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Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 47 AULA n° 2: Organização do Estado Olá pessoal, tudo bem? Na aula de hoje iremos cobrir os seguintes itens do edital: Organização do Estado e da Gestão. Estes temas não contam com muitas questões da ESAF. Assim, incluirei algumas questões da FGV, da Cespe ou da FCC sempre que possível, ok? Espero que gostem da aula! UTILIZE O FÓRUM DE DÚVIDAS! ESTAREI LÁ PARA TE AJUDAR! Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 47 Sumário Organização do Estado e da Administração Pública. ........................................... 3 Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas ...... 3 Poder Executivo ............................................................................ 4 Poder Legislativo ........................................................................... 6 Poder Judiciário ............................................................................. 8 Ministério Público .......................................................................... 9 Mudanças Institucionais Recentes. ......................................................... 12 Organizações Sociais ........................................................................ 13 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ........................... 16 Conselhos .................................................................................... 23 Entidades do Sistema S - Paraestatais ...................................................... 25 Agência Reguladora ......................................................................... 26 Agência Executiva ........................................................................... 29 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ....................................................... 39 Gabarito ........................................................................................ 46 Bibliografia ..................................................................................... 46 Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 47 Organização do Estado e da Administração Pública. Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas Quando os Estados passaram a ficar mais complexos, ficou clara a necessidade de que existisse uma divisão de funções. Antigamente, o soberano detinha todas as funções em seu nome1. Entretanto, quanto maior fica o Estado, mais difícil se torna administrá-lo através de uma só pessoa ou órgão supremo. De acordo com Azambuja2: “Nas sociedades primitivas, o chefe mantém a ordem interna, julga os dissídios, impõe penalidades, comanda os guerreiros e geralmente desempenha funções religiosas, é feiticeiro, mago, sacerdote. Tudo o que interessa à vida do grupo, e que hoje denominamos direito, moral, religião, administração, serviços públicos, governo etc., é exercido por um órgão único, que pode ser um homem ou uma assembléia, como acontecia, por exemplo, nas democracias gregas.” Assim, aos poucos, o soberano começou a delegar poderes aos órgãos e agentes que passaram a assumir algumas destas funções por ele. Foi, entretanto, somente com Montesquieu que as três funções principais do Estado (executiva, legislativa e judiciária) foram efetivamente vistas como necessariamente separadas. Montesquieu acreditava que estes poderes deveriam estar separados para que nenhum deles pudesse “abusar” do poder. Desta maneira, uma limitação ao poder de cada um seria necessária. De acordo com o autor3: “A liberdade política somente existe nos governos moderados. Mas nem sempre ela existe nos governos moderados. Só existe quando não se abusa do poder, mas é uma experiência eterna que todo homem que detém o poder é levado a dele abusar: e vai até onde encontra limites. Quem o diria? A própria virtude precisa de limites. 1 (Azambuja, 2008) 2 (Azambuja, 2008) 3 (Montesquieu) apud (Azambuja, 2008) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 47 Para que não se abuse do poder é necessário que pela disposição das coisas o poder limite o poder. Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistrados, o Poder Legislativo está unido ao Poder Executivo, não há liberdade, pois é de esperar que o mesmo monarca ou assembléia faça leis tirânicas e as execute tiranicamente. Não há também liberdade, se o poder de julgar não está separado do Poder Legislativo e do Executivo. Se aquele estiver unido ao Poder Legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos será arbitrário, pois o juiz será também legislador. Se o poder de julgar estiver unido ao Poder Executivo, o juiz terá a força de um opressor. Tudo estará perdido se o mesmo homem ou a mesma assembléia de notáveis, ou de nobres ou do povo, exerce os três poderes, o de fazer as leis, o de executar as resoluções, e o de julgar os crimes ou dissídios dos particulares.” Além disso, Montesquieu acreditava que os poderes deveriam ser harmônicos e contar com a mesma força relativa. Assim, trabalhar de forma cooperativa. Seguindo esta ideia, o Executivo pode propor leis ao Legislativo, que tem a função de legislar. O mesmo ocorre com o judiciário, que analisa a constitucionalidade das leis. E acontece também com a função executiva, que depende muitas vezes de atos do Legislativo. Portanto, no Brasil cada poder, além de executar sua função precípua (principal, essencial), também atua de maneira subsidiária nas outras funções. Poder Executivo No Brasil, os chefes do Poder Executivo são: o Presidente da República (União), os governadores (estados e DF) e os prefeitos (municípios). No caso do Presidente, ele ainda acumula as funções de chefe de Estado e de chefe de governo4. Desta forma, o presidente tem como principais funções, entre outras: 4 (Costin, 2010) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 47 Ser o comandante das forças armadas; Representar o país internacionalmente; Dirigir a Administração Pública Federal; Garantir o cumprimento das leis; Propor políticas públicas. Para alcançar êxito nestas funções, ele pode propor, sancionar e vetar leis junto ao Congresso Nacional, editar medidas provisórias e administrar os recursos arrecadados perante à sociedade. Tanto no caso da União quanto dos estados e municípios, o chefe do Poder Executivo é eleito de forma direta e tem um mandato de quatro anos, com direito a uma reeleição. O Poder Executivo tem ganhado maior relevância desde que o Estado de Bem-estar Social passou a existir. As diversas demandas sociais, aliadas às necessidades de desenvolvimento econômico (dentro de um contexto de competição entre os países decorrente daglobalização), levaram a uma importância relativa do Executivo – em comparação aos outros Poderes - cada vez maior5. Administração Direta Dentro do Estado, podemos classificar os órgãos e entidades entre a Administração Direta e a Indireta. A Administração Direta concentra os órgãos e setores sem personalidade jurídica própria. Assim, a Administração Direta se relaciona com os órgãos e setores dos três poderes (estados, União e municípios) pelos quais o Estado atua diretamente. São os órgãos e poderes que estão englobados nas pessoas jurídicas de Direito Público. Dentre estes órgãos, podemos citar (no caso da União): a Presidência da República e seus ministérios, os órgãos do poder Judiciário (STF, STJ, TST, TSE etc.) e do Legislativo (Senado e Câmara), o Tribunal de Contas da União, a Advocacia Geral da União, o Ministério Público da União, os conselhos etc. De acordo com o entendimento da doutrina, os órgãos apenas possuem competências (são centros de competências) sem possuir capacidade jurídica e constituir pessoa jurídica6. 