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REVISAO Direito Civil IV

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DIREITO DAS COISAS
(Fonte: Vídeo aula da Prof.ª. Patrícia Esteves complementadas pela doutrina do Prof. Flávio Tartuce)
CONCEITO – O Direito das Coisas regula o poder dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica. O Direito Civil vai dizer como o homem pode exercer esse poder, a maneira adequada de exercício do poder sobre a coisa. Coisa é tudo que existe desde que não seja pessoa. Bem é a coisa propriamente dita, mas possui valor econômico.
CARACTERÍSTICAS – apesar de inexistir consenso na doutrina, podemos apontar as seguintes características geralmente enumeradas:
A oponibilidade erga omnes - significa que seu direito real é oponível contra toda a sociedade. O sujeito ativo é determinado, já o passivo é indeterminado. 
O direito de sequela – ele determina a aderência do direito a coisa e com ela permanece mesmo que a coisa mude de dono. O direito acompanha a coisa mesmo que não esteja com o titular inicial.
A exclusividade – em regra o direito real é exclusivo. Podendo ser excepcionalmente exercido em condomínio. 
A preferencia - em favor de um titular de direito real; 
a taxatividade – a taxatividade determina que apenas os previstos em lei (art. 1225) são direitos reais, configurando-se numerus clausus. 
CLASSIFICAÇÃO
Quanto à propriedade do bem
-Direitos reais sobre coisa própria: a propriedade
-Direitos reais sobre a coisa alheia: incidem sobre bem de propriedade de outrem. Dividem-se em: direitos reais de gozo ou fruição; direitos de garantia; direito real de aquisição.
Quanto aos poderes do titular do direito real
-Direitos reais limitados: o proprietário reúne apenas algumas das faculdades inerentes à propriedade;
-Direitos reais ilimitados: o proprietário reúne todas as faculdades inerentes a propriedade. GRUD - Gozar, Reivindicar, Usar e Dispor.
DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS REAIES E OBRIGACIONAIS
	DIREITOS REAIS
	DIREITOS OBRIGACIONAIS
	Recai sobre a coisa
	Recai sobre as relações humanas
	Absoluto; oponível erga omnes
	Relativo; só é oponível ao devedor
	Só há um titular, exercida de forma direta e imediata. 
	Credor e devedor vinculados pela prestação
	É atributiva.
	É cooperativa
	Concede gozo e fruição de bens
	Concede uma ou mais prestações efetuadas pelo devedor
	É permanente
	É transitório 
	Possui direito de sequela vinculado ao bem
	A execução recai sobre o patrimônio geral
	É em número finito (numerus clausus)
	É finito (numerus apertus)
OBJETO DO DIREITO DAS COISAS – podem ser coisas corpóreas, imóveis, móveis ou incorpóreas. Assim podem existir direitos sobre direitos, que são bens incorpóreos.
SUJEITOS
Sujeito Ativo – titular do direito subjetivo absoluto sobre o bem. Pode exercer o direito de sequela e será sempre possuidor (ainda que, dependendo do desdobramento da relação possessória, seja possuidor indireto).
Sujeito Passivo - sobre quem recai o dever de respeito ao exercício do direito pelo sujeito ativo. Conforme já visto anteriormente, diz-se que na relação de direito real há sujeição passiva universal.
OBRIGAÇÃO PROPTER REM - obrigações decorrentes de um direito real. Decorrente da lei (ex lege) e não da vontade do titular do direito (ex voluntate).
Não confundir com:
Ônus reais - limitações impostas pelo exercício de um direito real
Obrigações com eficácia real - relações obrigacionais que produzem eficácia erga omnes.
POSSE
ORIGEM – A origem da posse é justificada no poder físico sobre as coisas e a necessidade do homem de se apropriar de bens.
PRINCIPAIS TEORIAS:
TEORIA SUBJETIVA (Savigny) – segundo o autor a posse resulta da conjunção de dois elementos: o corpus e o animus. Só tem a posse aquele que tem o domínio físico sobre ela e também a intenção que exterioriza a qualidade de proprietário dela. Para você ser possuidor precisa de domínio físico aliado a vontade de se apoderar, de ser proprietário.
Posse seria o poder de dispor fisicamente a coisa, com animo de tê-la como sua e defende-la contra terceiro.
Elemento subjetivo: vontade de ser dono (animus domini)
Elemento objetivo: relação física com a coisa (corpus)
POSSE = CORPUS + ANIMUS DOMINI
OBS.: DETENÇÃO
Ao exigir elemento subjetivo (animus domini) como requisito fundamental para caracterização da posse, a doutrina subjetiva considera simples detentores o locatário, o comodatário, o depositário, o mandatário, e outros que possuiriam apenas o poder físico sobre a coisa. Não é admitido o desdobramento da relação possessória, pois não se admite a posse por outrem.
A detenção é quando você não é considerado o possuidor da coisa, mas está fisicamente sobre aquele bem. Todo mundo que não tinha o animus domini pela coisa era considerado mero detentor.
TEORIA OBJETIVA DA POSSE (Ihering) - A posse é a exteriorização da propriedade, por isso, para caracterizar a posse basta o exercício em nome próprio poder de fato sobre a coisa. Toda pessoa que usa, frui, dispõe ou tem a possibilidade de reivindicação de determinado bem é considerado possuidor. Difere da teoria subjetiva, pois não há a necessidade do animus domini, a intenção de ser proprietário daquela coisa. Quando você exerce em nome próprio poderes inerentes ao da propriedade você é considerado possuidor da coisa.
Elemento objetivo: conduta de dono (corpus). É possuidor aquele que se comporta como dono em relação à coisa, isto é, aquele que exerce algum dos poderes inerentes à propriedade.
Elemento subjetivo: vontade de ser possuidor (animus tenendi) está embutida no corpus, isto é, na maneira como a pessoa se comporta com a coisa. 
CODIGO CIVIL 2002 – ADOTA TEORIA OBJETIVA
Art. 1.196 - Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Ou seja, não precisa ter todos os poderes inerentes a propriedade, basta que tenha alguns para ser caracterizado como possuidor. Alguns dos principais poderes são: Gozar, Reivindicar, Usar, Dispor (GRUD).
Enunciado nº 236, III Jornada - Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica.
DISTINÇÃO DE POSSE E DETENÇÃO (Teoria Objetiva)
Posse: exercício do poder de fato em nome próprio exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa.
Detenção: exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio. Também conhecida como posse degradada pela lei.
Art. 1.198 - Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único - aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
OBS: aquele que adquire a posse de modo contrário ao direito também é considerado detentor.
Art. 1.208 – Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Enunciado nº 301, Jornada Direito Civil STJ - É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
São havidos como detentores ou possuidores:
Os que exercem o poder de fato sem intenção de agir como beneficiário do direito;
Os que simplesmente se aproveitam da tolerância do titular do direito;
Os representantes ou mandatários do possuidor e, de um modo geral, todos os que possuem.
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE - Os autores divergem quanto a definição da natureza jurídica da posse:
Clóvis Beviláqua: a posse é um estado de fato.
Caio Mário da Silva Pereira: a posse é um direito real.
Entretanto, a maioria da doutrina vem entendendo que a posse trata-se de um estado de fato. Não se trata de um direito real por não estar elencada no rol do art. 1225 do CC, e não estar determinado na lei o modo de aquisição desses poderes.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE – A posse admitediversas classificações, o que é fundamental para a compreensão do instituto e de seus efeitos jurídicos.
Quanto ao desdobramento:
- Posse direta (imediata): exercício direto e imediato do poder sobre a coisa, decorrente de contrato. O possuidor direto pode defender sua posse contra possuidor indireto.
