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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Cláudio Roberto Losekann, Dr. Eng. 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 II ÍNDICE ANALÍTICO ÍNDICE ANALÍTICO ............................................................................................... II ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................... VI 1 – CLASSIFICAÇÃO DE METAIS ........................................................................ 1 1.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1 1.2 - CLASSIFICAÇÃO....................................................................................... 1 1.2.1 - METAIS ESCUROS............................................................................. 1 1.2.2 - METAIS CLAROS................................................................................ 2 2 - AÇOS E FERROS FUNDIDOS ......................................................................... 3 2.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 3 2.2 - MINÉRIO DE FERRO................................................................................. 3 2.3 – OBTENÇÃO DO FERRO GUSA................................................................ 5 2.4 - AÇO............................................................................................................ 7 2.4.1 - DEFINIÇÃO ....................................................................................... 10 2.4.2 - CONSTITUINTES DA LIGA FERRO CARBONO............................... 13 2.4.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS - ABNT - SAE - AISI.......................... 18 2.4.4 - INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE ADIÇÃO ................................. 22 2.4.4.1 – Elementos de adição .................................................................. 23 2.4.5 - RESUMO DOS PRINCIPAIS AÇOS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA ................................................................................................... 27 2.5 – FERRO FUNDIDO................................................................................... 30 2.5.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS FERROS FUNDIDOS - ABNT ..................... 31 2.6 - TRATAMENTOS TÉRMICOS E DE SUPERFÍCIES................................. 32 2.6.1 - TRATAMENTOS TÉRMICOS ............................................................ 32 2.6.1.1 - Recozimento................................................................................ 36 2.6.1.2 - Normalização............................................................................... 37 2.6.1.3 - Revenimento ............................................................................... 37 2.6.1.4 - Têmpera ...................................................................................... 38 2.6.1.5 – Diagramas ttt – temperatura-tempo-transformação .................... 40 2.6.1.6 – Tipos de tratamentos isotérmicos ............................................... 45 2.6.2 - TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIES ................................................. 49 2.6.2.1 - Tratamentos termo-químicos....................................................... 50 2.6.2.2 - Tratamentos de revestimentos .................................................... 65 3 - ALUMÍNIO E SUAS LIGAS ............................................................................. 68 3.1 – INTRODUÇÃO......................................................................................... 68 3.2 - PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO..................................................................... 69 3.3 - PROPRIEDADES DO ALUMÍNIO E SUAS LIGAS................................... 71 3.3.1 - LIGAS DE ALUMÍNIO ........................................................................ 73 3.3.1.1 - Liga de Al-Cu............................................................................... 74 3.3.1.2 - Liga de Al-Mg (alumag) ............................................................... 74 3.3.1.3 - Liga de Al-Mn .............................................................................. 75 3.3.1.4 - Liga de Al-Si ................................................................................ 75 3.3.1.5- Liga de Al-Si ................................................................................. 76 3.3.2 - NORMALIZAÇÃO DAS LIGAS DE ALUMÍNIO .................................. 78 4 - COBRE E SUAS LIGAS.................................................................................. 80 4.1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................... 80 4.2 - PRODUÇÃO DE COBRE ......................................................................... 81 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 III 4.3 - PROPRIEDADES DO COBRE E SUAS LIGAS ....................................... 83 4.3.1 - LIGAS DE COBRE............................................................................. 85 4.3.1.1 - Latão ........................................................................................... 85 4.3.1.2 - Bronze ......................................................................................... 90 4.3.1.3 - Ligas de cobre-alumínio .............................................................. 95 4.3.1.4 - Cuproníquel ................................................................................. 97 4.3.1.5 - Ligas de cobre e berílio ............................................................... 98 4.3.1.6 - Ligas de cobre e silício ...............................................................100 4.3.2 - NORMALIZAÇÃO DAS LIGAS DE COBRE......................................100 5 - NÍQUEL E SUAS LIGAS ................................................................................101 5.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................101 5.2 - PROPRIEDADES DO NÍQUEL E SUAS LIGAS......................................102 5.2.1 - NÍQUEL.............................................................................................102 5.2.2 - LIGAS DE NÍQUEL ...........................................................................103 5.2.2.1 - Ligas de níquel e berílio .............................................................104 4.2.2.2 - Ligas de níquel e cromo .............................................................104 5.2.2.3 - Ligas de níquel e molibdênio ......................................................104 6 - COBALTO E SUAS LIGAS ............................................................................105 6.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................105 6.2 - PROPRIEDADES DO COBALTO E SUAS LIGAS ..................................105 6.2.1 - COBALTO.........................................................................................105 6.2.2 - LIGAS DE COBALTO .......................................................................106 7 - TITÂNIO E SUAS LIGAS ...............................................................................107 7.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................107 7.2 - PROPRIEDADES DO TITÂNIO E SUAS LIGAS .....................................107 7.2.1 - TITÂNIO............................................................................................1077.2.2 - LIGAS DE TITÂNIO ..........................................................................109 8 - MAGNÉSIO E SUAS LIGAS ..........................................................................109 8.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................109 8.2 - PROPRIEDADES DO MAGNÉSIO E SUAS LIGAS................................110 8.2.1 - MAGNÉSIO.......................................................................................110 8.2.2 - LIGAS DE MAGNÉSIO .....................................................................111 9 - ZINCO E SUAS LIGAS ..................................................................................111 9.