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Leis Especiais Gabriel Habib Lei de Tortura

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DISCIPLINA: Leis Especiais
PROFESSOR: Gabriel Habib
MATÉRIA: Lei de Tortura
Indicações de bibliográficas:
• Lei 9.455/97
Palavras-chave: 
• Conceito
• Requisitos
TEMA: Lei de Tortura
PROFESSOR: Gabriel Habib
Conceito de tortura - Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato 
pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la 
por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de 
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em 
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um 
funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou 
com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou 
sofrimentos que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a 
tais sanções ou delas decorram. (Art. 1° da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou 
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes)
Bem jurídico tutelado – Dignidade da pessoa humana e integridade física e psíquica (crime 
pluriofensivo).
Equiparação a hediondo – Art. 5°, XLIII, CRFB e Art. 2°, caput da Lei 8.072/90.
Competência – 
Será em regra da Justiça comum (estadual ou federal) e justiça militar (apenas julgará os crimes 
previstos no CPM)
Matéria:Leis Especiais – Prof: Gabriel Habib
Quando houver resultado qualificador (Art. 1°, § 3°) – Conduta ocorre num local e o resultado 
qualificador em outro local, a competência será do local onde ocorreu o resultado.
Conexão entre tortura e homicídio doloso – O júri tornar-se-á competente pelos dois crimes.
Questão probatória
Art. 158, CPP – Indispensável perícia com exame de corpo de delito, direto ou indireto.
Art. 167, CPP – Caso não seja possível o exame de corpo de delito admitir-se-á a produção de 
prova testemunhal ou documental como forma de supressão.
Tipos penais
Tratam-se em regra de crimes comuns.
Art. 1°, I – Com violência ou grave ameaça, constrange alguém causando sofrimento físico ou 
mental com o especial fim de agir.
≠ do art. 146 do CP, pois constrange-se a vítima com o especial fim de agir das alíneas a, b ou c 
do art. 1° desta lei.
Alínea a – Tortura probatória/persecutória/institucional/inquisitorial.
Sujeito ativo – Comum
Consumação – Basta o sofrimento físico ou mental da vítima. Crime formal.
Alínea b – Tortura crime
Sujeito ativo – Comum
Abuso de autoridade – Se houver o especial fim de agir, a tortura absorve o crime de abuso de 
autoridade.
 No caso de haver o resultado, a vítima da tortura que praticou o crime agiu sob coação 
moral irresistível (Art. 22, CP) que é hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, havendo 
absolvição por esta conduta e o causador da tortura responderá de forma imediata pelo crime 
de tortura e pelo crime de homicídio de forma mediata sob concurso material.
Contravenções penais – Não estão abrangidas por este tipo penal.
Alínea c – Tortura discriminatória/preconceituosa/racismo
Sujeito ativo – Comum
Matéria:Leis Especiais – Prof: Gabriel Habib
Especial fim de agir – Por motivo de raça ou religião
Consumação – Sofrimento físico ou mental da vítima. Crime formal.
Delitos de intenção ou tendência interna transcendente (Mezger)
 O agente age com seu dolo mas além do dolo possui elemento subjetivo que está para 
além do dolo, algo a mais, especial fim de agir, intenção específica.
Pode ser:
Delito de resultado cortado – São delitos nos quais o agente pratica a conduta com o seu dolo e 
visa obter um resultado ulterior que está além do seu dolo. A obtenção deste resultado ulterior não 
depende da intervenção do agente. Exemplos: Art. 333 e 159 do CP e Art. 1°, I, a, b da lei de 
tortura.
Delitos mutilados de dois atos – São delitos nos quais o agente pratica um delito e este é um 
passo prévio para praticar um outro delito e esse depende da intervenção do agente. Exemplos: 
Art. 288 e 289, caput do CP.
≠Consunção – Nesta o dolo do agente é de praticar o segundo crime, entretanto passa pelo 
primeiro que é o crime meio. Nos delitos mutilados o agente tem o dolo no primeiro crime.
Art. 1, II – Tortura castigo/Punitiva
I ≠ II – Pessoa sob guarda, poder ou autoridade, como forma de aplicar castigo ou medida de 
caráter preventivo.
Sujeito ativo – Próprio – Deve ter a relação de guarda parentesco ou autoridade.
Especial fim de agir – Como forma de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo.
Consumação – Sofrimento físico ou mental da vítima. Crime material.
≠ art. 136, CP – Na lei de tortura trata-se de um crime de perigo, a intenção, dolo é castigar a 
vítima, causar sofrimento intenso, e no art. 136 do CP intenção é repreender uma indisciplina, há 
o caráter educativo, crime de perigo.
Art. 1°, § 1° - Pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, por ato não previsto em lei ou não 
resultante de medida legal.
Sujeito ativo – Próprio, quem tem a guarda da pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.
Sujeito passivo – A pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.
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Consumação - Sofrimento físico ou mental da vítima. Crime material.
Art. 1°, § 2° - Quem se omite nas condutas do § 1°, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las.
Crime omissivo próprio – Aquele que se omite.
Consumação – Com a mera omissão. Não admite tentativa.
Crime próprio – Quem tem o dever de evitá-las ou apurá-las.
Princípio da especialidade – O art. 1°, § 2° prevalece sobre os arts. 319 e 320 do CP, estes não 
deverão ser aplicados, responderá pela omissão na tortura.
Art. 1, § 3° - Qualificadoras, delito preter doloso (culposo)
Se o resultado se der a título de dolo haverá concurso de crimes.
Não abrange a lesão corporal leve pois todos os tipos penais possuem violência como elemento 
do tipo, e esta já configura a lesão leve.
Art. 1°, § 4° - Causas de aumento de pena.
I – Agente público (Art. 327, CP), não se aplica ao art. 1°, § 1° pois já tem o agente público como 
elemento do tipo e ao § 2° pois quem tem o dever de apurar ou evitar já é um agente público.
II – Questões de aplicação da pena 
Criança ou adolescente – ECA
Gestante – Em qualquer estágio, não incidindo o art. 61, II, h do CP
Portador de deficiência – Qualquer uma
Idoso - Não incide o art. 61, II, h do CP
III – Mediante sequestro – Só incidirá se a privação de liberdade for um meio para a prática da 
tortura, ao fim desta a vítima é posta em liberdade. Caso contrário não se aplicará a majorante, 
haverá concurso de crimes entre o art. 1, I e art. 148 do CP.
Art. 1, § 5° - A condenação acarretará perda do cargo e interdição para o seu exercício pelo dobro 
do prazo da pena aplicada. Esta perda é automática, não necessita ser mencionada pelo juiz 
(informativo 549, STJ).
Art. 1°, § 6° - Vedação a fiança, graça e anistia.
Jurisprudência do STF e STJ entende também não cabe indulto por haver vedação expressa no 
art. 2°, I da lei 8.072/90. Caberá livramento condicional.
Art. 1°, § 7º - Regime inicial fechado foi declarado inconstitucional (Informativo 672, STF).
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Art. 2° - Exceção ao princípio da territorialidade (Art. 5°, CP) adotando o princípio da 
personalidade passiva (Art. 7°, § 3°, CP). A competência não será automática da justiça federal, 
exceto se cabíveis hipóteses do art. 109 da CRFB (informativo 549, STF).
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