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O discurso acadêmico características e normas

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1 
Leitura e Produção de 
Textos Acadêmicos 
 
Aula 02: O discurso acadêmico: características e normas 
Tópico 01: A Linguagem Técnico-Científica 
 
http://cibele.files.wordpress.com/2008/06/lapis5.jpg?w=124 
 
Como vimos na aula 1, o conhecimento científico surge dos diferentes modos de 
produção do conhecimento e do uso que se faz dele, de modo que o avanço da 
ciência depende da circulação e do uso efetivo das ideias, posto que a informação 
constitui, ao mesmo tempo, insumo e produto de toda atividade científica. Segundo 
Barrass (1986, p. 27), “a ciência é um esforço incessante no qual o fim de uma 
investigação pode transformar-se no início de outra.” Assim, para o autor, os 
cientistas devem escrever, para que suas descobertas sejam difundidas. 
 
Vemos, portanto, que a finalidade última de qualquer atividade científica não é somente 
exprimir ideias, mas comunicá-las. Por esta razão, é possível assumir que escrever trabalhos acadêmico-
científicos é uma decorrência natural do estudo e da pesquisa. Entendemos também que a produção do 
texto acadêmico requer procedimentos de duas ordens: uma relacionada à atividade reflexiva e 
indagativa — verdades ou falsidades — acerca da temática escolhida e uma outra correspondente aos 
processos organizacionais e técnicos para a elaboração e a apresentação desses trabalhos. 
Os dois procedimentos exigem aprendizado, pois a prática de escrever textos acadêmicos 
ocorre na interação verbal entre pessoas organizadas socialmente, na chamada comunidade científica. 
Segundo Carioca (s/d, p. 825), a comunicação acadêmica só se realiza porque “está firmada nos 
parâmetros normatizados por sua comunidade discursiva no que diz respeito à produção de gêneros 
textuais e à produção da linguagem própria convencionada para seu domínio”. Desse modo, conforme a 
autora, a redação acadêmica é enunciada por meio dos mais diversos gêneros acadêmicos, como por 
exemplo: resumos, resenhas, ensaios, relatórios, artigos científicos, informes científicos, 
monografias, dissertações, teses etc., cujas regras de construção constam em inúmeros manuais de 
metodologia científica que explicam como deve ser a linguagem, a formatação e quais as partes 
componentes típicas dos textos acadêmicos. 
Considerando, entretanto, que a eficiência na transferência da informação depende de fatores 
relativos à “linguagem” entre o autor e o leitor do texto, o estilo, a estrutura e a apresentação formal de 
trabalhos científicos exigem a adoção de normas que permitam atingir tal eficiência. O estilo1 da redação 
utilizada em trabalhos científicos é chamado técnico-científico. 
A título de ilustração, apresentamos o quadro 1, abaixo, baseado em Viegas (1999, p. 170), 
que mostra esquematicamente algumas diferenças entre a linguagem literária e a linguagem científica. 
QUADRO 1 – Linguagem literária e linguagem científica em função do conteúdo, do estilo e da forma de 
conquistar o leitor. 
 
 
1 “diferindo do utilizado em outros tipos de composição, como a literária, a jornalística, a publicitária” (UFPR, 2000, p.1). 
 
2 
Leitura e Produção de 
Textos Acadêmicos 
 
 
Com características e normas específicas, conforme se constata no quadro acima, o estilo da 
redação científica possui certos princípios básicos, universais, ou seja, considera-se como formulação 
científica mais apropriada aquela que, além de correta, seja simples, clara, precisa e concisa. Como alerta 
Viegas (1999, p. 170), no discurso científico, “busca-se a objetividade, a isenção do autor, sua fidelidade 
ao fato, a descrição pura e simples, a neutralidade, sem posicionamentos subjetivos, ideológicos ou 
éticos.” Ao longo do tempo, os cientistas – uns mais, outros menos – procuram orientar-se segundo esses 
princípios. 
QUADRO 2 – Descrição dos princípios básicos da redação técnico-científica, de acordo com Bastos et 
al. (2000). 
 
