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11 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Aula 5 RENATO CABRAL GUIMARÃES MECÂNICA DOS SOLOS I 22 1. Introdução ➢ Em solos arenosos somente as curvas granulométricas são suficientes para sua identificação. Materiais com curvas granulométricas semelhantes comportam-se também de forma semelhante, desde que tenham a mesma compacidade. ➢ Para os solos finos, definidos como aquele cuja maioria dos grãos tem diâmetro inferior a cerca de 0,075 mm, isso não ocorre. ➢ Os argilo minerais que formam as argilas tem grande influência no comportamento dos solos, sendo que solos com mesma porcentagem de argila, mas formado por argilo minerais diferentes podem apresentar comportamento bem diferente. 33 1. Introdução ➢ O estudo da influência dos argilos minerais no comportamento dos solos envolve estudos complexos, por exemplo, análises por difração de raios-X, ou seja, estudos que não são práticos. ➢ A partir do trabalho de Atterberg, que criou ensaios e índices para verificar a influência das partículas argilosas para aspectos agronômicos, o professor de Mecânica dos Solos Arthur Casagrande adaptou e padronizou estes ensaios para a engenharia. 44 1. Introdução ➢ Os limites de Atterberg e índices correlatos são análises indiretas que têm se tornado uma forma mais prática de identificar a influência das partículas argilosas no comportamento dos solos. ➢ Os limites estão baseados no conceito de um solo de granulação fina pode existir em qualquer dos quatros estados dependendo do seu teor de umidade. 55 1. Introdução w (%) wC wP wL ESTADO SÓLIDO ESTADO SEMI- SÓLIDO ESTADO PLÁSTICO ESTADO LÍQUIDO 66 1. Introdução Sólido Semi-Sólido Plástico Líquido ws wP wL w (%) Volume da amostra 77 1. Introdução Mineral Superfície específica (m2/g) Íon Trocável wL (%) wP (%) wC (%) Montmorilonita 800 Na 710 54 10 K 660 98 9 Ca 510 81 11 Mg 410 60 11 Fe 290 75 10 Ilita 80 Na 120 53 15 K 120 60 18 Ca 100 45 17 Mg 95 46 15 Fe 110 49 15 Caulinita 10 Na 53 32 27 K 49 29 - Ca 38 27 25 Mg 54 31 29 Fe 59 37 29 88 2. Conceitos teóricos dos limites de Atterberg Os limites de consistência (Atterberg) são teores de umidade arbitrariamente estabelecidos para definir a trabalhabilidade de materiais cerâmicos. LIMITE DE LIQUIDEZ: foi definido por Casagrande como “teor de umidade para o qual um sulco/ranhura longitudinal feito por um cinzel padrão será fechado em um comprimento de 13 mm quando o recipiente (concha) onde está a amostra de solo é forçado a cair 25 vezes de uma altura padrão de 10amm.” 99 2. Conceitos teóricos dos limites de Atterberg 1010 2. Conceitos teóricos dos limites de Atterberg 1111 2. Conceitos teóricos dos limites de Atterberg LIMITE DE PLASTICIDADE: é definido pela determinação do teor de umidade que marca o ponto onde o solo começa a fraturar-se quando se tenta moldar, rolando-se sobre uma placa de vidro com a mão um cilindro de diâmetro igual a 3 mm e comprimento de aproximadamente 10 cm. 1212 2. Conceitos teóricos dos limites de Atterberg ÍNDICE DE PLASTICIDADE: intervalo de umidade na qual o solo permanece no estado plástico. plástico w (%) wC wP wL Índice de plasticidade = limite de liquidez – limite de plasticidade Variação do IP Classificação 1 < IP ≤ 7 Fracamente plástico 7 < IP ≤ 15 Mediamente plástico 15 < IP Altamente plástico 1313 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Norma ABNT - NBR 6459/2016 - Solo — Determinação do limite de liquidez; ➢ Equipamentos: a) estufa capaz de manter a temperatura de 60°C a 65°C e 105°C a 110°C; b) cápsula de porcelana com aproximadamente 120 mm de diâmetro; c) espátula de lâmina flexível com aproximadamente 80 mm de comprimento e 20 mm de largura; d) aparelho Casagrande; e) cinzel; 1414 3. Ensaio de Limite de Liquidez 1515 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Equipamentos: f) recipientes adequados que evitem a perda de umidade da amostra, como pares de vidros côncavos com grampo; g) balança que permita pesar nominalmente 200 g, com resolução de 0,01 g e sensibilidade compatível; h) gabarito para verificação da altura de queda de concha; i) esfera de aço com 8 mm de diâmetro. 