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Direito Empresarial II
 
Prof. Marcos Rogério
marcoslex@hotmail.com
 
Bibliografia:
Fábio Ulhoa Coelho – Curso de Direito Comercial – Saraiva
Rúbens Requião – Curso de Direito Comercial
Waldo Fazzio Jr – Manual de Direito Empresarial/Comercial – Atlas
Ricardo negrão – 3 Volumes
Amador Paes de Almeida – Sociedades Empresarias - Saraiva
 
 
Teorias Empresariais - Parte Histórica
Ao longo da história tivemos apenas 3 teorias que explicaram, ou justificaram, o Direito Empresarial:
Teoria Subjetiva ou Teoria Corporativa: Teoria que busca privilegiar uma determinada categoria. Na época de sua criação, privilegiava os burgueses organizados em Corporações de Ofício, únicos a serem tratados pelas leis comerciais da época. Permaneceu como orientadora do Direito Empresarial até a Revolução Francesa;
Teoria Objetiva ou Teoria dos Atos de Comércio: surgiu com a Revolução Francesa, por volta de 1806. Possuía uma legislação que beneficiava o comerciante, no entanto, apenas eram considerados comerciantesaqueles que praticavam determinados atos de comércio previstos em lei. Considerada uma teoria artificial. Esta teoria ainda é utilizada atualmente na França. No Código Comercial de 1850, o Brasil também a adotava;
Teoria Subjetiva Moderna ou Teoria da Empresa: Teoria criada na Itália em 1942 por Alberto Asquim. É uma teoria subjetiva, já que atualmente é aceito que determinada categoria tenha privilégios. Apenas utilizada no Brasil após a vigência do Código Civil de 2002. Admite que sejam beneficiadas determinadas classes; ex.: recuperação empresarial, estatuto das micro e pequenas empresas, etc.;
O Código comercial era composto por: Parte Geral (revogada com o advento do Código Civil de 2002), Direito Falimentar (revogado com a lei de falências) e Direito Marítimo (Permanece Vigente); assim, o Código Comercial de 1850 não está completamente revogado;
Embora o Direito Empresarial esteja disposto legalmente no Código Civil, trata-se de ramo autônomo, em razão da ética empresarial, que é completamente diferente de um contrato regido pelo Direito Civil; o fato de parte do Direito Empresarial estar presente no CC não significa que tenha havido unificação deste com o Direito Civil; grande parte do Direito Empresarial é disposta em leis esparsas;
Conceito de empresário: art. 966 do CC; a falta do registro não retira a característica de empresário; empresário é a atividade como um todo, transcendendo da figura do empreendedor; quando a doutrina se refere ao empresário, não está a falar da pessoa natural do empreendedor e sim da atividade econômica desenvolvida pela empresa;
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Características do empresário
Profissionalismo;
Exerce atividade econômica, almejando o lucro; para ser considerado empresário não precisa ter o lucro, mas deve almejá-lo;
Organização dos fatores de produção (mão-de-obra, capital e matéria-prima);
Produção destinada ao mercado / circulação; também são consideradas empresas aquelas que são criadas para fornecimento exclusivo de seus produtos e serviços para outra empresa do grupo empresarial;
Bens (corpóreos ou incorpóreos) ou serviços;
Excluídos do conceito de empresário: art. 966, parágrafo único, do CC; ex.: todas as sociedades de advogados são sociedades simples, registradas nos cartórios de registro de pessoas jurídicas e não na junta comercial; jamais o advogado poderá constituir sociedade empresária no ramo advocatício; razão da exclusão: o legislador não desejava que estas pessoas adquirissem a Ética Empresarial (busca do lucro; potencialização do lucro) para não comprometer o resultado do seu trabalho;
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (ex.: médico que abre muitas clínicas e contrata outros médicos para exercer a atividade profissional, caracterizando uma empresa).
Os proibidos de serem empresários
Disposto em Legislação Especial esparsa; ex.: policiais, juízes, promotores, delegados, padres, rabinos, pastores, etc.;
* tanto os excluídos como os proibidos podem ser sócios ou cotistas de empresas; não podem ser sócios-administradores e nem empresários individuais;
* se o impedido pratica algum ato empresarial, este é totalmente válido, apenas sujeitando o responsável a penalidades administrativas;
Empresa difere de Empresário
Empresário é o sujeito, que pode ser a pessoa natural(empresa individual: possui responsabilidade ilimitada) ou a pessoa coletiva (sociedade empresária, na forma limitada, comandita, etc.);
Empresa é a atividade;
Empresário é quem realiza a empresa;
 
Empresário Individual
Pessoa natural que exerce atividade empresarial em seu nome, nos termos do art. 966 do CC; possui responsabilidade ilimitada;
Requisitos: art. 972 do CC; em sociedades é possível a existência de sócio incapaz, devidamente representado; o incapaz não pode ser o administrador da sociedade empresária; já o empresário individual deve ter capacidade plena; para constituir a sociedade o empresário deve ter capacidade plena; a incapacidade superveniente não retira do incapaz o caráter de sócio;
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
Impedimento: art. 974 do CC; na hipótese de incapacidade posterior pode, com autorização judicial, a empresa dar continuidade através de menor, por exemplo, devidamente representado ou assistido por pessoa capaz;
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
Desafetação de bens do incapaz: a mesma sentença que autorizar a continuidade da empresa individual por pessoa impedida determinará o patrimônio que não será atingido por dívidas da empresa individual (art. 974, § 2º);
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
Eficácia dos atos praticados pelo impedido: art. 973 do CC; todos os atos praticados pela pessoa impedida serão válidos;
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
 
Sociedade entre Cônjuges: art. 977 do CC;
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Preocupação do legislador com o impedimento na hipótese de comunhão universal de bens: evitar que um cônjuge, administrador da sociedade, cometa fraude em relação ao outro, na hipótese de poder alienar bens imóveis pertencentes à sociedade sem a autorização do outro cônjuge;
 
Registro Público de Empresas Mercantis
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
É o registro das sociedades empresárias e das empresas individuais; é realizado na Junta Comercial;
É obrigatório para ser um empresário regular;
Antes do início da atividade: se a pessoa tiver todos os requisitos do art. 966 já será empresário, sendo que o Registro na Junta Comercial apenas o tornará Regular;
O registro na Junta Comercial possui apenas EfeitoDeclaratório;
Exceção: Empresário Rural: neste caso, o registro na Junta Comercial gera o Efeito Constitutivo;
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, casoem que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
 
1. Quais são as espécies de nome empresarial?
São espécies de nome empresarial: Firma Individual ou Razão Individual; Firma Social ou Razão Social; Denominação ou Denominação Social.
 
2. Dê exemplos de nome empresarial utilizado em empresas individuais.
São exemplos de nome empresarial de empresas individuais: José João Moreira; J. J. Moreira; José João Moreira Aviamentos; J. J. Moreira Aviamentos.
 
3. O Código Comercial de 1850 encontra-se revogado? Fundamente sua resposta.
De acordo com o art. 2045 do CC, apenas a Parte Primeira do Código Comercial de 1850 foi revogada pelo novo Diploma Civil. Assim, o Comércio Marítimo, que não foi objeto de revogação nem pelo CC e nem por qualquer outro diploma legal, continua em vigor segundo as disposições do Código Comercial de 1850.
 
