Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O exercício profissional contábil: um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil Raquel da Silva Severo Bacharel em Ciências Contábeis pela Univer- sidade Regional Integrada (URI) do Alto Uru- guai e das Missões E-mail: rakelssevero@hotmail.com Renata Rotta Schropfer Bacharel em Ciências Contábeis pela Univer- sidade Regional Integrada (URI) do Alto Uru- guai e das Missões E-mail: renata_rotta@hotmail.com Rosane Maria Seibert Graduada em Ciências Contábeis pela Unijuí e em Administração pela URI; é mestre em Ad- ministração pela PUC/RJ e Doutora em Ciên- cias Contábeis pela Unisinos. Atua como professora dos cursos de Gradu- ação em Administração e Ciências Contábeis e do programa de pós-graduação em Gestão Estratégica de Organizações da Universidade Regional Integrada (URI) do Alto Uruguai e das Missões E-mail: rseibert@san.uri.br Neusa Maria da C. Gonçalves Salla Graduada em Ciências Contábeis pela Unijuí e em Administração pela URI; é mestre em Ci- ências Contábeis pela USP; é doutora em Ad- ministração e Ciências Contábeis pela Furb. É professora e coordenadora do curso de gradu- ação em Ciências Contábeis e professora e vi- ce-coordenadora do programa de pós-gradu- ação em Gestão Estratégica de Organizações da Universidade Regional Integrada (URI) do Alto Uruguai e das Missões E-mail: neusalla@san.uri.br O artigo objetiva analisar a viabilidade econômica e financeira da implementação de uma empresa contábil no noroeste do Rio Grande do Sul. A análise de viabilidade minimiza os riscos do investimento. A pesquisa, quanto aos fins, se classifica como descritiva, explicativa e aplicada. Quanto aos meios de investigação, procedeu-se a pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas semiestruturadas com os proprietários de escritórios de contabilidade. As análises foram feitas, qualitativamente, para avaliar o ambiente de inserção do investimento. Também foram feitas análises quantitativas com procedimentos matemáticos e estatísticos, para a criação dos quadros econômicos e financeiros e cálculo dos métodos de análise de investimentos. Os resultados apontam para a viabilidade em todos os aspectos: o mercado e o ambiente comportam a empresa, bem como o valor presente líquido positivo, o tempo de retorno do investimento e a taxa interna de retorno são superiores àqueles esperados pelos investidores. Além disso, as análises de cenários e de sensibilidade também indicam a viabilidade da proposta. O estudo limitou-se a uma empresa contábil de pequeno porte, portanto, sugere-se estudos em empreendimentos maiores, e utilizando-se outros métodos de análise para identificar a viabilidade dos investimentos. 69REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC n.º 229 Recebido em 31/7/2017. Distribuído em 31/7/2017. Pedido de revisão em 26/10/2017. Recebi- do em 04/11/2017. Aprovado em 08/11/2017, na quinta rodada, por dois membros do Con- selho Editorial. Publicado na edição janeiro-fevereiro de 2018. Organização responsável pelo periódico: Conselho Federal de Contabilidade 70 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. 1. Introdução Atualmente muitas pessoas desejam abrir o seu próprio negó- cio, mas para isso o empreende- dor deve buscar informações so- bre a atividade que deseja explorar, analisar a situação do mercado e as tendências do setor no ambien- te em que deseja inserir o investi- mento. Nesse sentido, a análise da viabilidade econômica e financei- ra da constituição de um escritó- rio de contabilidade em uma cida- de de porte médio do noroeste do Rio Grande do Sul pretende contri- buir com a tomada de decisão dos investidores. A análise de viabilidade eco- nômica e financeira de um em- preendimento é essencial para sua prosperidade e análise de retornos futuros. É por meio dessa análi- se que o empreendedor tem visão ampla da situação ambiental, mer- cadológica, legal, fiscal e política, possuindo mais subsídios para a tomada de decisão. Para isso, fez- se necessária a elaboração de um plano de negócios que contemple essas análises qualitativas. Para fi- nalizar o plano de negócios, pro- cedem-se as análises quantitati- vas tradicionais de investimentos a partir da projeção dos resulta- dos e dos fluxos de caixa futuros, como, por exemplo, a definição do valor presente líquido, a análi- se do tempo de retorno do respec- tivo investimento e a taxa interna de retorno. Também faz-se neces- sário proceder análises de ce- nários e sensibilidade. Assim, este artigo tem como obje- tivo analisar a viabilidade econômi- ca e financeira da constituição de um escritório de contabilidade em uma cidade de porte médio no no- roeste do Rio Grande do Sul. O estudo contribui com a co- munidade em geral e para os futu- ros contadores que buscam infor- mações sobre a implementação de uma empresa contábil, pois a aná- lise de investimentos minimiza os riscos e as dificuldades que os em- preendedores encontrarão para a tomada de decisão sobre investir, ou não, proporcionando conheci- mento da área. Assim a decisão pode ser tomada com maior se- gurança por meio de informações confiáveis e relevantes. O estudo também contribui com a área de análise de investimentos, por meio de um estudo sobre empresa con- tábil, área com muitos empreen- dimentos, porém com poucos ou nenhum estudo de análise da via- bilidade desse tipo de empresa publicado. Destaca-se que este estudo se li- mita a uma empresa da área con- tábil, localizada em uma cidade de porte médio. Dada a importân- cia do tema análise de investimen- tos, sugerem-se outros estudos, em outros setores de atividade, como também em empreendimentos de maior porte, demonstrando a viabi- lidade, ou não, de outras propostas, e estudos utilizando outros méto- dos de análise para definir a viabi- lidade, ou não, dos projetos de in- vestimentos. Na sequência, o artigo apresenta revisão da literatura que embasa a pesquisa, os procedimen- tos metodológicos utilizados, os re- sultados da pesquisa e as conside- rações finais. 2. Revisão da literatura Neste tópico apresentam-se os temas teóricos que suportam a pes- quisa empírica. 2.1 Contabilidade e empresas de serviços contábeis A contabilidade surgiu da neces- sidade que o homem proprietário de patrimônios tinha em acompanhar e controlar suas riquezas, por meio da qual passa a conhecer a saúde eco- nômico-financeira do seu patrimô- nio (MARION, 2012; SOUZA, 2012). Analisando a contabilidade como profissão, Marion (2012) a desta- ca como uma das áreas que mais proporciona oportunidades profis- sionais. O contador é o profissional que exerce as funções contábeis; ele pode atuar em empresas, na área de ensino, em órgãos públicos e ainda como profissional autônomo no pa- pel de auditor, consultor, perito, e empresário contábil. Neste estudo a ênfase foi dada na atuação do pro- fissional da contabilidade como em- presário, proprietário de empresas de serviços contábeis ou escritório de contabilidade. De acordo com Zeiithaml e Vala- rie (2003, p.28), “serviços são ações, processos e atuações. [...] não são coisas tangíveis que possam ser to- cadas, vistas e sentidas, pelo con- trário, são ações e atuações intan- gíveis”. Para Kotler e Armstrong (2007), serviço é qualquer ato que uma parte oferece a outra e que é in- tangível e não resulta na proprieda- de de qualquer coisa. Sua produção pode, ou não, estar vinculada a um produto físico”, podendo-se concluir que prestação de serviço é uma ação ou um desempenho que uma parte presta a outra. As empresas ou escritórios de contabilidade prestam servi- ços para pessoas físicas e jurídi- cas que atuam em todos os ramos daatividade econômica (THOMÉ, 2001; ANJOS, et al., 2010; OLIVEI- RA, 2017). Elas se dedicam tanto à execução de serviços como a asses- sorar seus clientes, atendendo às micro, pequenas, médias ou gran- des empresas. O normal para este ramo é prestar