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INICIAL JOSE CARLOS DA SILVA OBRIGAÇÃO DE FAZER (2) AMALIA


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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CIVEL DA COMARCA DE CUIABÁ-MT
	
JOSÉ CARLOS DA SILVA, brasileiro, casado, professor, portador da Cédula de Identidade RG n°. 123456-9, inscrito no CPF sob o n°. 265.954.987-30, residente e domiciliado na Rua Girassol, Bairro Flores em Cuiabá-MT, CEP 56924-630, telefone para contato: 65 99943-1960, endereço eletrônico: josedasilva@gmail.com, por intermédio de sua advogada que abaixo assina, com endereço profissional na Rua Geraldo, N°1283, Bairro Centro Norte em Cuiabá-MT, endereço eletrônico: amaliateixeira2@gmail.com, vem, à presença de Vossa Excelência, propor:196, da CF c/ artigo 51 e 84 do CDC, e 273 do CPC,
OBRIGAÇÃO DE FAZER C/ TUTELA ANTECIPADA E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Em desfavor da empresa PLANO DE SAÚDE B, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º 00.202.741/000000, com sede na Avenida Petrópolis, nº 20, Bairro Pétalas, CEP: 20.459-000, telefone para contato:0800-777-000, endereço eletrônico:planodesaúde.com, na pessoa de seus representantes legais, pelas razões adiante:
1 - Da Gratuidade de Justiça
O Requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu próprio sustento e da sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de hipossuficiência do Requerente, documentos em anexo.
Por tais razões, pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.
2 - Da Tutela de Urgência
Considerando que o quadro clínico do Requerente está se agravando, bem como pelo iminente risco lesões irreversíveis, resta claro os presentes pressupostos estabelecidos no artigo 273 do CPC e art. 84 do CDC, há de ser deferida a ANTECIPAÇÃO DE TUTELA no sentido de determinar à Reclamada a autorização/custeio do exame prescrito pelo médico para tratamento, conforme Relatório anexo.
3 - DOS FATOS
O Requerente contratou o plano de saúde da empresa Requerida no dia 22/fevereiro/2016, conforme contrato em anexo, ao qual permanece vigente até 2026.
Ocorre que, o Requerente necessita realizar um exame descrito como PET CT, requisitado em via médica, e a empresa Requerida negou-se a cobrir o referido exame, alegando que não há previsão de cobertura no contrato para o mesmo. 
4 – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 
De fato, a saúde é direito de todos e dever do Estado (gênero), erigida pela Magna Carta à categoria de direito social, fundamental, inalienável e indisponível, com inúmeras consequências práticas, sobretudo no que tange à sua efetividade. Assim, logo no art. 6º aparece o direito à saúde como postulado fundamental da ordem social brasileira.
A integralidade de assistência deve ser entendida como um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema, por isso o Plano de Saúde deve garantir ao cidadão o direito de atenção à sua saúde, desde as ações de promoção da saúde, prevenção de doenças até os tratamentos especializados.
A Constituição Federal, em consonância com as Constituições mais avançadas, dedicou especial consideração à preservação da dignidade da pessoa humana, à proteção do consumidor e aos direitos sociais, dentre eles, está incluído, de forma expressa, a saúde. 
Sob a ótica do princípio da segurança na relação de consumo, o objetivo do consumidor ao firmar o contrato não é padecer à mingua, mas sim obter o serviço de modo eficiente, com cobertura integral, em caso de necessidade.
Desse modo, todo contrato que contiver disposições ou práticas por parte do Prestador de Serviços que atentem contra a dignidade da pessoa humana incidirá em afronta à Constituição Federal, e aí carecerá de vitalidade jurídica.
Ademais, no presente caso resta claro a expressa violação do art.12, I, alínea “b” da Lei 9.656/98 por parte da empresa Reclamada, pois determina que os planos privados de assistência à saúde são obrigadas a realizar os procedimentos de cobertura de serviços de apoio diagnóstico, tratamentos e demais procedimentos requisitados pelo médico, de modo que tais procedimentos são a exigência legal a constar impreterivelmente nos contratos pactuados.
