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REMUNERAÇÃO E SALÁRIO 1 CONCEITO E DISTINÇÃO O art. 457 da CLT anuncia os elementos que integram a REMUNERAÇÃO: SALÁRIO + GORJETAS. Considera-se como GORJETAS não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados. Salário deriva do latim salarium, palavra que vem de salis, que era a forma de pagamento das legiões romanas com a entrega do sal. Outro termo derivado do latim, que traduz um valor monetário é a pecúnia, derivado de “pecus”, que significa boi, também utilizado na antiguidade como moeda de troca, assim como, o sal, o óleo e o metal. Há várias denominações que se refere ao salário, como: vencimentos (professores, magistrados e servidores); soldo (militares); subsídios (magistrados e políticos); honorários (advogados) e ordenado. O SALÁRIO relaciona-se ao valor econômico pago diretamente pelo empregador ao empregado, correspondente a toda contraprestação ou vantagem em pecúnia ou em utilidades, podendo ser fixo ou variável. O § 1º do art. 457 da CLT dispõe que integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. Sérgio Pinto Martins conceitua a REMUNERAÇÃO como as prestações recebidas habitualmente pelo empregado pela prática de serviços, paga em dinheiro ou utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrente de contrato de trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família O art. 457, § 2º da CLT dispõe que as importâncias, ainda que habitual- mente pagas a título de ajuda de custo, auxílio alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, diárias para viagens, prêmios e abonos NÃO integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. O art. 458 da CLT permite o pagamento do salário em utilidades. A remuneração tem por finalidade satisfazer as necessidades básicas do empregado e de sua família (art. 7º, IV da CF). A doutrina apresenta quatro correntes para definir a natureza jurídica da remuneração do trabalhador. a. Salário como Preço do Trabalho O fundamento dessa corrente se baseava que antigamente o trabalho era equiparado a uma mercadoria, entretanto hoje já não se vê o trabalho como tal. b. Salário como Indenização O entendimento dessa corrente decorre do fato de que o empregado deve ser indenizado pela energia despendida na atividade laboral. Entretanto toda indenização deve ser estabelecida para reparar um dano causado ou repor uma atividade nociva e o trabalho não causa dano. c. Salário como Natureza Alimentar O empregado precisa do salário para sobreviver, porém o salário não teria apenas essa natureza, pois alcança outras finalidades como habitação, higiene, transporte e educação. Também pode ocorrer que o empregador receba salário sem que o mesmo seja imprescindível para sua sobrevivência, como no caso de um empregado que já esteja aposentado d. Salário como Contraprestação do Trabalho A corrente majoritária define a natureza jurídica do salário como o dever de retribuição em razão do caráter sinalagmático, comutativo e oneroso do contrato de trabalho. A crítica a essa teoria é simples: nem sempre o empregado trabalha (como no caso de estar doente, ou de férias, mas mesmo assim ele irá receber salário). Os arts. 76 e 457 da CLT fazem referência a essa teoria, indicando que essa teoria foi adotada. Art. 76 - Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo trabalhador... Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. 2 ELEMENTOS DA REMUNERAÇÃO a. Habitualidade à é o elemento preponderante para se saber se o pagamento feito pode ou não ser considerado como salário. O art. 458 da CLT realça que só se considera o salário in natura quando há habitualidade no fornecimento das utilidades. Em NENHUMA SITUAÇÃO será permitido o pagamento do salário in natura com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. b. Periodicidade à depende de certos critérios objetivos previstos na lei, em certos prazos máximos que a norma legal fixa para o seu pagamento. Art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações. § 1º - Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido. c. Quantificação à o empregado deve saber quanto ganha por mês, ou seja, tem que haver uma parcela fixa do salário, nunca inferior ao salário mínimo. O salário-base não poderá ser pago mediante condição. d. Essencialidade à remuneração é elemento essencial na relação de emprego, pois o contrato de trabalho é oneroso, sendo-lhe essencial a prestação da remuneração. O pagamento do salário deverá ser efetuada em espécie, ou seja, em moeda corrente do país. Trabalho gratuito não é característica do contrato de trabalho. e. Reciprocidade à caracteriza-se pelo caráter sinalagmático da relação de emprego que vincula os deveres e as obrigações a que empregado e empregador estão sujeitos. O empregador paga os salários em razão dos serviços prestados pelo empregado. No entanto, o salário não depende apenas da prestação de serviços, como ocorre nas férias, onde o empregado não trabalha, mas recebe salário normalmente e ainda tem um acréscimo remuneratório de 1/3 do valor normalmente recebido. 