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................111 9.2 - PROPRIEDADES DO ZINCO E SUAS LIGAS ........................................111 9.2.1 - LIGAS DE ZINCO .............................................................................113 9.2.2 - LIGAS DE ZINCO E ALUMÍNIO........................................................113 10 - CHUMBO E SUAS LIGAS............................................................................113 10.1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................113 10.2 - PROPRIEDADES DO CHUMBO E SUAS LIGAS .................................114 11 - OUTROS METAIS .......................................................................................116 11.1 - ESTANHO .............................................................................................116 11.2 - CROMO.................................................................................................117 11.3 - TUNGSTÊNIO .......................................................................................118 11.4 - PRATA...................................................................................................119 11.5 - OURO....................................................................................................119 12 - POLÍMEROS................................................................................................121 12.1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................121 12.2 – PROPRIEDADES .................................................................................123 12.2.1 - MORFOLOGIA................................................................................123 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 IV 12.2.2 – COMPORTAMENTO À MOLDAGEM ............................................125 12.2.3 - ADITIVOS .......................................................................................126 12.2.4 – PROPRIEDADES TÉRMICAS .......................................................128 12.2.5 – PROPRIEDADES MECÂNICAS.....................................................129 12.3 - PLÁSTICOS ..........................................................................................130 12.3.1 - POLIOLEFINAS ..............................................................................131 12.3.2 - POLICARBONATOS.......................................................................138 12.3.3 - ALÍLICOS........................................................................................140 12.3.4 - ACRILICOS.....................................................................................140 12.3.5 - POLIIMIDAS ...................................................................................143 12.3.6 - AMINOPLÁSTICOS ........................................................................144 12.3.7 - CELULÓSICOS...............................................................................145 12.3.8 - POLIOXIMETILÊNICOS .................................................................145 12.3.9 - EPOXÍDICOS..................................................................................145 12.3.10 - FLUOROPLÁSTICOS ...................................................................146 12.3.11 - POLISULFONAS...........................................................................147 12.3.12 - FENÓLICOS .................................................................................147 12.3.13 – POLIALÔMEROS.........................................................................148 12.3.14 - POLIFENILÊNICOS......................................................................148 12.3.15 - SILICONES...................................................................................149 12.3.16 - POLIAMIDAS ................................................................................149 12.3.17 – POLIÉSTERES E POLIURETANOS............................................152 12.4 - ELASTÔMEROS ...................................................................................153 12.5 – POLÍMERO NATURAL - MADEIRA......................................................158 12.5.1 - MADEIRAS TRANSFORMADAS....................................................162 12.5.2 - TRATAMENTO SUPERFICIAL.......................................................163 12.5.3 - TIPOS DE ACABAMENTOS E REVESTIMENTOS PARA MADEIRA. .....................................................................................................................163 13 – CERÂMICOS...............................................................................................168 13.1 – INTRODUÇÃO......................................................................................168 13.2 – CERÂMICA CONVENCIONAL .............................................................170 13.2.1 – CERÂMICA VERMELHA................................................................170 13.2.1.1 – Massa cerâmica.......................................................................170 13.2.1.2 – Esmaltes ..................................................................................172 13.2.1.3 – Engobe ....................................................................................173 13.2.2 – CERÂMICA BRANCA ....................................................................174 13.2.2.1 - Processamento.........................................................................176 13.3 – CERÂMICA AVANÇADA ......................................................................177 14 – ENSAIOS DE MATERIAIS ..........................................................................187 14.1 – INTRODUÇÃO......................................................................................187 14.2 - ENSAIO DE TRAÇÃO ...........................................................................189 14.2.1 - DIAGRAMA TENSÃO - DEFORMAÇÃO ........................................191 14.2.2 - PROPRIEDADES MECÂNICAS AVALIADAS ................................193 14.2.3 - CORPOS DE PROVA .....................................................................196 14.2.3.1 - Limite de escoamento: valores convencionais .........................198 14.3 - ENSAIO DE COMPRESSÃO ................................................................199 14.3.1 - LIMITAÇÕES DO ENSAIO DE COMPRESSÃO.............................200 14.3.2 - ENSAIO DE COMPRESSÃO EM MATERIAIS DÚCTEIS...............200 14.3.3 - ENSAIO DE COMPRESSÃO DIAMETRAL ....................................201 14.4 - ENSAIO DE FLEXÃO............................................................................205 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 V 14.4.1 - SIGNIFICADO DE FLEXÃO............................................................205 14.4.2 - MÉTODO DO ENSAIO DE FLEXÃO ..............................................20714.5 - ENSAIO DE DUREZA ...........................................................................208 14.5.1 - DUREZA BRINELL .........................................................................209 14.5.2 - DUREZA ROCKWELL ....................................................................210 14.5.3 - DUREZA VICKERS.........................................................................212 14.5.4 - DUREZA SHORE............................................................................212 14.6 - ENSAIO DE IMPACTO..........................................................................213 14.6.1 - TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO .................................................214 14.6.1.1 - Fatores que influenciam a temperatura de transição................215 14.6.1.2 - Resfriamento do corpo de prova ..............................................216 14.7 - ENSAIOS METALOGRÁFICOS ............................................................220 14.7.1 - ENSAIO METALOGRÁFICO MACROGRÁFICO............................221 14.7.2 - ENSAIO METALOGRÁFICO MICROGRÁFICO .............................221 14.7.2.1 - Etapas metalográficas ..............................................................221 14.8 - PROPRIEDADES TÉRMICAS...............................................................228 14.9 - PROPRIEDADES ELÉTRICAS .............................................................228 14.10 - PROPRIEDADES MAGNÉTICAS........................................................231 14.10.1 - MATERIAIS MAGNÉTICOS MOLES E DUROS...........................237 14.11 - PROPRIEDADES ÓTICAS..................................................................238 14.11.1 - REFLETIVIDADE, TRANSMITÂNCIA E ABSORÇÃO. .................238 14.12 - PROPRIEDADES QUÍMICAS .............................................................244 14.12.1 - RESISTÊNCIA A CORROSÃO.....................................................244 14.12.2 - RESISTÊNCIA À DEGRADAÇÃO ................................................245 15 – NOÇÕES DE RECICLAGEM DE MATERIAIS ............................................246 15.1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................246 16 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................249 17 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................251 ANEXOS .............................................................................................................254 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 VI ÍNDICE DE FIGURAS Figura 2.1 – Minério de ferro. ................................................................................. 3 Figura 2.2 – Campo de mineração. ........................................................................ 4 Figura 2.3 – Sínter.................................................................................................. 4 Figura 2.4 – Pelotas. .............................................................................................. 4 Figura 2.5 – Vista parcial de um alto-forno............................................................. 5 Figura 2.6 – Alto-forno............................................................................................ 5 Figura 2.7 – Sistema de transformação do minério em ferro gusa......................... 6 Figura 2.8 – Conversor recebendo carga (ferro gusa). .......................................... 7 Figura 2.9 – Aspecto construtivo de um conversor. ............................................... 7 Figura 2.10 – Operação de um conversor. ............................................................. 8 Figura 2.11 – Estrutura cristalina da cementita. ................................................... 