5 (Azambuja, 2008) 6 (Paludo, 2010) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 47 Administração Indireta Já a Administração Indireta é composta por entidades que têm personalidade jurídica, podendo ser de Direito Público ou Direito Privado, que operam por delegação ou outorga do poder público ao qual estão ligadas. Dentre as entidades da Administração Indireta podemos citar: as fundações, as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e os consórcios públicos (instituídos como associação pública)7. Estas entidades normalmente são vinculadas aos ministérios (ou secretarias) da área em que atuam. Assim, uma empresa pública federal voltada para pesquisas na área de educação estará vinculada ao ministério da educação. Entretanto, esta empresa terá autonomia em relação ao ministério, sendo controlada apenas em relação à finalidade. Poder Legislativo O Poder Legislativo ou parlamento é quem tem a função de criar as principais leis do país. O parlamento foi o poder que, originalmente, iniciou o “checks and balances” (freios e contrapesos) nos Estados, pois passou a limitar o poder anteriormente ilimitado dos soberanos. Apesar disso, em outros Estados atuais, o parlamento não se limita à criação de leis. No sistema parlamentarista, é o parlamento que nomeia e “derruba” o Poder Executivo, o Conselho de Ministros ou o Gabinete8. No âmbito da União, o Poder Legislativo se consiste do Congresso Nacional. Ao contrário dos estados e municípios, na União, o Legislativo é bicameral, ou seja, abrange duas casas: a Câmara dos Deputados, que contém 513 deputados federais, e o Senado, que é integrado por 81 senadores. A eleição dos deputados federais ocorre a cada quatro anos e todos seus integrantes são renovados (se não forem reeleitos) em cada pleito. Assim sendo, a reeleição de seus integrantes é permitida. 7 (Paludo, 2010) 8 (Azambuja, 2008) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 47 Já os senadores têm um mandato de oito anos. A cada eleição, parte de seus integrantes (um terço em uma eleição e dois terços na próxima) são renovados. Assim, existem eleições de quatro em quatro anos, mas a casa mantém uma estabilidade de seus membros normalmente maior do que na Câmara. Os deputados são eleitos de forma proporcional, ou seja, de acordo com a população de cada estado (em princípio). Mas, no sistema brasileiro, esta proporcionalidade é relativa, pois existe um limite mínimo por estado de oito deputados e um limite máximo de 70 deputados. Assim sendo, o estado de São Paulo, por exemplo, é proporcionalmente menos representado (em relação à sua população) do que o estado de Rondônia. Desta forma, menos pessoas são necessárias para eleger um deputado federal em Rondônia do que em São Paulo. Já no caso dos senadores, a eleição é feita no sistema majoritário, ou seja, a cada eleição, os estados elegem um senador (ou dois, nas eleições em que o Senado tem dois terços de suas vagas em disputa). O candidato mais votado ganha a vaga. Em teoria, uma das vantagens do bicameralismo é evitar um excesso e um abuso de poder por uma câmara única. Assim, enquanto os deputados seriam mais ligados à opinião pública do momento (sendo assim mais impulsivos e voláteis), os senadores seriam mais moderados, pois esta casa conteria indivíduos mais maduros e experimentados (além de terem mandatos mais longos, ou seja, serem mais estáveis no cargo). Desta forma, o Senado teria uma função de moderar o ímpeto da Câmara. No caso de um Estado federalista, mais importante ainda se faz o Senado. Isto ocorre porque no Senado existe uma paridade na representação dos estados dentro da federação. Com isto, evita-se uma predominância excessiva de poucos estados perante os demais. De acordo com Azambuja9: “Em suma, na chamada câmara popular, representa-se a nação como entidade política, tem voz o povo de todo o país, a representação proporcionalmente à população de cada Estado. Os Estados populosos enviam maior número de deputados e assim fica assegurada uma representação na medida do número de cidadãos ativos que conta cada circunscrição. Na outra, no Senado, representam-se os Estados, como órgãos formadores da União Federal. Grandes e pequenos Estados têm todos o mesmo número de representantes, e assegura-se assim a igual e 9 (Azambuja, 2008) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 47 exata participação das unidades federadas na formação da vontade do todo, na organização do governo federal.” Nos estados e nos municípios, não existe o bicameralismo. Nos estados, o parlamento é exercido nas assembléias legislativas (no caso do Distrito Federal, por meio da Câmara Distrital – que absorve as funções legislativas de estado e município). Nos municípios, o parlamento é exercido nas Câmaras Municipais. Poder Judiciário Cabe ao Poder Judiciário a função de aplicar a lei e dirimir as disputas e conflitos entre os indivíduos, entidades e o Estado. Um Judiciário independente, como já vimos, é imprescindível para que um Estado Moderno possa cumprir suas funções sem oprimir os indivíduos. Desta forma, seus membros devem gozar de diversas prerrogativas que os permitam agirem sem interferência externa, ou seja, somente de acordo com suas consciências. Dentre estas prerrogativas, as principais são: Vitaliciedade – assim não podem ser demitidos sem uma sentença definitiva do próprio Judiciário; Inamovibilidade – desta maneira, não podem ser transferidos para outra jurisdição sem a sua concordância. Isto evita que magistrados sejam afastados, pelo Executivo, de questões em que “causem problemas” ao governo ou a outros interesses; Irredutibilidade dos vencimentos – por motivos óbvios, esta prerrogativa evita que sejam prejudicados financeiramente em razão de decisões judiciais não apreciadas pelos governantes. O órgão máximo do Poder Judiciário é o Supremo Tribunal Federal. Este tem o papel de resguardar e interpretar a Constituição Federal e julgar ações contra o Presidente da República e ministrosde Estado, além de servir como última instância do Poder Judiciário em diversas matérias. Seus membros (onze juízes) são indicados pelo Presidente e aprovados pelo Senado Federal. Estes devem ter reputação ilibada e notável saber jurídico. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 47 Além disso, o Judiciário conta com o Conselho Nacional de Justiça que tem como função o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes10. O CNJ também visa, mediante ações de planejamento, à coordenação, ao controle administrativo e ao aperfeiçoamento do serviço público na prestação da Justiça11. Assim, de certa forma, o CNJ efetua um controle interno12 do Poder Judiciário. Além destes órgãos, o Poder Judiciário conta com: o Superior Tribunal de Justiça - STJ, os tribunais Regionais Federais e os órgãos especializados, como: A Justiça do Trabalho, a Justiça Militar e a Justiça Eleitoral. Nos estados e no DF, o Poder Judiciário é exercido pelo Tribunal de Justiça, com competência residual aos dos demais órgãos. Já os municípios não contam, pela Constituição Federal, com o Poder Judiciário. Ministério Público O Ministério Público é uma instituição dinâmica de garantia e efetivação de direitos, pois não precisa ser provocado para atual em prol de sua concretização13. Esta atuação é ainda mais percebida pela sociedade no caso dos direitos que necessitam da atuação do Estado, por meio de políticas públicas, para sua efetivação. No caso brasileiro, o Ministério Público ascendeu a uma posição de destaque, pois a Constituição Federal posicionou o MP fora da estrutura de qualquer dos poderes. Assim, não está subordinado a nenhum dos poderes. Dessa forma, o Ministério Público tem autonomia funcional e administrativa asseguradas pela CF/88, e não está subordinado ao Executivo Legislativo ou Judiciário14. Entretanto, a CF destinou ao MP diversas garantias semelhantes aos do Poder Judiciário. Dentre os direitos e interesses que o MP defende, entre outros, estão15: 10 (Costin, 2010) 11 Fonte: www.cnj.jus.br 12 (Paludo, 2010) 13 (Costin, 2010) 14 Fonte: www.pgr.mpf.gov.br Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 47 Os direitos humanos; A democracia, os direitos políticos, a nacionalidade e o devido processo eleitoral; O respeito às diferenças de etnia, sexo, crença e de condição psicofísica; A correta aplicação das verbas em educação saúde e segurança; O respeito à ordem econômica e aos direitos do consumidor; O acesso a serviços públicos de qualidade; Além disso, o Ministério Público exerce, de certa forma, um controle externo da Administração Pública, pois ele atua em denúncias de improbidade administrativa (conduta antiética que fere ou se distancia dos padrões morais admitidos16) de seus agentes, nas denúncias de crimes cometidos por autoridades e na defesa de direitos difusos e coletivos17. Dentre seus instrumentos, podemos citar: o inquérito civil, a ação de improbidade administrativa e a ação civil pública. O Ministério Público brasileiro é formado pelos ministérios públicos estaduais, pelo Ministério Público da União (MPU) e pelo Ministério Público Eleitoral. No Ministério Público da União, a chefia é exercida pelo Procurador- Geral da República. Este é indicado pelo Presidente da República dentre os integrantes da carreira de Procurador da República e deve ser aprovado pelo Senado Federal para um mandato de dois anos, sendo uma recondução permitida18. O Ministério Público abrange19: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. Além disso, são funções institucionais do Ministério Público20: 15 Fonte: www.pgr.mpf.gov.br 16 (Matias-Pereira, 2009) 17 (Paludo, 2010) 18 (Costin, 2010) 19 Fonte: Constituição Federal, art. n°128 20 Fonte: Constituição Federal, art. n°129 Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 47 I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Vamos ver uma questão recente? 