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WP7 - PERÍCIAS JUDICIAIS E PROCEDIMENTOS LEGAIS – PARTE TEÓRICA E PRÁTICA Dr. José Augusto do Nascimento Juiz Federal do Trabalho e-mail: janasci2006@oi.com.br 01 PERÍCIA JUDICIAL 1. Conceito 2. Objetivo 3. Natureza 4. Espécies 5. Estrutura 6. Fundamentação Legal 02 1. CONCEITO DE PERÍCIA JUDICIAL A Perícia Judicial é a atividade ou diligência ordenada por um Juiz, com a finalidade de apurar tecnicamente um FATO, através da produção de prova técnica, visando o convencimento do juiz durante a instrução processual. 03 2. OBJETIVO DA PERÍCIA JUDICIAL A Perícia Judicial objetiva à avaliação, vistoria ou exame de determinado fato, estado ou valor de um objeto controvertido dentro do processo, onde o perito irá verificar, apreciar e interpretar tais fatos, transmitindo ao juiz, através do laudo pericial, o resultado de sua apreciação técnica acerca do que foi periciado, permitindo ao juiz formar seu convencimento jurídico sobre o fato, estado ou valor, objeto da prova pericial. 04 3. NATUREZA DA PERÍCIA JUDICIAL A Perícia Judicial tem Natureza Jurídica de Atividade Processual Probatória. Ocorre dentro de um processo, com observância de preceitos éticos e legais e tem como motivação o fato do juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de um profissional (perito) para poder decidir de forma correta e justa. 05 4. ESPÉCIES DE PERÍCIA Perícia Judicial Perícia Extrajudicial. 06 A Perícia Judicial é específica e define- se pelo texto da lei. Na verdade, a natureza judicial da perícia é definida pelo fato de ser realizada por ordem de um Juiz, ‘ex officio’ ou a pedido das partes. A Perícia Extrajudicial é aquela realizada fora do processo judicial. É iniciada por vontade da parte interessa e tem por objetivo demonstrar a verdade ou não de um fato, sua existência ou inexistência, bem como discriminar interesses de cada pessoa envolvida em matéria conflituosa; comprovar simulação, fraude, desvios, danos etc. 07 Quando o artigo 427 do CPC, dispõe que: ‘O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerem suficientes’ está se referindo justamente à perícia extrajudicial. 08 O CPC,art.420, diz que a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. Exame: consiste em inspecionar, analisar, investigar pessoas, coisas móveis ou semoventes; Vistoria: consiste em inspecionar, analisar imóveis em geral (terrenos, prédios etc.); Avaliação: consiste na busca de se atribuir, de forma estimativa, um valor monetário às coisas, móveis ou imóveis, e aos direitos e obrigações que constituem objeto da perícia. 09 A CLT, art.195, trata da Insalubridade e da Periculosidade. A perícia será feita por Médico ou Engenheiro do Trabalho. Insalubridade: são insalubres as atividades ou operações que exponham a pessoa humana a agentes nocivos à saúde, tais como: ruídos, calor, iluminação, radiações, ar comprimido, vibrações, frio, umidade, agentes químicos, poeira, agentes biológicos etc., sempre acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos, nos termos da CLT (arts. 189 a 192) e da NR-15 e Anexos e Portaria 12/79, entre outras, do MTE. 10 Periculosidade: São consideradas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. É o que diz o artigo 193 da CLT. Assim, inflamáveis, explosivos e eletricidade são as fontes juridicamente reconhecidas como produtoras de gerar periculosidade com efeitos no contrato de trabalho, quanto ao pagamento do respectivo adicional. Desse modo, além do que dispõe a CLT, no art. 193, temos ainda as disposições da NR-16 e seus Anexos, bem como as Portarias do MTE que tratam da Periculosidade. 11 A doutrina apresenta ainda: a) Perícia Semijudicial: é aquela realizada no meio estatal, por autoridades policiais, parlamentares, administrativas etc., mas que não foi ordenada por um juiz, no curso de um processo judicial. b) Perícia Arbitral: é aquela realizada por um perito, e, embora não seja determinada por um juiz, tem valor de perícia judicial, embora sua natureza seja extrajudicial, pois as partes litigantes escolheram o procedimento da arbitragem para a solução do litígio, submetendo-se às regras da arbitragem, que, após a conclusão do procedimento (Sentença Arbitral) terá força executiva na justiça, como sendo título executivo judicial, nos termos do art. 475-N, inciso IV, do CPC. 12 c) Perícia Obrigatória: é aquela que é determinada por lei e é indispensável para que haja a caracterização, classificação ou tipificação legal de um fato. É o que ocorre, por exemplo, com a insalubridade e a periculosidade (CLT, art. 195), no incidente de falsidade (CPC, art. 392), na venda a crédito com reserva de domínio (CPC, art. 1.071,§1º) etc. A sua falta pode gerar a nulidade do processo ou o indeferimento do pedido, objeto da prova pericial. 13 d) Perícia Facultativa: é aquela em que a realização da perícia dependerá de iniciativa ou requerimento da parte ou interessado. A sua falta não gera a nulidade do processo. e) Perícia Indireta: ocorre quando a perícia direta for impraticável (CPC, art.420, III). Neste caso,mesmo que já não exista a coisa ou a pessoa a ser periciada, admite-se que o perito, com base em registros (públicos ou privados) ou ainda através de indícios, emita o seu laudo, em torno da situação da coisa, quando for existente, ou das condições da pessoa, quando viva. Aqui, o trabalho do perito é de reconstituir fatos passados ou transitórios, tornando-os atuais para o juiz, desde que tenham deixado vestígios. 14 A Perícia Judicial, segundo alguns autores, pode ainda ser classificada em: • Oficiais • Requeridas • Facultativas • Perícias do Presente • Perícias do Futuro • Necessárias 15 5.ESTRUTURA DA PERÍCIA JUDICIAL Possui três fases ou etapas: 1ª – FASE PRELIMINAR 2ª – FASE OPERACIONAL 3ª – FASE FINAL 16 1ª – FASE PRELIMINAR: • Identificação da necessidade da prova pericial - Art. 145 CPC. • O Juiz defere a perícia, nomeia o perito e fixa o prazo de entrega do Laudo Pericial - Art. 421 CPC. • Formulação dos Quesitos pelas partes - 5 dias da intimação do despacho de nomeação do perito - e Indicação dos Assistentes Técnicos - Art. 421, § 1º CPC. 17 2ª – FASE OPERACIONAL: • Início da perícia e diligências; • Curso do Trabalho; • Elaboração do Laudo Pericial. 3ª – FASE FINAL • Assinatura do Laudo; • Entrega do Laudo; • Levantamento dos honorários; • Esclarecimentos (se requeridos). Em todas as fases, existem prazos e formalidades a serem cumpridas. 18 6. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL A matriz da Fundamentação Legal da Perícia Judicial ou Prova Pericial está disposta nos artigos 420 a 439 do CPC: “Art. 420. A Prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. Parágrafo único. O juiz indeferirá a períciaquando: I – a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II – for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III – a verificação for impraticável. 19 Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. §1º - Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I – indicar o assistente técnico; II – apresentar quesitos. §2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado. Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. 20 Art. 423. O perito pode escusar-se (art.146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138,III); ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. Art. 424. O perito pode ser substituído quando: I - carecer de conhecimento técnico ou científico; II – sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. 21 Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária. Art. 426. Compete ao juiz: I – indeferir quesitos impertinentes; II – formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa. Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. 23 Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia. Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças. Art. 430 e 431. Revogados. 24 Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe- á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio. (Destacamos). 25 Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo. Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento. Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação. 26 Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.(Destacamos). Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência. Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos. (Destaque). Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. 27 Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra. 28 2. PERITO JUDICIAL a) Conceito b) Função c) Deveres d) Direitos e) Local de Trabalho f) Diferenças g) Impedimentos e Suspeições 3. ASSISTENTE TÉCNICO PERICIAL a) Conceito b) Função c) Direitos d) Parecer Pericial e) Prazo de Entrega do Parecer f) Espécies de Parecer Pericial g) Perito e Assistente - Diferenças 29 • Conceito de Perito Judicial: A legislação não define, não oferece o conceito de perito judicial. No entanto, o Projeto de Lei Nº 3419, de 2004, de autoria do deputado Eduardo Paes – PSDB/RJ, que Regulamenta o exercício da atividade, define as atribuições do Perito Judicial e do Assistente Técnico, apresenta a seguinte definição: 30 “Art. 1º- Perito Judicial é o profissional com curso superior, habilitado pelo respectivo órgão de classe regional, inscrito na Associação de Peritos do Estado, nomeado por Juiz de Direito para atuar em processo judicial que tramite em Varas e Tribunais de Justiça Estaduais, em Varas e Tribunais Regionais e Federais, com a finalidade de pesquisar e informar a verdade sobre as questões propostas, através de Laudos e de provas científicas e documentais. 31 • Quem pode ser Perito Judicial? De acordo com o art. 145, § 1º, do CPC, não basta a qualidade de médico, engenheiro, contador etc., para ser perito judicial. O perito deve indicar qual o ramo de atividade ou especialidade, para que aja o enquadramento perfeito entre o objeto da perícia e o conhecimento especial sobre a matéria. 32 • Função do Perito Judicial: A função do perito pressupõe uma percepção técnica, observação e afirmação ou negação do fato, dentro de um roteiro formal de trabalho que denominamos de Procedimento Legal da Perícia, que se materializa através do Laudo Pericial que obriga o perito a dizer, concluir “ é ” ou “ não é ” . O que o perito faz não é julgar e sim auxiliar o juiz, através do laudo pericial, a esclarecer quem tem razão sobre determinado fato ou pedido formulado no processo. 33Deveres do Perito Judicial • possuir nível superior e ser inscrito em órgão de classe, com especialidade no trabalho que vai executar; • possuir sólido conhecimento técnico, firmeza de caráter e serenidade para emitir seu parecer final, não se deixando contagiar por pressões ou fatores estranhos ao seu trabalho; • realizar a perícia no prazo fixado; • prestar informações verídicas; 34 • Local de trabalho do Perito Judicial Nos processos trabalhistas, se restringia aos ambientes de trabalho perigosos e insalubres. Agora inclui-se os acidentes de trabalho, que geram lesões e incapacidade laborativa, total ou parcial, sendo o exame realizado no corpo do periciado. 35 • Direitos do Perito Judicial: A partir do momento em que o perito é nomeado pelo juiz, passa a ser considerado auxiliar da justiça, funcionário público ou serventuário eventual da justiça. Com isso, lhe são assegurados os seguintes direitos: 1. É considerado Funcionário Público para os efeitos civis e penais, a teor dos artigos 139 do Código de Processo Civil e 327 do Código Penal. 36 2. Ter acesso ao processo, isto é, retirá-lo da Secretaria da Vara para conhecer dos fatos, objeto da prova pericial. Faz “carga do processo”. 3. Ter acesso amplo ao local da perícia, sozinho ou com as partes, advogados, assistentes técnicos. Terá ampla liberdade de agir, pois a perícia é uma audiência sem a presença do juiz. O perito, no ato da perícia, é o representante legal do juiz. Daí o perito tem o direito, aliás deve, como auxiliar da justiça, impor o cumprimento da lei, evitando que uma das partes possa descaracterizar, mudar as condições do ambiente que será periciado. 37 4. Pode recusar o encargo de perito, alegando suspeição ou impedimento. 5. Ter um prazo razoável para a realização da perícia. 6. Tem direito a uma remuneração compatível com a complexidade da perícia. 7. Os honorários periciais não devem ser vinculados ao resultado do processo judicial, procedimento administrativo e/ou ao valor da causa. 38 • Impedimentos e Suspeições do Perito Judicial O CPC dispõe no art. 138, III, que os motivos de Impedimento e de Suspeição, também são aplicados ao perito judicial. Significa dizer que o ‘Perito pode escusar-se (CPC, art.146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (CPC, art.138,III); ao julgar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito’, dispõe o art. 423 do CPC. 39 A escusa é ato do perito e deve ser apresentada no prazo de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do Impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la, consoante artigos 146, parágrafo único e 423 do CPC, situação em que o juiz nomeará um novo perito. O perito pode escusar-se do encargo de colaborar com o Poder Judiciário (CPC, art.339), alegando, além de Impedimento ou Suspeição, outros motivos, tais como: doença grave, viagem prolongada, excesso de trabalho, falta de qualificação etc. Cabe ao Juiz, por sua vez, analisar a legitimidade dos motivos fornecidos pelo perito para deferir ou não a escusa. 40 Já a recusa, é ato da parte que poderá impugnar a nomeação de determinado perito por motivo de Impedimento ou Suspeição. É o que dispõe os arts. 423 e 138, III, do CPC. O motivo de Impedimento, suscitado pelo próprio perito (escusa) ou alegado pela parte (recusa) deve fundamentar-se em uma das hipóteses do art. 134 do CPC. Já o motivo de Suspeição, suscitado pelo próprio perito (escusa) ou alegado pela parte (recusa) deve fundamentar-se em uma das hipóteses do art. 135 do CPC. 41 ASSISTENTE TÉCNICO PERICIAL • Conceito A legislação não oferece o conceito de assistente técnico. Já o Projeto de Lei Nº 3.419/2004, apresenta a seguinte definição: “Art. 2º-Assistente Técnico é o profissional com curso superior, habilitado pelo órgão de classe regional, inscrito na Associação de Peritos do Estado, indicado pelas partes para atuar em processo judicial que tramite em Varas e Tribunais de Justiça Estaduais, em Varas e Tribunais Regionais e Federais, em conjunto com o Perito Judicial ou, separadamente, com a finalidade de pesquisar e informar a verdade sobre as questões propostas, através de Pareceres técnicos e de provas científicas e documentais. 42 • Função No desempenho de sua função o assistente técnico pode criticar, concordar, discordar, impugnar ou até mesmo complementar o laudo produzido pelo perito judicial. O que o assistente não pode fazer é inverter a verdade dos fatos. Pode, no entanto, sustentar a tese da parte que o contratou, informando ao juiz os fatos de acordo com a sua ótica. 43 • Direitos O assistente técnico tem o direito de estar presente e participar de todos os atos periciais. Os Pareceres dos Assistentes Técnicos devem permanecer nos autos, como elemento do conjunto probatório apresentado pelas partes. No tocante à remuneração ou honorários do assistente técnico, o TST, já pacificou a matéria, através da Súmula n. 341, no sentido de que a “indicação do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia”. 44 • Parecer Pericial O Parecer Técnico Pericial é um relato escrito e formal de um trabalho produzido pelo Assistente Técnico. O Parecer Pericial materializa a opinião do assistente técnico sobre o laudo pericial apresentado pelo perito judicial, bem como sua opinião sobre a matéria objeto da prova pericial. 45 • Prazo de Entrega do Parecer Pericial O Parecer fundamentado do assistente técnico será apresentado na Secretaria da Vara Judicial, em separado, no prazo comum de dez (10) dias, após a apresentação do laudo pelo perito judicial, independentemente de intimação (art. 433 CPC), se outro não for o prazo estabelecido pelo juiz, que será juntado ao processo para análise. 46 Na verdade, o prazo do assistente técnico para apresentar seu parecer, deve ser contado a partir da intimação às partes da juntada do laudo do perito judicial. Essa é a interpretação que vem sendo dada pelos Tribunais, quanto ao momento em que começa a contagem desse prazo. 