serviços para todos 71REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 os tipos de clientes, porém há em- presas que se especializaram em determinados tipos de clientes. Os serviços prestados são os de con- sultoria, contabilidade, adminis- tração pessoal, escrituração fiscal, expediente, auditoria, perícia e as- sessoria (THOMÉ, 2001). O trabalho contábil é direcio- nado para dois objetivos: “um, com aspecto gerencial, no qual procuramos levar as informações ao administrador para a tomada de decisões e informações aos pro- prietários, sócios e acionistas, so- bre a situação financeira e econô- mica da empresa” (THOMÉ, 2001, p.75); o outro, com enfoque tri- butário, “no qual devemos estar sempre atentos para todas as dis- posições legais, evitando tanto o recolhimento de tributos acima do exigido, como o recolhimento a menor, que irá gerar multas e ou- tros encargos no futuro”. Outro fator importante para a contabilidade são os equipamentos de informática. A popularização dos programas, sistemas e equipamen- tos facilitam a atividade das em- presas de contabilidade, tornando- se ferramentas importantes para a execução dos serviços. Atividades mecânicas são executadas pelos programas computacionais, permi- tindo que o contador dedique tem- po para tarefas mais importantes e complexas. Com relação aos hono- rários, os contadores devem levan- tar custos e, consequentemente, realizar uma pesquisa de mercado, para somente assim estabelecer seu preço. (THOMÉ, 2001; ROCHA, 2004; RODRIGUES; SANTOS, 2016). Portanto, é indis- cutível a importância de um profissional de contabilidade para uma organização em- presarial, independentemente do porte ou da atividade que é desen- volvida, pois todas necessitam das informações contábeis para tomar decisões e analisar a situação eco- nômico-financeira do negócio, sen- do, portanto, a constituição de um escritório de contabilidade uma op- ção para um profissional contador. 2.2 Projetos de investimentos Antes de iniciar qualquer em- preendimento, é necessário que se faça um projeto, coletando infor- mações qualitativas e quantitati- vas, que auxiliam na tomada de de- cisão. É por meio das informações obtidas no projeto que o empreen- dedor verifica antecipadamente se o investimento trará os resultados desejados. Um projeto pode ser en- tendido como um conjunto de in- formações coletadas e processadas, de modo que simule uma alternati- va de investimento para testar sua viabilidade, possibilitando a toma- da de decisão em alocar ou não re- cursos em determinado empreen- dimento (WOILER; MATHIAS, 2011; FONSECA, 2012) A classificação do projeto por tipo dependerá do objetivo. Se este for de classificar em função do setor econômico, tem-se: pro- jetos agrícolas, industriais e de serviços. Se o objetivo for de clas- sificá-lo conforme o ponto de vis- ta microeconômico, esta classifi- cação pode ser: de implantação, de expansão ou de ampliação, de modernização, de localização e de diversificação. Os projetos tam- bém podem ser classificados de acordo com o uso dele: projeto de viabilidade, projeto final e projeto de financiamento (WOILER, MA- THIAS, 2011; BORDEAUX-REGO, 2015). Dessa forma, esse projeto de investimento assim se classifi- ca: em função do setor econômi- co, de serviços; conforme o ponto de vista microeconômico, de im- plantação; conforme o uso que ele terá para a empresa ao longo do processo decisório e até a sua implantação, de viabilidade. Um projeto de investimentos é elaborado em etapas interativas (WOILER; MATHIAS, 2011). Os pri- meiros passos são proceder análises de mercado e do ambiente onde se pretende implementar a empresa. Na análise ambiental, verificam-se alguns fatores do ambiente inter- no e externo ao empreendimento, que deverão ser considerados antes de realizar o investimento, como oportunidades, ameaças, forças e fraquezas. Na análise das oportuni- dades, pode-se verificar, por exem- plo, o potencial de mercado (análi- se do mercado) crescente para um tipo de produto ou serviço e em consequência analisam-se as even- tuais ameaças. Em seguida, é elaborada a aná- lise das forças que a empresa possui. E por fim, a análise das fraquezas inter- nas, como a neces- sidade de investir em marketing, por exem- plo (PORTER, 1999; WOILER; MATHIAS, 2011; FONSECA, 2012; BORDE- AUX-REGO, 2015). Depois, analisam-se os componentes eco- nômicos, em que são ca- 72 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. racterizados o produto, a quantida- de demandada projetada, os canais de comercialização, o preço de ven- da e outros fatores semelhantes. Pos- teriormente são analisados os aspec- tos técnicos, a localização e a escala do projeto, que estão relacionados com o tipo de processo a ser escolhi- do e podem condicionar a localiza- ção geográfica e a escala de produ- ção (WOILER; MATHIAS, 2011). O passo seguinte é levantar as necessidades de pessoas para com- por a estrutura administrativa a ser implantada e verificar a necessidade de treinamentos e de consultorias. Nesta fase também são tratados os aspectos jurídicos e relaciona- dos com o meio ambiente. Tam- bém são considerados os incenti- vos de ordem fiscal e/ou econômica (WOILER; MATHIAS, 2011). Depois de uma série de iterações, o empre- endedor verifica se o investimen- to se mostra viável, caso seja, ele é implantado e posto em operação (WOILER; MATHIAS, 2011; FONSE- CA, 2012; BORDEAUX-REGO, 2015). São diversos os recursos neces- sários para a realização de um in- vestimento. A execução do projeto dependerá fundamentalmente dos recursos disponíveis interna e ex- ternamente à empresa. Estes recur- sos podem ser classificados como sendo, capital, recursos humanos, informática, tecnologia e outros (WOILER; MATHIAS, 2011). O capital próprio é um elemen- to importante para determinar o ta- manho do investimento. Isso por- que o endividamento excessivo pode acarretar um risco financeiro elevado, podendo comprometer a viabilidade do projeto. A empresa financia-se com recursos próprios e de terceiros. Os recursos próprios são constituídos por patrimônio lí- quido e pelos recursos recebidos como incentivos fiscais para capita- lização da empresa, investimentos espontâneos (doações), além da formação de lucros futuros. Os re- cursos de terceiros são constituídos pelos financiamentos de longo pra- zo, portanto, estáveis na empresa de igual forma que os recursos pró- prios, enquanto ela for adimplen- te, segundo contratos (BRITO, 2003; WOILER; MATHIAS. 2011; RUSCH, ET AL., 2012). “Os financiadores por capital de terceiros (credores) não possuem propriedade sobre os ati- vos, embora os tomem em alguns casos como garantia para a efetiva- ção do contrato de financiamento” (COSTA, ET AL., 2011, p. 92). O ponto de partida para a análi- se de recursos a serem aplicados no projeto é a determinação do volume total de investimento, e o correspon- dente cronograma de desembolsos durante a implantação, especifican- do a necessidade de recursos em cada período. Com esses dados, é possível fazer a seleção das fontes de recursos para o projeto. Diante disso, a empresa poderá usar recur- sos próprios e de terceiros, definindo o total que será investido, sendo isto de fundamental importância para a análise de viabilidade, pois a fontede recurso usado poderá interferir no resultado final do projeto (COS- TA, et al., 2011; WOILER; MATHIAS, 2011; OLIVEIRA, et al., 2013). Uma empresa só cria valor se o retorno sobre o capital investido for maior do que o custo envolvi- do ou do que a taxa de ganho que os investidores poderiam auferir no caso de investirem em outros valo- res com o mesmo risco (OLIVEIRA et al., 2013; ANTONIK, 2017). Ou seja, o retorno do investimento deve ser superior ao custo de oportunida- de, representado por outras opor- tunidades de investimentos que os sócios, proprietários do capital, possam ter para investir os seus re- cursos financeiros (LAPPONI, 2000; WOILER; MATHIAS, 2011). Assim, se a empresa optar por ter fontes de capital próprias e de terceiros também, será necessário calcular o custo médio ponderado do capital para utilizar como custo de oportunidade quando do cálculo “A análise de viabilidade econômica e financeira de um empreendimento é essencial para sua prosperidade e análise de retornos futuros. É por meio dessa análise que o empreendedor tem visão ampla da situação ambiental, mercadológica, legal, fiscal e política, possuindo mais subsídios para a tomada de decisão.” 73REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 do valor presente líquido (VPL) dos fluxos futuros de caixa, método este dos mais utilizados e impor- tantes na análise de viabi- lidade de projetos (BRITO, 2003; HOJI, 2010). O fluxo de caixa é um método de fundamental im- portância para a empresa, funcio- nando como um controle financei- ro, pois nele se informam todas as origens e aplicações de recursos em um determinado período de tempo futuro, projetando o investimento. Para estudar a viabilização de um investimento, são necessários alguns elementos, como: investi- mento inicial, receitas, saídas de caixa/custos e despesas, capital de giro e valores residuais. Investi- mento inicial corresponde a todos os itens necessários para a abertu- ra do negócio. São classificados em investimentos físicos, que são os terrenos, edificações e móveis; e os investimentos financeiros, que cor- respondem aos estoques, mão de obra, e gastos que a empresa faz para entrar em operação (BRITO, 2003; WOILER; MATHIAS, 2011). Entende-se por receita a entra- da de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normal- mente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de servi- ços (BRITO, 2003; IUDÍCIBUS, 2010; SOUZA, 2012); as receitas decorren- tes de operações financeiras e recei- tas consideradas não operacionais como reversão de provisão para perdas prováveis; as decorrentes da alienação de bens do ativo não cir- culante imobilizado; e também as decorrentes de doações de pessoas de direito privado (SOUZA, 2012). Os custos de um projeto pos- suem duas origens: a realização dos investimentos e a operação da empresa. Os custos de investimen- tos constituir-se-ão em estoques de capital e os operacionais, em fluxos sobre estes estoques. Os operacio- nais podem dividir-se em “fixos” e “variáveis em curto prazo”. Na elabo- ração do projeto, colo- cam-se os custos como fixos e variáveis a cada ano (BRITO, 2003). A despesa é o consumo de bens ou serviços, que, direta ou indiretamente, ajuda a produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo, uma despesa é realizada com a fi- nalidade de obter uma receita (IU- DÍCIBUS, 2010). O capital de giro correspon- de aos recursos aplicados em ati- vos circulantes, que vão se trans- formando constantemente dentro do ciclo operacional (HOJI, 2010). Portanto, o capital de giro fica gi- rando dentro da empresa, e cada vez que sofre transformações em seu estado patrimonial produz re- flexo na contabilidade. Até se trans- formar novamente em dinheiro, o valor inicial do capital de giro vai sofrendo acréscimo a cada trans- formação, contando que, quando o capital retornar ao seu estado de dinheiro, completando seu ci- clo operacional, deverá estar maior do que o valor inicial (FONSECA, 2012). Dessa forma, considera-se capital de giro como o conjunto de valores que a empresa deverá pos- suir para fazer seus negócios acon- tecerem, ou seja, girarem (WOILER; MATHIAS, 2011). Na sequência tem-se o valor re- sidual, entendendo-se como o va- lor da empresa no último período de horizonte do projeto, ou seja, quando é proposto o encerramen- to da empresa, representando o valor de sua revenda, quando for constatado que se encerrou o ciclo de aplicação do capital (WOILER; MATHIAS, 2011). O valor residual é uma estimativa do valor que um equipamento ou instalação terá no final do projeto, devendo ser devi- damente lançado no fluxo de caixa no último período (LAPPONI, 2000). 2.3 Métodos quantitativos de análise de investimentos Existem diversos métodos uti- lizados para que o empreendedor possa verificar antecipadamente se o investimento será viável ou não e os mais utilizados são: Payback descontado, Valor Presente Líqui- do (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Índice de Lucratividade (IL), Valor Futuro Líquido (VFL), Análise de cenários e análise de sensibilida- de. (KASSAI, et al., 2000; LAPPONI, 2000; BRITO, 2003; BROM; BALIAM, 2007; CAVALCANTI; PANTULLO, 2007; GITMAN; MADURA, 2008; GROPPELLI; NIKBAKHT, 2010; SOU- ZA, 2008; CASAROTTO; KOPITTKE, 2010; HOJI, 2010; WOILER; MA- THIAS, 2011). O payback é o período de tem- po em que ocorre o retorno do in- vestimento, ou seja, o prazo em que os valores dos benefícios líqui- dos de caixa se igualam ao valor do investimento inicial (HOJI, 2010). A regra de decisão é escolher o pro- jeto cujo prazo de recuperação seja menor, consequência do raciocí- nio de que, quanto menor o prazo de recuperação do valor aplicado, menor é o risco inerente ao proje- to (SOUZA, 2008; ANTONIK, 2017). O VPL é a soma das entradas e saídas de um fluxo de caixa na data inicial. O método do valor presente líquido consiste em determinar o va- lor no instante inicial, descontando o fluxo de caixa líquido de cada pe- ríodo futuro gerado durante a vida útil do investimento, com a taxa mí- nima de atratividade e adicionando o somatório dos valores desconta- dos ao fluxo de caixa líquido no instante inicial (HOJI, 2010). O inves- timento será economi- 74 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. camente atraente se o valor presente líquido for positivo (LAPPONI, 2000; SOUZA, 2008; HOJI, 2010; WOILER; MATHIAS, 2011). Vale lembrar que, esse método é o mais recomendado e o mais usado para fazer análise de investimentos, pois nele são conside- rados todos os fluxos de caixas futu- ros e também os custos de capitais empregados. A TIR é definida como taxa de desconto que torna nulo o valor atual líquido do investimento, co- nhecida como a taxa de desconto do fluxo de caixa. É uma taxa de ju- ros subentendido em uma série de pagamentos e recebimentos, que possui a função de descontar um valor futuro ou aplicar o valor fu- turo sobre um valor presente, con- forme o caso para trazer ou levar cada valor do fluxo de caixa para uma data de avaliação. Ao aplicar a TIR, a soma das saídas e entra- das deve ser igual, para se anula- rem (LAPPONI, 2000; BRITO, 2003; BROM; BALIAN, 2007; CASAROTTO; KOPITTKE, 2010; CAVALCANTI; PAN- TULLO, 2007; HOJI, 2010; WOILER; MATHIAS, 2011). Quanto à lucratividade, existem alguns métodos para medi-la. Es- ses métodos possibilitam ao analis- ta avaliar os lucros da empresa com relação a um dado nível de vendas, a certo nível de ativos ou ao investi- mento dos proprietários, pois,sem lucros, a empresa não pode atrair capital de fora conforme relatam (GITMAN; MADURA, 2008). O Valor Futuro Líquido (VFL) é a soma das entradas e saídas de um fluxo de caixa na data final (LAPPONI, 2000; HOJI, 2010). Em relação à análise de cená- rios, a grande contribuição é que ele considera aspectos não rotinei- ros do meio ambiente, por meio da dramatização dos fatores mais re- levantes, como sendo uma antevi- são da construção de futuros alter- nativos (WOILER; MATHIAS, 2011). O estudo de cenários pode forne- cer indicações de como se compor- tarão os preços de venda, das maté- rias-primas, dos salários, a variação das moedas dos financiamentos, a correção oficial para o ativo imobili- zado e patrimônio líquido, de modo a gerar, a partir do fluxo de caixa a preços de hoje, um novo fluxo de caixa a preços ajustados (CASAROT- TO; KOPITTKE, 2010). Também se salienta a análise de sensibilidade, utilizada normal- mente em situações em que não há quaisquer informações sobre a dis- tribuição de possibilidades. Nesse caso a análise de sensibilidade pro- cura estudar o efeito em que a va- riação num dado de entrada pode ocasionar nos resultados espera- dos (KASSAI, et al., 2000). Em pa- íses com instabilidade econômica, deve ser feita a respectiva análise para cada componente do fluxo de caixa (KASSAI, et al., 2000; CASA- ROTTO; KOPITTKE, 2010). 