3 CLASSIFICAÇÃO DA REMUNERAÇÃO a. Salário por Unidade de Tempo à independe do serviço ou da obra realizada, mas depende diretamente do tempo gasto para sua consecução. O salário é fixado por hora, dia, semana, quinzena ou mês. b. Salário por Unidade de Obra à não se leva em consideração o tempo gasto na consecução do serviço, mas sim o serviço realizado. A alínea “g” do art. 483 da CLT mostra que é possível o pagamento por peça, ou por tarefa, porém o empregador não poderá reduzir o trabalho do empregado, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários, o que acarretaria a rescisão indireta do contrato de trabalho. c. Salário por Tarefa à é uma forma mista de salário, entre o salário pago por unidade de tempo e o salário pago por unidade de obra. O empregado deve realizar durante a jornada de trabalho certo serviço determinado pelo empregador. Findo o serviço, mesmo antes do fim do expediente, pode o empregado se retirar da empresa, pois já cumpriu suas obrigações diárias. Para fins de pagamento de férias toma-se como base a média da produção do período aquisitivo. d. Salário em Dinheiro à O objetivo principal do pagamento em dinheiro é evitar o truck system, ou seja, o pagamento em vales, cupons, ou bônus, como também o pagamento em moeda estrangeira. Conforme dispõe o art. 463 da CLT, o salário deve ser pago em dinheiro e em moeda nacional, exceto se a obrigação tiver que ser cumprida no exterior. e. Remuneração Variável à pode o empregador fazer o pagamento do empregado baseado exclusivamente em salário variável, vinculando seu salário à produçãodo empregado, com exceção apenas do pagamento de participação nos lucros e gorjetas. A participação do lucro é eventual e depende de mútua negociação. Já as gorjetas são pagas por terceiros e não pelo empregador. Entretanto, a empresa deverá observar o salário mínimo, como remuneração mínima (Lei 8.716/93). O art. 118/CLT dispõe que o trabalhador a quem for pago salário inferior ao mínimo terá direito, não obstante qualquer contrato ou convenção em contrário, a reclamar do empregador o complemento de seu salário. É lícito o pagamento do salário exclusivamente à base de comissões e percentagens, pois tais formas de remuneração são feitas diretamente pelo empregador e não por terceiros, como é o caso da gorjeta. É possível o pagamento de salário exclusivamente variável, desde que seja complementado para o salário mínimo, se o empregado não atingir venda suficiente para alcançar tal valor. O empregado não pode receber, exclusivamente, pagamento a título de participação nos lucros ou resultados, pois a álea do negócio recairia sobre o empregado. f. Salário em Utilidades à também chamado de salário in natura ou indireto. As utilidades a serem pagas podem ser em itens de alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações, como clube de lazer, educação, passagens aéreas, carros e etc. Para que se constitua em salário-utilidade dois critérios básicos são necessários: habitualidade e gratuidade. Havendo cobrança (não-gratuidade) da utilidade pelo empregador, deixará de ter natureza salarial a prestação fornecida ao obreiro. Se a utilidade não fosse fornecida, o empregador teria de comprá-la ou despender do próprio salário para adquiri-la, mostrando que se trata realmente de um pagamento ou de um ganho para o obreiro, traduzindo-se por uma vantagem econômica. Não se enquadram nesta categoria o fornecimento de vestuário, equipamentos e outros acessórios utilizados exclusivamente no local de trabalho para prestação do serviço (art. 458, I, § 2° da CLT); o fornecimento de bebidas alcoólicas ou drogas nocivas à saúde (cigarros); bem como, equipamento de proteção individual (art. 166/CLT). Com base no § 2° do art. 458 da CLT é possível distinguir entre as prestações fornecida pela ou para prestação dos serviços. Se a utilidade é fornecida pela prestação dos serviços terá natureza salarial. Decorre da contraprestação do trabalho desenvolvido pelo empregado, representando remuneração, com caráter retributivo, como no o caso