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Química Orgânica Sem Mistério Série SeM MiSTéRio Alemão Sem Mistério Álgebra Sem Mistério Cálculo Sem Mistério Conversação em Alemão Sem Mistério Conversação em Espanhol Sem Mistério Conversação em Francês Sem Mistério Conversação em Italiano Sem Mistério Espanhol Sem Mistério Francês Sem Mistério Geometria Sem Mistério Gramática Inglesa Sem Mistério Italiano Sem Mistério Pré-Álgebra Sem Mistério Pré-Cálculo Sem Mistério Química Sem Mistério Química Orgânica Sem Mistério Daniel R. Bloch Rio de Janeiro, 2013 A Nan, por sua ajuda, paciência e comentários úteis. SUMÁRIO Prefácio xvii Agradecimentos xix CAPÍTULO 1 Estrutura e Ligação 1 Introdução 1 Estrutura Atômica 1 Número Atômico e Massa Atômica (Peso Atômico) 3 Níveis de Energia Eletrônica 4 A Regra do Octeto 7 Valência 8 Estruturas de Lewis 9 Formas de Orbitais 15 Mecânica Quântica 15 Formação de Ligações 18 Teoria da Ligação de Valência 20 Orbitais Moleculares 21 OMs Ligantes e Antiligantes 21 Setas Curvas 30 Eletronegatividade e Polaridade de Ligações 30 Momentos dipolares 32 Cargas Formais 34 Estruturas de Ressonância 35 Forças Intermoleculares 37 Teste Rápido 40 SUMÁRIOviii CAPÍTULO 2 Famílias e Grupos Funcionais 45 CAPÍTULO 3 Ácidos e Bases 49 Introdução 49 Definição de Arrhenius 50 Definição de Brønsted-Lowry 50 Ácidos e Bases Conjugados 50 Ka E pKa 51 Reações de Equilíbrio 52 Ácidos Fracos: Hidrocarbonetos 56 Ácidos e Bases de Lewis 57 Teste Rápido 60 CAPÍTULO 4 Alcanos e Cicloalcanos 63 Introdução 63 Fontes de Alcanos 64 Alcanos acíclicos e cíclicos 64 Nomenclatura 65 Fórmulas 66 Estruturas 66 Isômeros Constitucionais 68 Cicloalcanos 70 Grupos Alquila 71 Nomeando Compostos pelo Sistema IUPAC 74 Propriedades Físicas 78 Propriedades Químicas 79 Conformações de Alcanos 80 Conformações de Cicloalcanos 88 Teste Rápido 99 CAPÍTULO 5 Estereoquímica 103 Isômeros 103 Compostos Quirais 104 Estereocentros 105 Centros de Quiralidade 106 Enantiômeros 108 Misturas Racêmicas 113 O Sistema R/S 114 Quando o Grupo de Menor Prioridade Não Está Atrás 117 SUMÁRIO ix Moléculas com Múltiplos Centros Assimétricos 119 Enantiômeros 120 Diastereoisômeros 120 Compostos Meso 121 Projeções de Fisher 123 Rotação das Estruturas/Projeções de Fisher 124 Estereoisômeros Cíclicos 126 Nomenclatura de Estereoisômeros Cíclicos 129 Carbonos Pró-Quirais (Pretendentes) 130 Teste Rápido 131 CAPÍTULO 6 Estrutura e Propriedades de Alquenos 135 Introdução a Alquenos 135 Estrutura dos Alquenos 136 Nomenclatura de Alquenos 138 Nomes Comuns 140 Isômeros Cis e Trans 140 O Sistema E/Z 141 Graus de Insaturação 142 Estabilidade de Alquenos 145 Propriedades Físicas 147 Propriedades Químicas 147 A Seta Curva 148 Teste Rápido 149 CAPÍTULO 7 Mecanismos de Reações 151 Introdução 151 Termodinâmica 151 Cinética 153 Carbocátions 156 O Postulado de Hammond 158 Reações Regioquímicas 159 A Regra de Markovnikov 160 Estereoquímica 161 Reações de Rearranjo de Carbocátions 162 Teste Rápido 164 SUMÁRIOx CAPÍTULO 8 Reações de Alquenos 167 Reações com Haletos de Hidrogênio em Solventes Inertes 167 Reações com Haletos de Hidrogênio em Solventes Próticos 168 Reações de Oximercuração-Desmercuração 171 Halogenação em Solventes Inertes 177 Estereoquímica da Halogenação 178 Halogenação em Solventes Reativos 179 Bromação Radical 181 Formação de Dióis 183 Quebra de Ligação Dupla 183 Hidrogenação 185 Epóxidos 186 Ciclopropanos 187 Teste Rápido 188 CAPÍTULO 9 Alquinos 191 Introdução 191 Estrutura 191 Nomenclatura 193 Propriedades Físicas 194 Propriedades Químicas 195 Reações com Ácidos de Brønsted-Lowry 195 Reações com HBr e Peróxidos 199 Reações com Halogênios 201 Reações de Hidratação 202 Reações de Hidroboração-Oxidação 204 Reações de Hidrogenação/Redução 205 Reações de Oxidação 207 Acidez de Alquinos 208 Reações de Alquilação 209 Preparação de Alquinos 210 Teste Rápido 211 CAPÍTULO 10 Caracterização 215 Introdução 215 Cromatografia 215 SUMÁRIO xi Espectroscopia 220 Espectroscopia de UV 230 