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Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Faculdade de Ciências Econômicas – FACE Disciplina: Estado, Economia e Relações Internacionais. Docente: Bernardo Campolina Discente: Raul Otávio Dias Oliveira Modesto Florenzano , em seu texto “Sobre as origens e o desenvolvimento do Estado Moderno no Ocidente”, analisa o processo de mudança de um Estado Absolutista para um Estado Moderno, analisando os problemas envolvidos nessa questão. O texto teoriza a concepção de Estado por um viés histórico e científico, discutindo interpretações de outros autores e debatendo suas visões. Por fim o texto examina o surgimento do Estado na Europa ocidental, colocando em ênfase e discutindo os dilemas de sua formação e desenvolvimento. Florenzano inicia seu texto abordando definições de Estado, se apoiando principalmente na conceitualização de Weber, que enfatiza a dimensão institucional do Estado. Abordando a Constituição Estatal, suas leis de Direito estruturadas e o funcionarismo específico, o autor trata o Estado como uma entidade política. Citando Marx e Engels, Florenzano deixa claro a necessidade de se ter em mente a questão de classes, porém sem minimizar e nem subestimar a autonomia do Estado e suas diferentes formas de ação. O pintor e político italiano Massimo d'Azeglio disse uma vez: “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos." Essa frase sintetiza as questões envolvidas no surgimento do Estado Moderno. A explicação para a frase é que mesmo após a demarcação do espaço e estruturação política, a população ainda não fazia parte daquilo, ou seja, não havia sentimento nacionalista e patriotismo. O autor debate esse ponto no texto, elucidando as divergências entre autores do século XIX-XX em definir o momento em que surge o Estado. Tal dilema é um fator de destaque no texto, pois serve para elucidar o quão complexa é a discussão. Há autores que apontam o surgimento do Estado em meados do século XVI, sendo esses a maioria. Porém há autores que dizem ter sido no século XVII e outros que ainda defendem que o Estado surgiu antes, no século XV. Devido a tantas divergências, torna-se difícil de se definir de forma concreta os fatores que levam um Estado a ser formado, além da confusão de termos, na qual não há concenso algum. Florenzano então define que seriam “[...] órgãos representativos das diversas ordens ou camadas sociais do reino, cuja ordem é obscura e cujos nomes variam de um lugar para outro”. O autor concorda em pontos com Hobbes, na afirmação de que o Estado age como uma máquina, e caso seja algo externo ao tecido social, seus adventos governamentais e estruturais, podem e são facilmente imitados e exportados para outra nações, ocorrendo um “processo de difusão das inovações dos países mais avançados no desenvolvimento políticos para os menos avançados”, nas palavras de Matteucci. Esses países modelos seriam a Inglaterra e a França, além dos principais Estados italianos e até mesmo a Espanha. Mas, além disso, para Florenzano, o Estado Moderno também surge da luta de classes e do conflito político. Como dito anteriormente, o autor insiste na questão da existência do patriotismo em países europeus como influência do surgimento do Estado Moderno. A resposta é que isso não ocorria imediadamente, com Florenzando ainda justificando que a Igreja era muito mais forte na ação de inflar um idealismo nos homens. Dessa forma podemos perceber que num primeiro momento não há distinção entre Governo e Estado, devido a inexistência de identificação do povo com instituição estatal. A discussão sobre o surgimento e diferenciação entre Estado Absolutista e Moderno é complexa, encontrando diversas barreiras conceituais e linguísticas. As barreiras conceituais partem da dificuldade em achar um concenso entre diversos autores de épocas e escolas diferentes, que tratam o Estado desde como herói até como vilão. Já as divergências linguísticas partem da difícil aplicação da palavra Estado na história. Maquiavel por exemplo, que é considerado um dos maiores pensadores políticos existentes, entra em contradição ao tratar o Estado ora como conhecemos na forma moderna (como ele diz em O Príncipe “o Estado tem necessidade de seus cidadãos”), ora tratando Estado e Governo como a mesma coisa. A conclusão do texto de Florenzano é uma síntese bem explicativa de todo o seu texto. No que se refere ao Estado, para ele “os italianos o criaram, os frances e ingleses o desenvolveram e aos alemães restou o consolo de o interpretarem”. Essa conclusão torna o entedimento da questão algo compreensível no final, pois cria uma linha do tempo estável e explicativa, utilizando poucas palavras. Me atenho apenas a análise superficial da teoria de Pierre Clastres, pois Florenzano trata o Estado como algo deveras necessário, ignorando sociedades funcionais nas quais não há a necessidade de existência de uma máquina estatal.
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