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Palestra Ética Cristã

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*
UM OLHAR ÉTICO CRISTÃO E DE CUIDADO DO MEIO AMBIENTE ECOLÓGICO PARA UM CRISTIANISMO ECOLOGICAMENTE RESPONSÁVEL
AVM FACULDADE INTEGRADA
NADIA JUNQUEIRA MACIEL FERREIRA
Palestra em PowerPoint apresentada à AVM Faculdade Integrada como parte integrante do conjunto de tarefas da disciplina Ética Cristã.
Tutor: Paulo Renato Lima.
Cruzília
2015
*
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Com base nas questões éticas dos Direitos, esta palestra tem o objetivo de construir um olhar ético cristão e de cuidado do meio ambiente ecológico a fim de desenvolver uma consciência e pensamento ecológicos coerentes com a Bíblia, apontando os meios e as práticas de um cristianismo ecologicamente responsável e compatível com o anseio da Natureza por cuidados.
*
Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o cultivasse e guardasse (Gn. 2,15)
De todos os grandes sistemas religiosos e filosóficos, nenhum dá maior dignidade ao mundo material do que a tradição judaico-cristã. Os dois testamentos das escrituras apóiam o argumento de que a matéria é boa, e que o mundo natural é semelhante a Deus (GEISLER, 2010, p. 213)
A ideia de ethos do grego, o habitar humano é a Ética ambiental que rege as ações humanas contra o meio ambiente. O valor subjetivo do homem frente ao desenvolvimento tecnológico no enunciado “esvaziamento do ser” (HEIDEGGER, 1999, p.182)
Não é possível uma atitude plenamente ecológica sem que haja um amor verdadeiro pela natureza (DEPIZZOLI; POIANI, 2013, p. 24)
Precisamos fazer uma nova aliança com a Terra e um novo pacto social de responsabilidade entre todos os humanos, fundado numa dimensão espiritual de reverência frente ao mistério da existência, de gratidão pelo presente da vida, e de humildade, considerando o lugar que o ser humano ocupa na natureza (BOFF, 2012b).
*
MEIO AMBIENTE: ‘res nullius’ (coisas de ninguém); ‘res communes omnium’ (coisas comum a todos), segundo Milaré (2013, p.249-306).
 “Interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” (MILARÉ, 2013, p.143). 
A expressão “meio ambiente” (milieu ambient) foi utilizada pela primeira vez pelo naturalista francês Geoffroy de Saint-Hilaire na obra Études Progressives d´um naturaliste, em 1835, tendo sido adotada por Augusto Comte em seu curso de Filosofia Positiva.
Todo ‘tipo’ de Meio Ambiente: natural ou físico, artificial ou humano, laboral e cultural exige especial atenção do Estado 
e de toda população (LENZA, 2011).
*
AS TRÊS VISÕES DO MEIO AMBIENTE
 Materialista: Meio ambiente como uma fonte ilimitada de energia. Mediante o uso da tecnologia, os seres humanos podem modificar seu meio ambiente a fim de satisfazer suas próprias necessidades.
 Panteísta: A Natureza é divina. O Homem tem a obrigação de reverenciar o mundo natural e de protegê-lo contra as intrusões da tecnologia.
 Cristianismo: Deus é o Criador e a humanidade é a guardiã deste mundo magnificente e glorioso. O dever do Homem é manter e não corromper, preservar e não poluir. A Natureza não é Deus, mas é o jardim de Deus (Sl 24, 1). Não deve ser venerada, mas cuidada (GEISLER, 2010, p.395).“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rom 1, 20).
*
ÉTICA: “ciência dos costumes ou hábitos” (REIFLER, 2007, p. 16).
Origem: do grego ethos (“morada”, “lugar em que vivemos”; “o caráter”, o “modo
de ser” que uma pessoa ou um grupo vai adquirindo ao longo da vida). 
“A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na vida junta” (é o
que faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que o homem decide). Ela
orienta a capacidade de decisão, julgamento eavaliação com autonomia
(pressupõe liberdade) (CORTELLA, 2009, p. 106).
