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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 Redes sociais: Instagram: @professoracristianedupret Facebook: Cristiane Dupret (Página) TEMA 01 TIPICIDADE A conduta, para o Direito Penal, tem que ser dolosa ou culposa. Via de regra, será dolosa, isso porque a culpa precisa ser expressa. www.cers.com.br 3 Desta forma, imagine que um determinado crime não possua modalidade culposa, como é o caso do aborto. A consequência disso será a atipicidade da conduta. Também será atípica a conduta caso a questão traga uma hipótese de crime impossível. Vejamos: Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Exemplo: (FGV - Exame de Ordem 2017.1) Acreditando estar grávida, Pâmela, 18 anos, desesperada porque ainda morava com os pais e eles sequer a deixavam namorar, utilizando um instrumento próprio, procura eliminar o feto sozinha no banheiro de sua casa, vindo a sofrer, em razão de tal comportamento, lesão corporal de natureza grave. Encaminhada ao hospital para atendimento médico, fica constatado que, na verdade, ela não se achava e nunca esteve grávida. O Hospital, todavia, é obrigado a noticiar o fato à autoridade policial, tendo em vista que a jovem de 18 anos chegou ao local em situação suspeita, lesionada. Diante disso, foi instaurado procedimento administrativo investigatório próprio e, com o recebimento dos autos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Pâmela pela prática do crime de "aborto provocado pela gestante", qualificado pelo resultado de lesão corporal grave, nos termos dos Art. 124 c/c o Art. 127, ambos do Código Penal. Diante da situação narrada, assinale a opção que apresenta a alegação do advogado de Pâmela. Gabarito: A) A atipicidade de sua conduta. Também haverá atipicidade caso seja aplicado o princípio da insignificância ou bagatela. Neste caso será afastada a tipicidade material. TEMAS 02 e 03 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (FGV - Exame de Ordem 2016.1) Durante uma discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, golpeou a barriga de seu rival com uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, pensando em seus sobrinhos, Theodoro percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar golpeando Va- lentim, apesar de saber que aquela única facada não seria suficiente para matá-lo. Neste caso, Theodoro Gabarito: B) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária. Vamos entender? ITER CRIMINIS Caminho que se percorre para a prática do crime Para a maioria da doutrina, é composto de 04 etapas. www.cers.com.br 4 O que ocorre se o agente inicia a execução e não atinge a consumação? Desta forma, o primeiro cuidado é verificar qual foi o motivo que levou à não ocorrência da consumação. Caso a consumação não tenha ocorrido por ser absolutamente impossível, aplica-se o artigo 17 do CP. ATENÇÃO: A impossibilidade relativa não permite a incidência do artigo 17. Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Caso até fosse possível ocorrer a consumação, mas algo alheio à vontade do agente tenha impedido isso, haverá tentativa. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. www.cers.com.br 5 ATENÇÃO: Desistência voluntária e arrependimento eficaz são institutos de Direito penal, não são crimes. Logo, você deve aplicar o instituto para saber por qual crime o agente responderá. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz, jamais o agente será punido por tentativa. Por que? As hipóteses são antagônicas! Na tentativa, o agente não atinge a consumação por circunstâncias alheias a sua vontade. Logo, por qual crime o agente vai responder quando ocorrer desistência voluntária ou arrependimento eficaz? Depende do exemplo concreto. O primeiro passo é abstrair, esquecer o dolo do agente. O agente responde efetiva- mente pelo resultado que atingiu. TEMAS 04 E 05 ERRO NA EXECUÇÃO E ERRO SOBRE A PESSOA (FGV - Exame de Ordem 2016.1) Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade quando teve início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando atingir Paulo, desfere contra ele um disparo que atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava no local, certo que ambas as vítimas faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente. Para resolver a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro: Gabarito: B) aberratio ictus. Ambas as modalidades de erro - erro na execução (também chamado de aberratio ictus) e erro sobre a pessoa – são hipóteses que conduzem, via de regra, a uma mesma consequência: www.cers.com.br 6 O agente responde como se tivesse atingido quem pretendia atingir. Erro sobre a pessoa Art.20 (...) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Erro na execução - Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. A diferença está no fato de que no erro sobre a pessoa existe uma falsa percepção da realidade, enquanto no aberratio ictus, o agente erra ou ocorre um acidente relacionado à execução do crime. Exemplo: XXXIII Exame narrou uma questão em que o sujeito pretendia matar um jovem de 24 anos, mas por um acidente na execução, acabou atingindo uma senhora de 68 anos. Em ambas as modalidades de erro, não consideramos as qualidades da vítima efetivamente atingida, mas sim as da pessoa que o agente queria atingir. Por isso, no XXXIII Exame, o gabarito da questão era o que informava que o agente responderia por homicídio doloso sem causa de aumento de pena em virtude da idade. TEMA 06 CONCURSO FORMAL DE CRIMES www.cers.com.br 7 Concurso formal Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica- se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resul- tam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. TEMA 07 DESVIO SUBJETIVO DE CONDUTA § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicadaa pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (FGV - Exame de Ordem 2017.2) Rafael e Francisca combinam praticar um crime de furto em uma residência onde ela exercia a função de passadeira. Decidem, então, subtrair bens do imóvel em data sobre a qual Francisca tinha conhecimento de que os proprietários estariam viajando, pois assim ela tinha certeza de que os patrões, de quem gostava, não sofreriam qualquer ameaça ou violência. No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, Rafael entra no imóvel para subtrair bens. Ela, porém, percebe que o carro dos patrões está na garagem e tenta avisar o fato ao comparsa para que este saísse rápido da casa. Todavia, Rafael, ao perceber que a casa estava ocupada, decide empregar violência contra os proprietários para continuar subtraindo mais bens. Descobertos os fatos, Francisca e Rafael são denunciados pela prática do crime de roubo majorado. Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) de Francisca deverá buscar Gabarito: C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se a pena do furto qualificado. TEMA 08 www.cers.com.br 8 LESÃO CORPORAL E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Art. 129 § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. O parágrafo 9º não se restringe a hipóteses de violência doméstica contra a mulher. Caso exista violência doméstica contra a mulher, aplica-se a lei Maria da Penha (Lei 11340/06), que prevê vários malefícios. Dentre eles, o artigo 41 da Lei Maria da Penha veda a aplicação da Lei 9099/95. Institutos como a composição civil, transação penal, suspensão condicional do processo, assim como a previsão de exigência de representação para ação penal em casos de lesão leve e culposa encontram-se dentro da lei 9099/95, que não pode ser aplicada. Logo, em caso de lesão corporal contra a mulher, em situação de violência doméstica, a ação penal será sempre incondicionada. Súmula 542, STJ A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incon- dicionada. Súmula 536 , STJ A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. TEMA 09 MODALIDADES DE ESTUPRO Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos www.cers.com.br 9 Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. O que diferencia o estupro (artigo 213) do estupro de vulnerável (artigo 217 A)? A condição de vulnerabilidade da vítima. Se a vítima é vulnerável o agente tem ciência disso, não importa como o ato libidinoso foi praticado (com consentimento, violência, grave ameaça ou fraude), o crime será sempre de estupro de vulnerável. E se o agente não tem ciência, por exemplo, de que a vítima é menor de 14 anos? Neste caso, é possível a aplicação do artigo 20 do Código Penal. O erro de tipo exclui o dolo, embora permita a punição por culpa. No entanto, estupro não tem modalidade culposa. Violação sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Qual é o critério que diferencia a violação sexual mediante fraude do crime de estupro (artigo 213)? O meio empregado para a prática do ato libidinoso. Caso o agente empregue a fraude, o crime será do artigo 215. Caso o agente empregue violência ou grave ameaça, o crime será do artigo 213. Cabe destacar que se a vítima for vulnerável e o agente tiver conhecimento disso, não importa o meio empregado, pois o crime será sempre o do artigo 217 A (estupro de vulnerável). A prática de ato libidinoso com menor de 18 anos e maior de 14 anos configura crime? Somente se o menor de 18 anos e maior de 14 estiver em situação de prostituição ou exploração sexual. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. www.cers.com.br 10 § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. O artigo 218 B passou a ser crime hediondo com o advento da lei 12978/14. TEMA 10 FURTO E ROUBO – ASPECTOS RELEVANTES NA LEI E NA JURISPRUDÊNCIA Art. 155 § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) Vigência – 03/08/2016 Enunciados STJ: Súmula 582 Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Terceira Seção, aprovada em 14/9/2016, DJe 19/9/2016. Súmula 567 www.cers.com.br 11 Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de es- tabelecimentocomercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. Súmula 511 É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. Súmula 442 É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. Súmulas STF: SÚMULA 610 Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. SÚMULA 603 A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri. www.cers.com.br 12
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