4.1 – DA JURISPRUDÊNCIA 
É consolidado nos Tribunais superiores que o consumidor tem direito a todos os exames necessários, vejamos:
Plano de saúde - Autora diagnosticada com Linfoma de Hodgkin – Médico da rede credenciada da ré que indicou tratamento em hospital especializado e equipe capacitada em outra área geográfica e não cobertos pelo plano - Demonstração inequívoca da necessidade de realização do procedimento, em razão da urgência, gravidade e complexidade da situação da autora - Inexistência de demonstração, por parte da ré, de hospitais e médicos credenciados aptos à realização do tratamento indicado - Hipótese que difere daquelas em que o segurado opta por escolher profissional fora da rede credenciada - Cobertura devida - Abusividade configurada, especialmente em razão de tratar-se de procedimento de urgência não oferecido e de tratamento de alta complexidade - Danos morais - Caracterização - Recusa de cobertura de tratamento em caso urgente e de elevada gravidade Ausência de violação ao art. 514, inc. II, CPC Preliminar rejeitada Recurso Desprovido." (TJSP Apelação nº 0069169-82.2007.8.26.0114, 5ª Câmara de Direito Privado Des. Rel. João Francisco Moreira Viegas Julgamento: 13.05.2015)"PLANO DE SAÚDE AÇÃO DECLARATÓRIA C.C. INDENIZAÇÃO PORDANOS MORAIS Procedência Custeio do tratamento da autora em centro especializado(Boldrini) Cabimento - Autora portadora de grave enfermidade (leucemia aguda de alto risco), necessitando de tratamento especializado (quimioterapia sistêmica), incluindo unidade de terapia intensiva - Alegação de que referido hospital está fora da abrangência geográfica
"PLANO DE SAÚDE AÇÃO DECLARATÓRIA C.C. INDENIZAÇÃO PORDANOS MORAIS Procedência Custeio do tratamento da autora em centro especializado (Boldrini) Cabimento - Autora portadora de grave enfermidade (leucemia aguda de alto risco), necessitando de tratamento especializado (quimioterapia sistêmica), incluindo unidade de terapia intensiva - Alegação de que referido hospital está fora da abrangência geográfica da ré Descabimento UNIMED é subdividida em diversas unidades com o propósito de criar dificuldades no momento da fixação das responsabilidades Situação da paciente, ademais, flagrantemente emergencial Seguradora que, ademais, não indicou outro hospital dentro de sua abrangência geográfica, que pudesse realizar o mesmo procedimento - Cobertura devida Dano moral ocorrente, resultado da injusta negativa da seguradora ré, não obstante o gravíssimo estado de saúde da menor (que, à época do ajuizamento, contava com menos de um ano de vida) - Valor fixado a esse título (R$ 15.000,00) que não se mostra excessivo - Senten-ça mantida Recurso impróvido" (TJSP Apelação Cível nº 0025471-55.2009, Des. Relator Salles Rossi, Julgamento: 10.05.2013).
"PLANO DE SAÚDE - OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM IN-DENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - Improcedência decretada - Autor portador de osteossarcoma da tíbia esquerda (câncer) - Cobertura de tratamento quimioterápico junto ao Centro Boldrini (Campinas) - Recusa da seguradora sob a alegação de nosocômio não credenciado pela rede de atendimento - Abusividade - Situação de emergência incontroversa(diante do grave estado de saúde do autor e da possibilidade de evolução da doença sem a continuidade do tratamento) - Ausência de prova (a cargo da ré produzir) no sentido de que possui em sua rede credenciada hospital que forneça o tratamento que já vem sendo prestado ao autor na mesma qualidade e eficiência - Quanto à alegada abrangência contratual(apenas para a Baixada Mogiana), descabimento - UNIMED é subdividida em diversas unidades com o propósito de criar dificuldades no momento dafixação das responsabilidades - Cobertura devida - Afastado o pleito de indenização por danos morais - Discussão acirrada acerca da abrangência de cláusula contratual que não autoriza o pleito Tratamento custeado por força da liminar concedida em agravo, não causando maiores transtornos ao paciente, especialmente abalo moral - Sentença reformada - Recurso parcialmente provido" (TJSPApelação Cível n° 567.649.4/1-00, Des. Relator Salles Rossi, Julgamento: 31.07.2008)
5 – DOS DANOS MORAIS
Resta constatada a pertinência da condenação da Parte Requerida em danos morais, pelo sofrimento físico e psíquico causado ao Requerente e aos seus familiares que, mesmo com o sofrimento já causado pela moléstia, necessitaram ultimar suas forças para buscar uma solução ao caso em tela para garantir a realização do exame do Requerente.