4. Quais são os livros empresariais obrigatórios?
O CC prevê, em seu art. 1180, a obrigatoriedade do Livro Diário, além de outros Livros exigidos por lei. Além do Diário, outras leis dispõem sobre a obrigatoriedade de apresentação do Livro de Registro de Duplicatas, do Livro de Registro de Entradas e Saídas de Mercadorias, entre outros. Em formações sociais específicas também há a obrigatoriedade de confecção de Livros Específicos, como na Sociedade por Ações, em que é obrigatória a confecção do Livro de Registro de Ações Nominativas, do Livro de Registro de Ações Endossáveis, entre outros.
 
5. Explique o significado e a função do Sinrem.
O significado de Sinrem é: Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis do Comércio. O Sinrem é formado por dois órgãos, sendo um de nível federal (Departamento Nacional de Registro de Comércio - DNRC) e outro de nível estadual (Juntas Comerciais).
O DNRC é o órgão máximo do sistema de registro; é de nível de federal; e está ligado ao Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior. Esse órgão tem como funções normatizar, disciplinar, supervisionar e fiscalizar o registro de empresas, entre outros. As Juntas Comerciais atuam no nível estadual, tendo como principal função a execução dos atos de registros (matrícula, arquivamento e autenticação), também sendo responsável por fazer os assentamentos dos usos e costumes, dentre outras funções. Em razão de atuar em nível estadual nosso sistema de registro possui 27 Juntas Comerciais, sendo uma para cada estado e mais uma para o Distrito Federal.
 
Sinrem – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
Disposto na Lei 8934/1994;
DNRC – Departamento Nacional de Registro do Comércio: possui sede em Brasília; é órgão federal subordinado ao Ministério da Indústria e Comércio;regula as normas do registro mercantil no Brasil; edita pareceres sobre questões controversas através de Portaria (ex.: admite a sociedade entre marido e mulher casados no regime de comunhão universal de bens com empresas constituídas anteriormente ao CC/2002);
Juntas Comerciais: é um órgão estadual; há 1 em cada Estado da Federação, com sede em cada capital;
* a subordinação das Juntas Comerciais é híbrida: responde tecnicamente ao DNRC e administrativamente ao Governo do Estado a que pertence;
* questões técnicas são sujeitas à competência da Justiça Federal, já que se trata de um Sistema Federal;
 
Atos praticados pela Junta Comercial
Previstos no art. 32 da Lei 8934/1994; apenas: matrícula, arquivamento e autenticação;
Matrícula: matrícula e cancelamento dos leiloeiros, tradutores e interpretes comerciais; regular;
Arquivamento: constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais, sociedades empresariais e cooperativas; a Junta Comercial arquivará o respectivo documento, criando um histórico completo da vida social da empresa;
Autenticação: dos livros empresariais; todo livro empresarial deve ter o carimbo de abertura e de encerramento para que tenha eficácia; a Junta Comercial analisa os seguintes requisitos:
Requisitos extrínsecos: todas as informações do livro devem estar em ordem perfeita;
Requisitos intrínsecos: é a própria autenticação pela Junta Comercial;
Averbação do contrato de trespasse (contrato de venda de estabelecimento empresarial);
Eficácia dos registros na Junta Comercial (art. 36); o documento (ex.: alteração do contrato social) deve ser levado a registro no prazo de 30 dias de sua criação,retroagindo seus efeitos à data de sua assinatura; se levado a registro após 30 dias, não retroage os efeitos, tendo eficácia somente a partir da data do despacho da Junta Comercial que autorizar o arquivamento;
 
Nome Empresarial
Nome Empresarial é diferente de Título de Estabelecimento e diferente de Marca;
Nome empresarial: sua função é identificar o sujeito (coletivo ou individual); é o nome da pessoa jurídica; ex.: Organizações Globex S/A;
Título de Estabelecimento: apelido que é criado para identificar o ponto empresarial; também conhecido como “Nome Fantasia” ou Insígnia; é o nome que consta na fachada da empresa; Ex.: Fag, Bielle, etc.;
Marca: identifica o produto ou serviço; ex.: fanta, kuat, coca-cola, etc.;
Espécies de Nome Empresarial
Denominação: a denominação dependerá do tipo de empresa que se está constituindo; deve trazer um “Elemento Fantasia + o Principal Objeto Social + Tipo Societário (opcional este último)”; ex.: Azul Linhas Aéreas S/A; ex.: Farmácias Estrela Ltda.;
Firma ou Razão: é composta pelo nome dos sócios, de forma total ou abreviada; pode ser:
Social: quando envolve sócios; não precisa descrever o objeto social e não precisa escrever o nome de todos os sócios; pode ter o Tipo Societário ao final; ex.: Pessanha, Linhares e Souza; ex.: Pessanha e Cia;
* a Sociedade Anônima somente pode se utilizar de Denominação; o termo Companhia substitui o termo S/A, mas somente pode ser utilizado no início ou no meio da Denominação; ex.: Companhia Paulista de Seguros ou Paulista Companhia de Seguros;
Individual: firma individual; é composta pelo nome do empresário individual, completo ou abreviado, e, facultativamente, por algo que melhor identifique o estabelecimento empresarial;
Alienação do Nome Empresarial
Nome é elemento personalíssimo, não podendo ser alienado; Marca pode ser alienada: ex.: Magazine Luiza;
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
Contrato de trespasse: neste caso herda-se o Nome Empresarial, já que está a comprar toda a empresa, ou seja, compra-se a personalidade;
Proteção ao nome empresarial: a partir do Registro o Nome Empresarial goza de proteção Estadual, não podendo haver no mesmo Estado outra empresa com o mesmo nome, obedecendo-se ao Princípio da Novidade e Especialidade; a proteção é dentro da mesma Especialidade (em ramos de atividade distintos é possível o mesmo Nome Empresarial);
Se o empresário registrar o Nome Empresarial como Marca gozará de proteção Nacional;
* marcas notórias não são aceitas para registro pela Junta Comercial; ex.: Adidas, Sony, etc.;
 
Escrituração Mercantil
Ato praticado pelo empresário pelo qual ele registra suas operações em Livros Mercantis;
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Livros Empresariais
Obrigatórios: Livro Razão;
Obrigatórios Especiais (apenas alguns tipos de empresários são obrigados a confeccioná-los): ex.: Livro de Emissão de Duplicatas;
Facultativos (servem para organização do empresário): ex.: Registro de Inventário;
Exceções quanto à obrigatoriedade de se manter os Livros Empresariais:
Pequeno empresário é dispensado;
Art. 1179       § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
A micro e a pequena empresa e a empresa de pequeno porte que seja optante pelo Simples Nacional não precisa manter a Escrituração Mercantil; precisa observar o dispostono art. 26, incs. I e II, da Lei Complementar 123/2006 (Estatuto do Pequeno Empresário);
A micro e pequena empresa NÃO optante pelo Simples Nacional precisa manter o Livro Caixa e cumprir os incisos I e II, do art. 26, do Estatuto;
Requisitos da Escrituração Mercantil (validade)
Intrínsecos: seguir uma ordem, uma metodologia; ex.: idioma nacional, moeda nacional, ordem cronológica, etc.;
Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.
Extrínsecos: autenticação dos livros; o empresário poderá valer-se dos livros como prova a seu favor;
* sigilo dos livros
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.
§ 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz.
O sigilo é absoluto; o juiz determina sempre a apresentação de parte dos livros; exceções:
Para a Autoridade Fazendária competente é possível a determinação de apresentação completa dos livros empresariais;
Em caso de falência também é possível a apresentação completa;
Em caso de sucessão empresarial também é possível a apresentação completa;
Em caso de dissolução da sociedade também é possível a apresentação completa;
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.
 
