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3. A RESPONSABILIDADE CIVIL NO BRASIL A responsabilidade civil por ilícitos cometidos pelos membros da sociedade durante os primeiros tempos da colonização brasileira, ou seja, no período em que o Brasil constituía colônia de Portugal, era regida pelos dispositivos das Ordenações Afonsinas, sendo posteriormente regida pelas Ordenações Manuelinas (1.521) e em sequencia pelas Ordenações Filipinas (1.603). Certos dispositivos das Ordenações Filipinas continuaram a viger mesmo depois de declarada a Independência do Brasil. Entre estes dispositivos, verificava-se a presença daqueles referentes à responsabilidade civil. No dia 1° de janeiro de 1.916, foi introduzido no ordenamento jurídico pátrio a Lei 3.071, o Código Civil Brasileiro, que regulava o instituto da responsabilidade civil em seus artigos 159, 160, 1.521 a 1.532 e 1.542 a 1.553. Esta lei, arquitetada pelo renomado jurista Clóvis Bevilaqua, traduzia os avanços verificados à época, pouco depois de declarada a Independência do Brasil. Segundo este novo diploma legal, fica estabelecida a responsabilidade subjetiva como regra geral, sem prejuízo da adoção da responsabilidade objetiva.[1: .] Tal diploma vigorou até a criação da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2.002, conhecido por Novo Código Civil. Este novo Código Civil, como outras tantas leis, traz a normatização referente às mudanças ocorridas na sociedade, desde a criação de seu diploma antecessor. A este respeito, assevera Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka:[2: ] O processo de construção e sistematização do Direito Civil caracteriza-se por um modo de aglutinação, análise, sintetização das várias e inúmeras decisões que hajam sido levadas a cabo por uma sociedade, num determinado período da história dos homens. Isto é, a sua formação está indelevelmente atrelada ao dizer o direito, às fórmulas jurisprudenciais de expressão da justiça, num tempo que tenha precedido o direito escrito e as normas concretizadas e cristalizadas. Circunstâncias de natureza cultural, econômica, política ou religiosa estiveram a influenciar esta jurisprudência, em cada momento histórico e para cada diferente sociedade. Mas ao serem agrupadas e observadas as decisões e os julgados de cada tempo, permitiram o desenho de uma realidade social insofismável, sempre que tenham sido geradas do bom senso e do sentido do justo. A partir de 11 de janeiro de 2.003, data que marca a entrada em vigor do atual Código Civil, a responsabilidade civil passou a ser tratada nos artigos 186 a 188, 389, 927 e seguintes. A inovação, em termos de estrutura, consiste no fato de o novo diploma legal trazer dois capítulos exclusivamente dedicados à matéria, o que não ocorria com seu antecessor. Em relação ao conteúdo, o Código Civil de 2.002 repetiu muitos dos dispositivos constantes no código de 1.916. A responsabilidade subjetiva permaneceu como regra geral, porém houve a introdução da responsabilidade civil objetiva decorrente do exercício de atividade perigosa, o que para muitos juristas é a maior das inovações no campo da responsabilidade civil.[3: ] Vê-se, pois, que a matéria foi tratada com maior atenção no Código Civil hoje vigente, de modo a obter uma maior abrangência de sua aplicação, abarcando um maior número de situações passiveis de responsabilização.
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