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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE AGRICULTURA
READER A
PRAGAS & DOENÇAS
NA AGRICULTURA
POR
MASSIMO OLMI
APONTAMENTOS DE
Entomologia agrícola 
Acarologia
Patologia vegetal
Nemátodes inimigos das plantas
Roedores inimigos das plantas
Aves inimigas das plantas 
CUAMBA 2006
�
Índice 	
Página 
Parte I Entomologia geral							3 - 20
Introdução									4
Capitulo 1: Os insectos							5	
Capitulo 2: Morfologia dos insectos						6
Capitulo 3: Anatomia e fisiologia dos insectos				15
Capitulo 4: Desenvolvimento e metamorfose dos insectos			18
Parte II Entomologia especial; Insectos com metamorfose simples	21 – 59
Ordem Blattodea: (Baratas)							24
Ordem Isoptera: (Térmites)							25
Ordem Orthoptera: (Grilos, Esperanças, Gafanhotos, Ralos) 		30
Ordem Thysanoptera: (Trips)							34
Ordem Hemiptera (= Rhynchota):(Percevejos, Cigarras, Cigarrinhas, 
Pulgões de plantas, Afideos, Aleirodideos, Moscas brancas,
Psilídeos, Cochonilhas, Coccideos, Escamas) 			39
Parte III Entomologia especial; Insectos com metamorfose completa 	60 - 105
Ordem Lepidoptera: (Borboletas, Lagartas, Roscas, Brocas, Traças)	61
Ordem Díptera: (Moscas, mosquitos)						80 
Ordem Coleóptera (= Besouros)						85
Ordem Hymenoptera								101
Acarologia agrícola								106 - 115
Acarologia geral								107
Acarologia especial 								110
Patologia vegetal								116 – 121
Nemátodes inimigos das plantas						122 – 127
Roedores inimigos das plantas						128 – 133
Aves inimigas das plantas 							134 - 137�
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE AGRICULTURA
APONTAMENTOS DE 
ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA
PARTE I – ENTOMOLOGIA GERAL
POR
MASSIMO OLMI
CUAMBA 2005
INTRODUÇÃO
 A Entomologia agrícola é a ciência que estuda os insectos que causam prejuízos às culturas. 
 Os insectos de facto causam graves prejuízos às culturas. Calcula-se que em cada ano os insectos destruam cerca de 10% da produção agrícola mundial. Esta percentagem todavia è uma média. Há países onde esta percentagem desce até 1-2%. São aqueles onde a agricultura está muito desenvolvida. Nos países subdesenvolvidos a percentagem eleva-se talvez até 50%, com graves efeitos para a luta contra a fome.
 Estes apontamentos servem para o melhoramento dos conhecimentos em Entomologia agrícola dos futuros engenheiros agrónomos, cujos trabalhos irão incrementar a produção agrícola nacional de Moçambique.  
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CAPÍTULO 1
OS INSECTOS
 Os insectos constituem uma classe (Insecta) que pertence ao filo Artrópodos (Arthropoda).
 Os Artrópodos compreendem:
1) Subphylum Chelicerata (com as classes Xiphosura, Pantopoda, 
 Arachnida);
2) Subphylum Mandibolata (com as classe Chilopoda, Diplopoda,
 Crustacea, Pauropoda, Synphyla, Insecta)
 São as seguintes as principais características dos Artrópodos:
1) Corpo segmentado (quer dizer dividido em segmentos);
2) Apêndices pares segmentados;
3) Existência dum exoesqueleto (quer dizer duma parede externa do
 corpo endurecida).
 Animais muito antigos, os primeiros insectos existiram na era paleozóica (há mais de 250 milhões de anos).
 Actualmente os insectos são o grupo de animais mais numeroso e constituem a maioria entre os animais do mundo. São mais de 1,100,000 as espécies de insectos conhecidas. Calcula-se todavia que, por falta de conhecimentos, o número de espécies realmente existentes seja pelo menos 4-5 vezes maior.
 Entre as várias classes de Artrópodos os insectos geralmente podem ser identificados facilmente sobretudo pelo número de patas. Os insectos têm geralmente 6 patas (ou nenhuma, como acontece sobretudo em estados jovens). Os outros Artrópodos têm um número de patas maior que 6. Somente os Ácaros (que estão incluídos nos Arachnida) podem ser por vezes confundidos (também porque podem danificar as culturas tal como os insectos), mas os ácaros geralmente têm 8 patas (ou poucas vezes 4). 
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CAPÍTULO 2
MORFOLOGIA DOS INSECTOS
 O corpo dos insectos é segmentado. Os segmentos estão reunidos em três regiões: cabeça, tórax e abdómen.
 A parede externa do corpo reveste completamente o insecto: ela è chamada tegumento (ou exoesqueleto).
TEGUMENTO
 O tegumento è não só o revestimento externo do corpo, mas também uma estrutura de suporte: de facto os músculos estão presos ao tegumento.
 O tegumento è composto de três camadas: a cutícula (que è externa), a epiderme e a membrana basal.
 A membrana basal è a camada mais interna; não è composta de células e é muito fina.
 A epiderme è a camada intermédia, composta de células que segregam (quer dizer produzem) a cutícula. 
 A cutícula è a camada mais espessa. Ela è constituída por três camadas: epicutícula (externa), exocutícula (intermédia) e endocutícula (interna). A epicutícula è uma camada fina, com cerca de 1-5 micros de espessura. A exocutícula e a endocutícula são mais espessas e mais duras. Elas contêm pigmentos e algumas substâncias orgânicas, como quitina e sclerotina. Estas substâncias são responsáveis pela dureza da cutícula. O endurecimento da cutícula è chamado esclerosação. Uma parte do corpo muito endurecida diz-se esclerosada. 
 A superfície do corpo do insecto consiste em numerosas placas endurecidas chamadas escleritos, onde a esclerosação è muito elevada. Os escleritos estão separados por linhas chamadas suturas. As suturas podem ser linhas de cutícula menos endurecida ou podem marcar uma dobra para dentro da parede do corpo. As suturas além disso permitem o movimento das varias partes do corpo.
 A parede do corpo do insecto pode conter numerosos processos externos e internos. Os processos podem ser cerdas, espinhos, escamas, etc. Eles são constituídos somente de cutícula ou por vezes de membrana basal, epiderme e cutícula. Os processos internos podem ser saliências ou espinhos. Estes reforçam a parede do corpo e são lugares de inserção de músculos.
 Os processos internos podem ser muito longos e penetrar profundamente dentro do corpo : eles constituem uma armação de suporte e de inserção de músculos denominada endoesqueleto.
 O tegumento externo do corpo também é denominado exoesqueleto.
CABEÇA
 A cabeça è a região anterior do corpo. Ela contem olhos compostos, ocelos, antenas e peças bucais.
Olhos compostos. São dois. Eles são constituídos de numerosas unidades visuais chamadas omatídios. Cada omatídio é marcado externamente por uma área hexagonal chamada faceta. A superfície de cada olho è dividida em numerosas facetas.
Ocelos (ou olhos simples). São geralmente três. São órgãos perceptores. Cada ocelo é marcado externamente por uma área circular chamada faceta. Os ocelos estão localizados na parte dorsal da cabeça entre os olhos composto.
Antenas. São duas. São órgãos sensitivos (com função táctil, olfactiva, etc.) que variam grandemente em tamanho e forma. Cada antena é constituída por um número variável de segmentos. A forma da antena è muito importante para a classificação dos insectos, porque cada grupo de insectos tem a sua forma particular de antena.
 São as seguintes as formas de antenas mais comuns:
1) Antena aristada: antena curta, constituída de três segmentos; o último segmento è dilatado e com uma cerda dorsal muito longa chamada arista. Esta forma de antena è típica da maior parte dos Diptera da subordem Brachycera.
2) Antena capitada: antena cujos segmentos terminais são repentinamente alargados (a parte distal alargada è chamada clava); esta forma de antena è típica de muitas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo Coccinellidae).
3) Antena clavada: antena cujos segmentos aumentam gradualmente em diâmetro distalmente (aparte distal alargada è chamada clava); esta forma de antena è típica de muitas famílias e ordens: por exemplo muitas famílias de Lepidoptera (por exemplo Papilionidae) e Coleoptera (por exemplo Tenebrionidae, Silvanidae).
4) Antena estilada: antena curta, constituída de três segmentos; o último segmento contem um processo terminal digitiforme chamado estilo; esta forma de antena è típica de algumas famílias de Diptera Brachycera (por exemplo Asilidae).
5) Antena filiforme: antena longa em forma de fio, constituída por segmentos de tamanho aproximadamente uniformes e geralmente cilíndricos; esta forma de antena è típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo Carabidae). 
6) Antena geniculada: antena constituída por um primeiro segmento longo (chamado escapo), um segundo segmento pequeno (chamado pedicelo) e alguns segmentos distais (que constituem uma parte terminal chamada flagelo); entre o escapo e o pedicelo a antena forma um cotovelo; esta forma de antena è típica de algumas famílias de Coleoptera (por exemplo Curculionidae, Lucanidae) e superfamílias de Hymenoptera (por exemplo Apoidea, Formicoidea).
7) Antena lamelada: antena cujos segmentos aumentam em diâmetro distalmente (a parte distal alargada è chamada clava); cada segmento terminal estende-se lateralmente formando um lobo arredondado ou oval em forma de folha; esta forma de antena è típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo Scarabaeidae). 
8) Antena moniliforme: antena constituída por segmentos todos de forma mais ou menos esférica (como pérolas); esta forma de antena é típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo Chrysomelidae). 
9) Antena pectinada: antena na qual a maioria dos segmentos se estendem lateralmente formando um processo lateral longo e subtil (em forma de pente); esta forma de antena è típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo alguns Elateridae) e Lepidoptera (sobretudo machos).
10) Antena bipectinada: como a antena pectinada, mas a maioria dos segmentos tem lateralmente dois processos laterais opostos; esta forma de antena è típica de muitos machos de Lepidoptera e Hymenoptera.