47 • Espécies de Parecer Pericial • Parecer Pericial Judicial • Parecer Pericial Extrajudicial Parecer Pericial Judicial é aquele que tem por objetivo se contrapor ou opinar sobre o laudo pericial apresentado pelo perito oficial do juízo. Parecer Pericial Extrajudicial é aquele que é elaborado pelo assistente técnico para ser utilizado fora do processo judicial por quem o encomendou, diante da necessidade de uma opinião técnica sobre determinado assunto, para a realização de um negócio, contrato ou tomada de decisão, por exemplo. 48 • Perito e Assistente Técnico - Diferenças PERITO X ASSISTENTE 1-Autonomia 1. Dependência 2-Auxiliar da Justiça 2. Auxiliar da Parte 3-Impedimento e Suspeição. 3. Não há 4-Recebe Depois 4. Recebe Antes 5-Conduz a Perícia 5. Assiste a perícia ser realizada 6-Responsabilidade Maior 6. Responsabilidade Menor. 7-Laudos Curtos 7. Laudos Longos 8-Não Depende de Resultado 8. Depende de Resultado 9-Flexibilidade de Prazos 9. Nãohá Flexibilidade 10-Acesso Fácil ao Local 10. Acesso Difícil, se Reclamante 11-Pressão do autor 11. Pressão do réu 12-Impugnação Simples 12. Impugnação Completa 49 LAUDO PERICIAL a) Conceito b) Objetivo c) Forma d) Natureza Jurídica e) Meio de Prova f) Características g) Estrutura h) Quesitos 1. Conceito 2. Quesitos Iniciais ou Principais 3. Quesitos Suplementares 4. Questões Práticas i) Procedimentos Legais e Processuais 1.Aspectos legais 2.Procedimentos Práticos 3. Procedimentos Finais 4.Perícia no Procedimento Sumário j) Prova Emprestada l) Prazo para a Realização da Perícia m) Perícia por Carta Precatória n) Diferença entre Parecer e Laudo o) Laudo Falso p) Modelos de Laudos Periciais 50 Laudo Pericial • Conceito É um documento elaborado pelo perito que contém a exposição detalhada, minuciosa do que foi observado, analisado pelo perito sobre os fatos ou circunstâncias objeto da perícia. É o produto ou resultado do trabalho pericial, em que o especialista se pronuncia sobre questões submetidas a sua apreciação. 51 • Objetivo O objetivo do laudo pericial é o de fornecer esclarecimentos sobre FATOS à autoridade judiciária que o solicitou. Deve, portanto, fornecer informações claras, objetivas, fundamentadas e conclusivas, sobre fatos de natureza técnica, não dominadas pelo juiz. 52 • Forma A forma do laudo pericial é escrita. O laudo judicial é um documento público porque foi produzido por alguém que estava investido de um múnus público, funcionando como auxiliar da justiça, possuindo, portanto, fé pública, ou seja, o laudo tem presunção de verdade. Na verdade, documento é uma representação material que serve para reconstituir e preservar através do tempo um fato, imagem, situação, idéia, declaração de vontade etc. Assim, o Laudo Pericial irá documentar e preservar uma prova técnica utilizada dentro de um processo judicial. 53 A forma recomendada de apresentação do laudo é a de folhas A4 ou Ofício, escritas somente em uma das suas faces, deixando-se margem à esquerda de 3,5 cm, que permitirá por perfuração e fixação, bem como seu encarte nos autos. O corpo das letras sugerido é o tipo 12 ou 14, com espaço 1,5 entre as linhas, de modo a tornar sua leitura fácil e agradável 54 • Natureza Jurídica O Laudo Pericial é um documento público que faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o perito declarar que ocorreram, de acordo com o exame, análise de fatos, documentos, ambiente periciado etc., levando-o a uma conclusão. Nunca esqueça que o laudo deve sempre possuir uma conclusão precisa e eficaz. 55 • Meio de Prova A própria CLT diz que a caracterização e determinação da insalubridade ou periculosidade, no ambiente de trabalho, só poderá ser aferida através de prova técnica, in casu, através da prova pericial. Se a perícia não for realizada, na forma e nos termos da lei, o pedido de adicional de insalubridade, periculosidade ou outro qualquer que dependa de prova pericial será indeferido, isto é, não será considerado como válido. 56 • Características O Laudo Pericial possui quatro partes: 1ª - Preâmbulo ou Introdução : contém os nomes do perito e o objeto da perícia, bem como o nome das partes. 2ª - Exposição: contém a narração de tudo que foi observado. 3º - Discussão: contém a análise, a crítica e a fundamentação dos fatos observados. 4ª - Conclusão: contém as respostas aos quesitos das partes e do juiz, bem como a resposta definitiva sobre a existência ou não de determinado fato discutido no processo e objeto da perícia. 57 • Estrutura O Laudo Pericial não possui uma estrutura normatizada, mas existem formalidades que compõem sua estrutura, que deve obedecer a uma certa ordenação. a) Abertura b) Considerações Iniciais c) Exposição ou Descrição d) Considerações Finais e) Quesitos – Respostas f) Encerramento g) Anexos 58 Abertura: 1. Nome da autoridade a quem se dirige a perícia; 2. Nº do processo, se houver; 3. Nome das partes envolvidas – autor e réu; 4. Parágrafo Introdutório (Preâmbulo) - A Introdução ou Preâmbulo deve conter: • Declaração formal da realização da perícia • Identificação legal do perito • Nº do órgão de classe • Declaração da observância da Legislação Processual aplicável e demais Leis e Normas utilizadas no caso concreto. 59 Considerações Iniciais: 1. Data e nome do solicitador da perícia; 2. Referências de técnicas adotadas para exame dos autos (processo); 3. Se houve ou não necessidade de diligências. NOTA: Pode-se ainda, nas Considerações Iniciais, narrar um breve histórico sobre os antecedentes importantes para elucidar o laudo, como os cargos e funções exercidos pelo autor da ação e do pedido, objeto da perícia, e outras circunstâncias relacionadas à perícia. 60 Exposição ou Descrição: É a parte central da perícia; sobre ela estarão assentadas todas as demais partes do laudo. Contém a narração de tudo que foi observado e desenvolvido no trabalho pericial. 1. Introdução ao tópico do trabalho desenvolvido, com referência a normas profissionais e ordenamento lógico; 2. Identificação do objeto da prova pericial – Questão (tipo de perícia); 3. Identificação do objeto da prova pericial – sua Finalidade; 61 4. Se houve diligência, identificação e descrição dos locais de trabalho e elementos pesquisados e vistoriados, descrevendo, por exemplo, suas dimensões, tipo de construção, piso, coberturas, luminárias, distribuição de máquinas e equipamentos, assim como as condições gerais de higiene e limpeza. 5. Se não houve diligência, descrição dos elementos que foram objeto de exame, análise ou verificação ou no que se baseou o perito; 62 6. Descrição do trabalho de forma completa e ordenada, relatando as tarefas e atribuições exercidas, ou seja, as técnicas, análises, métodos e raciocínios utilizados para a conclusão da perícia. Em outras palavras: 1. O que se faz? 2. Como e com que se faz? 3. E para que se faz? Deve-se destacar fatores como esforço físico, complexidade e tempo de execução, que são importantes para definir as condições de risco profissional a serem posteriormente descritas. 7. A descrição dos fatos ficará muito mais clara se forem anexadas fotografias, já, que uma imagem substitui com precisão a mais detalhada descrição. 63 8. Descrição da análise ou crítica dos fatos observados e objeto da perícia. A análise deverá ser qualitativa e quantitativa. A análise qualitativa ocorre, por exemplo, quando se identifica a presença do agente causador do dano, os meios de contato e o seu potencial de causar dano à vítima. Já a análise quantitativa ocorre quando identificamos a extensão do dano, quantificado através de equipamentos e técnicas especializadas. 64 9. Depois da Descrição de tudo que foi feito e identificado durante o trabalho pericial, temos a fase da Discussão do Laudo, onde o perito apresenta a fundamentação científica de seu trabalho técnico, externando sua opinião, indicando as razões técnicas pelas quais concluiu neste ou naquele sentido. Poderá, neste momento, transcrever ensinamentos de autoridades no assunto e fazer comparações e analogias pertinentes aocaso, objeto da perícia. A sua fundamentação não é jurídica e sim técnica, devendo, no entanto, indicar as normas que amparam sua conclusão. 65 Considerações Finais: 1. Conclusão É a opinião técnica do perito sobre a matéria – indicando de forma definitiva, clara e objetiva sobre a existência ou não do fato discutido no processo e objeto da perícia, citando, inclusive, o embasamento legal de sua conclusão; 2. Indicação de quesitos (se houver). 