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear 233 Propriedades Nucleares 233 Espectrômetros de RMN 235 Espectroscopia de RMN de ¹H 237 Prótons Equivalentes e Não Equivalentes 242 Espectroscopia de RMN de 13C 251 Espectrometria de Massa 254 Teste Rápido 259 CAPÍTULO 11 Organo-Haletos 265 Introdução 265 Nomenclatura 266 Propriedades 266 Preparação de Haletos 267 Halogenação de Radicais 267 Poli-Halogenação 269 Produtos Isoméricos 269 Halogenação Alílica 272 Reações de Organo-Haletos 274 Teste Rápido 276 CAPÍTULO 12 Reações de Substituição Nucleofílica e Eliminação 279 Introdução 279 Propriedades dos Nucleófilos 280 Propriedades das Bases 281 Propriedades de Substratos/Eletrófilos 282 Propriedades dos Grupos Abandonadores 282 Propriedades de Solventes 284 Reações de Substituição Nucleofílica de Segunda Ordem (SN2) 286 Reações de Substituição Nucleofílica de Primeira Ordem (SN1) 290 Resumo de Reações SN1 e SN2 294 Reações de Eliminação de Segunda Ordem (E2) 295 Reações de Eliminação de Primeira Ordem (E1) 299 SUMÁRIOxii Resumo das Reações E1 e E2 301 Competição entre Reações de Substituição e Eliminação 301 Teste Rápido 303 CAPÍTULO 13 Alcoóis 307 Introdução 307 Propriedades de Alcoóis 308 Nomenclatura 309 Acidez e Basicidade de Alcoóis 311 Reações com Metais Ativos 313 Preparação de Alcoóis 313 Compostos organometálicos 319 Preparação de Alcoóis Usando Reagentes Organometálicos 320 Reações de Alcoóis 322 Conversão de Alcoóis em Haletos de Alquila 324 Reações de Desidratação 326 Teste Rápido 327 CAPÍTULO 14 Éteres 331 Introdução 331 Nomenclatura 331 Propriedades 332 Preparação de Éteres 333 Reações de Éteres 335 Anéis de Éter de Três Membros 337 Teste Rápido 342 CAPÍTULO 15 Compostos de Enxofre (Sulfurosos) 345 Nomenclatura 345 Propriedades 347 Reações de Compostos de Enxofre (Sulfurosos) 348 Teste Rápido 352 CAPÍTULO 16 Sistemas Conjugados 353 Introdução 353 Estabilidade de Dienos 353 Adição Eletrofílica de Dienos Conjugados 360 SUMÁRIO xiii Cátions, Radicais e Ânions Alílicos 363 Reações de Diels-Alder 365 Teste Rápido 372 CAPÍTULO 17 Compostos Aromáticos 375 Introdução 375 Reatividade de Compostos Aromáticos 376 Nomenclatura 376 Estruturas de Kelulé 378 Estabilidade do Benzeno 379 O Modelo de Ressonância 381 Descrição da Aromaticidade por Orbitais Moleculares 382 Propriedades de Compostos Aromáticos, Não Aromáticos e Antiaromáticos 386 Regra de Hückel 387 Compostos Heterocíclicos 388 Íons Aromáticos 390 Compostos Policíclicos Aromáticos 391 Teste Rápido 393 CAPÍTULO 18 Reações de Benzeno e Outros Compostos Aromáticos 397 Introdução 397 Substituição Aromática Eletrofílica 398 Substituição Aromática Nucleofílica 405 Mais Derivados do Benzeno 407 Reações de Substituições Múltiplas 411 Substituição Eletrofílica em Benzenos Dissubstituídos 418 Teste Rápido 420 CAPÍTULO 19 Aldeídos e Cetonas 423 Introdução 423 Nomenclatura 424 Propriedades Físicas 427 Propriedades Químicas 427 Preparação de Aldeídos e Cetonas 429 Hidratação de Alquinos 432 SUMÁRIOxiv Redução de Cloretos Ácidos 433 Reações de Aldeídos e Cetonas com Nucleófilos 437 Reações de Wittig 443 Reações de Oxidação e Redução 444 Teste Rápido 447 CAPÍTULO 20 Ácidos Carboxílicos 451 Introdução 451 Nomenclatura 452 Estrutura Tridimensional 455 Descrição de Orbitais Moleculares (OMs) 455 Propriedades Físicas 456 Acidez de Ácidos Carboxílicos 458 Preparação de Ácidos Carboxílicos 461 Derivados de Ácidos Carboxílicos 466 Teste Rápido 467 CAPÍTULO 21 Derivados de Ácidos Carboxílicos 469 Introdução 469 Haletos de Ácidos Carboxílicos 472 Anidridos de Ácidos Carboxílicos 477 Ésteres Carboxílicos 480Amidas 485 Amidas Cíclicas 488 Imidas 489 Nitrilas 490 Teste Rápido 493 CAPÍTULO 22 Reações de Alfa-Substituição em Compostos de Carbonila 497 Introdução 497 Enol e Ânions de Enolato 498 Monoalogenação Alfa de Aldeídos e Cetonas 500 Cetonas Alfa-Beta Insaturadas 502 Alfa-Bromação de Ácidos Carboxílicos 502 Acidez dos Átomos de Hidrogênio Alfa 502 Síntese de Éster Malônico 506 Síntese de Éster Acetoacético 