11) Antena plumosa: antena na qual a maioria dos segmentos tem em volta pêlos longos (a antena parece-se com uma pluma); esta forma de antena è típica de muitos machos de Diptera Nematocera.
12) Antena serrada: antena na qual os segmentos da metade distal ou dos dois-terços distais da antena são mais ou menos triangulares (em forma de serra) ; esta forma de antena é típica de algumas famílias de Coleoptera (por exemplo a maioria dos Elateridae).
13) Antena setácea: antena cujos segmentos tornam-se mais finos distalmente (em forma de cerda); esta forma de antena è típica de algumas famílias de Hemiptera (por exemplo Cicadellidae).
Peças bucais. As peças bucais dos insectos são os órgãos que permitem captar os alimentos e, através da boca, introduzi-los na cavidade bucal. 
 Por vezes as peças bucais são dirigidas para a frente: neste caso a cabeça é chamada prognata. Em outros casos as peças bucais são dirigidas para baixo perpendicularmente (cabeça chamada hipognata) ou obliquamente (cabeça metagnata). Num quarto caso (muito raro) as peças bucais são dirigidas para o alto (cabeça epignata).
 Geralmente os insectos predadores têm uma cabeça prognata (ou raramente epignata); os insectos fitófagos por outro lado têm geralmente uma cabeça hipognata ou metagnata (lembre-se que predadores são os insectos que caçam outros bichos para os comer; fitófagos são os insectos que comem parte de plantas).
 As peças bucais dos insectos são constituídas pelos órgãos seguintes:
1) um labro;
2) duas mandíbulas;
3) duas maxilas;
4) um lábio;
5) uma hipofaringe.
 Estes órgãos têm forma e tamanho diferentes nos vários grupos de insectos. O tipo de peças bucais dum insecto determina como ele se alimenta. O conhecimento dos diferentes tipos de peças bucais determina o tipo de prejuízo que o insecto ocasiona (a maioria dos insectos danifica as culturas alimentando-se) e portanto o tipo de insecticida mais apropriado. 
 Por exemplo se um insecto tem peças bucais de tipo mastigador e come folhas, isto significa que este insecto come parcialmente ou completamente as folhas. Se um agricultor aplica um insecticida que não è absorvido pelas folhas, mas fica somente sobre a superfície, o insecto, enquanto come as folhas, come também o insecticida e morre. 
 Por outro lado, se um insecto tem peças bucais de tipo perfurador-sugador significa que este insecto perfura os tecidos da planta com as suas peças bucais para alcançar os vasos linfáticos ou as células e suga a linfa ou o protoplasma celular. Neste caso, se um agricultor aplica o mesmo insecticida do exemplo precedente, que não è absorvido pelas folhas, mas fica apenas sobre a superfície, os insectos não morrem. Eles de facto não comem a folha e o insecticida, mas superam a camada de insecticida para alcançar os vasos e células que não estão envenenados. Se o agricultor quer matar os insectos com peças bucais de tipo perfurador-sugador deve aplicar insecticidas especiais que são absorvidos pela planta e permanecem na linfa ou no protoplasma celular.
 Portanto è muito importante conhecer o tipo de peças bucais se se quer lutar racionalmente contra os insectos prejudiciais.
 Conhecem-se os seguintes tipos principais de peças bucais:
1) Tipo mastigador. É um tipo que ocorre por exemplo nas seguintes principais ordens: adultos e jovens de Dermaptera, Orthoptera, Blattodea, Mantodea, Mallophaga, Neuroptera, Coleoptera; larvas de Lepidoptera, Aphaniptera e Hymenoptera; muitos adultos de Hymenoptera. Há maiores ou menores diferenças entre as peças bucais destas ordens, que se distinguem dumas para outras, mas o tipo geral é sempre o clássico dos Orthoptera.
 As peças bucais de tipo mastigador dos Orthoptera são as seguintes: um labro, duas mandíbulas, duas maxilas, um lábio e uma hipofaringe. 
 O labro, que è um lobo largo situado no lado dorsal ou anterior da cabeça, limita dorsalmente ou anteriormente a boca. Ele não toma parte activa na captação e mastigação dos alimentos e na sua introdução na cavidade bucal. 
 As duas mandíbulas, muito esclerosadas e não segmentadas, estão situadas nos lados da boca imediatamente abaixo ou atrás do labro. Elas geralmente têm um ou mais dentes que servem para quebrar os alimentos. As mandíbulas tomam parte activa na mastigação quebrando os alimentos.
 As duas maxilas estão situadas nos lados da boca imediatamente abaixo ou atrás das mandíbulas. Eles são segmentadas e constituídas pelos seguintes lobos: 
a) um cardo (por cada maxila), que è o segmento basal;
b) um estipe (por cada maxila), que é o segmento distal.
 Ao estipe está articulado internamente um lobo chamado lacinia e externamente um outro lobo chamado gálea. Lateralmente está articulado ao estipe um outro órgão segmentado chamado palpo maxilar (constituído por um número variável de segmentos). O palpo maxilar serve para introduzir os alimentos na boca.
 O lábio è uma estrutura impar provavelmente evoluída de duas outras maxilas fundidas ao longo da linha mediana. O lábio è constituído por duas porções, uma basal chamada pós-mento e uma distal chamada pré-mento. O pós-mento pode ser dividido em duas partes, uma basal chamada submento e uma distal chamada mento. Ao pré-mento estão articulados distalmente dois lobos medianos chamados glossas e dois lobos laterais chamados paraglossas. Ao pré-mento estão articulados externamente também dois órgãos segmentados chamados palpos labiais (constituídos por um número de segmentos variável). 
 A hipofaringe é um lobo curto, em forma de língua, situado na parte interna da cavidade bucal. Na hipofaringe ou perto dela abrem-se os dutos das glândulas salivares.
 Em Odonata, Blattodea, Mantodea, Phasmodea, Isoptera, Dermaptera,Orthoptera, Mallophaga as peças bucais de tipo mastigador estão mais ou menos situadas exteriormente, fora da cabeça. Por isso estes insectos são chamados ectognatos.
 Em poucos ordens (Collembola, Diplura) as peças bucais de tipo mastigador estão retraídas na cabeça. Por isso estes insectos são chamados entognatos.
2) Tipo mastigador-lambedor. È um tipo que ocorre em alguns adultos de Hymenoptera (por exemplo nas Vespas). É constituído pelos mesmos órgãos do tipo mastigador: a única diferença è que glossas, paraglossas, gáleas e lacinias são mais longas e muito pelosas, pelo que o insecto pode lamber os líquidos.
3) Tipo lambedor-sugador. È um tipo que ocorre em alguns adultos de Hymenoptera (por exemplo em muitas Abelhas) e Diptera (por exemplo na Mosca doméstica e nas Moscas da fruta).
 Em muitas Abelhas as gáleas são contíguas e formam uma probóscide. A probóscide contem um canal no qual estão os palpos labiais (muito longos) e as glossas. As glossas são muito longas e estão fundidas formando um lobo impar chamado lígula. A lígula è muito pelosa e serve para lamber os líquidos, que depois serão sugados para dentro do canal da probóscide.
 Na Mosca doméstica e nas Moscas da fruta as mandíbulas e as maxilas estão atrofiadas. Existem somente os palpos maxilares e sobretudo o labro e o lábio. Labro e lábio são contíguos e formam uma probóscide. Distalmente o lábio tem dois lobos ovais e moles chamados labelas. A superfície inferior das labelas contem numerosos sulcos transversais, que servem como canais alimentares. Eles apanham os líquidos, que são depois sugados pelo canal interno da probóscide. Neste canal há também a hipofaringe, que é muito longa e subtil. Ela contem o canal salivar.
4) Tipo sugador. È um tipo que ocorre nos adultos de Lepidoptera (quer dizer nas Borboletas) e de alguns Diptera.
 Nas Borboletas as mandíbulas estão atrofiadas. Labro e lábio estão reduzidos. As maxilas têm lacinias atrofiadas e gáleas muito longas e contíguas a formar uma probóscide, que contem o canal alimentar. A probóscide fica enrolada: quando è usada para sugar líquidos è desenrolada pela pressão sanguínea. 
5) Tipo perfurador-sugador. È um tipo que ocorre nos jovens e adultos de Hemiptera, Thysanoptera e Anoplura, assim como nos adultos de Apheniptera e de muitos Diptera (Mosquitos e Mutucas).
 Nos Hemiptera o labro é muito pequeno. O lábio tem forma de bainha: ele encerra quatro estiletes picadores (as duas mandíbulas e as duas maxilas, todas muito longas e subtis). Lábio, mandíbulas e maxilas constituem um órgão chamado rostro. O lábio não perfura, mas serve como pontalete quando os estiletes perfuram os tecidos. Os estiletes, dentro do rostro, ajustam-se entre si de tal modo que formam dois canais, um canal alimentar e um canal salivar.
 Nos Thysanoptera os estiletes perfuradores são três, a mandíbula esquerda e as duas maxilas. O rostro é constituído pelo labro (dorsalmente), o lábio (ventralmente) e os estipes das maxilas (lateralmente). Dentro do rostro ficam os estiletes perfuradores.
 Os insectos que têm peças bucais de tipo perfurador-sugador e picam as plantas são chamados fitomizos. Os prejuízos causados pelos fitomizos são os seguintes:
a) lesão aos tecidos vegetais causada pela ferida mecânica determinada pela introdução das peças bucais;
b) subtracção de linfa ou protoplasma vegetal;
c) introdução na planta com a saliva de toxinas ou enzimas, que causam necroses ou multiplicação anormal das células vegetais (jovens folhas e rebentos crescem torcidos);
d) transmissão à planta de vírus ou micoplasmas, que causam doenças à planta;
e) emissão do ânus de gotas de excrementos líquidos açucarados, que se depositam sobre a superfície dos órgãos verdes; nesta camada líquida, que seca, desenvolvem-se fungos pretos (fumágina), que cobrem de preto os órgãos verdes e impedem fortemente a fotossíntese. 