3. Procedimentos metodológicos Para a realização desta pesqui- sa foi utilizada a classificação me- todológica de Vergara (2014), que se utiliza de dois critérios básicos para classificar os tipos de pesquisa, quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa foi des- critiva, pois expôs características em relação à instalação de um escritó- rio de contabilidade em uma cidade de porte médio do noroeste do Rio Grande do Sul. Configura-se ainda como pesquisa aplicada, pois teve como objetivo analisar a viabilidade econômica e financeira do referido investimento que é motivada pela necessidade de resolver problemas concretos (VERGARA, 2014), ou seja, o interesse de profissionais da contabilidade em empreender. Quanto aos meios a pesquisa foi bibliográfica, pois o estudo foi ela- borado com base em material im- presso e eletrônico acessível ao pú- blico em geral, com o objetivo de “Portanto, é indiscutível a importância de um profissional de contabilidade para uma organização empresarial, independentemente do porte ou da atividade que é desenvolvida, pois todas necessitam das informações contábeis para tomar decisões e analisar a situação econômico-financeira do negócio.” 75REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 fundamentar teoricamente a pes- quisa (VERGARA, 2014). Também foi classificada como documental, pois foram feitos orçamentos de in- vestimentos iniciais e materiais de escritórios de contabilidade, bem como em demonstrações contábeis, para determinar receitas, custos e despesas do investimento. Por fim, a pesquisa configurou-se como um estudo de caso, pois se constituiu de um processo linear iterativo par- tindo de um planejamento do tra- balho, desenho da pesquisa, cole- ta e análise dos dados e, por fim, o compartilhamento dos resultados da pesquisa que teve como corpo de análise uma empresa de contabi- lidade (YIN, 2015; VERGARA, 2014). A coleta das evidências ocor- reu no primeiro semestre de 2016 e se deu por meio de pesquisa em livros, revistas, dicionários, sites es- pecializados, e por meio de entre- vistas semiestruturadas feitas com proprietários de escritórios de con- tabilidade, para levantamento de dados que auxiliaram na prepara- ção do fluxo de caixa do projeto de investimento. Também foi feita por meio de pesquisa nos orçamen- tos e nas demonstrações contábeis de escritórios de contabilidade. As evidências coletadas foram trata- das de forma qualitativa para ava- liar o mercado e o ambiente em que se pretende investir e para in- terpretar as entrevistas realizadas. Também foram tratadas de forma quantitativa, por meio de procedi- mentos matemáticos e estatísticos quando da elaboração dos quadros econômicos e financeiros e quan- do do cálculo dos métodos tradi- cionais de análise de investimen- tos, de cenários e de sensibilidade. Por fim, procedeu-se à triangulação dos resultados empíricos com a teo- ria revisada, para interpretar os re- sultados e definir a viabilidade eco- nômica e financeira da proposta, cujos resultados são apresentados na sequência (VERGARA, 2010). 4. Apresentação e discussão dos resultados Considerando que a Contabi- lidade é uma área indispensável a todas as organizações, podendo ser realizada internamente ou de forma terceirizada, quando não seja van- tajosa financeiramente a manuten- ção desses serviços internamente, procedeu-se o estudo da viabilida- de de constituição de uma empre- sa contábil para atender às empre- sas que optarem pela terceirização dos serviços. Um escritório de contabilida- de que estabelece relação com o cliente via contrato sobre os deve- res e obrigações das partes envolvi- das é responsável por escriturar os atos e fatos ocorridos na empresa e ainda oferecer resolução de proble- mas na área fiscal, tributária, previ- denciária, trabalhista, entre outras questões relacionadas à contabili- dade empresarial. A seguir apresentam-se os re- sultados da pesquisa, inicia-se pela análise de mercado, depois tem-se a elaboração dos quadros quanti- tativos e, por fim a análise do in- vestimento. 4.1 Análise de mercado Para a análise de mercado, fo- ram realizadas quatro entrevis- tas a contadores da cidade obje- to de estudo, apresentando-se, na sequência, os principais resul- tados. O primeiro questionamen- to foi em relação ao investimento inicial necessário para a abertura de um escritório de contabilidade. O primeiro entrevistado respon- deu que o custo inicial depende da proposta de número de clien- tes, pois, em razão da informática, os custos são significantes. O se- gundo entrevistado relatou que o escritório foi comprado com uma carteira de 20 escritas fiscais sen- do avaliado o investimento inicial no valor de R$20.000,00. O tercei- ro relatou que iniciou suas ativida- des em casa, de forma individual, adquirindo mesas, cadeiras, com- putadores, impressora e pratelei- ras, tendo um investimento inicial em torno de R$4.000,00 e o quar- to entrevistado revelou ter inves- tido o montante de R$50.000,00. Quando perguntados sobre a es- trutura necessária para iniciar o negócio, dois dos respondentes informaram que foram necessá- rias máquinas de escrever - hoje computadores -, canetas, calcula- dora e mesas; e o terceiro entre- vistado relatou que foi necessário investir em telefone, internet, sis- tema contábil, materiais de expe- diente e de escritório ; e o quarto entrevistado afirmou ter adquirido escrivaninhas, cadeiras, computa- dores e armários. Na sequência foram questio- nados sobre a quantidade de fun- cionários necessária para iniciar o negócio. O primeiro respondente afirmou que iniciou com seis; o se- gundo com um; o terceiro não ti- nha funcionários; e o quarto res- pondente informou que iniciou com dois funcionários. Também foram questionados sobre a reali- zação de algum planejamento para realizar o investimento. Três dos entrevistados revelaram que não planejaram o investimento. Ape- nas um dos respondentes afirmou ter realizado um planejamento simplificado, com base nos gastos mínimos para manter a estrutura inicial. Quanto ao tempo de fun- cionamento, os entrevistados res- ponderam 50 anos, 23 anos, 14 anos e 25 anos, respectivamente. Também foram questionados sobre como são calculados os ho- norários contábeis. O primeiroparticipante respondeu que faz os cálculos com base no tempo neces- sário para a execução do trabalho e que depende muito do tipo de empresa. O segundo revelou que considera o custo do escritório, 76 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. além da experiência nesse ramo que possibilita saber qual o servi- ço necessário para cada empresa e o tempo a ser disponibilizado para prestar o serviço. O terceiro rela- tou considerar as movimentações, faturamento e número de funcio- nários da empresa. Já o quarto participante relatou cobrar uma porcentagem do salário mínimo. No que tange às formas de divul- gação dos serviços e quais táticas para conquistar clientes, dois res- pondentes informaram divulgar os serviços por meio de rádio, marke- ting boca a boca, por indicação dos próprios clientes e ainda por meio do site do escritório. Outros dois respondentes relataram que não possuem meios de divulgação de seus serviços e nem táticas de conquista de clientes. Quanto ao tempo de retorno do investimento, um respondente informou que de- pende do número de clientes; o se- gundo respondente relatou que o retorno foi obtido entre 1 e 2 anos; o terceiro revelou que foi muito rá- pido, em poucos meses; e o quar- to respondente informou que le- vou dois anos para o retorno do investimento. Quando questionados sobre o mercado contábil na cidade ob- jeto do estudo e se existe espaço