- Posse indireta (mediata): apenas o animus (entendido esse como a vontade de utilizar a coisa como faria o proprietário). O possuidor indireto pode defender sua posse perante terceiros.
DESDOBRAMENTO DA POSSE
Art. 1.197 – A posse direta, de pessoa que tem coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direto pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Nesse contexto, tanto o possuidor direto quanto o indireto podem invocar a proteção possessória um contra o outro, e também contra terceiros.
Quanto aos vícios:
- Posse Justa: posse desprovida de vícios específicos do art. 1200 CC. A posse justa é mansa, pacífica, pública e adquirida sem violência.
- Posse Injusta: posse maculada por pelo menos um dos vícios da posse (violência, clandestinidade ou precariedade).
Art. 1.200 - É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Posse violenta: adquirida através do emprego da violência contra pessoa (roubo).
Posse clandestina: adquirida às escondidas (furto).
Posse precária: decorrente da violação de uma obrigação de restituir (abuso de confiança).
OBS.: a posse injusta não deve ser considerada posse jurídica, não produzindo efeitos contra o legítimo possuidor, muito embora o possuidor injusto possa fazer manejo dos interditos possessórios contra atos de terceiros.
Para que a posse seja caracterizada como injusta, basta que apenas um dos critérios acima seja observado, não havendo exigência de sua cumulação.
A posse, mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por ações, não contra aquele de quem se tirou a coisa, mas sim em face de terceiros. Isso porque a posse somente é viciada em relação a uma determinada pessoa (inter partes), não tendo o vício efeitos erga omnes.
CONTINUIDADE DO CARÁTER DA POSSE – a posse tem como característica principal a continuidade da forma em que foi adquirida.
Art. 1.203 – Salvo em prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
A doutrina reconhece que aqueles que têm posse violenta ou clandestina não tem posse plena, para fins jurídicos, sendo meros detentores. Carlos Roberto Gonçalves, afirma que não há possibilidade de convalescimento do vício da precariedade, pois ela representa um abuso de confiança.
Enunciado nº 237, III Jornada – é cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini (Posição minoritária).
IMPORTANTE – Aquele que tem posse injusta, não tem posse usucapível (ad usucapionem), ou seja, não podem adquirir a coisa por usucapião.
Quanto à subjetividade:
- Posse de boa-fé: é aquela cujo possuidor está convicto de que o exercício de sua posse encontra fundamento na ordem jurídica. O possuidor ignora os vícios ou os obstáculos que lhe impedem a aquisição da coisa ou do direito possuído ou, ainda, quando tem justo título que justifique a posse.
Orlando Gomes a divide em posse real quando “a convicção do possuidor se apoia em elementos objetivos tão evidentes que nenhuma dúvida pode ser suscitada quanto à legitimidade de sua aquisição” e posse de boa-fé presumida “quando o possuidor tem justo título”.
- Posse de má-fé: o possuidor tem conhecimento do vício que macula a posse. Assim como na posse injusta, a posse de má-fé não pode ser considerada posse jurídica e não goza de proteção contra o legítimo possuidor, para quem o possuidor de má-fé não passa de fâmulo da posse.
De qualquer modo, ainda que de má-fé, esse possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória competente para proteger-se de um ataque de terceiro.
Para caracterizar a posse de má-fé basta que o possuidor saiba que não tem autorização para estar exercendo posse sobre aquela coisa, mesmo que ele não tenha adquirido de forma injusta (violência, clandestinidade, precariedade).
Art. 1.201 – É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único - O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, o quando a lei expressamente não admite essa presunção.
Pelo que consta desse importante dispositivo legal, primeiramente, o possuidor de boa-fé é aquele que ignora os vícios que inquinam sua posse. Esse vícios podem ser os da violência, os da clandestinidade ou os da precariedade, mas não necessariamente, ou seja, os vícios estão presentes, mas são por ele desconhecidos. Daí, sua ausência significar boa-fé subjetiva.
Via de regra, a posse de boa-fé decorre de justo título. Por este motivo, a posse fundada em justo título gera presunção relativa (iuris tantum) de boa-fé.
Justo título: diz-se justo o título hábil, em tese, para transferir a propriedade. Seria todo ato formalmente adequado a transferir o domínio ou o direito real de que trata, mas que deixa de produzir tal efeito em virtude de não ser transmitente senhor da coisa ou do direito, ou de faltar-lhe o poder de alienar.
Enunciado nº 302, STJ – Pode ser considerado justo título para posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil. O exemplo de título é o compromisso de compra e venda, registrado ou não na matrícula do imóvel.
Enunciado nº 303, STJ – Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão a perspectiva da função social da posse. Esse enunciado estabelece que a função social da posse é fator decisivo para determinação da posse do boa-fé e da caracterização do justo título. O tecnicismo e formalismo exagerado são substituídos pela funcionalização do instituto da posse.
Quanto ao vinculo entre os possuidores
- Posse originária: quando não há vinculo entre sucessor e o antecessor da posse, de modo que a causa da posse não é negocial.
- Posse derivada: quando há um ato de transferência entre o antecessor e o sucessor. Na posse derivada haverá sempre tradição.
Posse quanto aos efeitos ad interdicta e ad usucapionem
- Ad interdicta: posse que pode ser protegida através dos interditos possessórios (reintegração de posse, manutenção da posse). Essa posse não conduz usucapião.
- Ad usucapionem: exceção à regra, é a que se prolonga por determinado lapso de tempo previsto em lei, admitindo-se a aquisição da propriedade pela usucapião, desde que obedecidos os parâmetros legais. A posse ad usucapionem deve ser mansa, pacífica, duradoura por lapso temporal previsto em lei, ininterrupta e com intenção de dono. Além dos requisitos de justo título e da boa-fé.
Quanto ao tempo da posse
- Posse nova: aquela que data de menos de 1 ano e 1 dia, ou seja, é aquela com até um ano.
- Posse velha: aquela que tem mais de 1 ano e 1 dia, ou seja, com um ano e dois dia ou mais.
Art. 558 CPC – Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Quanto à presença de título
- Posse com título – situação em que há uma causa representativa da transmissão da possse, caso de um documento escrito.
- Posse sem título – situação em que não há uma causa representativa, pelo menos aparente, da transmissão do domínio fático.
Mantendo relação com a classificação acima, surgem os conceitos de ius possidendi e ius possessionis. A partir das liçõesde Washington de Barros Monteiro, o ius possidendi é o direito à posse que decorre de propriedade; enquanto que o ius possessionis é o direito que decorre exclusivamente da posse. Fazendo o paralelo, pode-se afirmar que no ius possidendi há uma posse com título, estribada na propriedade. No ius possessionis há uma posse sem título que existe por si só.
EFEITOS MATERIAIS DA POSSE
A posse é o exercício em nome próprio de poderes inerentes ao da propriedade. Possuidor é aquele que exerce em nome próprio o poder de uso, gozo, disposição e reinvindicação, podendo exercer todos os poderes ou apenas alguns em nome próprio.
Dentre os efeitos da posse, destacam-se:
- Percepção de frutos;
- indenização e retenção por benfeitorias;
- indenização por prejuízos sofridos;
- defesa da posse (interditos possessórios);
- usucapião.
Direito aos frutos - Frutos são bens acessórios que quando utilizados não esgotam a fonte, ou seja, possuem reposição automática.
CLASSIFICAÇÃO
Frutos quanto à origem:
-Frutos naturais: aqueles que surgem e se renovam pela própria força.
-Frutos industriais: aqueles que surgem e se renovam pela atuação do homem.