6) Tipo cefálico-faríngeo. È um tipo que ocorre nas larvas dos Diptera Brachycera. È constituído por dois ganchos, que laceram os tecidos dos hospedeiros vegetais ou animais.
Escleritos da cabeça. Os escleritos da cabeça são numerosos. Os principais são os seguintes:
Fronte: situada anteriormente entre os olhos compostos;
Clípeo: situado anteriormente entre a fronte e o labro;
Vértice: que è a parte dorsal da cabeça;
Occipicio: que è a parte posterior da cabeça;
Genas: que são as partes laterais da cabeça entre os olhos compostos e as mandíbulas.
TÓRAX
 O tórax è a região média do corpo. Está dividido em três segmentos: protórax (o segmento anterior, situado atrás da cabeça), mesotórax (o segmento médio) e metatórax (o segmento posterior). 
 Cada segmento è composto de pelo menos quatro escleritos, um dorsal (chamado noto), um ventral (chamado sterno) e dois laterais (chamados pleuras). 
 No protórax há um pronoto, duas propleuras e um prosterno; no mesotórax um mesonoto, um mesosterno e duas mesopleuras; no metatórax um metanoto, um metasterno e duas metapleuras.
 Por vezes (em alguns insectos) o mesonoto è dividido ainda em dois escleritos, um anterior (o escuto) e um posterior (o escutelo).
 Entre as mesopleuras e mesonoto e entre as metapleuras e metanolo articulam-se as asas. Entre as pleuras de todos os segmentos e os sternos articulam-se as patas.
Patas. As patas dos insectos são seis (três pares). Cada pata é constituída pelos segmentos seguintes:
Coxa: que se articula ao tórax;
Trocanter: geralmente um segmento pequeno;
Fémur;
Tibia;
Tarso.
 O tarso è segmentado (o número dos segmentos è variável). O último segmento tarsal, chamado pretarso, tem geralmente duas garras. Entre as garras por vezes há uma estrutura em forma de almofada, chamada arólio. Por vezes estas estruturas são duas e são chamadas pulvilos. 
 As garras servem para o insecto se agarrar as superfícies ásperas. 
 O arólio e os pulvilos servem para aderir às superfícies lisas (como os vidros das janelas). São órgãos que podem aderir às superfícies lisas quando a pressão sanguínea aumenta e o líquido vital (chamado hemolinfa) preenche o arólio e os pulvilos. 
 Por vezes entre as normais duas garras há uma estrutura mais longa em forma de terceira garra, chamada empódio. O empódio serve para o insecto se agarrar à superfícies ásperas.
 O comprimento e a forma das patas e dos seus segmentos são muito variáveis. 
 Nas patas adaptadas ao salto geralmente os fêmures posteriores são muito dilatados, porque contêm músculos posantes (por exemplo nos Gafanhotos). 
 Nas patas adaptadas para escavar geralmente as tíbias anteriores têm as margens externas dentadas para escavar melhor (por exemplo nos Scarabaeidae).
 Nas patas raptórias, que servem a capturar outros insectos, as margens internas das tíbias e fêmures anteriores são espinhosas e servem para capturar entre as tíbias e fêmures as prejas (por exemplo nos Louva-a Deus). 
 Nas patas natatorias (que servem para nadar) os segmentos são geralmente longos e muito pelosos para aumentar a superfície que bate na água (por exemplo nos Dytiscidae). 
 As patas podem não existir completamente (como em muitas larvas) ou podem estar mais ou menos atrofiadas.
Asas. As asas dos insectos são geralmente quarto (dois pares) e se encontram somente nos adultos. Elas são lâminas chatas e membranosas. Dado que são evaginações da parede do corpo do mesotórax e do metatórax, as asas têm uma parede externa igual à parede externa do corpo do insecto, quer dizer que è constituída pela membrana basal, epiderme e cutícula.
 O tegumento superior das asas è sobreposto ao inferior sem espaço intermédio. Entre os dois tegumentos sobrepostos penetram mais ou menos numerosos vasos chamados nervuras. Cada nervura é um tubo que contem o líquido vital do insecto (chamado hemolinfa), um pequeno tubo chamado traqueia (que faz parte do sistema respiratório e servepara permitir as trocas gasosas nas asas) e um nervo.
 Cada nervura tem o seu nome (por exemplo nervura costa ou costa, nervura radial, nervura marginal, etc.). 
 Entre as nervuras há um espaço chamado célula. A forma e o número das células, assim como a direcção e o número das nervuras, è muito variável nos insectos e è uma característica muito importante para identificar as ordens e as famílias.
 Nas asas de muitos insectos uma parte da nervura costal (que è a nervura situada ao longo da margem anterior das asas) pode ser muito engrossada: esta parte chama-se estigma.
 As asas podem ser todas completamente membranosas e transparentes (nos Thysanoptera, Isoptera, Aphides, Hymenoptera).
 Nos Coleoptera as asas anteriores são muito esclerosadas e não servem para voar: são chamadas élitros. As asas posteriores (que servem para voar) são membranosas e estão escondidas sob os élitros quando o insecto não voa.
 Nos Orthoptera, Phasmodea e Mantodea as asas anteriores são completamente e levemente esclerosadas (mas menos endurecidas que nos élitros dos Coleoptera) e servem para voar. Elas são chamadas tégminas. As asas posteriores (que servem para voar) são membranosas.
 Nos Diptera as asas anteriores (que servem para voar) são membranosas ; ao contrário as asas posteriores são reduzidas formando órgãos de equilíbrio durante o voo chamados halteres.
 Nas Borboletas (Lepidoptera) geralmente as asas anteriores e posteriores (que servem todas para voar) estão cobertas de escamas.
 Nos Percevejos (Hemiptera Heteroptera) as asas posteriores são completamente membranosas e servem para voar; as asas anteriores (que servem igualmente para voar) estão divididas em duas regiões : a região basal (que é levemente esclerosada) e a região distal (que é membranosa). As asas anteriores dos Percevejos chamam-se hemélitros.
 Nos machos dos Grilos e das Esperanças (Orthoptera Ensifera) as asas anteriores (que são tégminas) têm uma área basal membranosa, chamada área estridulatória, que serve para cantar. Os Grilos e as Esperanças produzem sons esfregando uma sobre a outra as áreas estridulatórias das duas asas anteriores (porque estas possuem quinas aguçadas e elevações estriadas, que esfregam uma sobre a outra). Durante o canto as asas anteriores levantam-se e movimentam-se num vai-e-vem, produzindo os sons.
ABDÓMEN
 O abdómen è a região posterior do corpo. Está dividido geralmente em 11 segmentos. Somente os Protura e os Collembola têm um número de segmentos abdominais diferente (6 nos Collembola; 12 nos adultos dos Protura). 
 Cada segmento abdominal exteriormente consiste em dois esclerites, um dorsal (chamado tergíto) e um ventral (chamado esternito). Não existem esclerites laterais, que são visíveis nos segmentos do tórax (as pleuras).
 O abdómen possue apêndices. Os apêndices mais comuns são os seguintes :
1) Falsas patas. São apêndices do abdómen das larvas de Lepidoptera e Hymenoptera Symphyta. 
 Nas larvas de Lepidoptera as falsas patas são geralmente 10 (5 pares) e estão situadas nos esternitos do 3°, 4°, 5°, 6° e 10° segmento abdominal. Somente nas larvas de Lepidoptera das famílias Geometridae e Noctuidae Plusiinae o número de falsas patas è menor (2 pares no 6° e 10° segmento nos Geometridae; 3 ou 4 pares nos Plusiinae (no 5°, 6° e 10° segmento ou no 4°, 5°, 6° e 10° segmento)).
 Nas larvas de Hymenoptera Symphyta o número de falsas patas é variável (6-8 pares). Elas começam sempre a partir do 2° segmento abdominal.
 As falsas patas servem para facilitar a locomoção e para a larva se agarrar às plantas (porque as falsas patas geralmente têm um número de ganchos na sua extremidade).
2) Cercos. São apêndices do 11° segmento abdominal. Ocorrem nos Dermaptera, Orthoptera e Odonata. Servem para captar os alimentos e introduci-los na boca. Servem também como órgãos de defesa e de ataque.
3) Ovipositor. É um apêndice do 8° e 9° segmento abdominal das fêmeas adultas de alguns grupos de insectos. Por exemplo o ovipositor ocorre nos Orthoptera Ensifera, Hemiptera, Hymenoptera e em alguns Thysanoptera.
 O ovipositor serve para perfurar o solo ou os tecidos das plantas ou de animais para introduzir os ovos. É constituído por três pares de apêndices, chamados valvas.
 O ovipositor pode ser mais ou menos longo e de tamanho e forma diferente. Os três pares de valvas estão juntos formando um tubo dentro do qual desce o ovo.
 Nas Vespas e nas Abelhas o ovipositor está modificado num ferrão e serve para picar tecidos animais como órgão de defesa e de ataque.
 O tipo de ovipositor precedentemente descrito (composto de três pares de valvas) è o ovipositor típico. 
 Em algumas fêmeas não há um ovipositor típico, mas há um ovipositor de substitução, que è simplesmente a região terminal do abdómen adaptada que forma um tubo constituído pelos segmentos abdominais, que na região distal do abdómen são muito subtis. O ovipositor de substitução ocorre por exemplo nas fêmeas das Moscas da fruta (Diptera Tephritidae) e dos Coleoptera Cerambycidae.
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CAPÍTULO 3
ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS INSECTOS
1) Sistema digestivo e escretor
 O sistema digestivo dos insectos è constituído por um tubo (chamado canal alimentar) que se estende da boca ao ânus.
 O canal alimentar está dividido em três partes: estomodeu, mesêntero e proctodeu. 
Estomodeu
 O estomodeu (ou intestino anterior) è a região do canal alimentar que começa com a boca e acaba com uma válvula que regula a passagem dos alimentos do estomodeu ao mesêntero.
 O estomodeu está diferenciado geralmente em faringe, esófago, papo e proventrículo.
