas do sistema jurídico civil para a responsabilidade extracontratual”.
Há o direito de o prejudicado ser indenizado e o dever de o ofensor indenizar quando:
a) a ofensa se der a qualquer direito (patrimonial, material ou imaterial - como o moral, à imagem, da personalidade etc);
b) a ofensa ocorrer em desrespeito a norma de ordem pública imperativa (v.g. abuso de direito – CC, 187); direito protegido por norma imperativa constitucional (penal, administrativa etc);
c) o dano causado for apenas moral;
d) por expressa especificação legal, ou quando a atividade normalmente desenvolvidas pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva – CC, 927 parágrafo único);
e) a ofensa se der por desatendimento não especificados da boa-fé e dos bons costumes”.
Responsabilidades Subjetiva e Objetiva
Examinando-se a atuação do causador do dano, a responsabilidade pode ser subjetiva ou objetiva. 
Responsabilidade Subjetiva:
	Baseada na culpa em sentido lato, culpa ou dolo.
É a análise integral do art. 186 da Lei 10.406 de 2002 que define o ato ilícito:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
A análise deve ser sob a ótica de que o ônus da prova incumbe em que polo da ação se encontra. Há o dever, sempre, de provar (estabelecendo o nexo de causalidade).
Logo, por fim, na responsabilidade subjetiva o ônus da prova é, para a constituição do direito da parte Autora. 
Responsabilidade Objetiva
	Independe de qualquer falha humana (culpa) ou desejo de causar dano (dolo) e decorre de uma simples relação de causalidade (nexo causal).
Tal modalidade desnecessita da prova efetiva para a constituição dos direitos do autor. Flexibilizando assim o descrito no artigo 373 do NCPC acima descrito.
• Entretanto, tal modalidade de apuração não desonera de forma absoluta o dever do autor de constituir a prova, minimamente, do alegado. Conforme o art. 319, VI do NCPC:
• Sedimenta o tema, por amostragem, o seguinte enunciado de súmula do TJRJ:
Enunciado nº. 330 - "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em juízo, notadamente o da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor do ônus de fazer, a seu encargo,prova mínima do fato constitutivo do alegado direito:
No tocante à responsabilidade civil objetiva no CC, temos como principal expoente o art. 927, parágrafo único do CC. Pois tal dispositivo é uma cláusula geral, ou seja, a responsabilidade civil será objetiva por determinação legal ou quando a atividade normalmente desenvolvida implicar em risco. Desta resultando as demais previsões legais.
Então, há casos em que a responsabilidade civil será objetiva porque a natureza da atividade envolve risco. A lei não diz que a responsabilidade civil é objetiva, mas ela permite que o juiz, examinando o caso concreto, conclua que determinada natureza da atividade é de risco e passe a responsabilidade civil a ser objetiva.
Há responsabilidade civil objetiva quando a lei disser e quando, no caso concreto, você concluir que a natureza da atividade desenvolvida envolve risco. Como, por exemplo, quando quem causa o dano o exerce em atividade profissional.

Continue navegando