-Frutos civis: são os que têm origem em uma relação jurídica ou econômica, de natureza privada, sendo também denominados de rendimentos. São os rendimentos que os bens produzem em razão da sua utilização por outrem que não o proprietário.
Frutos quanto ao estado em que se encontram:
-Frutos pendentes: aqueles que ainda não foram colhidos ou retirados, ou seja, que ainda encontram-se presos à coisa.
-Frutos percipiendos: aqueles que deveriam ser, mas ainda não foram colhidos.
-Frutos percebidos ou colhidos: aqueles que já foram colhidos o retirados, ou seja, já foram separados da coisa.
-Frutos estantes: são os frutos que foram colhidos e encontram-se armazenados.
-Frutos consumidos: sãos os que foram colhidos e não existem mais.
Em termos gerais, enuncia o Art. 95 do CC que, apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. No que interessa aos efeitos da posse, para análise do direito aos frutos é fundamental que a posse seja configurada como de boa ou má-fé.
Art. 1.214 – O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único – Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Enuncia o Art. 1.215 do CC que os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados. Por outro turno, os frutos civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216 – O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas de produção e custeio.
Para fins de determinação dessa responsabilidade, aplica-se o princípio da reparação integral dos danos, o que inclui os danos materiais (emergentes e lucros cessantes) e s danos extrapatrimoniais (dano moral) se presentes.
Na doutrina de Orlando Gomes, os efeitos relativos aos frutos não se aplicam aos produtos, pois quanto aos produtos há um dever de restituição mesmo quanto ao possuidor de boa-fé. Ademais, se a restituição tornou-se impossível, o possuidor deverá indenizar a outra parte por perdas e danos e “por motivo de equidade, a indenização deve corresponder ao proveito real que o possuidor obteve com a alienação dos produtos da coisa”. Com essa conclusão, segundo Flávio Tartuce, os eventuais conflitos devem ser resolvidos com as regras que vedam o enriquecimento sem causa.
Indenização e retenção por benfeitorias – As benfeitorias são bens acessórios introduzidos em bem móvel ou imóvel, visando a sua conservação ou melhora da sua utilidade. Enquanto os frutos e produtos decorrem do bem principal, as benfeitorias são nele introduzidas. São acréscimos ou melhoramentos, realizados pela atuação do homem, em coisa já existente.
CLASSIFICAÇÃO
-Benfeitorias necessárias: Art. 96, §3º, são necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
-Benfeitorias úteis: Art. 96, §2º, são úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem, tornando-o mais útil.
-Benfeitorias voluptuárias: Art. 96, §1º, são voluptuárias as de mero deleite, de mero luxo ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
A classificação das benfeitorias pode variar conforme a destinação ou a localização do bem principal, principalmente se forem relacionadas com bens imóveis.
Não se podem confundir as benfeitorias com as acessões, nos termos do Art. 97 do CC, que são incorporações introduzidas em outro bem, imóvel, pelo proprietário, possuidor e detentor. As benfeitorias por igual não se confundem com as pertenças, que são bens destinados a servir outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do proprietário.
	
Art. 1.219 – O possuidor de boa-fé tem direito a indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto as voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
O dispositivo supracitado traz três consequências jurídicas muito claras. A primeira delas é que o possuidor de boa-fé tem o direito à indenização por benfeitorias necessárias e úteis. A segunda, é que o possuidor de boa-fé não indenizado tem direito à retenção dessas benfeitorias (necessárias e úteis), o ius retentionis, que persiste até que receba o que lhe é devido. A terceira consequência se refere às benfeitorias voluptuárias, aquelas de mero luxo ou deleite. Nos termos do Art. 1.219 CC, o possuidor de boa-fé tem direito ao seu levantamento, se não forem pagas, desde que isso não gere prejuízo à coisa. Trata-se do direito de tolher, ou ius tollendi.
Direito de retenção: é o direito de permanecer na posse da coisa até receber o valor pela indenização da benfeitoria.
OBS.: Direito do Locatário Lei 8.245
Art. 35 – Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Percebe-se que a regra quanto ao locatário é de ordem privada, pois tal disposição pode ser deliberada de modo diverso no contrato de locação, renunciando o locatário a tais benfeitorias. Em reforço, repise-se que o locatário é possuidor de boa-fé, tendo direito de retenção ou de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis.
Enunciado nº 433, V Jornada: A cláusula de renúncia antecipada ao direito de indenização e retenção por benfeitorias necessárias é nula em contrato de locação de imóvel urbano feito nos moldes de contrato de adesão.
Art. 36 – As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
Súmula nº 158 STF – Salvo estipulação contratual averbada no registro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locatário.
Súmula nº 335 STJ – Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
Art. 1.220 – Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem de levantar as voluptuárias.
O que se percebe é que o possuidor de má-fé não tem qualquer direito de retenção ou de levantamento. Com relação à indenização, assiste-lhe somente direito quanto às necessárias.
Art. 1.222 – O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé tem direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-féindenizará pelo valor atual.
As benfeitorias são compensadas com os danos.
Enunciado nº 81, I Jornada: O direito de retenção previsto no CC art. 1.219, decorrente da realização das benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.
As responsabilidades – O Código Civil traz regras relativas às responsabilidades do possuidor, considerando-o como de boa ou de má-fé.
Art. 1.217 – O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
A responsabilidade do possuidor de boa-fé, quanto à coisa, depende da comprovação da culpa em sentido amplo (responsabilidade subjetiva), o que engloba o dolo (intenção de prejudicar, ação ou omissão voluntária) e a culpa em sentido estrito (desrespeito a um dever preexistente, por imprudência, negligência e imperícia). 
Art. 1.218 – O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
A responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva, independentemente de culpa, a não ser que prove que a coisa se perderia mesmo se estivesse com o reivindicante. O dispositivo acaba consagrando a responsabilidade do possuidor de má-fé mesmo por caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou força maior (evento previsível, mas inevitável), havendo uma aproximação com a teoria do risco integral.
Art. 1.221 – As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
O comando possibilita, portanto, que as benfeitorias necessárias a que teria direito o possuidor de má-fé sejam compensadas com os danos sofridos pelo reivindicante, hipótese de compensação legal, pela reciprocidade de dívidas. Porém, se a benfeitoria não mais existia quando a coisa se perdeu, não há que se falar em compensação e muito menos em sua indenização.
COMPOSSE – divisão da posse sobre o mesmo bem. Se o bem é indivisível todos são possuidores da integralidade da coisa.
A composse ou compossessão é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. Há, portanto, um condomínio de posses. Na prática, a composse pode ser decorrente de contrato ou de herança, tendo origem inter vivos ou mortis causa.
Em tais casos, os compossuidores podem usar livremente a coisa, conforme seu destino, e sobre ela exercer seus direitos compatíveis com a situação de indivisão.
	
Art. 1.199 – Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Portanto, desde que não haja exclusão de direito alheio, qualquer um dos possuidores poderá fazer uso das ações possessórias, no caso de atentado praticado por terceiro.
Relativamente ao seu estado, a composse admite a classificação a seguir:
Composse pro indiviso ou indivisível – é a situação e que os compossuidores tem fração ideal da posse, pois não é possível determinar, no plano fático e corpóreo, qual a pare de cada um.
Composse pro diviso ou divisível - nesta situação, cada compossuidor sabe qual a sua parte, que é determinável no plano fático e corpóreo, havendo uma fração real da posse.
EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE
Não obstante a existência de efeitos materiais, a posse gera efeitos instrumentais ou processuais. Por isso, intenso é o diálogo com o Direito Processual Civil, invocando o diálogo das fontes. No tocante ao Direito Civil e ao Direito Processual Civil, este diálogo tornou-se mais constante com a entrada do CC/2002. Isso porque o código material está repleto de normas de cunho processual.
Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas. O possuidor tem a faculdade de propor esss demandas objetivando manter-se na posse ou que esta lhe seja restituída. O que se percebe, na prática, são três situações concretas que possibilitam a propositura de três ações correspondentes, apesar da falta de rigidez processual em relação às medidas cabíveis:
No caso de ameaça à posse (risco atentado à posse), caberá ação de interdito proibitório.
No caso de turbação (atentados fracionados à posse), caberá ação de manutenção de posse.
No caso de esbulho (atentado consolidado à posse), caberá ação de reintegração de posse.
Como se pode perceber, no caso de ameaça, a ação de interdito proibitório visa à proteção do possuidor de perigo iminente. No caso de turbação, a ação de manutenção de posse tende à sua preservação. Por derradeiro, no caso de esbulho, a ação de reintegração de posse almeja sua devolução.
De qualquer forma, as diferenças práticas em relação as três ações pouco interessam, eis que o sistema processual brasileiro consagra a fungibilidade total entre as três medidas. Nesse contexto, uma demanda possessória direta pode ser convertida em outra livremente, se for alterada a situação fática que a fundamenta, ou seja, há a possibilidade de transmudação de uma ação em outra.
Em um intenso diálogo das fontes, é preciso relacionar as ações possessórias à classificação da posse quanto ao tempo. Isso porque, se no caso concreto, a ameaça, a turbação e o esbulho forem novos (menos de um ano e um dia), caberá a ação de força nova: o interdito possessório seguirá o procedimento especial, cabendo liminar. Por outra via, se a ameaça, a turbação ou o esbulho forem velhos (com mais de um ano e um dia), caberá ação de força velha, seguindo o procedimento comum do NCPC.
Ressalva-se que o NCPC introduziu a possibilidade de uma liminar na ação de força velha, em demandas possessórias coletivas, desde que realizada previamente uma audiência de conciliação.
A ação possessória é a via adequada para a discussão da posse, enquanto a ação petitória é o caminho processual correto para a discussão da propriedade e do domínio, não sendo possível embaralhar as duas vias.
Enunciado nº 79, I Jornada: A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo CC/2002 que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório.
Art. 1.211 - Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. 
O dispositivo trata do possuidor aparente, que manterá a coisa enquanto se discute em sede de ação possessória ou mesmo petitória, quem é seu possuidor ou proprietário de direto. 
Art. 1.212 - O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
A norma civil abre a possibilidade de o possuidor que sofreu o atentado definitivo à posse ingresse com ação de reintegração de posse ou com ação de reparação de danos contra terceiro que estiver com a coisa.
Enunciado nº 80, I Jornada: É inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra o terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima, diante do disposto no art. 1.212 CC. Contra o terceiro de boa-fé cabe tão somente a propositura de demanda de natureza real.
Assim sendo, como não se pode atribuir culpa a quem esteja de boa-fé, não caberão as medidas previstas no dispositivo, mas somente ação petitória, para reinvindicação da propriedade.
	
Defesa da posse (interditos possessórios) - Os interditos possessórios são todas as ações que a pessoa pode ter para defender a sua posse. 
Quando você esta dentro de uma situação que existe a possibilidade de esbulho ou turbação, poderá agir de acordo com a legítima defesa da posse. Os meios utilizados devem ser proporcionais à agressão, assim, o excesso poderá levar a indenização.
Legitima defesa da posse - é utilizar a força física para fazer a defesa da sua posse.
Turbação – quando há ameaça grave, concreta e eminente ao direito de posse. O possuidor está na iminência de perder a posse. O exercício daposse é parcial.
Esbulho – quando há perda da posse, através de meios violentos, clandestinos ou com abuso de confiança.
TIPOS DE AÇÕES POSSESSÓRIAS
-Desforço físico – pode ser utilizado como forma de defesa da posse em caso de esbulho ou turbação no momento em que esteja acontecendo tal fato. Deve ser utilizada de maneira moderada pelo possuidor ou pelo detentor da posse. 
Art. 1.210 – O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1º - O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contando que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2º - Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
-Ação de manutenção da posse (turbação) – se o possuidor for turbado, alguém esteja atrapalhando o exercício de forma plena, a ação adequada é a ação de manutenção de posse.
-Ação de reintegração da posse (esbulho) – se o possuidor for impedido de utilizar daquela posse, com a ação de reintegração, ele volta a ter e poder exercer a posse.
Art. 560 NCPC - O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.
Art. 561 NCPC - Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.
-Interdito proibitório (ameça) - interdito proibitório é a ação possessória que ainda não ocorreu o esbulho ou a turbação, apenas há uma ameaça de perda parcial ou total da posse.
Art. 567 NCPC - O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
- Liminar (art. 558 c/c art.562 NCPC): possibilidade de concessão de liminar em caso de posse nova.
Art. 562 NCPC - Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único - Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais
OBS.: Antecipação da tutela de posse velha:
1ª Corrente (majoritária): a antecipação de tutela de mérito não pode ser concedida em caso de posse velha, pois ela seria uma forma de burlar a impossibilidade de concessão da liminar.
2ª Corrente: pode haver a concessão de antecipação de tutela em caso de posse velha, pois esta é baseada em verossimilhança, que é uma prova mais cabal da existência do direito. Esta corrente, apesar de minoritária, está crescendo.
Enunciado nº 238, III Jornada: Ainda que a ação possessória seja intentada além de ‘ano e dia’ da turbação ou esbulho, e, em razão disso, tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC/73, art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-Ae parágrafos do CPC/73.
O enunciado doutrinário acaba traduzindo o que entendia a jurisprudência do STJ, no sentido de ser possível a tutela antecipada em ação de reintegração de posse, desde que preenchidos os requisitos do art. 273 do CPC/73. Acredita-se que esse entendimento deve ser mantido com a emergência do NCPC.
- Duplicidade (Art. 556 NCPC): possibilidade de se fazer pedido contraposto, sem necessidade de reconvenção. Na própria contestação, o réu pode fazer o pedido.
Art. 556 - É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Pelo que consta desse dispositivo, e isso é notório e conhecido, as ações possessórias tem natureza dúplice, cabendo pedido contraposto em favor do réu para que a sua posse seja protegida no caso concreto.
- Fungibilidade (Art.554 NCPC): existe uma celeridade na dinâmica, portanto poderá ser julgado mesmo que a ação não seja adequada.
Art. 554 - A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
- Cumulatividade (Art. 555 NCPC): você pode cumular outros pedidos: ação indenizatória; multas diárias previstas no caso de novo esbulho ou turbação; devolução no mesmo estado anterior.
Art. 555 - É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I – condenação em perdas e danos;
II – indenização dos frutos. 
Parágrafo único - Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I – evitar nova turbação ou esbulho;
II – cumprir-se a tutela provisória ou final.
A menção às perdas e danos, inclui, em regra, os danos emergentes e os lucros cessantes. No entanto, além desses danos materiais ou patrimoniais, deve-se entender que cabe indenização por danos morais, se o possuidor que sofreu o atentado à posse foi acometido por uma lesão de direitos da personalidade. Entretanto, deve ser feita a ressalva de que tais danos imateriais devem ser evidenciados no caso concreto.
O inciso II do Art. 555 NCPC determina também a indenização dos frutos pelo réu da ação ao autor, apesar de estes serem enquadrados como danos materiais (lucros cessantes).