1616 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Execução do Ensaio: ✓ Colocar a amostra na cápsula de porcelana, adicionar água destilada em pequenos incrementos, amassando e revolvendo, vigorosa e continuamente com auxílio da espátula, de forma a obter uma pasta homogênea, com consistência tal que sejam necessários da ordem de 35 golpes para fechar a ranhura. ✓ O tempo de homogeneização deve estar compreendido entre 15 min e 30 min, sendo o maior intervalo de tempo para solos mais argilosos. 1717 3. Ensaio de Limite de Liquidez 1818 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Execução do Ensaio: ✓ Transferir parte da mistura para a concha, moldando-a de forma que na parte central a espessura seja da ordem de 10 mm. ✓ Realizar esta operação de maneira que não fiquem bolhas de ar no interior da mistura. ✓ Retornar o excesso de solo para a cápsula. ✓ Dividir a massa de solo em duas partes, passando o cinzel por meio desta, de maneira a abrir uma ranhura em sua parte central, normalmente à articulação da concha. O cinzel deve ser deslocado perpendicularmente à superfície da concha. 1919 3. Ensaio de Limite de Liquidez 2020 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Execução do Ensaio: ✓ Golpear a concha contra a base, deixando-a cair em queda livre, girando a manivela à razão de duas voltas por segundo. Anotar o número de golpes necessário para que as bordas inferiores da ranhura se unam ao longe de 13 mm de comprimento, aproximadamente. ✓ Transferir, imediatamente, uma pequena quantidade do material para junto das bordas que se uniram para um recipiente adequado para determinação de umidade, conforme a ABNT NBR 6457. ✓ Transferir o restante da massa para a cápsula de porcelana. Lavar e enxugar a concha e o cinzel. 2121 3. Ensaio de Limite de Liquidez 2222 3. Ensaio de Limite de Liquidez 2323 3. Ensaio de Limite de Liquidez 2424 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Execução do Ensaio: ✓ Adicionar água destilada à amostra e homogeneizar durante pelo menos 3 min, amassando e revolvendo vigorosa e continuamente com o auxílio da espátula. ✓ Repetir as operações descritas anteriormente, obtendo o 2º ponto de ensaio. ✓ Repetir as operações de modo a obter pelo menos mais três pontos de ensaio, cobrindo o intervalo de 35 a 15 golpes. 2525 3. Ensaio de Limite de Liquidez w (%) 25 wL No de Golpes (log) ➢ Resultado. 2626 3. Ensaio de Limite de Liquidez ➢ Expressão dos resultados. ✓ O resultado obtido deve ser expresso em porcentagem, aproximando para o número inteiro mais próximo. ✓ Deve ser indicado o processo de preparação da amostra (com ou sem secagem prévia ao ar). ✓ Na impossibilidade de se conseguir a abertura da ranhura ou o seu fechamento com mais de 25 golpes, considerar a amostra como não apresentando limite de liquidez (NL). 2727 4. Ensaio de Limite de Plasticidade ➢ Norma ABNT - NBR 7180/2016 - Solo — Determinação do limite de plasticidade; ➢ Equipamentos: a) estufa capaz de manter a temperatura de 60°C a 65 °C e de 105°C a 110°C; b) espátula de lâmina flexível com aproximadamente 80 mm de comprimento e 20 mm de largura; c) balança que permita pesar nominalmente 200 g, com resolução de 0,01g e sensibilidade compatível; d) gabarito cilíndrico para comparação com 3 mm de diâmetro e cerca de 100 mm de comprimento; e) placa de vidro de superfície esmerilhada com cerca de 30 cm de lado. 2828 ➢ Execução do Ensaio: ✓ Colocar a amostra na cápsula de porcelana, adicionar água destilada em pequenos incrementos, amassando e revolvendo, vigorosamente e continuamente, com o auxílio da espátula, de forma a obter uma pasta homogênea, de consistência plástica. O tempo ideal de homogeneização deve estar compreendido entre 15 min e 30 min, sendo o maior intervalo de tempo para solos mais argilosos. ✓ Tomar cerca de 10 g da amostra preparada e formar uma pequena bola, que deve ser rolada sobre a placa de vidro com pressão suficiente da palma da mão para lhe dar a forma de cilindro. 4. Ensaio de Limite de Plasticidade 2929 4. Ensaio de Limite de Plasticidade 3030 ➢ Execução do Ensaio: ✓ Se a amostra se fragmentar antes de atingir o diâmetro de 3 mm, retorná-la à cápsula de porcelana, adicionar água destilada, homogeneizar durante pelo menos 3 minutos, amassando e revolvendo vigorosa e continuamente com auxílio da espátula, e repetir o procedimento descrito anteriormente. ✓ Se a amostra atingir o diâmetro de 3 mm sem se fragmentar, amassar o material e repetir o procedimento descrito anteriormente. 