 A faringe é a cavidade bocal, na qual è segregada a saliva.
 O esófago è um tubo que coliga a faringe ao papo.
 O papo è um saco onde podem ser conservados os alimentos líquidos; ocorre nas Abelhas para conservar o mel, nas Formigas, nos Mosquitos, etc. 
 O proventrículo è uma região do canal alimentar onde a parede tem dentes em forma de agulhas que, quando o alimento consiste em partículas grossas, reduzem as partículas a pedaços menores. 
Mesêntero
 O mesêntero (ou intestino médio) è a região do canal alimentar onde se realizam os principais processos digestivos e a absorção dos alimentos.
 As paredes do estomodeu e do proctodeu são constituídas pelo mesmo tegumento da parede externa do corpo (cutícula, epiderme, membrana basal), porque o estomodeu e o proctodeu são invaginações da parede externa do corpo. Ao contrário a parede do mesêntero è diferentemente constituída, porque o mesêntero tem uma origem diferente. Ela è constituída por células epiteliais. Algumas células produzem enzimas, que servem para digerir os alimentos; outras células produzem também uma membrana, chamada membrana peritrófica, que è segregada quando o alimento entra no mesêntero.
 A membrana peritrófica envolve o alimento. Dado que a membrana è permeável, permite o intercâmbio das enzimas digestivas e dos alimentos digeridos, que estão prontos para serem absorvidos. Portanto inicialmente atravessam a membrana as enzimas. Quando o alimento è digerido, è ele que atravessa a membrana e è absorvido pelas células epiteliais.
 O alimento atravessa depois também as células epiteliais e chega à emolinfa. Quando todo o alimento foi absorvido, as células epiteliais absorvem também a membrana peritrófica.
 Fica no mesêntero o alimento que não pode ser digerido. Ele entra no proctodeu para ser expelido como excremento.
Proctodeu
 O proctodeu è a parte do canal alimentar que coliga o mesêntero ao ânus. A sua parede è constituída por cutícula, epiderme e membrana basal (como aquela do estomodeu).
 Ao início do proctodeu chegam os produtos de excreção formados nos tecidos do corpo e retirados da hemolinfa. Estes produtos (que se encontram na hemolinfa) atravessama parede permeável de alguns tubos, chamados túbulos de Malpighi, que surgem como evaginações da região anterior do proctodeu e que flutuam na hemolinfa.
 Os túbulos de Malpighi são os principais órgãos do sistema escretor.
 Os produtos de excreção che saem dos túbulos de Malpighi e do mesêntero saem pelo ânus. 
2) Sistema circulatório
 O sistema circulatório dos insectos è aberto (quer dizer que a emolinfa não está fechada dentro de vasos como nos Vertebrados).
 A hemolinfa (que è o líquido vital dos insectos, correspondente ao sangue dos Vertebrados) enche simplesmente a cavidade interna do corpo (o tegumento externo dos insectos cerca uma grande cavidade interna, chamada celoma). È um líquido que não serve para transportar o oxigénio e o dióxido de carbono, porque a função respiratória è desenvolvida pelo sistema respiratório. A hemolinfa serve para transportar os alimentos digeridos e os produtos de excreção.
 Uma pequena parte da circulação da hemolinfa acontece num vaso, que è chamado vaso sanguíneo. È um tubo situado dorsalmente ao canal alimentar no tórax e abdómen.
 A parte posterior do vaso sanguíneo è chamada coração: ele está dividido numa série de câmaras separadas por válvulas. Cada câmara tem duas aberturas laterais chamadas óstios. O número de câmaras è variável.
 A parte anterior do vaso sanguíneo è um simples tubo sem óstios chamado aorta.
 A circulação da emolinfa no vaso sanguíneo è causada por processos de sístole e diástole alternados, que se verificam nas câmaras do coração. A emolinfa entra numa câmara através dos óstios. Com uma contracção das paredes da câmara (sístole) a hemolinfa è impelida dentro da câmara seguinte (que está no estádio de diástole). Com uma série alternada de contracções a hemolinfa è impelida de câmara em câmara para a aorta. Anteriormente a aorta è aberta: ela tem uma abertura da qual sai a hemolinfa.
 A circulação da hemolinfa no corpo do insecto è causada somente pela pressão e pela velocidade de saída da hemolinfa da aorta. Somente nas patas, asas e antenas há órgãos especiais, chamados órgãos pulsáteis, que facilitam a circulação da hemolinfa em órgãos periféricos e subtis. Os órgãos pulsateis são pequenos corações constituídos por uma só câmara e com óstios nas paredes. Com uma série alternada de sístole e diástole a hemolinfa è impelida profundamente dentro dos órgãos periféricos do corpo.
3) Sistema respiratório
 O sistema respiratório dos insectos è constituído por uma rede de tubos, chamados traqueias. Elas abrem-se externamente em aberturas chamadas estigmas.
 Internamente as traqueias são ramificadas e estendem-se por todo o corpo, chegando às células periféricas. Os ramos de traqueias mais periféricos são muito subtis e são chamados traquejas.
 O oxigénio entra nas traqueias através dos estigmas e chega às traquéolas e às células. Em direcção contrária o dióxido de carbono sai das células e através das traquéolas e das traqueias chega aos estigmas.
 O movimento do oxigénio e do dióxido de carbono è causado pelas contracções dos músculos abdominais que fazem inspirar e expirar alternativamente. Quando o insecto inspira, o ar entra nas traqueias através dos estigmas. Logo depois os estigmas fecham-se para permitir que o ar chegue às células. Quando todo o ar está em proximidade das células, começa expiração. Os estigmas abrem-se e o dióxido de carbono sai.
4) Sistema reprodutor
 Nas fêmeas o sistema reprodutor è constituído por dois ovários (que são as glândulas onde se produzem os ovos). 
 De cada ovário sai um canal chamado oviducto. Os dois oviductos unem-se para formar um único tubo (chamado oviducto comum), que se abre perto da extremidade posterior do abdómen.
 Por vezes o oviducto entra dentro dum ovipositor.
 Geralmente os seguintes órgãos são associados ao oviducto: 
1) espermateca: que è um saco onde são armazenados os espermatozóides; dentro deste saco os espermatozóides são alimentados por um líquido segregado por uma glândula especial;
2) glândulas acessórias: que produzem materiais utilizados em vários modos (por exemplo para construir as paredes das ootecas (ou ovissacos), que são sacos que contêm os ovos).
 Nos machos o sistema reprodutor é constituído por dois testiculos (que são as glândulas que produzem os espermatozóides).
 De cada testículo sai um canal chamado ducto deferente. Os dois ductos deferentes unem-se formando um único tubo, chamado ducto ejaculatorio, que se abre perto da extremidade posterior do abdómen.
 Geralmente estão associadas ao ducto ejaculatorio as glândulas acessórias, que produzem materiais utilizados em vários modos. 
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CAPÍTULO 4
DESENVOLVIMENTO E METAMORFOSE DOS INSECTOS
 A parede externa do corpo dos insectos è muito esclerosada e pouco elástica. Portanto, quando o insecto cresce, durante o desenvolvimento juvenil, a parede externa não è suficientemente elástica para se dilatar e conter o corpo aumentado do insecto. O insecto portanto deve trocar a velha parede externa pouco capaz substituindo-a por uma nova parede. O insecto não troca toda a parede externa, mas somente a cutícula. Dado que as traqueias, o estomodeu e o proctodeu são invaginações da parede externa, o insecto troca também a cutícula destes órgãos. Este processo chama-se muda. 
 A velha cutícula eliminada chama-se exúvia.
 No início da muda as células da epiderme segregam um líquido, chamado líquido de muda, que separa a velha cutícula da epiderme. A velha cutícula portanto separa-se. Simultaneamente a epiderme segrega a nova cutícula mais capaz. Geralmente aparece uma fenda da velha cutícula ao longo da linha mediana dorsal do tórax. A fenda cresce e o insecto sai da cutícula velha através da fenda.
 Durante o desenvolvimento juvenil do insecto realiza-se um número de mudas variável (geralmente 4-20 mudas). O adulto não muda.
 O intervalo entre uma muda e a muda seguinte chama-se estádio ou idade. O primeiro estádio è entre a eclosão do ovo e a primeira muda; o segundo estádio è entre a primeira e a segunda muda; e assim por diante. Diz-se jovem de primeiro estádio, de segundo estádio, etc. 
 As mudas são causadas pela actividade de duas hormonas, a neotenina (segregada por glândulas chamadas corpora allata, que se encontram na cabeça) e a hormona da muda (segregada pela glândula protorácica, que se encontra no protórax).
 A neotenina inibe a muda e conserva as caracteristicas juvenis. A hormona da muda promove as mudas.
 Quando o jovem nasce do ovo, produz uma quantidade de neotenina muito grande e uma pequena quantidade de hormona da muda. Durante o desenvolvimento a quantidade de neotenina torna-se cada vez maior. No fim do desenvolvimento há pouca neotenina e muita hormona da muda. Portanto a neotenina não pode mais inibir a muda final e a transformação em adulto.
 Durante o desenvolvimento a forma do insecto pode mudar muito: o completo das transformações, que acontecem durante o desenvolvimento, chama-se metamorfose. 
 Nos insectos há dois tipos de metamorfose : metamorfose simples e completa.
 Na metamorfose simples o jovem (chamado ninfa) è muito semelhante ao adulto, as asas desenvolvem-se externamente e geralmente não há um estádio de repouso prolongado antes da última muda.
 Na metamorfose completa o jovem (chamado larva) è muito diferente do adulto, as asas desenvolvem-se internamente e há um estádio de repouso prolongado antes da última muda.
 Por exemplo nos Orthoptera há uma metamorfose simples ; nos Lepidoptera há uma metamorfose completa.
 O estádio de repouso prolongado que existe na metamorfose completa è chamado pupa. 