508 Reações Adicionais de Condensação 509 Teste Rápido 511 SUMÁRIO xv CAPÍTULO 23 Reações de Condensação de Carbonila 515 Introdução 515 Reações de Aldol 516 Desidratação de Compostos de Aldol 517 Reações de Aldol Mistas ou Cruzadas 518 Reações de Aldol Intramoleculares 519 Reações de Condensação de Claisen 520 Reações de Alfa-Substituição 524 Teste Rápido 527 Teste Final 529 Soluções dos Testes e do Teste Final 557 Apêndice A - Tabela Periódica dos Elementos 565 Bibliografia 567 Índice Remissivo 569 xvii PREFÁCIO A química orgânica é a química dos compostos que contêm carbono. Todos os orga- nismos vivos, tanto plantas como animais, são feitos de compostos orgânicos. Qualquer pessoa que se interesse pela vida e pelos seres vivos precisa ter uma compreensão básica de química orgânica. Artigos continuam a surgir em periódicos e revistas descrevendo o desenvolvimento de novos medicamentos e testes de diagnóstico. Esses novos produtos e novas tecnologias são o resultado de uma melhor compreensão da estrutura e função do DNA, das proteínas e de outras moléculas biológicas orgânicas. As reações e interações dessas moléculas complexas são as mesmas reações e interações que ocorrem com moléculas orgânicas mais simples. Este livro foi escrito para ajudar a quem se sente intimidado pelas palavras química or- gânica. Pessoas que nunca tiveram um curso formal em química orgânica e estudantes que atualmente estão cursando ou planejando cursar formalmente a disciplina encontrarão aqui uma introdução de fácil leitura e suplementação para outros livros. Os capítulos são escritos na mesma ordem geral encontrada na maioria dos livros didá- ticos universitários. Seria útil, embora não estritamente necessário, se o leitor já tivesse par- ticipado de um curso introdutório à química. Os três primeiros capítulos cobrem o material básico tipicamente abordado em cursos de química geral. Não é necessário ler os capítulos em sequência, mas como o material costuma apoiar-se em conceitos anteriores, isso pode facilitar sua compreensão. Termos e conceitos importantes são redigidos em itálico. Certifique-se de ter compre- endido esses conceitos, uma vez que surgirão novamente em outras seções deste livro. As perguntas (e respostas) são oferecidas em cada capítulo para ajudar a medir sua compreensão. Cada capítulo é concluído com a seção “Teste” cobrindo o material apresentado. Use os testes para checar sua compreensão e seu progresso. As respostas das perguntas na seção Teste são dadas no final do texto. Revise (imediatamente) os problemas que você não respondeu cor- retamente. Assegure-se de ter compreendido os conceitos antes de prosseguir para o capítulo seguinte, uma vez que novos materiais costumam se basear em conceitos anteriores. xviii PREFÁCIO Conforme for lendo cada capítulo, faça pausas frequentes (você pode se deleitar nas boli- nhas de goma de mascar usadas para fazer os modelos no Capítulo 5). O livro contém muitas figuras e diagramas. Observe-os conforme for lendo o texto. Costuma ser mais fácil compre- ender o mecanismo de uma reação em um diagrama do que descrevê-lo em palavras. Sim, será necessário decorar algumas coisas. Surgirão novos termos que você provavel- mente nunca viu antes. Para uma série de termos, recomendo que se crie um recurso mne- mônico, e sugiro alguns. Os mecanismos de reações não são tão complicados quanto podem parecer. É possível prever a maioria das reações em que espécies negativas serão atraídas por espécies positivas (os opostos se atraem!). Átomos com elétrons que podem ser partilhados serão atraídos por espécies que precisam de mais elétrons — é simples assim. Há um teste final de múltipla escolha no final do livro, com questões mais gerais, mas similares às dos testes dos finais de capítulo. As respostas são dadas no final do livro. Se você conseguir responder 80% do teste final corretamente (na primeira tentativa), você terá uma boa compreensão do material. Espero que você tenha o mesmo prazer lendo sobre química orgânica