 
 
 
 
 
3 
Leitura e Produção de 
Textos Acadêmicos 
Linguagem científica segundo alguns autores 
• Marconi Lakatos 
Segundo Marconi Lakatos (2003, p. 250), a linguagem científica deve “ser a mais didática possível. 
Requer linguagem perfeita em relação às regras gramaticais, evitando não só o vocabulário popular, 
vulgar, mas também o pomposo. Se uma das finalidades é a objetividade, o trabalho científico deve ter 
caráter impessoal”. 
• Viegas 
Viegas (1999, p. 171) afirma que, no texto acadêmico, “busca-se, antes, a objetividade e a isenção do 
autor, bem como sua fidelidade ao fato, a descrição pura e simples, a neutralidade, sem posicionamentos 
subjetivos, ideológicos ou éticos.” 
• Carioca 
No interior do discurso acadêmico, conforme Carioca (s/d), há uma bipartição discursiva que classifica o 
discurso científico – ou especializado – (DC) e o discurso de divulgação científica – também chamado de 
vulgarização ou popularização da ciência – (DDC). Essa bipartição reflete a necessidade de nos 
preocuparmos com a divulgação da ciência e com o debate sobre o impacto da ciência na sociedade. 
• Barrass 
Barrass (1986) defende a necessidade de se empreender a divulgação científica. Para este autor, sem essa 
divulgação, não deveremos nos surpreender se a ciência e a tecnologia permanecerem um livro fechado, 
inacessível a muitas pessoas educadas, se o povo não confiar no cientista, se não se der valor à 
interdependência entre a ciência pura e aplicada, ou se as pessoas esperarem demais da ciência. 
 
Linguagem científica e terminologia 
Para Carioca (s/d), quando o texto se destina a especialistas, o discurso é construído com 
termos técnicos e a linguagem é de difícil acesso e compreensão, como se restringisse seu campo de 
atuação apenas a um grupo que compartilha esses termos e esse tipo de discurso. O uso de termos 
técnicos (terminologia2), entretanto, é necessário para tornar a comunicação mais eficiente, porque 
favorece o uso uniforme de um termo que designa um mesmo conceito. 
O uso de termos técnicos evita mal-entendidos, resultantes do emprego incorreto de termos de 
uso comum. Quanto mais pessoas tenham acesso a uma terminologia uniforme, menos problemas de 
comunicação surgirão. Por ser uma grande linguagem de especialidade3, cujo uso fica restrito aos 
especialistas, na comunicação sem ambiguidade em uma área particular do conhecimento diferente da 
língua comum, que é a que usamos no dia-a-dia, a terminologia frequentemente é associada a uma 
linguagem difícil, empolada, sendo até objeto de piadas, como a mensagem apresentada abaixo, que 
circula anonimamente na Internet. 
TENTE ADIVINHAR O QUE ESTÁ SENDO DESCRITO PELOS ESTUDANTES DOS VÁRIOS 
NÍVEIS DE ENSINO. 
 
 
2 http://www.termiumplus.gc.ca/didacticiel_tutorial/portugues/glossaire/terminologia_p.html 
3 Assim, o significado mais comum de terminologia é 'conjunto dos termos especializados próprios de uma ciência, de uma 
técnica, de um autor ou de um grupo social determinado' como, por exemplo, a terminologia da Medicina, da Lingüística, da 
Literatura ou a terminologia da Informática. 
 
4 
Leitura e Produção de 
Textos Acadêmicos 
Arte de escrever 
• Mestrado 
A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, 
apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona 
agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas 
em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas 
proporções quando submetida a uma tensão axial em consequência da aplicação de compressões 
equivalentes e opostas. 
• Graduação 
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação, e apresentando-se em blocos sólidos de pequenas 
dimensões e forma tronco-piramidal,tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não 
muda suas proporções quando sujeito à compressão. 
• Ensino Médio 
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de 
forma quando pressionado. 
• Ensino Fundamental 
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível. 
• Linguagem Popular 
Rapadura é doce, mas não é mole, não!!! 
 