do vale- refeição, fornecido por força do contrato de trabalho. Se a utilidade for fornecida para prestação de serviços, estará descaracterizada a natureza salarial, como ocorre com os equipamentos de proteção individual, que utilizados no serviço. A habitação, a energia elétrica e o veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não tem natureza salarial (S. 367, I / TST). O salário não poderá ser pago apenas em utilidades, pois 30% do salário mínimo deverão ser pagos em dinheiro. Os outros 70% poderão ser pagos em utilidades (§ único do art. 82 da CLT). Não são consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: cesta básica decorrente de norma coletiva; educação; transporte; assistência médica, hospitalar e odontológica; seguro de vida e de acidentes pessoais e a previdência privada. No caso dos empregados rurais entende-se que o mesmo poderá ter até 45% do seu salário pago em utilidades (20% para moradia e 25% para alimentação). Outras prestações como água e luz não poderão ser descontadas do salário do empregado rural. Em relação aos empregados domésticos, a Lei 11.324/06 proibiu descontar do salário o fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia, quando prestados no mesmo local de trabalho, mas caso sejam concedidos estes benefícios, os mesmos não terão natureza salarial nem se incorporam à remuneração para quaisquer efeitos. 4 TIPOS ESPECIAIS DE SALÁRIO a. Abonos e Adicionais O ABONO consiste em um adiantamento em dinheiro, numa antecipação salarial, ou num valor a mais que é concedido ao empregado. O § 1° art. 457 da CLT dispões que “integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as COMISSÕES, PERCENTAGENS, GRATIFICAÇÕES AJUSTADAS, DIÁRIAS PARA VIAGENS E ABONOS pagos pelo empregador”. Daí decorre que o abono tem natureza salarial. Já os ADCIONAIS consistem em um acréscimo salarial decorrente da prestação de serviços do empregado em condições mais gravosas. Suas espécies são as seguintes, todas previstas na CLT: horas extras (art. 59); noturno (art. 73); insalubridade (art. 192); periculosidade (art. 193); e transferência (art. 469, § 3º / CLT). (1) Adicional de Horas Extras É devido pelo trabalho extraordinário à razão de pelo menos 50% sobre a hora normal (art. 7°, XVI da CF). Para o advogado o adicional de hora extra não pode ser inferior a 100% sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito determinando algo diferente (art. 20, § 2°, da Lei 8.906/94). Se as horas extras são pagas com habitualidade, integram o cálculo de outras verbas, como: indenização, 13º salário, FGTS, aviso prévio indenizado, gratificações semestrais, férias e descanso semanal remunerado. A lei não define o que é habitualidade para efeito de reflexos de horas extras. Pode-se entender que é habitual o que foi pago na maior parte do contrato de trabalho, como por exemplo, seis ou mais meses por ano. (2) Adicional Noturno É devido ao empregado urbano que trabalhar no período entre 22 e 05 horas, nos seguintes percentuais: 20% para o trabalhador urbano e 25% para o trabalhador rural e para os advogados (art. 73 da CLT). Para o trabalhador urbano a hora noturna tem a duração de 52 minutos e 30 segundos, ou seja, sete minutos e meio a menos do que a hora diurna normal, assim, se o empregado trabalhar as sete horas compreendidas entre às 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, receberá oito horas trabalhadas. Regime de revezamento não exclui o direito do empregado ao adicional noturno. Vigia noturno também tem direito ao adicional noturno (S. 140/TST). Se o adicional noturno for pago com habitualidade integra o cálculo do salário do empregado para todos os efeitos (Súmula 60 do TST). Integra o salário o adicional noturno no tempo em que foi pago, tendo repercussão no período sobre férias, 13º salário, aviso prévio, além de incidência do FGTS. Se inexistir trabalho noturno, o adicional é indevido. (3) Adicional de Insalubridade Insalubre é aquilo que é prejudicial à saúde, que dá causa à doença. O adicional é devido ao empregado que presta serviços em ambientes considerados insalubres, sendo calculado à razão de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e 40% (grau máximo), sobre o salário mínimo (art. 192 da CLT). São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condição ou métodos de trabalho, expõem os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (art. 189 da CLT). A discriminação dos agentes nocivos à saúde e dos limites de tolerância suportados estão previstos nos anexos da NR-15, aprovada pela Portaria nº 3.214 