OBS.: Ação de Imissão na Posse – Ação ordinária, de rito comum (serão utilizadas as regras gerais do CPC). Quando e tem prova da propriedade, mas não chegou a ser possuidor. O objetivo desta ação é que o proprietário seja imitido na posse. Além de proprietário, ter a posse. 
No CPC/73, ela era tida como ação petitória e não possessória. O Novo CPC também não trata dessa ação, cabendo a mesma conclusão anterior, no sentido de ser uma ação petitória que segue o procedimento comum. Em suma, a ação é fundada em título de propriedade, sem que o interessado tenha tido posse. De toda sorte, como a ação é petitória, fundada na propriedade, fica em dúvida a utilização, na prática, do termo ação de imissão na posse. Talvez seja mais adequado denominar a demanda como ação reivindicatória, o que melhor condiz com a sua natureza jurídica.
CONDIÇÕES DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS:
-Possibilidade jurídica do pedido – vai ser analisado se realmente é possível que o real possuidor seja reintegrado ou mantido na posse dele.
-Interesse de agir – se de fato há interesse do autor naquela ação.
-Legitimidade – o legitimado é obrigado a provar que é ou que já foi possuidor daquela determinada coisa.
AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
AQUISIÇÃO DA POSSE - A disposição sobre a aquisição da posse está no artigo 1.204 do CC. Substituiu-se, portanto, uma relação supostamente fechada ou taxativa por um conceito aberto, a ser preenchido caso a caso. E não poderia ser diferente, pois a atual codificação, segue um sistema de princípios, de clausulas gerais, de conceitos legais indeterminados.
Momento de início da posse – A situação fática que é a posse tem inicio quando a pessoa exerce em nome próprio poderes inerentes àquela propriedade.
Art. 1.204 – Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Espécies de aquisição – deve-se lembrar que há formas de aquisição originárias, quando há um contato direto entre a pessoa e a coisa; e formas de aquisição derivadas, em quehá uma intermediação pessoal:
Aquisição originária: não há relação jurídica com o antecessor da posse. Quando não existe vinculo entre o possuidor anterior e o possuidor atual.
Aquisição derivada: caracteriza-se a aquisição derivada ou bilateral quando a posse decorre de um negócio jurídico. É derivada quando existe vínculo entre os dois possuidores (antecessor e atual) seja por negócio jurídico ou hereditário.
Meios de Tradição da posse:
Tradição real: envolve a entrega efetiva e material da coisa. É a tradição propriamente dita, como ocorre na entrega do veículo pela concessionária em uma compra e venda.
Tradição simbólica: é traduzida por atitudes. Simbolicamente a tradição é efetuada por algum instrumento que tenha alusão a coisa a ser entregue. É o que se dá na traditio longa manu, em que a coisa a ser entregue é colocada a disposição da outra parte.
Tradição ficta: quando decorrer exclusivamente de um ato de vontade. É aquela que se dá por presunção, como ocorre na traditio brevi manu, em que o possuidor possuía em nome alheio e passa a ser possuidor em nome próprio. Também há tradição ficta no constituto possessório, em que o possuidor possuía em nome próprio e passa a possuir em nome alheio. A tradição ficta é a transferência da posse indireta enquanto a posse direta permanece com o alienante do bem. Se houver a colocação da cláusula constituti que transfere a posse fictamente junto com a propriedade, o adquirente do bem, que também é possuidor, será legitimado a ajuizar ação de reintegração de posse, caso contrário, só seria legitimado a propor ação de imissão na posse que tem rito comum ordinário.
OBS.: Constituto possessório – Há constituto, quando o vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a em seu poder, mas agora na condição ou qualidade de locatário. A cláusula constituti não se presume. Deve constar inequivocamente do ato ou resultar da estipulação que a pressuponha.
Traditio Brevi Manu - é exatamente o inverso do constituto possessório, pois configura quando o possuidor de uma coisa alheia passa a possuí-la como própria. Seria exemplo do locatário que adquire o bem. Toda transferência de propriedade para quem já possui a posse de determinado bem, são considerados traditio brevi manu.
Para Orlando Gomes, a traditio brevi manu e o constituto possessório são formas de tradição consensual não se confundindo com a ficta.
Art. 1.205 - A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação
Em outras palavras, a posse pode ser adquirida pelo próprio sujeito que a aprende, desde que capaz; por seu representante legal ou convencional; ou até por terceiro que não tenha mandato, desde que haja confirmação posterior, com efeitos ex tunc ou retroativos.
Enunciado nº 77, I Jornada: A posse das coisas móveis e imóveis também pode ser transmitida pelo constituto possessório.
Em havendo a aquisição ou transmissão da posse pelo constituto possessório, não restam dúvidas de que o novo possuidor poderá defender-se por meio das ações possessórias como vem entendendo o STJ (Informativo 463).
ACESSÃO DE POSSE
 - Sucessor a titulo universal: há obrigatoriamente a soma das posses. É aquele que possui a posse através da herança. Portanto, ele continua a posse que anteriormente era exercida. Os vícios exercidos pelo anterior também são assumidos pelo novo adquirente.
 - Sucessor a titulo singular: pode escolher se inicia uma posse nova ou se soma a sua posse com a do seu antecessor. Caso a posse seja somada com a anterior, o adquirente assume todos os vícios da posse que foi exercida até o momento. Se não somar, não adquire os vícios. É aquele que possui a posse através da compra e venda, doação ou legado.
Art. 1.206 – A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Princípio da continuidade do caráter da posse, que em regra, mantém os mesmos atributos da sua aquisição.
Art. 1.207 – O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Assim, como se nota, a lei diferencia dois tipos de sucessão: a universal e a singular. No primeiro caso, a lei preconiza a continuidade; no segundo, a união das posses (acessão).
Exceção ao
Art. 1.203 – Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter que foi adquirida.
Principio da Saisine - Art. 1.784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
A transmissão da posse pela sucessão apresenta duplo aspecto. Na que opera mortis causa pode haver sucessão universal e a título singular. Dá-se a primeira quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte-alíquota (porcentagem) dela. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na testamentária. Na sucessão mortis causa a título singular, o testador deixa o beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado. A sucessão legítima é sempre universal; a testamentária pode ser universal ou singular.
EXTINÇÃO DA POSSE - A extinção da posse vai dar-se quando:
Perda ou destruição da coisa (extinção total do bem);
Perecimento da coisa (extinção parcial, deterioração); 
Abandono (derrelição), fazendo surgir coisa abandonada (res derelicta);
Transmissão da posse (pode se dar de forma voluntária ou involuntária);
Tomada da posse por outrem;
Classificação da coisa como bem fora do comércio, isto é, se for tratada como bem inalienável (quando a coisa deixa de ter valor).
Pelo constituto possessório, hipótese em que a pessoa possuía o bem em nome próprio e passa a possuir em nome alheio.
Importante destacar os parâmetros legais de perda da posse:
Art. 1.223 – Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere ao art. 1.196 
Em suma, cessando os atributos à propriedade (Gozar, Reivindicar, Usar e Dispor), cessa a posse, que é perdida, extinta.
Art. 1.224 – Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, tentando recupera-la, é violentamente repelido.
Em outras palavras, se o possuidor não presenciou o momento em que foi esbulhado, somente haverá a perda da posse se, informado do atentado à posse, não toma as devidas medidas necessárias ou se sofrer violência ao tentar fazê-lo, não procurando outros caminhos após essa violência.
A norma mantem íntima relação com a boa-fé objetiva, particularmente com a perda de um direito ou de posição jurídica pelo seu não exercício no tempo (supressio) e com a vedação de comportamento contraditório (venire contra factum proprium non potest). A lei acaba por presumir que a sua posse está perdida, admitindo-se, obviamente, prova em contrário.