Sentido reflexivo ou filosófico: “diz respeito às teorias ou concepções filosóficas
da ética, como a ética da responsabilidade, a dos princípios, o utilitarismo e
outras” (MARCONDES, 2007, p. 10).
Ética é o campo de saber que se dedica à reflexão sobre a moral, consciência e a
sensibilidade ecológica.
ÉTICA CRISTÃ: “estudo sistemático e prático da vida moral do homem
determinado por seu valor e sua norma cristã, como revelado nas Sagradas Escrituras” (REIFLER, 2007, p. 17). 
“Estudo de como os seres humanos devem viver, conformando-se com as convicções cristãs e bíblicas” (GRENZ, 2006).
OBJETIVO DA ÉTICA CRISTÃ: promover ações que protejam os ecossistemas naturais, a vida silvestre, o uso racional das reservas naturais; controle rigoroso da poluição (industrial, ar, sonora, visual), reciclagem do lixo e materiais, combate às queimadas, combate ao uso indiscriminado de agrotóxicos; melhoria no ambiente urbano (moradia, trabalho, alimentação, transporte, saneamento básico, jardinização, lazer), melhoria no ambiente rural (reforma agrária e condições sanitárias) (SIQUEIRA, 2002; JAMIESON, 2010).
*
COMO CONCRETIZAR AS AÇÕES?
Conscientização da população; mudanças de mentalidade, de valores e da cultura; autocompreensão do ser humano com o meio ambiente.
“Vivemos numa cultura que cultua a morte e banaliza a vida. Mas a ética cristã para a ecologia tem de defender uma coisa maior e que às vezes não parece inserida também na preocupação ecológica: relações justas e solidárias que humanizam cada vez mais os chamados “seres humanos”. É justamente a desumanização que leva-nos a relações opressoras com o próximo, com a natureza e conosco mesmo”
 (JOÃO PAULO II) 
*
ECOSSISTEMA AMBIENTAL
Fatores abióticos: ar, água, energia e minerais; 
Fatores bióticos: plantas, vegetais, animais e 
microorganismos;
Fator cultural: influência da ação humana. Criado à 
imagem e semelhança de Deus (Gn 1 26-27), o homem 
recebe um ambiente (oikos - casa) para habitar e 
ser feliz. A narrativa da criação revela uma harmonia 
entre todos os elementos da criação que deve ser
preservada pelo trabalho do homem. É o pecado que
 introduz toda a desordem no meio ambiente. A exploração do homem
provoca o abuso da natureza e sua devastação (BOFF, 2012a).
O Cristianismo, enquanto fiel às suas raízes bíblicas, tem condições de
oferecer uma visão de mundo que permite ao ser humano enfrentar de
forma coerente e racional as questões ecológicas de hoje (LOPES, 2012).
*
SER HUMANO: integrante das íntimas relações que existem em todo o mundo natural. A ecologia despertou nele a compreensão de que ele é apenas mais um ente entre tantos outros, ele é mais um elo do repertório ecológico. Há uma interrelação de mútua dependência entre os entes da natureza (CARVALHO, 2001; Silva, 2003).
*
BENEFÍCIOS DO ECOSSISTEMA EM UM AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO 
Florestas fornecem madeiras e fibras, purificam a água, regulam clima e produzem recursos genéticos;
 Sistemas fluviais disponibilizam água doce e recreação;
Zonas úmidas costeiras filtram os resíduos, mitigam as cheias e servem de viveiro para a pesca comercial.
Lenza (2011, p. 1087): “o preservacionismo ambiental caracteriza-se
como direito humano de terceira dimensão, estando o ser humano
inserido na coletividade e, assim, titular de direitos de solidariedade”.
*
MALEFÍCIOS DO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE DESEQUILIBRADO
GAIA – A MÃE TERRA PEDE SOCORRO!!!
A degradação ambiental é moralmente errada: uma pequena parte do caos ambiental que o planeta Terra enfrenta ao longo dos séculos devido ao atual modelo autodestrutivo, falido, expansivo e agressivo do desenvolvimento industrial com o qual o homem vem colonizando o planeta e provocando cada vez mais, o aumento do efeito estufa e das mudanças climáticas. Essas ações humanas sobre o Meio Ambiente trazem consequências devastadoras (CORTINA, 2010). 