 Se conhecem diferentes tipos de metamorfose simples e completa; os principais são os seguintes:
1) Metamorfose simples
 São os seguintes os tipos diferentes de metamorfose simples:
a) Eterometabolía:alternam-se os seguintes estádios de desenvolvimento: ovo – ninfa (alguns estádios) – adulto.
 O adulto pode ser alado ou não alado. No caso que seja sem asas, a metamorfose è chamada também pseudoametabolía.
 As principais ordens eterometábolos são as seguintes: Odonata, Mantodea, Isoptera, Dermaptera, Orthoptera, Phasmodea, Mallophaga, Anoplura e a maioria dos Hemiptera.
b) Neometabolía: alternam-se os seguintes estádios de desenvolvimento: ovo – ninfa (alguns estádios) – prepupa (1-2 estádios) – subpupa (1 estádio) – adulto.
 O adulto pode ser alado ou não alado.
 As prepupas e subpupas são estádios nos quais o insecto fica imóvel e não come. Na prepupa não há asas externas em desenvolvimento; na subpupa há asas externas em desenvolvimento.
 Dado que na neometabolía há alguns estádios de repouso prolongado (prepupa e subpupa), este tipo de metamorfose considera-se um tipo de transição entre a metamorfose simples e completa.
 A neometabolía se encontra somente nos Thysanoptera e nos machos de algumas Cochonilhas (Hemiptera Coccoidea).
 Há outros tipos de metamorfose simples (Ametabolía, Prometabolía, Oligometabolía, Anametabolía), mas não se encontram em ordens importantes do ponto de vista agrícola.
2) Metamorfose completa
 São os seguintes os principais tipos de metamorfose completa:
a) Olometabolía: alternam-se os seguintes estádios de desenvolvimento: ovo – larva (alguns estádios) – pupa (1 estádio) – adulto (com ou sem asas).
 A pupa è um estádio de repouso prolongado antes da última muda, no qual se realizam as complexas transformações da larva em adulto.
 As principais ordens olometábolos são as seguintes: Lepidoptera, Aphaniptera, Diptera, Neuroptera, Hymenoptera e a maioria dos Coleoptera.
b) Hipermetabolía: alternam-se os seguintes estádios de desenvolvimento: ovo – larva de 1° tipo (1 ou alguns estádios) - 
pseudopupa (1 estádio) – larva de 2° tipo (1 ou alguns estádios) – pupa – adulto (com ou sem asas).
 A larva de 1° tipo geralmente procura a prêsa: portanto tem forma alongada, ágil, com patas longas e com garras robustas. A larva de 1° estádio não come. Quando a larva de 1° tipo acha a prêsa, muda em pseudopupa, que è um estádio no qual o insecto fica imóvel e não come. Depois a pseudopupa muda em larva de 2° tipo. 
 A larva de 2° tipo come a prêsa.
 A hipermetabolía se encontra nos Coleoptera Meloidae.
 Um outro tipo de metamorfose è a catametabolía. Ela ocorre quer nos insectos que têm uma metamorfose simples, quer nos insectos que têm uma metamorfose completa. Nesta metamorfose os adultos são reduzidos em relação aos jovens (larvas ou ninfas). Por exemplo nos adultos podem faltar as patas, que havia nos jovens. A catametabolía se encontra em muitas ordens (Coleoptera, Hemiptera, Lepidoptera, etc.).
 Na metamorfose completa a larva de última idade chama-se larva madura.
Estádios da metamorfose completa
 Na metamorfose completa há diferentes tipos de estádios de larva e pupa.
Larvas: são os seguintes os tipos principais:
a) Larva eruciforme: larva em forma de lagarta, com corpo cilíndrico, patas torácicas e falsas patas abdominais. Nos Lepidoptera e Hymenoptera Symphyta.
b) Larva oligópode campodeiforme: larva alongada, ágil, com patas torácicas, sem falsas patas. Em Neuroptera e muitos Coleoptera.
c) Larva oligópode escarabeiforme: larva curva (em forma de C), com patas torácicas, sem falsas patas. Nos Coleoptera Scarabaeidae.
d) Larva ápode alongada: larva com formas diferentes, sem patas torácicas e sem falsas patas. Em muitos Coleoptera (sobretudo as larvas que escavam galerias na madeira das árvores). 
e) Larva ápode cirtosomática: larva curva (em forma de C), sem patas torácicas e sem falsas patas. Nos Coleoptera Curculionidae.
 Há outros tipos de larvas, mas são menos importantes.
Pupas: são os seguintes os tipos principais:
a) Pupa obtecta: pupa com apêndices mais ou menos colados ao corpo (como nas múmias egipcias). Nos Lepidoptera.
b) Pupa exarata: pupa com apêndices livres, não colados ao corpo. Nos Coleoptera, Hymenoptera, Aphaniptera, Neuroptera.
c) Pupa coarctata: pupa exarata, mas coberta pelas exúvias endurecidas do penúltimo estádio larval, as quais formam um invólucro chamado pupario. Nas moscas (Diptera Brachycera).
 Há outros tipos de pupas, mas são menos importantes.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE AGRICULTURA
APONTAMENTOS DE 
ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA
PARTE II – ENTOMOLOGIA ESPECIAL
INSECTOS COM METAMORFOSE SIMPLES
POR
MASSIMO OLMI
CUAMBA 2000
SISTEMÁTICA DOS INSECTOS
 A sistemática (ou taxonomia) è a ciência que trata da classificação dos seres vivos.
 Cada insecto tem uma denominação científica, que segue regras definidas por um Código Internacional de Nomenclatura Zoológica. Todos os nomes científicos são latinizados (por exemplo os Insectos são Insecta).
 O reino dos animais está dividido em filos (em latino phyla); cada filo (em latino phylum) está dividido em classes.
 Os Insectos constituem uma classe, que pertence ao filo dos Artrópodes: classe Insecta, phylum Arthropoda. 
 Cada classe está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas ordens.
 Cada ordem está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas subordens.
 Cada subordem está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas superfamílias.
 Cada superfamília está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas famílias.
 Cada família está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas subfamílias.
 Cada subfamília está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas tribos.
 Cada tribo está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas géneros.
 Cada género está dividido num número de categorias sistemáticas chamadas subgéneros.
 Cada subgénero está dividido num número de categorias sistemáticas chamadas espécies.
 Cada espécie está dividida num número de categorias sistemáticas chamadas subespécies (ou raças).
 
 Neste tipo de classificação a única categoria de valor absoluto è a espécie, porque è a única categoria que tem uma significação biológica. A espécie de facto è considerada como um grupo de individuos ou de populações que, na natureza, são capazes de se cruzarem entre si e produzirem uma prole fértil e que estão isolados reprodutivamente de outros grupos. Por exemplo o cavalo e o burro podem se cruzarem originando o mulo, mas o mulo è estéril e portanto cavalo e burro são duas espécies distintas.
 Todas as outras categorias têm somente um valor relativo, quer dizer elas foram inventadas pelo homem para estabelecer uma certa ordem na classificação dos animais. Elas portanto são categorias subjectivas, que podem variar em função das opiniões dos cientistas. 
 Portanto a classificação seguida nestes apontamentos è somente uma das classificações seguidas no mundo. È uma das classificações mais seguidas, mas não è a única. Nos livros podem-se encontrar também classificações diferentes.
 Nesta classificação a classe Insecta divide-se nas seguintes 32 ordens:
1) Collembola
2) Protura
3) Diplura
4) Archaeognatha
5) Thysanura
6) Ephemeroptera
7) Odonata
8) Blattodea
9) Mantodea
10) Isoptera
11) Zoraptera
12) Plecoptera
13) Embioptera
14) Grylloblattodea
15) Dermaptera
16) Phasmatodea (= Phasmodea)
17) Orthoptera
18) Psocoptera (= Corrodentia)
19) Phthiraptera (= Mallophaga e Anoplura)
20) Thysanoptera
21) Hemiptera
22) Megaloptera
23) Rhaphidioptera
24) Neuroptera
25) Mecoptera
26) Trichoptera
27) Lepidoptera
28) Diptera
29) Siphonaptera (= Aphaniptera) 
30) Coleoptera
31) Strepsiptera32) Hymenoptera
 Cada espécie è chamada com um nome científico, que consiste em dois nomes latinos: o primeiro è o nome do género, o segundo è o nome da espécie. Por exemplo, numa espécie que chama-se Aphis craccivora, Aphis é o nome do género, enquanto craccivora é o nome da espécie.
 Nalguns casos um insecto tem três nomes; neste caso o terceiro nome indica a subespécie. Por exemplo, no caso da Locusta migratoria migratorioides, Locusta è o género, migratoria è a espécie, migratorioides è a subespécie. 
 A subespécie (chamada também raça) existe quando numa espécie existem populações diferentes que vivem em regiões geográficas separadas. Estas populações têm características morfológicas diferentes, mas não constituem espécies diferentes, porque podem-se cruzar e produzir uma prole fértil. De facto nas zonas confinantes dos territórios habitados das duas populações diferentes vivem individuos que têm características morfológicas intermédias, porque são o resultado dos cruzamentos entre as duas populações confinantes.
 No caso da Locusta migratoria, existem 4 subespécies: migratorioides da África; gallica da França central e septentrional; cinerascens da Italia, Argélia e França meridional; migratoria da Ásia.
 Os nomes da espécie e da subespécie são sempre seguidos pelo nome do descobridor, quer dizer o nome do cientista que descreveu a espécie ou a subespécie. A descrição deve ser publicada numa revista científica. Por exemplo, escreve-se Aphis craccivora Koch (Koch è o nome do autor); ou Locusta migratoria migratorioides R. e F.
 O nome do autor pode ser indicado numa forma abreviada (por exemplo R. e F.).
 Uma outra regra da nomenclatura è que os nomes de superfamílias, famílias, subfamílias e tribos terminam respectivamente em –oidea, -idae, -inae e -ini. Por exemplo Curculionoidea é uma superfamília, Curculionidae è uma família, Curculioninae è uma subfamília, Curculionini è uma tribo.
 Os nomes das ordens, subordens, géneros, espécies e subespécies não têm uma terminação constante.