para novos escritórios, o primei- ro respondente arguiu que deve haver espaço e que a tendência é que o futuro profissional trabalhe nas empresas em razão das expe- riências em informática; o segun- do relatou que existe espaço para profissionais qualificados e éticos; o terceiro entrevistado relatou que o espaço está cada vez mais amplo pela elevação no campo de atu- ação do contador e poucos pro- fissionais focando nessa área; o quarto respondente opinou que o mercado da cidade está “atrofian- do”, com empresas fechando, mas que ainda há espaço para os bons profissionais. Ao serem inquiridos sobre o di- ferencial de seu escritório frente aos concorrentes, o primeiro en- trevistado relatou que é o bom serviço e o atendimento; o segun- do relatou que são os colabora- dores qualificados, qualidade nos serviços, união da equipe e trans- parência ética profissional; o ter- ceiro respondeu que o diferencial está no adequado relacionamen- to com os clientes; e o quarto res- pondente acredita ser a seriedade, a ética e a eficiência. Em relação à escolha da localização da sua empresa, o primeiro entrevistado relatou que considerou o ponto “sem barulho e sem poeiras para os aparelhos e computadores”; já o segundo entrevistado conside- rou o fato de o prédio ser próprio e o local de fácil estacionamento para os clientes; o terceiro respon- dente considerou o custo de ma- nutenção da infraestrutura; e o quarto entrevistado relatou ser o valor do aluguel. Quando perguntados se atu- almente o escritório está obten- do os resultados esperados, to- dos os entrevistados afirmaram que sim. O primeiro entrevista- do afirmou gerar uma margem de 30% sobre o seu faturamento; o segundo relatou ter uma margem entre 15 e 20% sobre os honorá- rios recebidos no mês; o terceiro respondente informou a geração de 40% de margem, mas com um controle rigoroso nas despesas; o quarto respondente não é sabe- dor da margem, alegando asso- ciar outras atividades, sem fazer a separação. Como último questio- namento sobre o ponto de equi- líbrio do negócio, o primeiro res- pondente relatou que depende do valor do honorário de cada empre- sa, pois no rol de clientes constam empresas de portes diferentes; já o segundo respondente conside- ra que o ponto de equilíbrio não pode ser mensurado por número de clientes, mas por valor cobra- do de honorários, sendo que com um cliente já pode ser atingido o ponto de equilíbrio se o valor co- brado de honorários for suficiente para cobrir as despesas do escri- tório; o terceiro participante tam- bém relatou que por número de clientes é difícil demonstrar, pois depende da estrutura dos clientes; e o quarto entrevistado considera que o ponto de equilíbrio depen- de do valor cobrado pelos serviços e o custo para a sua manutenção. De acordo com a Delegacia do CRCRS, o município objeto de estu- do possui 196 profissionais da con- tabilidade registrados no Conselho e aptos ao exercício da profissão e 19 empresas contábeis instaladas (CRCRS, 2017). O número de em- presas no município é de 10.723 (ECONODATA, 2017). A previsão de população para 2017, é de 79.101 habitantes (IBGE, 2016). Esses da- dos demonstram a existência de mercado para a instalação de mais uma empresa contábil no municí- pio, principalmente considerando o número de empresas versus a po- pulação. Se metade dos habitantes do município estivessem emprega- dos, as empresas teriam, em média 3,7 empregados, o que caracteriza microempresas e empresas de pe- queno porte em sua maioria, atu- antes no município. Ou seja, aque- las que costumam terceirizar os serviços de contabilidade. A seguir apresentam-se os qua- dros quantitativos da pesquisa que dão suporte para a análise por meio dos métodos tradicionais de análise de investimentos. 4.2 Quadros quantitativos da pesquisa Os quadros quantitativos da proposta de investimento seguem os modelos indicados por Woiler e Mathias (2011). O investimento inicial considerou os gastos com móveis, máquinas, 77REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 equipamentos e utensílios, softwa- re, e demais custos necessários para a regularização da empresa, confor- me apresentados no Quadro 1. O investimento totalizou o montante de R$40.752,00 desdo- brado em mesas, armários, cadei- ras, calculadoras, telefone, servi- dor, computadores, impressora, software, nobreaks, ar condicio- nado, geladeira e micro-ondas. Estão incluídos gastos com mate- rial de expediente e despesas com a constituição e regularização do escritório e outros gastos extras. O investimento financeiro é re- presentado pelo capital de giro, o qual será utilizado para o funcio- namento do negócio, cobrindo as despesas, antes das entradas efe- tivas de caixa. Para estipular o va- lor, consideraram-se os desembol- sos necessários, menos salários e pró-labores, para o primeiro mês de funcionamento da empresa contábil, com uma pequena fol- ga, conforme demonstra o Qua- dro 8. Os outros valores represen- tam possíveis necessidades com assessorias, treinamentos e ou vi- sitas para conquistar clientes no início das atividades. Além disso, cabe frisar que se considerou que o imóvel para a instalação será alugado e a estrutura funcional contará com dois contadores em- preendedores proprietários e três funcionários, os quais dividirão to- das as tarefas contábeis. Com o uso, ao longo do tem- po, os bens se depreciam, demons- trando-se esse efeito no Quadro 2, seguindo o método linear, conside- rando que os móveis, máquinas e outros se depreciam em 10 anos e os equipamentos em 5 anos. Dessa forma, obtêm-se uma de- preciação anual de R$5.251,50 e va- lor residual de R$12.924,50 para o projeto de investimentos com um horizonte de 5 anos. Em relação à tributação, consi- derou-se que o escritório será op- tante pelo regime Simples Nacional, tendo a obrigatoriedade, de acor- do com a legislação de prestar servi- ços às empresas de Microempreen- dedor Individual (MEI), sendo que não poderão ser cobradas as taxas e serviços para proceder a tais cons- tituições de empresas, porém pode- rão ser cobrados honorários a esse tipo de empresas, se necessitaremde serviços de folha de pagamento, e a partir do segundo ano, declara- ções de imposto de renda também poderão ser cobradas. Foram esti- mados os clientes considerando os enquadramentos demonstrados no Quadro 3 com um rol de 57 clien- tes e crescimento de 20% por ano. Quadro 1– investimento inicial MÓVEIS QTDE VALOR Mesa 8 R$5.000,00 Estantes 5 R$800,00 Armários 3 R$2.000,00 Cadeiras 10 R$4.000,00 Telefone 2 R$738,00 EQUIPAMENTOS E PROGRAMAS Servidor 1 R$4.000,00 Computadores 5 R$8.500,00 Impressora 1 R$531,00 Software (licença) R$400,00 Calculadora 8 R$ 507,50 Nobreacks 2 R$ 3.500,00 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Ar condicionado 1 R$1.670,00 Geladeira 1 R$880,00 Micro-ondas 1 R$350,00 UTENSÍLIOS Materiais de escritório R$800,00 REGULARIZAÇÃO Comercial/Receita Federal R$100,00 Taxa registro Conselho Regional de Contabilidade R$100,00 Alvará de funcionamento – Prefeitura R$90,00 Outros R$2.000,00 Capital de giro R$4.705,50 TOTAL R$40.752,00 Quadro 2 – Depreciação Descrição Valor do Bem Critério Depreciação Anual Valor Residual Móveis R$12.538,00 10 R$1.253,80 R$6.269,00 Equipamentos R$17.038,50 5 R$3.407,70 R$0,00 Outros R$3.000,00 10 R$300,00 R$1.500,00 Máquinas R$ 2.900,00 10 R$290,00 R$1.450,00 Capital de giro R$3.705,50 Total R$35.476,50 R$5.251,50 R$12.924,50 Quadro 3 – Número de clientes Ano 1 2 3 4 5 MEI – (faturamento – fat. até 60.000,00 / ano) 20 24 29 35 41 Microempresas (fat. até 180.000,00/ ano) 22 26 32 38 46 Microempresas (fat. de 180.000,00 Até 360.000,00 / ano) 10 12 14 17 21 Pequenas empresas (fat. de 360.000 a 3.600.000,00/ ano) 3 4 4 5 6 Médias empresas (fat. de 3.600.000,00 a 10.0000000,00/ ano) 2 2 3 3 4 TOTAL 57 68 82 98 118 78 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. No Quadro 4 estão demonstra- dos os valores