PROPRIEDADE EM GERAL
O conceito de propriedade sempre foi objeto de estudo dos civilistas das mais diversas gerações que se dedicaram ao Direito Privado. Para Caio Mario da Silva Pereira, “a propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da coisa, e reivindica-la de quem injustamente a detenha”. Na atual geração, Nelson Rosenvald afirma que “a propriedade é um direito complexo, que se instrumentaliza pelo domínio, possibilitando ao seu titular o exercício de um feixe de atributos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa que lhe serve de objeto”.
A propriedade está relacionada com quatro atributos, previstos no art. 1.228 do Código Civil. No que concerne especificadamente a essas faculdades relativas a propriedade, a primeira delas é a de gozar ou fruir a coisa (ius fruendi), consubstanciada na possibilidade de retirar os frutos da coisa, que podem ser naturais, industriais ou civis (rendimentos). A segunda faculdade é a de usar a coisa (ius utendi), de acordo com as normas que regem o ordenamento jurídico. Obviamente, essa possibilidade deuso encontra limites em lei, caso da Constituição Federal, CC, e leis específicas. Como terceira faculdade, há a viabilidade de disposição da coisa (ius disponendi), seja inter vivos ou mortis causa. Por fim, faz referência ao direito de reivindicar a coisa contra quem injustamente a possua ou detenha (ius vindicandi). Esse direito será exercido por meio de ação petitória, fundada na propriedade, sendo a mais comum a ação reivindicatória, principal ação real fundada no domínio (rei vindicatio).
Nessa ação o autor deve provar seu domínio, oferecendo prova da propriedade, com respectivo registro e descrevendo o imóvel com suas confrontações. O autor da ação reivindicatória deve ainda demonstrar que a coisa reivindicada esteja na posse injusta do réu. Em relação prazo para propositura dessa ação, podem ser mencionadas duas correntes.
A primeira aponta que a ação reivindicatória está sujeita a prazo prescricional, diante do seu caráter essencialmente patrimonial. Na vigência do CC, o prazo é de 10 anos, diante da unificação dos prazos gerais de prescrição que consta do art. 205. Contudo, essa não é a visão que prevalece em nossos tribunais, sobretudo no STJ, havendo várias decisões reconhecendo a imprescritibilidade da ação reivindicatória, diante do seu caráter essencialmente declaratório.
Na realidade, deve-se entender que a ação reivindicatória não é sujeita à prescrição ou à decadência, embora se trate de ação real, porque o domínio é perpétuo e somente se extingue nos casos previstos em lei e que serão estudados oportunamente. O efeito da ação reivindicatória é de fazer com que o possuidor ou detentor restitua o bem com todos os acréscimos.
De forma clara e didática, Nelson Nery Jr e Rosa Maria de Andrade Nery demonstram as principais características da ação reivindicatória, a saber:
Natureza jurídica: trata-se de ação real, sendo fundamento do pedido a propriedade e o direito de sequela a ela inerente.
Finalidade: visa à restituição da coisa. É a ação cabível ao proprietário que tinha posse e injustamente a perdeu. Procura ele efetivar o seu direito de propriedade, mediante a devolução da coisa.
Requisitos: prova da propriedade e da posse molestada. O réu pode alegar, em defesa, a exceptio proprietatis (exceção de domínio), o que não pode ocorrer nas ações possessórias.
Rito: sob a égide do NCPC, essa ação segue o procedimento comum.
Remissões: art. 1.228 do Código Civil.
Propriedade em geral 
Art. 1.228 – O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Quando todos os elementos estão nas mãos de uma mesma pessoa, diz-se que a propriedade é plena. Se ocorrer o desmembramento, passando um ou algum deles para as mãos de outra pessoa, diz-se a propriedade limitada. Essa é a faculdade da elasticidade da propriedade que pode ser exercida a critério do proprietário.
Propriedade Plena ou Alodial: é a hipótese em que o proprietário tem consigo os atributos de gozar, usar, reaver e dispor da coisa. Todos esses caracteres estão em suas mãos de forma unitária, sem que terceiros tenham qualquer direito sobre a coisa.
Propriedade Limitada ou Restrita: é a situação em que recai sobre a propriedade algum ônus, caso da hipoteca, da servidão ou usufruto; ou quando a propriedade for resolúvel, dependente de condição ou termo. O que se percebe é que um ou alguns dos atributos da propriedade passam a ser de outrem, constituindo-se em direito real sobre coisa alheia.
No último caso, havendo a divisão entre os referidos atributos, o direito de propriedade é composto de duas partes destacáveis:
		
		- Nua-propriedade – corresponde à titularidade do domínio, ao fato de ser proprietário e de ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que a nua-propriedade é aquela despida dos atributos do uso e da fruição (atributos diretos ou imediatos). A pessoa que a detém recebe o nome de nu-proprietário, senhorio direto ou proprietário direto.
		- Domínio útil – corresponde aos atributos de usar, gozar e dispor da coisa. Dependendo dos atributos que possui, a pessoa que o detém recebe uma denominação diferente: superficiário, usufrutuário, usuário, habitante, promitente comprador etc.
Em suma, se o domínio útil e a nua-propriedade pertencerem à mesma pessoa, haverá propriedade plena. Caso contrário, haverá propriedade restrita.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
A propriedade deve ser entendida como um dos direitos basilares do ser humano. Concretamente, é por meio da propriedade que a pessoa se sente realizada, principalmente quando tem um bem próprio para a sua residência.
Está elencada no artigo 5º da Constituição Federal e seus incisos XXII e XXIII, e afirma que toda propriedade tem que ter função social. Com o advento do Código Civil em 2002, a função social foi inserida como um princípio na legislação, devendo todos os atos da vida civil ser praticados em função da sociedade.
Dessa forma, o exercício pleno da propriedade deve ser exercido em comunhão com os interesses da sociedade.
Art. 1.228, § 1º - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
A propriedade não é exercida somente em função do proprietário, há uma intervenção do Estado se houver uma utilização de forma errada da propriedade.
Art. 1.228, § 2º - São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Se você exerce sua propriedade para prejudicar as pessoas em sua volta, poderá ser restrito no seu direito de propriedade, sendo, inclusive, obrigado a indenizar aquele que foi prejudicado.
Art. 1.228, § 3º - O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo publico iminente.
Desapropriação – quando Lei ou Decreto dispondo sobre a necessidade de determinados bens serem desapropriados para finalidades específicas.
Requisição – o Estado utiliza a propriedade por uma questão de perigo publico iminente, e se houver dano, há indenização.
Art. 1.228, § 4º - O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
Art. 1.228, § 5º - No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como titulo para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE – A propriedade, como direito real por excelência, tem características muito próximas dos direitos reais. Em regra são exclusiva e plena, entretanto existe a possibilidade da propriedade ser restrita ou conjunta (condomínio).
Art. 1.231 - A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
PRINCÍPIOS
Direito Absoluto
- Titular definitivo
- Sujeito ativo: proprietário do bem
- Sujeito passivo: “erga omnes” (qualquer pessoa que quiser se opor, ele poderá intervir).
- Se a propriedade for um bem imóvel, para ter a oponibilidade erga omnes, tem-se que ter feito o registro no RGI.
Extensividade (Arts. 1.229 e 1.230) - A sua propriedade imóvel abrange não só o solo, mas também o subsolo, e o espaço aéreo, dentro de um limite de razoabilidade. 
Art. 1.229 - A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidadetais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Art. 1.230 - A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único - O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
Art. 20 CF – São bens da União: (...)