AS ORDENS DE INSECTOS
 As 32 ordens de insectos não são todos importantes do ponto de vista agrícola. Nestes apontamentos somente as ordens que incluem espécies de importância agrícola são tratados.
Ordem Blattodea (Baratas)
 A metamorfose destes insectos é a eterometabolia, com os estádios de ovo, ninfa e adulto. Os adultos têm as asas anteriores levemente esclerosadas (tégminas) e as asas posteriores membranosas e transparentes; por vezes as asas são reduzidas ou ausentes.
 Ninfas e adultos têm peças bucais de tipo mastigador.
 As baratas têm no abdómen algumas glândulas que produzem um líquido de cheiro desagradável, que sai através de orifícios situados no lado ventral do 5° e 6° segmento abdominal.
 As baratas vivem em vários lugares (habitações, matas, etc.), onde comem qualquer tipo de material orgânico (vegetais mortos, madeira morta, sementes, farinha, lixo, etc.).
 Frequentando os alimentos podem transmitir microrganismos patógenos (bactérias, nemátodes, ténias, etc.), que podem causar doenças ao homem.
 As fêmeas depositam os ovos agrupados dentro de pequenos sacos chamados ootecas. As ootecas são depositadas livremente nos lugares habitados pelas baratas.
 As baratas causam prejuízos nos armazéns e nas casas porque são vectores de microrganismos perigosos, danificam os produtos alimentares e produzem um cheiro desagradável que se transmite aos alimentos.
 Luta: limpeza das casas e dos armazéns; iscas de farinha de trigo envenenada; aplicações nos quartos com insecticidas de contacto em pó; aplicação de insecticidas de inalação ou de dióxido de carbono nos armazéns. 
 Em Moçambique as espécies de baratas principais são as seguintes :
Periplaneta americana L. (Barata americana)
 È a barata mais grande e mais comum, que vive em todos os países tropicais e subtropicais do mundo. O adulto tem 25-40 mm de comprimento; a cor è castanha avermelhada. Tem asas desenvolvidas.
 Cada fêmea durante a sua vida pode depositar até 50 ootecas; cada ooteca contem 6-16 ovos.
Blattella germanica L. (Barata alemã)
 È uma barata mais pequena, que vive em todo o mundo. O adulto tem 13-14 mm de comprimento; a cor è castanha clara, com duas faixas amarelas no pronoto. Tem asas desenvolvidas.
 Cada fêmea durante a sua vida pode depositar até 6 ootecas.
Ordem Isoptera (Térmitas, ou Térmites, ou Formigas-brancas, ou Muchém)
 A metamorfose destes insectos é a eterometabolia, com os estádios de ovo, ninfa e adulto.
 Ninfas e adultos têm peças bucais de tipo mastigador.
 As térmites são insectos sociais. São as seguintes as formas (chamadas castas) que ocorrem na sociedade das térmites:
1) os reprodutores (rei e rainha), que têm órgãos reprodutores normais.
2) os individuos estéreis (machos e fêmeas), que têm órgãos reprodutores não desenvolvidos e que podem ser operárias ou soldados.
 As operárias (ou obreiras) trabalham para cuidar dos ovos, para alimentar a rainha, o rei e os soldados, para trazer os alimentos, para cuidar das culturas de fungos (nas espécies que os cultivam), para construir e reparar o ninho.
 Os soldados (que têm uma cabeça muito grande e as mandíbulas ampliadas) defendem o ninho dos perigos: se as formigas (que são os principais inimigos das térmites) invadem o ninho, os soldados atacam os intrusos e matam os com as mandíbulas; se se forma um pequeno furo numa parede do ninho os soldados fecham os buracos com a cabeça à espera da intervenção das operárias.
 Nalgumas espécies os soldados têm na cabeça uma glândula (chamada glândula frontal) que produz um líquido viscoso, que envolve as formigas. O líquido sai dum orifício (chamado poro frontal), situado no fundo duma depressão da cabeça (chamada fontanelo).
 Os soldados e as operárias não têm asas, enquanto os reprodutores têm asas muito compridas, membranosas e transparentes. Após a cópula todavia a fêmea e o macho movem violentamente as asas, que se quebram perto da articulação.
 As térmites comem celulosa (contida em qualquer tipo de vegetais, mas sobretudo na madeira). Para digerir a celulosa muitas espécies têm no papo e no proventrículo colónias de Protozoarios simbióticos, que no seu corpo têm por sua vez Bactérias simbióticas. Realiza-se uma simbiose, onde as Bactérias digerem a celulosa, os Protozoarios comem as Bactérias mortas e as Térmites comem os Protozoarios mortos. Isto significa que as Térmites não comem directamente a celulosa, mas através da simbiose com Protozoarios e Bactérias. Sem os organismos simbióticos as térmites não poderiam digerir a celulosa.
 Todavia há também térmites que não têm organismos simbióticos. Neste caso as térmites cultivam no ninho fungos, que crescem na celulosa e produzem corpos frutíferos. São os fungos que transformam a celulosa, enquanto as térmites comem os fungos.
 A fundação dum novo ninho geralmente acontece durante o período das chuvas. Dos ninhos (situados dentro dos caules das árvores, ou no solo (sob ou sobre a superfície), ou também dentro da madeira) saem numerosos grupos de reprodutores adultos neoformados. Todos têm asas. Eles saem dos furos do ninho, que se abrem nesta ocasião. Após a saída os reprodutores voam e fazem o voo nupcial: o macho e a fêmea voam, geralmente perto do seu velho ninho. Depois do voo nupcial, cada casal desce ao solo e começa a construção dum novo ninho. O novo ninho è escavado no solo nas térmites do solo, na madeira nas térmites da madeira, nas árvores nas térmites arborícolas.
 No início escavam somente um quarto (chamado câmara nupcial) e depois param para copular. Depois a fêmea começa a produzir os ovos, que são depositados na câmara nupcial. A rainha procura os alimentos às primeiras ninfas que nascem. Elas recebem também da rainha por boca gotas duma hormona, que impede o desenvolvimentodos órgãos sexuais. Portanto com esta alimentação as ninfas tornam-se estéreis. No fim do desenvolvimento uma parte das ninfas se transforma em soldados e uma parte em operárias.
 Quando aparecem as primeiras operárias adultas a rainha para o seu trabalho e ocupa-se somente da produção de ovos. As operárias ocupam-se de todos os trabalhos necessários à sociedade ; procuram a celulosa, atendem aos ovos, alimentam os soldados (que não são capazes de alimentar-se sozinhos). 
 De vez em quando muitas operárias recebem por boca da rainha gotas da hormona que causa a esterilidade. Estas gotas passam de boca em boca a todas as ninfas, porque as térmites costumam transmitir uma parte dos alimentos (e portanto também da hormona) de boca em boca. Este acto è chamado trofalaxia. Graças a trofalaxia as ninfas crescem estéreis.
 Nas térmites que precisam de microrganismos simbióticos, a transmissão de indivíduo em indivíduo dos microrganismos simbióticos acontece por um sistema semelhante : as térmites tiram com a boca uma gota do líquido que sai do ânus (que contem os microrganismos simbióticos) da rainha e dos individuos estéreis e alimentam as ninfas, que portanto obtêm os microrganismos simbióticos necessários.
 À medida que passa o tempo, a rainha desenvolve um abdómen sempre mais grande, que contem milhares de ovos. Ela pode tornar-se muito pesada, cerca de 20000 vezes o peso duma operária.
 O sistema descrito de fundar um novo ninho pelo voo dos reprodutores chama-se fundação por enxamagem: è o método mais comum.
 Um segundo método de fundar um novo ninho realiza-se quando num ninho muito grande, com galerias muitos distantes da rainha, as ninfas não recebem regolarmente a hormona esterilizante. Estas ninfas portanto desenvolvem os órgãos sexuais e, depois da transformação em adultos, tornam-se reprodutores suplementares. São eles que fundam um novo ninho. Este método de fundação de novos ninhos chama-se fundação por mergulhão.
 Os reprodutores suplementares formam-se também em ninhos cujos rei e rainha morreram: a falta de hormona da esterilidade determina a formação de reprodutores suplementares.
 Um terceiro método de formação dum novo ninho é a fundação por separação. Realiza-se quando num novo ninho uma parte das operárias, dos soldados e dos reprodutores , que não fizeram o voo nupcial, sai e vai fundar um novo ninho. Os reprodutores fazem o voo nupcial e a rainha começa a depositar os ovos.
 Nalgumas térmites a casta das operárias falta: neste caso o trabalho è feito por uma parte das ninfas dos reprodutores e dos soldados, que afrouxam o seu desenvolvimento (muitas vezes elas não se tornam adultos); estas ninfas são chamadas pseudergates.
 As térmites são lucífugas (quer dizer elas fugem a luz); portanto não saem geralmente fora do ninho e das galerias (ou saem a noite): se têm que atravessar superfícies externas, elas utilizam vários materiais (sobretudo a base de celulosa) para construir galerias externas (sobre muros, pavimentos, etc.) nas quais andam. São raras as térmites que saem fora do ninho durante o dia: uma destas espécies é a térmite forrageira (Hodotermes mossambicus Hagen).
 Uma rainha pode viver até 50 anos e pode produzir biliões de ovos.
 Muitas térmites, que pertencem à família Termitidae, constroem sobre a superfície do solo característicos ninhos, que tomam o aspecto de morros com também alguns metros de altura. Dentro destes morros há muitas câmaras, dentro das quais as térmites cultivam fungos (geralmente do género Ambrosia), que são comidos pelas térmites. Estas térmites não possuem microrganismos simbióticos e portanto não poderiam digerir a celulosa se não tivessem a cultivação de fungos. São os fungos que decompõem a celulosa. 
Luta. Do ponto de vista da luta as térmites podem ser separadas nos 3 grupos seguintes:
a) térmites que causam prejuízos às plantas herbáceas;
b) térmites que causam prejuizos às árvores;
c) térmites que causam prejuizos à madeira.
a) Térmites que causam prejuizos às plantas herbáceas
 Neste caso o método melhor de luta consiste na destruição do ninho. O problema geralmente consiste na dificuldade para encontrar o ninho. 