dos honorários co- brados, calculados de acordo com o salário mínimo regional, que em 2015 era de R$960,00 (Sindesc, 2015) com a convenção coletiva de trabalho para 2016 ainda em dis- cussão, e com a prática dos demais escritórios de contabilidade do mu- nicípio entrevistados. O Quadro 5 representa as receitas projetadas em R$ (reais), de acordo com os valores de honorários cobra- dos, ressaltando que foram estima- dos que 20% dos MEI necessitam dos serviços do escritório referente à folha de pagamento, consideran- do essa receita para o segundo ano. De acordo com o apresentado no Quadro 5, no quinto ano do in- vestimento, a receita mensal proje- tada será de R$38.132,67 mensais e R$457.592,09 anual. A folha de pagamento do escritó- rio em estudo está composta, confor- me demonstrado no Quadro 6, em um valor inicial de R$1.000,00 para cada um dos funcionários. Esses va- lores estão de acordo com os pratica- dos pelos demais escritórios de con- tabilidade entrevistados e também atendem ao salário mínimo regido pelo sindicato da categoria. Os en- cargos sobre a folha dos funcioná- rios, incluindo o 13º e férias, repre- sentam 8% referente ao FGTS, tendo em vista que o encargo de 11% re- ferente à contribuição previdenciária é suportado pelo sócio, demonstran- do-se, assim, os cálculos, conside- rando apenas o valor bruto. Em re- lação ao pró-labore estipularam-se R$3.000,00 para cada sócio, e a em- presa não possui custos sobre essa remuneração, tendo em vista fazer a opção pelo Simples Nacional. Desta- ca-se que esse valor poderá ser com- plementado pela distribuição de lu- cros, já que o custo de oportunidade almejado pelos sócios é de 20% sobre o capital investido, de acordo com o que foi identificado como retorno na pesquisa de mercado. Não se consi- deraram diferenças salariais sobre o pró-labore porque ele está superior ao salário estipulado pelo sindicato da categoria (Sindesc, 2015). Dessa forma, obtém-se um custo unitário de R$1.200,00 com salários e encargos e R$3.000,00 com pró-la- bore, apresentando-se um montante de R$9.600,00 mensais, consideran- do o número de 3 funcionários e 2 sócios. O montante anual correspon- de ao valor de R$115.200,00, con- forme demonstrado no Quadro 7. Assim, o custo anual de remu- neração será de R$115.200,00 no primeiro ano. Pelo fato de haver um aumento no número de clien- tes, há a necessidade de aumentar o número de funcionários. Portan- to, a partir do terceiro ano, tem- se a contratação de 1 funcionário por ano. Assim, nos dois primeiros anos, os custos com funcionários se mantêm, com fluxo de caixa calcu- lado a valor constante, e, a partir do terceiro ano, ocorrerá um aumento correspondente ao número de fun- cionários contratados, mantendo-se constante o pró-labore. No que se refere aos custos fixos da empresa, apuraram-se o IPTU, in- ternet, energia elétrica, água e esgo- to, telefone, material de expedien- te, software, aluguel, manutenção, limpeza, anuidade do CRC do escri- tório e dos profissionais e mais salá- rios dos funcionários e pró-labore. O valor estipulado da mensalidade do software a ser utilizado é com base no orçamento do sistema contábil Domínio, que tem o valor calculado sobre quantas pessoas utilizarão o sistema, no caso do escritório, 5 libe- rações. Para o investimento foi pro- jetada uma área 100 m², contendo um banheiro, uma sala de reuniões, Quadro 4 – Honorários Empresas Valores – Honorários MEI R$36,20 – se a empresa necessitar de serviços de folha de pagamento. Microempresas R$217,20 Microempresas R$579,20 Pequenas empresas R$868,80 Médias empresas R$2.534,00 Quadro 5 – Projeção das receitas Ano 1 2 3 4 5 MEI 173,76 208,51 250,21 300,26 Microempresas 4.778,40 5.734,08 6.880,90 8.257,08 9.908,49 Microempresas 5.792,00 6.950,40 8.340,48 10.008,58 12.010,29 Pequenas empresas 2.606,40 3.127,68 3.753,22 4.503,86 5.404,63 Médias empresas 5.068,00 6.081,60 7.297,92 8.757,50 10.509,00 TOTAL / Mensal 18.244,80 22.067,52 26.481,02 31.777,23 38.132,67 Total/ Anual 218.937,60 264.810,24 317.772,29 381.326,75 457.592,09 Quadro 6 – Remuneração Cargo Auxiliar de Escritório Pró-Labore Salário R$1.000,00 R$3.000,00 13º R$83,33 - Férias R$27,78 - FGTS R$88,89 - TOTAL R$1.200,00 R$3.000,00 Quadro 7 – Custos com remuneração Item Funcionário (3) Pró-Labore (2) Valor Anual Salário Anual R$43.200,00 R$72.000,00 R$115.200,00 79REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 uma sala reservada aos sócios, uma cozinha, um ambiente reservado para o arquivamento de documen- tos, recepção, e o ambiente de tra- balho dos funcionários, o qual será alugado, conforme Quadro 8. Os custos fixos mensais do escri- tório remontam em R$14.252,56, sendo o desembolso anual no valor de R$173.159,72 para o primeiro ano; e considerando o aumento de funcionários para os anos seguintes a variação nos custos fica demonstra- da no Quadro 9. Destaca-se que não houve projeção para outros gastos, como consultoria, cursos e treina- mentos, pois, como a empresa obje- to de estudo oferecerá os serviços da contabilidade, atendendo à norma que trata do plano de contas simplifi- cado, não abrangendo consultorias e assessorias, entende-se que essas ne- cessidades são supridas pelo progra- ma de formação continuada do pró- prio Conselho de Contabilidade, que não tem custos adicionais à anuida- de já projetada no quadro 8. Também não foram considerados custos de inadimplência, porque, pelas entre- vistas, verificou-se que esse percen- tual é mínimo para os escritórios do município. Outro custo desconsidera- do foi referente à coleta e entrega de documentos para as empresas, pois a prática no município é que essa ta- refa cabe às empresas contratantes dos serviços contábeis, caso contrá- rio, tem tarifa de entrega. Alémdis- so, também é usual os empresários visitarem os escritórios contábeis e, não, o contrário. Não se projetou crescimento nos custos fixos para o segundo ano, pois entende-se que a ociosi- dade da infraestrutura instalada no primeiro ano será suficiente para atender às necessidades do segun- do ano. Acrescenta-se que, pelo fato de a inflação interferir tanto na receita quanto nos custos e despe- sas, ela é desconsiderada do fluxo de caixa (LAPPONI, 2000). Com a projeção das receitas e dos custos fixos já estipulados, foi possível veri- ficar o lucro líquido do exercício do projeto, por meio da projeção dos resultados, exposta no Quadro 10. Quanto à tributação, o escritório se enquadra no Anexo III - 2º faixa do regime Simples Nacional, em ane- xo no final do trabalho, com alíquota 8,21% sobre o faturamento até o 3º ano, e no 4º e 5º ano se enquadra na 3º faixa, de alíquota 10,26% devido ao aumento do faturamento. Ressal- ta-se que nesse percentual já está in- clusa a Cofins, CPP e ISS, na 2º faixa, e na 3º faixa além dos anteriores, es- tão inclusos o IRPJ, CSLL e PIS/Pasep. Assim, pode-se verificar que o investimento obteve lucro já no primeiro ano de R$22.551,60, che- gando ao quinto ano com um re- sultado de R$189.031,93. O fluxo de caixa projetado está demonstra- do no Quadro 11, partindo do lu- cro líquido a ser obtido pelo escri- Quadro 8 – Custos fixos CUSTO FIXO MENSAL ANUAL IPTU R$800,00 Internet R$120,00 R$1.440,00 Energia elétrica R$300,00 R$3.600,00 Aluguel R$2.300,00 R$27.600,00 Água e esgoto R$32,56 R$390,72 Telefone R$200,00 R$2.400,00 Materiais de expediente R$500,00 R$6.000,00 Software (mensalidade para Programa fiscal/pessoal e contábil) R$800,00 R$9.600,00 Manutenção R$200,00 R$2.400,00 Limpeza R$200,00 R$2.400,00 Anuidade Conselho Regional de Contabilidade-Escritório + profissionais R$1.329,00 Salários R$3.600,00 R$43.200,00 Pró-labore R$6.000,00 R$72.000,00 TOTAL R$14.252,56 R$173.159,72 Quadro 9 – Custos fixos anuais ANO 1 2 3 4 5 Custo Fixo 173.159,72 173.159,72 187.559,72 201.959,72 216.359,72 Quadro 10 – Resultado dos exercícios projetado Resultado dos exercícios Projetados Itens/ano 1 2 3 4 5 Receitas