*
Poluição dos afluentes dos rios, dos grandescentros urbanos, da ‘casa mãe’, o planeta Terra; na raiz da poluição está o egoísmo;
Pesca e caça predatórias com desaparecimento crescente de espécies vegetais e animais do habitat natural levando-as à extinção ;
Exploração dos recursos e bens naturais renováveis e não renováveis (minérios, madeira e água) até seu total esgotamento; 
Desmatamentos caóticos e desenfreados e queimadas incessantes para o plantio de grãos e a criação de gado;
Superpopulação e indústrias com elevada capacidade de produção; 
Falta de saneamento básico nos países emergentes;
Contaminação do solo, lençol freático e todo meio ambiente aquático;
 Buracos na camada de ozônio, aumento gradativo da temperatura, aquecimento global, efeito estufa e desgelamento das calotas polares; 
Desertificação de imensas regiões (SILVA, 2003; MORATO, 2004; PROCÓPIO, 2008); 
*
Crescimento de todo tipo de exploração desordenada não condizendo com a ordem divina de “sujeitar a terra e dominá-la”. O homem tira muito da natureza e coloca pouco de volta, usando os recursos naturais com ganância, de maneira indiscriminada e predatória, sem qualquer preocupação com os outros, com as gerações futuras. 
Danos irreversíveis à natureza e respectivamente ameaça à própria existência e sobrevivência humana na Terra. A crise ambiental pode provocar também a escassez de água potável e de alimentos em um relativo curto espaço de tempo. “Talvez o ser mais ameaçado hoje não é a baleia, o mico-leão-dourado. É o ser humano pobre, obrigado a morrer antes do tempo, se está doente não pode se tratar, se tem fome não pode comer” (BOFF, 2003). Dessa forma, cresce o número de habitantes no planeta, e ao mesmo tempo e na mesma proporção, cresce a carência por alimento (BOFF, 2012b). 
Destruindo o ambiente e a sua biodiversidade, o HOMEM não está apenas contribuindo para o extermínio de uma geração, mas também de gerações futuras. O problema é estrutural e requer uma transformação de mentalidade e de cultura. 
*
CRISE ECOLÓGICA NA HISTÓRIA E NOS EFEITOS DA MODERNIDADE 
1. Antecedentes:
Revolução Francesa 
Revolução Industrial 
Liberalismo e capitalismo 
*
2. Principal causa: visão centrada na humanidade
Na visão cristã, o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, ocupando um lugar de destaque e recebendo um encargo especial em relação à criação. 
Esta concepção origina uma perspectiva antropocêntrica que distancia o ser humano dos restantes seres naturais. Ele se sente sujeito diante de uma natureza objeto, e a explora em proveito dos seus interesses. “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6, 10). Aqueles que se servem da natureza e prejudicam o seu semelhante pecam contra Deus, pois escolhem amar as riquezas.
*
3. Crise entre o ser humano e Deus - A volta à Mensagem Divina
 Ao cair no pecado e se afastar de Deus, o ser humano entra em processo de desumanização e abandona sua missão original de guardar e cultivar a terra (visão do antropocentrismo). O homem considera-se superior e mais importante que os outros seres. Estes só lhe são úteis enquanto objeto para espoliação (BOFF, 1999). 
*
TRÊS TENDÊNCIAS DE ECOLOGISMO OU AMBIENTALISMO SEGUNDO ALIER (2009)
 A) Culto à vida silvestre: biocêntrica, focada nos interesses dos seres vivos, a partir do final do século XIX: a preservação de parques e paisagens, sem necessariamente tocar na totalidade do debate da relação homem-natureza. O “culto ao silvestre”, presente em muitas ONGs de ecologia do primeiro mundo que defendem uma visão ‘museificada’ da natureza, porque lutam por preservar certos ecossistemas como intocáveis sem presença humana. 