 Se os ninhos são externos, com o aspecto de morros, a sua destruição è fácil (mas lembre-se que a parte principal do ninho, onde estão o rei e a rainha, está sempre sob a superfície do solo; portanto è preciso também escavar). 
 Se os ninhos estão sob a superfície do solo, encontrá-los è muito difícil, porque os ninhos podem estar a uma profundidade até 1 metro em qualquer ponto do campo. Uma aradura do terreno a grande profundidade pode ser útil.
 Quando se encontra o ninho, deve-se proceder à sua destruição antes de tudo com picão, e depois com fogo e insecticidas. È muito importante que sejam matados ovos, ninfas e rainha, para evitar a reconstrução do ninho.
 Um outro sistema de luta consiste na aplicação de insecticidas no solo, melhor se são granulados, porque garantem uma protecção mais duradoira.
 No caso do arroz o melhor sistema de luta consiste no alagamento dos campos, porque a água não permite a sobrevivência das térmites.
 Um outro método de luta consiste na aplicação de insecticidas sistémicos às culturas. Este método pode ser aplicado no caso por exemplo das Microtérmites do milho.
 Há também métodos agronómicos de luta: por exemplo no caso da cultura de amendoim, que pode ser muito danificada pelas térmites, è útil, antes de semear, a destruição (com fogo) dos restolhos de milho, feijão e de todas as culturas cultivadas no campo anteriormente (porque os restolhos que ficam no campo são muito atacados pelas térmites). 
 Um outro método agronómico de luta útil no caso da cultura de amendoim è a colheita das vagens logo que a cultura começa a amadurecer (porque os piores ataques das térmites acontecem quando as vagens começam a secar; portanto è melhor se a colheita è antecipada).
b) Térmites que causam prejuizos às árvores
 Neste caso deve ser feita a destruição dos órgãos danificados, seguida da destruição dos ninhos situados perto das árvores segundo os métodos antes explicados.
 Nos casos mais graves (quando também as raízes são danificadas pelas galerias das térmites) é melhor queimar a árvore. Depois da queimadura é necessário tirar todas ar raízes e queimar também elas.
c) Térmites que causam prejuizos à madeira
 Neste caso é melhor a luta preventiva, que consiste na utilização nas construções somente de madeira preventivamente mergulhada num líquido insecticida (o pentaclorofenol è o mais indicado). Geralmente são utilizados grandes tanques onde a madeira permanece por algumas semanas para se impregnar bem de insecticida. Este tratamento não è eterno, mas protege a madeira por muito tempo. Depois è suficiente pincelar a madeira periodicamente com o mesmo pentaclorofenol. 
 No caso de edifícios já construídos, o pentaclorofenol deve ser aplicado externamente a todas as partes de madeira. Este método não è muito eficaz, porque o líquido insecticida não consegue penetrar muito. È útil também desmontar as partes de madeira mais danificadas e substituí-las com nova madeira já tratada com pentaclorofenol.
 È útil também a destruição dos ninhos situados perto do edifício.
 No caso das bibliotecas (os livros são feitos de celulosa e portanto atraem as térmites) è importante que os edifícios e os móveis não sejam de madeira (os móveis podem ser metálicos). Os livros devem ser controlados periodicamente para evitar a escavação de ninhos dentro dos livros.
 Para evitar o ataque das térmites a bibliotecas e edifícios, è útil também a escavação dum fosso em redor do edifício. O fosso, que tem que ser profundo 1 metro, deve ser enchido de areia impregnada de óleo mineral. O fosso representa uma barragem que impede às térmites de entrar no edifício através do solo.
 As espécies de térmitespresentes em Moçambique são muitas. As principais são as seguintes:
Família Hodotermitidae
Hodotermes mossambicus Hagen (Térmite forrageira)
 É uma térmite que escava ninhos completamente subterrâneos (não se vêem os morros externos que caracterizam muitas outras térmites). Portanto é muito difícil individuar os ninhos.
 Os ninhos são constituídos por um certo número de câmaras subterrâneas situadas a 0,2-1,0 metros de profundidade e ligadas por galerias. Cada câmara è larga cerca 50 cm e pode conter todos os estádios de desenvolvimento das térmites. Outras câmaras são armazéns que contêm uma grande quantidade de pequenas peças de folhas e de madeira, que as operárias tiram nos campos. Existem algumas galerias que ligam as câmaras com a superfície do solo, onde são visíveis alguns pequenos cúmulos de terra com um orifício central. Sobretudo nas horas mais frescas do dia (madrugada e crepúsculo) as operárias saem dos orifícios para ir aos campos para cortar plantas (sobretudo cereais), que são transportadas para as câmaras subterrâneas.
 Esta térmite é muito grande, porque as operárias têm um comprimento cerca de 14 mm. Não cultiva fungos; portanto tem microrganismos simbióticos.
 Luta. Destruição dos ninhos; aplicação de insecticidas de contacto dentro das galerias que saem externamente; aplicação de insecticidas sistémicos às plantas danificadas; distribuir iscos com pequenas peças de palha de 2-3 cm de comprimento, mergulhadas em insecticida. 
Família Termitidae
 As térmites desta família na maioria dos casos constroem ninhos sobre a superfície do solo, formando morros também muito altos. Todas estas térmites cultivam fungos.
 A única excepção é a seguinte espécie :
Odontotermes badius Haviland
 Esta térmite è uma excepção na família Termitidae, porque vive em ninhos completamente subterrâneos, que não aparecem sobre a superfície do solo. Cada ninho tem um comprimento até 2 metros. È constituído por câmaras, nas quais são cultivados fungos, ligadas por galerias. Algumas galerias saem externamente formando sobre a superfície do solo algumas pequenas crateras de terra (15 ou mais). As operárias saem das crateras e escavam galerias dentro de plantas herbáceas ou lenhosas. Transportam peças de vegetais para o ninho para fornecer o substrato para os fungos. Causam danos a muitas plantas, mas sobretudo a cana sacarina, cházeiro e coqueiro.
 Esta térmite faz parte dum grupo de espécies conhecidas com o nome inglês de “bark-eating termites”, porque causam sobretudo prejuizos às árvores já enfraquecidas por outras causas, penetrando sob a casca ou dentro dos caules e dos ramos.
 As operárias são mais pequenas do que aquelas da Térmite forrageira, porque têm um comprimento cerca de 4-5 mm. 
 Luta. Destruição dos ninhos; aplicação de insecticidas de contacto dentro das galerias que saem externamente fora das crateras; aplicação de insecticidas sistémicos às plantas herbáceas danificadas.
Outras espécies de Termitidae (Macrotérmites e Microtérmites)
 O número de espécies desta família presentes em Moçambique é muito alto. Podem dividir-se nos seguintes dois grupos em relação ao tipo de ninho: 
Macrotérmites: que fazem ninhos muito grandes sobre a superfície do solo, com o aspecto de morros.
Microtérmites: que fazem ninhos muito pequenos situados superficialmente por baixo ou ao lado das plantas. No milho são as microtérmites que causam maiores estragos.
 Luta. Não vala a pena lembrar espécies particulares porque do ponto de vista aplicado a luta è sempre igual e consiste sobretudo na destruição dos ninhos. È muito fácil individuar os ninhos destas espécies porque são construídos sobre a superfície do solo formando morros muito altos, no caso da Macrotérmites, ou muito pequenos, mas superficiais, no caso das Microtérmites. 
 No caso das Microtérmites são úteis as pulverizações em jacto ao pé das plantas, tirando o espalhador do bico do pulverizador.
Ordem Orthoptera (Grilos, Esperanças, Gafanhotos, Ralos)
 A metamorfose destes insectos é a eterometabolia, com os estádios de ovo, ninfa e adulto.
 Ninfas e adultos têm peças bucais de tipo mastigador.
 Os adultos têm as asas anteriores levemente esclerosadas (tégminas) e as asas posteriores membranosas e transparentes; por vezes as asas são reduzidas ou ausentes.
 Um fenómeno muito interessante respeito aos Orthoptera è o gregarismo, quer dizer o aparecimento dum instinto gregário, que leva milhões de individuos a se reunir em grupos, que se deslocam causando grandes prejuizos às culturas. Os grupos podem ser muito numerosos, também de cerca de 10 biliões de individuos. 
 O gregarismo ocorre sobretudo nos Gafanhotos (subordem Caelifera), que inclue algumas das espécies de insectos mais importantes no mundo, como o Gafanhoto do deserto (Schistocerca gregaria Forsk.), que vive na Ásia e África. Menos importante è o gregarismo na subordem Ensifera. 