IX – Os recursos minerais, inclusive os do subsolo.
Perpetuidade – O proprietário permanece com o direito de propriedade em quanto desejar, podendo, inclusive, transmiti-lo aos seus herdeiros. 
Exceções ao princípio da perpetuidade - Nesses dois casos, a propriedade vai ser extinta independentemente da vontade do proprietário do bem pelo implemento de alguma condição resolutiva do contrato.
- Propriedade Fiduciária: Art. 1.361 - Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.
- Propriedade Resolúvel: Art. 1.359 - Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
OBS.: Propriedade Revogável – não é exceção ao princípio da perpetuidade! A causa para extinção da propriedade é superveniente, mas a propriedade é plena.
Art. 1.360 - Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Como ocorre na posse e também nos demais direitos, a propriedade admite formas de aquisição originárias e derivadas. Nas formas originárias, há um contato direto da pessoa com a coisa, sem qualquer intermediação pessoal. Nas formas derivadas, há intermediação subjetiva, ou seja, por uma ou mais pessoas.
Do ponto de vista prático, a distinção entre as formas originárias e derivadas é importante. Isso porque nas formas originárias a pessoa que adquire a propriedade o faz sem que esta tenha as características anteriores, de outro proprietário. Didaticamente, pode-se afirmar que a propriedade começa do zero, ou seja, é resetada. Já nas formas derivadas, há um sentdo de continuidade da propriedade anterior.
Na prática, é interessante pontuar como essa distinção influi na questão tributária. Se a propriedade é adquirida de forma originária, o novo proprietário não é responsável pelos tributos que recaia sobre o imóvel. O mesmo raciocínio, todavia, não serve para a aquisição derivada.
MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA
Registro de Título – O registro de título é a primeira forma derivada de aquisição da propriedade imóvel. A simples celebração do contrato não transfere a propriedade da coisa pra ninguém.
Art. 1.245 – Transfere-se entre vivos a propriedade mediante registro do título translativo no Registro de imóveis. 
§1º - Enquanto não se registrar o titulo translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§2º - Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246 – O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este prenotar no protocolo.
Art. 1.247 – Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único – Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
No sistema imobiliário brasileiro, o registro tem natureza aquisitiva do domínio (fora derivada de aquisição da propriedade imóvel). Sem registro, o direito do adquirente não é direito real, e sim direito pessoal de eficácia relativa entre os negociantes (adquirente e alienante), não produzindo, pois, contra terceiros.
Para que haja eficácia erga omnes, a escritura de compra e venda deve ser devidamente registrada no Registro de Imóveis.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA
Súmula nº 84 STJ – É admissível a oposição de Embargos de Terceiros fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda, ainda que desprovida de registro.
ATRIBUTOS DO REGISTRO
- publicidade: torna-se publica a titularidade propriedade;
- veracidade: presumidamente quem consta no registro é o proprietário;
- legalidade: tem validade o que está registrado;
- obrigatoriedade: quando vai se transmitir a propriedade imóvel, tem-se a obrigatoriedade de se fazer o registro de imóveis;
- continuidade: não existe intervalo na propriedade (lapso temporal), é vedado o registro por saltos;
- força probante: significa que o registro serve como prova da transferência da propriedade;
- prioridade: será proprietário do imóvel aquele que fizer o registro primeiro;
- especialidade: se tiver dois títulos conflitantes, valerá aquele que tiver registrado no Registro de Imóveis.
OBS.: Efeito: aquisição de direitos reais (propriedade, servidão, hipoteca etc.).
Legislação pertinente: Lei de Registros Públicos (LRP) – Lei nº 6.015/73.
ATO DE REGISTRO DE IMÓVEIS
Matrícula
Disciplinada pela LRP em seus Arts. 227 a 235, a matrícula é o registro inaugural do imóvel, consistindo na especificação do estado de imóvel, tanto em seus aspectos físicos (localização, dimensões) quanto jurídicos (proprietário, forma de aquisição).
Art. 228 da Lei 6.015/73 – A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta lei, mediante os elementos constantes do titulo apresentado e do registro anterior nele mencionado.
OBS.: A matrícula só pode ser cancelada por determinação judicial, pelo desdobro ou pela fusão.
Desdobro: subdivisão de um terreno em lotes.
Fusão: unificação de imóveis contíguos. No caso de fusão, o cancelamento da matrícula anterior e abertura de nova matrícula é uma faculdade do proprietário dos imóveis contíguos.
Registro
Em conformidade com o Art. 167, I da LRP devem ser registrados todos os atos que influenciem no uso, gozo e disposição de um imóvel. Em outros termos, o registro será feito sempre que houver alteração na titularidade de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade pela formação de direitos reais ilimitados.
Desta feita, devem ser registrados atos como: instituição de bem de família, hipotecas, servidões, usufruto, uso, habitação, contratos de compromisso de compra e venda, anticrese, superfície, incorporações, instituições e convenções de condomínio, compra e venda de imóvel, permuta, dação em pagamento, doação, etc.
Averbação
Através da averbação é feita alteração em registro já existente. Assim, o Art. 167, II da LRP determina que serão averbados atos como: mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis; restabelecimento da sociedade conjugal; sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro; contrato de locação, para fins de exercício do direito de preferencia; extinção do direito de superfície; clausulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade impostas a imóveis.
Acessões Imobiliárias – é forma originária de aquisição da propriedade imóvel através de acréscimos que não existiam no imóvel, difere de benfeitorias que são melhoramentos na coisa. São acessões naturais: as ilhas, o aluvião, a avulsão e o abandono de álveo. São acessões artificiais: plantações ou construções.
Art. 1.248– A acessão pode dar-se:
I – por formação de ilhas;
II – por aluvião;
III – por avulsão;
IV – por abandono de álveo;
V – por plantações ou construções.
Das Ilhas – Segundo Maria Helena Diniz, juridicamente, a ilha é um acúmulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo ou do leito. 
As ilhas que se trata o Art. 1.249, são ilhas de rios particulares que passam por dentro das propriedades, vez que os navegáveis são de propriedade da União ou dos Estados por determinação Constitucional.
As ilhas formadas em águas públicas pertencerão ao Poder Público, enquanto que as ilhas formadas em águas privadas serão do domínio privado. Além das águas particulares, o Código Civil preceitua que as ilhas formadas também serão do domínio privado.
Os conceitos de águas públicas, águas comuns e águas privadas são encontrados no Código de Águas (Decreto 24.643/34). O Código de Águas determina que as águas públicas são de uso comum ou dominiais (art. 1º).
Águas comuns: correntes não navegáveis ou flutuáveis e de que essas não se façam (Art. 8º, Código de Águas).
Águas particulares: São particulares as nascentes e todas as águas situadas e terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou águas comuns (Art. 8º, Código de Águas).
Art. 1.249 - As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
Aluvião – Constituem “aluvião” os acréscimos que sucessivamente e imperceptivelmente se formarem para a parte do mar e das correntes, aquém do ponto a que chega o preamar médio, ou do ponto médio das enchentes ordinárias, bem como a parte do álveo que se descobrir pelo afastamento das águas (Art. 16, Código de Águas).
Art. 1.250 - Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único - O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
A aluvião pode ser:
- própria: formada por depósitos de materiais trazidos das águas.
- imprópria: formada quando parte do álveo é descoberto pelo afastamento das águas.
Avulsão
Art. 1.251 - Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único - Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Álveo abandonado – é o rio que seca. Se o rio secar por causa de construção de represa, o álveo será de propriedade do Estado.