No tocante à estrutura global de enunciação do discurso acadêmico, Carioca (s/d, p. 826) 
ressalta que essa estrutura está fundamentada nas convenções instituídas pela comunidade científica, com 
características bastante específicas e conservadoras que especificam os seguintes atributos: 
impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, coerência, concisão e simplicidade. Assim, o discurso 
acadêmico se caracteriza, segundo a autora, pela utilização sistemática de estratégias textual-discursivas 
de construção de sentido envolvendo, em sua constituição, citações e paráfrases4. A autora ressalva, no 
entanto, que a liberdade de utilização desses recursos no discurso acadêmico não é ilimitada, mas regida 
por suas normas e construída a partir de certos procedimentos institucionais. 
Outra característica que a autora destaca no discurso acadêmico é a argumentatividade, 
indispensável para a demonstração e validação de teses (ideias) em gêneros textuais que configuram 
partes distintas dos textos acadêmicos, tais como: pressupostos teóricos, procedimentos metodológicos, 
bibliografia, introdução, resultados das análises, resumo ou abstract, índice, sumário, conclusões, quadro 
teórico, revisão da literatura, considerações finais, discussão dos resultados, introdução, anexos, 
referências bibliográficas, fundamentação teórica, objetivos, etc. 
Carioca (s/d) levanta ainda, com base em outros autores, um impasse dicotômico em relação à 
submissão às normas do discurso acadêmico. Segundo ela, se tais regras são seguidas ipsis literis corre-se 
o “risco de se cair na simples transmissão de modelos de texto que levam à reprodução de modelos 
naturalizados, sem a criticidade necessária à formação de sujeitos com uma relativa autonomia e arbítrio” 
 
 
4 Citações em que o texto original é recriado, mas há a reprodução fiel de suas ideias 
 
5 
Leitura e Produção de 
Textos Acadêmicos 
(MOTTA-ROTH, 2006, p. 4 apud CARIOCA, s/d, p. 834); já se não são seguidas, adverte sobre o risco 
de se ter o “texto rejeitado por não atender às normas que vigoram nessa comunidade científica” 
(MACHADO; LOUSADA; ABREU-TARDELLI , 2005, p. 13 apud CARIOCA, s/d, p. 834). 
Considerando, entretanto, que a eficiência na transferência da informação depende de fatores 
relativos à “linguagem” entre o autor e o leitor do texto, a estrutura e a apresentação formal de trabalhos 
científicos exigem a adoção de normas que permitam atingir tal eficiência. 
 
Observação 
A forma de apresentação e os procedimentos adotados em trabalhos acadêmico-
científicos são regulados por normas técnicas institucionalizadas pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que serão discutidas no próximo tópico. 
 
 
Olhando de Perto 
http://www.ucb.br/prg/comsocial/cceh/textos_comunidade.htm 
http://rle.ucpel.tche.br/php/edicoes/v5n2/d_desiree.pdf 
Pavel: Curso Interativo de Terminologia. Disponível em: 
http://www.termiumplus.gc.ca/didacticiel_tutorial/portugues/lecon1/indexe_p.html 
 
 
Multimídia 
Vídeo: exemplo de apresentação de trabalho científico em congresso. É interessante 
observar como essa situação pode deixar nervosos aqueles que estão iniciando a vida 
acadêmica. Não se assuste! Como quase tudo que fazemos depende de prática, 
apresentar uma “comunicação oral” pode vir a ser uma atividade corriqueira em sua 
prática profissional. 
http://www.youtube.com/watch?v=xFnAIjH-Cf0 
Referências 
BARRASS, R. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e 
estudantes. 2. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986. 
BASTOS, L. et al. Manual para elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses, dissertações e 
monografias. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 
CARIOCA, C. R. A. Caracterização do discurso acadêmico baseada na convergência da Lingüística 
Textual com a Análise do Discurso. Disponível em: 
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/36.pdf. Acesso em: 03 mar. 2008. 
MARCONI, M. A. de; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: 
Atlas, 2003. 
MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. O resumo escolar: uma proposta de 
ensino do gênero. Signum: estudos da linguagem, Universidade Estadual de Londrina. PR, n.8 (1), p. 
89-101, jun. 2005. 
 
6 
Leitura e Produção de 
Textos Acadêmicos 
MOTTA-ROTH, D. Questões de metodologia em análise de gêneros. In: KARWOSKI, A. M.; 
GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Org.) Gêneros Textuais: Reflexões e Ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Lucerna,2006. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de 
trabalhos científicos. Curitiba: Ed. UFPR, 2000. pt. 8: Redação e editoração. 
VIEGAS, W. Fundamentos de Metodologia Científica. Brasília: Editora da UNB, 1999.

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