1 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) 20 - Segundo a CF, são funções institucionais do MP, EXCETO: a) promover, privativamente, a ação penal publica, na forma da lei. b) zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância publica aos direitos assegurados na CF, promovendo as medidas necessárias a sua garantia. c) promover o inquérito civil e ação civil publica, para a proteção do patrimônio publico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos d) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na CF. e) exercer a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 47 Questãozinha simplória esta da FMP! Apenas fez um “ctrl-c e ctrl-v” do artigo n°129 da CF-88 e alterou uma alternativa. A letra A está correta, e se refere ao primeiro inciso do artigo n°129 da CF/88. A letra B também está certa e descreve o segundo inciso do mesmo artigo. As letras C e D estão “repetindo” os incisos III e IV do artigo citado. Entretanto, a letra E inverte o conceito do inciso IX. É vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas pelo Ministério Público. Esta função, no caso da União, é cumprida pela Advocacia-Geral da União. O gabarito é a letra E. Mudanças Institucionais Recentes. Dentrode um contexto de esgotamento do modelo burocrático de tipo weberiano e de uma crise fiscal que inviabilizou, na década de 90, o Estado interventor e desenvolvimentista, diversas inovações foram buscadas que possibilitassem ao Estado melhor atuar em conjunto com a sociedade e o mercado. No Brasil, este movimento se acentuou com a introdução de práticas e instrumentos ligados ao movimento da Nova Gestão Pública – NGP – como o controle por resultados, uma maior preocupação com a accountability, a busca pela avaliação de desempenho, a gestão por competências, a publicização e a contratualização de resultados. Na Reforma de 1995, movida por Bresser Pereira no comando do MARE, existia um diagnóstico de que o Estado tinha sido “engessado” por uma decisão política contida na Constituição Federal de 1988 que, na opinião destes atores, tinha trazido um “retrocesso burocrático”. De acordo com o PDRAE21, “A conjunção desses dois fatores leva, na Constituição de 1988, a um retrocesso burocrático sem precedentes. Sem que houvesse maior debate público, o Congresso Constituinte promoveu um surpreendente engessamento do aparelho estatal ao estender para os serviços do Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as mesmas regras burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. A nova constituição determinou a perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos, instituiu a 21 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 47 obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis da União, dos Estados-membros e dos Municípios, e retirou da administração indireta a sua flexibilidade operacional ao atribuir às fundações e autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às que regem a administração direta.” Bresser buscou inserir o Estado brasileiro dentro de uma visão mais gerencial, com uma preocupação em redirecionar os esforços do Estado e fornecer ferramentas de gestão mais adequadas aos novos desafios. Assim, foram pensados diversos novos modelos de interação do Estado com novos atores na prestação de serviços, o chamado terceiro setor e novas relações do Estado com o mercado, com a criação das agências reguladoras, por exemplo. Com a contratualização de resultados, o Estado poderia passar a controlar a oferta de serviços públicos sem ter de necessariamente prover o serviço. A publicização foi, portanto, este movimento de descentralizar a execução destes serviços para organizações privadas sem fins lucrativos. Organizações Sociais As Organizações Sociais foram pensadas dentro desta lógica da Administração Gerencial que buscava a descentralização da atuação do Estado. Dentro do PDRAE, existia um objetivo de fortalecer o Núcleo Estratégico do Estado e transferir atividades ou serviços não exclusivos do Estado para organizações privadas sem fins lucrativos, ou seja, uma transferência do setor estatal para o não estatal. Desta maneira, estes serviços poderiam ser executados com maior eficiência devido à maior capilaridade destas organizações e uma maior flexibilidade. Para controlar o desempenho destas entidades e assegurar o bom uso dos recursos públicos empregados, seriam utilizados os contratos de gestão entre a Administração Pública e as Organizações Sociais – OS. Através deste contrato de gestão, o Estado definiria os objetivos e indicadores de desempenho a serem seguidos e garantiria os recursos necessários para a execução dos serviços22. De certo modo, o contrato de gestão foi utilizado antes mesmo do PDRAE. Este modelo foi introduzido no Brasil pelo governo Collor, com a 22 (Violin, 2006) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 47 experiência da Rede Sarah de Hospitais23. Este instituto foi criado pela Lei n° 8.246/91, que instituiu o Serviço Social Autônomo Associação das Pioneiras Sociais, que assinou contrato com o Ministério da Saúde naquele mesmo ano. Portanto, a primeira experiência do contrato de gestão precedeu a chamada reforma do Estado. Esta experiência da contratualização buscava, assim, um maior desempenho através da utilização de instrumentos e modelos mais flexíveis de gestão. De acordo com o PDRAE, as Organizações Sociais eram definidas como: “O Projeto das Organizações Sociais tem como objetivo permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços não- exclusivos, nos quais não existe o exercício do poder de Estado, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem realizados pelo setor público não- estatal. Entende-se por “organizações sociais” as entidades de direito privado que, por iniciativa do Poder Executivo, obtêm autorização legislativa para celebrar contrato de gestão com esse poder, e assim ter direito à dotação orçamentária. As organizações sociais terão autonomia financeira e administrativa, respeitadas condições descritas em lei específica como, por exemplo, a forma de composição de seus conselhos de administração, prevenindo-se, deste modo, a privatização ou a feudalização dessas entidades. Elas receberão recursos orçamentários, podendo obter outros ingressos através da prestação de serviços, doações, legados, financiamentos, etc.” Dentre as atividades que seriam englobadas por estas organizações, temos: o ensino, a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico, a proteção e preservação do meio ambiente, a cultura e a saúde24. Estes serviços são típicos de Estado, mas não são consideradas atividades exclusivas de Estado. Assim, como são atividades de interesse 23 (Torres, 2007) 24 (Paludo, 2010) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 47 público que estarão sendo executadas pelas OSs, não podemos considera- las como concessionárias ou permissionárias25. O termo Organização Social na verdade é uma qualificação, mas estas organizações podem assumir forma de associação ou de fundação. Após a criação formal de uma instituição destas, ela poderia solicitar ao Ministério ou secretaria a qualificação como entidade não estatal, a absorção de atividades com o contrato de gestão e a denominação como entidade: Organização Social. Entretanto, cabe lembrar que esta qualificação pelo Ministério é um ato discricionário, ou seja, depende da avaliação de conveniência e oportunidade. Assim, este órgão não é obrigado a aceitar o pedido de qualificação pela organização. A Lei que introduziu este novo modelo de instituição foi a n° 9.637/98. Nesta lei está prevista a transferência de recursos orçamentários e bens públicos necessários ao funcionamento da OS. Além disso, o setor público