4. Ensaio de Limite de Plasticidade 3131 ➢ Execução do Ensaio: ✓ Quando o cilindro se fragmentar, com diâmetro de 3 mm e comprimento da ordem de 100 mm (o que se verifica com o gabarito de comparação), transferir imediatamente as partes deste para um recipiente adequado, para determinação da umidade conforme a ABNT NBR 6457. ✓ Repetir as operações de modo a obter pelo menos três valores de umidade (ideal são cinco valores de umidade). 4. Ensaio de Limite de Plasticidade 3232 4. Ensaio de Limite de Plasticidade 3333 ➢ Expressão dos resultados: ✓ Considerar satisfatórios os valores de umidade obtidos quando de pelo menos três nenhum deles diferir da respectiva média de mais que 5 % dessa média. ✓ O resultado final, média de pelo menos três valores de umidade considerados satisfatórios, deve ser expresso em porcentagem, aproximado para o inteiro mais próximo. ✓ Deve ser indicado o processo de preparação da amostra (com ou sem secagem prévia ao ar). ✓ Na impossibilidade de se obter o cilindro com 3 mm de diâmetro, considerar a amostra como não apresentando limite de plasticidade (NP). 4. Ensaio de Limite de Plasticidade 3434 A literatura técnica apresenta diversos tipos de correlações a partir dos limites de liquidez e plasticidade. a) estão permanentemente sendo aperfeiçoadas; b) devem ser utilizadas com muita cautela e como informação preliminar; c) cada solo traz consigo suas características próprias (regionais). Não pode generalizar. EXEMPLOS: 5. Aplicações práticas 3535 5. Aplicações práticas 3636 5. Aplicações práticas ÍNDICE DE ATIVIDADE m2rtículasemPesodePa% ,%)IP(asticidadeÍndicedePl IA ÍNDICE DE ATIVIDADE CLASSIFICAÇÃO DA ARGILA < 0,75 INATIVA 0,75 – 1,25 NORMAL > 1,25 ATIVA 3737 5. Aplicações práticas 20 100500 20 0 40 60 Limite de Liquidez Ín d ic e d e P la st ic id ad e Alta plasticidadeBaixa Plasticidade 35 Silte Argila CH ou OH MH ou OH CL ou OL ML ou OL 3838 5. Aplicações práticas Índice de Liquidez (IL) ou Índice de Consistência (IC) ➢ Consistência é definida como a maior ou menor dureza em que uma argila é encontrada na natureza. A consistência refere-se sempre a solos coesivos (solos não arenosos). A dureza de uma massa de solo varia inversamente com o seu teor de umidade. ➢ Para grandes teores de umidade ele é mole, como uma lama, e para pequenos teores de umidade ele é duro, como um tijolo. A consistência de um solo pode ser definida em função do índice de liquidez que expressa a consistência do solo no estado em que se encontra no campo, a partir da umidade obtida em campo e do limite de liquidez e do índice de plasticidade, conforme descrito a seguir. 3939 5. Aplicações práticas Índice de Liquidez (IL) ou Índice de Consistência (IC) P L L I ww I IL < 0 – Consistência de vaza; 0 < IL < 0,5 – Consistência plástica mole; 0,5 < IL < 0,75 – Consistência plástica média; 0,75 < IL < 1 – Consistência plástica rija; IL > 1 – Consistência dura. 4040 5. Aplicações práticas ➢ Os limites de Atterberg e índices correlatos têm provado ser muito úteis para identificação e classificação do solo. Os limites são frequentemente utilizados diretamente em especificações para controle de solo para uso em aterro e em métodos semi- empíricos de projeto. ➢ O índice de plasticidade, indicando a magnitude da faixa de teor de umidade em que o solo permanece plástico, e o índice de liquidez, indicando a proximidade de um solo natural no limite de liquidez, são características particularmente úteis do solo. ➢ A especificação de serviço do DNIT para base estabilizada granulometricamente (DNER-ES 303/97) especifica que a fração que passa na peneira Nº 40 deverá apresentar limite de liquidez inferior ou igual a 25% e índice de plasticidade inferior a 6%; quando esses limites forem ultrapassados, o equivalente de areia deverá ser maior que 30%. 4141 6. Comentários Finais A HABILIDADE NA EXECUÇÃO DOS ENSAIOS DE LIMITES DE LIQUIDEZ E PLASTICIDADE PODE SER NATA (VIR COM O OPERADOR) OU PODE SER ADQUIRIDA COM ESFORÇO DE APRENDIZADO E A PRÁTICA DO DIA-A-DIA. DIFERENTES TIPOS DE SOLOS, ALGUMAS VEZES, PODEM DAR MUITO TRABALHO AO OPERADOR PARA SE ATINGIR RESULTADOS DESEJÁVEIS, MESMO PARA OPERADORES EXPERIENTES.
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