 As espécies gregarias (ou peregrinas) têm normalmente hábitos solitários, quer dizer cada individuo não é atraído pelos outros individuos e não è estimulado para viver em grupos. Quando uma espécie tem habitus solitários diz-se que ela está na fase solitária. Geralmente na área geográfica onde uma espécie vive há sempre algumas regiões muito áridas onde a vegetação está limitada a pequenas zonas bastante húmidas. Nestas zonas (chamadas focos gregarígenos) reúnem-se as fêmeas para depositar os ovos (os gafanhotos depositam os ovos no solo). A proximidade de muitas ninfas nascidas destes ovos e agrupadas numa superfície pequena causa uma produção duma hormona, o locustolo, que determina a activação do instinto gregário. Estas ninfas começam a monstrar um metabolismo mais elevado (desenvolvimento mais rápido, temperatura do corpo mais alta, menor número de mudas, maior mobilidade, maior apetite), que distingue estas ninfas das ninfas da fase solitária. Outras diferenças são morfológicas (cabeça mais larga, tégminas mais compridas, fémures posteriores mais curtos, cor do corpo mais escura, diferente forma do pronoto) e etológicas (tendência das ninfas a estarem perto uma das outras e a moverem-se em conjunto). Quando as ninfas se tornam adultos, as fêmeas depositam os ovos ao mesmo tempo. Realiza-se portanto a fase gregaria. Por vezes esta fase realiza-se depois duma só geração de transição; por vezes são necessárias algumas gerações de transição, porque o gregarismo cresce pouco a pouco e chega ao máximo desenvolvimento numa certa geração, que constitue a fase gregaria. A geração ou as gerações de transição são chamadas fases intermediárias agregantes. Quando os Orthoptera estão na fase gregaria começam a deslocar-se, porque geralmente na região onde começa o gregarismo não existe alimento suficiente (os Orthoptera comem sobretudo os órgãos verdes das plantas). Quando estão no estádio de ninfa deslocam-se ao solo; quando são adultos começam também a voar. Descem ao solo quando encontram regiões com abundante vegetação. Se os grupos são muito numerosos podem destruir cerca de 20000 toneladas por dia de matéria vegetal. Nos voos geralmente seguem a direcção dos ventos. Podem percorrer distâncias muito grandes, de cerca de 10000 km. Grupos que partem da Somália podem voar até a Espanha. Os gafanhotos grandes migradores geralmente voam ao longo duma faixa móvel de perturbação atmosférica devida à convergência dos ventos dos dois hemisférios terrestres. Esta faixa, conhecida como ITCZ (Intertropical Cenvergence Zone) è móvel: atravessa o equador uma vez por ano causando chuvas e, no deserto, o rápido desenvolvimento de plantas. Nas áreas onde se desenvolve a vegetação nascem os focos gregarígenos.
 As regiões onde os grupos de Orthoptera gregários se deslocam são chamadas áreas de invasão. O fim da migração realiza-se quando o grupo gregário chega a uma região onde a vegetação è pouca ou as condições climáticas não são favoráveis. Ogrupo para e realizam-se uma ou mais gerações de transição chamadas fases intermédias desagregantes. Realiza-se um gradual regresso à fase solitária.
 Não todos os Orthoptera gregários são grandes migradores; muitas espécies gregarias interessam pequenas áreas de invasão, de poucos quilómetros quadrados. 
Luta. Contra os Orthoptera são úteis todos os tipos de insecticidas. Também os iscos podem ser utilizados, contra todas as espécies, mas sobretudo contra o Ralo (Gryllotalpa africana).
 No caso dos Orthoptera gregários o método de luta melhor consiste na destruição dos focos gregarígenos. Não è todavia fácil individuar estes focos, porque geralmente estão situados em zonas subdesérticas. È muito útil a observação através dos satélites, que podem fotografar os focos. È preciso neste caso avisar os governos dos países onde há focos. Seria muito útil um acordo internacional, porque o problema dos Orthoptera gregários è internacional. Os focos gregarígenos estão num país, mas os grupos gregários causam danos também noutros países. A destruição dos focos pode ser feita com insecticidas ou pelo fogo.
 Mais difícil è a luta quando os Orthoptera gregários se deslocam. Se estão ao solo, a aplicação de insecticidas è bastante fácil, talvez com a ajuda de aviões. Se os grupos gregários voam o problema è mais difícil, porque a aplicação de insecticidas contra insectos em voo não è fácil, sobretudo devido à perda de insecticida que não cai sobre o grupo. Por exemplo em 1953 não teve sucesso a luta para parar um grupo de gafanhotos do deserto em voo da Somália e Etiópia para Quénia e Tanzânia. Foram aplicadas 150 toneladas de insecticidas por três meses e com todos os aviões disponíveis, mas somente ¼ do grupo foi morto.
 A descoberta que os grupos gregários mais grandes seguem a faixa ITCZ melhorou a situação, porque a observação continua da ITCZ permite de intervir mais activamente contra os grupos. Muito útil è a observação por satélites, aviões, balões e sobretudo pelo radar. Os leves sinais obtidos pelo radar e conhecidos como “angels” (anjos) são quase sempre causados por grupos de gafanhotos em voo. Mas não obstante o progresso tecnológico a luta contra grupos em voo è sempre difícil. Em 1959-60, ao longo da ITCZ, foram aplicadas 2700 toneladas de insecticidas por 25 aviões e por 4 meses para obter uma forte diminuição dos gafanhotos gregários.
 A ordem Orthoptera divide-se em duas subordens: Ensifera e Caelifera.
 Nos Ensifera as fêmeas têm um ovipositor muito desenvolvido, facilmente visível externamente; as antenas de ambos os sexos são muito compridas ; os machos produzem sons utilizando uma área estridulatoria situada à base das tégminas; o som é captado por órgãos timpânicos situados nas tíbias anteriores. Os Ensifera são omnívoros (comem vegetais e insectos).
 Nos Caelifera as fêmeas têm um ovipositor pouco desenvolvido (mas funcional), muito curto e pouco visível externamente; as antenas de ambos os sexos são muito curtas ; os machos produzem sons esfregando o lado interno dos fémures posteriores (que tem alguns espinhos) contra a margem externa das tégminas; o som é captado por órgãos timpânicos situados nos lados do primeiro segmento abdominal. Os Caelifera são omnívoros, mas sobretudo fitófagos.
Subordem Ensifera
(Esperanças, Grilos, Ralos)
 Nesta subordem as principais famílias são s seguintes: Tettigoniidae (Esperanças), Gryllidae (Grilos) e Gryllotalpidae (Ralos).
Tettigoniidae
(Esperanças)
 Os Tettigoniidae têm tarsos constituídos por 4 segmentos.
 Em Moçambique vivem muitas espécies de Tettigoniidae; algumas delas localmente podem causar prejuizos às culturas. A espécie mais importante todavia è a seguinte:
Homorocoryphus nitidulus Scopoli subespécie vicinus Walker
(Gafanhoto verde do arroz)
 Esta espécie è chamada vulgarmente em Moçambique impropriamente “gafanhoto verde do arroz”, embora ela seja uma esperança e não um gafanhoto. Geralmente todavia em Mozambique quase todos os Orthoptera, excepto Grilos e Ralos, são chamados gafanhotos.
 Esta espécie è presente em Europa e África: na África vive a subespécies vicinus Walker, enquanto na Europa vive a subespécie nitidulus Scopoli.
 Os adultos desta espécie são bastante grandes, com cerca de 6 cm de comprimento, de cor verde ou castanha. Os ovos são depositados no solo junto das plantas de Graminaceae. Ninfas e adultos comem folhas e sementes de cereais (sobretudo arroz, milho, mapira, mexoeira) e de Graminaceae bravas. É uma praga esporádica, que aparece somente nalguns anos na época quente.
 Luta. Iscos de farelo de trigo misturado com insecticidas e água (os iscos devem ser distribuídos ao crepúsculo ou nas noites secas (porque sendo o isco húmido, é mais atractivo) nas interfila das plantas; no caso do milho è melhor lançar os iscos directamente sobre as plantas sobre as maçarocas, que são muito atractivas; apanha manual no campo; uso de armadilhas luminosas; pulverizações de insecticidas. 
Gryllidae
(Grilos)
 Os grilos têm tarsos constituídos por 3 segmentos e patas anteriores não escavadoras.
 
 Em Moçambique vivem muitas espécies de grilos, que geralmente não são muito importantes. As espécies mais importantes são as seguintes:
Gryllus bimaculatus De Geer: com adultos pretos, com duas manchas claras na base das tégminas; comprimento dos adultos : cerca de 2-3 cm. Os ovos são depositados no solo. Ninfas e adultos vivem sobre as plantas que comem ou sobre a superfície do solo.
Brachytrupes membranaceus Drury: com adultos de cor castanha, com uma cabeça muito grande; comprimento dos adultos: cerca de 5 cm. Ninfas e adultos escavam galerias nos solos arenosos até 80 cm de profundidade. À noite saem das galerias para arrancar folhas e caules de pequenas plantas, que são armazenados nas galerias e depois comidos.
 Luta. Iscos envenenados; uso de armadilhas luminosas.
Gryllotalpidae
(Ralos)
 Os ralos têm tarsos constituídos por 3 segmentos e patas anteriores escavadoras.
 Em Moçambique vive a seguinte espécie de ralos :
Gryllotalpa africana Beauvois (Ralo)
 Os adultos desta espécie são bastante grandes, com cerca de 2.5 cm de comprimento, de cor castanha, com asas curtas, que não cobrem todo o abdómen, com um pronoto muito grande.
 O ralo pode causar prejuizos sobretudo nos solos ricos de húmus, por exemplo nas hortas, na altura das sementeiras e logo depois. Ninfas e adultos de facto escavam galerias no solo e comem raízes, tubérculos e outros órgãos subterrâneos. Qualquer tipo de planta pode ser danificado. A fêmea deposita os ovos (até 100) dentro de 3 ou mais câmaras subterrâneas, situadas a uma profundidade de 10-15 cm. Nas primeiras duas idades as ninfas ficam sempre nas galerias, mas depois saem fora a noite para comer rebentos e raízes. O período ninfal dura cerca de 10 meses. Os adultos têm o mesmo comportamento do que as ninfas. Eles copulam no período das chuvas e vivem 2-3 meses. Há 1 geração por ano.
 Luta. Iscos de semente de trigo partida e misturada com insecticidas; o isco húmido deve ser aplicado a noite sobre a superfície do solo durante o período das chuvas, quando as fêmeas comem muito para desenvolver os ovos.
Subordem Caelifera
(Gafanhotos)
 Nesta subordem há algumas famílias; a principal è a família Acrididae, que inclue os mais importantes gafanhotos gregários.
Acrididae
 As principais espécies gregarias são as seguintes:
Locusta migratoria L. subespécie migratorioides R.F.: com adultos de cor amarela clara e com cerca de 35-50 mm de comprimento. Tem 2-5 gerações por ano. Os ovos são depositados no solo em ootecas, cuja parede é constituída por partículas de solo misturadas com um líquido produzido pelas glândulas acessórias da fêmea.
Nomadacris septemfasciata Serville (Gafanhoto vermelho ou encarnado): com adultos de cor amarela e castanha

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