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Falência e Recuperação de Empresa

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Sabemos que decorre da declaração de falência, a perda pelo falido da administração de seus bens que constituirão a massa falida, que passará a ser gerido por um terceiro, denominado Administrador Judicial, pessoa esta que deverá cuidar destes bens de modo eficiente, com o intento de evitar prejuízos da massa e consequentemente aos credores. 
O administrador tem como dever precípuo, a guarda dos bens, a fim de se evitar quaisquer tipos de danos ou perdas da massa, para que seja possível um melhor aproveitamento, otimizando a geração de receitas para a quitação da dividas com os respectivos credores. Para tanto, além da arrecadação dos bens do falido, caberá ao administrador arrecadar os documentos comerciais e livros contábeis a este pertencente, notadamente com o interesse de se levantar possíveis créditos a ele vinculado.
Nesta seara, temos por baliza a norma esculpida no Art. 108 e parágrafos, da Lei 11.101/05, a chamada Lei de Falências que assim dispõe: 
Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias.
§ 1° Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos bens.
§ 2° O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação.
§ 3° O produto dos bens penhorados ou por outra forma apreendidos entrará para a massa, cumprindo ao juiz deprecar, a requerimento do administrador judicial, às autoridades competentes, determinando sua entrega.
§ 4° Não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis.
§ 5° Ainda que haja avaliação em bloco, o bem objeto de garantia real será também avaliado separadamente, para os fins do § 1° do art. 83 desta Lei.
Observa-se que o legislador possibilitou ao administrador escolher um terceiro para auxiliá-lo em suas tarefas, dado seu grau de dificuldade, mas não eximiu a responsabilidade dos atos praticados por esta nova pessoa, pois a responsabilidade resta indelegável. 
A lei de falências prevê, tendo em vista a importância do administrador judicial no processo de falência, bem como o intuito de formalizar este ato, um protocolo que deve ser observado. Com isso, para a investidura do administrador judicial em suas funções, é necessário que este assine o termo de compromisso nos autos judiciais, ao qual deverá ser intimado pessoalmente a fazer. Após esta assinatura, restará evidenciada o aceite em assumir as responsabilidades decorrentes do exercício de sua função.
É necessário lembrar que caso não haja a assinatura em até 48 horas computadas a partir da juntada dos autos do mandado de intimação pessoal cumprido, será nomeado pelo juiz, outro administrador judicial. Sobre o tema, observa Fábio Ulhoa Coelho, “o descumprimento do prazo implica ineficácia da nomeação ou eleição”.
Após a nomeação do administrador judicial, dar-se-á início a arrecadação de bens, que segundo a letra da lei é um “ato contínuo” a assinatura do termo de compromisso, destacando que este bens podem ser classificados como corpóreos, que são aqueles de existência material, natureza física, perceptível pelos nossos sentidos, ou ate mesmo os incorpóreos, que são aqueles abstratos, intangíveis. 
Neste sentido assevera Nelson Abrão, “a entrada na posse dos bens, direitos, ações, livros e documentos do falido, onde quer que eles estejam, executados os excluídos da falência, a fim de compor o patrimônio especial que irá responder pelas obrigações do falido”.
Afirmando a arrecadação como pressuposto para a ação falimentar, assenta o egrégio Superior Tribunal de Justiça;
COMERCIAL. FALÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ART. 76, DL 7.661/45. ARRECADAÇÃO DOS BENS PELA MASSA FALIDA. PRESSUPOSTO. PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. I – A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça assentou orientação de que a arrecadação dos bens pela massa falida é pressuposto do pedido de restituição previsto no art. 76 da Lei de Falências (DL 7.661/45). II – Não demonstrada essa arrecadação, acertada a decisão de primeiro grau que desacolheu a pretensão.
(STJ - REsp: 259752 MG 2000/0049581-6, Relator: Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data de Julgamento: 21/06/2001, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 03/09/2001 p. 226)
Todos os bens, materiais e imateriais do devedor que tem algum valor econômico devem ser arrecadados à massa falida. Extrai-se deste comando, que deverão ser arrecadados então, todos os bens de propriedade do devedor, estejam eles em sua posse ou na posse de terceiros, devendo o administrador requerer ao juiz a tomada de providencias cabíveis para reavê-las. 
Cabe destaque o fato de poder ocorrer à arrecadação, mesmo de bens que aparentem ser de propriedade de terceiros, cabendo a estes terceiros prejudicados pela arrecadação, pedir a restituição de seus bens, conforme inteligência do Art. 85, caput, desta mesma lei.
Igualmente, deverão ser arrecadados pelo administrador os bens do devedor que por ventura já se encontrem como objeto de apreensão e penhora, até mesmo quando a estes já tenham sido designada a praça. Esta possibilidade se abre por força do Art. 99, inciso V, desta lei. Porém o que ocorre é a simples suspensão, o que não acarreta o desfazimento dos atos até aqui praticados. Seguindo este raciocínio, aduz-se que caso o bem já tenha sido arrematado, será o resultado deste processo revertido à massa e não mais o bem em si, porque impossível. 
No que concerne à avaliação dos bens do devedor, um passo seguinte a sua arrecadação, tem-se por preceito que o avaliador deverá aproximar o máximo possível os bens de seu valor de mercado atual, pois quanto maior o aporte financeiro na massa falida mais créditos poderão ser pagos, diminuindo, em consequência, o prejuízo em função da falência do devedor. Visando a melhor realização deste procedimento, quando o administrador não possuir capacidades específicas para tanto, segundo a Art. 22, inciso III, alínea h, poderá contar com o auxilio de avaliadores.
Com efeito, mantendo o intuito de maximizar os valores levantados, a nova lei de falências compreende, segundo Carlos Claro “mecanismos que buscam evitar a deterioração dos ativos, considerando novas modalidades de alienação, como, por exemplo, a venda em bloco do estabelecimento, leilão, propostas fechadas ou mesmo o pregão. O juiz também poderá autorizar a venda por outra modalidade não prevista na lei, mediante a apresentação de motivos justificados”.
Os bens perecíveis e deterioráveis ou sujeitos a desvalorização deverão ter sua venda realizada antecipadamente, isso porque existe um risco manifesto de que este se percam, caso tenham que aguardar para serem vendidos em outro momento, o que levaria ao prejuízo a falida, a qual opor razões evidentes objetiva justamente o inverso.
Portanto, a luz da lei de falências, entende seu real objetivo, quer seja reestabelecer a saúde financeira das empresas, protegendo a atividade empresarial com a finalidade de garantir maior equilíbrio do sistema financeiro nacional e toda a sua cadeia.
Bibliografia.
ABRÃO, Nelson. Curso de Direito Falimentar. 5. ed. São Paulo: Livraria e Editora Universitária de Direito, 1997. 
COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à nova lei de falências e de Recuperação de empresas. São Paulo: Saraiva 2005, p. 85.
CLARO, Carlos R. Revocatória Falimentar. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2008, p. 286.

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