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Antipsicóticos: Tratamento para Esquizofrenia

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ANTIPSICÓTICOS
	Os antipsicóticos ou neurolépticos são fármacos utilizados no tratamento da esquizofrenia e em outros casos de psicoses e estados de agitação. 
	Um breve resumo de esquizofrenia...
	Esquizofrenia é um tipo de psicose que pode se manifestar subitamente (surto psicótico) ou de forma lenta (de meses a anos). O início se dá geralmente na adolescência ou no início da vida adulta. Indivíduos normais possuem referenciais os quais norteiam a sua vida. Na esquizofrenia ocorre uma perda desses referenciais, aliada a algumas alterações comportamentais e afetivas, fazendo com que o paciente tenha sua própria percepção da realidade, que não a realidade vivida pelas pessoas ao seu redor.
	A esquizofrenia apresenta sintomas psicóticos que se caracterizam por:
- Incapacidade de distinguir a fantasia da realidade;
- Alterações do pensamento (idéias delirantes, ex: o paciente acha que tem poderes sobrenaturais, ou acha que é a reencarnação de Cristo);
- Alterações da percepção ou alucinações. A mais comum é a auditiva, que se caracterizam por vozes alucinatórias que comentam os atos do paciente (ecos do pensamento);
- Discurso incoerente: prolixo, com mutismo (o paciente fica mudo, introspectivo) ou tendência a discutir;
- Imobilidade motora ou aquisição de posições estranhas;
- Atividade motora excessiva e repetitiva (estereotipada);
- Alucinações visuais;
- Ira e raiva;
- Delírio persecutório (o paciente tem a impressão de que está sendo vítima de conspiração, traição, espionagem, perseguição, envenenamento, etc);
- Embotamento afetivo (o paciente se torna insensível, indiferente, desmotivado e sem iniciativa);
- Alterações interpessoais (o paciente passa a ser rejeitado por pessoas de seu convívio e isso acaba culminando com o seu absoluto isolamento).
	A esquizofrenia é uma doença multifatorial, ou seja, é causada por uma união de fatores. Os mais estudados dentre eles (não significa que são comprovadamente fatores predisponentes) são: componentes genéticos, anormalidades estruturais cerebrais, fatores psicológicos e infecções.
Hipóteses para explicar a esquizofrenia:
Fatores genéticos: A doença mostra uma tendência hereditária.
Teorias neuroquímicas: Tem a serotoninérgica e a dopaminérgica, mas a mais aceita é a dopaminérgica, que consiste no excesso de dopamina. Existem 4 vias dopaminérgicas principais (mas apenas duas estão envolvidas com a esquizofrenia - no entanto, o antipsicótico age nas 4 vias):
- Nigroestriatal: Relacionado aos núcleos da base e controle fino da motricidade. A redução de dopamina está ligada à doença de Parkinson, logo, o uso de drogas antipsicóticas pode produzir alterações motoras semelhantes a tal doença.
- Túbero-infundibular: Constituída por neurônios com corpo celular no hipotálamo e axônios que terminam na hipófise. As drogas antipsicóticas, ao agir nessa região causam o aumento da secreção de prolactina (causando galactorréia) e promovem distúrbios sexuais.
- Mesolímbica: Diretamente envolvida com a esquizofrenia caracterizada pelos sintomas + (alucinações, desilusão, sensações desagradáveis e agressividade).
* Os pacientes com sintomas positivos respondem bem ao tratamento!!!
- Mesocortical: Diretamente envolvida com a esquizofrenia caracterizada pelos sintomas – (demência, embotamento afetivo, anulação das respostas emocionais, retraimento social, perda da iniciativa e até comprometimento da higiene pessoal).
* Os pacientes com sintomas negativos respondem mal ao tratamento, o que significa que possuem um prognóstico ruim.
	Os fármacos utilizados no tratamento dessa doença diminuem a atividade dopaminérgica porque:
- Ou esgotam as reservas de dopamina,
- Ou funcionam como antagonistas da dopamina.
	Drogas que aumentam a atividade dopaminérgica agravam a esquizofrenia. São elas:
- Levodopa: fármaco utilizado no tratamento da doença de Parkinson.
- Apomorfina: emético também usado na disfunção erétil.
- Bromoergoeriptina: fármaco utilizado no tratamento da galactorréia.
- Anfetamina: aumenta a liberação de dopamina.
- Cocaína: inibe a recaptação de dopamina.
Conduta Terapêutica:
Farmacoterapia
Grupos de apoio
Psicoterapia de grupo
Psicoterapia familiar.
Tratamento Farmacológico:
Clássicos:
- Fenotiazídicos: Clorpromazina, Flufenazina, Perfenazina, Tioridazina e Trifluoperazina.
- Butirofenonas: Haloperidol (Aldol®).
- Tioxantênicos: Tiotixeno.
Atípicos: Sulpirida, Loxapina, Clozapina, Risperidona, Olanzapina, Quetiapina.
	As drogas antipsicóticas são drogas não seletivas!!!!
	Os fármacos atípicos são mais vantajosos que os clássicos por que:
1. Produzem menos efeitos extrapiramidais
2. Apresentam maior eficácia em pacientes refratários
3. Sua eficácia em tratar os sintomas negativos
Não aumentam a secreção de prolactina
Mecanismo de ação
São antagonistas competitivos da dopamina, ou seja, competem com ela pelo mesmo receptor.