66 Quesitos - Respostas: 1. Transcritos na ordem do laudo; 2. Respondidos sequencialmente à transcrição dos quesitos formulados; 3. Respondidos de forma clara e objetiva. Encerramento: 1.Exposição formal do encerramento do trabalho pericial, simples e objetiva; 2.Descrição da quantidade de páginas que compõem o laudo, se rubricadas ou não; 3.Descrição da planilha de custos do trabalho; 4.Local e data da conclusão do laudo; 5.Assinatura e identificação do perito. 67 Anexos: Os anexos que integram o laudo devem ser numerados sequencialmente e rubricados pelo perito; Faz parte o demonstrativo dos documentos indispensáveis à ilustração e bom esclarecimento do trabalho realizado. 68 QUESITOS 1. Conceito: São perguntas que as partes e o próprio Juiz fazem ao perito judicial, sobre os fatos objeto da perícia. O trabalho do assistente técnico terá grande relevância neste momento da perícia, permitindo ao perito, responder de forma clara e precisa, todos os aspectos que o assistente técnico entenda fundamental para esclarecimento dos fatos verificados durante a produção da prova pericial. Os quesitos devem ter relação direta com os fatos e a matéria objeto da perícia, isto é, devem ser pertinentes, sob pena de serem indeferidos pelo juiz - art. 426, I, do CPC. 69 2. Quesitos Iniciais ou Principais: São aqueles que são apresentados pelas partes, no prazo de 5 (cinco) dias, contados a partir da intimação do despacho de nomeação do perito, a teor do art. 421, § 1º, II, do CPC. 3. Quesitos Suplementares: São aqueles que são apresentados pelas partes durante as diligências da produção da prova pericial. Neste caso, as partes constatam que os Quesitos Iniciais não contemplaram determinados aspectos que surgiram após o início da perícia judicial – art. 425, do CPC. 70 “Art. 425. Poderão as partes apresentarem, durante a diligência, questões suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária”. ATENÇÃO! Após a conclusão das diligências por parte do perito judicial, não mais será possível a formulação dos quesitos suplementares. Assim, no momento em que o perito apresenta o Laudo Pericial à Secretaria da Vara ou Juízo, entende-se como concluídas as diligências pelo perito judicial. Logo, os quesitos suplementares apresentados após esse momento serão indeferidos por intempestividade. 71 DICA: O que a parte retardatária pode fazer, para esclarecer algum fato que entenda necessário, é utilizar-se do disposto no art. 435, do CPC, ou seja, pedir ao Juiz que mande intimar o perito judicial para comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de Quesitos. No entanto, o perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere o art. 435, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência. 72 ATENÇÃO: Observe que a possibilidade de se formular Quesitos Suplementares, existe quando as partes constatam que os Quesitos Iniciais não contemplaram determinados aspectos que surgiram após o início da perícia judicial. Logo, conclui-se que só haverá Quesitos Suplementares se, e somente se, foram formulados Quesitos Iniciais, apresentados pela mesma parte que pretende formular os Quesitos Suplementares. Do contrário, caberá ao Juiz indeferi-los por falta de pressuposto legal lógico. 73 4. Questões Práticas sobre Quesitos: 1 - Os Quesitos formulados pelos assistentes técnicos das partes ao perito devem ser respondidos sempre com os advérbios SIM e NÃO, explicitando circunstanciadamente e de forma sucinta, quando necessário. 2 - O perito deverá antes da diligência, ler, cuidadosamente, os Quesitos formulados e anotá-los. Assim, durante a realização da vistoria, exame etc., poderá colher todos os dados que interessam, para elaborar as respostas. 74 3-Quando da redação do laudo, responderá, antecipadamente, a todos os Quesitos formulados. Na conclusão do laudo pericial, serão dadas, apenas, respostas sucintas referenciadas ao corpo do laudo. Assim, não haverá dúvidas quanto ao embasamento técnico das respostas, ao mesmo tempo em que as torna objetivas para o juiz e às partes. 4- O Perito não pode contradizer, contrariar ou negar o Laudo com as respostas aos quesitos, modificando a fundamentação e a conclusão do Laudo. 75 5- Na formulação dos Quesitos Complementares os assistentes técnicos, partes etc., devem tirar suas dúvidas, quanto ao que está no Laudo e não formular novas questões, inovar a matéria objeto da perícia, muito menos utilizar tais quesitos para discussões subjetivas, doutrinárias, discussão de teses etc., cabendo ao juiz indeferir tais quesitos. 76 Procedimentos Legais e Processuais 1. Aspectos Legais: O CPC disciplina a produção da prova pericial nos arts. 420 a 439, sendo tais dispositivos utilizados subsidiariamente no processo do trabalho - art. 469 da CLT. A lei nº. 5584/70, art. 3º, § único, dispõe: “Art. 3º. Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo juiz, que fixará o prazo para a entrega do laudo. Parágrafo único. “Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser desentranhado dos autos”. O art. 826 da CLT foi revogado pelo art. 3º da lei n. 5584/70. 77 2. Procedimentos Práticos: Primeiro: A parte deve requerer a prova pericial com a petição inicial ou com a contestação, sendo que o juiz irá apreciar o pedido, deferindo-a ou não. Há quem entenda que o simples “Protesto” pela produção de prova não substitui o “Requerimento” necessário à produção de prova técnica. A conseqüência seria julgar prejudicado o pedido, objeto de prova pericial. Se o Juiz entender que a prova técnica é necessária irá deferir o pedido ou determinar de ofício, do contrário, indeferirá, a teor do art. 420, § único, CPC. Quando: 1. A prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; 2. For desnecessária em vista de outras provas produzidas; 3. A verificação for impraticável. 78 Segundo: O Juiz irá nomear o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. Permitirá às partes a indicação de assistentes técnicos e a apresentação de quesitos, no prazo de cinco dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito. É o que diz o art. 421, do CPC. Observe que a indicação de assistentes técnicos e apresentação de quesitos é uma faculdade das partes. Faz se quiser. 79 Terceiro: A parte que fez o pedido, que tem por objeto a prova pericial, deverá efetuar o depósito dos honorários periciais provisórios, caso determinado pelo juiz e no prazo fixado, para custear as despesas iniciais do perito. Quarto: Regularizadostodos esses procedimentos, o Juiz determina a liberação dos honorários provisórios do perito, seguindo-se a realização da perícia no dia, hora e lugar determinados pelo juiz ou indicados pelo perito, com a presença do perito, das partes, assistentes técnicos e advogados, que deverão ser notificados de tais diligências, através de correspondência registrada, com “AR”. 80 Quinto: Durante a perícia, o perito poderá utilizar- se de todos os meios e procedimentos necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou repartições públicas, bem como instruir o laudo com documentos, fotografias etc.,- art. 429 do CPC. Sexto: A apresentação do laudo pericial deve ser feita na secretaria da vara, na forma e no prazo de lei ou determinados pelo juiz. 81 Sétimo: Apresentado o laudo pericial, segue-se a ordem do procedimento regular estabelecido no art. 452, do CPC, quanto à produção de provas em audiência, a saber: 1.O perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, requeridos no prazo e na forma do art. 435; 2.O juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu; 3.Finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu. O art. 848, §2º, CLT, diz que a prova pericial deve ser produzida antes da prova testemunhal. 82 Oitavo: No caso de insalubridade, indicar o grau, se 40% (Máximo), 20% (Médio) ou 10% (Mínimo) e a fundamentação dessa constatação, nos termos da Port. 3.214/78 MTb NÃO ESQUEÇA! O laudo deve sempre ser conclusivo, imparcial, restringindo-se a dizer se há ou não há a condição perigosa ou insalubre alegado pelo reclamante ou ainda se a lesão sofrida pelo empregado está relacionada à sua atividade (Nexo Causal) e se ocasionou incapacidade laborativa total ou parcial. 83 O Laudo Pericial não pode ser contraditório, obscuro ou oferecer dúvidas durante a narração de seus elementos ou partes, podendo, entretanto, o perito, transcrever artigos técnicos e científicos sobre o tema analisado, se assim entender. O perito não deve entrar em conflito, briga, com as partes ou assistentes técnicos. Deve ser frio, indiferente ao litígio entre as partes. Em outras palavras, o perito deve ser técnico. 