que eu tive ao es- crever sobre ela. Daniel R. Bloch xix AGRADECIMENTOS O autor expressa seu agradecimento a Nan por sua ajuda, paciência e comentários úteis du- rante a preparação deste livro. As pessoas a seguir tiveram a bondade de revisar diversos capítulos deste livro: Vaughn Ausman, Marquette University Kate Bichler, University of Wisconsin Center—Manitowoc Peter Conigliaro (aposentado), S.C. Johnson Sheldon Cramer (emérito), Marquette University Timothy Eckert, Carthage College Sharbil Firson, Sigma-Aldrich Kevin Glaeske, Wisconsin Lutheram College Bruce Holman Shashi Jasti, Sigma-Aldrich Steven Levsen, Mount Mary College Julie Lukesh, University of Wisconsin—Green Bay Kevin Morris, Carthage College Pat Nylen, University of Wisconsin—Milwaukee Stephen Templin, Cardinal Stritch University Um agradecimento especial a Priyanka Negi e Judy Bass, que me ajudaram na edição técnica deste livro. Química Orgânica Sem Mistério 1 CAPÍTULO Estrutura e Ligação 1 Introdução O estudo da química orgânica envolve as reações e interações entre molé- culas. Como as moléculas são compostas de átomos, faz-se necessária uma revisão da estrutura dos átomos e como eles contribuem para determinar as propriedades das moléculas. Estrutura Atômica Átomos são compostos por núcleos cercados por elétrons, conforme mostrado na Figura 1-1. O núcleo consiste em prótons com carga positiva e nêutrons com carga neutra. Embora o núcleo contenha outras partículas subatômicas, o próton, o nêutron e o elétron serão as únicas discutidas neste texto. Química Orgânica Sem Mistério2 FIGURA 1-1. Estrutura de um átomo. O átomo é extremamente pequeno. Seu diâmetro é de cerca de 10-10 m (0,000.000.000.1 m). Essas dimensões minúsculas normalmente são expressas em angstroms (Å), sendo que 1 Å equivale a 1 x 10-10 m, ou pm, sendo que 1 pm equivale a 10-12 m. O núcleo tem cerca de 1/10.000 do diâmetro total do átomo, ou cerca de 10-4 Å. Um dado importante: a maior parte do volume do átomo é ocupada pelos elétrons. Para colocar em termos mais fáceis de entender, se o tamanho de um átomo fosse aumentado até que o núcleo ficasse do tamanho de uma bolinha de gude, a área ocupada pelos elétrons seria do tamanho de um estádio de futebol. Visualize isso por um momento. A área ocupada pelos elétrons é enorme em comparação à área ocupada pelo núcleo. A área ocupada pelos elétrons é chamada de nuvem eletrônica. MASSAS DOS ÁTOMOS A massa de um átomo fica concentrada no núcleo. Um próton e um nêutron têm uma massa de 1,66 x 10-24 g cada um. A massa de um elétron é 1/1800 a massa de um próton. Como esses valores são muito pequenos, é mais conveniente referir-se à massa de um próton e um nêu- tron como unidades de massa atômica (u.m.a.). Uma u.m.a. equivale a 1,66 x 10-24 g. A massa de átomos individuais também é dada em u.m.a. A massa de um mol de átomos (um mol é um número específico, aproximadamente 6,022 x 1023) é a massa atômica, que também pode ser chamada de peso atômico, de um elemento. A massa atômica é expressa em gramas/mol. NUVENS ELETRÔNICAS As estruturas de moléculas são normalmente representadas como mostrado na Figura 1-2. A estrutura 1-2a dá a entender que os átomos ficam bem distantes entre si em relação ao seu tamanho. Isso certamente é verdade paraos núcleos, mas não para as nuvens eletrônicas. A distância entre um núcleo de hidrogênio e um núcleo de carbono em uma ligação entre um átomo de carbono e um de hidrogênio é de cerca de 1,14 Å. O raio de uma nuvem eletrônica de um átomo isolado de hidrogênio é calculado em 0,79 Å e o raio de um átomo isolado de carbono é calculado em 0,91 Å. Como a soma dos raios dos dois átomos é de 1,70 Å e o comprimento real da ligação é de apenas 1,14 Å, as nuvens eletrônicas devem se sobrepor CAPÍTULO 1 Estrutura e Ligação 3 para formarem a ligação C-H. Geralmente, quanto maior for a sobreposição das nuvens ele- trônicas, maior será a densidade eletrônica na ligação e, portanto, mais forte ela será. A área ocupada pelos elétrons, a nuvem