pode até ceder servidores para a OS (com ônus para a origem, ou seja, para o Estado). Assim, ocorreria uma situação “polêmica” de um servidor custeado pelo Estado prestar serviços para uma organização privada. Estas organizações não precisariam seguir precisamente a Lei 8666/93 – Lei de Licitações e Contratos – mas deveriam estabelecer algum regulamento próprio para a compra de serviços, produtos e contrataçãode obras com a utilização de recursos públicos. Um ponto muitas vezes cobrado em concursos é exatamente a flexibilidade das Organizações Sociais frente à Administração Direta. Evidentemente, as OSs são mais flexíveis do que a Administração Pública. Entretanto, estas organizações “perdem” flexibilidade ao se tornarem Organizações Sociais, pois devem se enquadrar em determinadas condições (como os regulamentos de compras acima citados) e prestar contas dos recursos públicos aos órgãos de controle. Assim, estas organizações reduzem sua autonomia e flexibilidade ao se tornarem OSs. Entretanto, a OS não conseguiu escapar do “contingenciamento” dos recursos orçamentários – como “sofrem” os órgãos da Administração Direta – pois na lei está estabelecido: “São assegurados às OSs os créditos previstos no orçamento e as respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto no contrato de gestão.” 25 (Mazza, 2011) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 47 Desta forma, este fato, somado ao questionamento do modelo pela oposição no STF, acabou dificultando a abertura de muitas Organizações Sociais no plano federal. As OSCIPs, que veremos a seguir, acabaram tomando o lugar anteriormente imaginado para as OSs. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) As OSCIPs – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – não estavam previstas no PDRAE. Estas foram depois introduzidas pela Lei n° 9.790/99 dentro de um contexto de busca de uma atuação do Estado em rede e em parcerias com a sociedade. Estas devem desempenhar atividades de interesse público com auxílio do Estado dentro de áreas como: Assistência social; Promoção da Cultura, do Patrimônio Histórico e Artístico; Educação gratuita; Promoção gratuita da saúde; Segurança alimentar; Meio ambiente; Trabalho voluntário; Combate à pobreza etc. De acordo com Di Pietro26, a diferença principal entre as OSs e as OSCIPs é que as primeiras recebem delegação para prestar serviços públicos enquanto as OSCIPs exercem atividade privada com a ajuda do Estado. De acordo com a autora27: “Trata-se, no caso, de real atividade de fomento, ou seja, de incentivo à iniciativa privada de interesse público. O Estado não está abrindo mão do serviço público (tal como ocorre na organização social) para transferi-lo à iniciativa privada, mas fazendo parceria, ajudando, cooperando com entidades privadas que, observados os requisitos legais, se disponham a exercer as atividades indicadas no artigo 3°, por se tratar de atividades que, mesmo sem a natureza de serviços públicos, atendem necessidades coletivas.” 26 (Di Pietro, 2007) apud (Paludo, 2010) 27 (Di Pietro, 2005) apud (Torres, 2007) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 47 Ao contrário das Organizações Sociais, que formalizam um contrato de gestão do o Estado, as OSCIPs firmam um termo de parceria. De acordo com a Lei 9.790/99: “o termo de parceria é o instrumento passível de ser firmado entro o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas em lei.” Este termo de parceria deve conter os objetivos a serem alcançados, as metas e prazos relativos a estes objetivos, os critérios para a avaliação, a previsão de receitas e despesas e as obrigações das OSCIPs28. Para se qualificar como OSCIP, uma instituição deve ser qualificada como Pessoa Jurídica sem fins lucrativos, ou seja, não pode distribuir lucros, rendas ou dividendos entre seus sócios ou associados. A qualificação como OSCIP é concedida pelo Ministério da Justiça (e não o Ministério da área em que a OSCIP atua, como o Ministério da Educação, por exemplo) como ato vinculado. Assim, preenchendo os requisitos necessários a qualificação é devida, não devendo ser feita análise de oportunidade e conveniência pela Administração. Entretanto, ainda que a qualificação como OSCIP seja um ato vinculado, a assinatura do termo de parceria com o Ministério da área fim é um ato discricionário! A princípio, a assinatura deste termo de parceria deve ser precedida de uma consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo. Cabe aqui lembrar que uma ONG – Organização Não Governamental – não é o mesmo que uma OSCIP. Uma OSCIP pode ser considerada uma ONG, pois não é parte do Estado, mas nem toda ONG é qualificada como OSCIP. Existem muitas ONGs (como o MST, por exemplo) que nem têm uma existência formal, ou seja, não existem oficialmente – não são registradas em cartório etc. Assim como ocorreu no caso das organizações sociais, o marco legal das OSCIPs não criou uma nova categoria de pessoa jurídica, mas gerou uma possibilidade de organizações do setor privado se qualifiquem como 28 (Paludo, 2010) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 47 organizações da sociedade civil de interesse público, desde que certos requisitos sejam cumpridos29. Uma grande diferença entre as OSs e as OSCIPS se enquadra na forma de financiamento pelo Estado. Ao contrário das OSs, que dispõem de recursos inseridos no Orçamento da União, as OSCIPs recebem recursos de forma mais esporádica, através dos termos de parceria30. Além disso, o modelo institucional e legal das OSCIPs não foi questionado legalmente como foi o das Organizações Sociais. Assim, estas têm sido muito mais ativas, com milhares de casos em funcionamento no país atualmente. Outro aspecto importante é a possibilidade de uma OSCIP remunerar os dirigentes da entidade, desde que esta remuneração seja realmente uma contraprestação aos serviços efetivamente efetuados e que estejam de acordo com os valores praticados no mercado de trabalho da região. Da mesma forma que uma OS, as OSCIPs devem constituir, em um prazo de 30 dias após a qualificação, um regulamento próprio contendo os procedimentos para compras de obras, bens e serviços com os recursos públicos obtidos com a parceria. Além disso, após o Decreto n° 5.504/2005, tanto OSs como OSCIPs foram obrigadas a utilizar a modalidade do pregão em suas compras de bens e serviços comuns. Abaixo, podemos ver algumas características das Organizações Sociais – OS – e das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP: 29 (Alexandrino & Paulo, 2009) 30 (Torres, 2007) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 47 Figura 1 ‐ Diferenças entre OS e OSCIP Vamos ver algumas questões agora? 2 - (ESAF – SMF-RJ / FISCAL DE RENDAS - 2011) Sobre a organização da administração pública brasileira, é correto afirmar que: a) por serem qualificadas como autarquias de natureza especial, as agências reguladoras integram a administração direta. b) ao contrário do que ocorre emrelação às autarquias, a lei não cria empresas públicas, apenas autoriza sua instituição. c) agências reguladoras e agências executivas são categorias de entidades pertencentes à administração indireta. d) a Constituição Federal veda, aos municípios, a criação de autarquias. e) no âmbito federal, as empresas públicas subordinam-se, hierarquicamente, aos ministérios a que se vinculem. A alternativa está errada, pois as agências reguladoras pertencem à Administração Indireta e não à Direta. Já a letra B está perfeita e é o gabarito. Já a letra C tem uma pegadinha! Tanto as agências reguladoras OS Foram idealizadas para substituir órgãos do Estado, que seriam extintos e as atividades "absorvidas" pela OS. Firma um contrato de gestão Qualificação é um ato discricionário Deve conter em seu conselho de administração membros do Poder Público OSCIP Não foram idealizadas para substituir os órgãos existentes do Estado. Firma um termo de parceria Qualificação é um ato vinculado Não existe uma exigência de participação de membros do Poder Público Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 47 quanto as agências executivas são espécies e não categorias de entidades da Administração Indireta. Na letra D, não existe esta vedação na CF/88. A letra E também está errada, pois as empresas públicas não estão hierarquicamente subordinadas aos ministérios, somente vinculadas. O gabarito é mesmo a letra B. 3 - (ESAF – MTE / AUDITOR - 2010) Um consórcio