do MTE. O trabalho executado de forma intermitente, assim como o fornecimento de EPI não afasta o pagamento. Integrará a remuneração do empregado para efeito de cálculo de outras verbas, se for pago em caráter habitual, como férias, 13° salário, aviso prévio e FGTS e indenizações. Não há impedimento de se acumular os adicionais por horas extras, noturno e atividade insalubre. Cada um desses adicionais terá base de cálculodistinta. No caso de pagamento de hora extra, a quem faz jus a insalubridade, o mesmo deverá ser somado ao valor da hora contratual para efeito de base de cálculo da hora extra (OJ 47/SD1). (4) Adicional de Periculosidade O adicional de periculosidade é devido ao empregado que presta serviços em contato permanente com elementos inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; exposição a roubo ou outras formas de violência; utilização de motocicleta; ou atividade como bombeiro civil (Lei 11.901/2011). O contanto permanente tem sido entendido como contato diário. Será de 30% sobre o salário do empregado, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa (art. 193, § 1°/CLT). A natureza do adicional de periculosidade é salarial, pois remunera o trabalho em condições perigosas e não de indenização. A Súmula 39 do TST dispõe frentistas têm direito ao adicional de periculosidade. Faz jus a este adicional o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco, sendo indevido quando o mesmo ocorre de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou que mesmo habitual se dá por tempo muito reduzido (S. 364, I do TST). Súmula 191 do TST: O adicional de periculosidade incide, apenas sobre o salário básico, nele excluídos outros adicionais como o adicional noturno e de horas extras. Em relação ao eletricitários, o cálculo deverá ser efetuado sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. Há vedação quanto a acumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade, conforme art. 193, § 2º/CLT, podendo o empregado optar pelo adicional mais favorável. (5) Adicional de Transferência Faz jus a este adicional o empregado transferido provisoriamente para outro local, desde que importe mudança de sua residência (art. 469, § 3°, da CLT). Não é devido nas transferências definitivas e o seu percentual é de 25% sobre o salário. O adicional de transferência perdura enquanto existir o fato gerador, que é a transferência provisória. Não se incorpora ao salário. Se a transferência for definitiva, o adicional deixa de ser pago ou então é indevido. b. Ajuda de Custo e Diárias (1) Ajuda de Custo à é a importância paga com o objetivo de proporcionar condições para execução do serviço não se tratando, porém de valores pagos pela contraprestação dos serviços normais. Tem natureza indenizatória, de reembolso de despesas. (2) Diárias à são pagamentos feitos pelo empregador ao empregado com o objetivo de indenizar despesas com o deslocamento, hospedagem, ou alimentação, quando o empregado viaja para executar as ordens do empregador. As diárias têm caráter indenizatório, não integrando o salário. c. Comissões, Prêmios e Gratificações (1) Comissões à a comissão integra o salário (§ 1° do art. 457/CLT). É uma modalidade de salário normalmente estipulada para os empregados do comércio. Porém os representantes comerciais também podem perceber pagamento à base de comissão, assim como os bancários pela venda de papéis do banco. O empregado vendedor tem direito à comissão avençada sobre as vendas realizadas. Se possui uma zona de trabalho, onde atua com exclusividade, tem direito a comissão pelas vendas nela realizadas. Caso essa zona seja transferido pela empresa para outra zona, com redução das vantagens por ele auferidas, terá direito à remuneração mínima de um salário correspondente à média dos doze últimos meses. (2) Prêmios à decorrem da produtividade do trabalhador, referentes a fatores de ordem pessoal deste, como a produção, a assiduidade, e a qualidade, portanto dependem do próprio esforço do empregado. Não podem ser a única forma de pagamento do salário, por dependerem de uma condição, devendo haver um salário fixo. Há várias espécies de prêmios, tais como: (a) prêmio de produção à relativo à quantidade de peças produzidas pelo empregado; (b) prêmio de qualidade à relaciona-se a excelência de peças produzidas; (c) prêmio de assiduidade à destina-se aquele que não se atrasa no trabalho; (d) prêmio de zelo à destina-se aqueles que cuidam dos bens da empresa. (3) Gratificações à no Direito do Trabalho a gratificação tem o sentido de um pagamento feito pelo