eletrônica, é muito maior do que as estruturas normalmente representadas (como a Estrutura 1-2a) neste livro e em outros livros didáticos de química or- gânica dão a entender. A área ocupada pelos elétrons em uma molécula é mais precisamente representada pela Estrutura 1-2b. FIGURA 1-2. Formação de ligação resultante da sobreposição de nuvens eletrônicas. Por que precisamos dar tanta atenção a elétrons e nuvens eletrônicas? A química orgânica envolve interações físicas e reações químicas entre moléculas. Os elétrons são os principais responsáveis por essas interações e reações. QUESTÃO 1-1 Os átomos são constituídos por quais três partículas subatômicas? RESPOSTA 1-1 Prótons, nêutrons e elétrons. Número Atômico e Massa Atômica ( Peso Atômico) O número atômico (Z) de um elemento equivale ao número de prótons no núcleo de um áto- mo desse elemento. A soma do número de prótons e nêutrons é o número de massa (A). Se o número de prótons for modificado (uma reação nuclear), o resultado será um novo elemento. Não ocorrem mudanças no número de prótons em um átomo em reações químicas. Um elemento é identificado por um símbolo. O símbolo é uma abreviação que substitui o nome de um elemento: H refere-se ao hidrogênio, C ao carbono, He ao hélio e Na ao sódio. Os símbolos nem sempre são as primeiras letras do nome corrente de um elemento, pois alguns símbolos são derivados de nomes históricos ou de outros idiomas. Um símbolo muitas vezes é mostrado com um número sobrescrito indicando a massa atômica e um número subs- crito indicando o número atômico, por exemplo: ou . Química Orgânica Sem Mistério4 ISÓTOPOS O número de nêutrons pode variar em um elemento em particular. Cerca de 99% dos átomos de carbono têm seis nêutrons, cerca de 1% tem sete nêutrons e uma porcentagem muito pequena contém oito nêutrons. Os átomos com o mesmo número atômico (e, portanto, o mesmo número de prótons), mas com números de massa (a soma de prótons e nêutrons) diferentes são chamados de isótopos. A massa média do carbono é de 12,0107 g/mol, a massa atômica do elemento. Note que as massas atômicas (alguns químicos orgânicos preferem usar o termo peso atômico, mas massa atômica é o termo mais exato) dos elementos na ta- bela periódica (Apêndice A) não são números inteiros, uma vez que representam a média da composição isotópica. O número de elétrons em um átomo neutro, ou seja, um átomo sem carga elétrica positiva ou negativa, é o mesmo que o número de prótons. Os elétrons também contribuem com a massa atômica de um átomo, mas como a massa total de um elétron é cerca de 1/2000 da massa de um próton, sua contribuição para a massa normalmente é ignorada. QUESTÃO 1-2 Uma amostra consiste em três átomos de cloro: um tem uma massa de 35,0 u.m.a. e dois têm massa de 36,0 u.m.a. Quantos prótons, nêutrons e elétrons há em cada átomo? Qual é a massa média da amostra? RESPOSTA 1-2 O átomo de 35,0 u.m.a. tem 17 elétrons, 17 prótons e 18 nêutrons. Os outros átomos têm 17 elétrons, 17 prótons e 19 nêutrons. A massa média é (1x 35,0 + 2 x 36,0)/3 = 35,7 u.m.a. Níveis de Energia Eletrônica Os elétrons ocupam camadas e subcamadas concêntricas ao redor de um núcleo. As camadas recebem números chamados números quânticos principais de 1, 2, 3 etc. para identificar os níveis. A energia de cada camada e a distância entre os elétrons em uma camada e o núcleo aumenta conforme o número quântico principal aumenta. O Nível 1 é o nível de energia mais baixo e os elétrons nessa camada são os que se encontram mais próximos do núcleo. O Nível 2 tem mais energia e os elétrons nesse nível estão mais distantes do núcleo que os do Nível 1. As camadas são compostas de subcamadas. As camadas recebem denominações s, p, d e f. A energia das camadas e subcamadas aumenta conforme demonstrado na Figura 1-3. As configurações eletrônicas para os átomos de hidrogênio, hélio, carbono, nitrogênio e oxi- gênio são mostradas na Figura 1-4. Os elétrons preferem ocupar os níveis de menor energia disponíveis. Isso representa seu