Neste sentido, a Jurisprudência:
Civil e Consumidor. Recurso Especial. Ação de reparação por danos materiais e compensação por danos morais. Embargos de declaração. Omissão, contradição ou obscuridade. Inexistência. Negativa ilegal de cobertura, pelo plano de saúde, a atendimento médico de emergência. Configuração de danos morais.- Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.- Conquanto a jurisprudência do STJ seja no sentido de que o mero inadimplemento contratual não ocasiona danos morais, esse entendimento deve ser excepcionado nas hipóteses em que da própria descrição das circunstâncias que perfazem o ilícito material é possível se verificar consequências de cunho psicológico que são resultado direto do inadimplemento. - A recusa indevida à cobertura médica ocasiona danos morais, pois agrava o contexto de aflição psicológica e de angústia sofrido pelo segurado. - Neste processo, a infundada recusa na cobertura do plano de saúde ocorreu após a realização dos procedimentos médicos necessários, ou seja, o paciente teve seu atendimento médico realizado e, durante o período de recuperação cirúrgica, a cobertura foi negada. - Essa particularidade, todavia, não ilide o reconhecimento dos danos morais, pois, de acordo com o conjunto fático dos autos, a segurada foi submetida a elevado sofrimento psicológico, depois de um procedimento cirúrgico de emergência. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.072.308 - TJRS (2008/0146010-7))
A jurisprudência do colendo STJ é remansosa no sentido de que:
"[...] "a recusa indevida à cobertura pleiteada pelo segurado é causa de danos morais, pois agrava a sua situação de aflição psicológica e de angústia no espírito" (RESP 657717/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, DJ 12/12/2005). [...]". (AGRG no AREsp 418277 / SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, Data do Julgamento: 05/11/2013, Data da Publicação: 11/11/2013).
Com relação ao quantum indenizatório o Requerente requer o equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos vigentes, visto todo o transtorno e dano ocasionados pela parte Requerida, com o intuito de coibir outras situações semelhantes, deixando assim que sua conduta não prejudique toda a coletividade que com ela mantém relação de consumo. 
6– DO ÔNUS DA PROVA 
A efetiva proteção ao consumidor encontra ressonância no princípio geral da vulnerabilidade que, em última análise, busca garantir o princípio da isonomia, dotando os mais fracos de instrumentos que se lhes permitam litigar em condições de igualdades pelos seus direitos, seguindo a máxima de que a democracia nas relações de consumo significa tratar desigualmente os desiguais na exata medida de suas desigualdades, com o único fito de se atingir a tão almejada justiça social.
Lembrando que, a relação jurídica existente neste caso é a de consumo amparada pelo Código de Defesa do Consumidor no Artigo 6º, inciso VIII, da Lei nº. 8.078/90, e por ser o Requerente hipossuficiente, esse se valerá a concessão da Inversão do ônus probatório.
7– DO REQUERIMENTO
Mediante as razões expostas, em consonância com as diretrizes constitucionais, requer a Vossa Excelência:
A concessão da tutela de urgência, no sentido de determinar a empresa Requerida a custear o Exame PET descrito em requisição médica junto a exordial, diante dos dispositivos acima aludidos e violados; 
Na oportunidade, requer a dispensa da audiência de conciliação, tendo em vista o caráter de urgência da presente demanda, bem como as inúmeras tentativas de conciliação que restaram infrutíferas, a teor do que determina o art. 334, § 5º do Código de Processo Civil;
Seja concedida a condenação da Reclamada a reparar os danos morais, no valor correspondente a 40 (quarenta) salários mínimos, o qual perfaz o montante de 39.200,00 (trinta e nove mil reais e duzentos reais)
A condenação da Requerida, em havendo recurso ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
A inversão do ônus da prova, por ser o Requerente a parte vulnerável da relação consumerista; 
Protesta provar todo o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.
Dá à causa o valor 39.200,00 (trinta e nove mil reais e duzentos reais)
Termos em que, pede deferimento.
Cuiabá/MT, 19 de Abril de 2018.
AMALIA PEREIRA TEIXEIRA
 ADVOGADA.OAB 1234-5