empregador em caráter de liberalidade, de forma espontânea. Constitui uma forma de agradecimento ou de reconhecimento por parte do empregador em razão dos serviços prestados. A gratificação difere da gorjeta, porque esta é paga pelo cliente do empregado. Também não se confunde como 13º salário, pois este é compulsório, determinado por lei. A gratificação tem várias finalidades: (a) retributiva à visa remunerar um empregado por um serviço prestado; (b) recompensa à visa premiar serviços extras realizados; (c) estimulante à visa motivar o empregado para que produza mais ou melhore sua produtividade. As gratificações podem ser divididas quanto à obrigatoriedade, sendo compulsória ou espontânea; e quanto ao ajuste, sendo expressas (escrita ou verbal) e tácitas. Conforme a Súmula 207 do STF: “as gratificações habituais, inclusive a de Natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salário”. Dessa forma, se a gratificação é habitual deverá ser computada no salário pelo duodécimo, inclusive para efeito do 13º salário. A gratificação que se incorporar ao salário integra a indenização (Súmula 459/STF). A gratificação por tempo de serviço integra o salário para todos os efeitos legais (Súmula 203 do TST), inclusive para o cálculo das horas extras (Súmula 226/TST). A gratificação de função é devida em relação à maior responsabilidade que é atribuída ao empregado no desempenho de sua função. Normalmente, ocorre em relação a empregados que ocupam cargos de confiança. Não se constitui em redução de salário a cessação do pagamento da gratificação de função por motivo de não estar mais desempenhando a função específica que implique o pagamento da respectiva gratificação. A Súmula 372 do TST esclarece que, “percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira”. Entretanto tal súmula contraria o disposto no art. 468, § 2º da CLT, inserido pela Lei 13.467/2017. Ente dispositivo estabelece que o retorno do empregado ao cargo efetivo, exercido anteriormente ao cargo de confiança, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente. d. Gorjetas, Gueltas e Quebras de Caixa (1) Gorjeta à é uma retribuição feita pelo cliente ao empregado que o serviu, mostrando o reconhecimento pelo bom serviço prestado, caracterizando- se como uma forma de gratificação. A gorjeta compõe a remuneração, não é a contraprestação do trabalho, mas pagamento feito por terceiro (cliente), sendo proveniente do contrato de trabalho. No Brasil a gorjeta tem natureza de doação, por não ser obrigatório ao cliente pagá-la ao trabalhador. As gorjetas não poderão ser pagas pelo empregador, se o forem terão natureza de gratificação, sendo consideradas como salário. Gorjetas podem ser de duas espécies: as obrigatórias, fixadas em notas de despesa e destinadas a um fundo para distribuição a todos os empregados; e as facultativas, que são espontâneas, ficando ao livre-arbítrio do cliente. As gorjetas não poderão ser utilizadas para a complementação do salário mínimo, pois este último é pago diretamente pelo empregador e a gorjeta deverá ser paga por terceiro, ou seja, o cliente. As gorjetas integrarão a remuneração para todos os efeitos, para o cálculo de férias, 13° salário(§ 1° do art. 1° Lei 4.090/62) e FGTS. A gorjeta não integrará o adicional noturno, o adicional de insalubridade e de periculosidade. A Súmula 354 do TST esclareceu que as gorjetas cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Com o advento da Lei 13.419/2017, apenas para os empregados de bares, hotéis, restaurantes e similares, houve distinção por parte do legislador das gorjetas espontâneas, daquelas cobradas em nota do estabelecimento. Para gorjetas cobradas em nota, o legislador autorizou os emprega- dores destes estabelecimentos a descontarem do valor das gorjetas o percentual determinado no § 6º do art. 457 da CLT (até 20%, para as empresas que tiverem aderido ao regime diferenciado de tributação e, até 33%, para as demais empresas), conforme previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ou definido em assembleia geral de trabalhadores, conforme o art. 612 da CLT. (2) Gueltas à são pagamentos feitas por terceiro ao empregado de uma empresa, visando incentivar a venda de seus produtos. No Brasil a notícia de pagamento de gueltas ocorreu na década de 60, no mercado farmacêutico, em que os balconistas das farmácias vendiam aos clientes os remédios que tinham comissões dos produtores, substituindo os receitados pelos que eram comissionados. As gueltas são pagas quando uma determinada empresa distribuidora paga ao empregado de