10 Figura 2.12 – Diagrama de equilíbrio do ferro-carbono........................................ 11 Figura 2.13 – Curva de resfriamento do ferro....................................................... 12 Figura 2.14 – Diagrama de equilíbrio - aço. ......................................................... 12 Figura 2.15 – Ferritas. .......................................................................................... 13 Figura 2.16 – cementitas. ..................................................................................... 13 Figura 2.17 – Perlitas. A) Perlita normal; B) Perlita sorbítica................................ 14 Figura 2.18 – Austenita. ....................................................................................... 14 Figura 2.19 – Martensita. ..................................................................................... 15 Figura 2.20 – Bainita inferior. ............................................................................... 15 Figura 2.21 – Trostita. .......................................................................................... 16 Figura 2.22 – Sorbita............................................................................................ 16 Figura 2.23 – Ledebuirta. ..................................................................................... 16 Figura 2.24 – Esteadita. ....................................................................................... 17 Figura 2.25 – Microestrutura do aço hipo-eutetóide. Ferritas (claras), perlitas (escuras). ............................................................................................................. 17 Figura 2.26 – Microestrutura de aço eutetóide. Somente perlitas. ....................... 17 Figura 2.27 – Microestrutura de aço hiper-eutetóide. Perlitas e cementitas......... 18 Figura 2,28 – Microestrutura do ferro fundido cinzento. ....................................... 30 Figura 2.29 – Microestrutura do ferro fundido nodular. ........................................ 31 Figura 2.30 – Ciclos de aquecimentos e tratamentos térmicos............................ 34 Figura 2.31 – Diagrama Fe-C – Campo de austenização. ................................... 35 Figura 2.32 – Ciclo do recozimento...................................................................... 36 Figura 2.33 – Ciclo da esferoidização. ................................................................. 37 Figura 2.34 – Ciclos de tratamentos.................................................................... 37 Figura 2.35 – Diagrama TTT para o aço eutetóide............................................... 41 Figura 2.36 – Diagrama TTT para o aço eutetóide com tratamentos térmicos..... 41 Figura 2.37 – Diagrama TTT considerando a espessura da peça........................ 42 Figura 2.38 – Diagrama TTT para o aço hipo-eutetóide....................................... 43 Figura 2.39 – Diagrama TTT para o aço hiper-eutetóide. .................................... 43 Figura 2.40 – Transformação da martensita em função da concentração de carbono. ............................................................................................................... 44 Figura 2.41 – Diagrama TTT para o aço 4340. .................................................... 44 Figura 2.42 – Austêmpera. ................................................................................... 45 Figura 2.43 – Martêmpera. ................................................................................... 49 Figura 2.44 - Diagrama de equilíbrio Fe-N. .......................................................... 53 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 VII Figura 2.45 – Célula unitária da fase γ’. ............................................................... 53 Figura 2.46 – Célula unitária da fase ε. ................................................................54 Figura 2.47 – Influência do tempo de nitretação a gás sobre a espessura da camada nitretada.................................................................................................. 56 Figura 2.48 – Profundidade de penetração da camada nitretada em alguns aços, submetidos ao processo líquido. .......................................................................... 57 Figura 2.49 – Esquema do reator iônico. ............................................................. 58 Figura 2.50 – Profundidade da camada cementada em aço de baixo carbono. .. 60 Figura 2.51 – Esquema da eletrodeposição. ........................................................ 66 Figura 3.1 – Diagrama de fases da liga Al-Cu...................................................... 74 Figura 3.2 – Diagrama de fases da liga Al-Mg. .................................................... 74 Figura 3.3 - Diagrama de fases da liga binária Al-Si. ........................................... 75 Figura 3.4 - Diagrama de fases da liga binária Al-Si. ........................................... 77 Figura 4.1 – Beneficiamento do cobre. A) Trituração do minério; B) Flotação ..... 81 Figura 4.2 - Esquema do forno revérbero e obtenção do mate. ........................... 82 Figura 4.3 - Obtenção do cobre blíster e placa eletrolítica. .................................. 82 Figura 4.4 - Efeito das impurezas na condutividade elétrica do cobre. ................ 83 Figura 4.5 – Diagrama de fases da liga Cu-Zn..................................................... 87 Figura 4.6 – Micrografias de latões. a) Cu-Zn 33% (laminado e recozido) [fase α]; b) Cu-Zn 40% (fundido) [fase α + β’] ; Cu-Zn 24,7% Sn 2,4% Pb 2,9% [fase α + Cu3Sn]; Cu-Zn 34% Mn 1,7% Ni 3,12% Pb 1,92% [fase α + nódulos de Pb]. ...... 88 Figura 4.7 - Diagrama do comportamento mecânico dos latões. ......................... 89 Figura 4.8 - Aplicações dos latões. ...................................................................... 90 Figura 4.9 - Diagrama de fases da liga binária Cu-Sn.......................................... 92 Figura 4.10 - Micrografias de bronzes. a) Cu-Sn 5% (laminado e recozido) [fase α]; b) Cu-Sn 16% (recozido) [fase α + δ] ; c) Cu-Sn 10%, Pb 5%. ....................... 92 Figura 4.11 - Aplicações do bronze...................................................................... 94 Figura 4.12 - Diagrama de fases da liga binária Cu-Al. ........................................ 95 Figura 4.13 - Diagrama de fases da liga binária Cu-Ni......................................... 97 Figura 4.14 - Aplicações do cuproníquel. ............................................................. 98 Figura 4.15 - Diagrama de fases da liga binária Cu-Be........................................ 99 Figura 5.1 - Aplicações do níquel. .......................................................................103 Figura 6.1 - Aplicações do cobalto. .....................................................................106 Figura 7.1 - Aplicações do titânio. .......................................................................108 Figura 8.1 - Aplicações do magnésio. .................................................................111 Figura 8.1 - Aplicações do zinco. ........................................................................112 Figura 10.1 - Diagrama de fases da liga Pb-Sn...................................................115 Figura 10.2 - Diagrama de fases da liga Pb-Sb...................................................115 Figura 11.1 - Aplicações do cromo......................................................................117 Figura 11.2 - Aplicações da tungstênio. ..............................................................118 Figura 11.3 - Aplicações da prata........................................................................119 Figura 11.4 - Aplicações do ouro.........................................................................120 Figura 12.1 - Monômeros. a) metano; b) etano; c) eteno. ...................................121 Figura 12.2 - Monômeros. a) propano; b) n-butano; c) isobutano. ......................121 Figura 12.3 - Monômeros. a) n-pentano; b) Isopentano; c) Neopentano.............121 Figura 12.4 – Representação de polímero. .........................................................122 Figura 12.5 – Reação de polimerização do policloreto de vinila..........................122 Figura 12.6 – Reação de copolimerização do náilon 66......................................123 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 VIII Figura 12.7 – Representação das cadeias poliméricas. a) Cadeia linear; b) cadeia com ramificações incompletas; c) cadeias com ramificações transversais ou cruzadas..............................................................................................................123 Figura 12.8 – Formas isoméricas. .......................................................................124 Figura 12.9 – Cristalinidade em polímeros. .........................................................125 Figura 12.10 – Reação do baquelite. ..................................................................127 Figura 12.11 – Reação do agente de esponjamento...........................................128 Figura 12.12 – Curvas de volume específico em função da temperatura. A) região vítrea; B) região viscosa; C e D) região líquida com baixa viscosidade; E) região com