84 3. Procedimentos Finais: O perito encaminhará o laudo datado e assinado ao Juiz, com uma petição em que solicitará seus honorários. Alguns peritos elaboram a primeira folha do laudo em forma de petição, iniciando o seu corpo, após, os espaços de praxe (10), solicitando seus honorários em item específico, após as respostas aos quesitos. Há quem entenda que este procedimento é mais simples. 85 O laudo deve ser encaminhado em 4 vias. Uma fica com o perito, como recibo, após protocolada na secretaria do Juízo. As outras são encaminhadas, uma aos autos e as outras duas a cada uma das partes. Após, as manifestações (impugnações) das partes, novos quesitos poderão ser formulados, para que pontos que as partes entendam obscuros sejam elucidados pelo perito, inclusive em audiência. 86 4. Perícia no Procedimento Sumário No procedimento Sumário (CPC, art. 275), a produção da prova pericial, deve anteceder a prova oral, mas sempre após à audiência de conciliação, pois, havendo acordo, perderá objeto a prova pericial. No Procedimento Sumário pode ocorrer a “Conversão do Procedimento de Sumário em Ordinário”, nas seguintes hipóteses: 1.Quando for impugnado o valor da causa; 2.Quando houver controvérsia sobre a natureza da demanda; 3. No caso de prova pericial de maior complexidade - CPC, art. 277, §4º e 5º. 87 Na CLT, o art. 852–H, § 4º, que trata do Procedimento Sumaríssimo na Justiça do Trabalho, dispõe que: “Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear o perito”. Isto ocorre, porque o Procedimento Sumaríssimo, na Justiça do Trabalho, permite maior celeridade, obrigando ao autor da ação formular um pedido certo e líquido, nas ações em que os pedidos não ultrapassam 40 salários mínimos, excluindo-se, no entanto, ações contra a Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional. 88 5. Prova Pericial Emprestada Consiste na utilização de um laudo pericial que foi realizado para um determinado processo e agora, este mesmo laudo, está sendo utilizado como meio de prova em outro processo distinto. O TST já se manifestou, afirmando: “Não ofende o artigo 195 da CLT, decisão que se utiliza de prova emprestada, realizada anteriormente no mesmo local de trabalho do reclamante e com o mesmo objeto, para efeito de constatação de insalubridade, mormente quando deixa igualmente claro que outros empregados recebem referida parcela por força de perícia técnica já realizada (AIRR 722.927/01). Milton de Moura França – TST”. 89 6. Prazo para a Realização da Perícia A CLT não é clara sobre o tema. As leis trabalhistas são omissas. Dizem apenas que o juiz fixará o prazo para entrega do laudo O CPC, de igual modo, afirma apenas que o juiz ao nomear o perito, fixará de imediato o prazo para entrega do laudo. 90 O Juiz quando fixa o prazo para entrega do laudo pericial, em regra, leva em conta: 1. O tempo necessário para o perito efetuar diligências e concluir o laudo, não concedendo prazo muito curto ou excessivamente longo; 2. O prazo concedido ao perito deve levar em consideração a data da audiência de instrução e julgamento, pois o laudo pericial deve ser apresentado pelo perito, pelo menos 20 dias antes da referida audiência, consoante o art. 433, do CPC. 3. O prazo para a entrega do laudo pericial pode ser prorrogado ainda a pedido do perito judicial, se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo. 91 O juiz concede, por uma só vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio. Diz o art. 432 do CPC. No entanto, é de bom alvitre que o perito esclareça ao juiz de quanto tempo ainda precisa (novo prazo) para concluir seu trabalho e entregar, em juízo, o laudo pericial. Se o perito após a prorrogação do prazo, não apresentar o laudo, cabe ao juiz adotar as seguintes providências: 92 1. Substituir o perito - Art. 424,II, CPC. 2. Comunicar a ocorrência ao órgão de classe do perito - Art.424, § único, CPC. 3. Impor multa ao perito, tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo - Art. 424, § único, CPC. NOTA: Alguns juízes preferem determinar o prazo da perícia e deixar o processo “fora de pauta”, isto é, suspender o prazo da audiência de instrução, até a entrega do laudo pelo perito, ocasião em que determina a re-inclusão do processo em pauta, dando seguimento regular ao processo, notificando as partes etc. 93 7. Perícia por Carta Precatória É a perícia que deve ser realizada fora dos limites territoriais da comarca onde tramita o processo. O CPC trata da Carta Precatória, nos arts. 200 a 212. NOTA: Quando o objeto da Carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica. É o que diz o §2º do art. 202, do CPC. 94 8. Diferença entre Parecer e Laudo PericialPontos comuns: • São relatos escritos e formais, em função da prova técnica ou pericial. • Estão previstos no artigo 433 do CPC. • São produzidos por profissionais de nível superior, registrados em seus órgãos de classe e possuidores de uma especialização técnica-científica em determinado ramo do conhecimento humano. • São remunerados pelos seus trabalhos. • Devem seguir as leis, normas e códigos de ética de suas profissões. 95 Diferenças de Forma e de Fundo: Diferenças quanto à Forma: • O perito é nomeado pelo juiz, enquanto que o assistente indicado pelas partes. • O prazo para entrega do laudo é fixado pelo juiz. Já o prazo para a entrega do parecer, pelos assistentes técnicos, é de 10 dias, após a intimação das partes da apresentação do laudo. • O Laudo é assinado por perito único, enquanto que o Parecer é assinado por um ou vários assistentes técnicos. 96 Diferenças de Fundo ou de Conteúdo: • No Parecer Pericial prevalece a opinião do assistente técnico sobre todos os procedimentos utilizados na produção da prova pericial e sua opinião sobre o próprio laudo, enquanto que no Laudo Pericial o perito oficial relata o trabalho pericial realizado, de forma isenta e imparcial, apresentando sua conclusão ao juiz, de acordo com os elementos técnicos, éticos e legais utilizados na elaboração da perícia; 97 A estrutura do Parecer Pericial contém: 1. Resumo do laudo pericial; 2. Comentários técnicos; 3. Opinião técnica; 4. Encerramento; 5. documentos anexos. Já a estrutura do Laudo Pericial possui: 1. Abertura; 2. Considerações Iniciais; 3. Exposição ou descrição; 4. Considerações finais; 5. Quesitos – respostas; 6. Encerramento; 7. Documentos anexos. 98 NOTA: A lei não admite Laudo apresentado na forma oral. O que a lei admite é a possibilidade do juiz dispensar a elaboração do Laudo. CPC, art. 421, §2º: “Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado”. 99 9. Laudo Falso Dispõe o art. 147, do CPC: “O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer”. Dispõe o art. 342, do Código Penal: “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena – reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. 100 NOTA: se as informações do perito forem falsas o laudo não terá validade, restará prejudicado, diante da falsidade ideológica ou de conteúdo existente nas declarações do perito. A falsidade do laudo pericial pode decorrer ainda da inautenticidade da assinatura do perito, ou seja, assinatura falsa, ou ainda em face de adulteração do laudo, isto é, modificação ilícita do conteúdo do laudo. É a falsidade material. 101 LAUDOS PERICIAIS MODELOS 102 1. MODELO-PORTARIA N. 3.311/84 - MTE Laudo pericial de Insalubridade Periculosidade Nº_/_/___ Data e hora da perícia __/__/__ __Horas 1- Identificação 2- Identificação do local periciado 3- Descrição do Ambiente de Trabalho 4- Análise Qualitativa 4.1- da função do trabalhador 4.2- das etapas do processo operacional 4.3- dos possíveis riscos ocupacionais 4.4- do tempo de exposição ao risco 5- Análise Quantitativa 5.1- Análise quantitativa da insalubridade 5.1.1-descrição da aparelhagem, da técnica empregada e do método de avaliação 5.1.2- resultados obtidos 5.1.3-interpretação e análise – resultados 103 5.2- Análise quantitativa da periculosidade 5.2.1- discriminação da área 5.2.2- delimitação da área de risco 5.2.3-interpretação e análise – resultados 6- Conclusão 6.1- fundamento científico 6.2- fundamento legal 7- Proposta Técnica para Correção 7.1- imediatas 7.2- mediatas 8- Medida Adotada pelo Órgão Regional ________ ____ __/__/__ ________ Cidade UF Data Assinatura 104 Instrução para a elaboração de Laudo de Insalubridade e Periculosidade 1- Identificação: Neste item deve constar a identificação do laudo como: número do processo, nome e endereço postal da empresa, nome do requerente. 