com Vendas 218.937,60 264.810,24 317.772,29 381.326,75 457.592,09 (-) Simples Nacional/ e outros 17.974,78 21.740,92 26.089,10 39.124,12 46.948,95 (-) Custos Fixos 173.159,72 173.159,72 187.559,72 201.959,72 216.359,72 (-) Depreciação 5.251,50 5251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 LLE 22.551,60 64.658,10 98.871,96 134.991,40 189.031,93 Quadro 11 – Fluxo de caixa projetado Fluxo de caixa Ano 0 1 2 3 4 5 Entradas LLE 22.551,60 64.658,10 98.871,96 134.991,40 189.031,93 (+) Depreciação 5.251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 Valor residual dos bens 12.924,50 (=) Total de entradas 27.803,10 69.909,60 104.123,46 140.242,90 207.207,93 Saídas Capital próprio 40.752,00 1.700,00 1.700,00 2.250,00 (=) Total de saídas 40.752,00 (=) Fluxo de caixa líquido -40.752,00 27.803,10 69.909,60 102.423,46 138.542,90 204.957,93 80 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. tório de contabilidade, somam-se as despesas não desembolsáveis e o valor residual dos bens e, como saídas, tem-se o capital próprio. Assim, devido ao aumento de funcionários a partir do 3º ano, houve a necessidade de um rein- vestimento. No 3º, 4º e 5º ano, foi adquirido 1 computador cada ano, e no 5º mais uma mesa. Ao se ve- rificar o fluxo de caixa do escritório de contabilidade, percebe-se resul- tado satisfatório para o investimen- to desde o primeiro ano. 4.3 Análise da oportunidade de investimento Pelo método do VPL, consi- derando uma taxa de atrativida- de para o investimento de 20% ao ano, o projeto recupera o ca- pital investido e gera retorno de R$239.419,16 no final do perío- do projetado. Destaca-se que a taxa de 20% observou a margem de contribuição identificada nos questionamentos feitos aos con- tadores locais. Para efetuar o cál- culo, subtrai-se o investimento ini- cial de R$40.752,00 do valor das entradas de caixa, descontadas a uma taxa de 20% ao ano, obten- do-se o seguinte resultado: O VPL obtido significa que o in- vestimento gerará um retorno supe- rior à expectativa dos empreende- dores, demonstrando a viabilidade do projeto, ou seja, o projeto paga o investimento inicial, remune- ra os empreendedores com 20% ao ano e ainda tem uma sobra de R$239.419,16. A TIR é um critério de avalia- ção que garante que o empreendi- mento ao menos obterá a taxa re- querida de retorno. Para o cálculo da TIR deste projeto, utilizou-se a calculadora HP 12 C, chegando a um resultado de 132,61% ao ano, maior que a taxa de atratividade determinada no projeto (20% ao ano), reforçando a atratividade e a viabilidade. O índice de lucratividade do es- critório de contabilidade é de 6,88, isto significa dizer que ele é lucra- tivo, pois é maior do que 1. Para o cálculo do IL, partiu-se do valor do VPL dividido pelo investimento ini- cial mais um, conforme fórmula de Lapponi (2000). Para o cálculo do payback des- contado, utilizou-se um custo de ca- pital de 20%, o mesmo utilizado para o cálculo do VPL, que representa o mínimo de retorno que os empreen- dedores pretendem obter do investi- mento, demonstrado no Quadro 12. Portanto, por meio do cálcu- lo da regra de 3, pode-se verificar que após 1 ano, 4 meses e 11 dias, o projeto recupera o capital inves- tido. O Quadro 12 também mos- tra que os retornos que o projeto pode gerar, ao final de 5 anos, são de R$280.171,16 e confirma o VPL calculado anteriormente. Na análise de cenários, são de- monstrados os fluxos de caixa nos cenários otimista e pessimista. No cenário otimista, estimou-se que o escritório de contabilidade terá um número de clientes 15% maior em relação ao cenário anterior e também 15% a mais no valor co- brado dos honorários. Assim, o escritório terá 64 clientes no pri- meiro ano. O fluxo de caixa no ce- nário otimista está demonstrado no Quadro 13. O escritório de contabilidade já obterá um resultado positivo no 1º ano, de R$73.627,76. Calculando- se o payback, percebe-se que, em 7 meses e 29 dias, o projeto já re- cupera o investimento, chegando no 5º ano com um VPL positivo de R$473.788,53. A TIR é 242,56%, maior que a taxa de atratividade de- terminada no projeto (20% ao ano) ; Então pode-se dizer que ela é atra- tiva e viável, confirmada pelo IL que foi 12,63. No cenário pessimista, pressu- põe-se que o escritório de contabi- lidade terá um número de clientes 15% menor em relação ao cenário anterior, e também 15% a menos no valor cobrado dos honorários. Assim, o escritório terá 50 clientes no primeiro ano. O fluxo de caixa Quadro 12 – Payback descontado Ano Capitais Retorno PBD 0 -40.752,00 - 40.752,00 1 27.803,10 23.169,25 -17.582,75 2 69.909,60 48.548,33 30.965,58 3 102.423,46 59.272,84 90.238,42 4 138.542,90 66.812,74 157.051,16 5 204.957,93 82.368,00 239.419,16 280.171,16 Quadro 13 – Cenário otimista Fluxo de caixa cenário otimista Ano 0 1 2 3 4 5 Entradas LLE 68.376,26 141.555,04 168.922,33 232.433,33 326.149,66 (+) Depreciação 5.251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 Valor dos bens 12.924,50 (=) Total de entradas 73.627,76 147.018,05 174.173,83 237.684,83 344.325,66 Saídas Capital próprio 40.752,00 1.700,00 1.700,00 2.250,00 (=) Total de saídas 40.752,00 (=) Fluxo de caixa - 40.752,00 73.627,76 147.018,05 172.473,83 235.984,83 342.075,66 81REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 no cenáriopessimista está demons- trado no Quadro 14. Assim, percebe-se que o escri- tório de contabilidade irá obter um valor positivo no segundo ano do investimento, de R$8.504,29. Calculando o retorno do inves- timento pelo método payback, po- de-se verificar que, após 4 anos e 29 dias, o projeto recupera todo o ca- pital investido, e que o VPL do proje- to é de R$32.918,63, representando um valor positivo, significando que mesmo nesse cenário o investimen- to trará retorno maior que o capital investido e cobrirá o custo de capi- tal. A TIR é 36,25% também maior do que a esperada pelos empreen- dedores. Calculando o IL, chegou-se no valor de 1,81, também lucrativo, pois é maior que 1. Concluiu-se que, mesmo com um cenário pessimista, o projeto é viável, porém necessita de um prazo maior para obter retor- no e cobrir o valor investido. Portanto, de acordo com os resul- tados obtidos nas análises quantita- tivas do projeto e de acordo com o que preconizam os autores revisados (KASSAI, et al., 2000; LAPPONI, 2000; BRITO, 2003; BROM; BALIAM, 2007; CAVALCANTI; PANTULLO, 2007; GIT- MAN; MADURA, 2008; SOUZA, 2008; CASAROTTO; KOPITTKE, 2010; GRO- PPELLI; NIKBAKHT, 2010; HOJI, 2010; WOILER; MATHIAS, 2011; FONSECA, 2012; BORDEAUX-REGO, 2015), o projeto tem viabilidade econômica e financeira e pode ser implementado pelos profissionais da contabilidade. 5. Considerações finais Ao iniciar qualquer investimen- to, estudos devem ser feitos devi- do ao risco envolvido. Para identi- ficar se o investimento é viável ou não, faz-se necessário um planeja- mento e o estabelecimento de es- tratégias para minimizar os riscos. Assim, considerando que a análise de investimentos é importante para qualquer empreendedor tomar a decisão de investir, ou não. Este ar- tigo teve por objetivo analisar a via- bilidade econômica e financeira da implementação de uma empresa de contabilidade em um município do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, procedeu-se a aná- lises qualitativas de mercado e am- biental, o que levou à conclusão de que existem as condições adequa- das para a implementação da em- presa no ambiente proposto. Na sequência, foram feitas aná- lises quantitativas para identificar se a proposta é viável econômica e financeiramente. Projetaram-se os valores do investimento inicial, da prestação de serviços, dos custos e despesas e da tributação e depre- ciação relacionados ao investimen- to. Com essas projeções criaram-se os quadros de resultado do exercí- cio e de fluxo de caixa, o que pos- sibilitou evoluir para a análise do investimento propriamente dita. Os resultados mostram um VPL, no cenário esperado, positivo e que o projeto recupera o investimento em Quadro 14 – Cenário pessimista Fluxo de caixa cenário pessimista Ano 0 1 2 3 4 5 Entradas LLE -19.116,28 3.252,79 21.592,79 56.581,19 73.077,63 (+) Depreciação 5.251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 5.251,50 Valor dos bens 12.924,50 (=) Total de entradas -13.864,78 8.504,29 26.844,49 61.832,69 91.253,63 Saídas Capital próprio 40.752,00 1700,00 1700,00 2250,00 (=) Total de saídas 40.752,00 (=) Fluxo de caixa -40.752,00 -13.864,78 8.504,29 25.144,29 60.132,69 89.003,63 “O fluxo de caixa é um método de fundamental importância para a empresa, funcionando como um controle financeiro, pois nele se informam todas as origens e aplicações de recursos em um determinado período de tempo futuro, projetando o investimento.” 