Estabelecimento Empresarial
É o complexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados pelo Empresário para realização de seu objeto social; ex.: ponto empresarial, marcas, móveis, etc.;
* aviamento: é a capacidade de potencialização dos lucrosdo Estabelecimento Empresarial; pode ser:
Objetivo: potencialidade própria do Estabelecimento Empresarial; a organização do Estabelecimento o potencializa para a geração de lucros; ex.: contrato de franquias;
Subjetivo: potencialidade própria do sujeito (individual); a capacidade pessoal do Empresário potencializa a geração de lucros; ex.: Silvio Santos; contrato de know how;
Alienação do Estabelecimento Empresarial
Contrato de Trespasse: contrato de venda ou dearrendamento do Estabelecimento Empresarial;
O contrato de trespasse deve ser averbado à margem do Registro (Junta Comercial); trata-se do 4º Ato da Junta Comercial, que não está na Lei de Registros Públicos e sim no art. 1.144 do CC;
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
Cláusula de não concorrência ou de não restabelecimento: o empresário que vende o estabelecimento fica proibido de restabelecê-lo pelo prazo de 5 anos após a venda; tal cláusula é legal, sendo que mesmo que não inserida no contrato de trespasse é aplicável ao contrato; exceções:
Cláusula expressa no contrato de trespasse autorizando o empresário a ter outro Estabelecimento;
Ramo de atividade diverso;
Área geográfica distinta do Estabelecimento vendido;
Não é admissível prazo de não concorrência superior a 5 anos, de acordo com posicionamento do Cade, por ferir os princípios da livre concorrência e da livre iniciativa (art. 170 da CF);
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
 
Ponto Empresarial
É o local físico onde o Empresário exerce suas atividades empresariais;
Em razão do valor do Ponto e da sua importância para a atividade empresária, a Lei de Locação (Lei 8245/1991) estabelece uma tutela específica à locação não residencial;
O contrato de locação não residencial faz criar para o Empresário o direito ao Ponto Empresarial;
Direito à renovação compulsória do contrato de locação: o art. 51 estabelece os seguintes requisitos:
O contrato de locação deve ser escrito e com prazo determinado;
O prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma ininterrupta de renovações deverá ser de 5 anos; a jurisprudência tem flexibilizado em relação a prazos um pouco inferiores;
O locatário deverá explorar o seu comércio, no mesmo ramo de atividade, ao menos pelo prazo de 3 anos;
Prazo decadencial para propor a ação renovatória: deve ser proposta há 1 ano no máximo e 6 meses no mínimodo término do prazo contratual; se o locatário sucumbiu na ação, terá o prazo de 6 meses para desocupar o imóvel + 1 mês para cada ano que ocupou o imóvel, não podendo ultrapassar 18 meses, contado este prazo do trânsito em julgado da decisão;
Defesas do locador:
Inadimplemento do locatário;
Qualquer inobservância de um dos requisitos do art. 51;
Não atender o valor real do aluguel; quando o contrato de locação estabelece valor muito inferior ao de mercado;
Quando o locador possui proposta real de terceiros em condições melhores; se for fraudulenta a proposta, o locador está sujeito à indenização ao locador;
Art. 52: quando há determinação do Poder Público (na maioria das vezes por desapropriação); quando é necessária a realização de obras indispensáveis;
Quanto o locador pretende utilizar, ele próprio, o imóvel; não pode ser para exercer atividade empresarial do mesmo ramo do locatário;
 
Questões
1) Caio aliena a Mévio um Estabelecimento Empresarial e o respectivo contato é averbado no Registro de Comércio competente. Os credores não foram notificados da alienação, mas Caio possui bens remanescentes suficientes para quitar todas as dívidas relativas à atividade do Estabelecimento vendido. Responda:
a) Mévio responderá pelas dívidas contabilizadas?
Nos termos do art. 1146, do CC, Mévio responderá pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência que estejam devidamente contabilizados.
b) Caio e Mévio são responsáveis solidários por todas as dívidas?
Caio e Mévio serão responsáveis solidários no que diz respeito aos débitos anteriores à transferência que estiverem devidamente contabilizados; nos demais, Caio responderá sozinho, conforme disposição dos arts. 1145 e 1146 do CC.
c) A alienação do Estabelecimento será eficaz perante os credores?
A alienação apenas será eficaz perante os credores se o alienante possuir bens suficientes para solver o débito; do contrário, dependerá do pagamento de todos eles ou de autorização, expressa ou tácita, destes, conforme prevê o art. 1145 do CC.
 
2) A sociedade Max Tintas Ltda. é locatária de um imóvel, onde explora e sempre explorou a atividade de comércio varejista de tintas. Após decorridos 4 anos do contrato de locação, vendeu seu Estabelecimento à Sociedade Tintas Brasil S/A, que continuou operando normalmente. No prazo assinalado pela Lei de Locação, a Sociedade Tintas Brasil S/A moveu ação renovatória, visando a renovação compulsória do contrato de locação em vigor. Considerando que os demais requisitos legais para a renovação compulsória estejam presentes, responda:
a) A Sociedade Tintas Brasil S/A possui legitimidade para propositura da ação? Explique.
Possui, pois será sucessora da locação, conforme previsão do art. 51, § 1º, da Lei de Locações (Lei 8245/1991).
b)A autora já possui direito ao ponto empresarial?
Possui, pois atende a todos os requisitos do art. 51 da Lei de Locações, consignando-se que o entendimento do STJ é de que o tempo do contrato de locação da empresa sucedida soma-se ao tempo da empresa sucessora para fins de direito ao ponto empresarial.
c) A antiga locatária (Max Tintas) já possuía direito à renovação antes do contrato de trespasse?
Não possuía, pois não atendia ao requisito disposto no art. 51, inc. III, da Lei de Locações, uma vez que seu contrato de locação durou apenas 4 anos.
 