estado mais estável, chamado de estado fundamental. CAPÍTULO 1 Estrutura e Ligação 5 FIGURA 1-3. Níveis de energia das camadas e subcamadas. PRÍNCIPIO DE AUFBAU A Figura 1-4 é um método mais conciso que mostra como os elétrons preenchem as sub- camadas conforme o número atômico aumenta. Cada elétron adicional se encaixa no nível de energia mais baixo disponível. Isso é chamado de princípio de Aufbau (“construção” em alemão). A Figura 1-4 mostra a configuração eletrônica de menor energia de seis elementos comuns. Cada subcamada s consiste em um orbital. Cada subcamada p consiste em três orbitais. Note que é utilizado o termo orbital, não órbita. O termo orbital será definido na próxima seção. Cada orbital pode conter no máximo dois elétrons. Quando os orbitais em uma subcama- da são preenchidos, os elétrons seguem para a subcamada de energia mais elevada seguinte. Cada camada principal tem apenas um orbital s: 1s, 2s, 3s etc. Cada camada principal do Nível 2 e acima possui três orbitais p: px, py e pz. Todos os orbitais p na mesma subcamada (2px, 2py e 2pz) possuem a mesma energia. Os orbitais com a mesma energia são chamados de orbitais degenerados. O número máximo de elétrons em uma camada principal é 2n2, onde n é o número quântico principal, 1, 2, 3 etc. FIGURA 1-4. Configuração eletrônica dos elementos. Química Orgânica Sem Mistério6 PRINCÍPIO DE EXCLUSÃO DE PAULI Como os elétrons possuem carga negativa, há certa resistência para que dois elétrons ocupem o mesmo orbital ou, em outras palavras, formem pares. Espécies com a mesma carga (duas cargas negativas) se repelem mutuamente. O átomo de hélio possui dois elétrons a serem co- locados em orbitais (veja a configuração do elétron na Figura 1-4). Um elétron pode ser posi- cionado no orbital de menor energia, o orbital 1s. O segundo elétron pode ser posicionado no orbital 1s ou no orbital 2s. A energia necessária para colocar o segundo elétron no orbital 2s, de maior energia, é maior que a energia necessária (repulsão elétron-elétron) para posicionar os dois elétrons no orbital 1s, formando um par. Portanto, o segundo elétron se encaixa no orbital 1s. Costuma-se dizer que cada elétron tem um spin (“rodopio”, em inglês), como um pião, e esse spin pode ser no sentido horário ou anti-horário. A direção do spin é indicada por uma seta apontando para cima ou para baixo. Dois elétrons no mesmo orbital precisam ter spins opostos (princípio de exclusão de Pauli). Os dois elétrons do hélio são mostrados com spins opostos (!!") na Figura 1-4. REGRA DE HUND Tomemos como exemplo o átomo de carbono, que possui seis elétrons. A configuração ele- trônica é mostrada na Figura 1-4. Usando o princípio de Aufbau, os dois primeiros elétrons se encaixam no orbital 1s. Os dois elétrons seguintes se encaixam no orbital 2s, que é o orbital seguinte na escala de energia. E os dois últimos elétrons se encaixam nos orbitais 2p, que estão a seguir na escala de energia. Os dois últimos elétrons podem se encaixar no mesmo or- bital p ou em orbitais p diferentes.Para orbitais degenerados (com a mesma energia), é mais eficiente, do ponto de vista energético, que os elétrons se encaixem em orbitais degenerados diferentes até que sejam forçados a formar um par (regra de Hund). Agora, considere o oxigênio com oito elétrons. Quando sete elétrons são adicionados pelo princípio de Aufbau, a configuração eletrônica será a mesma que indicada para o nitrogênio (veja Figura 1-4). O último elétron adiciona pares com um elétron já no orbital 2p. Seus eixos devem ser opostos (princípio de exclusão de Pauli), como mostrado na Figura 1-4. CONFIGURAÇÕES ELETRÔNICAS Um método para escrever de modo resumido as configurações eletrônicas de átomos é mos- trado para o oxigênio como 1s22s22p4. Verbalmente, diz-se “um S dois, dois S dois, dois P quatro”. O prefixo indica o nível de energia principal (1, 2, 3, etc.), a letra (s, p, d ou f) fornece o tipo de orbital e o expoente é o número de elétrons nesse orbital. QUESTÃO 1-3 Escreva a versão