uma revendedora prêmios pela venda de seus produtos e não pela venda dos produtos dos concorrentes. Pode ocorrer do gerente de banco receber gueltas em decorrência de contratar certo cartão de crédito para o cliente. As gueltas não constituem um pagamento feito diretamente pelo empregador ao empregado para ser salário, pois é um pagamento feito por terceiro. São espécies de prêmios de incentivo ou gratificações pagas por terceiros ao empregado, por intermédio da empresa, visando incentivar a venda de produtos. O empregador é beneficiado com o pagamento de gueltas, pois há um estímulo para a venda de seus produtos, implicando um maior lucro. As gueltas, por terem natureza de remuneração, devem integrar o 13° salário, férias e FGTS. Não devem integrar o aviso prévio, o adicional noturno, horas extras e descanso semanal remunerado, aplicando-se por analogia a Súmula 354 do TST (relativa às gorjetas). 3) Quebras de Caixa à Normalmente é paga aos funcionários que fazem recebimentos pelo empregador, trabalhando diretamente no caixa da empresa. O pagamento feito a título de quebra de caixa tem natureza de compensar os descontos feitos no salário do obreiro em virtude de erro de caixa, por ter recebido numerário inferior ao que deveria receber. Sua natureza é de verba compensatória (indenizatória) e não de contraprestação pelos serviços prestados pelo empregador, não se integra ao salário para nenhum efeito. Porém, se o valor é pago mensalmente sem que haja dano causado pelo empregado ou nexo de causalidade, ou se o valor pago é maior do que a perda efetiva, tem caráter salarial. Segundo a Súmula 247/TST a parcela paga aos bancários sob denominação de quebra de caixa possui natureza salarial. e. 13° Salário, Salário Família e Salário Maternidade 1) 13° Salário à A denominação correta é de gratificação de Natal. Decorre de uma tradição em que as empresas tinham por hábito o pagamento espontâneo de uma gratificação ao final de cada ano, para que os empregados fizessem as compras de natal. Era o que se chamava de gratificação natalina. Esse benefício foi regulamentado pela Lei 4.090/62, estando disposto no art. 7º, VIII, da CF/88: “décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria”. É devido a todos os trabalhadores, inclusive aos temporários (Súmula 50 do TST), sejam eles urbanos ou rurais, de acordo com o que prescreve o art. 7°, XXXIV/CF. A gratificação de natal tem natureza salarial, pois é paga todo ano e as gratificações integram o salário e tomam por base a remuneração. Havendo rescisão do contrato de trabalho sem justa causa (art. 3° da Lei 4.090), ou pedindo demissão o empregado (S. 157/TST), este fará jus ao 13° salário, de maneira proporcional ou integral, dependendo do caso, calculado sobre a remuneração devida no mês da rescisão. Sendo o empregado demitido por justa causa, não fará jus ao 13° salário, pois a falta praticada pelo empregado não proporciona reconhecimento ou gratidão por parte do empregador, para que este pague a gratificação de natal. Esclarece a Súmula 14/TST que, reconhecida a culpa recíproca, o empregado tem direito a 50% do valor do 13° salário. 2) Salário Família à é uma prestação previdenciária devida ao empregado. Não se constitui em salário, pois não é pago diretamente pelo empregador, mas sim pelo INSS. O inciso XII do art. 7º da CF assegura o salário-família aos dependentes do empregado urbano e do rural de baixa renda. É devido ao segurado que tiver filho menor de 14 anos ou inválido. O empregado doméstico não tem direito ao salário-família. 3) Salário Maternidade à é uma prestação decorrente da Convenção 103/52 da OIT, adotada pelo Brasil em 1966, que dispõe que “em caso algum o empregador deverá ficar pessoalmente responsável pelo custo das prestações devidas à mulher que emprega”. A Lei 6.136/74 tornou o salário maternidade uma prestação previdenciária, não tendo o empregador que pagar o salário da empregada que der a luz. REFERÊNCIAS CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Método, 14ª ed., 2017. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 12ª ed., 2013. GARCIA, Gustavo F. Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 8ª ed., 2014. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2014. MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 6ª ed. 2015. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012. COMPLEMENTE OS SEUS ESTUDOS COM A BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA NO PLANO DE ENSINO PROFESSOR: JOÃO LUÍS PRIÁTICO SAPUCAIA
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