Sociedade Empresarial
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.
Crítica doutrinária em relação à definição legal, já que o legislador não se utilizou de boa técnica jurídica para tal; o legislador considerou apenas a sociedade que celebra contrato como sociedade empresária, esquecendo-se da Sociedade Estatutária;
Características
Ajuste de vontades (vontade de contratar): para constituir uma sociedade há necessidade de retirar patrimônio pessoal dos sócios e investi-lo em favor da sociedade em criação; a vontade de contratar deve permanecer durante toda a vida societária, pois deixando de existir, encerra-se a sociedade;
Contratual: se diz contratual conforme nela tenha relações jurídicas Sócio-Sócio e Sócio-Sociedade;
Estatutário: se diz estatutária conforme nela tenha relações juridicamente exclusivas entre Sócio-Sociedade;
* diferenças entre uma Sociedade e outra:
Fração que se divide o capital: será sempre por ações ou por cotas sociais;
Responsabilidade dos sócios: ilimitada ou limitada;
* observar a definição de S/A e de Ltda. (arts. 1088 e 1052, do CC, respectivamente);
Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
Capital Social
É o somatório das parcelas afetadas no patrimônio dos Sócios, vertidas à Sociedade a fim de ser garantia dos credores e o numerário necessário ao desenvolvimento da Sociedade;
Capital Subscrito: representa a promessa jurídica de aquisição e pagamento de cotas ou ações;
Capital Realizado: é o capital já pago, já vertido à sociedade empresária;
Capital Integralizado: é aquele 100% Realizado;
* todos os sócios são devedores solidários no que faltar para integralizar de capital; mesmo que o sócio já tenha integralizado todo o seu capital subscrito, será devedor solidário em relação ao que os demais sócios não tiverem integralizado; há possibilidade de executar diretamente a pessoa dos sócios em relação ao capital não integralizado; a sociedade empresária também pode demandar em face do sócio subscritor visando sua exclusão da sociedade;
Obrigação de 2 ou mais pessoas – pluralidade de sócios
As Sociedades Empresárias brasileiras são compostas por, no mínimo, 2 pessoas;
Exceção 1: a Subsidiária Integral (art. 251 da Lei das S/A), que é uma sociedade unipessoal; ocorre quando todas as ações de uma S/A pertencem a uma única pessoa jurídica; ex.: Tim S/A (composta por todo o quadro societário) constitui uma Subsidiária Integral na Bahia (que terá como única proprietária a Tim S/A); trata-se de uma facilitação escritural;
Exceção 2: redução a um único Sócio: uma sociedade empresária pode existir com um único sócio pelo prazo máximo de 180 dias; ocorre, por exemplo, quando, numa sociedade limitada de 2 sócios, 1 destes vier a falecer; neste caso, a sociedade poderia ser convertida em sociedade individual ou admitir algum novo sócio;
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: [...]
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
Quando se trata de S/A (art. 206, I, da Lei 6404/1976): se verificada em uma Assembleia Geral Ordinária (AGO) que existe apenas um acionista, terá tal sociedade prazo até a próxima AGO para que reconstitua o quadro societário com mais algum acionista; não se trata de prazo de 12 meses, trata-se do prazo de uma AGO até outra;
Necessidade de todos os sócios colaborarem com esforços ou recursos
Sociedades Empresárias: somente podem ter sócios que contribuam com bens suscetíveis de avaliação (ex.: dinheiro, imóveis, veículos, etc.);
Sociedades Simples (não empresárias; ex.: sociedade de advogados, contadores, médicos, etc.): admitem a contribuição dos sócios com bens ou serviços; nas sociedades simples a responsabilidade é ilimitada;
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:[...]
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
A busca de um fim comum
Todos os sócios devem ter como objetivo um mesmo objeto social; constituem um empreendimento comum; quebrando-se o fim comum, desconstitui-se a sociedade, com o recebimento dos haveres pelo sócio que sai da sociedade (ação de apuração de haveres);
Partilha dos resultados: toda sociedade empresária deve partilhar os resultados, não podendo ser excluído nenhum sócio de tal partilha; qualquer cláusula contratual que exclua algum sócio dos resultados Positivos ou Negativos é inválida; os resultados podem ser Nulos, Positivos ou Negativos;
Classificação das Sociedades
Quanto à responsabilidade dos sócios:
* a responsabilidade da sociedade é sem limitação, já que tem personalidade jurídica própria, distinta das dos sócios; as dívidas da sociedade empresária são sempre ilimitadas, até o limite de seu crédito no mercado;
Limitada: quando se trata de Sociedade Limitada ouS/A, todos os sócios possuem uma pré-fixação de participação nos prejuízos, que é o que cada um contribuiu para a instituição da sociedade;
Ilimitada: quando os sócios respondem ilimitadamente em relação às dívidas da sociedade; a responsabilidade dos sócios é subsidiária; ocorre nos seguintes tipos de sociedade:
Sociedade em nome coletivo: quando todos os sócios fornecem o nome à Sociedade; todos assinam pela sociedade; todos respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade; tipo de sociedade não tão comum na atualidade;
Sociedade de fato: quando falta alguma regularidade documental na sociedade; é nula por qualquer fundamento ou verbal; ex.: casa de exploração da prostituição, sociedade de incapazes, etc.;
Sociedade em comum: possui toda aptidão para ser regular, mas lhe falta o Registro; é uma sociedade irregular, respondendo todos os seus sócios ilimitadamente pelas dívidas da sociedade;
* nestes tipos de sociedade a responsabilidade dos sócios é subsidiária, porém solidária e ilimitada;
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
* quando o sócio sai da sociedade, é seu interesse levar a Registro a alteração contratual, de forma a não mais responder pelas dívidas desta;
Mistas: quando existem sócios com responsabilidade limitada e outros com responsabilidade ilimitada;
Sociedade em comandita simples: quanto tem sócios investidores (sócios comanditários, que respondem limitadamente) e sócios administradores (sócios comanditados, que respondem ilimitadamente);Sociedade em comandita por ações;
Sociedade em conta de participação;
Quanto à Estrutura Econômica
Sociedades de Capital: sócios se reúnem por uma questão puramente financeira/econômica;
Sociedades de Pessoas: possui um intuito personalíssimo entre os sócios;
Híbrida: sociedades que podem se caracterizar como sociedade de pessoas ou de capital; ex.: Limitada / Contrato Social
Questão
1) Sociedade empresária de pessoas composta dos sócios “A”, “B”, “C” e “D”.
O Sócio “D”, pré-morto, deixa 3 filhos, todos capazes.
O Contrato Social não estabelece qualquer regra a respeito do assunto.
Os sócios não aceitam os herdeiros como novos sócios.
Como advogado da Sociedade Empresária, apresente a solução ao cliente.
R.: O fato de os sócios remanescentes não aceitarem os herdeiros do sócio “D” como novos sócios impede que a sucessão das quotas sociais ocorra, eis que uma das características da sociedade empresária é o Ajuste de Vontades entre as partes. Assim, não havendo vontade de contratar por parte dos sócios remanescentes em relação aos herdeiros do sócio “D”, impossível a inserção destes na sociedade.
As quotas do sócio falecido liquidar-se-ão, de acordo com o previsto no art. 1.028 do CC, eis que o Contrato Social nada dispõe a respeito da sucessão de quotas sociais de sócio falecido (inc. I), os sócios remanescentes continuarão com a sociedade (inc. II) e não aceitam a entrada dos herdeiros do falecido como sócios (inc. III).
Assim, a solução ao caso pode ser dada, segundo a disposição do art. 1.031 do CC, com a apuração dos haveres da sociedade e destinação aos herdeiros do sócio “D” da parte que lhes compete da sociedade, em dinheiro (§ 2º). Tal procedimento pode ocorrer extrajudicialmente, havendo acordo entre os sócios remanescentes e herdeiros do sócio “D”, ou judicialmente, não havendo o acordo, situação em que deverá ser proposta ação de apuração de haveres.
Consigne-se que a deliberação acerca da aceitação ou não dos herdeiros do sócio falecido como novos sócios deverá ocorrer por meio de assembleia geral societária, por votação, em que apenas os sócios remanescentes possuem direito de voto. A ata resultante desta assembleia deverá ser levada a arquivamento junto ao Contrato Social, na Junta Comercial.
 