resumida da configuração do átomo de sódio. RESPOSTA 1-3 O átomo de sódio tem 11 elétrons: 1s22s22p63s1. CAPÍTULO 1 Estrutura e Ligação 7 ELÉTRONS DE VALÊNCIA Os elétrons na camada exterior são chamados de elétrons de valência. Os elementos na primeira fileira (período) da tabela periódica, o hidrogênio e o hélio, possuem somente o orbital 1s. O número máximo de elétrons que esses dois elementos podem acomodar é 2. Uma confi- guração de dois elétrons é chamada de dueto. Quando um átomo de hidrogênio possui dois elétrons de valência em seu orbital 1s, diz-se que ele está satisfeito com o dueto. Os elementos na segunda fileira (período) da tabela periódica, que vai do lítio ao neônio, podem reter no máximo 10 elétrons. A camada exterior, ou camada de valência, tem um número quântico principal de 2 e pode reter no máximo 8 elétrons, 2p2, 2p6. Quando os orbitais da camada de valência estão plenamente ocupados, diz-se que o átomo está satisfeito com o octeto. O número de elétrons de valência nos elementos nas três primeiras fileiras da tabela periódica é igual ao seu número de grupo (ver a tabela periódica no Apêndice A). O hidrogênio no Grupo IA tem 1 elétron de valência, o carbono no Grupo IVB tem 4 elétrons de valência, e o flúor no Grupo VIIB tem 7 elétrons de valência. Um átomo pode ganhar elétrons de valência de, ou perder elétrons para, outros átomos. Os elétrons de valência são importantes, pois são eles que estão envolvidos na formação de ligações químicas. QUESTÃO 1-4 Quantos elétrons um átomo de nitrogênio possui? Quantos elétrons de valência ele possui? RESPOSTA 1-4 Ele tem sete elétrons e cinco elétrons de valência. A Regra do Octeto O neônio, o argônio e os outros elementos na coluna VIIIB na tabela periódica são chamados de gases nobres. Eles possuem oito elétrons em sua camada de valência. O hélio é uma exceção, já que sua camada de valência (1s) pode reter somente dois elétrons. Os gases nobres são cha- mados dessa forma porque são, evidentemente, gases e tendem a ser não reativos ou inertes. Existe uma estabilidade especial associada a átomos com oito elétrons em sua camada de valência (exceto para os elementos na fileira 1). A regra do octeto diz que os elementos devem perder, ganhar ou partilhar elétrons para alcançar o número de oito elétrons em sua camada exterior (camada de valência). Explicar a razão dessa estabilidade especial não se inclui no escopo deste livro. Há algumas exceções para a regra do octeto. Os elementos da terceira fileira (como o enxofre e o fósforo) podem reter até 18 elétrons em sua camada de valência externa (orbitais 3s, 3p e 3d). Os átomos de berílio e boro podem ter menos que oito elétrons em suas camadas de valência. Um exemplo de composto de boro será discutido na seção seguinte. Química Orgânica Sem Mistério8 Valência A capacidade de ligação ou o número de ligações que um átomo pode formar é chamado de valência (seria útil ficar de olho na tabela periódica no Apêndice A enquanto lê este pará- grafo). A valência dos átomos nos Grupos IA a IVA é a mesma que o número do grupo. O lítio (Grupo IA) tem uma valência de um e formará uma ligação simples com outro átomo. O carbono (Grupo IVA) tem uma valência de quatro e pode haver quatro ligações em cada átomo de carbono. O carbono é chamado de tetravalente. A valência dos elementos nos Gru- pos VB a VIIB é 3, 2 e 1 (ou oito menos o número do grupo), respectivamente. Os elementos nos Grupos VB a VIIB podem ter múltiplas valências positivas, mas essas situações não serão discutidas aqui. QUESTÃO 1-5 Qual é a valência do oxigênio? Qual é a capacidade de ligação do oxigênio? Qual é a capaci- dade de ligação do boro? RESPOSTA 1-5 O oxigênio tem uma valência e uma capacidade de ligação de 2. O boro tem capacidade de ligação de 3. Os átomos na segunda fileira tendem a ganhar ou ceder elétrons para ficar com uma estrutura eletrônica semelhante à dos gases nobres. Querem ficar satisfeitos como um dueto ou um octeto como os gases nobres. Dessa forma, o lítio