2- Identificação do local periciado: Neste item devem constar os elementos necessários à identificação do local no qual a perícia é realizada, tais como: Divisão de ..., Seção ..., da fábrica ..., localizada no ... . 3- Descrição do Ambiente de Trabalho: Neste item devem constar os elementos necessários à caracterização do ambiente de trabalho, tais como: arranjo físico, metragens da área física, condições de higiene, ventilação, iluminação, tipo de construção, cobertura, paredes, janelas, piso, mobiliário, divisória etc. 105 4- Análise Qualitativa: 4.1- da função do trabalhador – esclarecer com verbos no infinitivo, todos os tipos de tarefas de que se compõe a função. P. ex.: Auxiliar Administrativo – a) datilografar textos – b) anotar recados – c) atender telefone etc. ... 4.2- das etapas do processo operacional – observando o desenrolar das atividades e/ou do movimento do maquinário, especificar as fases do método de trabalho, inclusive questionando o supervisor da turma e, sempre, um ou mais empregados. 4.3- dos possíveis riscos ocupacionais – o técnico especializado deve ser capaz de perceber e avaliar a intensidade dos elementos de risco presentes no ambiente de trabalho ou nas etapas do processo laborativo, ou ainda como decorrentes deste processo labaorativo. Este item pressupõe o levantamento, em qualidade, dos riscos a que se submete o trabalhador durante a jornada de trabalho. 106 4.4- do tempo de exposição ao risco – a análise do tempo de exposição traduz a quantidade de exposições em tempo (horas, minutos, segundos) a determinado risco operacional sem proteção, multiplicado pelo número de vezes que esta exposição ocorre ao longo da jornada de trabalho. Assim, se o trabalhador ficar exposto durante 5 minutos, por exemplo, a vapores de amônia, e esta exposição se repete por 5 ou 6 vezes durante a jornada de trabalho, então seu tempo de exposição é de 25 a 30 min/dia, o que traduz a eventualidade do fenômeno. Se, entretanto, ele se expõe ao mesmo agente durante 20 minutos e o ciclo se repete por 15 a 20 vezes, passa a exposição total a contar com 300 a 400 min/dia de trabalho, o que caracteriza uma situação de intermitência. Se, ainda, a exposição se processa durante quase todo ou todo o dia de trabalho, sem interrupção, diz-se que a exposição é de natureza contínua. 107 5- Análise Quantitativa: É a fase que compreende a medição do risco imediatamente após as considerações qualitativas, guardando atenção especial à essência do risco e ao tempo de exposição. Esta etapa ou fase pericial só é possível realizar quando o técnico tem convicção firmada de que os tempos de exposição, se somados, configuram uma situação intermitente ou contínua. A eventualidade não ampara a concessão do adicional, resguardados os limites de tolerância estipulados para o risco grave e iminente. Tanto o instrumental quantoa técnica adotados, e até mesmo o método de amostragem, devem constar por extenso, de forma clara e definida no corpo do laudo. Idêntica atenção deve ser empregada na declaração dos valores, especificando, inclusive, os tempos horários inicial e final de cada aferição. Já a interpretação e a conseqüente análise dos resultados necessitam estar de acordo com o prescrito no texto legal, no caso, a Norma Regulamentadora. Caso a contrarie, será nula de pleno direito. 108 6- Conclusão: 6.1- Fundamento científico – se o instituto de insalubridade e da periculosidade pressupõe o risco de adquirir doença ou de sofrer um acidente a partir de exposição a elementos agressores oriundos do processo operacional ou dele resultantes, o técnico tem que demonstrar, obrigatoriamente, toda a cadeia de relação causa e efeito existente entre o exercício do trabalho periciado com a doença ou o acidente (Grifamos). O fundamento científico compreende, então, as vias de absorção e excreção do agente insalubre, o processo orgânico de metabolização, o mecanismo de patogenia do agente no organismo humano e as possíveis lesões. 109 6.2- Fundamento legal – é tudo aquilo estritamente previsto nas Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho, Portaria MTb n. 3.214/78 e Lei n. 6.514/77. As “Atividades e Operações Insalubres” acham-se listadas na NR-15 e Anexos, ao passo que as “Atividades e Operações Perigosas” são aquelas enquadradas nas delimitações impostas pela NR-16 e Anexos, sem contar com os textos da Lei n. 6.514/77, arts. 189 e 196, e do Decreto n. 93.412/86, este último específico para os riscos com energia elétrica. As situações laborativas não previstas na legislação, e portanto omissas, não podem ser objeto de conclusão pericial, quer em juízo, quer a serviço da fiscalização do MTb, sob pena de nulidade jurídica. As dúvidas e os casos omissos devem ser dirimidos pela SSMT/Mtb consoante o disposto no art. 155, CLT, e NR-01, item 1.10, Portaria n. 06/83, Mtb, cabendo a esta instância superior emitir a competente decisão final sobre a matéria de fato apurada, acolhendo-a ou não. 110 7- Proposta Técnica para Correção: Neste item devem constar as propostas para a eliminação da insalubridade através da utilização de medidas de proteção ambiental. Propor medidas de proteção ambiental significa estabelecer um conjunto sistemático de ações técnico-científicas eficazes para transformar, a curto e médio prazos, um ambiente insalubre em outro salubre. Entre estas medidas destacam-se: alteração do método operacional ou de uma das etapas desse método, utilização de medidas de proteção coletiva e, nos casos previstos na NR 6.2, os equipamentos de proteção individual. 8- Medida Adotada pelo Órgão Regional: Neste item devem constar as medidas adotadas pelo órgão regional do MTb quando ficar caracterizada atividade insalubre ou perigosa – Lei n. 6.514/77, art. 191, incisos I e II, e parágrafo único, Portaria n. 3.214/78, NR-15, subitem 15.4.1.1, e Portaria n. 12/83, NR-9, item 9.4, alínea a. 111 2. MODELO SUGERIDO POR SEBASTIÃO IVONE VIEIRA – O PERITO JUDICIAL – Aspectos Legais e Técnicos Exmo. Sr. Dr. Juiz da Vara do Trabalho de ............. Casimiro Pereira Júnior, médico do trabalho nomeado para efetuar perícia de insalubridade na Ação Trabalhista 1000/00, em que é autor Durval da Silva e réu Construtora Hercílio S/A, vem apresentar seu laudo. 4.1. Introdução A diligência da presente perícia foi realizada no dia 18 de janeiro de 2002, às 14 horas, na área industrial do réu, constituída por usina de concreto, tendo como informante das atividades do autor, o Sr. Cláudio César, Gerente da Usina e o autor. 112 4.2. Local de Trabalho O autor trabalhou na área operacional da usina e em oficina de manutenção. A oficina de manutenção é construída em alvenaria com pé direito elevado, cobertura por telhas de cimento- amianto e piso cimentado. É formada por dois ambientes distintos. O primeiro é constituído por área de reparos mecânicos, com área suficiente para abrigar dois veículos de grande porte. Possui duas bancadas de trabalho, equipamento para solda a oxi-acetileno, equipamento para solda elétrica e compressor de ar comprimido. O segundo, é o setor de troca de óleo dos veículos, que tem espaço para um veículo e possui aos fundos depósito de óleo lubrificantes em tambores. A iluminação e ventilação naturais se fazem por aberturas frontais de acesso. 113 4.3. Descrição do Trabalho O autor, no cargo e função de mecânico de manutenção, tinha como tarefas: a) Efetuar a troca de óleo dos veículos da empresa; b) Desmontar motores, componentes mecânicos dos veículos e dos equipamentos da usina, para reparos; c) Lavar as peças e componentes removidos, com óleo diesel; d) Montar motores, componentes, peças reparadas, peças novas, lubrificando-as com óleos e graxas, para o adequado funcionamento; e) Soldar peças e componentes dos veículos e equipamentos da usina, com uso de solda elétrica e a oxi-acetileno. O autor, para execução de suas tarefas, fazia uso de sapatão de segurança. Para execução de solda usava: luvas de couro, CA-1264, avental de couro com CA – 3214 e protetor facial com CA – 5678. 