Questão
1) Francisco Ferreira dos Santos, empresário individual, exercia atividade organizada ligada ao transporte de coisas, utilizando-se, para tanto, de uma Kombi, imprescindível para o exercício de sua atividade.
Em razão de situação econômica deficitária, inadimpliu obrigação tributária referente a débitos de ICMS.
O juiz determinou a penhora do veículo do executado para satisfação do crédito da Fazenda Pública do Estado.
O executado, em embargos, alega a impenhorabilidade do bem.
Os embargos opostos merecem provimento? Responda justificadamente.
R. O empresário individual possui responsabilidade ilimitada pelas dívidas contraídas no exercício de sua atividade. Porém, na situação enunciada, é possível argüir a impenhorabilidade do veículo em questão, já que se trata de bem imprescindível à continuidade do empreendimento.
De acordo com o que dispõe o art. 649, inc. V, do CPC, são absolutamente impenhoráveis, além de outros, as máquinas, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão.
A jurisprudência pátria entende que há confusão entre o exercício da empresa individual e o da profissão do empresário.
Assim, considerando que o empresário individual exerce, por meio de sua empresa, profissão, é beneficiado com a regra legal da impenhorabilidade prevista no dispositivo legal supracitado.
Dessa forma, devem ser providos seus embargos, o que permitirá a continuidade de seu empreendimento, conformando-se tal decisão com os princípios norteadores do desenvolvimento social e econômico, da continuidade negocial e da preservação da empresa.
 
2) O incapaz pode ser empresário? Justifique.
Esta questão deve ser respondida considerando algumas circunstâncias especiais, conforme segue:
a) De acordo com o que dispõe o art. 972 do CC, o exercício da atividade empresária requer capacidade civil plena do empresário. Assim, não pode o incapaz constituir empresa;
b) A participação do incapaz como sócio de empresa, devidamente representado ou assistido, é possível, desde que não seja o administrador da sociedade empresária;
c) Quando se trata de empresa individual, o empresário deve ter capacidade plena;
d) Por fim, quando a incapacidade for superveniente à constituição da empresa, poderá o incapaz continuar o empreendimento, por meio de representante ou devidamente assistido (art. 974 do CC).
 
2º BIMESTRE
 
Sociedade Simples
Referência legal: arts. 997 a 1038 do CC;
Sociedade Simples não é empresária, mas é o modelo para todas as outras formas de Sociedade Contratual (exceção: S/A e Comandita por Ações);
Exercem Sociedade Simples aqueles previstos no Parágrafo único do art. 966 do CC;
Sociedade Simples é o tipo social específico para atividade diversa das classificadas Empresárias;
Registro: deverá ocorrer em até 30 dias do início de suas atividades no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas para retroagir os efeitos à data de assinatura do contrato; obs.: não é na Junta Comercial;
Filiais: é possível; deve ser registrado o ato de constituição da sociedade em cada cidade onde terá filial;
Participação do sócio de indústria (sócio que contribui apenas com a prestação de serviços): admite este tipo de sócio; salvo autorização expressa, o sócio de indústria não poderá exercer sua atividade concomitante com outra (art. 1006 do CC);
Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído.
Administração da Sociedade Simples: poderá ser administrada pelos próprios sócios, em conjunto ou separadamente, ou por terceiros; se o administrador extrapolar o poder em seus atos de gestão, poderá responder civilmente;
Responsabilidade: todos os sócios respondem solidariamente pelo saldo das obrigações sociais não adimplidas, de acordo com o percentual que detém da sociedade; a responsabilidade é ilimitada até o percentual das quotas de cada sócio, porém subsidiária; nada impede que a Sociedade Simples se organize em seu Contrato Social com cláusula de responsabilidade solidária ilimitada em relação a 100% da dívida inadimplida;
Falecimento de um dos sócios: sua quota será liquidada, exceto se o contrato dispuser de forma contrária;
Organização da Sociedade Simples: poderá constituir-se em conformidade com qualquer dos tipos societários, salvo S/A ou Comandita por Ações (art. 982, Parágrafo único, CC);
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Contrato Social:
Natureza jurídica: contrato plurilateral (relações sócio-sócio, sócio-sociedade e sociedade-terceiros);
Requisitos: art. 997 do CC
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
* a qualificação serve para se verificar a capacidade e impedimento de ser empresário;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
* o termo Denominação deveria ser Nome Empresarial;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente,pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.
Em regra geral, na Sociedade Simples, exige-se a unanimidade dos sócios para que possa ser realizadaalteração do contrato social;
Todas as alterações do contrato social devem ser averbadas na Junta Comercial;
Se a contribuição for em bens imóveis, o sócio que contribuiu de tal forma responde pela evicção;
Se a integralização se der em prestação de serviços, deverá observar as regras do art. 1006 do CC;
Os sócios ficam obrigados quanto à forma e aos prazos previstos no Contrato para integralização;
O sócio que deixa de integralizar seu capital é considerado um sócio remisso, correndo risco de ser excluído da sociedade; a demanda judicial para exclusão do sócio deve ser promovida pela sociedade; as quotas que pertenciam ao sócio excluído podem ser reduzidas do capital social ou podem ser incorporadas pelos demais sócios;
 