cristalitos na região vítrea; F) região viscosa com cristalitos. ......................128 Figura 12.13 – Curva índice de cristalinidade em função da temperatura para um polímero cristalino. ..............................................................................................129 Figura 12.14 – Comportamento ao ensaio de tração de um polímero linear.......129 Figura 12.15 – Fórmula geral da poliolefina. .......................................................131 Figura 12.16 – Fórmula policarbonato.................................................................139 Figura 12.17 – Polimetacrilato de metila. ............................................................140 Figura 12.18 – Poliacrilonitrilo. ............................................................................141 Figura 12.19 – ABS. ............................................................................................141 Figura 12.20 – SAN.............................................................................................143 Figura 12.21 – Poliimida......................................................................................144 Figura 12.22 – Fórmula do teflon. .......................................................................146 Figura 2.23 – PCTFE. .........................................................................................147 Figura 12.24 - Polisulfona ...................................................................................147 Figura 12.25 – Fenólicos. ....................................................................................147 Figura 12.26 – Comportamento ao ensaio de tração de polímeros.....................153 Figura 12.27 – Polisopreno. ................................................................................154 Figura 12.28 – SBR.............................................................................................155 Figura 12.29 – Uso da floresta. ...........................................................................158 Figura 12.30 – Cortes da madeira.......................................................................162 Figura 12.31 – Efeito pátina. ...............................................................................164 Figura 12.32 – Efeito decapê. .............................................................................165 Figura 12.33 – Efeito satinê.................................................................................165Figura 12.34 – Efeito estêncil. .............................................................................167 Figura 13.1 – Peças de cerâmica........................................................................169 Figura 13.2 – Produção de cerâmica. .................................................................174 Figura 13.3 - Louça sanitária...............................................................................174 Figura 13.4 – Forno túnel para queima de peças cerâmicos. .............................176 Figura 13.5 - Microscopia eletrônica de varredura de cermetos e metal duro.....180 Figura 13.6 - Revestimento de TiN em uma pastilha de metal duro....................183 Figura 14.1 - Equipamentos de ensaios mecânicos. a) Máquina de ensaio universal; b) Durômetro. ..............................................................188 Figura 14.2 - Peça tracionada. ............................................................................190 Figura 14.3 - Corpo de prova de ensaio de tração. a) antes do ensaio; b) após o ensaio..................................................................................................................190 Figura 14.4 - Comportamento dos materiais através do diagrama σx ε. .............192 Figura 14.5 - Material dúctil. a) diagrama σ x ε; b) aspecto da fratura. .............192 Figura 14.6 - Material frágil. a) diagrama σ x ε; b) aspecto da fratura. ................192 Figura 14.7 - diagrama σ x ε para ligas do tipo aço baixo carbono. ....................193 Figura 14.8 - Alongamentos na tração e na compressão....................................195 Figura 14.9 - Curvas de tensões reais e de engenharia......................................195 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 IX Figura 14.9 - Máquina de ensaio e registrador....................................................196 Figura 14.10 - Corpos de prova...........................................................................196 Figura 14.11 - Tipos de fixação. ..........................................................................197 Figura 14.12 - Preparação de corpo de prova.....................................................197 Figura 14.13 - Ruptura do corpo de prova no centro...........................................198 Figura 14.14 - Ruptura do corpo de prova fora de centro. ..................................198 Figura 14.15 - Determinação do limite de escoamento. ......................................198 Figura 14.16 - Esquema da compressão. ...........................................................199 Figura 14.17 - Ensaio de compressão. a) normal; b) flambagem........................200 Figura 14.18 - Ensaio de compressão em materiais dúcteis. ..............................200 Figura 14.19 - Esquema de esforços aplicados em um corpo de prova cilíndrico de dimensões D e L. ................................................................................................201 Figura 14.20 - Representação esquemática da distribuição das tensões de compressão e de tração. .....................................................................................201 Figura 14.21 - Ensaios em molas........................................................................202 Figura 14.22 - Flexão em uma barra de secção retangular.................................205 Figura 14.23 - Elemento da barra submetido à flexão.........................................206 Figura 14.24 - Viga em balanço com engaste rígido sendo fletida por uma força F aplicada em sua extremidade..............................................................................206 Figura 14.25 - Método de flexão a quatro pontos................................................207 Figura 14.26 - Método de flexão a três pontos. ...................................................207 Figura 14.27 - Ângulo φ nas impressões Brinell. .................................................210 Figura 14.28 - Penetradores de Dureza Rockwell...............................................210 Figura 14.29 - Aspectos da fratura . ....................................................................213 Figura 14.30 - Temperatura de transição. ...........................................................214 Figura 14.31 - Curvas de energia absorvida de um mesmo material. .................216 Figura 14.32 - Máquina de ensaio de impacto. ...................................................217 Figura 14.33 - Ensaio Charpy e Izod...................................................................218 Figura 14.34 - Corpos de prova Charpy e Izod. ..................................................219 Figura 14.35 - Macrografia de uma peça de alumínio fundido com contornos de grãos revelado por ataque com HCl....................................................................221 Figura 14.36 - Influencia da localização de um corte longitudinal axial sobre o aspecto de segregação. ......................................................................................221 Figura 14.37 - Esquema de um metal policristalino atacado quimicamente e com feixes incidentes e de reflexão de luz..................................................................223 Figura 14.38 - Micrografia da perlita....................................................................224 Figura 14.39 - Curva de resistividade elétrica em função da temperatura. .........231 Figura 14.40 - Esquema de momentos magnéticos em um cristal e em uma célula unitária. ...............................................................................................................232 Figura 14.41 - Esquema da configuração de dipolo magnético de um material diamagnético. a) Na ausência de um campo magnético; b) Na presença de um campo magnético. ...............................................................................................233 Figura 14.42 - Esquema da configuração de dipolo magnético de um material paramagnético. a) Na ausência de um campo magnético; b) Na presença de um campo magnético. ...............................................................................................234 Figura 14.43 - Esquema da configuração de dipolo magnético de um material ferromagnético na ausência de um campo magnético. .......................................235 Figura 14.44 - Esquema de momentos magnéticos do MnO. .............................235 Figura 14.45 - Esquema dos momentos magnéticos da ferrita. ..........................236 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2007 X Figura 14.46 - Curva de histerese de materiais magnéticos moles (interno) e duros (externo). .............................................................................................................237 Figura 14.47 - Esquema da incidência de um feixe luz que encontra interfaces entre dois