Art. 1.252 - O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
Construções e Plantações – são espécies de acessões artificiais, que decorrem de atuação humana relativa às plantações e às construções.
Constata-se que as construções e plantações têm natureza acessória, uma vez que constituem bens imóveis por acessão física artificial. Por isso é que seguem a sorte do principal, principalmente quanto à propriedade (princípio da gravitação jurídica).
De qualquer forma, deve-se entender, por razões óbvias, que a presunção prevista no art. 1.253 é relativa, iuris tantum, admitindo prova e até previsão em contrário, podendo haver um destino diverso das construções e plantações realizadas em um bem.
Art. 1.253 - Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
1ª situação: pessoa que planta ou constrói em solo próprio com material alheio:
- se há boa-fé: aquisição da propriedade das construções ou plantações, com o ressarcimento do valor do material.
- se há má-fé: aquisição da propeidade das construções ou plantações, com o ressarcimento do valor do material, mais indenização por perdas e danos (se for o caso).
Art. 1.254 - Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
2ª situação: pessoa que planta ou constrói com material próprio em solo alheio:
- se há boa-fé: o proprietário do imóvel adquire as construções ou plantações, mas terá que ressarcir o proprietário do material pelas despesas. A lei fala em indenização, o que revela a possibilidade de ressarcimento por eventuais perdas e danos.
Art. 1.255 - Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Se o valor agregado ao solo superar de maneira desproporcional o preço do terreno, o plantador ou construtor de boa-fé poderá adquirir a propriedade do imóvel, mediante pagamento de indenização, que será fixada judicialmente se não houver acordo entre as partes.
Parágrafo único - Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
3ª situação: Art. 1.256 - Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único - Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
O dispositivo mantém relação direta com o art. 150 do CC, pelo qual, havendo dolo recíproco ou bilateral, nenhuma das partes poderá alegá-lo, nos dois casos, pode-se dizer que opera uma espécie de compensação, dos dolos e da má-fé de ambos.
O parágrafo único do art. 1.256 traz ainda uma presunção relativa de má-fé, pois pode estar presente uma situação de vício de consentimento do proprietário, como nas hipóteses de dolo ou de coação daquele que construiu ou plantou.
4ª situação: pessoa que planta ou constrói com material alheio em imóvel alheio:
- se há boa-fé: o proprietário do imóvel adquire a propriedade das construções e deverá o construtor ressarcir o valor do material.
- se há má-fé: o proprietário do imóvel adquire a propriedade das construções e deverá o construtor ressarcir o valor do material, mais eventuais perdas e danos.
OBS.: a responsabilidade do proprietário do imóvel pela reparação é subsidiária.
Art. 1.257 - O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único - O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor.
5ª situação: construção parte em imóvel alheio
Art. 1.258 - Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superiorà vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único - Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259 - Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
USUCAPIÃO DE IMÓVEIS
USUCAPIÃO
Etimologia da palavra: usus (do latim, uso) + capionem (do latim, aquisição), que significa aquisição pelo uso.
A usucapião entendida, assim, como a aquisição do direito real através do exercício da posse mansa, pacífica, continuada e duradoura. É sabido que não apenas a propriedade pode ser adquirida através da usucapião, mas outros direitos reais, tal qual a servidão e o uso. Dessa forma, a usucapião transforma um estado de fato (posse) em um estado de direito (propriedade, servidão). A usucapião é forma originária de aquisição de um direito (de propriedade), pois não existe vínculo entre o adquirente e o alienante. É a prescrição aquisitiva!
Fundamento
Corrente subjetiva: o fundamento da usucapião é a presunção de que o proprietário abandonou o bem, renunciando-o tacitamente. Para essa corrente tem que ter uma renuncia por parte do proprietário do bem. A base é o abandono.
Corrente objetiva (Majoritária): A usucapião tem, como fundamento a consolidação da propriedade, dando juridicidade a uma situação de fato: a posse unida ao tempo. A posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que opera a transformação do fato em direito.
Pressupostos
Posse contínua de alguma coisa: exercer poderes inerentes a propriedade ininterruptamente. Quer dizer, que é necessário estar exercendo alguns poderes inerentes sobre a propriedade (GRUD) durante o lapso temporal que seja necessário para aquisição da propriedade pela usucapião.
Posse mansa e pacífica: não pode haver resistência do proprietário. Essa resistência não pode ser física nem jurídica (ação possessória em face do possuidor). Se tiver algum interdito possessório, o tempo anterior é descartado. Ou seja, se houver resistência por parte do proprietário não se conta o prazo para aquisição da propriedade pela Usucapião.
Lapso temporal: varia de 2 a 15 anos, dependendo da espécie de usucapião que será utilizada para aquisição da propriedade imóvel. Varia de 3 a 5 anos se tratar de bem móvel.
Animus domini: intenção de propriedade em relação àquela coisa. A intenção de propriedade é quando o possuidor está exteriorizando a característica de proprietário do bem, todos enxergam a pessoa como se fosse proprietário do bem.
Requisitos gerais e específicos
Pessoais: referem-se às características pessoais, para usucapir, é necessário que o adquirente tenha capacidade jurídica, na forma da lei civil. Por outro lado, há que serem observadas as causas obstativas, suspensivas e interruptivas da prescrição elencadas nos Arts. 197 a 202 do Código Civil. 
Reais: refere-se ao objeto da usucapião, é dizer, aos bens e direitos suscetíveis de usucapião. Assim é que podem ser usucapidos os bens apropriáveis, estando, pois, excluídos os bens fora do comércio, os bens públicos e bens que, pela natureza da relação jurídica que autoriza a posse do possuidor, não podem ser usucapidos.
Art. 102 – Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Art. 183 CF – Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano e rural.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Formais: os requisitos formais referem-se à posse (que deve ser exercida com animus domini), ao prazo e à sentença judicial (declaratória). A posse deve ser justa, não sendo condição essencial a boa-fé. Dessa forma, a posse há de ser: mansa, pacífica, pública, contínua e duradoura.
Súmula nº 263 STF – O possuidor deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.
Súmula nº 391 STF – O confinante certo deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.
Espécies de Usucapião de Bens Imóveis
Usucapião Extraordinária – não precisa ter justo título nem boa-fé. Poderá adquirir por usucapião mesmo de má-fé no prazo 15 anos.
Se adquirida a posse, mesmo que de má-fé, houver função social, o prazo para aquisição será reduzido para 10 anos.
Art. 1.238 - Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único - O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Usucapião Ordinária – se o possuidor é de boa-fé, o prazo é de 10 anos para aquisição da propriedade.
Quando houver o cancelamento no RGI o prazo para aquisição será de 5 anos, desde que preenchidos os requisitos previstos no parágrafo único do art. 1.242.
Art. 1.242 - Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único - Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
A usucapião ordinária é a única que deverá ser demonstrada a boa-fé.
Usucapião Rural – se o possuidor morar e plantar em área rural em terreno de até 50 hectares, não podendo ter outra propriedade, o prazo de aquisição será de 5 anos.
Se o possuidor for proprietário de outro imóvel, poderá adquirir por outra usucapião, mas não a rural, e o prazo mudará, não sendo mais de 5 anos.
Art. 1.239 - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
ATENÇÃO: A Usucapião Rural, assim como a Urbana, será definida assim como tal não pela localização do imóvel, mas pela finalidade a qual se destina o imóvel.
Usucapião Urbana - quando alguém que não é o proprietário de outro imóvel, e ocupa propriedade urbana de até 250m², exercendo moradia adquirirá a propriedade no prazo de 5 anos.
Art. 1.240 - Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Usucapião Matrimonial – proporciona ao cônjuge que permanece morando na propriedade
Art. 1.240-A

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