*
B) Ecoeficientismo econômico: antropocêntrica, centrada nos interesses dos seres humanos, prega a ecoeficiência, o homem pode seguir em frente com seus padrões de consumo, preservando as relações de assimetria e desigualdade. É a proposta do desenvolvimento sustentável e da ‘economia verde’ que, sem questionar o atual sistema capitalista, oferece soluções para a crise, em coerência com as dinâmicas econômicas desse sistema, tendo a natureza como estoque de recursos. A ecoeficência pode resultar em alterações dos elementos utilizados na produção, mas a escala em que são usados interfere na estrutura produtiva, social e social em curso acarretando conflitos.
*
C) Ecologismo dos pobres ou justiça ambiental: denominação dada pelo peruano Flores Galiado em 1988, reconhecida por Martinez Alier (2009), tem raízes teóricas europeias (Marx, Max Weber e Rosa Luxemburgo), ocupa espaço importante na agenda social mundial, como no Terceiro Mundo. 
Define-se como interseção entre a questão humana e a natural, que considera os conflitos distributivos entre aqueles que têm convívio não predatório com a natureza, vista não como mero instrumento de desenvolvimento, mas como oikos, casa, lugar da sobrevivência e reprodução social da vida, ambiente da sustentabilidade ecossistêmica (JUNGES, 2004).
*
“Ecologismo popular”: típico das populações indígenas e camponesas da América Latina. A natureza não se reduz a “estoque de extração de recursos” (como fazem grandes empresas petroleiras, mineradoras e de agronegócio que se instalam em seus territórios seculares de origem), mas como ecossistema vital para todos os seres vivos. Denuncia o metabolismo social do descarte de danos ambientais para populações fragilizadas; oferece uma perspectiva ecológica para repensar em outros moldes a tradicional teologia da criação (JUNGES 2001; PERALTA, 2011).
Uma nova abordagem da economia que deve contabilizar os incrementos sustentáveis da capacidade produtiva. "Contudo, a avaliação econômica do sustentável envolve um aspecto distributivo. Se o capital natural possui um preço baixo visto não pertencer a ninguém ou pertencer a grupos empobrecidos e destituídos de poder, são forçados a vendê-lo barato, e a destruição da natureza será subvalorizada", afirma Alier (2009, p. 43).
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CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA: PRÁXIS FUNDAMENTADA NA BÍBLIA
A consciência ecológica pode ser refletida a partir de uma ética de responsabilidade do homem para com as outras espécies e o planeta. A consciência ambiental cristã fundamenta a visão do novo paradigma cultural e espiritual para se relacionar com o meio ambiente: o paradigma holístico ou ecológico que reivindica a terra como oikos, a casa comum de todos os seres (e do próprio Deus), pela qual o homem tem responsabilidade de cuidado.
Os efeitos de injustiça social e destruição da natureza despertam reações no sentido de uma mudança de paradigma. A discussão ética no âmbito da ecologia surgiu como resposta a esse contexto e como reação a uma mentalidade predatória da natureza.
“Precisamos desesperadamente de um novo quadro que acomode e organize nossas experiências”. (BAUMAN, 2011, p. 11). O homem tem obrigação moral de cuidar do ambiente, compreendendo e olhando o mundo como um sistema criado por Deus e a mercê do homem, e não como algo dissociado da vida espiritual das pessoas, numa visão utilitarista da natureza, sem o cuidado necessário com sua preservação (CARVALHO, 2006).
*
“Se colocarmos outros conteúdos na consciência, mais solidariedade, menos exploração, mais cooperação, menos competição, então o ser humano abrirá a mente para uma nova atitude” “[...] O ser humano se forçaria a rever atitudes, hábitos, assumir valores que criem uma função salvacionista: Salvar a Terra e a vida dentro dela”, cita Boff (2003, p. 22).
Poder publico e a coletividade: dever de defender, preservar e cuidar do Meio Ambiente para as gerações presentes e futuras com ações efetivas em prol do bem-estar da natureza e do próprio Homem. A falta da ação poderá resultar no acréscimo da contaminação e da perda da biodiversidade no futuro. “Suas escolhas podem levá-lo por águas tranquilas ou por ondas turbulentas” (DEPIZZOLI; POIANI, 2013, p. 18).