meios. .................................................................................................238 Figura 14.48 - Esquema de uma análise de transmitância por um feixe incidente normal a superfície de uma amostra de vidro. ...................................................239 Figura 14.49 - Detalhe do compartimento aberto [ 1 ] de um espectrômetro. .....239 Figura 14.50 - Curvas de transmitância da amostra BLC1. Espectro com irradiação do ultravioleta. ....................................................................................240 Figura 14.51 - Espectro de transmitância de uma amostra de vidro dopado. .....240 Figura 14.52 - a) Esquema de um experimento de transmissão. A) transmissão de um feixe de laser através de um semicondutor.; b) Um espectro típico de absorção do semicondutor GaAs. .......................................................................242Figura 14.53 - Espectros de radiação eletromagnética. ......................................243 Figura 14.54 - Esquema dos tipos de corrosão...................................................245 Figura 15.1 – Símbolo da reciclagem..................................................................246 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 1 1 – CLASSIFICAÇÃO DE METAIS 1.1 - INTRODUÇÃO Conforme a química, entende-se como metais os elementos químicos que se situam na parte esquerda da Tabela Periódica dos Elementos Químicos construída por Mendeleyev. A característica deles é de possuir poucos elétrons na última camada, camada de valência. O tipo de ligação característica entre os elementos metálicos é a ligação metálica, onde os elétrons da última camada não pertencem ao átomo, mas ao grupo todo, com mobilidade livre do elétron, caracterizando a boa condutibilidade elétrica, uma das características principais dos metais. Na prática, entende-se por metais, toda substância que possui brilho, entretanto, o elemento químico selênio (Se) possui brilho e não é metal. A maioria dos metais se oxida com facilidade diminuindo o seu brilho, tornando-o opaco, com grau menor para o ouro, a prata, e a platina. Estas propriedades dos metais de opacidade ótica e refletividade atribuem-se a capacidade dos elétrons livres de absorverem energia dos fótons e de poderem re-emitir, quando o elétron, excitado pelo impacto de uma radiação, cai em um nível mais baixo de energia. Deste modo, um feixe luminoso que incide sobre a superfície de um metal, é quase inteiramente refletido, dando lugar ao brilho metálico. Outra característica que os metais possuem é a ductibilidade. Esta característica também pode ser afetada por impurezas ou inclusões por outros elementos químicos. A condutibilidade elétrica e térmica são duas características dos metais que estão relacionadas com a configuração eletrônica dos mesmos. 1.2 - CLASSIFICAÇÃO Cada metal se diferencia de outro pela sua estrutura e propriedades, mas existem certos indícios pelas quais podem ser agrupados. Em primeiro lugar, todos os metais podem dividir-se em dois grandes grupos: metais escuros e metais claros. 1.2.1 - METAIS ESCUROS Apresentam cor cinza escuro, densidade elevada (menos os alcalinos), elevada temperatura de fusão, dureza elevada e, em muitos casos, possuem polimorfismo. O metal mais característico deste grupo é o ferro. Os metais escuros, por sua vez, dividem-se em: 1. Metais férricos: ferro, cobalto, níquel (chamados ferromagnéticos) e o manganês, cujas propriedades se aproximam daqueles. O cobalto, o níquel e o manganês se empregam com freqüência como elementos de adição às ligas de ferro para alterar as propriedades mecânicas da liga, como nos aços, por exemplo; 2. Metais refratários: apresentam temperatura de fusão superior a do ferro (1.539 ºC). Também empregados como elemento de adição às ligas de ferro; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 2 3. Metais urânicos: (actinídeos) Os elementos que constituem um grupo com propriedades semelhantes, que inclui o actínio, o tório, o protactínio, o urânio, o netúnio, o plutônio, o amerício, o cúrio, o berquélio, o califórnio, o einstéinio, o férmio e o mendelévio. São utilizados como fonte de energia nuclear; 4. Metais lantanídeos: (terras-raras) Grupo de elementos, de número atômico entre 57 e 71, de propriedades metálicas muito parecidas, e que compreende: cério, disprósio, érbio, európio, gadolínio, hólmio, itérbio, lantânio, lutécio, neodímio, prasiodímio, promécio, samário, térbio e túlio. Estes metais possuem propriedades químicas muito parecidas, porém suas propriedades físicas são muito distintas. 5. Metais alcalinos-térreos: No estado livre são pouco utilizados, com exceção de alguns casos especiais. 1.2.2 - METAIS CLAROS Apresentam coloração amarela, vermelha ou branca. Possuem grande ductibilidade, pouca dureza, temperatura de fusão relativamente baixa e neles é característico a ausência de polimorfismo. Os metais mais característicos deste grupo são o ouro, o cobre e a prata. Os metais claros, por sua vez, dividem-se em: 1. Metais ligeiros: Berílio, magnésio e alumínio, cuja densidade é baixa; 2. Metais nobres: Ouro, prata e metais do grupo da platina (platina, paládio, irídio, ósmio, rutênio. O cobre é considerado como seminobre. Possuem grande a resistência a oxidação; 3. Metais facilmente fusíveis: Zinco, cádmio, mercúrio, estanho, chumbo, bismuto, tálio, antimônio e os elementos com propriedades metálicas debilitadas como o gálio e germânio. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 3 2 - AÇOS E FERROS FUNDIDOS 2.1 - INTRODUÇÃO O ferro se conhece há tempos remotos. No Egito, há 7 mil anos a.C., encontrou-se amuletos de ferro que provavelmente provinham de minérios beneficiados. Também há 7 mil anos a.C. se fazia experiência com esse metal em um lugar chamado Anatolia na Rússia. Na Ìndia encontrou-se uma coluna de ferro que media 7 m de altura e 40 cm de diâmetro com peso de 6 toneladas, provavelmente construída em 912 anos a.C. A fabricação do ferro fundido, partindo do minério de ferro, é muito antiga. Os gregos, 500 anos a.C., já tinham ferro temperado e crê-se que a obtenção foi por uma maneira casual. 2.2 - MINÉRIO DE FERRO O ferro não se encontra puro na natureza, mas sim combinado (ganga) com outros elementos químicos formando os denominados minérios. Os minerais que contêm ferro em quantidade apreciável são óxidos, carbonatos, silicatos e os sulfetos. Quando se pode extrair economicamente um elemento químico de um mineral, o mesmo passa a ser denominado de minério. Na natureza, encontra-se em torno de 50 minerais que contém ferro. Os minérios de ferro mais importantes sob o ponto de vista da siderurgia são: • Hematita - óxido - Fe2O3 - de 45 a 70% de ferro – cor cinza a vermelho fosco - abundante no Brasil; • Magnetita - óxido – Fe3O4 - de 45 a 72% de ferro – cor cinza escuro; • Limonita - óxido - 2Fe2O33H2O - de 40 a 62% de ferro – cor amarela para marrom escuro; • Siderita - carbonato - FeCO3 (carbonato férrico) - de 30 a 48% de ferro – cor cinza esverdeado; • Pirita - sulfeto - Cu2SFe2S3 (sulfeto férrico) – baixo teor de ferro. • Figura 2.1 – Minério de ferro. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 4 O minério de ferro é submetido a beneficiamento, após a extração da jazida, como britagem, peneiramento, mistura, moagem, concentração, classificação, aglomeração. Figura 2.2 – Campo de mineração. A aglomeração visa o aproveitamento dos finos de minério, melhorar a permeabilidade da carga do alto-forno, reduzindo-se o consumo de carvão. Os principais processo de aglomeração do minério de ferro são: • Sinterização – Neste processo o minério de ferro, carvão moído, calcário e água são misturados e aglomerados e depois são colocados sobre uma grelha em um equipamento especial, que está a uma temperatura em torno de 1.000 a 1.300 oC, unem-se e acabam formando um bloco poroso. Quando quebrados em pedaços menores são chamados de sinter de ferro. Sinter - 51 a 61% de ferro. Aproveitamento dos finos de mineração de 0,15 mm até 8 mm. Resistência mecânica média e possível degradação no transporte. Tamanho de 5a 50 mm de formato irregular. Gera 7 a 10% de finos de retorno no transporte da sinterização ao alto-forno. Redutibilidade alta. Figura 2.3 – Sínter. • Pelotização – Um tambor giratório que contém um disco inclinado e em rotação é alimentado com finos de minério e aglomerantes, recebendo jatos de água que unem as partículas molhadas para formar um aglomerado na forma de bolas (pelotas). Após esta etapa as pelotas são aquecidas para secagem e endurecimento. Pelotas - 64 a 67% de ferro. Aproveitamento dos finos de mineração abaixo de 0,5 mm. Elevada resistência mecânica e baixa degradação no transporte. Tamanho de 10 a 12 mm de formato esférico. Gera 5 a 10% de finos de retorno do alto- forno. Redutibilidade alta. Figura 2.4 – Pelotas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 5 Nos processos de redução do minério de ferro em ferro gusa, usa-se, como combustível, o coque (carvão mineral tratado em temperaturas de mais ou menos 1.000 ºC em câmaras ausentes de oxigênio, com eliminação dos produtos voláteis do carvão mineral) com possibilidade do carvão vegetal. A ação do carvão se faz sentir de três maneiras: a) como fornecedor de calor para a fusão do minério; b) como fornecedor de carbono para a redução do óxido