público, com personalidade jurídica de direito público, composto por alguns municípios, pelos respectivos governos estaduais e pela União, integra: a) nos municípios e nos estados, a administração direta; na União, a administração indireta. b) nos municípios, nos estados e na União, a administração indireta. c) nos municípios, a administração direta; nos estados e na União, a administração indireta. d) nos municípios, nos estados e na União, a administração direta. e) nos municípios e nos estados, a administração indireta; na União, a administração direta. Atualmente, os consórcios públicos são classificados como pertencentes à Administração Indireta, em qualquer ente federativo. Assim, o gabarito é a letra B. 4 - (ESAF – RFB / AUDITOR – 2009) Sobre a organização do Estado brasileiro, é correto afirmar que: a) administrativamente, os municípios se submetem aos estados, e estes, por sua vez, submetem-se à União. b) quando instituídas, as regiões metropolitanas podem gozar de prerrogativas políticas, administrativas e financeiras diferenciadas em relação aos demais municípios do estado. c) quando existentes, os territórios federais gozam da mesma autonomia político-administrativa que os estados e o Distrito Federal. d) o Distrito Federal é a capital federal. e) embora, por princípio, todos os entes federados sejam autônomos, em determinados casos, os estados podem intervir em seus municípios. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 47 A letra A está errada, pois os entes federativos são autônomos, ou seja, não existe hierarquia entre eles. A letra B está também errada, pois as regiões metropolitanas não gozam destas prerrogativas. O mesmo ocorre com a letra C, pois os territórios não contam com esta autonomia. A letra D é uma “pegadinha” conhecida. A capital federal é Brasília e não o Distrito Federal. Já a letra E está perfeita e é o nosso gabarito. 5 - (CESPE - TCU / ACE - 2009) O Estado, quando celebra termo de parceria com organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs), abre mão de serviço público, transferindo-o à iniciativa privada. Quando o Estado transfere um serviço público para uma OSCIP, não transfere a titularidade do serviço público. O que ocorre é a transferência da execução do serviço, mas a titularidade continua nas mãos da Administração Pública. Só existe uma transferência de titularidade do serviço público quando a Administração faz uma descentralização por outorga. Neste caso a titularidade é repassada para uma entidade da Administração Indireta (e não da iniciativa privada). Desta maneira, o gabarito é questão errada. 6 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) As organizações sociais podem receber legalmente recursos orçamentários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão. Perfeito. As Organizações Sociais podem sim receber recursos, materiais e até servidores públicos para o funcionamento das OSs. Cabe lembrar que este modelo foi criado com a intenção de transformar certas autarquias e fundações em organizações não estatais. Como estas instituições já existiam, teriam de “levar” seus bens na transição. Esta transformação seria muito difícil ocorrer sem esta ajuda inicial do setor público. Portanto, o gabarito é questão correta. 7 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) Segundo o plano diretor da reforma do aparelho do Estado, o terceiro setor é entendido como aquele de atuação simultânea do Estado e da sociedade civil na execução de atividades de interesse público ou social não- exclusivas do Estado. São entidades do terceiro setor, por Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 47 exemplo, as autarquias qualificadas como agências executivas, por meio de contrato de gestão, após o qual estão autorizadas a executar atividades mais eficientes de interesse público. Entidades do terceiro setor são aquelas que nem são enquadradas como parte do Estado nem podem ser consideradas como parte do “mercado”. Estas podem ser as Organizações Sociais ou as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Uma agência executiva é apenas uma autarquia ou fundação que firmou um contrato de gestão (como objetivos pactuados em troca de maior autonomia). Ou seja, continua fazendo “parte” do Estado, não deixa de ser um ente estatal. Desta maneira, o gabarito é questão errada. 8 - (CESPE – TRE-BA / ANALISTA – 2010) Os contratos de gestão são instrumentos modernos que possibilitam maior autonomia em algumas agências do governo. Beleza. A busca pela contratualização se insere mesmo nesta troca de maior autonomia aos gestores por maior desempenho. O gabarito é questão correta. 9 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A qualificação como organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), atribuível às pessoas jurídicas de direito privado, requer que tais organizações não tenham fins lucrativos ou que, tendo-os, elas não distribuam os resultados aos seus dirigentes e os apliquem preferencialmente na consecução do respectivo objeto social. Negativo. Para que uma entidade seja qualificada como uma OSCIP, deve sim ser caracterizada como uma entidade privada sem fins lucrativos. Assim, não podem transferir lucros e dividendos aos seus dirigentes. Evidentemente, se as receitas superarem as despesas, o excesso deve ser investido da mesma atividade, não configurando lucro. O gabarito é questão errada. 10 - (CESPE – AGU / ADVOGADO - 2009) As entidades de apoio são pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, que podem ser instituídas sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, tendo por objeto a prestação, em caráter privado, de Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentadosProfs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 47 serviços sociais não exclusivos do Estado. Tais entidades mantêm vínculo jurídico com a administração pública direta ou indireta, em regra, por meio de convênio. Por sua vez, os serviços sociais autônomos são entes paraestatais, de cooperação com o poder público, prestando serviço público delegado pelo Estado. Esta questão está errada, pois os serviços sociais autônomos (ou entes paraestatais) não prestam serviços públicos delegados pelo Estado. Estas paraestatais executam atividades não exclusivas de interesse público. O gabarito é questão errada. 11 - (CESPE – TJ-DF / ANALISTA - 2008) O uso indiscriminado da expressão terceiro setor acabou por tornar o conceito demasiadamente abrangente, fazendo que nele se possam enquadrar todos os modelos de entidades que não se incluam no conceito do primeiro setor, o Estado, e do segundo setor, o mercado. O conceito de terceiro setor é o que os especialistas chamam de conceito “guarda-chuva”, ou seja, acaba englobando diversos significados. Tudo o que não se pode enquadrar como mercado ou Estado acaba sendo qualificado como terceiro setor. Portanto, tanto as ONGs quanto as Organizações Sociais são classificadas, por exemplo, como entidades do terceiro setor. O gabarito é questão correta. Conselhos Os conselhos estão inseridos neste contexto de busca por uma maior participação popular nas decisões do Estado. De certa forma, é um esforço de se sair de uma democracia estritamente representativa, em que só temos um “momento” de participação nos temas públicos (a eleição) para outro modelo de uma democracia mais “direta”. Este movimento de criação de “arenas” em que a participação da sociedade seja mais levada em consideração também serve para aumentar a accountability, no caso do tipo societal. Esta accountability societal refere-se ao controle exercido pela sociedade civil, muitas vezes representada por ONGs, sindicatos e associações. Estas instituições, em busca de denunciar abusos e desmandos dos agentes públicos, além de propor mudanças em Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 47 determinadas políticas públicas, exercem uma pressão legítima sobre a Administração Pública. Além disso, estas instituições buscam, com este tipo de pressão e de denúncia, alertar os “canais normais” de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União, por exemplo. De acordo com Smulovitz e Peruzzotti31: “um mecanismo de controle não-eleitoral, que emprega ferramentas institucionais e não institucionais (ações legais, participação em instâncias de monitoramento, denúncias na mídia, etc.) e que se baseia na ação de múltiplas associações de cidadãos, movimentos, ou