Farmacocinética
Absorção e Distribuição: 
- A absorção é rápida, porém incompleta
- Alguns sofrem um metabolismo de primeira passagem significativo
- Ligam-se às proteínas plasmáticas
- São seqüestrados para compartimentos lipídicos do corpo, por isso possuem ação clínica mais prolongada que o estimado pela sua meia-vida.
Excreção:
- Urinária (eu acho)
Efeitos Farmacológicos
(A clorpromazina tem uma ampla variedade de efeitos no SNC, no SN Autônomo e no Sistema endócrino)
- Efeitos psicológicos: Em pessoas normais, os antipsicóticos causam disforia (mudança repentina e transitória do estado de ânimo) e comprometimento psicomotor, mas em indivíduos psicóticos, tira a agitação da fase aguda da doença e o acalma. A melhora da psicose é lenta.
* O efeito é dose-dependente e doses maiores podem acabar causando catalepsia (comprometimento grave da atividade motora).
- Efeitos comportamentais: Apatia, quietude, tranquilização, Síndrome Neuroléptica (indiferença afetiva, lentidão psicomotora).
- Ação antiemética. (Esses fármacos não são úteis na cinetose!)
- Efeitos endócrinos: Mulheres: Amenorréia, galactorréia e aumento da libido; Homens: Redução da libido e ginecomastia.
- Efeitos cardiovasculares: ↓ PA, ↓ RVP e ↓ Volume Sistólico.
Atuação nos receptores: (Por atuarem em um grande número de receptores, causam muitos efeitos adversos)
Reações Adversas
* Os antipsicóticos NÃO produzem Síndrome de abstinência caso sejam retirados abruptamente.
- Efeitos neurofisiológicos: Hipersincronismo, ou seja, ↓ o limiar para a convulsão (devemos ter cuidado com pacientes epiléticos).
- Efeitos extra-piramidais (principalmente os antipsicóticos clássicos): Tremor semelhante ao que ocorre na Síndrome de Parkinson (devido ao bloqueio da via dopaminérgica nigroestriatal); Acatisia (inquietude, hiperatividade motora leve a moderada). Frequentemente a acatisia é interpretada c/ aumento da agitação levando a um acréscimo na dose o que piora o quadro; Reação Distônica Aguda (movimentos espontâneos e involuntários); Discinesia tardia (movimentos bizarros em face, boca, língua- em idosos; tronco e membros- em jovens. É uma manifestação tardia do uso de antipsicóticos e, provavelmente, a mais importante).
(O Parkinsonismo causado pelos antipsicóticos pode ser tratado com drogas antiparkinsonianas convencionais do tipo antimuscarínico. A acatisia e as reações distônicas agudas também respondem a esse tratamento mas utiliza-se preferencialmente um anti-histamínico sedativo com propriedades anticolinérgicas, como o difenidramina)
- Bloqueio de receptores histaminérgicos H1: Sedação.
- Ganho de peso: o motivo é desconhecido.
- Sistema Nervoso Autônomo:
		- Bloqueio Muscarínico: Boca seca, Visão borrosa, Fotofobia Constipação intestinal, Retenção urinária, Diminuição da sudorese.
		- Bloqueio Adrenérgico: Distúrbios da ejaculação, entupimento nasal, hipotensãoortostática, taquicardia reflexa.
- Efeitos Endócrinos: (Bloqueio da via túbero-infundibular)↓ da secreção de prolactina, causando Amenorréia, galactorréia, aumento da libido em mulheres, ginecomastia e redução da libido em homens.
OBS: Tolerância:
	Acontece para a maioria dos efeitos da clorpromazina exceto para: 
• Ações antipsicóticas
• Distúrbios do movimento
Indicações clínicas para as drogas antipsicóticas
Indicações psiquiátricas:
– esquizofrenia
– Desordens esquizofrênicas
– Demência senil
Indicações não psiquiátricas:
– Ação Anti-emética (zona do gatilho)
– Prurido (bloqueio H1)
– Sedação pré-operatória (promethazine)
– Anestesia neuroléptica (Droperidol + Fentanyl)
Interações farmacológicas (com a Clorpromazina)
- Anticonvulsivantes: ↓ o limiar para a convulsão (???);
- Álcool: Deprime o SNC;
- Anfetamina: Agrava o quadro psicótico;
- Anti-histamínicos: Prolonga o intervalo QR, causando arritmias (Torsades de Pointes)
- Anti-ácidos: ↓ absorção da Clorpromazina;
- Anticolinérgicos: Potencializa o bloqueio muscarínico;
- Hipotensores: Efeito aditivo (lembrar que os antipsicóticos causam hipotensão ortostática, por bloqueio adrenérgico);
- Antiparkinsonianos (A Clorpromazina antagoniza os efeitos da Levodopa, que é um fármaco antiparkinsoniano que aumenta a quantidade de dopamina).
*Síndrome Neuroléptica Maligna: É uma complicação rara proveniente do uso de antipsicóticos, que ocorre em pacientes que são extremamente sensíveis aos efeitos extrapiramidais desses fármacos. Ocorre rigidez muscular e pode ocorrer aumento da temperatura (hipertermia maligna). Essa síndrome pode causar a morte de 10-20% dos pacientes. O tratamento da Síndrome Neuroléptica Maligna se faz com Bromoergocriptina (agonista da dopamina) e Dantrolene (Relaxante Muscular).

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