“As grandes empresas geralmente continuam produzindo e consumindo como se a Terra fosse inesgotávele o mundo estivesse reconciliado. [...] no momento em que a crise atingir a pele das pessoas, isto é, quando percebermos, por exemplo, que dentro de pouco tempo teremos a crise mundial da água potável. Nações do mundo inteiro farão guerras devastadoras para garantir acesso a esse recurso natural. Então, esse fato despertará a consciência” (BOFF, 2004a, p. 53).
*
INSTRUMENTOS PARA CONCRETIZAÇÃO DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
Carta da Terra: importante documento de âmbito moral e ético, aplicável a sociedade como um todo no século XXI, e aceito pela UNESCO. Estabelece uma nova consciência ecológica da humanidade e encontra consistência histórica na literatura bíblica (BOFF, 2004b); 
Organizações não-governamentais (ONGs) lutam pela ecologia;
Criação de fundos para a preservação de ecossistemas e para a proteção de espécies ameaçadas de extinção; 
Construção de parques de preservação e proteção ambiental;
 Preocupação ecológica embasada juridicamente através de leis em defesa do meio ambiente;
 Políticas governamentais ecológicas que englobam o fator natureza em seus planejamentos.
*
OLHAR ÉTICO CRISTÃO
Novo olhar e nova leitura da Bíblia para compreender o papel e a missão do ser humano na criação, e desconstruir a visão equivocada de espiritualidade e da visão de Deus e da sua Palavra como também da relação do Homem com as pessoas e o planeta “Casa Mãe”.
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, não para ser senhor sobre todas as coisas e sujeitá-las aos seus pés. Cuidar daquilo que Deus criou desenvolvendo os atributos morais de Deus na lida coerente com a natureza criada: bondade (Sl 145, 9), amor (Jo 3, 16; 1 Jo 4, 8), santidade (Êx 15, 11; 1 Sm 2, 2; Is 57, 15; Os 11, 9), justiça (Ne 9, 8; Dn 9, 14; Jo 17, 25; 2 Tm 4, 8; 1 Jo 2, 29; Ap 1, 5). 
Cuidar da natureza é ser bondoso para com a criação e as pessoas que precisam dela para se manter vivas e saudáveis. Ação que demonstra santidade e busca por justiça, respeito a Deus, à sua Palavra e às pessoas.
“Somos pequenos diante das grandes forças da natureza, mas o conjunto de nossas atividades em escala planetária acabou se tornando comparável a estas forças, haja vista o tamanho dos parques industriais e das grandes metrópoles, verdadeiras selvas de pedra. Se não podemos controlar terremotos e erupções vulcânicas, devemos ao menos controlar nossas próprias ações” (DEPIZZOLI; POIANI, 2013, p. 22).
*
SOLIDARIEDADE CÓSMICA
Boff (1999, p. 25) defende uma visão holística: “a solidariedade cósmica”. Todos os seres são importantes; são interdependentes e estão em uma “teia intrincadíssima de relações”. O conceito de ecologia supera o nicho “regional” e se torna universal, um novo paradigma que detém a grande “força mobilizadora do futuro milênio”. Contudo, o ser humano caído reproduz um comportamento paradoxal, pois se coloca sobre esta teia de relações e ao mesmo tempo desvincula-se de todo o resto da criação.
A vida em abundância que Cristo dá ao homem aponta para a eternidade, mas exige conversão e adoção divina. Essa vida abundante inclui o mundo vivente e tudo o que pode usufruir-se dele de bom. Se o homem o destrói, pouca abundância terá. Para cuidar do planeta é preciso passar por uma “alfabetização ecológica” e rever hábitos de consumo e ter o cuidado essencial da ética para atingir um planeta sustentável afirma Boff (1999, p. 26).
Segundo Lopes (2012), “Nem religiões dualistas e nem formas de Cristianismo que separam natureza e graça podem nos dar alguma esperança com relação a achar soluções para nossos problemas ambientais”. A solução está na Missão Integral, numa forma de viver o cristianismo bíblico, capaz de integralizar espírito e matéria, corpo e alma; passado, presente e futuro.