mídia, objetivando expor erros e falhas do governo, trazer novas questões para a agenda pública ou influenciar decisões políticas a serem implementadas pelos órgãos públicos.” De acordo com Carneiro32, os Conselhos de Políticas Públicas, em que o Estado e a sociedade participam de forma paritária, são exemplos desta accountability societal, pois possibilitam a participação popular na condução das políticas públicas e, portanto, no funcionamento do Estado. De acordo com a autora: “os conselhos apontam para uma nova forma de atuação de instrumentos de accountability societal, pela capacidade de colocar tópicos na agenda pública, de controlar seu desenvolvimento e de monitorar processos de implementação de políticas e direitos, através de uma institucionalidade híbrida, composta de representantes do governo e da sociedade civil.” Desta maneira, estes conselhos agem como contraponto às práticas clientelistas e patrimonialistas arraigadas em diversas regiões de nosso país. De acordo com Raichelis33: “Pela sua composição paritária entre representantes da sociedade civil e do governo, pela natureza deliberativa de suas funções e como mecanismo de controle social sobre as ações estatais, pode-se considerar que os Conselhos aparecem como um constructo institucional que se 31 (Smulovitz e Peruzzotti, 2000) apud (Carneiro, 2006) 32 (Carneiro, 2006) 33 (Raichelis , 2000) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 47 opõe à histórica tendência clientelista, patrimonialista e autoritária do Estado brasileiro” Estes conselhos podem atuar nas áreas de: saúde, assistência social, meio ambiente, cultura etc. Entidades do Sistema S - Paraestatais Apesar de existir uma confusão tremenda na definição do que abrangeria exatamente o termo paraestatal, as bancas de concurso têm aceitado que as paraestatais são restritas aos serviços sociais autônomos, ou o que se chama: organizações do sistema S. Estas organizações são entidades privadas, que são criadas através de autorização legislativa. Como alguns exemplos destas entidades, podemos citar: Serviço Social da Indústria – SESI; Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC; Serviço Social do Comércio – SESC; Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE; Serviço Social do Transporte; Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT. Estas paraestatais são financiadas através de contribuições compulsórias pagas por trabalhadores sindicalizados, o que é um exemplo de parafiscalidade tributária. Como são focadas em um setor específico (transporte, por exemplo) acabam produzindo benefícios para estes grupos ou categorias profissionais. Estas organizações executam serviços de interesse e utilidade pública, mas não são estritamente serviços públicos. Obviamente, são entidades sem fins lucrativos. Assim sendo, os recursos que “sobrarem” (superávit) devem ser reinvestidos nas atividades finalísticas das entidades. De acordo com decisões do TCU, as entidades do sistema S podem definir ritos simplificados próprios de licitação, desde que não contrariem as regras gerais estabelecidas na Lei 8666/93. Desta forma, necessitam sim ter um regulamento estabelecendo as regras formais e procedimentos necessários para as compras de produtos e serviços. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 47 Além disso, não são obrigadas por lei a realizar concurso público para contratar pessoal34. Agência Reguladora A crise do petróleo (anos 70) e o baixo crescimento econômico da década de 80 trouxeram dificuldades crescentes para que os Estado pudessem manter os gastos relativos aos serviços públicos que a população demandava e, ao mesmo tempo, induzir o crescimento da economia através de empresas estatais cada vez mais deficitárias. Com esse cenário, muitos Estados iniciaram um conjunto de reformas pró-mercado. Estas reformas buscaram transferir para o mercado diversos setores antes administrados pelo Estado, objetivando um aumento de eficiência destes mercados e uma recuperação da situação fiscal destes governos. No caso brasileiro, o Estado tinha criado centenas de empresas estatais e estas tinham uma participação muito grande na economia nacional. Desde siderúrgicas até empresas têxteis, o Estado estava presente em diversosramos e atuava diretamente na dinâmica de crescimento. Entretanto, o governo brasileiro não detinha mais uma capacidade de investir nestas empresas. Com isso, estas foram se deteriorando e não “agregavam mais valor”. Além disso, o Estado era visto como ineficiente e a gestão pública seria, naquela época, um empecilho a estas empresas se desenvolverem e serem competitivas com as instituições privadas, seja no Brasil, seja no mundo. Assim, ocorreu um processo formal de privatização destas empresas estatais. Empresas como a Embraer, a CSN e a Vale do Rio Doce foram transferidas para o setor privado. Entretanto, muitas empresas atuavam em áreas em que o Estado era anteriormente monopolista ou que prestavam serviços públicos, como o caso das empresas fornecedoras de telefonia e eletricidade. Se estas empresas ficassem “livres” para atuar da maneira que quisessem, poderiam deixar de ofertar estes serviços em regiões pobres, cobrar valores abusivos, deixar a qualidade do serviço cair, além de não investir o que seria necessário para a universalização dos serviços. 34 (Mazza, 2011) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 47 De acordo com Sundfeld35: “se o Estado abdicasse totalmente do poder de interferir na prestação de serviços públicos privatizados e na correspondente estrutura empresarial, correria o risco de assistir, passivamente, ao colapso de setores essenciais para o país, como o setor elétrico e o de telecomunicações. O Estado necessita, ainda, impedir práticas anticoncorrenciais, o que não pode, de forma nenhuma, ser deixado ao encargo da “mão invisível” do mercado. Existe, também, a necessidade de proteção dos interesses dos usuários e de assegurar a universalização dos serviços públicos, possibilitando que eles sejam prestados aos milhões de excluídos existentes no Brasil.” Para que estes problemas não viessem a ocorrer, estes novos operadores privados deveriam ser regulados de alguma forma. Outro aspecto importante se relaciona com a atração de investimentos privados de longo prazo. Muitos destes ramos econômicos (eletricidade, por exemplo) dependem de investimentos intensivos em capital (volume grande de dinheiro em um momento inicial) e só são “pagos” no longo prazo. Portanto, deve existir uma forte segurança jurídica e uma confiança destes empresários e investidores na manutenção da “regra do jogo”, ou seja, no marco regulatório do setor. Para que exista uma confiança maior na capacidade da agência reguladora de manter as regras do jogo e atuar com imparcialidade nas disputas entre o Estado, os consumidores e os investidores buscou-se um modelo que desse maior autonomia para estas agências. Estas buscaram equilibrar os interesses privados (respeito aos contratos, estabilidade de regras, lucratividade etc.) com os interesses públicos (universalização do serviço, preços adequados, aumento dos investimentos etc.), de modo que a sociedade como um todo fosse beneficiada. Desta forma, o Estado deixou de ser o Estado provedor ou produtor para entrar em outro modelo: o Estado regulador. Se a Administração Pública não iria mais executar o trabalho diretamente, deveria acompanhar o trabalho destes novos operadores privados, para que a qualidade do serviço efetivamente melhorasse e que as margens de lucro fossem mantidas em níveis razoáveis. 