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RESUMO KUPFER A aprendizagem segundo Freud.doc

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KUPFER, Maria Cristina. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 2005, 3ª. Ed.
A aprendizagem segundo Freud
O que leva a criança a querer aprender? O processo de aprendizagem depende da razão que motiva a busca do conhecimento. A criança tem a necessidade de definir seu lugar no mundo, e esse lugar é, a princípio, sexual.
A interpretação da descoberta da diferença sexual anatômica é de suma importância. A descoberta da diferença anatômica depende da passagem pelo complexo de Édipo, onde a criança extrai da relação com o pai e a mãe as referências para se definir como homem ou como mulher.
Esta descoberta implica entender que, de alguma forma, alguma coisa falta. Logo, surge a angústia das perdas, que Freud chamou de angústia da castração.
A angústia das diferenças é que faz a criança querer saber, o que a leva para as investigações sexuais infantis, que são baseadas nas perguntas sobre a origem das coisas.
Ao final da época do conflito edipiano, parte da investigação sexual é reprimida e sublimada em pulsão de saber. O desejo de saber associa-se ao de sublimar, dominar e ver.
Sublimar: deslocamento inconsciente dos interesses sexuais para os não-sexuais. A força de pulsão continua estimulando a perguntar.
Pulsão de domínio: associada à idéia de curiosidade sádica. Muitas vezes, depara-se com a pulsão de morte, que tende a ser reprimida.
Pulsão visual: fantasia da cena primária, onde a criança representa sua origem e se identifica com o pai ou a mãe. 
Mas já se disse que essa pulsão, sublimada, transforma-se, após a associação com a pulsão de domínio, em “pulsão de saber”. Transforma-se em curiosidade agora dirigida, porque sublimada, a objetos de modo geral. “São seus derivados o prazer de pesquisar, o interesse pela observação da natureza, o gosto pela leitura, o prazer de viajar (ver coisas distantes e novas) etc.” (p. 83)
Diferença radical entre psicanálise e cognitivismo (Freud VS Piaget): inteligência emerge a partir da sublimação de parte da pulsão sexual. Curiosidade intelectual está relacionada à curiosidade sexual, à imagem fantasiada da cena primária.
Aprender é aprender com alguém.
TRANSFERÊNCIA = manifestação do inconsciente que permeia qualquer relação humana.
SONHO = manifestação do inconsciente para onde restos diurnos são transferidos e modificados.
Experiências vividas no passado são transferidas para uma relação atual. Protótipos infantis são repetidos.
No sonho, há uma transferência de sentido realizada pelo desejo do sonho.
Na relação professor-aluno, a transferência ocorre quando o desejo de saber do aluno se prende à pessoa do professor.
Transferir é, então, atribuir um sentido especial à figura determinada pelo desejo. Consequentemente, há uma transferência de poder.
A partir do momento em que é investida de poder, a voz influencia mais. O professor se vê tentado a impor seus valores e ideias, seu desejo.
“O desejo transfere sentido e poder à figura do professor, que funciona como um mero suporte esvaziado de seu sentido próprio como pessoa.” (p. 92)
“Só o desejo do professor justifica que ele esteja ali. 
Mas, estando ali, ele precisa renunciar a esse desejo.”

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