82 O exercício profissional contábil: Um estudo da viabilidade de implementação de uma empresa contábil RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018. 1 ano, 4 meses e 11 dias. Analisou- se também a TIR, apresentando um percentual acima do que foi exigi- do pelos investidores. Também se projetou o investimento em cená- rios otimista e pessimista. No cená- rio otimista, aumentou-se o número de clientes e valores dos honorários em 15%, resultando em 7 meses para a recuperação do capital in- vestido. Para o cenário pessimista, reduziram-se os clientes e os valores dos honorários em 15%, e o proje- to também apresentou viabilidade, porém necessita de um prazo maior para retornar o investimento. O IL nos três cenários também se mos- trou lucrativo, ou seja, superior a 1. Deste modo, constatou-se que é viável a abertura de uma empre- sa de contabilidade em uma cidade do noroeste do Estado do Rio Gran- de do Sul, sendo esta atividade uma oportunidade de investimento para os contadores. Portanto, recomen- da-se aos investidores decidirem pela implementação da empresa. Destaca-se que o estudo se limi- tou a analisar a viabilidade econô- mica e financeira da implementação de uma empresa contábil de médio porte em uma cidade também de porte médio. Por isso, considera- se relevante que o conhecimento da área de análise de investimen- tos avance com outras pesquisas em empreendimentos de contabi- lidade maiores, abrangendo outras atividades contábeis e para cidades de maior ou menor porte. Ainda, os estudos de viabilidade poderão ser feitos, utilizando-se de outros mé- todos de análise que poderão com- plementar estes e ou serem compa- rativos a estes. Por fim, é importante fri - sar que o artigo contribui com os possíveis investidores na área contábil, subsidiando a tomada de decisão sobre investimentos e permitindo a minimização dos ris- cos. O estudo também contribui com as pesquisas sobre análise de investimentos, apresentando um estudo de caso cuja revisão da li- teratura empírica não identificou outro sobre a área contábil. Nesse sentido, este artigo também con- tribui para as lacunas identificadas na literatura empírica revisada. 6. Referências ANJOS, Luiz C. M.; MIRANDA, L. C. SILVA. Utilização de informações contábeis em cooperativas: são os contadores necessários? In: SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 4, 2010, Recife. Anais eletrônicos...Recife: UFPE, 2010.1 CD-ROM. ANTONIK, Luis Roberto. Análise de projetos de investimento sob condições de risco. Revista da FAE, v. 7, n. 1, 2017. BORDEAUX-REGO, Ricardo. Viabilidade econômico-financeira de projetos. Editora FGV, 2015. BRITO, Paulo. Análise e Viabilidade de Projetos de Investimento. São Paulo: Atlas, 2003. BROM, Luiz Guilherme; BALIAM, Jose Eduardo Amato. Análise de investimentos e capital de giro: Conceitos e aplicações. São Paulo: Saraiva, 2007. CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, Bruno Hartmut. Análise de Investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. 11 ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. COSTA, Luiz Guilherme Tinoco Aboim; COSTA, Luiz Rodolfo Tinoco Aboim; ALVIM, Marcelo Arantes. Valuation: Manual de avaliação e reestruturação econômica de empresas. 2 ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. CRC/RS. Entrevista com a Delegada do CRC/RS no município objeto de estudo. Em 03, Nov. de 2017. ECONODATA. Lista de Empresas em Santo Ângelo, RS. Disponível em: http://www.econodata.com.br/lista-empresas/RIO- GRANDE-DO-SUL/SANTO-ANGELO. Acesso em 03, Nov. de 2017. FONSECA, José Wladimir Freitas Da. Elaboração e Análise de Projetos: a Viabilidade Econômico-Financeira. São Paulo: Atlas. 2012. GITMAN, Lawrence Jeffrey; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo; Pearson/Addison Wesley, 2008. 83REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE RBC nº 229. Ano XLVII. Janeiro/fevereiro de 2018 GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 3ª ed. São Paulo. 2010. HOJI, Masakasu. Administração Financeira e Orçamentária: matemática financeira aplicada, estratégicas financeiras, orçamento empresarial. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. IBGE. Cidades. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/santo-angelo/panorama. Acesso em 03, Nov.de 2017. IUDÍCIBUS, Sergio de (Coord.) Contabilidade Introdutória. 11 ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. KASSAI, José Roberto; Kassai, Silvia, et. al. Retorno de investimento: Abordagem Matemática e contábil do lucro empresarial. 2 ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. KOTLER, Philip. ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 12ª ed. São Paulo: Pearson: Prentice Hall, 2007. LAPPONI, Juan Carlos. Projetos de investimentos. São Paulo: Unidas, 2000. MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 16 ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. OLIVEIRA, Luís Martins de; PEREZ JUNIOR, José Hernandes; SILVA, Carlos Alberto dos Santos. Controladoria estratégica: textos e casos práticos com solução. 9 ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. OLIVEIRA, Marina Magda. Instrumentos da Contabilidade Gerencial e sua contribuição para o desempenho em micro e pequenas empresas: um estudo com gestores da região metropolitana de belo horizonte. Projetos, dissertações e teses do Programa de Doutorado e Mestrado em Administração, v. 11, n. 1, 2017. PORTER, Michael E. Competição=on competition: Estratégias Competitivas Essenciais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus,1999. ROCHA, Carmo do José Keule; A Constituição de um escritório de contabilidade: Um estudo sobre a viabilidade do empreendimento. Belém, 2004. RODRIGUES, Igor Cardoso; SANTOS, Geovane Camilo. O Custo Efetivo do Escritório Contábil Consulte Contabilidade e Consultoria Empresarial na Prestação de Serviço em uma Empresa Optante pelo Lucro Real. RAGC, v. 4, n. 16, 2016. RUSCH, J.; SEIBERT, R. M.; SALLA, N. M. G.; RUSCH, T. F. M. Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira para Implantação de uma Estufa Hidropônica em uma Propriedade Rural no Interior de Santo Ângelo –RS. Revista Eletrônica do CRCRS. V. 1, p. 6-31, 2014. SINDESC – Sindicato dos empregados em escritórios de contabilidade do Rio Grande do Sul. Convenção coletiva de trabalho 2015. Disponível em: http://www.sindesc.com.br. Acesso em 07/11/2017. SOUZA, Luiz Eurico de. Fundamentos de Contabilidade Gerencial: Um instrumento para Agregar Valor. Curitiba: Juruá, 2008. SOUZA, Sérgio Adriano. Contabilidade Geral 3D. Rio de Janeiro: Método, 2012. THOMÉ, Irineu. Empresas de Serviços Contábeis - Estrutura e Funcionamento. São Paulo: Atlas, 2001. VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2010. __________. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 15ª. ed. São Paulo: Atlas, 2014. WOILER, Samsão. MATHIAS, Washington Franco. Projetos: Planejamento, elaboração, análise. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. YIN, Robert. Estudo de caso: Planejamento e métodos. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
Compartilhar