Sociedades Não Personificadas
Principal característica: responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios, subsidiariamente;
Podem ser empresárias ou simples;
Sociedade em Comum
Referência legal: arts. 986 e 990 do CC;
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
Definição: trata-se de sociedade que, tendo ou não ato constitutivo escrito, não o levaram a registro e, consequentemente, não adquiriram a personalidade jurídica;
Sociedade Efetivamente em Comum é aquela em formação, que possui contrato escrito e está preparando o registro;
≠ Da Sociedade de Fato: é aquela que está exercendo sua atividade sem o contrato escrito e sem qualquer indício de que seus sócios estão tomando providências para regularização; ex.: camelô;
≠ Da Sociedade Irregular: é a sociedade que apresenta irregularidade superveniente ao registro; ex.: mudança do objeto social da sociedade ou alteração societária não levada a arquivamento na Junta Comercial;
As diferenciações acima são apenas doutrinárias, sem implicação distinta juridicamente;
Enunciado nº 383 do CJF
Art. 997: A falta de registro do contrato social (irregularidade originária – art. 998) ou de alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente – art. 999, parágrafo único) conduz à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 986).
Não há autonomia patrimonial nas sociedades em comum, já que lhes falta o registro;
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.
Toda a estrutura da sociedade em comum é considerada patrimônio especial que pertence aos sócios em condomínio;
A responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada, porém, subsidiária, de acordo com o art. 990 do CC;primeiramente devem ser esgotados os bens pertencentes ao patrimônio especial da sociedade;
Sociedade em Conta de Participação
Tecnicamente não é sociedade, é um contrato existente entre uma sociedade e alguma pessoa que não aparece socialmente;
Trata-se de Sociedade Secreta; na verdade, trata-se de um contrato especial de investimento e não de sociedade empresária; o sócio investidor é um Participante;
Não possui nome empresarial;
Não possui personalidade jurídica, já que não é levado a registro; mesmo levado a registro não adquire personalidade jurídica;
Categoria de sócios:
Ostensivo: atividade do objeto é executada pelo sócio ostensivo; responde sozinho pelas obrigações;
Participante: trata-se de uma sociedade que só existe internamente; perante terceiros só existe o sócio ostensivo; os sócios participantes não aparecem nas relações com terceiros, apenas participam dos resultados;
Responsabilidade dos sócios:
Apenas respondem os sócios ostensivos, ilimitadamente;
O sócio participante responde com o montante que aplicou na sociedade;
O sócio participante também responde se suaparticipação for “ostensiva” (participação ativa na vida empresária);
Constituição:
Sem qualquer formalidade; aceita todo tipo de prova;
Possui efeitos apenas em relação aos sócios;
Novo sócio: pode ocorrer com a permissão do contrato e concordância expressa dos demais, de forma unânime;
Falência do sócio ostensivo: ocorre a dissolução da sociedade e liquidação da respectiva cota; a falência do sócio participante não resulta na dissolução da sociedade;
 
Sociedade em Nome Coletivo
Trata-se do mais antigo tipo societário;
Responsabilidade ilimitada de todo os sócios, sendo que todos eles dão nome à sociedade empresária e a administram, resultando daí a inviabilidade de tal tipo societário;
A responsabilidade dos sócios é subsidiária à da sociedade;
Somente pessoas naturais podem ser sócias deste tipo de sociedade;
Sem prejuízo perante terceiros, os sócios podem, por unanimidade e em convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade; o terceiro que tem créditos perante a sociedade sempre levará em consideração a responsabilidade ilimitada de cada sócio; o que permite o recurso da limitação de responsabilidade é o regresso do sócio que pagou o terceiro em relação aos outros sócios, de acordo com a limitação firmada na sociedade;
Trata-se de sociedade contratual (somente pode existir por meio de um contrato social e jamais por um estatuto); rege-se subsidiariamente pelas regras da sociedade simples; cláusulas gerais do art. 997 do CC;
Nome Empresarial: Firma ou Razão Social; jamais pode utilizar Denominação;
Não se admite a participação de incapazes, já que a responsabilidade é ilimitada;
Administração: compete apenas aos sócios;
 
Sociedade em Comandita Simples
Trata-se de sociedade em que há 2 categorias de sócios: Comanditados e Comanditários; surgiu na época das grandes navegações, quando os grandes comerciantes eram financiados pela Coroa, compravam mercadorias e saíam para navegação, sendo que muitas vezes naufragavam (a Coroa possuía responsabilidade limitada e os comerciantes possuíam responsabilidade ilimitada);
Sócios Comanditados (<<< são coitados – responsabilidade ilimitada >>>):
Possuem responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais
Somente estes sócios podem administrar a sociedade; por procuração podem autorizar o sócio Comanditário a realizar atos específicos;
Essa categoria de sócio dá nome à sociedade, que só poderá utilizar-se de Razão Social;
Sócios Comanditários (<<< não são otários – responsabilidade limitada >>>):
Possuem responsabilidade limitada;
Não podem participar do Nome Empresarial;
Não pode haver cláusula específica em contrato social para inibir o Sócio Comanditário de receber lucros;
 
Sociedade Limitada
Referência legal: Código Civil;
Utiliza-se, subsidiariamente, o modelo da Sociedade Simples; *** uma Sociedade Simples pode utilizar-se de um modelo empresarial, a exemplo o da Sociedade Limitada;
Definição: Sociedade Empresária cujo capital é dividido em quotas e a Responsabilidade dos sócios é Limitada ao valor subscrito e integralizado; o valor transferido pelo sócio à sociedade é a pré-fixação de sua responsabilidade;
Nome Empresarial: este tipo de sociedade pode utilizar os dois tipos de nome empresarial;
Firma ou Razão Social: nome dos sócios + Ltda. ou nome de um sócio e Cia. Ltda.;
Denominação: elemento fantasia + principal objeto social + Ltda.;
Responsabilidade dos Sócios: todos os sócios de uma Sociedade Empresária Limitada possuem Responsabilidade Limitada às suas quotas;
Administração da Sociedade: somente pessoa natural pode ser o Administrador; qualquer dos sócios, maiores e capazes, pode ser o Administrador da Sociedade; o CC também autoriza que pessoa estranha à sociedade seja o Administrador, com nomeação e atribuição de poderes no própriocontrato social ou em instrumento apartado (este documento deve ser levado a arquivamento na Junta Comercial);
Poderá ser caracterizada como Sociedade de Capital ou Sociedade de Pessoas; a leitura do contrato social é o que dará tal caracterização, de acordo com a admissão ou não de sócios estranhos ao quadro societário; quando há admissão de comercialização indiscriminada das quotas sociais, caracteriza-se a Sociedade de Capital; Sociedade de Pessoas, em regra, dificultam a entrada de pessoas estranhas no quadro social;
Sócios integrantes:
Pessoa jurídica (holding) e pessoa natural;
Menores, mas não podem ser Administradores;
Impedidos e excluídos, mas não podem ser Administradores;
Sociedade contratual: a Sociedade Limitada somente pode existir por meio contratual, ou por instrumento particular ou por escritura pública (art. 997); o contrato social e alterações devem ser arquivados na Junta Comercial;
Na Sociedade Limitada a contribuição dos sócios ou é por meio de bens ou de dinheiro; não é admitido sócio que contribua apenas com serviços;
A responsabilidade dos sócios é Limitada; poderá ocorrer a Solidariedade pelo que faltar para integralizar do capital social;
Aumento de capital social: poderá ocorrer, desde que todas as quotas estejam integralizadas; em caso de aumento de capital social os sócios já integrantes da sociedade têm preferência na aquisição de tais quotas;
Indivisibilidade das quotas é a regra; exceção: em situação de transferência em herança, quando o contrato social não tiver disposição diversa, os herdeiros deverão ser representados apenas por um representante;
Cessão de quotas: deverá estar disciplinada no Contrato Social; em caso de omissão: poderá ceder, desde que não ocorra a oposição de 25% do capital social; aquele que alienou as quotas e saiu da sociedade poderá estabelecer negócio em concorrência, se não prevista cláusula de não restabelecimento no contrato social;
Administrador estranho ao quadro societário: quórum; quando o capital social não estiver totalmente integralizado, precisa de unanimidade dos sócios para aceitação de administrador estranho; quando o capital social estiver totalmente integralizado, o quórum de aceitação do administrador será de 2/3 do capital social;
O Administrador poderá ser destituído por 2/3 representativos do capital social;
Órgãos sociais da Limitada:
Conselho fiscal: poderá ser instituído um Conselho Fiscal, composto por, no mínimo, 3 membros e suplentes, sócios ou não, eleitos pela Assembleia;
Assembleia: é o órgão de cúpula (somente pode ter como participantes os sócios ou advogados representantes constituídos) e de deliberação máxima (apenas este órgão pode deliberar sobre alteração no contrato social); as deliberações sociais podem ser tomadas em Reunião ou Assembleia (mais que 10 sócios deve ser Assembleia); o art. 1071 do CC estabelece um rol, não taxativo, de atos que necessitam da Assembleia;
Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato:
I - a aprovação das contas da administração;
II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III - a destituição dos administradores;
IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V - a modificação do contrato social;
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII - o pedido de concordata.
Dissolução da sociedade Limitada:
Poderá ser dissolvida por falta de pluralidade de sócios, após 180 dias;
Em caso de Sociedade de Propósito Específico (constituída para funcionamento apenas por determinado prazo e realização de determinada atividade; ex.: sociedade para construção de um prédio de apartamentos, que será dissolvida após a venda do último apartamento), vencido o prazo, dissolve-se a sociedade;
Em caso de decisão judicial, como na hipótese de falência;
Exclusão de sócio:
* exclusão de sócio falido: trata-se de sócio pessoa jurídica; sócio que está em recuperação judicial não pode ser excluído, por entendimento jurisprudencial;
Art. 1028 do CC: no caso de morte do sócio, em regra,ocorrerá a liquidação da sua quota social (apuração de haveres), em favor de seus herdeiros;
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:
I - se o contrato dispuser diferentemente;
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.
Art. 1029 do CC: direito de retirada do sócio;
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
Art. 1077 do CC: direito do sócio retirada – modificação societária;
Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031.
 