114 4.4. Riscos do Trabalho 4.4.1. Solda O reclamante, na execução de suas tarefas, ficava exposto ao risco determinado pela realização de solda das peças dos equipamentos a serem reparados. Na soldagem a oxi-acetileno e arco elétrico, o calor desprendido funde a ponta do eletrodo e o metal em torno do local que está sendo soldado. As fagulhas formadas por partículas metálicas quentes e, às vezes, fundidas, levam ao risco de queimaduras cutâneas. Por outro lado, o processo emite radiações eletromagnéticas infravermelhas, do espectro visível, e ultravioletas. O principal efeito da radiação do espectro visível e infravermelho é o calor intenso que pode causar queimaduras na pele, e lesão ocular, com alteração do cristalino, levando à catarata térmica. 115 A radiação ultravioleta desprendida na soldagem pode determinar queimaduras dolorosas da pele e, a longo prazo, promove o aparecimento de tumores malignos na pele. Nos olhos, causa conjuntivite de forma aguda, que pode, por repetição, lesar a córnea e levar à perda da visão. A liberação de gases e fumos metálicos representam risco permanente de intoxicação pelas vias aéreas nos ambientes confinados e pouco ventilados. O autor executava as tarefas de soldagem sem o uso de proteção adequada. Havia exposição às radiações de áreas de pele dos braços e pescoço. 4.4.2. Solvente O autor, ao efetuar a limpeza de peças e componentes mecânicos dos veículos e dos equipamentos da usina, com óleo diesel, ficava exposto a esse solvente orgânico, sem uso de EPI - equipamento de proteção individual. 116 O óleo diesel é um derivado da destilação do petróleo, que tem como componentes uma mistura homogênea de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos. Na pele, por sua ação solvente, os hidrocarbonetos determinam lesões irritativas, pela remoção do manto protetor da epiderme. Esse manto protetor é formado por uma cobertura natural de células descamadas, gorduras produzidas pelas glândulas sebáceas e suor. A remoção desta proteção retira a umidade necessária à boa vitalidade cutânea,resultando em rachaduras e reação inflamatória. Por outro lado, a perda desta proteção natural e da vitalidade cutânea, é fator determinante para sensibilização da pele a processos alérgicos, que se manifestam por reações inflamatórias, prurido e descamação, características dos eczemas profissionais. 117 4.4.3. Óleos O manuseio de óleo queimado, na desmontagem de motores e na troca de óleo, expunha o autor ao risco determinado pelo contato cutâneo com as substâncias nele contidas. Os óleos lubrificantes são misturas de hidrocarbonetos diferentes. Após o uso em motores, esses hidrocarbonetos alteram-se em sua composição, levando ao aparecimento de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, estes são causadores de lesões de pele, manifestadas por irritação, fotossensibilização e tumores malignos. O autor manuseava óleo queimado na execução das tarefas de desmontagem e troca de óleo dos motores. Essas tarefas eram realizadas sem uso de proteção cutânea, por meio de equipamentos de proteção individual adequados a esse risco profissional, constado na inspeção do local de trabalho. 118 5. CONCLUSÃO Concluímos pela existência de insalubridade: a) de grau máximo, nas tarefas realizadas pelo autor, de acordo com a Norma Regulamentadora n. 15, da Portaria n. 3.214 de 8 de junho de 1978, em seu anexo 13 – Agentes Químicos em Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono, por “manipulação de alcatrão, breu, betume, antraceno, óleo queimado, parafina ou outras substâncias cancerígenas afins”. b) de grau médio, nas tarefas realizadas pelo autor, por exposição à radiação não ionizante – ultravioleta- na execução das tarefas de soldagem de acordo com o anexo 7 – Radiações não ionizantes, da Norma Regulamentadora n. 15, da Portaria n. 3.214/78. 119 c) de grau médio, nas tarefas realizadas pelo autor “por emprego de produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como solventes ou em limpeza de peças”, de acordo com o anexo 13 – Agentes Químicos – Norma Regulamentadora n. 15 da Portaria n. 3.214/78, em Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono. 1. QUESITOS 1) No que consistiam os serviços prestados pelo autor? Qual o local de trabalho do autor? R – Descrito no laudo. 2) O autor fazia limpeza de motores, aplicava graxa? O autor fazia montagem de roda, cubos de roda etc... R – Sim. 3) Havia contato com graxas, óleos etc.? R – Sim. 120 4) Havia lavagem de peças com gasolina, querosene etc.? R-Sim. Havia lavagem de peças com óleo diesel. 5) O autor estava exposto a agentes insalubres? R – Sim. 6) A reclamada fornecia EPI, com fichas e certificados de aprovação pelo Ministério do Trabalho? O EPI é suficiente para elidir a insalubridade? R – Os EPIs entregues, pela empresa não elidem a insalubridade constatada. 7) É possível enquadrar as atividades do autor como insalubres e em que grau? R – Sim. As atividades exercidas são insalubres e enquadradas em grau máximo. 2. HONORÁRIOS Importa o presente laudo em R$ 740,00 (setecentos e quarenta reais), devidamente corrigidos à época de seu efetivo pagamento. Santo Antônio, 15 de outubro de 2005. Casimiro Pereira Júnior CRM 23739”. 121 3. MODELO SUGERIDO POR ANTONIO BUONO NETO E ELAINE ARBEX BUONO “Exemplo de Laudo de Periculosidade: EXMO. SR. DR. JUIZ DA ___ªVARA DO TRABALHO DE ____ PROCESSO N. 0000-0000-000-00-00-0 RECLAMANTE: (nome completo) RECLAMADA: EMPRESA _____ (Nome completo), Médico Perito, inscrito no Conselho Regional de Medicina de São Paulo, sob n. ___, SSMT n. _____, Especialista em Medicina do Trabalho pela AMB (Associação Médica Brasileira) e ANANT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), perito judicial no presente processo, vem mui respeitosamente apresentar seu LAUDO TÉCNICO PERICIAL, dividido nas seguintes partes a saber: 122 1.HISTÓRICO 2.PRELIMINAR 3.DESENVOLVIMENTO a)Descrição das atividades do reclamante b)Descrição do local de trabalho do reclamante 4.DISCUSÃO 5.CONCLUSÃO 1.HISTÓRICO: Trata-se de uma ação trabalhista onde o autor move a presente ação alegando que laborava na Ré exposto em local periculoso, requerendo adicional de periculosidade por Inflamáveis. O Autor _____, admitido em ___ pela empresa “____” como ___ , desenvolveu suas atividades nas instalações da Ré, sendo admitido em ___, demitido em ___ nesta mesma função. 123 2. PRELIMINAR: Comparecemos no dia __/__/__, na empresa Reclamada, onde realizamos a vistoria no local de atuação do RECLAMANTE. No local vistoriado, fomos recebidos pelo Sr. _____, (função e tempo de trabalho na ré), o qual conhecia o RECLAMANTE fornecendo parte das informações necessárias para o desenvolvimento do trabalho Técnico Pericial. Estava presente durante a vistoria o Sr._____, (função e tempo de trabalho na ré), o qual conhecia o reclamante. O autor acompanhou a vistoria. 3.DESENVOLVIMENTO: a) Descrição das atividades do reclamante: O RECLAMANTE foi admitido na empresa RECLAMADA em __/__/__. Exerceu inicialmente a função de _____, sempre atuando no setor ____ da Reclamada. 124 Na função de ____, suas atividades compreendiam em: ______ (descrever todas as atividades e funções exercidas na empresa até sua demissão ou até a presente data caso não tenha sido demitido na época da vistoria). b) Descrição do Local de Trabalho: O reclamante atuou na empresa reclamada no setor denominado ____ (descrever detalhadamente o local). *Observar e descrever os produtos químicos manipulados e armazenados no local de atuação do autor, a quantidade individual e descrever rigorosamente o tipo de produto (inflamáveis, ponto de fulgor, tipo de condicionamento do produto, e o mais importante a capacidade do recipiente). 