tende a ceder um elétron para ficar com a configuração eletrônica do hélio. O flúor tende a ganhar um elétron para ficar com a configuração eletrônica do neônio. QUESTÃO 1-6 Quantos elétrons o oxigênio precisa ganhar para ficar satisfeito como um octeto? RESPOSTA 1-6 O oxigênio precisa ganhar dois elétrons para obter um octeto completo em sua camada de valência. FORMAÇÃO DE LIGAÇÕES Os átomos formam ligações transferindo ou partilhando elétrons com outros átomos. Um átomo que cede um elétron fica com uma carga positiva e passa a ser chamado de cátion. Se um átomo ganhar um elétron, fica com uma carga negativa e passa a ser chamado de ânion. Os átomos de elementos nos grupos IA e IIA tendem a transferir elétrons para elementos nos grupos VIB e VIIB. O cátion resultante dos grupos IA ou IIA forma uma ligação iônica com o ânion resultante dos grupos VIB e VIIB. Os elementos nos grupos VIB e VIIB tendem a CAPÍTULO 1 Estrutura e Ligação 9 partilhar elétrons quando reagem com elementos dos grupos IVB a VIIB. O compartilha- mento de elétrons resulta em ligações covalentes. O carbono, no Grupo IVB, tende a formar ligações com muitos outros elementos. Uma das razões para existirem tantos compostos orgânicos é que os átomos de carbono formam ligações com outros átomos de carbono, resultando em um vasto número de compostos. Estruturas de Lewis As estruturas de Lewis são um modo conveniente de mostrar os elétrons de valência de um átomo. Os pontos são usados para indicar os elétrons de valência. Os elétrons que não são de valência, os elétrons internos, não são mostrados. As estruturas de Lewis para os átomos de carbono, nitrogênio e flúor são mostradas na Figura 1-5. A ESTRUTURA DE LEWIS PARA O CH4 As estruturas de Lewis de alguns compostos são mostradas na Figura 1-6. As ligações nos compostos são mostradas como um par de pontos ou uma linha cheia representando dois elétrons. Como se faz para saber onde colocar os elétrons? Tome como exemplo o metano, CH4. Há cinco regras simples que devem ser seguidas: 1. Some os elétrons de valência de todos os átomos em uma molécula. O CH4 tem oito elétrons de valência, quatro do átomo de carbono e quatro dos áto- mos de hidrogênio (um para cada átomo). 2. Mostre a estrutura dos compostos conectando os átomos com uma ligação simples (dois elétrons). Talvez seja necessário que lhe digam como os átomos estão conecta- dos se eles puderem se conectar de mais de uma maneira. O metano é mostrado na Estrutura 1-6a. Cada átomo de hidrogênio está ligado ao átomo de carbono por uma ligação simples. FIGURA 1-5. Estruturas de Lewis. Química Orgânica Sem Mistério10 FIGURA 1-6. Estruturas de Lewis para moléculas e íons. 3. Cada ligação consiste em dois elétrons. Subtraia o número de elétrons de ligação do número totalde elétrons de valência. Há oito elétrons nas ligações e oito elétrons de valência. Neste caso, todos os elétrons de valência estão participando das ligações C-H no CH4. 4. Se houver elétrons adicionais que não estejam participando de ligações, coloque-os nos elementos da segunda fileira para criar octetos completos. Pares de elétrons não envolvidos em ligações são chamados de elétrons não ligantes, como mostrado nas estruturas 1-6b-1-6f. (No CH4, não há elétrons não ligantes e todos os átomos estão satisfeitos como duetos ou octetos). 5. Mova os elétrons em pares (mostrados pela seta curva nas estruturas 1-6c e 1-6e) para deixar todos os átomos satisfeitos como duetos ou octetos, se possível. A ESTRUTURA DE LEWIS PARA O CH3OH Três exemplos usando o CH3OH, o H2CO3 e o NO3 - ajudarão a explicar como desenhar as estruturas de Lewis. A conectividade dos átomos é mostrada na Figura 1-6. Primeiro consi- dere o CH3OH. Há 14 elétrons de valência: 4 do átomo de carbono, 4 dos quatro átomos de hidrogênio e 6 do átomo de oxigênio. Os átomos são conectados como mostrado na Estrutura 1-6b. As cinco ligações usam 10 elétrons (dois elétrons em cada ligação). Há quatro elétrons
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