*
ÉTICA ECOLÓGICA E DIVERGÊNCIAS
 Consenso em relação à necessidade de adotar urgentemente um modelo de desenvolvimento sustentável e todo tipo de medidas eficazes para fazer frente aos graves problemas atuais, como o desflorestamento, a chuva ácida, a contaminação dos mares, o tratamento de resíduos sólidos.
 Discordância quanto às razões últimas pelas quais o homem deve levar a sério os problemas ecológicos.
Se a ética aristotélica era “quais as virtudes morais temos de praticar para conseguir uma vida feliz, individual e coletivamente”? Na era moderna, entre diversas maneiras de ‘ser feliz’, a pergunta ética é outra “quais deveres morais básicos devem reger a vida coletiva para garantir uma convivência justa, livre e pacífica?” (CORTINA, 2010).
*
ÉTICA ANTROPOCÊNTRICA: os interesses e direitos das pessoas (incluindo futuras gerações);
ÉTICA CENTRADA NA VIDA: os interesses de todos os seres vivos, mas nem todos os interesses têm a mesma significação moral.
Apesar da divergência essencial, as diferentes éticas ecológicas concordam que a falta de solidariedade lançou grande parte da população mundial na miséria econômica e cultural. O problema NÃO É de natureza técnica, mas moral (CORTINA, 2010, p. 22). A partir de tal perspectiva, a tentativa de criar uma ética ecológica é uma tentativa de aplicação concreta de princípios e valores (Ética prática).
*
ÊNFASE DA RELAÇÃO DE DEUS COM AS COISAS CRIADAS: HOMEM E NATUREZA
A Igreja é convocada a amar as pessoas e a pregar-lhes o Evangelho da salvação. Embora a Teologia não esteja ligada diretamente ao tema Meio Ambiente, é importante sua interferência teológica dentro das questões que se referem à preservação ambiental. Faz parte do pensamento cristão uma teologia ecológica. 
O homem é a “coroa da criação”: deve cuidar e aproveitar desta criação de forma consciente, dispensando a ela uma atenção especial. A natureza não se deteriora por si só, mas mantém um ciclo perfeito onde os seres vivos seguem o seu curso de nascimento, reprodução e morte. Com a intervenção humana, esse ciclo nem sempre se fecha. 
Lopes (2012) aconselha: é preciso lutar pelo meio ambiente e em prol do planeta Terra, fazendo ecologia de forma coerente e integral. Muito mais que questões lógicas, a preservação do meio ambiente ecológico envolve pressupostos éticos e morais que merecem ser esclarecidos. 
O ambiente é o lugar onde as pessoas vivem, logo, todo crime contra o ambiente é um crime contra as pessoas. O pecado contra o ambiente torna-se um pecado pessoal: Qualquer atentado contra o ambiente é um atentado indireto contra a dignidade da pessoa humana.
“Todo pecado é contra Deus: pecar contra si mesmo, contra o homem e a natureza é um pecado contra Deus” (GEISLER, 2010, p. 217).
*
Jesus afirmou que não podemos servir a dois senhores: ou servimos a Deus ou servimos às riquezas (Mt 6, 24). Ambos são excludentes. O problema do amor ao dinheiro não está no objeto “dinheiro” em si, mas àquilo que ele proporciona. Quem ama as riquezas deste mundo, não tem o seu coração em Deus, por isso não se importa em destruir o ambiente e as pessoas que Deus criou.
Tanto Geisler (2010) quanto Lopes (2012) propõem uma ética que valoriza a criação, uma vez que todas as coisas que Deus criou são reais, distintas do ser humano e consideradas boas (Gn 1, 4-20; 12,18-20). Ao contrário da mentalidade grega, o Antigo Testamento deixa bastante claro que “a natureza física criada a partir da Palavra de Deus é essencialmente boa, não sendo uma manifestação do mal, mas um reflexo da glória de Deus” (GEISLER, 2010, p. 213). 