35 (Sundfeld, 2000) apud (Gonçalves, 2000) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 47 Para isto, foram criadas as Agências Reguladoras. Estas organizações foram criadas como autarquias de regime especial. Entre suas principais características, pode-se citar36: Independência administrativa; Autonomia financeira; Ausência de subordinação hierárquica; Dirigentes que servem por mandatos fixos com prazo determinado; Obedecendo ao princípio da especialidade, seus atos não podem ser revistos ou alterados pelo Poder Executivo, apenas pelo Judiciário. Assim sendo, ao contrário das demais autarquias e fundações, em que seus dirigentes podem ser exonerados livremente pelo chefe do Poder Executivo, os dirigentes das autarquias estão “blindados” contra exonerações sem motivo justificado (esta só pode ocorrer com um processo judicial transitado em julgado). Além disso, estes dirigentes já sabem que ficarão no cargo por um tempo determinado (que varia de três anos no caso da ANVISA a cinco anos no caso da ANATEL)37. Seus dirigentes são escolhidos pelo Presidente da República e devem ser aprovados em sabatina no Senado Federal. Quando seus mandatos são encerrados, os ex-dirigentes devem cumprir uma quarentena antes de poder atuar no mesmo ramo em que a agência de regulação funciona. As primeiras agências reguladoras a serem criadas foram: a ANEEL (energia elétrica) em 1996, a ANATEL (telecomunicações) em 1997 e a ANP (setor do Petróleo) também em 1997. Entretanto, não existe ainda uma “lei geral” das agências reguladoras, pois cada uma tem certas peculiaridades. Apesar disso, existem certas características comuns, como uma alta capacidade técnica de especialização, serem instituídas como autarquias sob regime especial e regularem um setor de atividade econômica ou um serviço público específico. Cabe aqui lembrar que, apesar das agências reguladoras serem identificadas com o processo de privatização, a regulação não existe apenas nas áreas em que existiu a desestatização. Existem setores que não foram transferidos para a iniciativa privada (como a área de Petróleo, por exemplo) que é regulada. Da mesma 36 (Torres, 2007) 37 (Mazza, 2011) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 47 forma, existem setores que nunca foram operados pelo Estado que sofrem regulação (como o setor de “planos de saúde”) por estarem em áreas sensíveis. Além disso, existem setores da economia que são regulados por entidades não enquadradas neste “modelo” de agências reguladoras, como o mercado de capitais – regulado pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Outro exemplo é o do Banco Central, que é o órgão regulador do sistema financeiro nacional, bem como do CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que tem a função de orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos de poder econômico. Agência Executiva As agências executivas foram uma inovação trazida também pela reforma gerencial de 1995. A ideia seria a de, através da celebração de um contrato de gestão, fornecer maior autonomia e flexibilidade de gestão para autarquias e fundações desde que se comprometessem com determinadas metas e objetivos pactuados. De acordo com a Lei 9.649/98, em seu artigo n°51: “O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos: I – ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; II – ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.” Portanto, uma agência executiva é apenas uma qualificação concedida à uma autarquia ou fundação já existente, que firme um contrato de gestão possibilitando o aumento de sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira38.Entre as vantagens concedidas a estas agências, poderiam utilizar a dispensa de licitação para compras de até 20% do valor máximo admitido para a modalidade convite, ao invés de 10% para o resto da Administração Pública. Infelizmente, este modelo não evoluiu muito, pois como os benefícios aos órgãos não ficaram muito claros e a falta de clareza dos 38 (Alexandrino & Paulo, 2009) Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 47 objetivos a serem atingidos não favoreceu sua disseminação na Administração Pública. Dentre os casos de agências executivas, temos o INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial. Veja abaixo uma comparação entre as agências reguladoras e as agências executivas: Figura 2 ‐ Diferenças entre agências executivas e reguladoras. Fonte: (Mazza, 2011) Cabe lembrar que o artigo n°37 da Constituição Federal abre a possibilidade de um órgão da própria Administração Pública assinar um contrato de gestão e ser qualificado como agência executiva. De certa forma, seria uma situação “esquisita”, pois o Poder Público estaria assinando um “contrato” com si mesmo. Vamos ver mais questões agora? 12 - (ESAF - CGU / AFC - 2008) Segundo o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado de 1995, instituiu-se novos modelos organizacionais visando à modernização da gestão da administração pública: agências executivas e agências reguladoras. Selecione, do ponto de vista conceitual, a opção correta. a) Agências reguladoras são criadas por determinação do Presidente da República. b) As atividades das agências executivas são definidas por Lei pelo Congresso Nacional. c) Agências reguladoras estão sujeitas à mudança de governo. Agências Executivas Visam operar atividades públicas através da descentralização; Existem somente no âmbito federal; São órgãos e entes públicos qualificados como agências. Agências Reguladoras Visam o controle e fiscalização de setores privados; Existem em todas as esferas: União, estados e municípios; São autarquias com regime especial. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 47 d) A finalidade das agências executivas é prestar serviços públicos exclusivos do Estado. e) Os dirigentes das agências reguladoras são de livre nomeação e exoneração do Presidente da República. A letra A está errada, pois estas são criadas através de Lei. No caso da letra B, a qualificação das agências executivas ocorre com a assinatura do contrato de gestão. A letra C está equivocada, pois seus dirigentes servem por prazo fixo e não podem ser exonerados sem uma justificativa. Este processo de exoneração deve ser transitado em julgado. O Gabarito é a letra D. De acordo com o PDRAE: “Objetivos para as Atividades Exclusivas: - Transformar as autarquias e fundações que possuem poder de Estado em agências autônomas, administradas segundo um contrato de gestão; o dirigente escolhido pelo Ministro segundo critérios rigorosamente profissionais, mas não necessariamente de dentro do Estado, terá ampla liberdade para administrar os recursos humanos, materiais e financeiros colocados à sua disposição, desde que atinja os objetivos qualitativos e quantitativos (indicadores de desempenho) previamente acordados; - Para isto, substituir a administração pública burocrática, rígida, voltada para o controle a priori dos processos, pela administração pública gerencial, baseada no controle a posteriori dos resultados e na competição administrada. - Fortalecer práticas de adoção de mecanismos que privilegiem a participação popular tanto na formulação quanto na avaliação de políticas públicas, viabilizando o controle social das mesmas.” Finalmente, a letra E está errada, pois como vimos os dirigentes não podem ser exonerados livremente e a nomeação destes deve passar por uma sabatina no Senado Federal. O gabarito da questão é mesmo a letra D. 13 - (ESAF - CGU / AFC - 2008) No âmbito da Reforma do Aparelho do Estado de 1995, foram previstas instituições privadas, sem fins lucrativos com finalidade pública. A qualificação de uma Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 47 organização por meio de Termo de Parceria, por sua iniciativa, visando ao fortalecimento da esfera pública não estatal e o aumento do estoque de capital social são características inerentes a...................Escolha a opção correta. a) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. b) Organizações não-Governamentais. c) Organizações Sociais. d) Organizações Sociais de Classe. e) Organizações a Serviço do Interesse Público. As entidades do terceiro setor que firmam Termos de Parceria com a Administração Pública são as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs. Estas entidades atuam em parceira com o Poder Público em atividades não exclusivas do Estado. Desta maneira, o gabarito é a letra A. 14 - (ESAF - CGU / AFC - 2006) O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 1995, introduz novos entes na administração pública brasileira. À luz deste Plano, indique a opção correta. a) As Agências Executivas visam estabelecer regras de controle para o mercado dos serviços terceirizados. b) As Agências Reguladoras se destinam a executar atividades típicas de Estado, por meio de entes públicos não-estatais. c) A finalidade da Organização Social de Interesse Público (OSCIP) é produzir bens e serviços para o mercado consumidor. d) Os conselhos são órgãos do Ministério Público, constituídos de autoridade hierárquica e poder deliberativo junto ao Congresso. e) A finalidade das Organizações Sociais (OS) é exercer serviços não-exclusivos do Estado por meio de contratos de gestão. A banca inverteu os dois primeiros conceitos, pois quem deve regular os setores privatizados são as agências reguladoras, ao passo que as agências executivas, de acordo com o PDRAE, devem executar atividades exclusivas do Estado. A letra C também está errada, pois as OSCIPs não podem exercer atividade com fins lucrativos voltados para o mercado. Estas devem exercer atividades de interesse público. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 47 Os conselhos são organizações que se prestam a participação popular, e não são órgãos do Ministério Público. Entretanto, a letra E está perfeita e é o nosso gabarito. 15 - (FCC – MPE-SE / ANALISTA - 2009) As denominadas Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs a) são entidades privadas, cuja atuação é subsidiária à atuação pública no fomento a atividades comerciais e industriais. b) pertencem originalmente ao setor privado e, após receberem a correspondente qualificação, passam a ser consideradas entidades públicas. c) integram a estrutura da Administração, como entidades descentralizadas, atuando em setores essenciais, porém não exclusivos do Estado, tal como saúde e educação. d) são entidades do setor privado que, após receberem a correspondente qualificação, passam a atuar em colaboração com a Administração, podendo receberrecursos orçamentários. e) são entidades do setor privado, declaradas por lei como de interesse público, que gozam de privilégios fiscais. A primeira alternativa está errada, pois não é permitida às OSCIPs a participação em atividades comerciais, ou seja, que tenham a finalidade de lucro. A letra B também está equivocada, pois estas organizações, mesmo depois de qualificadas, não passam a integrar o Estado. Ou seja, não se tornam entidades públicas – continuam Pessoas Jurídicas de Direito Privado. O mesmo ocorre na Letra C, pois estas organizações não integram a estrutura do Estado – são entes não estatais. Entretanto, a letra D está correta. Estas organizações, após se qualificarem, passam a receber recursos do Estado e atuam em parceria com este. Por fim, a letra E também está errada, porque estas entidades não gozam de privilégios fiscais. O gabarito, portanto, é mesmo a letra D. 16 - (FCC – PGE/RJ – AUDITOR – 2009) O controle social é entendido como a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da Administração Pública. Trata-se de importante mecanismo de prevenção da corrupção e de fortalecimento da cidadania. Dentre os principais mecanismos de controle social instituído nos três Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 47 níveis da federação, a partir da Constituição Federal de 1988, estão (A) as Centrais de Atendimento do Cidadão. (B) os Conselhos Gestores. (C) as Controladorias Gerais. (D) as Assembleias Populares. (E) as Comissões Paritárias. Dentre as opções descritas na questão, a alternativa que se refere ao controle social é a dos conselhos gestores das políticas públicas. O gabarito é a letra B. 17 - (CESPE - TCU / ACE - 2009) As entidades do Sistema S (SESI, SESC, SENAI etc.), conforme entendimento do TCU, não se submetem aos estritos termos da Lei n.º 8.666/1993, mas sim a regulamentos próprios. Esta questão está correta. O TCU já decidiu que as paraestatais não necessitam seguir os ditames da Lei 8666/93. Entretanto, estas entidades devem ter algum regulamento que estabeleça os procedimentos e critérios para a compra de materiais e serviços, bem como para as regras de contratação. O gabarito é, desta maneira, questão correta. 18 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A organização social, que integra as chamadas entidades paraestatais, insere-se na concepção administrativa fundada no conceito de Estado mínimo, segundo o qual a saúde não é considerada atividade típica de Estado. Esta questão é um pouco confusa, mas está errada. Os serviços de saúde não são considerados atividades exclusivas do Estado, mas são sim típicas. De acordo com o PDRAE, estas atividades seriam executadas tanto pelo Estado quanto pelas entidades não estatais, como as organizações sociais. Assim, o gabarito é questão errada. 19 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) Os diretores das agências reguladoras serão escolhidos pelo presidente da República, mas Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 47 essa escolha deve ser aprovada, por meio de voto secreto, após arguição pública, pelo Senado Federal. Beleza. Os diretores das agências reguladoras são nomeados pelo chefe do Poder Executivo (o Presidente da República, no caso da União), mas deverão passar por uma sabatina pública no Senado Federal. O gabarito é questão correta. 20 - (CESPE – TJ-DF / ANALISTA - 2008) Embora seja possível identificar dissenso na doutrina acerca das características das entidades do terceiro setor, são comumente apontadas como diferenciais das entidades que o compõem a natureza privada, a ausência de finalidade lucrativa, a auto-administração, a institucionalização e o fato de serem voluntárias. A questão aborda o fato de que estas organizações do terceiro setor são muito diversas. Entretanto, são realmente de caráter privado, não tem fins lucrativos, são independentes em sua administração e exercem suas atividades por iniciativa própria, ou seja, são voluntárias. O gabarito é mesmo questão correta. 21 - (CESPE – TJ-DF / ANALISTA - 2008) Ao termo publicização do terceiro setor podem ser atribuídos pelo menos dois sentidos. Um é o que se refere à prestação de serviços de interesse público por entidades componentes do terceiro setor, com o apoio do Estado. O segundo refere-se à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem fins lucrativos. O termo publicização se relaciona com a transferência de atividades não exclusivas do Estado para organizações privadas sem fins lucrativos, os entes não estatais. Além disso, o modelo das organizações sociais (as OSs) foi pensado tendo como objetivo a transformação de entidades da Administração Indireta nestas organizações privadas. Apesar disso, como este modelo das OS foi muito criticado e está sendo julgado no STF, acabou gerando uma insegurança jurídica muito grande, “abrindo” espaço para o crescimento do modelo das OSCIPs. Assim sendo, o gabarito é questão correta. Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 47 22 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2009) O mandato dos conselheiros e dos diretores das agências reguladoras terá o prazo fixado na lei de criação de cada agência. Exato. Este prazo não é uniforme para todas as agências, podendo variar de três anos até cinco anos (no caso da ANATEL). O gabarito é questão correta. 23 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2009) As agências reguladoras serão dirigidas em regime de colegiado, por um conselho diretor ou diretoria composta por conselheiros ou diretores, sendo um deles o seu presidente, o diretor-geral ou diretor-presidente. A questão está correta e reflete o caráter colegiado do funcionamento das diretorias das agências reguladoras. O gabarito é questão correta. 24 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2009) As agências reguladoras têm caráter nacional, sendo vedado aos estados e ao Distrito Federal criar suas próprias agências estaduais quando se tratar de serviço público, por ausência de previsão constitucional. Esta questão não é muito difícil, não é mesmo? Existem diversas agências estaduais e municipais em funcionamento no Brasil atualmente. Assim, os entes subnacionais podem sim criar suas próprias agências reguladoras. O gabarito é questão incorreta. 25 - (CESPE - MS / ANALISTA - 2010) Entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado que colaboram com o Estado no desempenho de atividades não lucrativas; elas não integram a estrutura da administração pública. Beleza. Estas organizações são entidades privadas e não estatais (não fazem parte do Estado). Assim, não integram a estrutura da Administração Pública. O gabarito é questão correta. 26 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) Três meses após ter tomado posse para cumprir o seu mandato, um diretor da ANATEL foi exonerado a pedido e, em razão de sua experiência no setor, Gestão Pública p/ ATA-MF Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó – Aula 02 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 47 foi contratado, logo após a exoneração, para prestar consultoria a uma empresa ligada ao setor de telecomunicações.
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