Questões
1) Com a aproximação do verão, Carlos Caveirinha, Manuel Boa Onda e João Pranchão, pretendem constituir uma sociedade para atuar com vendas de pranchas de surf. Manuel Boa Onda não tem dinheiro nem bens para investir na sociedade e pretende contribuir com seu trabalho. Esta solução é possível? como atender ao desejo de Manuel? em caso negativo, justifique.
A única forma societária que admite a participação de sócio que não contribua com bens ou serviços, o chamado sócio de indústria, é a Sociedade Simples, que não é empresária.
Assim, não é possível a constituição da empresa nos moldes descritos no enunciado, já que suas características são de Sociedade Empresária, em que todos os sócios devem contribuir com bens ou dinheiro.
Fundamenta a afirmação supra o disposto no art. 1.055, § 2º, do Código Civil.
 
2) Acerca das sociedades limitadas responda: a) qual o tipo de nome empresarial que poderá ser adotado? b) quem poderá administrar a sociedade limitada? c) como os sócios podem contribuir para a integralização do capital social?
a) A sociedade Limitada poderá se utilizar da Firma ou Denominação, nos termos do art. 997, inc. I, do CC, uma vez que o capítulo que trata dela é omisso nesse quesito;
b) A sociedade Limitada pode ser administrada por um ou mais sócios ou por terceiros não sócios, nos termos dos arts. 1.060 e 1.061 do CC, podendo ser designado pelo contrato ou ato separado, desde que devidamente registrado (art. 1.062 do CC). Para a função o indicado deverá ser pessoa natural e capaz;
c) Nos termos do art. 1.055, § 2º, do CC, os sócios apenas poderão contribuir para a integralização do capital por bens ou capital, respondendo todos os sócios solidariamente pelo capital não integralizado.
 
3) Acerca da Eireli, responda: a) qual o valor mínimo do capital social? b) quem poderá integrar uma Eireli? c) qual o nome empresarial utilizado pela Eireli?
 
 
Eireli – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
Previsão: Lei 12441/2011, que instituiu o art. 980-A no CC; art. 44, inc. VI, e 1033, parágrafo único, do CC;
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessamodalidade. 
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.
A utilização do termo “empresa” na redação do dispositivo foi equivocada, já que já diferença entre os conceitos de empresa, empresário e sociedade individual;
Exigência de capital mínimo: igual ou superior a 100 vezes o valor do maior salário mínimo nacional; tal exigência restringe em muito a criação de empresas deste tipo; foi ajuizada a ADI 4637 pleiteando a declaração de inconstitucionalidade deste dispositivo, uma vez que não há exigência de capital mínimo para criação de qualquer outro tipo de sociedade no Brasil;
Novo tipo de pessoa jurídica: o legislador criou um novo tipo de pessoa jurídica (art. 44, inc. VI, CC); a natureza jurídica de Eireli é de ente jurídico personificado;
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: [...]
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Nome empresarial: pode utilizar Firma ou Denominação, acrescida da expressão Eireli;
Enunciados do CJF, V Jornada, relativos à Eireli:
468: a Eireli somente poderá ser constituída por pessoa natural;
Art. 980-A: A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural.
469: não se trata de sociedade e sim de novo ente jurídico personificado;
Arts. 44 e 980-A: A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado.
470: o patrimônio da Eireli responderá pelas dívidas da pessoa jurídica;
Art. 980-A: O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica.
471: os atos da Eireli devem ser arquivados no registrocompetente (Junta Comercial); a falta de registro constitui irregularidade superveniente, acarretando a responsabilidade ilimitada do empreendedor;
Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente.
472: inadequada a expressão social para referir-se à Eireli;
Art. 980-A: É inadequada a utilização da expressão “social” para as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Há proibição da pessoa natural para figurar em mais de uma Eireli; há crítica doutrinária em relação a esta limitação legal;
Há aplicação subsidiária das normas da Sociedade Limitada à Eireli;
A Eireli poderá decorrer de modificação social; ex.: na hipótese de falecimento do sócio, o remanescente poderá modificar o tipo para Eireli;
 