de ferro e c) como fornecedor de carbono, como principal elemento de liga. 2.3 – OBTENÇÃO DO FERRO GUSA É o processo de obtenção do ferro, onde o minério a ser reduzido, atinge seu ponto de fusão, obtendo-se no final um produto da fusão denominado de ferro gusa, que posteriormente é utilizado na fabricação do aço ou ferro fundido. O ferro gusa é uma liga metálica de Fe, C, Si, P, S, Mn, onde apresenta a seguinte composição média 3% a 8% de C, 0,5% a 4,5% de Si, 0,5% a 2,5% de P, e até 0,2% de S. O processo consiste em aquecer o minério de ferro em temperaturas acima de 1.600 ºC na presença de uma substância redutora (coque) em um equipamento denominado de alto-forno. O alto-forno é construído de tijolos e envolvido por uma carcaça protetora de aço. Todas as suas partes internas, sujeitas a altas temperaturas, são revestidas com tijolos refratários. Os refratários são materiais resistentes a altas temperaturas, utilizados nos revestimentos dos fornos e panelas de vazamento. Figura 2.5 – Vista parcial de um alto-forno. Três zonas fundamentais caracterizam o alto-forno: o cadinho; a rampa; e a cuba (seção superior). O cadinho é o lugar onde o ferro gusa líquido é depositado. A escória que se forma durante o processo, flutua sobre o ferro que é mais pesado. Escória é um produto resultante da ação do fundente sobre a ganga (do minério) e do combustível. A escória pode ser utilizada como base para estradas de ferro, na fabricação de cimento, como corretivo de solo, na fabricação de tijolos refratários e em isolamento térmico e acústico. Figura 2.6 – Alto-forno. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 6 Na rampa acontece a combustão e a fusão. Para facilitar esses processos, entre o cadinho e a rampa ficam as ventaneiras, que são furos distribuídos uniformemente por onde o ar pré-aquecido é soprado sob pressão. Se a carga for básica, o fundente deve ser ácido; e se a carga for ácida, o fundente deve ser básico. Para o caso de não se querer alterar a natureza da carga, se utiliza fundentes neutro. Em resumo, no alto-forno ocorre o seguinte: • Os óxidos de ferro sofrem redução, ou seja, o oxigênio é eliminado do minério de ferro; • A ganga se funde (as impurezas reagem com o fundente formando escória e metal fundido); • O gusa se funde (o ferro de primeira fusão se derrete); • O ferro sofre carbonetação (o carbono proveniente do combustível é incorporado ao ferro líquido); • Certos elementos da ganga são parcialmente reduzidos, ou seja, algumas impurezas são incorporadas ao ferro gusa. Estas são as reações químicas provocadas pelas altas temperaturas obtidas dentro do forno que trabalham com o princípio da contra-corrente. Isso quer dizer que enquanto o gás redutor sobe, a carga sólida desce. Figura 2.7 – Sistema de transformação do minério em ferro gusa. A redução dos óxidos de ferro acontece à medida que o minério, o agente redutor (coque ou carvão vegetal) e os fundentes (calcário ou fluorita) descem em contra-corrente, em relação aos gases. Esses são os resultados da queima do coque (basicamente, carbono) com o oxigênio do ar quente (em torno de 1.000 ºC) soprado pelas ventaneiras, e que escapam da zona de combustão, principalmente para cima, e queimam os pedaços de coque que estão na abóbada (ou parte superior) da zona de combustão. Conforme o coque vai se queimando, a carga vai descendo para ocupar os espaços vazios. Esse movimento de descida vai se espalhando lateralmente pela carga, até atingir toda a largura da cuba. As reações de redução, carbonetação e fusão, que foi descrito anteriormente, geram dois produtos líquidos: a escória e o UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 7 ferro gusa, que são empurrados para os lados, pelos gases que estão subindo e escorrem para o cadinho, de onde saem pelo furo de corrida (gusa) e pelo furo da escória.O alto forno possui ainda alguns equipamentos auxiliares como: • Coletor de poeiras; • Lavadores de gás; • Regeneradores de calor ou estufas; • Instrumentos de controle e medição. 2.4 - AÇO Sendo o ferro gusa uma liga de Fe, C, Si, P, S e Mn, para transformá-lo em aço, que é uma liga de mais baixo teor destes últimos elementos químicos, é necessário um processo de oxigenação desta liga para reduzir a percentagem destes elementos até os valores desejados. Na redução do ferro gusa em aço, utiliza-se agentes oxidantes, de natureza gasosa, como o ar ou oxigênio, ou de natureza sólida como minério na forma de óxidos. Assim, os processos para produção do aço podem ser classificados de acordo com agente redutor utilizado. • Processos pneumáticos - onde o agente oxidante é o ar ou oxigênio • Processo Siemens–Martin, Elétrico, Dúplex etc. – onde os agentes oxidantes são substâncias sólidas contendo oxigênio. Figura 2.8 – Conversor recebendo carga (ferro gusa). Processo Pneumático Bessemer - O equipamento usado no processo de Bessemer não possui fonte de calor próprio, e por isso não é denominado forno e sim conversor. O conversor Bessemer consta de um recipiente, tipo pêra, formado de chapas de aço e revestimento interno de material refratário ácido (silício – alumínio). Figura 2.9 – Aspecto construtivo de um conversor. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 8 O conversor é basculante, isto é, gira em torno de um eixo, a fim de colocá- lo na posição horizontal para receber ou retirar a carga. A capacidade de carga do conversor Bessemer varia de 25 a 40 toneladas, de ferro gusa líquido procedente do alto-forno cuja composição média é a seguinte: carbono - 4%, silício - 1,5%, manganês - 1%, fósforo e enxofre o mínimo possível. A transformação do ferro gusa em aço é conseguida pelo insuflamento de ar, pouco a pouco e com pressão moderada, através dos orifícios existentes na parte inferior do conversor, ao tempo que se situa o conversor na posição vertical. O ar atravessa o ferro gusa líquido e o oxigênio presente vai reagindo com o silício, manganês e a maior parte do carbono durante o tempo de 15 minutos aproximadamente.O borbulhamento do ar, através do metal líquido, elimina o carbono (em CO e CO2, formando uma chama larga), o silício e o manganês (em silicatos, que passam a escória). Quando a chama da boca do conversor está a ponto de se apagar, o aço contém aproximadamente 0,05 a 0,1% de carbono e porcentagens mais baixas de Mg e Si. Sendo o ponto de fusão do aço maior que do ferro gusa, cabem as reações exotérmicas do oxigênio com o silício e carbono, aumentar a temperatura do banho líquido. Durante o processo forma-se óxido de ferro que deixa o aço frágil e quebradiço. A fim de eliminar o óxido de ferro e controlar o teor do carbono, adiciona-se quantidade de ferro-silício ou ferro- manganês ou pequenas quantidades de alumínio. Até mesmo carvão para recarburar o aço. Estes elementos, principalmente o alumínio, combinam-se facilmente com o oxigênio, transformando-se em escória. É realizado o vazamento inclinando o conversor e tendo cuidado de que não deslizem as escórias com o aço líquido. Processo Pneumático Thomas - O processo Thomas difere um pouco do processo Bessemer. Quando o ferro gusa é rico em fósforo, este não pode ser tratado no conversor Bessemer porque o revestimento dele é ácido (carbono (4%), silício (1,5%), manganês (1%), fósforo e enxofre o mínimo possível, impedindo que as reações exotérmicas permitem a passagem do fósforo para as escórias. O conversor Thomas é revestido internamente com material refratário básico derivado da dolomita (óxido de cálcio e manganês). Neste processo, o fósforo também reage exotermicamente com o oxigênio, aumentando a temperatura do banho. Para evitar a oxidação excessiva do aço, usa-se certa quantidade de cal. A escória obtida com o processo Thomas é um fosfato de cálcio (combinação do fósforo do metal com o cálcio da cal adicionado) e pode ser emprega como fertilizante na agricultura. Figura 2.10 – Operação de um conversor. O aço produzido em conversor Thomas é mais mole do que do Bessemer, usado na fabricação de chapas, arames e perfilados. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 9 Processo Pneumático L.D. - Este processo introduzido pelos austríacos Linz e Donavitz em 1.950, é uma variante do processo Bessemer. Ao invés de usar o oxigênio do ar (que em cada 100 m3 aproveita apenas 21 m3 de oxigênio) usa oxigênio puro com 99 à 99,5% de pureza. O oxigênio é previamente aquecido e injetado na massa líquida pela parte superior do conversor, lança de oxigênio que fica a uma distância de 0,3 m a 1 m do fundo. As reações exotérmicas produzidas alcançam temperatura de 2.400 ºC e o tempo total da operação é de 35 a 40 minutos. O consumo de oxigênio é em torno de 50 m3 por tonelada de ferro gusa líquido. A capacidade dos conversores modernos é de mais ou menos100 toneladas. O aço L.D. é de qualidade superior ao Bessemer, Thomas e Siemens- Martins, porém o alto custo de operação e instalação, torna-o dispendioso e de baixa aplicação na siderurgia. Processo Siemens-Martin - No processo Siemens-Martin pode-se alcançar temperaturas de até 2.000 ºC, usando gás combustível e ar, previamente aquecidos. O forno é constituído de uma mufla de tijolos refratários para receber a carga que pode ser sólida ou líquida, e de dois pares de câmaras recuperadoras, também de tijolos refratários. O forno funciona pelo sistema de regeneração de calor dos gases quentes que saem do forno que vão aquecendo o gás e o ar, respectivamente, dando entrada no forno em altas temperaturas. Segundo a composição da carga (como acontece no processo Bessemer e Thomas), os fornos Siemens-Martin são construídos com revestimento ácido, para o tratamento da carga silicosa, e revestimento básico, quando a carga é fosforosa. A capacidade do forno varia de 50 a 300 toneladas. Adiciona-se ferro-silício, ferro-manganês ou cal, dependendo da natureza da carga e do refratário, como elementos desoxidantes. O processo de obtenção do aço pode levar de 4 a 5 horas. Os ferros fundidos aptos para o conversor podem ser: • Ferro fundido saído do cubilô: Ctot = (3% - 4%C) + (1,5% - 2%Si) + (0,5% - 1%Mn) + P e S o mínimo possível. • Ferro fundido saído do alto forno: Ctot = (3,6% - 4,2%C) + (1% - 1,5%Si) + (0,5% - 2%Mn) + P e S o mínimo possível. O carbono, o silício, e o manganês contidos no ferro fundido reagem ao entrar em contato com o oxigênio do ar: o calor gerado por esta reação não somente mantém líquida a massa, como também eleva a temperatura de 300 a 400 ºC. Dos três elementos citados, o silício e o carbono são os que liberam maior quantidade de calor, com efeito: Si + O2 = SiO2 + 6.750 kcal/kg de silício C + O = CO + 2.407 kcal/kg de carbono Mn + O = MnO + 1.757 kcal/kg de manganês. A operação dura somente de 10 a 20 minutos. Os produtos da reação do silício e do manganês formam a escória e, os do carbono formam os gases (CO) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 10 monóxido de carbono (venenoso) que escapa da boca do conversor. A capacidade dos conversores varia de 1 a 50 toneladas, aproximadamente. 2.4.1 - DEFINIÇÃO Após a redução do carbono do ferro gusa líquido nos conversores, entre os anos de 1.850 a 1.900, é que pode se dizer da ocorrência da fabricação dos aços. Devido ao grande interesse comercial, este material dúctil e maleável fez com que vários pesquisadores da época se interessassem em investigar a estrutura e comportamento mecânico. Desta forma, pesquisadores como A. C. Sorby, Gibbs, D. K Chernov, F. Abel, J. A. Brinell, F. Osmond e outros deram, com suas descobertas, o que hoje é definido como aço. Figura 2.11 – Estrutura cristalina da cementita. • Em 1.863 nasceu a metalografia, com o emprego do microscópio, na observação da superfície metálica polida, por A. C. Sorby; • Em 1.876, Gibbs anunciou a lei das fases que teve grande interesse no estabelecimento dos diagramas de equilíbrio dos sistemas de ligas; • Em 1.880, D. K Chernov apresentou o resultado dos seus estudos sobre cristalização e macroestruturas dos lingotes de aço vazado. Estuda também os tratamentos térmicos; • Em 1.883, F. Abel determinou que o composto isolado por KARSTEN, carboneto de ferro, corresponde a fórmula Fe3C e conclui que nem todo o carbono existente no aço pode ser isolado; • Em 1.885, J. A. Brinell verificou que propriedades mecânicas diferentes em aços que foram forjados, laminados, estirados e dos que sofreram tratamentos térmicos e passa a ser registrado fotograficamente as observações microscópicas. Neste mesmo período, F. Osmond publica “Théorie céllulaires des propriétes de l' acier”. Sugere as transformações alotrópicas do ferro e a existência do ferro γ. • Em 1.890, F. Osmond estudou o comportamento do ferro em temperaturas elevadas utilizando par termoelétrico Pt/Pt-Rh, e marca as posições dos pontos críticos Ar1, Ar2, Ar3, Ac1, Ac2, Ac3 e as suas relações com o ferro α, β e γ; • Em 1.900, Rozeboon, utilizando os resultados de análises térmicas feitas por Robert Austen, e baseando-se nas leis de Gibbs, traça o diagrama da liga de Fe-C contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da indústria siderurgica; • Em 1.903, F. Osmond consagrou os nomes dos constituintes Ferrita, Cementita e Perlita, sugeridas por Howe e acrescentou os de Austenita e Martensita. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 11 Em função do diagrama de equilíbrio traçado por Rozeboon, O aço pode ser definido como uma liga binária de ferro-carbono, tendo comoteor mínimo de carbono o valor de 0,008%, a temperatura ambiente e, como teor máximo de carbono, o valor de 2,1%, a temperatura de máxima solubilidade (1.148 ºC), além de alguns elementos químicos residuais oriundos de sua fabricação (Mn, P, Si, S) e, às vezes, outros elementos adicionados para melhoria de suas propriedades (Cr, V, W). Do diagrama de equilíbrio do Fe-C, pode-se definir também o denominado ferro fundido que é uma liga binária de ferro-carbono, tendo como teor mínimo de carbono o valor de 2,1%, a temperatura ambiente e, como teor máximo de carbono, o valor de 6,7%, a temperatura ambiente. Entretanto, o ferro fundido é obtido diretamente do ferro gusa que tem teores elevados de silício, denominando-se assim como uma liga ternária composta basicamente de três elementos: ferro, carbono (2 a 4,5%) e silício (1 a 3%) além de alguns elementos químicos residuais oriundos de sua fabricação (Mn, P, S) ou quando ligados com elementos adicionados para melhoria de suas propriedades. Na prática, o ferro fundido contém de 2% a 4,5% de carbono e principalmente com teores próximo de 4,3% de carbono visto que o eutético produzido por esta concentração de carbono reduz a temperatura de solidificação (1.148 ºC). Figura 2.12 – Diagrama de equilíbrio do ferro-carbono. 0 1 2 3 4 5 6 0 500 1000 1500 (Feα ) + Fe3C + (Grafite) 1538 1394 912 0,77% 0,008 2,11 Líquido + Fe3C 1148 oC 4,3% 727 oC FERROS FUNDIDOSAÇOS DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO Fe - C (Feα ) (Feα ) + Fe3C Austenita (Feγ) + líquido Austenita (Feγ ) + Fe3C Austenita (Feγ ) 6,7 Solidus Liquidus Líquido TE M PE RA TU RA ( o C ) %C UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 12 O ferro, como todos os metais no estado sólido, tem estrutura cristalina. Além disso, pode apresentar-se em duas formas cristalinas diferentes: cúbica de corpo centrado e cúbica face centrada. A importância deste fato é que, enquanto a forma CCC pode dissolver carbono até um máximo de 0,008%, a forma CFC pode dissolver até 2,1 % de carbono. Pelo gráfico esquemático abaixo, observa-se que há pontos de parada (temperatura constante), denotando mudança de fase. Pode-se observar que, no resfriamento, há expansão de volume. Entretanto, nas paradas, (Ar1, Ar2 e Ar3 – transformações no resfriamento) observa-se contrações que são devidas também às mudanças de fase. Não é considerada a variável pressão, visto que a maioria das reações metalúrgicas ocorre sempre à pressão constante, e no caso, a pressão é uma atmosfera. Figura 2.13 – Curva de resfriamento do ferro. A figura, que segue, mostra de forma ampliada o diagrama de equilíbrio do aço. A região circulada mostra a área de interesse de conformação mecânica a quente dos aços comuns no comércio. Vê-se, pelo diagrama de equilíbrio do Fe- C, que os aços podem ser divididos em três grupos: • hipo-eutetóide - com carbono até 0,77%; • eutetóide - com carbono igual a 0,77%; • hiper-eutetóide - com carbono superior a 0,77%; Como observação, é interessante salientar que este diagrama é teórico, pois parte do princípio que a velocidade de resfriamento é infinitamente lenta e que não há outros elementos de liga que possam influenciar nas curvas de resfriamento. Assim sendo, não deve ser usado para tratamentos térmicos comerciais. Figura 2.14 – Diagrama de equilíbrio - aço. 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Feγ AcmA3 A1 A1 DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO Fe-C - AÇOS Feα+Feγ Feγ + Fe3C 2,11% 912 0,0218% 727 oC 0,77% Austenita Líquido + austenita Líquido Liquidus TE M PE RA TU RA ( o C ) %C UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 13 2.4.2 - CONSTITUINTES DA LIGA FERRO CARBONO As ligas Fe-C são formadas por grupos de cristais que recebem o nome de constituintes, e dependendo da forma de resfriamento da liga, podem ser denominados em constituintes primários (por resfriamento lento) ou secundários (por tratamento térmico) e também de acordo com as proporções dos componentes das ligas. São denominados: ferrita, cementita, perlita, austenita, martensita, bainita, troostita, sorbita, ledeburita, esteadita e grafita, cujas características serão visto a seguir: Ferrita - A ferrita é uma solução sólida de carbono em ferro alfa (Fe α). Sua solubilidade na temperatura ambiente é tão pequena que dissolve apenas 0,008% de carbono. Por isso, praticamente se considera a ferrita, como sendo ferro puro. A máxima solubilidade de carbono no ferro alfa é 0,0218% de carbono a 727 ºC. A ferrita é um dos constituintes mais moles e dúcteis dos aços. Cristaliza-se sob a forma cúbica de corpo centrado (CCC). Tem dureza de 90HB aproximadamente, resistência a ruptura de 28 kgf/mm² (Lr ≈ 280 MPa), alongamento de 35 a 40%, é magnética até 770°C. Figura 2.15 – Ferritas. Cementita – É o carboneto de ferro de fórmula Fe3C, e contém, portanto 6,67%C e 93,33% de ferro. É um dos constituintes mais duros e frágeis dos aços, alcançando dureza de 700HB ou 68HRC. É magnética até a temperatura de 2.110 °C, a partir da qual perde o magnetismo. Cristaliza-se sob forma ortorrômbica. Figura 2.16 – cementitas. Perlita – É um constituinte composto por 88% de ferrita e 11,5% de cementita. Tem semelhança com madre-pérola A perlita tem uma dureza de aproximadamente de 200HB, resistência a ruptura de 80 kgf/mm2 (Lr ≈ 800 MPa) e alongamento de 15%. Cada grão de perlita está formado por lâminas ou placas alternadas de cementita e ferrita. A estrutura lamelar se observa na perlita quando ocorre resfriamento lento. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 14 a) b) Figura 2.17 – Perlitas. A) Perlita normal; B) Perlita sorbítica. Se o resfriamento é mais brusco, a estrutura é mais borrosa e é denominada então de perlita sorbítica. Há outros autores que consideram essa estrutura como sorbita. Se a perlita lamelar permanecer durante algum tempo a uma temperatura um pouco inferior a critica (727 °C) a cementita toma a forma de glóbulos incrustrados à massa da ferrita, recebendo assim, a denominação de perlita globular ou esferoidizada. Austenita - É uma solução sólida de carbono em ferro gama (Fe γ). É um dos constituintes mais elásticos dos aços. A quantidade de carbono dissolvido na estrutura cristalina, varia entre 0 e 2,11%, sendo a concentração de carbono de 2,11% a máxima solubilidade a temperatura de 1.148 °C. Pode-se obter estruturas austeníticas nos aços na temperatura ambiente, em aços com elevado teor de níquel, sendo esta austenita não estável e com o tempo poderá transformar-se em ferrita e perlita ou perlita e cementita. Elas se apresentam em aços ligas especiais como, por exemplo, o cromo-níquel, sendo denominadas de austenita retida ou residual. A austenita é formada por cristais cúbicos de face centrada (CFC), onde os átomos de carbono estão inseridos principalmente nas faces das células unitárias. Figura 2.18 – Austenita. A austenita nos aços carbono, se os mesmos não contem elementos de liga, começa a se formar em temperaturas de 727 °C (linha A1 ponto crítico inferior), e a partir da temperatura crítica superior (linha A3 ou Acm), encontra-se toda a massa transformada em cristais de austenita. A austenita tem dureza deaproximadamente 300HB, resistência a ruptura de 100 kgf/mm2 (Lr ≈ 1.000 MPa) e alongamento de 30% e não é magnética. Martensita - É uma solução sólida saturada de carbono em ferro alfa (Fe α). É obtida por resfriamento muito rápido dos aços, uma vez elevando-se à temperatura suficiente para conseguir uma constituição austenítica. A martensita se apresenta sob a forma agulhas devido a grande deformação da rede cristalina, visto que o resfriamento rápido mantém os átomos de carbono que estavam dissolvidos na estrutura cúbica de face centrada da austenita, mantendo-se na estrutura cúbica de corpo centrado do ferro alfa, a baixa temperatura. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 15 Antigamente acreditava-se que a martensita originava uma estrutura tetragonal em virtude da grande dureza, assemelhando-se a estrutura do diamante. A dureza da martensita pode atribuir-se à tensão produzida entre os cristais deformados, da mesma maneira que os metais deformados a frio, onde a tensão entre os grãos aumenta, em conseqüência, a dureza aumenta. A percentagem de carbono da martensita não é constante, sendo que varia até o máximo de 0,8%C, aumentando sua dureza, resistência mecânica e fragilidade, com o aumento de carbono. Sua dureza varia de 50 a 68 HRC, resistência mecânica de 175 a 250 kgf/mm2 (1.750 a 2.500 MPa), alongamento de 0,5 a 2,5% e é magnética. Figura 2.19 – Martensita. Bainita - É uma solução sólida saturada de carbono em ferro alfa (Fe α). É obtida também por resfriamento rápido dos aços com concentração de carbono acima de 0,3%. O processo de obtenção de bainita é similar ao da martensita, entretanto esta e evidenciada pelo início da transformação das lamelas de cementita, ou seja, um processo de transformação interrompida da perlita. Apresenta durezas intermediárias da perlita fina com a martensita. Em outras palavras, a bainita, tanto quanto a martensita, é um constituinte secundário da liga Fe-C que sofreu tratamento térmico com resfriamento rápido. Figura 2.20 – Bainita inferior. A bainita é obtida por transformação isotérmica da austenita, entre as temperaturas de 250 e 500 °C, durante um tempo suficiente para que toda massa se transforme. Tal operação recebe de peças de pequenas dimensões. Possui excelentes propriedades mecânicas e não necessita de operações de revenido após ter sido obtida. Pode-se obter dois tipos de bainita, dependendo da temperatura em que o material foi tratado. A bainita superior, de aspecto arborescente, é obtida entre a temperaturas de 300 e 500 °C e a bainita inferior de aspecto acicular, similar a martensita, é obtida entre temperaturas de 250 e 400 °C. As duas bainitas são constituídas por placas de carbono sobre uma matriz ferrítica. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 16 Trostita - A trostita se obtém por transformação isotérmica da austenita entre as temperaturas de 500 e 600 °C. A trostita também é obtida através do resfriamento com a velocidade inferior a crítica (velocidade crítica de resfriamento é a mínima velocidade para que toda a austenita se transforme em martensita). A trostita se apresenta em forma de módulos de lâminas radiais de cementita sobre a ferrita, parecidas com as da perlita, porem mais finas. A dureza da troostita é de aproximadamente 450HB, resistência mecânica de 250 kgf/mm2 (2.500 MPa) e alongamento de 7,5%. Figura 2.21 – Trostita. Sorbita - A sorbita é obtida por transformação isotérmica da austenita, entre as temperaturas de 600 e 650 °C e mantendo esta temperatura constante durante um tempo suficiente para toda massa se transforme. Também é obtida, quando resfriamos a austenita a uma velocidade bem inferior a velocidade crítica de resfriamento. Por essa razão aparece nos aços forjados e laminados, nos quais a velocidade de resfriamento suficientemente rápida não dá tempo para a formação da trostita. A sorbita se apresenta sob a forma de lâminas, ainda mais finas que as da trostita, e também parecidas com as da perlita. A dureza da sorbita é de aproximadamente 350 HB e resistência a ruptura de 100 kgf/mm2 (Lr ≈ 1.000 MPa) e alongamento de 15%. Figura 2.22 – Sorbita. Ledeburita - A ledeburita não é um constituinte dos aços, mas sim dos ferros fundidos. É encontrada nas ligas Fe-C com teores de carbono superior a 2,11%. É um constituinte eutético e empregada para designar uma mistura de componentes que passam sem decomposição nem segregação do estado sólido para o líquido. A ledeburita é obtida resfriando-se a liga líquida de 4,3% C desde temperatura de 1.148 °C, sendo estável até 727 °C, decompondo-se em ferrita e cementita. É formada por 52% de cementita e 48% de austenita. A quantidade total de carbono da ledeburita é de 4,3%. Figura 2.23 – Ledebuirta. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 17 Esteadita - É um constituinte de natureza eutética, e aparece nos ferros fundidos com mais de 0,15% de fósforo. Como a esteadita se compõem de uns 10% de fósforo aproximadamente, e quase todo fósforo da liga se encontra neste constituinte, pode-se calcular a percentagem de esteadita que contém o ferro fundido por sua quantidade de fósforo. Por exemplo, um ferro fundido que contém 0,15% de fósforo, terá aproximadamente 15% de esteadita. É muito dura e frágil, funde a 960 °C. Figura 2.24 – Esteadita. Grafita - A grafita é um dos três estados alotrópicos em que encontramos carbono livre na natureza. Possui cor marrom escuro e peso específico 2,25 g/cm3. Apresenta-se em forma de lâminas nos ferros fundidos cinzentos e em forma de esferoidal em alguns ferros fundidos especiais. Confere a liga ferrosa baixo valor de dureza, resistência mecânica, elasticidade e plasticidade. No entanto melhora a resistência ao desgaste (serve como lubrificante seco) e a corrosão. Em condições de resfriamento lento, as seguintes estruturas são formadas no aço: a) No aço hipo-eutetóide abaixo de 727 ºC; • Ferrita + Perlita. As quantidades de perlitas aumentam com o aumento do teor de carbono, diminuindo a quantidade de ferrita. Figura 2.25 – Microestrutura do aço hipo-eutetóide. Ferritas (claras), perlitas (escuras). b) No aço eutetóide; • Perlita. Com concentração de 0,77% de carbono encontram-se na matriz do aço somente grãos de perlitas. Figura 2.26 – Microestrutura de aço eutetóide. Somente perlitas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II Prof. Dr. Cláudio R. Losekann Direitos autorais reservados 18 c) No aço hiper-eutetóide até 2% de C; • Perlita + Cementita. Nos aços com teores acima de 0,77% de carbono se encontram grãos perlíticos e, no contorno de grão, a cementita, caracterizando fragilidade intergranular. Figura 2.27 – Microestrutura de aço hiper-eutetóide. Perlitas e cementitas. Nas condições normais, é evidente que nunca há velocidade infinitamente lenta. Por outro lado, os elementos de liga influem na morfologia do diagrama de equilíbrio. No caso de resfriamento convencional, por exemplo, forno, ar, óleo e água, há a formação de outros constituintes, como perlita fina, bainita superior e inferior, martensita. 2.4.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS - ABNT - SAE - AISI A classificação, denominada “classificação SAE”, foi organizada, apresentada e normalizada em 1.912 nos Estados Unidos da América do Norte, pela famosa
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