125 4.DISCUSÃO: - O reclamante exercia suas atividades na empresa reclamada na função _______; - Sua atividade como ___ compreendia em: - No local de trabalho do autor encontramos ____ (Descrever os produtos identificados no local de atuação do Autor com a maior quantidade de informações possíveis para a sua conclusão). No caso em questão, trata-se de empresa do ramo comercial onde encontramos diversos produtos líquidos dispostos à venda ao consumidor: - Após estudo detalhado sobre a matéria, conforme o entendimento das normas técnicas e regulamentares acima referidas, algumas considerações se fazem necessárias para o entendimento da descaracterização da periculosidade no setor vistoriado: 126 - Conforme a Portaria n.545 MTE/11.7.2000: Modifica normas referentes ao transporte, armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis. Altera o Anexo 2 da NR-16, aprovada pela Portaria n. 3.214 Mtb, de 8.6.78 (DOU de 6.7.78). O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso de suas atribuições legais, RESOLVE: Art.1º Alterar a redação do anexo 2 – Atividades e Operações Perigosas com inflamáveis, da Norma Regulamentadora 16 – Atividades e Operações Perigosas, aprovado pela Portaria MTb n. 3.214, de 1978, cujo item 1, alínea “j” passa a vigorar como a seguir: “j) no transporte de vasilhames (em caminhões de carga), contendo .... 127 Art.2º Incluir no item n.4, no Anexo 2 – Atividades e Operações Perigosas, aprovada pela Portaria MTb 3.214, com a seguinte redação: “4.Não caracterizam periculosidade, para fins de percepçãode adicional”: 4.1. o manuseio, a armazenagem e o transporte de líquidos inflamáveis em embalagens certificadas, simples, compostas ou combinadas, desde que obedecidos os limites consignados no quadro I, abaixo, independentemente do número total de embalagens manuseadas, armazenadas ou transportadas, sempre que obedecidas as Normas Regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a Norma NBR n. 11.564/91 e a legislação sobre o produto perigoso relativa aos meios de transportes utilizados. 128 4.2. o manuseio, a armazenagem e o transporte de recipiente de até 5 litros, lacrados na fabricação, contendo líquidos inflamáveis, independentemente do número total de recipientes manuseados, armazenados ou transportados, sempre obedecidas as Normas Regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho e emprego e a Legislação sobre produtos perigosos relativa aos meios de transportes utilizados. (....) *Conforme definições NBR 11.564 – ABNT. **Somente para substâncias com viscosidade maior que 200 mm²/seg. Art.3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua Publicação. Francisco Dornelles (Of.El n. 204/2000) (DO 11.7.00)”. 129 Portaria n. 26, de 2 de agosto de 2000 Publica o glossário para esclarecimentos de termos técnicos utilizados na regulamentação sobre periculosidade no transporte e armazenamento de líquidos inflamáveis acondicionados em pequenos volumes, constantes do item 4 do Anexo 2 da NR- 16, da Portaria GM .545, de 10.7.00. A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o DIRETOR DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, e considerando as propostas apresentadas pelo Grupo de Trabalho Tripartite da Norma Regulamentadora n.16 – Atividades e Operações Perigosas, instituído pela Portaria n.61, de 7 de dezembro de 1998, resolvem: 130 Art. 1º Publicar o glossário abaixo para esclarecimentos de termos técnicos utilizados na regulamentação sobre periculosidade no transporte e armazenamento de líquidos inflamáveis acondicionados em pequenos volumes, constantes do item 4 do Anexo 2 da NR-16, da Portaria GM n. 545, de 10 de julho de 2000, como segue: GLOSSÁRIO Bombonas: Elementos de metal ou plástico, com seção retangular ou poligonal. Caixas: Elementos com faces retangulares ou poligonais, feitas de metal, madeira, papelão, plástico flexível, plástico rígido ou outros materiais compatíveis. Embalagens ou Embalagens Simples: Recipientes ou quaisquer outros componentes ou materiais necessários para embalar, com a função de conter e proteger líquidos inflamáveis. 131 Embalagens Combinadas: Uma combinação de embalagens, consistindo em uma ou mais embalagens internas acondicionadas numa embalagem externa. Embalagens Compostas: Consistem em uma embalagem externa e um recipiente interno, construído de tal forma que o recipiente interno e a embalagem formam uma unidade que permanece integrada, que se enche, manuseia, armazena, transporta e esvazia como tal. Embalagens Certificadas: São aquelas aprovadas nos ensaios e padrões de desempenho fixados para embalagens, da NBR n.11.564/91. Embalagens Externas: São a proteção exterior de uma embalagem composta ou combinada, juntamente com quaisquer outros componentes necessários para conter e proteger recipientes ou embalagens. 132 Embalagens Internas: São as que para serem manuseadas, armazenadas ou transportadas, necessitam de uma embalagem externa. Grupo de Embalagens: Os líquidos inflamáveis classificam-se para fins de embalagens segundo 3 grupos, conforme o nível de risco: *Grupo de Embalagens I alto risco *Grupo de Embalagens II risco médio *Grupo de Embalagens III baixo risco Para efeito de classificação de Grupo de Embalagens, segundo o risco, adotar-se-á a classificação descrita na tabela do item 4 relação de Produtos Perigosos, da Portaria n. 204, de 20 de maio de 1997, do Ministério dos Transportes. 133 Lacrados: Fechados, no processo de envazamento, de maneira estanque para que não venham a apresentar vazamento nas condições normais de manuseio, armazenamento ou transporte, assim como decorrentes de variações de temperatura, umidade ou pressão ou sob os efeitos de choques e vibrações. Líquidos Inflamáveis: Para os efeitos do adicional de periculosidade estão definidos na NR-20 Portaria n. 3.214/78. Recipientes: Elementos de contenção, com quaisquer meios de fechamento, destinados a receber e conter líquidos inflamáveis. Exemplos: latas, garrafas etc. 134 Tambores: Elementos cilíndricos de fundo plano ou convexo, feitos de metal, plástico, madeira, fibra ou outros materiais adequados. Esta definição inclui, também, outros formatos, excluídas as bombonas. Por exemplo: redondo de bocal cintado ou em formato de balde. Art.2º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação Vera Olímpia Gonçalves, Secretária de Inspeção do Trabalho Juarez Correia Barros Júnior, Diretor de Segurança e Saúde no Trabalho (Of. El. N. 10/2000) (DO 3.8.00) 135 - Portanto, vindo de encontro com esta nova Portaria, a empresa reclamada não se enquadra dentre aquelas consideradas como atividades de risco de periculosidade. - Somente para complementar nosso trabalho, reiterando o disposto na Portaria n. 545, de 10.7.00, após estudo detalhado sobre a matéria, conforme o entendimento das normas técnicas e regulamentadoras acima referidas, algumas considerações se fazem necessário para o entendimento da descaracterização da periculosidade no setor vistoriado: 136 1. Os produtos existentes no depósito de Mercadorias da reclamada não são consideradas “Líquidos Inflamáveis”, nos termos da NR-20, da Portaria n. 3.214/78, vindo de acordo com a legislação de Transportes perigosos e pela IATA que regula o transporte aéreo internacional, como também os mesmos não estão registrados no rol de produtos constantes da Portaria n.291, de 31.5.88, que regulamenta o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos”. 2. Igualmente, não é catalogado na Norma NBR 7502/83, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, como carga perigosa, para efeito de transporte. 137 3. É considerado pelos Ministérios da Saúde e da Agricultura, como de consumo e não como inflamável, caso contrário, geraria risco grave e iminente à saúde pública, indo contra os princípios do “Código de Defesa do Consumidor”, e não poderia ficar nas gôndolas de Supermercados (ou depósitos) e principalmente em aeronaves, quando em vôo. 4. É registrado como bebida de consumo e não como produto inflamável, pelo código de transporte aéreo internacional de carga IATA. 5. Quanto ao ponto de fulgor e pressão de vapor dos produtos existentes na reclamada e aqueles com os quais o RECLAMANTE “mantinha contato” é possível determinar estas duas variáveis físicas, presentes nas Normas Regulamentadoras, NR-16 e NR-20, que definem o que vem a ser líquido inflamável, se adotarmos uma metodologia correta e normalizada. No entanto, em função das considerações constantes anteriormente, as análises de laboratório são dirigidas para os produtos químicos, derivados de petróleo, que não é o caso dos produtos analisados na reclamada. 138 6. Complementando a observação de n.5, as bebidas alcoólicas assim chamadas não são efetivamente líquido puro e sim solução alcoólica, diluída em água e em reduzida quantidade e outros componentes. Senão vejamos:
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