Sociedade por Ações= SA(PROVA 5 QUESTÕES)
Parte histórica:
Parte da doutrina entende que sua origem data de 1409, em Gênova, na Itália, com a criação da instituição financeira Casa de São Jorge;
De forma pacífica, a doutrina entende que, entre 1600 e 1609, nas Companhias das Índias Orientais e Ocidentais, as S/As se concretizam, com a idéia de fracionamento de investimentos;
No Brasil, a primeira S/A foi o Banco do Brasil, constituído em 1808, com autorização de D. João VI;
Referência legal: Lei 6404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas);
Características das S/As
Sociedade de Capital: para este tipo de sociedade, o que interessa é o investimento; há impessoalidade entre os acionistas;
Empresária: sempre será uma Sociedade Empresária;sempre será registrada na Junta Comercial;
Pluralidade de Acionistas: no mínimo deve haver ao menos 2 acionistas para constituir uma Sociedade Anônima; a Subsidiária Integral pode ser constituída por apenas uma S/A;
* para início, deve ter, ao menos, 2 acionistas;
Definição
Sociedade Estatutária com finalidade exclusivamente mercantil, cujo capital tem sua divisão por meio de Ações, que delimitam a responsabilidade de seus sócios;
Assembleia inaugural
Se faz necessária a estipulação de um empreendimento, a ser apresentado por seu Acionista Controlador, em uma Assembleia Inaugural, a pessoas que potencialmente podem aderir ao seu projeto;
Forma de adesão: subscrição de ações; quem aderir à sociedade será considerado Acionista Fundador;
Nessa mesma assembleia será apresentada a proposta de Estatuto;
Aprovado o Estatuto, é enviado para arquivamento na Junta Comercial, quando a S/A adquire personalidade jurídica;
Nome Empresarial
Somente Denominação + a expressão “Sociedade Anônima” ou “Companhia”, por extenso ou abreviada, NO INÍCIO OU NO MEIO, JAMAIS NO FINAL;PROVA
Poderá homenagear um acionista fundador; ex.: Andrade e Gutierrez S/A;
Integralização
Em bens de mercado ou dinheiro;
Ao menos 10% do valor total da Sociedade devem ser depositados no Banco do Brasil ou outro banco indicado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários);PROVA
Capital Social: a realização das ações poderá variar de acordo com o previsto no Estatuto;
Capital Social Fechado: quando as ações são negociadas de forma restrita ENTRE ACIONISTAS ou apenas a pessoas autorizadas pelos Acionistas;
Capital Social Aberto: quando as ações são negociadas no Mercado de Valores Mobiliários;
Constituição
Art. 82 da Lei 6404/1976: a subscrição pública depende de registro na CVM;
Art. 88 da Lei 6404/1976: a subscrição particular não precisa de registro na CVM;
* constituição pode ser por capital público ou capital privado;
* quanto à classificação, a companhia é de capital aberto ou fechado;
* aquisição de personalidade jurídica: registro na Junta Comercial (art. 94);
Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira.
§ 1o O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com:
a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento;
b) o projeto do estatuto social;
c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária.
§ 2o A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegálo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores.
Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazerse por deliberação dos subscritores em assembleiageral ou por escritura pública, considerandose fundadores todos os subscritores.
§ 1o Se a forma escolhida for a de assembleiageral, observarseá o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entregues à assembleia o projeto do estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações.
§ 2o Preferida a escritura pública, será ela assinada por todos os subscritores, e conterá:
a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85;
b) o estatuto da companhia;
c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas;
d) a transcrição do recibo do depósito referido no no III do artigo 80;
e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso tenha havido subscrição do capital social em bens (artigo 8o);
f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos fiscais.
Ações
Ordinárias: são aquelas que normalmente conferem a seus detentoreso direito a voto em Assembleia;
Preferenciais: confere a seus detentores a prioridade na distribuição dos dividendos e no reembolso do capital; não poderá ultrapassar 50% do total de ações;normalmente não dão direito a voto; na hipótese de liquidação da sociedade, as ações preferenciais terão prioridade de reembolso;
De fruição ou de gozo: conferem direitos a seus titulares, sem representar participação no capital social;
Papéis para captação de recursos
Partes beneficiárias: conferem aos seus titulares, por meio de títulos nominativos não superiores ao período de 10 anos, o direito de se beneficiar da distribuição dos lucros na Companhia de Capital Fechado sem representar direito de participação no patrimônio;PROVA
Debêntures: são títulos que conferem a seus titulares direito de crédito nominal contra eles, nas condições constantes na escritura; podem conter pagamento de juros, participação nos lucros, prêmio de reembolso, conversibilidade em ações; PROVA
Bônus de subscrição: certificado negociável que pode ser alienado ou distribuído gratuitamente; confere direito de preferência na subscrição de novas ações quando do aumento do capital social; PROVA
Órgãos sociais
Assembleia Geral dos Acionistas: trata-se de órgão de cúpula e deliberação máxima;
Assembleia Geral Ordinária – AGO: objeto disposto no art. 132 da Lei das S/As; ocorrerá uma única AGO por exercício fiscal; época certa para ocorrência: nos 4 meses seguintes ao término do exercício social;
Art. 132. Anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver uma assembleiageral para:
I – tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras;
II – deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos;
III – eleger os administradores e os membros do Conselho Fiscal, quando for o caso;
IV – aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167).
Assembleia Geral Extraordinária – AGE: haverá quantas se fizer necessário; poderá ocorrer em qualquer época; objeto: residual (o que não estiver contido no art. 132; ex.: fusão, incorporação, cisão, etc.;);
Diretoria
É o Órgão de representação da Companhia, ativa ou passivamente, judicial ou extrajudicialmente;
Somente pessoa natural e residente no Brasil; não é necessário ser acionista para ser diretor;
Poderá ser estrangeiro, mas deverá ter residência e domicílio no Brasil;
Mínimo de 2 diretores por Companhia, com mandato fixado no estatuto e não superior a 3 anos, admitidas sucessivas e ilimitadas reeleições;
Conselho de Administração
É um órgão meramente deliberativo; é implantado pela Diretoria;
É um órgão facultativo, salvo as seguintes exceções, em que é obrigatória a sua instituição: sociedades de economia mista, companhias que tem capital negociado em bolsas e companhia de capital autorizado (aquelas em que o estatuto já prevê, em seu bojo, o aumento do capital social);
Para ser Conselheiro, em regra, deve ser acionista; a Lei de S/A prevê uma exceção, quando diz que o representante dos empregados pode ser Conselheiro (art. 140, parágrafo único);
É composto de, no mínimo, 3 membros, com mandato de 3 anos, podendo ser reeleitos sucessivamente de forma indefinida;
Conselho Fiscal
Não é órgão de instituição obrigatória, mas deve constar no estatuto; em outras palavras, é de existência obrigatória, mas de instituição facultativa (arts. 161 a 163);
 
Desconsideração da Personalidade Jurídica
Em regra, está prevista no art. 50 do CC; tal artigo contempla a Teoria Maior da Desconsideração da Personalidade Jurídica;
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
A Teoria Maior requer maiores requisitos para que se defira a desconsideração;
Pela Teoria Maior, quem requer a desconsideração deve demonstrar a existência do abuso da personalidade jurídica ou a confusão patrimonial;
Teoria Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica: justifica sua aplicação com o mero inadimplemento da obrigação;
É prevista no CDC (em relação de consumo, basta o inadimplemento para que se defira a desconsideração) e na Lei Antitruste (lei que regulamenta a concorrência desleal no Brasil);
* quando se trata de dívida trabalhista, executa-se diretamente o patrimônio da pessoa jurídica e também dos sócios; assim, nem se trata de caso de desconsideração da personalidade jurídica;
Desconsideração inversa da personalidade jurídica: trata-se de construção doutrinária e jurisprudencial, sem previsão legal; é a hipótese em que se desconsidera a personalidade da pessoa física para atingir a pessoa jurídica de que esta é sócia; é análoga à Teoria Maior, devendo o interessado comprovar os requisitos para que se defira a desconsideração;
 
*** estudar para prova: exclusão de sócios:
Judicial;
Extrajudicial: assembleia em que os sócios deliberarão sobre a exclusão; requisito obrigatório: deve haver previsão da exclusão no contrato social; o pagamento das cotas ao sócio excluído deve ser realizado de acordo com um balanço especial para tal finalidade; não havendo previsão no contrato social, o prazo para pagamento é de 90 dias;

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