A ética cristã consiste em diminuir a concentração sobre si mesmo, a partir da relação com Deus. A inserção do homem em Cristo reforça-o com a graça para viver a fé, a esperança e a caridade. O outro é percebido não como ameaça, mas também em seu valor, dinamismo e solidariedade. O que marca a conduta não é a luta, mas o vínculo mútuo. A ponte que Deus estabelece com os homens também serve para unir os indivíduos entre si (ZILLES, 2006, p.327).
*
CONCLUSÃO
 ÉTICA DA SUSTENTABILIDADE:
 reflexão e orientação sobre como agir diante da crise ambiental que se expande para além dos limites do Planeta; 
 um novo olhar cristão, um novo pensar,uma nova criação de valores e propósitos condizentes com a reversão da tragédia anunciada da crise ambiental: o aquecimento global, a poluição generalizada, a extinção de espécies, a obscenidade da indústria alimentícia, e demais efeitos do atual modelo de desenvolvimento (não) sustentável;
 bases para uma mudança de perspectiva quanto à responsabilidade do homem, enquanto espécie humana, diante do desastre ambiental, um legado da modernidade.
Francisco de Assis assimilou profundamente o apelo da ética cristã. A partir de um profundo amor a Deus e ao próximo, viveu um imenso amor à natureza. O ser humano não é um elemento distinto da Mãe Natureza, e sim um de seus filhos. Urge recuperar, a partir de uma ética cristã e de um trabalho educacional eficiente, a noção de integralidade e irmandade.
*
“FAZ ESCURO, MAS EU CANTO”! 
Apesar de todos os problemas ecológicos aqui elencados, percebe-se que a ESPERANÇA, cada vez mais, está acordando as pessoas para a responsabilidade ambiental, para o cuidado com o futuro da vida, da humanidade e da grande mãe Terra, com um olhar ético cristão e de cuidado do meio ambiente ecológico.
*
PARA (NÃO) FINALIZAR
QUESTIONAMENTOS
*
1. Estava nos planos de Deus o desmatamento, o assoreamento dos rios, a dizimação de inúmeras espécies de animais, a poluição das águas, do solo e do ar?
2. Deus criou o mundo para que fosse destruído, ou para que servisse ao homem, ao seu sustendo e bem-estar?
3, A ecologia não é uma questão de abandono dos princípios morais da criação, da forma como Deus planejou para que todas as coisas fossem criadas e cuidadas?
4. A Educação ecológica precisa de recursos? Ou “basta abrir os olhos, os ouvidos, abrir as mãos, fazer passeios ecológicos, cuidar das águas, das praças, dos animais?"
5. “Que futuro tem o planeta Terra e que futuro tem a humanidade?”
*
6. Reflexão do Cântico de São Francisco de Assis:
“(...) Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o meu senhor irmão Sol, o qual faz o dia e por ele nos alumias. / E ele é belo e radiante, com grande esplendor: / de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem. / Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas: / no céu as acendeste, claras, e preciosas e belas. / Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Vento / e pelo Ar, e Nuvens, e Sereno, e todo o tempo, / por quem dás às tuas criaturas o sustento. / Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Água, / que é tão útil e humilde, e preciosa e casta. / Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Fogo, / pelo qual alumias a noite: e ele é belo, e jucundo, e robusto e forte. / Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a mãe Terra, / que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, / com flores coloridas, e verduras. (...)”.
*
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALIER, Joan M. O Ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. A Ética é possível num mundo de consumidores? São Paulo: Zahar, 2011.
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Ed. Pastoral. Sociedade Bíblica Católica Internacional. São Paulo: Paulus, 1990.
BOFF, Leonardo. Ética da Vida. São Paulo: Letra Viva, 1999.
____. Espiritualidade. In: Meio Ambiente no Século 21. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
____. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante 2004a.
____. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2004b.
____. As quatro ecologias: ambiental, política e social, mental e integral. Rio de Janeiro: Mar de Idéias: Animus anima, 2012a.
______. O cuidado necessário: na saúde, na educação, na ecologia, na ética e na espiritualidade. Petrópolis (RJ): Vozes, 2012b.
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CARVALHO, Isabel. A Invenção Ecológica. Porto Alegre: UFRGS, 2001.
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